UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
SUÉLEN COSTA
MOTIVAÇÃO PARA O USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: O
CASO DOS AGRICULTORES PLANTADORES DE GRAMA DA
REGIÃO DE SANTA CRUZ
Biguaçu/SC
2009
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
SUÉLEN COSTA
MOTIVAÇÃO PARA O USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: O
CASO DOS AGRICULTORES PLANTADORES DE GRAMA DA
REGIÃO DE SANTA CRUZ
Monografia apresentada como requisito
para obtenção do titulo de Bacharel em
Enfermagem, na Universidade do vale
do Itajaí, Centro de educação Biguaçu.
Orientadora: Profª Msc. Ângela Maria B.
Ortiga.
Biguaçu/SC
2009
2
SUÉLEN COSTA
MOTIVAÇÃO PARA O USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: O CASO DOS
AGRICULTORES PLANTADORES DE GRAMA DA REGIÃO DE SANTA CRUZ
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação pela
Banca Examinadora, atendendo as normas da legislação vigente do Curso de
Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
Área de Concentração: Enfermagem
Biguaçu, novembro de 2009.
______________________________________
Profª. Msc. Ângela Maria Blatt Ortiga
Orientadora
______________________________________
Profª Msc. Maria Catarina da Rosa
Membro
______________________________________
Profª. Drª Selma Regina de Andrade
Membro
3
Agradecimentos
•
A Deus, pelo dom da vida e por todas as oportunidades colocadas em
meu caminho.
•
A toda minha família, em especial minha mãe Vergilia e meu irmão
Danilo, exemplo de força e união. Esta não é uma vitória somente minha
é nossa.
•
A família Schmitt, especialmente ao meu namorado Cleiton, por todo o
incentivo e compreensão nas horas que precisei.
•
A banca examinadora, principalmente as orientadoras Selma e Ângela,
obrigado pelo empenho e dedicação.
•
Ao grupo de estágio Arroz Papa: Ana Cristina, Eyleen, Míria, Piera e
Roberta. Os momentos que passamos serão inesquecíveis.
•
Ao Banco de Leite Humano da Maternidade Carmela Dutra, por todo o
aprendizado profissional e pessoal. Vocês estarão sempre na minha
memória e no meu coração.
•
Aos colegas de turma e professores, obrigado pela convivência e
aprendizado.
•
Aos sujeitos de pesquisa pela disponibilidade em participar deste
trabalho, a participação de vocês foi fundamental.
•
A todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a terminar esta
caminhada.
4
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo conhecer os motivos que levam o agricultor plantador
de grama da região de Santa Cruz, municipio de Biguaçu/SC, a procurar os serviços de
saúde, como forma de identificar necessidades especificas dessa população e
posteriormente desenvolver maneiras de atender estas necessidades tendo maior
resolubilidade, contribuindo com as atividades dos profissionais de saúde. A revisão
bibliográfica dos principais temas relacionados a pergunta norteadora inclui estudos
acerca da motivação, serviços de saúde e trabalho rural. A pesquisa teve enfoque
predominantemente qualitativo, de natureza exploratória e descritiva, através da coleta
de dados por meio de um questionário semi-estruturado. Este estudo teve as seguintes
categorias de análise: o trabalhador rural e a sua relação de usuário dos serviços de
saúde; motivos de procura do trabalhador rural aos serviços de saúde; o trabalhador
rural frente ao acidente de trabalho; percepção dos trabalhadores rurais sobre o
cuidado de saúde frente aos riscos e doenças ocupacionais. A pesquisa mostrou
resultados interessantes para a área da saúde, pois revelou o quanto os serviços de
saúde ainda não estão estruturados para atender o trabalhador rural, além de mostrar
que existe falta de informações sobre cuidado e promoção à saúde. Que o trabalhador
não faz a relação sobre os dados e os acidentes sofridos como sendo acidentes
decorrentes do trabalho. A legislação brasileira é falha sobre a obrigatoriedade da
notificação dos acidentes devendo os dados serem superiores aos dados oficiais
divulgados. A relevância desta pesquisa reside em sua abrangência nas áreas de
promoção da saúde e da prevenção de riscos e danos á saúde do trabalhador rural.
Palavras-chave: Motivação, Trabalho Rural e Serviços de Saúde.
5
ABSTRACT
The purpose of this study is analyse the reasons that make the grass’s growers of the
Santa Cruz’s region, city of Biguaçu, search the health service like a way to identify
specific needs of this population and, afterward, develop ways to attend this necessities
with more resolution, contributing the health’s professional activities. The literature’s
review of the principal themes related to the guiding question includes studies of
motivation, health services and rural work. The research had, predominantly, the
qualitative focus, with exploratory and descriptive nature, through the data collect by a
semi-structured questionary. The categories of this study were: the rural worker and his
relation with the health’s service, the risks and damages to the rural worker that works in
the planting Grass, the reason of the search for the health’s service by the rural worker,
the rural worker’s perception about the health care in front of the risks and occupacional
diseases. This research showed interesting results to the health área because revealed
how the health’s system are not structured to attend the rural worker, beyond to show
the lack of information about the data and the health’s promotion. That the worker don’t
make the association about the data and the accidents suffered like work’s accidents.
The brasilian legislation is failure about the requirement of the notification of these
accidents and the data may be superior to the official data released. The relevance of
this research is in the area of coverage of the promotion to the health and prevention of
the risks and damages to rural worker.
Keywords: Motivation. Rural work. Health’s service.
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Grau de escolaridade dos agricultores plantadores de grama.....................27
Figura 2: Idade por Sexo dos agricultores plantadores de grama...............................28
Figura 3: Serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores de grama.......30
Figura 4: Percentual de agricultores plantadores de grama que utilizam os serviços de
saúde...........................................................................................................................32
Figura 5: Tipos de ações e serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores
de grama......................................................................................................................35
Figura 6: Demonstrativo de freqüência que os agricultores plantadores de grama
utilizam os serviços de saúde......................................................................................36
Figura 7: Motivos que levaram os agricultores plantadores de grama a procurarem os
serviços de saúde…………………………………………………………………………...37
Figura 8: Percentual de agricultores plantadores de grama que realizam algum cuidado
em saúde.....................................................................................................................45
Figura 9: Grau de interferência de hábitos de vida e atividades de trabalho na saúde do
agricultor plantador de grama……………………………………………………………...47
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA................................................................................9
2 OBJETIVOS.................................................................................................................12
2.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................................12
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................12
3 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................13
3.1 MOTIVAÇÃO..................................................................................................13
3.2 TRABALHO RURAL.......................................................................................15
3.3 SERVIÇOS DE SAÚDE.................................................... .............................19
4 ASPÉCTOS METODOLÓGICOS................................................................................23
4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA..................................................................23
4.2 LOCAL DE ESTUDO......................................................................................23
4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO...........................................................................23
4.4 COLETA DE DADOS.....................................................................................24
4.5 MÉTODO DE ESCOLHA...............................................................................24
4.6 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS.............................................................25
4.7 ASPECTOS ÉTICOS......................................................................................26
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................27
5.1 IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA.......................................27
5.2 TRABALHADOR RURAL E A SUA RELAÇÃO DE USUÁRIO DOS
SERVIÇOS DE SAÚDE..................................................................................................29
5.3 MOTIVOS DE PROCURA DO TRABALHADOR RURAL AOS SERVIÇOS DE
SAÚDE............................................................................................................................35
5.4 O TRABALHADOR RURAL FRENTE AO ACIDENTE DE TRABALHO........42
5.5 PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS SOBRE O CUIDADO EM
SAÚDE FRENTE AOS RISCOS E DOENÇAS OCUPACIONAIS..................................44
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................50
REFERÊNCIAS...............................................................................................................52
APÊNDICES ...................................................................................................................53
8
Apêndice I: Termo de Compromisso e Aceite de Orientação………………………….….59
Apêndice II: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido…………………………….…60
Apêndice III: Questionário semi-estruturado...................................................................61
9
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Ao longo do tempo houve uma mudança significativa nos processos de trabalho.
No passado, a subsistência era gerada quase que exclusivamente através do trabalho
rural, como por exemplo, o cultivo da cana-de-açúcar e do café. Com o passar dos anos
a população foi crescendo e, junto com o crescimento, a necessidade de emprego.
Apareceram as indústrias e novas tecnologias e a agricultura aos poucos foi perdendo
seu espaço, principalmente a agricultura familiar. Hoje, sobrevivem em sua maioria os
agricultores capitalistas, que segundo Fehlberg (2001a), são aqueles que não
participam do processo de trabalho, possuem uma grande extensão de terra,
empregam trabalhadores, tem acesso a maquinário moderno e sua produção é
totalmente vendida. No entanto, a agricultura familiar ainda permanece como uma
grande força na economia brasileira, a agricultura familiar representa a maioria dos
produtores rurais do Brasil, sendo que de alguns produtos básicos, como arroz, feijão e
mandioca, 60% da produção provém da agricultura familiar. Este tipo de atividade tem
papel significativo na economia das pequenas cidades, pois gera empregos e ajuda a
manter outros (EMBRAPA, 2004). Com isso podemos constatar a importância deste tipo
de agricultura, não somente no setor econômico, mas também em outras áreas, como
no meio cultural e de subsistência. Devemos dar maior enfoque a agricultura familiar já
que ela é ainda responsável por grande parte da produção brasileira e que cada vez
mais vai sendo esquecida.
Esta pesquisa teve como enfoque os motivos que levam o trabalhador rural a
procurar os serviços de saúde. Para isto a população a ser estudada foi a comunidade
rural de Santa Cruz conhecida popularmente como Rússia, já que os moradores desta
comunidade em sua maioria exercem a agricultura familiar. A comunidade está
localizada no interior do município de Biguaçu, Santa Catarina. Segundo relatos de
moradores mais antigos da região, a comunidade é chamada de Rússia devido aos
bailes realizados nas casas dos moradores daquela comunidade com a presença de
moradores da comunidade vizinha chamada Alemanha. Estes iam até Santa Cruz para
participar dos bailes e frequentemente provocavam brigas. Os moradores comentavam
10
que parecia a Rússia naquela época (1939- 1945), numa alusão à invasão da Rússia
determinada por Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial na Europa.
A comunidade de Santa Cruz está dividida em 86 propriedades, 44 famílias e
147 moradores, segundo Censo Sócio Econômico de 2007 (PMB, 2008). A atividade
exercida pela maioria da população é o cultivo da grama, sendo que a maioria das
famílias é nuclear, ou seja, constituída por pai, mãe e filhos. Grande parte dos
trabalhadores rurais são donos das terras onde trabalham e não possuem carteira
assinada. Os agricultores da comunidade de Santa Cruz são considerados agricultores
médios (FEHLBERG, 2001a), pois estes participam do processo de trabalho, utilizam
máquinas para trabalhar a terra, raramente contratam mão-de-obra extra-familiar e
vendem sua produção.
Estes agricultores trabalham na produção de grama o ano inteiro, sendo que
não utilizam nenhum tipo de proteção, além de trabalharem em ambientes
desfavoráveis, pois quando não estão na roça de grama estão em galpões fechados,
com presença de poeira e ratos. Tudo isso implica na exposição do agricultor a vários
riscos à sua saúde. Fehlberg (2001b) afirma que os agricultores estão expostos a
agentes físicos, químicos e biológicos, como ferramentas, agrotóxicos, animais
peçonhentos entre outros riscos que o trabalhador rural se sujeita diariamente. Na
comunidade de Santa Cruz, os agricultores plantadores de grama não usam EPI
(Equipamento de Proteção Individual) como botas, luvas ou máscaras que são
equipamentos essenciais para minimizar os riscos de acidentes durante o seu processo
de trabalho.
Sobre a motivação para a busca de serviços de saúde, Pereira (2000) indica que
grande parte da população que procura os serviços de saúde são mulheres. Os que
menos procuram são os indivíduos sadios e aqueles que desconhecem os riscos que
patologias e traumas (ocupacionais ou não) podem trazer. Talvez esta seja a situação
do trabalhador rural, ou seja, a falta de informação e conhecimento sobre métodos de
prevenção e cuidados com a manutenção da sua saúde que podem levar a
complicações de problemas não levados em consideração. A este respeito, Fehlberg
(2001b), relata o sub registro de muitos acidentes de trabalho devido ao fato dos
11
agricultores evitarem qualquer busca por assistência por considerarem desnecessário
esse cuidado. Sendo assim, esta pesquisa adotará a seguinte questão norteadora:
Quais os motivos que levam o agricultor plantador de grama da região de
Santa Cruz a procurar os serviços de saúde?
Faria (2000), indica que, na área da saúde, o interesse pelo trabalhador rural
ainda é pequeno, talvez devido à dispersão geográfica dos agricultores, a maioria dos
estudos realizados sobre a população agrícola utiliza dados secundários e produz
comparações entre a população urbana e rural. Neste sentido, compreende-se a
importância deste estudo, especialmente no âmbito da prevenção e da educação em
saúde. Esperamos que os resultados possam contribuir para ampliar o interesse dos
profissionais de saúde sobre as necessidades específicas desta população e
desenvolver ferramentas e habilidades para atender às necessidades dos trabalhadores
rurais, orientando o trabalhador quanto aos riscos que ele corre durante o seu processo
de trabalho e dando enfoque no modo de prevenção.
12
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Conhecer os principais motivos que levam ou não o agricultor plantador de
grama da comunidade de Santa Cruz a procurar os serviços de saúde.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar os tipos de atenção/assistência à saúde que o trabalhador rural faz uso;
Levantar o interesse dos agricultores sobre o cuidado à sua saúde;
Identificar hábitos culturais e ocupacionais e como estes influenciam no seu dia-adia e na sua saúde.
13
3 REVISÃO DE LITERATURA
Neste capitulo foram abordados três itens básicos: Motivação, Trabalho Rural e
Serviços de Saúde, considerados de extrema importância para o desenvolvimento da
pesquisa. A motivação, regra geral, é o que leva os indivíduos a tomarem atitudes e
comportamentos, sendo que os motivos surgem quando aparece alguma necessidade.
Esta pode ser fisiológica, de segurança, de amor, de estima, de auto-realização, entre
outras.
No tema trabalho rural foi abordado o local de trabalho, no caso o sitio ou roça,
os tipos de agricultores, de que forma eles estão classificados, além de englobar
algumas características do trabalho rural e os riscos que estes trabalhadores estão
expostos. Já no tópico relativo aos serviços de saúde foram levantados alguns pontos
importantes para a compreensão do que é, como funciona a rede de assistência à
saúde, de que forma ela esta organizada, entre outros aspectos.
3.1 MOTIVAÇÃO
Batista (2005) relata que desde os tempos mais antigos, existe uma preocupação
com os motivos de agir e fazer de cada pessoa. Vários estudiosos ao longo do tempo
construíram teorias para explicar o que faz as pessoas adotarem atitudes e
comportamentos, o que fez surgir inúmeras teorias sobre motivação.
Para Davidoff (2001), muitas questões sobre a conduta humana referem-se à
motivação. Motivos, necessidades, impulsos e instintos são todos constructos, idéias
concebidas para explicar comportamentos que de outra forma não seria possível.
Segundo Atkinson et al (2002), motivação é uma condição que energiza o
comportamento e o orienta, a motivação é expressada na forma de desejo consciente.
A escolha consciente parece ser a conseqüência e não a causa de nossos estados
motivacionais.
14
Batista (2005), conceitua motivação como “desejo de obter algo” ou como “um
impulso para a satisfação”. Para Lopes (1980) apud Haro (2006), motivação advém do
latim movere, que significa mover, seria um estado interno de energia, e que dirige ou
canaliza o comportamento em direção aos objetivos. Para Spector (2004) apud Haro
(2006), motivação pode ser vista como um estado interior que leva o ser humano a
realizar certas condutas. A motivação é vista de duas formas: a primeira tem a ver com
direção, intensidade e persistência de um comportamento durante algum tempo, a
direção está ligada às escolhas de comportamentos específicos dentre outros
possíveis, a intensidade está vinculada ao esforço que um indivíduo se compromete
para realizar uma atividade e a persistência está conectada à dedicação constante em
um comportamento em certo tempo. Já para a segunda perspectiva, a motivação está
vinculada ao desejo de adquirir ou alcançar alguns objetivos, ou seja, são necessidades
e vontades humanas.
Davidoff (2001) define os termos motivacionais em motivos, necessidades,
impulsos e instintos. Necessidade significa aquilo que a própria palavra parece dizer:
deficiências. Elas podem estar baseadas em exigências corporais especificas, na
aprendizagem ou em ambas. Motivo refere-se a um estado interno que pode resultar de
uma necessidade. Impulsos são aqueles que surgem para satisfazer necessidades
básicas relacionadas com a sobrevivência e derivadas da fisiologia. Instinto refere-se a
padrões de comportamento que se pensa serem derivados da hereditariedade.
Weinberg e Gould (2001) apud Haro (2006), definem a motivação como sendo a
direção e a intensidade do esforço. A direção se refere a uma pessoa buscar, aproximar
ou ser atraído a determinadas situações, enquanto a intensidade refere-se ao esforço
que um indivíduo investe em certas situações. Estes autores ainda descrevem as três
divisões típicas da motivação: visão centrada no participador, visão centrada na
situação e visão interracional entre indivíduo e situação.
Davidoff (2001), em seu texto, nos mostra dois modelos de motivação:
homeostático e de incentivo. O modelo homeostático pressupõe que o corpo tem
padrões de referência, ou pontos estabelecidos, para cada uma de suas necessidades.
O padrão de referência aponta o estado ótimo, ideal ou equilibrado. Cada pessoa, por
exemplo, tem um padrão de referência para a temperatura do corpo, valor próximo a 37
15
graus, quando o corpo afasta-se desse referencial, a necessidade aciona o motivo, este
então aciona um comportamento voltado para o retorno do equilíbrio. Já o modelo de
incentivo diz que experiências e incentivos freqüentemente alteram cognições e
emoções, levando à motivação. A motivação aciona o comportamento.
Conforme Bergamini (1997) apud Haro (2006), a motivação pode ser intrínseca
ou extrínseca. A motivação intrínseca é aquela em que os fatores causam
principalmente motivação ou satisfação, porém a sua falta causará insatisfação ou
desmotivação. A motivação extrínseca é aquela em que os indivíduos podem agir como
resposta de estímulos vindos do meio ambiente, tendo como base informações
guardadas no seu consciente ou através de impulsos desconhecidos.
Alguns motivos são mais básicos do que os outros. A teoria de Abrahan Maslow,
psicólogo humanista, sugere motivos que seguem uma ordem. O ser humano nasce
com cinco sistemas de necessidades nos quais são dispostos em hierarquia. A teoria
de Maslow começa com as necessidades fisiológicas, como alimento, água, oxigênio,
sono, sexo, proteção contra temperaturas extremas, estimulação sensorial e atividades.
Essas necessidades são as mais fortes e imperiosas. Após as necessidades fisiológicas
satisfeitas, tornam-se aparentes as necessidades de segurança, de sentir-se protegido.
Após, vem a necessidade de amor, a necessidade de estima e a necessidade de autorealização (DAVIDOFF, 2001).
3.2 TRABALHO RURAL
As atividades econômicas ligadas ao campo possuem raízes profundas na
história brasileira. Apesar do intenso processo de industrialização a partir dos meados
dos anos 40, e da acelerada migração rural-urbana que acompanhou este processo, as
atividades rurais tem grande importância no país. A história da atividade rural no Brasil
se confunde com a própria história brasileira. O processo de exploração e ocupação no
país inicia-se com a extração da madeira, seguiram-se a monocultura do café e da
cana, o ciclo da borracha, a pecuária extensiva entre outros produtos. Sendo assim, a
16
atividade rural no país abrange a lavoura, pecuária, florestal, extrativismo e pesca
artesanal (RENAST, 2006).
Trabalhadores são todos os homens e mulheres que exercem atividades para
sustento próprio ou de seus dependentes, independente de sua inserção no mercado
de trabalho nos setores formais ou informais da economia. Fazem parte deste grupo os
empregados
assalariados,
trabalhadores
domésticos,
trabalhadores
avulsos,
trabalhadores rurais, autônomos, servidores públicos, empregadores e proprietários de
micro e pequenas unidades de produção (RENAST, 2006).
Woortmann (1997) diz que o sítio é o lugar de trabalho por referência do
trabalhador rural, sendo que o sítio é igualmente o resultado do trabalho, pois é um
conjunto de espaços articulados entre si. O sítio se compõe dos seguintes espaços: o
mato, a capoeira, o chão de roça, o pasto, a casa e o quintal. O mato se designa a uma
área coberta de vegetal que nunca sofreu derrubada ou que esta ocorreu há muito
tempo atrás. É o espaço inicial que dá lugar ao roçado. Nota-se que o ambiente natural
tem significado diferentes para os sitiantes e para os grandes proprietários. Para os
grandes proprietários, o mato é algo a ser removido para ser substituído pelo capim.
Para os sitiantes, é algo a ser preservado como espaço de trabalho. O mato é o ponto
de partida de qualquer um dos espaços do sítio, após o mato ser transformada nos
demais espaços, a casa fica sendo o ponto de partida para o processo de trabalho,
realizado sob o governo do homem, pois é nela que são guardados os instrumentos de
trabalho e as sementes, é ela que abriga os agricultores e é nela que se decidem o
quanto e o que será cultivado.
Para Pereira et al (2004), a agricultura familiar é dividida a partir de três
características centrais: a) a administração da unidade produtiva e dos investimentos
nela realizados são feitos por indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou de
casamento; b) a maior parte do trabalho é fornecido igualmente pelos membros da
família; c) a propriedade dos meios de produção pertence à família e é nela que se
realiza sua transmissão em caso de falecimento ou aposentadoria dos responsáveis
pela unidade. Neste trabalho admite-se até dois empregados permanentes.
Segundo Fehlberg (2001a), os agricultores podem ser descritos em quatro
classes distintas:
17
Agricultores capitalistas: são os trabalhadores que estão separados do
processo de produção, possuem grandes extensões de terra, tem à sua disposição
máquinas e implementos modernos, empregam mão-de-obra assalariada, não vendem
sua própria força de trabalho e sua produção está totalmente destinada para a venda.
Agricultores acomodados e médios: estes não estão separados do processo direto
de produção, possuem extensão de terra que passam de oito hectares, contam com
implementos modernos e algumas vezes com máquinas para trabalhar a terra,
contratam mão-de-obra extrafamiliar em forma ocasional e raramente trabalhadores
assalariados fixos, não vendem sua própria força de trabalho e sua produção é
destinada para a venda no mercado.
Agricultores pobres e semiproletários: possuem extensões de terra que raramente
passam dos oito hectares, não dispõem de máquinas próprias na exploração de suas
terras, utilizam somente instrumentos artesanais ou ultrapassados, não contratam mãode-obra com freqüência, vendem temporariamente sua força de trabalho e sua
produção é destinada para o consumo próprio.
Assalariados agrícolas: não dispõem de meios de produção próprios para sobreviver
e se vêem obrigados a vender sua força de trabalho.
Segundo dados do IBGE (1985, 1995) apud Faria (2000), o trabalho rural
envolve 26% das pessoas com idade maior ou igual a dez anos no país, crescendo
para 30% na região Sul. Cerca de dois terços deste contingente está vinculado com a
agricultura familiar. Os trabalhadores do campo estão inseridos em diferentes
processos de trabalho, em relações que acontecem no âmbito de família, em pequenas
propriedades (RENAST, 2006). No Brasil a agricultura familiar possui menor quantidade
de terra, recebe menor volume de crédito e, apesar disso, contribui com importante
volume de produção, especialmente na região Sul (FARIA, 2000).
Para Fehlberg (2001a), a maioria dos trabalhadores rurais é proprietário da terra
onde trabalham, esses agricultores trabalham por conta própria e não possuem carteira
assinada. Faria (2000) mostra que o trabalhador rural trabalha em média 10 horas por
dia e as mulheres constituem quase 50% dos trabalhadores em atividade. Segundo
Woortemann (1997), é o homem que define a direção, pois é o pai de família que é
considerado socialmente o possuidor do conhecimento, enquanto os outros homens e
18
as mulheres também conhecem perfeitamente todas as etapas do processo produtivo,
mas é o pai que toma as decisões, como se somente ele fosse o possuidor do
conhecimento. Sendo que Faria (2000), refere que a maioria das famílias rurais é
nuclear, ou seja, composta pelo chefe, o cônjugue e os filhos.
O processo de modernização tecnológico iniciado na década de cinqüenta com a
conhecida Revolução Verde modificou em muito as práticas agrícolas, gerou mudanças
ambientais, na carga de trabalho e no seu efeito sobre a saúde, deixando os
trabalhadores rurais expostos a diversos riscos (FARIA, 2000).
Acidentes de trabalho são fenômenos socialmente determinados, indicativos da
intensa exploração a que são submetidos grande parte dos trabalhadores brasileiros
(BINDER e CORDEIRO, 2003). O Brasil é um recordista mundial de acidentes de
trabalho, com 3 (três) mortes a cada duas horas e 3 (três) acidentes não fatais a cada
minuto. Oficialmente são registrados 390 mil acidentes de trabalho por ano no Brasil,
com aproximadamente 3 (três) mil mortes. Porém, o Ministério da Previdência Social
calcula que esse número chegue a 1,5 milhões por ano, se todas as ocorrências
fossem cadastradas (FACCHINI, 2005).
Os trabalhadores da agricultura e da pecuária estão diariamente expostos a
agentes físicos, químicos e biológicos que podem causar acidentes, como máquinas,
agrotóxicos, ferramentas manuais, animais domésticos e animais peçonhentos. A real
prevalência dos acidentes é subestimada, pois os acidentes de menor gravidade não
são registrados por não precisarem de cuidados de saúde (FEHLBERG, 2001b). Para
Fehlberg (2001 b), tudo indica que o sub-registro na zona rural seja maior do que nos
centros urbanos, devido grande parte das pessoas trabalharem por conta própria, não
possuindo carteira assinada e raramente registrando os acidentes ocorridos.
A
modernização da agricultura aumentou potencialmente alguns riscos de acidentes e
sua gravidade. A necessidade de aumento da produção e desvalorização de produtos
primários comercializados na propriedade, além dos altos custos de produção, elevou a
jornada de trabalho e aumentou a utilização de agrotóxicos, o que pode contribuir para
a ocorrência de acidentes.
Para Facchini (2005), a identificação da relação entre problemas de saúde com
as atividades de trabalho e riscos ocupacionais é imprescindível para a definição de
19
prioridades de prevenção em saúde do trabalhador. As doenças ocupacionais
representam um risco presente para os trabalhadores devido mudanças tecnológicas,
gerenciais, demográficas e de escassez financeira (FACCHINI, 2005). Conforme o site
Agroportal (2004), as principais causas de acidentes no trabalho rural são atividades
com máquinas e ferramentas, produtos químicos, quedas, posturas corporais forçadas,
cargas pesadas, horários longos e manejo de animais. Problemas músculo-esquelético,
câncer, perda auditiva, intoxicações, acidentes, doenças cardiocirculatórias e
problemas emocionais são alguns dos principais agravos à saúde dos trabalhadores.
Além da carga de trabalho a que estão submetidos, processos insalubres e perigosos
de trabalho, equipamentos defasados, poluição sonora, ritmo intenso e movimentos
repetitivos aumentam as chances de adoecimento e invalidez dos trabalhadores
(FACCHINI, 2005).
Para Faria (2000), na área da saúde pública a produção de conhecimento sobre
o trabalhador rural ainda é pequena, talvez devido à dispersão geográfica dos
agricultores, o que dificulta a realização de estudos populacionais. A maioria dos
estudos sobres saúde rural ainda utiliza dados secundários, ou sobre usuários de
algum serviço ou ainda fazendo a comparação entre população urbana e rural. Portanto
persiste a escassez de estudos epidemiológicos enfocando os problemas de saúde do
trabalhador rural.
3.3 SERVIÇOS DE SAÚDE
Os serviços de saúde fazem parte do meio social onde vivem as pessoas, sendo
este um elemento que pode alterar a freqüência e a distribuição dos agravos em saúde,
e melhorar a qualidade de vida da população (PEREIRA, 2000).
Para Pereira (2000), o perfil de morbidade da população deve determinar o tipo,
a quantidade e a distribuição dos serviços no coletivo, com o intuito de manter ou
melhorar o seu nível de saúde. Com isso, o conhecimento do perfil de agravos à saúde
prevalente na região, tarefa do pessoal de saúde pública, é um indicador para a
provisão de recursos e serviços, seja em termos de pessoal, medicamentos,
20
equipamentos e demais insumos utilizados nas atividades realizadas. Os serviços de
saúde devem ser em número suficiente, devem estar localizados estrategicamente e
acessível aos clientes, além de resolver os problemas de saúde.
Os serviços, isoladamente, são organizações complexas, assim como as
pessoas, pois cada indivíduo tem seu hábito, valor, interesse e atitudes diferentes. São
elementos básicos para a prestação de serviços a disponibilidade de serviços que
depende de fatores como vontade política, recursos humanos, financiamento,
tecnologia e habilidade para fazer tudo isso funcionar. O outro elemento é o uso dos
serviços de saúde que tem como ligação a característica da oferta e a conduta das
pessoas frente à morbidade dos serviços. E como elemento final temos a
resolubilidade, sendo o contato paciente-profissional de saúde, que também possui
seus próprios fatores determinantes, como classe social do cliente, tipo de problema,
entre outros. As necessidades em saúde das pessoas se transformam em demanda e
geram a utilização dos serviços (PEREIRA, 2000).
Conforme Pereira (2000), serviço de saúde é um termo dado ao local destinado á
promoção, proteção ou recuperação de saúde em regime de internação ou não. Os
serviços de saúde são classificados em dois grupos: 1- prestação de assistência direta
à pessoa (hospital, centro de saúde, etc...); 2- realização de ações sobre o meioambiente, a fim de controlar fatores prejudiciais à saúde (saneamento básico, etc...). Na
América Latina são encontrados três setores principais de sistema de saúde: 1- O Setor
Privado, no qual o profissional estabelece quanto vale o seu serviço; são atendidas as
pessoas que tem recursos suficientes para pagar o preço estipulado. 2- O setor
Estadual (Federal, Estadual ou Municipal), onde se realiza atendimento gratuito para a
população. 3- O Setor Previdenciário, sustentado por contribuições do empregado,
empregador e do estado. A partir da Constituição Nacional de Saúde de 1988, não há
mais separação entre setor estadual e previdenciário, o atendimento na saúde é
universal. Nos setores estaduais, englobando o setor previdenciário, não há pagamento
direto pelo atendimento do paciente. O estado determina o número de serviços que
estará disponível para a população, de acordo com os recursos disponíveis tanto
financeiros como de pessoal. Fatores como deficiências de serviços no meio rural,
urbanização acelerada, aumenta o número de pessoas que procuram o serviço de
21
saúde gratuito do estado, se a demanda é maior que a oferta, aumenta o tempo de
espera e surgem as filas.
Quando falamos em serviços de saúde não podemos deixar de citar o Sistema
Único de Saúde (SUS) que está implantado em todo o território brasileiro dando
assistência a população em todos os níveis de complexidade, atendendo cerca de 180
milhões de brasileiros levando atendimento integral, universal e gratuito à população
(BRASIL, 2009).
O SUS é formado pelo conjunto de ações e serviços de saúde
realizados por órgãos e instituições públicas e federais, estaduais e municipais, sob
administração direta e indireta das fundações mantidas pelo Poder Público (BRASIL,
2000).
As forças no setor de saúde são os clientes e os prestadores de serviços. Os
clientes são classificados segundo situação econômica, sociocultural e diferentes níveis
de saúde. Já os prestadores de serviço são classificados pelo complexo industrial,
empresas médico-hospitalares, medicina de grupo e sindicato de profissionais. Os
serviços de saúde estão organizados de maneira hierarquizada em três níveis de
assistência. No nível Primário, estão as ações de tecnologias mais leves, realizadas em
postos e centros de saúde, é por este nível que os usuários devem dar entrada no
sistema de saúde. Em posição intermediária está o nível Secundário, com ações mais
complexas, realizadas por especialistas. E no topo está a atenção Terciária, o hospital
de grande porte, onde se encontra equipamento e pessoal especializado. Estima-se
que 90% dos problemas de saúde possam ser resolvidos em nível primário, 8% em
nível secundário e 2% em nível terciário (PEREIRA, 2000).
A atenção básica se caracteriza por um conjunto de ações em saúde, tanto no
individual como no coletivo. É desenvolvida por meio de práticas gerenciais e sanitárias,
sob forma de trabalho em equipe, utilizando tecnologias de elevada e baixa
complexidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e
importância em seu território abrangente. A Atenção básica orienta-se pelos princípios
da universalidade, acessibilidade e coordenação do cuidado, vínculo de continuidade,
integralidade,
responsabilização,
(BRASIL, 2006).
humanização,
equidade
e
participação social
22
Para a utilização de um serviço de saúde deve haver uma necessidade afetada.
Segundo Pereira (2000), necessidade está associada com instinto, privação, falta,
carência ou problema. Necessidade pode ser entendida como qualquer deficiência de
saúde ou bem estar que possa acarretar demanda ao sistema de saúde. Quando o
indivíduo percebe alguma alteração na manutenção de sua saúde, ele pode seguir por
vários caminhos, pode não fazer nada, fazer uso de automedicação, procurar
atendimento informal ou recorrer para o atendimento profissional de saúde. Quando a
necessidade se transforma em ação ela é chamada de demanda. Para este autor, a
utilização dos serviços de saúde é resultado de um processo complexo, entre o lado da
população, onde estão incluídos os riscos e danos à saúde, e o lado dos serviços, que
possuem como características a oferta, o acesso, a continuidade do tratamento, a
qualidade tecnocientífica e os custos. Além disso, o autor refere que as características
das pessoas são determinantes importantes na utilização dos serviços. As mulheres
usam mais os serviços do que os homens, assim como os idosos e crianças mais do
que adultos jovens e adolescentes, os últimos a procurarem os serviços de saúde são
os indivíduos sadios e os menos conscientes dos riscos e conseqüências que as
doenças e traumatismos podem trazer, a experiência tem mostrado que muitas famílias
que possuem a mesma renda utilizam diferentes tipos de serviços de saúde, isso
depende de muitas variáveis, como informação, nível de escolaridade, entre outros
fatores.
23
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS
4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Estudo exploratório descritivo, tipo estudo de caso. Para Richardson (1999),
pesquisa exploratória descritiva é utilizada quando não se tem informação sobre o tema
e se deseja descrever as características do fenômeno. Os estudos descritivos propõemse a investigar, ou seja, a desvendar as características de um fenômeno como tal.
Estudo de caso é uma investigação particularista, com foco em uma situação
especifica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico
(ULBRA, 2002).
4.2 LOCAL DE ESTUDO
O local de estudo é caracterizado pela comunidade rural de Santa Cruz,
tradicionalmente denominada Rússia, uma vez que os moradores desta comunidade
exercem, em sua maioria, a agricultura familiar. Esta comunidade está localizada no
interior do município de Biguaçu, Santa Catarina.
4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO
A pesquisa foi realizada na comunidade de Santa Cruz, Biguaçu, tendo como os
sujeitos da pesquisa os agricultores plantadores de grama. A comunidade é composta
por 44 famílias plantadoras de grama (PMB, 2008). Deste total, foi obtida uma amostra
aleatória, constituída por 5 (cinco) agricultores chefes de família do sexo feminino e 5
(cinco) agricultores chefes de família do sexo masculino.
Os critérios de inclusão a participação na pesquisa foram: ser morador da
comunidade Santa Cruz; ser agricultor plantador de grama e aceitar participar da
pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2).
24
Foram excluídos da pesquisas os indivíduos que não residiam na comunidade,
que não são agricultores plantadores de grama e aqueles que se recusaram a participar
desta pesquisa.
4.4 COLETA DE DADOS
A escolha dos entrevistados deu-se de forma aleatória e, após o sujeito
selecionado aceitar participar deste estudo, ocorreu um momento de esclarecimento
sobre os objetivos da pesquisa e sobre o comprometimento ético assumido pela
acadêmica junto com os sujeitos da pesquisa.
A técnica de coleta através de questionário semi-estruturado combina perguntas
fechadas e abertas, onde o sujeito da pesquisa pode discorrer sobre tema, sendo que
este tipo de coleta, segundo Minayo (2007), é voltado para a produção primária de
dados, ou seja, quando o pesquisador produz o dado diretamente com o sujeito da
pesquisa.
Ao aceitar a participação na pesquisa, o entrevistado assinou o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); a entrevistadora, então, aplicou um
questionário semi-estruturado como instrumento de coleta de dados (Apêndice 3)
4.4 MÉTODO DE ESCOLHA
Para a escolha dos entrevistados contamos com o auxílio do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Biguaçu, que forneceu uma lista de famílias cadastradas da
região de Santa Cruz no sindicato, nesta lista continham 20 (vinte) famílias, sendo que
duas estavam cadastradas como o responsável sendo do sexo feminino e as demais
cadastradas em nome do sexo masculino. Porém, por se ter conhecimento da região
sabe-se que as famílias cadastradas no sindicato não representam nem ao menos
metade das famílias daquela região que trabalham cultivando grama. Com isso, foi feito
25
um mapa que abrangeu todas as áreas da região de Santa Cruz, e nele foram
desenhadas todas as famílias plantadoras de grama da região, totalizando 44 famílias,
sendo que incluídas as famílias já cadastradas no Sindicato.
Após o mapa pronto, cada família ganhou uma numeração (1 a 44), as duas
famílias cadastradas no Sindicato tendo como responsável a mulher, foram escolhidas
para realizar a entrevista. Após esta etapa a escolha das demais famílias foi feita
através de sorteio, foram sorteados primeiro 3 (três) famílias para a entrevista com o
sexo feminino que juntamente com as outras duas já escolhidas formaram 5 (cinco)
famílias. E também sorteados mais 5 (cinco) números para as entrevista do sexo
masculino. No total foram participaram da pesquisa 10 chefes de família, o que
corresponde a 23% do total (44) de famílias.
4.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS
Esta etapa foi realizada a partir da tabulação das informações coletadas. Esta
tabulação foi realizada de duas maneiras: a primeira, com os dados objetivos houve a
compilação e análise de freqüência; a segunda, com dados subjetivos, com base na
análise de conteúdo, segundo as orientações de Minayo (2007). As informações estão
apresentadas através de gráficos de comparação para uma melhor visualização dos
resultados.
26
4.6 ASPECTOS ÉTICOS
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram adotadas as recomendações da
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 1996). Segundo os termos
dessa Resolução, a pesquisa é uma classe de atividades, com o objetivo de
desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável. Sendo que pesquisa
envolvendo seres humanos é definida como aquela que, individual ou coletivamente,
envolve o ser humano direta ou indiretamente, em sua totalidade ou em partes,
incluindo o manejo de informações ou materiais. Esta pesquisa seguiu os referenciais
básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, objetivando
assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos
sujeitos da pesquisa e ao Estado.
No desenvolvimento deste estudo, foram assegurados aos sujeitos da pesquisa
o anonimato e o sigilo de suas informações em todas as etapas, bem como o direito de
desistirem quando desejassem. Os sujeitos selecionados que aceitaram participar da
pesquisa receberam esclarecimentos sobre os objetivos e todas as etapas deste
processo e após, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice
2).
27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo serão apresentados os dados levantados junto aos agricultores
plantadores de grama da região de Santa Cruz, no que diz respeito aos principais
motivos que os levam à procurar os serviços de saúde. Iniciaremos este capítulo
apresentando alguns dados, caracterizando os sujeitos de pesquisa.
5.1 IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA
Foram sujeitos de pesquisa 10 (dez) agricultores plantadores de grama da região
de Santa Cruz, município de Biguaçu, sendo 5 (cinco) do sexo masculino e 5 (cinco) do
sexo feminino, a idade e a escolaridade serão apresentados nas figuras 1 e 2.
30%
70%
Ensino Médio
Completo
Ensino
Fundamental
Incompleto
Figura nº 1 - Grau de escolaridade dos agricultores plantadores de grama.
28
70
60
63
50
40
42
37
30
20
20
45
49 51
50
38
24
10
0
feminino
masculino
Figura nº 2: Idade por sexo dos agricultores plantadores de grama.
Ficou acentuado nas figuras nº 1 e 2, que os sujeitos de pesquisa possuem baixo
nível de escolaridade, em especial dos mais velhos. Somente 3 (três) agricultores
completaram o ensino médio, sendo dois do sexo feminino e um do sexo
masculino.Todos os demais trabalhadores rurais estudaram somente até a quarta série
do ensino fundamental, o que nos mostra uma estatística infeliz da educação brasileira.
Conforme Pereira et al (2004), a educação dos trabalhadores rurais seria um ponto
crucial para melhorar a capacidade de uso dos recursos disponíveis e de aumentar a
renda desses trabalhadores.
O índice de analfabetismo no Brasil é bastante elevado. Na zona rural esses
dados são mais preocupantes, segundo o Censo Demográfico de 1991 a 2000, 29,8%
da população adulta da área rural são analfabetos, enquanto na zona urbana esta taxa
é de 10,3%. É importante lembrar que esta taxa de analfabetismo não inclui os
analfabetos funcionais, ou seja, aqueles com menos das quatro séries do ensino
29
fundamental (BOF et al, 2006). Ou seja, nesta pesquisa 70% dos entrevistados
possuem este grau de instrução.
A rede de ensino da educação básica na área rural, de acordo com o censo
escolar 2002, representa 50% das escolas do país, sendo que metade dessas escolas
possui apenas uma sala de aula, e oferecem exclusivamente o ensino fundamental de
1ª a 4ª série (BOF et al, 2006). Ao analisarmos estas informações, podemos fazer a
relação entre a baixa escolaridade dos agricultores e a realidade da rede de ensino
rural e seu entendimento sobre a saúde. Estudos como o de Vitolo et al (2006) e Lima
et al (2008), mostram que quanto menor o grau de instrução, menores também são as
condições de entender as orientações dos profissionais de saúde e até mesmo de fazer
a leitura e interpretação correta de rótulos e bulas, assim, dificultando a incorporação de
hábitos saudáveis.
Com base nas respostas dos sujeitos de pesquisa foi possível identificar as
seguintes categorias de análise.
•
O trabalhador rural e a sua relação de usuário dos Serviços de Saúde;
•
Motivos de procura do trabalhador rural aos serviços de saúde;
•
O trabalhador rural frente ao acidente de trabalho;
•
Percepção dos trabalhadores rurais sobre o cuidado de saúde frente aos
riscos e doenças ocupacionais.
5.2 O TRABALHADOR RURAL E A SUA RELAÇÃO DE USUÁRIO DO SERVIÇOS DE
SAÚDE
Os serviços de saúde fazem parte do meio social onde vivem as pessoas, sendo
este um elemento que pode alterar a freqüência e a distribuição dos agravos em saúde,
e melhorar a qualidade de vida da população (PEREIRA, 2000). A Lei orgânica da
saúde 8.080 de 1990 define que a “saúde tem como determinantes e condicionantes,
entre outros, alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho,
renda, educação, transporte, lazer e acesso a bens e serviços essenciais” (SANTA
CATARINA, 2002).
30
A saúde dos trabalhadores possui como condicionantes fatores sociais,
econômicos, tecnológicos e organizacionais relacionados ao perfil de produção e
consumo, além dos fatores de risco físico, químicos, biológicos, mecânicos e
ergonômico. Em nosso meio existem diversos tipos de serviços de saúde, como
clinicas, unidades de saúde, hospitais entre outros serviços que utilizamos ou não, e
que podem ofertar ações de saúde que visem a qualidade de vida dos indivíduos
(RENAST, 2006).
No caso do trabalhador rural ele possui no seu meio social poucos serviços de
saúde e muitas vezes desconhece os riscos e as formas de melhorar a sua qualidade
de vida.
O trabalhador rural de Santa Cruz utiliza os serviços de saúde existentes no
município de Biguaçu, conforme figura nº 3.
9
8
9
Medicação conta
própria
7
6
7
SUS
7
5
Sindicato
4
Benzedeira
3
Plano Particular
2
1
1
1
0
Figura nº 3 – Serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores de grama.
31
Dos 10 agricultores plantadores de grama entrevistados, 7 (sete) responderam
que fazem uso dos serviços de saúde do SUS, 7(sete) responderam que possuem
plano de saúde particular, sendo que 6 (seis) agricultores consideram o sindicato como
plano particular e 1 (um) agricultor possui plano de saúde (SIDESC), sendo que
somente um agricultor utiliza serviços empíricos como a benzedeira. Já sobre o uso de
automedicação, 9 (nove) dos agricultores utilizam.
Talvez pelo distanciamento de estabelecimentos de saúde, os agricultores optam
em sua maioria pela automedicação, cada família possui em seu domicilio uma
pequena farmácia sem se preocupar com os riscos e conseqüências para sua saúde.
No Brasil a cada três medicações compradas duas não possuem receita médica
(UNICAMP, 2006). A automedicação é definida como o uso de medicamentos sem
prescrição médica, quando o próprio indivíduo decide que fármaco utilizar para tratar ou
aliviar os sintomas de sua patologia. O uso irracional de medicamentos pode acarretar
diversas conseqüências, como resistência bacteriana, hipersensibilidade, interação
medicamentosa, dependência, entre outros riscos (FADBA, 2009).
Para Filho (2002), automedicação é uma forma de auto-atenção à saúde,
consistindo no consumo de produtos para tratar ou aliviar sintomas, utilizando
medicamentos industrializados ou remédios caseiros. A automedicação pode ser
através da aquisição de medicamentos sem receita, compartilhar remédios com outros
indivíduos, utilizar sobras de medicações e descumprir a receita fornecida pelo
profissional prolongando ou interrompendo o tratamento. Para Arrais (1997), a
automedicação é uma prática comum vivenciada por civilizações de todos os tempos.
Considerando-se a automedicação uma necessidade de complementar os sistemas de
saúde, principalmente em países pobres.
Fica claro que o risco desta prática tem relação com o grau de instrução e
informação dos usuários sobre medicamentos e também a acessibilidade aos serviços
de saúde. Para Filho (2002), fatores econômicos, políticos e culturais tem contribuído
para o crescimento da automedicação.
32
20%
sim
não
80%
Figura nº 4 - Percentual de agricultores plantadores de grama que utilizam os serviços de saúde.
A região de Santa Cruz tem disponível uma unidade básica de saúde que
oferece serviços de curativo, farmácia básica, vacinação e consultas médicas todas as
quartas e quintas-feiras, além disso, a maioria dos agricultores desta comunidade
possui algum tipo de convênio ou é associado ao Sindicato e SIDESC, que oferecem
serviços de saúde. Um dos convênios mais citados pelos agricultores durante as
entrevistas foi o SIDESC Clube Card, este convênio oferece descontos sobre consultas
médicas, exames laboratoriais e diagnósticos por imagem em todas as clínicas e
consultórios conveniados a ele, o associado paga uma taxa fixa por mês conforme o
plano escolhido, esta taxa é cobrada mensalmente na conta de energia elétrica
(SIDESC, 2009). Já os serviços de saúde do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Biguaçu, segundo conversa com o presidente desta entidade, os benefícios ofertados
ao trabalhador rural associado são descontos em consultas médicas e exames nas
clinicas e consultórios conveniados ao Sindicato. Observando a figura nº 4, percebemos
que 80% dos agricultores utilizam algum tipo de serviço de saúde, sendo que 20%
responderam não fazer uso de nenhum dos serviços descritos acima.
O Sistema Único de Saúde ou SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal
Brasileira, beneficiando cerca de 180 milhões de brasileiros, sendo um dos maiores
sistemas de saúde do mundo. Ele abrange desde procedimentos ambulatoriais até
procedimentos de alta complexidade como transplante de órgãos (Brasil, 2009). Na lei
33
8.080 de 1990, um dos campos de atuação do Sistema Único de Saúde é a saúde do
trabalhador, que significa um conjunto de atividades que se destina, por meio de ações
de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção, proteção, recuperação e
reabilitação dos trabalhadores expostos aos riscos e agravos vindos das condições de
trabalho. Para que estas condições ocorram, a saúde do trabalhador deve abranger
alguns pontos: assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou de doenças
profissionais; participação do SUS em estudos, pesquisas e outros trabalhos sobre
agravos à saúde existentes no processo de trabalho; avaliação do impacto que as
tecnologias provocam à saúde; informação ao trabalhador e sua entidade sindical sobre
riscos e doenças advindas do processo de trabalho; revisão periódica de doenças
originadas do processo de trabalho entre outras ações (SANTA CATARINA, 2002).
Em 2005 foi criada a Política Nacional de Saúde do Trabalhador pelo Ministério
da Saúde, que visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho,
através de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área da saúde (Brasil,
2005). Para Facchini (2005), as demandas mostram a necessidade de um sistema de
informação que valorize cada encontro do trabalhador com o SUS, priorizando a
atenção dos trabalhadores em suas ações individuais e coletivas, tanto preventiva,
curativa ou de reabilitação. Assim, a saúde do trabalhador necessita de uma atuação
multiprofissional, intersetorial, inter e transdisciplinar de maneira a contemplar trabalhosaúde-doença em toda a sua magnitude. Neste panorama, o SUS assume um papel
social diferenciado, pois é a única política de cobertura universal para o cuidado da
saúde dos trabalhadores (RENAST, 2006).
Apesar da política criada para o benefício do trabalhador, o sistema de saúde
ainda não está preparado para atender as necessidades ocupacionais, principalmente
as necessidades em saúde do trabalhador rural. A escassez e a inconsistência das
informações sobre a real situação de saúde dos trabalhadores rurais dificultam a
definição de prioridades para as políticas públicas, além de privar a sociedade de
instrumentos importantes para a melhoria das condições de vida e de trabalho
(RENAST, 2006). Além disso, o agricultor não se moldura a estas políticas de saúde,
pois percebemos que os sistemas de saúde não trabalham na mesma lógica do
agricultor. Geralmente as clínicas e unidades básicas de saúde funcionam em horário
34
comercial, para o trabalhador assalariado bastaria um atestado médico e nada seria
descontado de seu salário, para o trabalhador rural esta temática não funciona, pois
para procurar um desses serviços ele teria que interromper sua atividade de trabalho e
acabaria perdendo o dia de serviço, outra dificuldade dos agricultores é de serem
substituídos em suas tarefas na propriedade.
Talvez o que falta para mudar a realidade do trabalhador rural no quesito saúde,
seja um programa eficaz que trate sobre os riscos e prevenção de acidentes
ocupacionais, que tenha como objetivo a educação e promoção da saúde do agricultor,
de acordo com as necessidades e dificuldades encontradas por eles. Para a construção
de práticas em Vigilância e Saúde devem ser levados em consideração aspectos
demográficos, culturais, políticos, socioeconômicos, epidemiológicos e sanitários,
buscando a priorização de problemas de grupos populacionais em determinada
realidade
territorial.
Na
nossa
realidade
hoje,
o
que
encontramos
são
predominantemente serviços curativos, que resolvem o problema naquele momento,
porém a problemática da saúde rural vai muito além da cura, mas sim a prevenção e
orientação dos agricultores (Brasil, 2002 b).
35
5.3 MOTIVOS DE PROCURA DO TRABALHADOR RURAL AOS SERVIÇOS DE
SAÚDE
10%
10%
10%
70%
rotina
realizar exames
estética
relacionados ao trabalho
Figura nº 5 – Tipos de ações e serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores de
grama.
Conforme podemos observar na figura 5, 20% dos agricultores que participaram
da pesquisa responderam que utilizaram algum dos serviços de saúde para realizar
consulta de rotina. Sendo que o conceito de consulta de rotina não é bem definido,
podemos entender sendo como uma consulta de manutenção ou reparo, sem um sinal
ou sintoma que leve o individuo a buscar atendimento em saúde. Sendo que para os
agricultores participantes da pesquisa consulta de rotina inclui a realização de exames
laboratoriais para verificar se está tudo dentro da normalidade.
Somente 10%, ou seja, 1 (um) agricultor, respondeu que procurou os serviços de
saúde por motivos estéticos, mais explicitamente para colocação de prótese de silicone.
A maioria dos entrevistados (70%) respondeu ter como motivo de procura dos serviços
de saúde causas ocupacionais que estão diretamente ligadas ao processo de trabalho
dos mesmos, porém os agricultores não percebem esta relação, apesar dos episódios
acidentais ocorrerem no local de trabalho e durante o processo de produção, estes
negam a relação entre os agravos e o trabalho.
36
A não percepção do que seja um acidente ou doença advinda do ambiente de
trabalho é um dado preocupante, mostra que os agricultores ainda carecem de
informações sobre conceitos básicos sobre sua realidade trabalhista.
Como podemos observar na figura 6, os agricultores não estão utilizando os
serviços de saúde com freqüência. Somente 3 (três) agricultores haviam procurado os
serviços de saúde durante o último ano (2008), os demais 7 (sete) haviam procurado
entre 1 ano a 3 anos. Os parâmetros para indivíduos adultos são de 2 a 3 consultas
medicas/ ano (BRASIL, 2002 a). Não estão disponíveis informações sobre de quanto
em quanto tempo os trabalhadores devem procurar realizar consultas de rotina.
Porém o que se percebeu durante o decorrer das entrevistas foi a
despreocupação dos trabalhadores rurais com a sua saúde, para a maioria destes a
procura aos serviços assistências somente ocorrem em episódios agudos e ou de
extrema urgência ou emergência, enquanto os processos crônicos não são
acompanhados rotineiramente pelos serviços de saúde.
1
3 anos
1
2 anos
2
1ano e meio
3
1 ano
1
8 meses
2
menos de 6 meses
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Figura nº 6 – Demonstrativo de freqüência que os agricultores plantadores de grama utilizam os
serviços de saúde
37
Durante a realização da pesquisa e analisando os dados coletados, o que
motivou os agricultores plantadores de grama a procurar o serviços de saúde em sua
maioria foram causas de doença ou acidente ocupacional, com exceção de 1 (um)
agricultor que citou estética como motivo de procura para os serviços de saúde como
fica demonstrado na figura 7 .
Para Davidoff (2001), este comportamento pode se visto como o modelo
homeostático de motivação, sendo que neste modelo cada indivíduo possui um padrão
de referência para cada necessidade, quando nos afastamos desse referencial, a
necessidade aciona o motivo, então é acionado um comportamento voltado para o
retorno do equilíbrio.
Quedas
9%
4%
4%
Problema na
coluna
26%
9%
Queimaduras pelo
sol
Pequenos cortes
na pele
Intoxicação por
veneno
13%
13%
22%
Gripe
Estresse
Estética
Figura nº 7 – Motivos relacionados ao seu processo de trabalho que levaram os agricultores
plantadores de grama á procurarem os serviços de saúde.
38
Observou-se que dos agricultores entrevistados, todos eles já sofreram algum
tipo de acidente ou tiveram alguma patologia advinda de sua atividade de trabalho,
porém somente um deles admitiu ter sofrido algum dano referente ao processo de
trabalho no que estão submetidos. Sendo que os demais agricultores não relacionam
suas atividades de trabalho com os danos advindos deste, não tendo a percepção do
que seja um acidente de trabalho ou sobre doenças advindas deste processo.
Conforme figura nº 7, as quedas constituíram 26% dos acidentes ocorridos pelos
agricultores, para Fabrício (2004), queda é definida como um evento não intencional,
resultando na mudança de posição do individuo para um nível mais baixo em relação a
sua posição inicial. Para Fabrício (2004), a queda ocorre devido perda do equilíbrio
corporal, podendo ter relação com insuficiência súbita dos mecanismos neurais e
osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura. Na atividade desenvolvida pelos
plantadores de grama, as quedas são riscos constantes, podendo ser ocasionadas por
tonturas devido atividade intensa de trabalho, utilização de máquinas como tratores e
tobatas, além do ambiente escorregadio nos dias de chuva, pois a água se mistura com
o barro vermelho formando um lençol de lodo.
Os problemas músculo-esqueléticos, mais exatamente dores na coluna constituiu
o segundo maior problema de saúde ocasionado pelo trabalho nas roças de grama
(23%), sendo que conforme o site Agroportal (2004), posturas forçadas, cargas
pesadas e movimentos repetitivos são algumas das causas de problemas músculoesquelético.
As queimaduras solares juntamente com pequenos cortes na pele formaram
cada qual com 14%, a terceira causa de acometimentos à saúde no ambiente de
trabalho. A queimadura solar é uma reação inflamatória advinda da exposição aguda da
pele a luz solar intensa (HAAK et al, 2008). Queimadura ou eritema solar é uma reação
aguda, caracterizada por eritema, edema e dor, e em casos mais graves formação de
bolhas, após exposição da pele a uma dose intensa de radiação solar (Brasil, 2001).
Para Popim et al (2008), os indivíduos de pele clara, que habitam locais de alta
incidência de luz solar, que se expõe ao sol de forma prolongada e descuidada,
possuem maior chances de adquirir queimaduras solares, e constituem o grupo de risco
para câncer de pele. Entre as atividades que expõem os trabalhadores à luz solar
39
durante a jornada de trabalho, destaca-se a agricultura (Brasil, 2001). Sendo assim, os
agricultores da região de Santa Cruz, conforme análise de dados colhidos na entrevista
se inserem com esta descrição, pois grande parte dos agricultores possui pele clara,
ficam expostos ao sol por longos períodos e relataram não utilizar nenhuma proteção
(protetor solar ou roupas compridas) contra os raios solares, sendo que somente uma
agricultora relatou fazer uso de protetor solar esporadicamente, aumentando assim os
riscos em saúde desta população.
Com 14% dos motivos de procura dos agricultores aos serviços de saúde
encontram-se os ferimentos (cortes na pele). Ferimento é caracterizado como
rompimento da pele por objetos cortantes. Os cortes são considerados ferimentos
leves, superficiais e com hemorragia moderada (UFRRJ, 2009). Para Rosito et al
(2009), ferimento é definido como ruptura das relações anatômicas normais dos tecidos
devido alguma lesão. As lesões podem ser intencionais (cirurgia) ou acidentais. As
lesões são classificadas conforme profundidade, sendo: a) superficiais – aquelas que
envolvem somente a pele e alguns tecidos, mas não atingem estruturas profundas ou
nobres; b) profundas – envolvem estruturas profundas ou órgãos nobres, como nervos,
tendões, vasos de grande calibre entre outros.
As principais causas de ferimentos na zona rural são por ferramentas manuais,
como enxadas, facão, entre outras causas como implementos agrícolas e quedas
(UFRRJ, 2009). No caso dos agricultores plantadores de grama da região de Santa
Cruz, todos os episódios de ruptura da pele por eles citados foram precipitados pelo
uso de ferramentas manuais e quedas.
As intoxicações por uso de agrotóxicos nas roças constituem 9% da procura aos
serviços de saúde por motivos ocupacionais. O Brasil está entre os maiores
consumidores mundiais de agrotóxicos, sendo que a agricultura é o setor que mais
utiliza essa substância. A notificação e a investigação de intoxicações ainda são
precárias em nosso país, devido às dificuldades de acesso dos trabalhadores rurais aos
centros de saúde e aos diagnósticos incorretos (OPAS, 1997).
A intoxicação por agrotóxicos se divide em três formas: aguda, subaguda e
crônica. Na intoxicação aguda os sintomas aparecem rapidamente, algumas horas após
a exposição excessiva aos produtos tóxicos, em geral os principais sintomas são
40
náuseas, vômito, fraqueza, mal estar, vertigem entre outros. A intoxicação subaguda
ocorre por exposição moderada ou pequena aos agentes tóxicos, os sintomas
aparecem lentamente e são subjetivos, como fraqueza, mal estar, dores de estômago,
sonolência, entre outros. A intoxicação crônica se caracteriza por surgimento tardio,
após meses ou anos, trazendo danos irreversíveis como paralisias e neoplasias (OPAS,
1997). Para Lima et al (2008), o impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana
decorre de uma série de fatores inter-relacionados, como baixa escolaridade, falta de
políticas de aconselhamento técnico, pouca atenção dada ao descarte de embalagens,
entre outros fatores. Como as principais causas de intoxicações estão a baixa
escolaridade, assim, não conseguem ler as informações escritas no rótulo do produto
ou aqueles que lêem não interpretam corretamente as informações.
Mas como
principal agravante está a falta ou forma incorreta de utilização dos equipamentos de
proteção individual (LIMA et al, 2008). Analisando estes dados com a real situação dos
trabalhadores rurais da região pesquisada, observa-se a existência de uma interrelação, pois 70% dos trabalhadores possuem baixa escolaridade, concluindo somente
o quarto ano do ensino fundamental o que realmente pode dificultar o entendimento das
instruções de uso dos produtos tóxicos. Também se inclui neste aspecto a não
utilização de EPI durante os processos de preparação e aplicação do produto nas roças
de grama.
Também com 9% dos motivos de procura aos serviços de saúde encontram-se
as doenças respiratórias. O agricultor plantador de grama convive com vários fatores
que podem desencadear problemas respiratórios, como poeira, umidade, frio, chuva,
vento, entre outros fatores. As patologias das vias aéreas possuem relação direta com
materiais inalados nos ambientes de trabalho (Brasil, 2002 b). Segundo Viegas (2000),
atualmente as doenças respiratórias são um problema importante para os trabalhadores
rurais, a agricultura submete o aparelho respiratório a uma gama variada de
exposições, como variações climáticas (chuva, umidade, baixa temperatura, etc.),
agentes como poeira, gases e pesticidas , etc.
E por último, mas não menos importante, com 4% dos problemas citados
encontramos o estresse, que segundo relato do agricultor se dá por excesso de
trabalho e falta de tempo para descansar, pois até mesmo nos finais de semana e
41
feriados o trabalho é intenso. Conforme Lautert et al (1999), estresse é definido como
um conceito relacional mediado cognitivamente e que reflete a relação entre indivíduo e
o ambiente apreciado por ele como difícil ou que ultrapassa seus recursos, colocando
em risco o seu bem estar. Podendo acrescentar que o estresse ocorre quando as
demandas representam um desejo que a pessoa é incapaz de alcançar. Para Lautert et
al (1999), não se pode negar que o trabalho exerce notável influência sobre o
comportamento humano. Já para Cox (1987) apud Lautert et al (1999), o conceito de
estresse ocupacional é onde existe uma interação entre o indivíduo e o fator
estressante, ou seja, o estresse ocupacional é determinado pela percepção que o
trabalhador tem das demandas existentes no ambiente de trabalho e por sua habilidade
para enfrentá-las. Sendo que a sobrecarga de trabalho, tanto em termos qualitativos
como quantitativos, é outra fonte associada ao estresse. Os fatores relacionados ao
trabalho que podem desencadear distúrbios psíquicos são as condições de trabalho
(físicas, químicas, biológica, etc.) e a organização do trabalho onde se inclui hierarquia,
divisão de tarefas, jornada intensa de trabalho, entre outros fatores (Brasil, 2002 b).
Conforme Lautert et al (1999), o excesso de horas trabalhadas reduz as oportunidades
de apoio social do indivíduo, trazendo insatisfação, tensão e outros problemas de
saúde.
42
5.4 O TRABALHADOR RURAL FRENTE AO ACIDENTE DE TRABALHO
Segundo a legislação previdenciária brasileira, apud Binder e Cordeiro (2003),
acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda, ou redução (permanente ou
temporária) da capacidade para o trabalho. São também considerados acidentes do
trabalho os que ocorrem no trajeto da residência para o trabalho e vice-versa.
Arranjo físico inadequado do ambiente de trabalho, falta de proteção em
máquinas, ferramentas defasadas, riscos de incêndio e explosão, esforço físico intenso,
levantamento manual de peso, posturas e posições inadequadas, pressão por
produtividade, ritmo acelerado de trabalho, repetitividade de movimentos, jornada de
trabalho extensa e com freqüente realização de hora-extra, trabalho noturno, presença
de animais peçonhentos e presença de substâncias tóxicas nos espaços de trabalho
estão entre os fatores que envolvem a dinâmica do acidente de trabalho (BRASIL, 2002
b). Muitas dessas situações foram encontradas nos espaços de trabalho do agricultor
plantador de grama da região de Santa Cruz, como extensa jornada de trabalho (média
de 11 a 12 horas diárias), exposição a produtos químicos, posturas inadequadas, entre
os demais riscos ao qual estão expostos diariamente e que diretamente acabam
provocando acidentes ocupacionais.
Para Fehlberg (2001a) a real prevalência dos acidentes é subestimada, pois os
acidentes de menor gravidade não são registrados por não precisarem de cuidados de
saúde. Sendo que a notificação de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho é de
extrema importância, porém atualmente tais situações são subregistradas e sua real
magnitude é desconhecida.
Através da notificação é possível identificar o motivo que os trabalhadores
adoecem ou morrem, associando esses dados ao seu processo de trabalho e assim
traçar intervenções sobre suas causas e determinantes (BRASIL, 2008). Esta situação
como podemos observar é uma realidade freqüente dos agricultores plantadores de
grama da região de Santa Cruz que subestimam os acidentes ocorridos em seu
ambiente de trabalho. Talvez o não registro dos acidentes e das doenças relacionados
43
ao trabalho por parte dos agricultores também resulte não somente no que diz respeito
à necessidade de assistência de saúde, mas também da falta ou da má compreensão
de informações, como é o caso dos agricultores plantadores de grama que não
possuem a percepção sobre os acidentes relacionados ao seu cotidiano. Segundo
Fehlberg (2001 b), um dos fatores que leva ao sub-registro de acidentes é a percepção
do trabalhador rural sobre o que seja um acidente de trabalho, pois, possivelmente os
acidentes de menor gravidade ou aqueles tratados de forma caseira não sejam
relatados. Através da pesquisa ficou constatado que dos dez entrevistados, todos já
sofreram algum tipo de dano à saúde, porém somente um trabalhador estava ciente do
real significado de que vem a ser um acidente de trabalho.
44
5.5 PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS SOBRE O CUIDADO DE SAÚDE
FRENTE AOS RISCOS E DOENÇAS OCUPACIONAIS
Durante a realização da pesquisa quando os agricultores foram perguntados
sobre os riscos presentes em seu ambiente de trabalho, todos os trabalhadores
responderam ter ciência dos riscos que estão expostos diariamente em seu processo
de trabalho, tendo plena noção que estes fatores tanto físicos e químicos que fazem
parte do seu processo de produção, podem acarretar acidentes e doenças
ocupacionais. O conceito de risco é bidimensional, é uma condição ou conjunto de
circunstâncias que tem o poder de causar um efeito adverso, podendo ser: morte,
lesões, doenças ou danos à saúde, a propriedade ou ao meio ambiente (Brasil, 2001).
A doença do trabalho é um conjunto de danos ou agravos que ocorrem sobre a
saúde dos trabalhadores, causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco
presentes nos locais de trabalho. As patologias se manifestam, de forma lenta, podendo
levar anos, sendo este um fator dificultador no estabelecimento da relação entre doença
sob investigação e o trabalho. Para o autor, os riscos presentes nos locais de trabalho
que podem ser causadores tanto de doenças como de acidentes trabalhista são
classificados em:
Agentes Físicos: ruído, vibração, calor, frio, luminosidade, ventilação, umidade,
radiações, etc.
Agentes Químicos: substâncias tóxicas, presentes na forma de gases, fumo, névoa,
neblina ou poeira.
Agentes Biológicos: bactérias, fungos, parasitas, etc.
Organização do trabalho: divisão do trabalho, pressão por produtividade, ritmo
acelerado, jornadas de trabalho extensas, entre outros (BRASIL, 2002 b).
Para Teixeira et al (2003), os riscos ocupacionais no ambiente de trabalho são:
riscos mecânicos, físicos, ergonômicos e psicossociais, Fehlberg (2001 a) acrescenta
ainda riscos biológicos e químicos. Os determinantes da saúde dos trabalhadores não
compreendem apenas fatores de ricos ocupacionais tradicionais como os riscos já
citados, mas também incluem condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e
45
organizacionais, responsáveis por situações de risco e danos à saúde do trabalhador
(RENAST, 2006).
Em relação aos trabalhadores devemos considerar diversos riscos ambientais e
organizacionais aos quais estão expostos, devido a inserção destes no processo de
trabalho. Os trabalhadores dependendo de sua área de produção estão expostos a
riscos diferentes uns dos outros, isto também varia muito de acordo com os cuidados e
precauções que são tomadas no local de trabalho (BRASIL, 2002 b).
40%
sim
não
60%
Figura nº 8 - Percentual de agricultores plantadores de grama que realizam algum cuidado em
saúde.
Porém, apesar dos agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz
estarem cientes dos riscos e patologias provenientes do seu trabalho, estes quando
questionados sobre os cuidados de saúde e prevenção de acidentes, não
demonstraram preocupação com os riscos a que estão expostos durante o processo de
trabalho, 60% responderam que realizam medidas de prevenção e cuidado à saúde
esporadicamente e muitas vezes de forma errônea, sendo que 40% dos agricultores
responderam não realizar nenhuma medida de segurança conforme podemos observar
na figura 08. Sendo que os cuidados em saúde citados pelos trabalhadores rurais foram
uso de equipamentos de proteção individual – EPI e cuidados com a alimentação.
46
Durante a pesquisa, os cuidados de saúde mais citados foram o uso de
equipamento de proteção individual (EPI) que pelo o relato dos trabalhadores é
realizado de forma totalmente incompleta e ineficiente, pois o único equipamento de
proteção citado pelos agricultores foi a bota ou tênis, sendo que este somente é
utilizado em dias de chuva devido à presença de lama na roça de grama. Dentre os
demais produtos utilizados para a proteção foram citados o uso de boné e uma
agricultora relatou utilizar filtro solar algumas vezes por mês.
Os equipamentos de proteção individual são ferramentas de trabalho que visam
proteger a saúde dos trabalhadores, a função básica do EPI é proteger o organismo,
minimizando os riscos de acidentes ocupacionais. Cada atividade de trabalho requer
equipamentos de proteção diferenciados, no caso dos agricultores os principais
equipamentos de proteção individual são: Respiradores (máscaras) que têm por
objetivo evitar a inalação de vapores, névoas ou finas partículas; Protetor Auricular que
protege o sistema auditivo contra ruídos; Luvas que são um dos equipamentos mais
importantes devido à alta exposição das mãos a produtos químicos, ferramentas, etc;
Viseira Facial que protege o rosto e os olhos contra respingos durante o manuseio e a
aplicação de produtos tóxicos; Boné Árabe que protege o couro cabeludo e o pescoço;
Avental que no caso de aplicação de agrotóxicos, protege contra respingos do produto;
Botas que servem para a proteção dos pés, devendo ser de cano alto e resistente
(ANDEF, 2009).
47
7
7
6
5
4
5
5
3
3
2
1
0
hábitos de vida
atividades de trabalho
Figura nº 9 - Grau de interferência de hábitos de vida e atividades de trabalho na saúde do
agricultor plantador de grama.
A outra forma de redução de danos colocada pelos agricultores plantadores de
grama foi o cuidado com a alimentação. Dos 10 (dez) trabalhadores participantes da
pesquisa 3 (três) responderam cuidar da dieta, sendo todos do sexo feminino, no geral
responderam que evitam gorduras, frituras, sal e doces devido
os problemas de
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), o que leva os
agricultores a possuir este comportamento de cuidado à saúde é a motivação
extrínseca, sendo aquela em que o indivíduo pode agir como resposta de estímulos
vindos do meio ambiente. No caso dos agricultores, os motivos que os levaram a ter
este comportamento de saúde foram as patologias crônicas como HAS e DM. Com
exceção de 1 (um) sujeito de pesquisa que, quando perguntado sobre os cuidados com
a alimentação, respondeu a seguinte frase:
“Ah, eu cuido sim. Só como coisa antiga, comida de antigamente... Como feijão,
pirão, ovo frito todo dia, meus pais comem isso e tão vivo até hoje então eu como
também.”
Ao analisar esta frase podemos observar o quanto a população do campo
necessita de informações mais precisas sobre o cuidado em saúde, não somente no
quesito nutricional, mas também em outras formas de cuidado, como doenças
48
parasitárias, doenças crônicas em especial DM e HAS, cuidados no ambiente de
trabalho, entre outros tantos fatores que podem alterar a sua saúde.
Quando falamos em saúde do trabalhador, nos referimos a um campo do saber
que visa compreender as relações e o processo de trabalho/doença. Nesta concepção,
se considera a saúde e a doença como processos dinâmicos, articulados com os
modos de desenvolvimento produtivo em determinado momento histórico. As formas de
inserção de homens, mulheres e crianças nos ambientes de trabalho, contribuem para
as formas de adoecer e morrer (BRASIL, 2002 b). As ações de saúde devem pautar-se
na identificação de riscos, danos, necessidades, condições de vida e trabalho que são
determinantes das formas de adoecer e morrer dos grupos populacionais.
As ações em saúde dos trabalhadores orientam-se pela necessidade de que,
além da atenção integral de qualidade e resolutiva que deve ser fornecida ao paciente
que procura os serviços de saúde, sejam realizadas mudanças no processo de trabalho
responsável pelo adoecimento de modo a garantir que o trabalhador continue
trabalhando sem risco de uma recaída ou agravamento da situação (RENAST, 2006).
As ações de saúde do trabalhador devem ser inseridas na agenda da rede básica de
atenção à saúde, sendo que dessa forma ocorre a ampliação da assistência já
oferecida aos trabalhadores, na medida em que são vistos como sujeitos a um
adoecimento específico, exigindo estratégias também específicas de promoção,
proteção e recuperação da saúde (Brasil, 2002 b).
A eliminação ou a redução da exposição às condições de risco e a melhoria dos
locais de trabalho para a promoção e proteção da saúde do trabalhador é um desafio
que vai além do âmbito de atuação dos serviços de saúde, exigindo soluções técnicas,
e muitas vezes complexas e de elevado custo. Em alguns casos, medidas simples
podem ser implementadas com impulso positivo e de proteção para a saúde do
trabalhador e meio ambiente.
O controle das condições de risco e melhoria dos ambientes de trabalho
envolvem algumas etapas, sendo elas: identificação das condições de risco para a
saúde, presentes nos processos de trabalho; caracterização da exposição e
quantificação das condições de risco; discussão das alternativas para a eliminação ou
controle dos riscos e implementação e avaliação das medidas adotadas. Lembrando
49
que é essencial a participação dos trabalhadores em todas estas etapas deste
processo, pois em muitos casos somente os trabalhadores podem informar diferenças
entre o trabalho prescrito e o trabalho real (BRASIL, 2001).
Durante a realização da pesquisa um dos temas abordados foram os hábitos de
vida e de trabalho e a influência destes na saúde do agricultor. Como podemos
observar na figura nº 9, quanto aos hábitos de vida, 50% responderam não interferir na
sua saúde e 50% responderam ter interferência tanto negativamente como no sentido
positivo. Já quando questionados sobre os hábitos de trabalho, 70% dos agricultores
responderam não ter interferência em sua saúde e 30% dos entrevistados responderam
ter interferência, sendo esta interferência de forma positiva sobre a sua saúde, pois a
maioria relatou que o trabalho faz bem para eles.
Para Freitas (1999) apud Paviani (2006), a palavra hábito é um termo derivado
do latim habere que serve para designar a situação real, exprime uma determinação
meramente externa, significando adaptação ou aderência. Em Paviani (2006),
Aristóteles trata a questão do hábito sempre numa dimensão moral, falando em hábitos
bons e maus.
Os hábitos são divididos em espécies: quanto à origem: hábitos
naturais ou inatos, sobrenaturais ou adquiridos; quanto ao sujeito: hábitos intelectuais
(inteligência), morais (vontade); quanto à essência: hábitos bons (virtudes) e hábitos
ruins (vícios). Então podemos entender que hábitos tanto de trabalho quanto de vida
podem interferir tanto de formas benéfica como de forma maléfica para cada indivíduo.
Porém, alguns dos trabalhadores entrevistados não possuem esta visão do termo
hábito, acham que tanto os hábitos de vida como os de trabalho não influenciam em
nada na sua saúde, nem de forma positiva nem negativamente.
50
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi desenvolvido a partir do interesse da pesquisadora no âmbito da
saúde do trabalhador, em especial do trabalhador rural, visto que os estudos neste
campo da saúde ainda são poucos. O início deste trabalho deu-se com a escolha do
tema, no qual ocorreu aprofundamento durante o decorrer da pesquisa.
Este trabalho teve como base evidenciar os motivos que levam o agricultor a
procurar os serviços de saúde, além da importância de ações em saúde ao trabalhador
rural. Sendo que todos os objetivos propostos durante a realização da pesquisa foram
alcançados.
Conclui-se que o agricultor plantador de grama da região de Santa Cruz/Biguaçu,
utiliza pouco os serviços de saúde, talvez por fatores culturais ou dificuldade de acesso
aos serviços, pois a sua saída ocasiona a perda do dia de trabalho, entre outros
fatores. Quanto a motivação para a procura dos serviços de saúde, percebeu-se que os
motivos para procura foram em sua maioria (70%) casos considerados de emergência
ou urgência, sendo que estes estavam relacionados à sua atividade de trabalho, porém
o que chamou atenção foi a não percepção do que seja um acidente de trabalho para
os agricultores, que não fazem a relação entre o seu processo de trabalho e os
agravantes de saúde decorrentes deste processo.
Em relação aos riscos que os agricultores estão expostos diariamente em seu
ambiente de trabalho, todos os agricultores plantadores de grama entrevistados
possuem a noção dos riscos a que estão expostos, porém não tomam os cuidados
necessários para a promoção e preservação de sua saúde, e os que tomam algum tipo
de cuidado a saúde, ainda fazem de forma incorreta e ineficaz, sendo que em muitos
destes casos o que falta são informações corretas e na linguagem destes, pois 70%
dos agricultores que participaram da pesquisa estudaram somente até a quarta série do
ensino fundamental, possuindo dificuldade para interpretar e assimilar as informações
repassadas.
Os dados desta pesquisa corroboram aos resultados de Fehlberg (2001b) que
existe sub-registro de acidentes o que colabora com isso é a percepção do trabalhador
rural sobre o que é um acidente de trabalho, pois, possivelmente, os acidentes de
51
menor gravidade ou aqueles tratados de forma caseira não são relatados. Nesta
pesquisa ficou constatado que dos dez entrevistados, todos já sofreram algum tipo de
dano à saúde, porém somente um trabalhador estava ciente do real significado do que
vem a ser um acidente de trabalho.
Para Facchini (2005), a identificação da relação entre problemas de saúde com
as atividades de trabalho e riscos ocupacionais é imprescindível para a definição de
prioridades de prevenção em saúde do trabalhador.
Apesar da existência de políticas de saúde em prol dos trabalhadores a carência
e a inconsistência das informações sobre a real situação de saúde dos trabalhadores
rurais dificultam a definição de prioridades para as políticas públicas, além de privar a
sociedade de instrumentos importantes para a melhoria das condições de vida e de
trabalho (RENAST, 2006).
Existe a clara percepção de que os serviços de saúde não trabalham na lógica
do agricultor. Geralmente os serviços de saúde funcionam em horário comercial, não
facilitando o acesso ao trabalhador rural, pois para procurar um desses serviços ele
teria que interromper sua atividade de trabalho e acabaria perdendo o dia de serviço,
outra dificuldade dos agricultores é de serem substituídos em suas tarefas na
propriedade.
Na nossa realidade, encontramos somente serviços de saúde curativos, que
resolvem o problema naquele momento, porém a problemática da saúde rural vai muito
além da cura, mas sim da prevenção e orientação dos agricultores.
Talvez o que falta para mudar a realidade do trabalhador rural no quesito saúde,
seja um programa eficaz que trate sobre os riscos e prevenção de acidentes
ocupacionais, que tenha como objetivo a educação e promoção da saúde do agricultor,
de acordo com as necessidades e dificuldades encontradas por eles.
Espero que este trabalho seja útil a todos os profissionais da saúde e que
principalmente sirva de estimulo para o surgimento de novos estudos e pesquisas
acerca da saúde do trabalhador rural, pois a falta de material sobre este tema foi uma
das maiores dificuldades encontradas para a realização desta pesquisa.
52
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58
APÊNDICES
59
Apêndice 1: Termo de Compromisso e Aceite de Orientação
TERMO DE COMPROMISSO E ACEITE DE ORIENTAÇÃO
Eu, Ângela Mª Blatt Ortiga, professora do Curso de Graduação em EnfermagemUNIVALI concordo orientar o Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Suélen
Costa, intitulado: Motivação para o uso de serviços de saúde: o caso dos
agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz. Estou ciente das
normas para a elaboração do trabalho, bem como do calendário de atividades proposto.
________________________________________________
Local e Data
_________________________________
Acadêmica de enfermagem
Suélen Costa
__________________________________
Professora Orientadora
Ângela B. Ortiga
60
Apêndice 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, ___________________________________________________________,
Declaro que estou ciente da minha participação na pesquisa “Motivação para o uso
de serviços de saúde: o caso dos agricultores plantadores de grama da região de
Santa Cruz”, que será realizada pela acadêmica Suélen Costa, sob a supervisão da
docente Angela Maria B. Ortiga do Curso de Graduação de Enfermagem da
Universidade do Vale do Itajaí, campus Biguaçu.
Declaro, que recebi de forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes à
pesquisa, e estou ciente que todos os dados a meu respeito serão sigilosos, que estou
sendo esclarecido (a) sobre a entrevista de que participarei, além de estar ciente de
que não estou sendo exposto a nenhum risco físico ao participar desta pesquisa, e que
estarei contribuindo para novos estudos no campo da saúde rural. Será preservado o
meu direito de desistir de participar em qualquer etapa deste estudo.
Por fim declaro que autorizo a gravação da coleta de dados e que concordo com
a utilização das informações da pesquisa, bem como a divulgação dos resultados,
desde que minha identidade seja preservada.
______________________
Assinatura do entrevistado
_____________________
__________________________
Acad. Suélen Costa
Profª : Ângela Maria B. Ortiga
(estudante de enfermagem)
(enfª orientadora da pesquisa)
TEL(48) 84123821
TEL: (48) 3244 5449
Estrada geral Santa Cruz, Biguaçu.
UNIVALI, Campus Biguaçu
Rua João Coan, nº 400
Bairro Centro- Biguaçu- SC
Fone: (48) 3279 9712
61
Apêndice 3: Questionário Semi-Estruturado
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
QUAIS OS MOTIVOS QUE LEVAM O AGRICULTOR PLANTADOR DE GRAMA DA
REGIÃO DE SANTA CRUZ A PROCURAR O SERVIÇO DE SAÚDE?
QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO
IDENTIFICAÇÃO
SEXO: ( ) F
IDADE:
ESCOLARIDADE:
() M
1) QUANDO NECESSITA DE ASSISTÊNCIA Á SAÚDE, QUE TIPO DE RECURSO
UTILIZA:
( ) NENHUM
( ) SUS
( ) PLANO PARTICULAR
()
BENZEDEIRA
( ) MEDICAÇÃO POR CONTA PRÓPRIA
( ) OUTROS :
2) UTILIZA OS SERVIÇOS DO SUS?
( ) SIM
( ) NÃO
SE SIM, QUAIS SERVIÇOS VOCÊ UTILIZOU NO ANO DE 2008.
( ) ATENDIMENTO BÁSICO
( ) ESPECIALIDADE ______________________
( ) HOSPITALAR
3) POSSUI PLANO DE SAÚDE?
( ) SIM
( ) NÃO
SE SIM, QUAL.
( ) UNIMED
( ) SINDICATO
______________________
( ) OUTROS
4) QUAL FOI À ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ PROCUROU ASSISTÊNCIA Á SAÚDE:
( ) MENOS DE 6 MESES
( ) MAIS DE 6 MESES
( ) NÃO LEMBRA
POR QUAL FOI O MOTIVO: ______________________
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5) QUAIS SÃO OS MOTIVOS QUE MAIS O LEVAM A PROCURAR UM SERVIÇO DE
SAÚDE?
(E OS PROBLEMAS RELACIONADOS AO TRABALHO?)
6) VOCÊ ACHA QUE SEUS HÁBITOS DE VIDA INTERFEREM NA SUA SAÚDE?
( ) SIM
( ) NÃO
SE SIM, DE QUE FORMA: ______________________
7) VOCÊ ACHA QUE SUAS ATIVIDADES DE TRABALHO INTERFEREM NA SUA
SAÚDE?
( ) SIM
( ) NÃO
SE SIM, DE QUE FORMA: ______________________
8) VOCÊ JÁ SOFREU ALGUM ACIDENTE OU TEVE ALGUM PROBLEMA
RELACIONADO AO SEU TRABALHO?
( ) SIM
( ) NÃO
SE SIM, DE QUE TIPO? ______________________
9) VOCÊ ESTÁ CIENTE DOS RISCOS QUE ESTÁ SENDO EXPOSTO DIARIAMENTE
NO SEU TRABALHO?
( ) SIM
( ) NÃO
10) FAZ ALGUMA COISA PARA REDUZIR DANOS A SUA SAÚDE?
( ) SIM
( ) NÃO
SE SIM, O QUE VOCÊ FAZ?
( ) USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
( ) CUIDADOS
COM A ALIMENTAÇÃO
( ) OUTROS
______________________
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MOTIVAÇÃO PARA O USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: O CASO