UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS DE ALIMENTOS JOSÉ ALBERTO YEMAL SÃO PAULO 2014 UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS DE ALIMENTOS Tese apresentada ao Programa de Doutorado em Engenharia de Produção da Universidade Paulista – UNIP. Orientadora: Professora Irenilza de Alencar Nääs. Doutora Área de Concentração: Engenharia de Produção. Linha de Pesquisa: Redes de Empresas e Planejamento da Produção. Projeto de Pesquisa: Sistemas Inovadores de Produção Aplicados ao Agronegócio. JOSÉ ALBERTO YEMAL SÃO PAULO 2014 YEMAL, José Alberto Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos./ José Alberto Yemal. São Paulo, 2014. 101 p. Tese (Doutorado) – Universidade Paulista - UNIP, 2014. Área de Concentração: Engenharia de Produção. Linha de Pesquisa: Redes de Empresas e Planejamento da Produção. Projeto de Pesquisa: Sistemas Inovadores de Produção Aplicados ao Agronegócio. Orientadora: Professora Doutora Irenilza de Alencar Nääs. 1. Desenvolvimento. 2. Sustentabilidade. 3. Indicadores. 4. Cadeias de Suprimentos. 5. Alimentos. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP JOSÉ ALBERTO YEMAL INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS DE ALIMENTOS Tese apresentada ao Programa de Doutorado em Engenharia de Produção da Universidade Paulista – UNIP. Área de Concentração: Engenharia de Produção. Linha de Pesquisa: Redes de Empresas e Planejamento da Produção. Projeto de Pesquisa: Sistemas Inovadores de Produção Aplicados ao Agronegócio. Aprovado em: _______/_______/_________. BANCA EXAMINADORA ________________________________ Profa. Dra. Irenilza de Alencar Nääs Universidade Paulista – UNIP _______________________________ Prof. Dr. Universidade _____________________________ Prof. Dr. Universidade _____________________________ Prof. Dr. Universidade _____________________________ Prof. Dr. Universidade UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) III Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Dedicatória Dedico este trabalho ao meu filho, Nicholas por ser a grande inspiração e a maior razão para realizá-lo, pela sua paciência e compreensão, e que infelizmente não esta mais ao meu lado, mas onde quer que esteja está vendo e acompanhando esta conquista. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) IV Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Agradecimentos AGRADECIMENTOS À Professora Doutora Irenilza de Alencar Nääs meu agradecimento, muito especial, por disponibilizar seu tempo, seus conselhos, sua dedicação, broncas, cobranças, orientações e principalmente em acreditar na minha capacidade de realizar este trabalho, meus sinceros agradecimentos. Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista, na pessoa de seu coordenador o Professor Doutor Oduvaldo Vendrametto e da assistente Débora Daniel da Silva. Aos Professores Doutor José Benedito Sacomano, Doutor Pedro Luiz de Oliveira da Costa Neto e Doutor Mario Mollo Neto que muito contribuíram com suas experiências e ensinamentos. Aos funcionários da Universidade Paulista pela dedicação e prontidão no atendimento prestado. Aos meus pais, Elias e Magdalena, pelo apoio e carinho em mais um desafio de minha vida, como em outros que passaram e os que ainda virão. As amigas, colegas e Professoras Mestre Nieves Orosa Vilariño Teixeira, Mestre Izilda Guedes Elias e a Doutora Adriana Pina pela ajuda, paciência e contribuição no desenvolvimento deste trabalho UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) V Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Agradecimentos A minha grande amiga Fernanda Vasconcelos Martinez Kurjata pela oportunidade, disposição, paciência e por abrir as portas de sua empresa, “Supermercado Caçula”, permitindo assim a realização deste trabalho. As distribuidoras de Carne Bovina e Pescados, que solicitaram por não divulgarem seus nomes, pela disposição e contribuição na pesquisa. Agradeço a Katya Lais Ferreira Patella Couto pelo seu trabalho e pronta disposição na revisão ortográfica do trabalho. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) VI Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Epígrafe Alguns homens veem coisas que existem e perguntam “Por quê?” Eu vejo coisas que nunca existiram e pergunto “Por que não?”. Robert Kennedy UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) VII Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Lista de Tabelas LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Medidas de desempenho em Cadeias Globais de Suprimentos ........... 44 Tabela 2 - Escala de pesos aos atributos selecionados .......................................... 57 Tabela 3 - Indicadores de Desenvolvimento Sustentável para Cadeia de Suprimentos .......................................................................................... 61 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) VIII Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Lista de Figuras LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tripé do Desenvolvimento Sustentável ................................................ 33 Figura 2 - As cinco dimensões da sustentabilidade .............................................. 34 Figura 3 - Cadeia de Valor Genérica..................................................................... 36 Figura 4 - Cadeia Socialmente Responsável ......................................................... 39 Figura 5 - Painel da Sustentabilidade .................................................................... 48 Figura 6 - Modelo da Estrutura hierárquica da AHP ............................................ 52 Figura 7 - Pesos acumulados referentes aos critérios de Desenvolvimento Sustentável ............................................................................................ 60 Figura 8 - Pesos referente ao critério Ambiental .................................................. 62 Figura 9 - Pesos referente ao critério Econômico ................................................. 63 Figura 10 - Pesos referentes ao critério Social ...................................................... 65 Figura 11 - Faixa etária dos consumidores ........................................................... 68 Figura 12 - Gênero dos consumidores .................................................................. 69 Figura 13 - Estado civil dos consumidores ........................................................... 70 Figura 14 - Grau de instrução dos consumidores .................................................. 70 Figura 15 - Renda mensal dos consumidores ........................................................ 71 Figura 16 - O que mais influência os consumidores no momento da escolha de um produto ....................................................................................... 71 Figura 17 - Faixa salarial x influência na escolha do produto .............................. 72 Figura 18 - Conhecimento sobre degradação do meio ambiente causada pelas indústrias de um modo geral ................................................................. 72 Figura 19 - Grau de instrução x conhecimento sobre degradação ........................ 73 Figura 20 - Nível de preocupação dos consumidores com o meio ambiente ........ 74 Figura 21 - Nível de preocupação com o meio ambiente x grau de instrução ...... 75 Figura 22 - Nível de preocupação com o meio ambiente x grau de instrução x faixa etária ............................................................................................ 75 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) IX Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Lista de Figuras Figura 23 - Conhecimento sobre degradação do meio ambiente x nível de preocupação com o meio ambiente ...................................................... 76 Figura 24 - O que os consumidores entendem por produto ecologicamente correto ou produto verde ou produto sustentável ................................. 76 Figura 25 - O que os consumidores costumam fazer depois de utilizar um produto ou quando não funciona mais ou quando não tem mais utilidade ................................................................................................ 77 Figura 26 - Depois de utilizar um produto ou quando não funciona mais ou quando não tem mais utilidade x nível de preocupação com o meio ambiente ............................................................................................... 77 Figura 27 - Qual a maior dificuldade que os consumidores encontram na aquisição de produtos ecologicamente corretos ................................... 78 Figura 28 - O que leva os consumidores a adquirirem um produto ecologicamente correto ......................................................................... 79 Figura 29 - O que leva os consumidores a adquirirem um produto ecologicamente correto x o que mais influencia no momento da escolha de um produto .......................................................................... 79 Figura 30 - Quem pode influenciar os consumidores no momento da decisão de comprar um produto ecologicamente correto .................................. 80 Figura 31 - O que mais influencia você no momento da escolha de um produto x quem pode influenciar você no momento da decisão de comprar um produto ecologicamente correto ....................................... 80 Figura 32 - Os consumidores procuram saber sobre a origem, fabricação dos produtos e de seus fornecedores quanto a: ........................................... 81 Figura 33 - Os consumidores deixariam de comprar um produto de uso habitual por saber que as empresas envolvidas na sua produção Os consumidores procuram saber sobre a origem, fabricação dos produtos e de seus fornecedores quanto a: ........................................... 81 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) X Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Lista de Abreviaturas e Siglas LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AHP Analytic Hierarchy Process (Processo Analítico Hierárquico). BS Barometer of Sustainability (Barômetro da Sustentabilidade). CERES Coalition for Environmentally Responsible Economies. CVC Criação de Valor Compartilhado. DJSI Dow Sustentabilidade). Jones Sustainability Index (Índice Dow DS Dashboard of Sustainability (Painel da Sustentabilidade). EFM Ecological Footprint Method (Pegada Ecológica). GRI Global Reposting Initiative. IDRC International Development Research Centre. IUCN International Union for Conservation of Nature. TBL Triple Bottom Line UNIP Universidade Paulista. Jones de UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) XI Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Resumo RESUMO Com a atual pressão sobre as organizações para um direcionamento do desenvolvimento sustentável e com a concorrência, cada vez mais, deixando de ser entre empresas e passando a ser entre cadeias de suprimento, surge a necessidade de se mensurar o grau de desenvolvimento sustentável da cadeia de suprimento como um todo. Baseando-se no conceito de Ignacy Sachs sobre desenvolvimento sustentável e nos diversos indicadores utilizados atualmente sobre sustentabilidade, esta tese propõe a criação de indicadores específicos para medir o grau de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos. Foi utilizada como estudo uma cadeia de suprimento de alimentos e para verificar a consistência dos indicadores criados foi utilizada a ferramenta AHP – Analytic Hierarchy Process (Processo Analítico Hierárquico). Para se verificar a importância dos indicadores foi feita uma pesquisa junto aos consumidores finais da cadeia de suprimento de alimentos, averiguando o conhecimento e o valor dado ao desenvolvimento sustentável das empresas envolvidas na produção dos produtos consumidos. Com os resultados obtidos na pesquisa junto aos consumidores e na aplicação dos indicadores em três empresas que fazem parte de uma cadeia de suprimento de alimentos, foi possível determinar a importância e a consistência dos indicadores propostos. Palavras-chave: Desenvolvimento; suprimento; alimentos. sustentabilidade; indicadores; cadeia de UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) XII Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Abstract ABSTRACT With the current pressure on organizations to a sustainable development targeting and increasing competition is no longer between companies and passing to be between supply chains, arises the need to measure the degree of sustainable development of the supply chain as a whole. Based on the concept of Ignacy Sachs on sustainable development and the various indicators used currently on sustainability, as proposed in this thesis the creation of specific indicators to measure the degree of sustainable development in supply chains. It was used as a study of food supply chain and to check the consistency of the indicators created, tool was used AHP-Analytic Hierarchy Process. To verify the importance of the indicators was done a survey of consumers of the food supply chain checking the knowledge and the value given to the sustainable development of the enterprises involved in the production of the products consumed. With the results obtained in the survey of consumers and in the application of the indicators in three companies that are part of a chain of food supply, it was possible to determine the relevance and the consistency of the proposed indicators. Key-words: Development; sustainability; indicators; supply chaim; food. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) XIII Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Sumário SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15 2 PROJETO DE PESQUISA ......................................................................... 17 2.1 Justificativa .............................................................................................. 17 2.2 Problema de Pesquisa .............................................................................. 20 2.3 Hipótese ................................................................................................... 20 2.4 Objetivos ................................................................................................. 21 2.4.1 Objetivo geral ................................................................................... 21 2.4.2 Objetivos específicos ........................................................................ 21 2.5 Metodologia ............................................................................................. 21 2.5.1 Procedimento Metodológico............................................................. 22 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 25 3.1 Redes de suprimentos .............................................................................. 25 3.1.1 Fatores relacionados à Competitividade ........................................... 28 3.2 Sustentabilidade....................................................................................... 29 3.2.1 Desenvolvimento Sustentável........................................................... 31 3.3 Criação de Valor Compartilhado ............................................................. 35 3.4 Indicadores .............................................................................................. 39 3.4.1 Indicadores de Desempenho em Cadeia de Suprimentos ................. 41 3.4.2 Indicadores ou Índices de Desenvolvimento Sustentável................. 45 3.4.2.1 Indicadores de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (CSD) ...................................................................... 46 3.4.2.2 Pegada Ecológica ....................................................................... 47 3.4.2.3 Barômetro da sustentabilidade ................................................... 47 3.4.2.4 Painel da sustentabilidade .......................................................... 48 3.4.2.5 Global Reporting Initiative (GRI) .............................................. 49 3.4.2.6 Métricas de Sustentabilidade da Instituição dos Engenheiros Químicos da Inglaterra (IChemE) .......................................................... 50 3.4.2.7 Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) ........................... 50 3.4.2.8 Índice Triple Bottom Line (TBL) .............................................. 50 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) XIV Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Sumário 3.4.2.9 Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial ...... 51 3.5 AHP ......................................................................................................... 51 3.6 Stakeholders ............................................................................................ 53 3.6.1 Cliente como stakeholder ................................................................. 54 4 METODOLOGIA ...................................................................................... 56 4.1 Análise multicriterial para estabelecimento de indicadores .................... 56 4.2 Coleta de dados ....................................................................................... 57 4.3 Aplicação dos indicadores ....................................................................... 58 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 60 5.1 Resultados e discussão da aplicação dos indicadores ............................. 60 5.2 Considerações sobre o teste dos indicadores ........................................... 66 5.3 Pesquisa com o Consumidor Final .......................................................... 67 6 CONCLUSÃO .............................................................................................. 83 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 85 APÊNDICE I ................................................................................................... 93 APÊNDICE II .................................................................................................. 97 APÊNDICE III – Parecer Consubstanciado do CEP ................................ 101 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 15 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 1 - Introdução 1 INTRODUÇÃO No início do século XX, as empresas, de forma geral, tinham suas estruturas totalmente verticalizadas. Dessa maneira, uma única empresa gerenciava e controlava toda uma cadeia produtiva. Como exemplo, a Ford, nessa época, produzia todos os componentes necessários para a montagem de um automóvel, desde a extração da borracha até o pneu. Com a necessidade de se aumentar a produtividade e uma exigência maior por parte de mercado consumidor, as organizações passaram a focar em suas competências e transferiram as tarefas de apoio para outras organizações. Seguindo o mesmo exemplo citado anteriormente, atualmente a Ford passou a ser uma montadora que não manufatura praticamente qualquer componente utilizado em seus automóveis, delegando essa função a outras organizações. Assim, cada organização faz o que sabe de melhor. No fim dos anos 1980, as organizações deixaram de se preocupar com a forma pela qual seus fornecedores estavam atendendo às suas necessidades, o importante era que estavam atendendo. Não se importavam com o modo como era a relação com os fornecedores dos fornecedores e a assim sucessivamente até o fornecedor da matéria prima mais básica, desde que a necessidade da organização estivesse sendo atendida. No final do século XX, com a competitividade mais acirrada e globalizada, o mercado consumidor muito mais exigente, o ciclo tecnológico de inovações diminuindo cada vez mais, uma cobrança maior pelas partes interessadas na organização (stakeholders) e uma visão socioambiental cada vez mais presente, as organizações passaram a se relacionar de forma mais ativa com os seus fornecedores diretos, vendo esses como parceiros. Entende-se que qualquer tipo de decisão tomada pelos fornecedores pode afetar direta ou indiretamente a própria organização, seja de forma positiva, seja negativa. Nesse sentido, a ideia de rede de suprimentos passou a fazer parte das organizações, elas querendo ou não. Surge a visão de que uma organização faz parte UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 16 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 1 - Introdução de uma rede de empresas interligadas, como se fossem elos de uma corrente, existindo quatro fluxos contínuos (fluxo de produtos/serviços, fluxo financeiro, fluxo de informação e fluxo reverso), o que possibilita a existência da rede mesmo que a organização não enxergue essa rede. Indo para dentro das organizações, vê-se que o desempenho de uma empresa não depende tão somente da mensuração de seus resultados, mas também da compreensão e/ou identificação dos facilitadores e dos entraves em todos os elos anteriores e posteriores a sua atuação. Assim, faz-se necessário mensurar, além do desempenho individual de cada empresa, o desempenho competitivo da cadeia produtiva na qual está inserida. Para que haja competitividade na cadeia, é necessária uma integração efetiva entre seus elos, os quais devem estar direcionados para as necessidades e expectativas dos consumidores finais. Também, todas as informações e recursos devem ser repassados aos elos, de acordo com as necessidades e expectativas previamente levantadas. Todavia, a eficiente sincronia entre os elos da cadeia reflete as melhorias globais na própria cadeia, sendo necessário que o monitoramento ou avaliação seja constante e efetivo, pois, do acompanhamento de indicadores de desempenho serão identificados os problemas ou oportunidades de melhoria na cadeia e/ou em elos mais fracos. Assim, ações de melhoria poderão ser introduzidas ou priorizadas, possibilitando a competitividade na cadeia. A implementação de ações deverá acontecer sob uma coordenação única, integrando todos os elos de uma determinada cadeia de suprimentos. Para se conseguir essa coordenação, necessita-se de uma Gestão da Cadeia de Suprimentos. Esse gerenciamento normalmente deve ser exercido pelo elo mais forte da cadeia ou por aquele que detém as informações mais importantes sobre o mercado onde determinada cadeia atua. O que se percebe é uma dificuldade em gerenciar a Cadeia de Suprimentos pela falta de visão holística de toda a cadeia, ou pelo desinteresse em assumir essa responsabilidade de gerenciamento, ou pela dificuldade de conciliar os objetivos de todos os integrantes na mesma direção, ou, ainda, pela diferença dos interesses e culturas das organizações que compõem a cadeia de suprimentos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 17 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa 2 PROJETO DE PESQUISA 2.1 Justificativa Atualmente, muito se fala em parcerias, alianças, redes de empresas com o objetivo de participar mais efetivamente de um ambiente competitivo cada vez mais globalizado e internacionalizado. A concorrência está saindo do âmbito entre empresas e caminhando em direção a cadeias de suprimentos. Daí a preocupação na busca da eficiência no gerenciamento das cadeias produtivas, ou da cadeia de fornecimento, ou cadeia de suprimentos, ou rede de suprimentos, que nos leva a gerenciar os fluxos produtivos até o consumidor final, administrando os recursos, cada vez mais, escassos. Vários fatores podem influenciar, de forma positiva ou negativa, nos resultados da cadeia e de seus elos. Entre esses fatores podem-se citar: as mudanças de preços, provocadas por variações cambiais; os custos de produção; a diferenciação de produto, que exerce um importante papel na formação de estratégias competitivas; a estrutura de mercado; os ganhos de produtividade; a confiabilidade e os prazos nas entregas; a qualidade; a disponibilidade dos serviços pós-vendas; a inovação tecnológica; o investimento em capital físico e humano; a influência dos meios institucionais; a infraestrutura, dentre outros (DURSKI, 2003). Não se pode gerenciar aquilo que não se conhece; não se conhece aquilo que não se controla; não se controla aquilo que não se mede. Essas frases sintetizam bem a importância da mensuração de desempenho para a gestão de qualquer empresa. No âmbito da cadeia de suprimentos, é necessária a utilização de indicadores de desempenho que representem a realidade e disponibilizem informações concisas aos gestores. Em verdade, considerando que o fornecimento externo representa cerca de 50% de todos os custos de muitas empresas, é fundamental compreender como andam a eficiência e a eficácia desses fornecedores. O mesmo princípio é aplicado UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 18 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa aos distribuidores e intermediários, que estão ocupando uma grande porção do custo marginal dos produtos (CHRISTOPHER, 1999). Nos últimos anos, muitas pesquisas vêm sendo feitas, tentando “avaliar propriamente a competitividade das cadeias de suprimentos ou rede de empresas” (FUSCO e GOBBO JUNIOR, 2004). Entretanto, as cadeias de suprimentos e redes de empresas permanecem dinâmicas, multidimensionais, e usualmente entidades pouco entendidas. Quando o assunto envolve a globalização dos negócios, a questão de como permanecer competitivo quando se participa de uma rede global traz a necessidade de análise sob uma perspectiva mais holística. Dois assuntos muito discutidos na atualidade em todos os setores da sociedade são a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável, em função da expansão econômica mundial que evidenciou diferentes formas de articulação entre o desenvolvimento e os recursos da biodiversidade. O modelo de desenvolvimento praticado atualmente permitiu não só o crescimento populacional e um desenvolvimento desigual em termos qualitativos como forçou uma integração ao comércio internacional que resultou em distorções quanto ao uso, apropriação e conservação dos recursos naturais. O impacto dessas distorções sobre a vida na Terra intensificou a preocupação quanto ao modo como as sociedades irão se desenvolver, apontando a necessidade de um novo padrão de desenvolvimento que permitisse um crescimento econômico socialmente mais justo e compatível com a preservação da base de recursos naturais. De acordo com o Relatório da Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas, o desenvolvimento sustentável é aquele “capaz de suprir as necessidades da população mundial sem comprometer as necessidades das populações futuras” (CMMAD, 1998). A ideia de desenvolver indicadores para avaliar a sustentabilidade surgiu na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente – Rio 92, conforme registrado no capítulo 40 da Agenda 21 (SICHE et al., 2007). A proposta era definir padrões sustentáveis de desenvolvimento que considerassem aspectos ambientais, econômicos, sociais, éticos e culturais. Para atingir esse objetivo, tornou-se necessário elaborar indicadores que mensurassem e avaliassem o sistema em estudo, considerando todos esses aspectos (SICHE et al., UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 19 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa 2007). Dessa forma, diversas pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de analisar o desenvolvimento sustentável de uma região, de uma comunidade ou de uma empresa. Outros trabalhos buscam entender os fatores necessários para o desenvolvimento sustentável e assim identificar um modelo a ser seguido por outros setores da sociedade, como o de Marzall e Almeida (2000), Journel et al. ( 2003), Wilson; Tyedners e Pelot (2007), entre outros. De acordo com González-Cabán; Fenn e Scatena (1994), a sustentabilidade é definida como o parâmetro que reflete a capacidade do meio de continuar cumprindo suas diversas funções em níveis que garantam às futuras gerações a oportunidade de, no mínimo, continuarem usufruindo desses mesmos níveis atuais. O desenvolvimento sustentável está baseado no tripé composto pelo social, ambiental e econômico. A maioria dos trabalhos desenvolvidos em sustentabilidade foca o lado socioambiental e se esquece do lado econômico ou financeiro, tão importante quanto os outros dois. Sendo, hoje, o estudo das cadeias produtivas uma realidade para o desenvolvimento de novas tecnologias e criação de modelos analíticos de processos e gestão, é de suma importância que se desenvolvam alternativas de medição de desempenho da posição estratégica de uma determinada cadeia produtiva em seu ambiente. Com essa medição, será possível direcionar todos os esforços da rede de fornecimento para uma gestão sustentável dos atores envolvidos, no que diz respeito à visão social, ambiental e econômica. No qual essa visão não está restrita somente às grandes corporações, mas que as pequenas empresas envolvidas na cadeia de suprimento também estejam direcionadas para a visão de desenvolvimento sustentável junto com todos os atores que integram a sua cadeia. Hassini; Surti e Searcy (2012) pesquisaram as publicações sobre Gestão de Cadeias de Suprimentos Sustentáveis no período de 2000 a 2010 e perceberam que nenhuma pesquisa sobre indicadores de desenvolvimento sustentável abordava as três dimensões da sustentabilidade (ambiental, social e econômica) em cadeias de suprimentos, necessitando assim o desenvolvimento de novas pesquisas mais especificas e abrangentes. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 20 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa Neste trabalho buscou-se elaborar um modelo de indicador de desenvolvimento sustentável para ser aplicado em cadeia de suprimentos de alimentos, com o objetivo de determinar, dentre as empresas que compõem uma determinada cadeia, quais estão mais preocupadas com e mais focadas na sustentabilidade e, assim, identificar os pontos fortes e os pontos a serem melhorados na busca pelo desenvolvimento sustentável de toda a cadeia de suprimentos. 2.2 Problema de Pesquisa Cada vez mais é importante saber como uma empresa está se desenvolvendo, como está gerenciando seus recursos e os recursos naturais. Esse conhecimento já é difícil somente para uma única empresa, sendo mais difícil e complicado para um conjunto de empresas interligadas que compõem uma cadeia de suprimentos. Quando se fala de desenvolvimento sustentável, passa a ser um desafio identificar o grau de desenvolvimento de uma empresa e, principalmente, de uma cadeia de suprimentos. Dentro desse contexto atual, surge o questionamento: De que forma é possível avaliar se os atores que compõem uma determinada cadeia de suprimentos estão alinhados entre si para um desenvolvimento sustentável de toda a cadeia? 2.3 Hipótese Através de um conjunto de indicadores, focando o âmbito social, ambiental e financeiro, com o objetivo de monitorar uma determinada cadeia de suprimentos de alimentos, integrando todas as empresas dessa cadeia e alinhando suas metas, é possível identificar o nível de desenvolvimento sustentável de toda uma cadeia. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 21 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa 2.4 Objetivos 2.4.1 Objetivo geral Desenvolver um conjunto de indicadores para medir/avaliar o nível de desenvolvimento sustentável de uma cadeia de suprimentos utilizando análise multicritério para determinar a consistência dos indicadores. 2.4.2 Objetivos específicos Pesquisar os indicadores utilizados para se avaliar o desempenho de cadeias de suprimentos e os indicadores de desenvolvimento sustentável. Identificar os indicadores mais adequados em cadeias de suprimentos no âmbito social, econômico e ambiental. Aplicar a ferramenta AHP - Analytic Hierarchy Process (Processo Analítico Hierárquico) para selecionar os indicadores identificados. Aplicar o conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável em uma determinada cadeia de suprimentos. Pesquisar os consumidores sobre o conhecimento e interesse do desenvolvimento sustentável e produtos verdes. 2.5 Metodologia Este trabalho está dividido em nove etapas: Etapa 1 – Desenvolvimento do Referencial Teórico em que foi elaborada a revisão teórica sobre o tema. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 22 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa Etapa 2 – Pesquisa dos Indicadores de desempenho empresariais e em cadeia de suprimentos utilizados atualmente, com a finalidade de identificar, dentre os indicadores encontrados, aqueles que podem ser utilizados para se avaliar o desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos. Etapa 3 – Classificar os indicadores encontrados dentro dos critérios adotados para se avaliar o desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos. Etapa 4 – Aplicação dos indicadores nas empresas escolhidas (que façam parte de uma cadeia de fornecimento), por meio de um instrumental de pesquisa. Etapa 5 – Analisar os resultados obtidos nos indicadores. Etapa 6 – Elaborar um instrumental de pesquisa para se avaliar o grau de conhecimento e interesse dos consumidores sobre desenvolvimento sustentável. Etapa 7 – Aplicar os instrumental de pesquisa junto aos consumidores através do Google Drive. Etapa 8 – Analisar os resultados obtidos na pesquisa com os consumidores. Etapa 9 – Elaborar a conclusão baseada nas análises realizadas. 2.5.1 Procedimento Metodológico Após definidos os indicadores, foi executado o seguinte procedimento metodológico para comprovação da hipótese levantada: a) Elaboração de um questionário direcionado aos consumidores para se verificar o grau de importância dada às questões como sustentabilidade e produtos/serviços considerados verdes (APÊNDICE I). b) Aplicação do questionário por meio de um formulário eletrônico, divulgado aos consumidores de forma geral por correio eletrônico e redes sociais. c) Análise dos resultados obtidos com os consumidores, avaliando o nível de compreensão e envolvimento com o desenvolvimento sustentável. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 23 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa d) Construção de um formulário eletrônico com os indicadores encontrados para se aplicar nas empresas que fazem parte de uma cadeia de fornecimento de alimentos (APÊNDICE II). e) Aplicação do formulário eletrônico nas empresas, começando por um supermercado e, na sequência, em alguns fornecedores do supermercado. f) Utilização da ferramenta AHP, que se baseia no Processo de Analise Hierárquica, para verificar a consistência dos resultados obtidos. Dentre os atributos da avaliação de atributos múltiplos, está o Analitical Hierarchy Process – AHP. O AHP é uma técnica de análise de decisão e planejamento de múltiplos critérios (SAATY, 1991). Essa técnica tem sido usada em planejamento empresarial, tomada de decisão, alocação de recursos e resolução de conflitos, mostrando ser uma metodologia versátil e útil, fornecendo a cientistas de diferentes áreas um novo meio de compreender antigos problemas (SCHMIDT, 1995). A metodologia baseia-se no princípio de que, para a tomada de decisão, os dados experimentais e a experiência, além do conhecimento dos usuários a respeito de determinada tecnologia, são tão valiosos quanto os dados utilizados. A aplicação desse processo reduz o estudo de sistemas complexos a uma sequência de comparações aos pares de componentes adequadamente identificados. g) Análise e critica dos resultados obtidos, utilizando o software MakeItRational® (2012). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 24 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 2 – Projeto de Pesquisa UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 25 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Redes de suprimentos Para Lee e Billington (1993), cadeia de fornecimento representa uma rede de trabalho (network) que possui funções de busca de material, transformação dos materiais em produtos intermediários e acabados, bem como distribuição dos produtos aos clientes finais. Uma rede de trabalho reúne diversas competências e funções que se articulam, a partir do emprego de múltiplos conhecimentos corporativos, com o propósito de sequenciar e ordenar a própria cadeia produtiva. Por sua vez, Christopher (1999) define cadeia de fornecimento como sendo uma rede de organizações que estão envolvidas por meio de ligações à jusante (downstream) e à montante (upstream), em relações de causa e efeito nos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços liberados ao consumidor final. Verifica-se, nessa definição, a visão macro do trabalho não como processo individual, mas como sistema corporativo. As organizações são sistemas independentes que se combinam, a partir de suas competências complementares, para produzirem as condições objetivas de consumo. Essa compreensão é reforçada por Lambert et al.(1998), que apontam a cadeia de fornecimento não como somente uma cadeia de negócios com relacionamentos um a um, mas uma rede de múltiplos negócios e relações. Na mesma direção, Arnold (1999) afirma que a cadeia de fornecimento consiste de várias empresas ligadas por uma relação de oferta e demanda, ou seja, a cadeia de fornecimento contempla desde o surgimento de matéria-prima, incluindo manufatura e montagem, até a sua distribuição ao consumidor final. O que se observa é uma complementaridade consensual entre cada definição, sendo que todas sinalizam para a formação de parcerias e alianças estratégicas em toda a cadeia produtiva. As parcerias, alianças, redes de empresas e outras formas de articulação comercial são estratégias que objetivam preparar as empresas para participarem mais UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 26 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica efetivamente do ambiente competitivo do mercado desfronteirizado. Progressivamente, a concorrência migra do cenário entre empresas e segue em direção concorrencial entre cadeias de fornecimentos e sistemas sustentáveis de empresas. Essa nova ordem mercadológica exige maior preparo e eficiência no gerenciamento das cadeias produtivas, de fornecimento, de suprimentos ou rede de suprimentos. Seja qual for a exigência das novas práticas de gestão ou ferramentas de planejamento, o que está em questão é o controle dos fluxos produtivos até o consumidor final, seja administrando sustentavelmente os recursos, cada vez mais, escassos, seja inovando tecnologicamente o emprego do capital intelectual (CORRÊA, 2010). A rede de suprimentos passou a fazer parte das organizações, elas querendo ou não. A visão de que uma organização faz parte de uma rede de empresas interligadas, como se fossem elos de uma corrente, existe em três fluxos contínuos: fluxo de produtos/serviços, fluxo financeiro e fluxo de informação, possibilitando a existência da rede mesmo que a organização não perceba de imediato essa rede. Ao se observar dentro das organizações, verifica-se que o desempenho de uma empresa não depende tão somente da mensuração de seus resultados, mas também, da compreensão e/ou identificação dos facilitadores, bem como, dos entraves em todos os elos anteriores e posteriores a sua atuação (CORRÊA, 2010). Considerando o alinhamento entre os pontos de contatos da cadeia, faz-se necessário mensurar o processo, além do desempenho individual de cada empresa, e também monitorar e dimensionar o desempenho competitivo da cadeia produtiva na qual a referida empresa está inserida. Dessa forma, para que haja competitividade na cadeia, é necessária uma integração efetiva entre seus elos, os quais devem estar direcionados para as necessidades e expectativas dos consumidores finais (HASSINI, SURTI e SEARCY, 2012). Evidentemente, não se pode perder de vista que todas as informações e recursos devem ser repassados aos elos da cadeia, de acordo com as necessidades e expectativas previamente levantadas. Contudo, a eficiente sincronia entre os elos da cadeia refletirá as melhorias globais na própria cadeia, sendo necessário que o monitoramento ou avaliação seja constante e efetivo, uma vez que o UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 27 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica acompanhamento de indicadores de desempenho é que possibilitará a identificação dos problemas ou oportunidades de melhoria na cadeia e/ou nos elos mais fracos (CORRÊA, 2010). A implementação de ações deverá acontecer sob uma coordenação única, integrando todos os componentes de uma determinada cadeia de suprimentos, para se conseguir essa coordenação entra a Gestão da Cadeia de Suprimentos. Esse gerenciamento normalmente deve ser exercido pelo elo mais forte da cadeia ou por aquele que detém as informações mais importantes sobre o mercado onde determinada cadeia atua. O que se percebe é uma dificuldade em Gerenciar a Cadeia de Suprimentos pela falta de visão de toda uma cadeia ou pelo desinteresse em assumir essa responsabilidade de gerenciamento, ou pela dificuldade de integrar os objetivos de todos os integrantes na mesma direção, ou pela diferença dos interesses e culturas das organizações que compõem a cadeia de suprimentos (CORRÊA, 2010). Vários fatores podem influenciar de forma positiva ou negativa, nos resultados da cadeia e de seus elos. Entre os fatores, conforme aborda Durski (2003), consideram-se as mudanças de preços provocadas por variações cambiais; os custos de produção; a diferenciação de produto, que exerce um importante papel na formação de estratégias competitivas; a estrutura de mercado; os ganhos de produtividade; a confiabilidade e os prazos nas entregas; a qualidade; a disponibilidade dos serviços pós-vendas; a inovação tecnológica; o investimento em capital físico e humano; a influência dos meios institucionais; a infraestrutura, entre outros. No âmbito da cadeia de suprimentos, é necessária a utilização de indicadores de desempenho que representem a realidade e disponibilizem informações concisas aos gestores. Considerando-se que o fornecimento externo representa pelo menos a metade de todos os custos de muitas empresas, é fundamental compreender como andam a eficiência e a eficácia dos fornecedores. O mesmo princípio é aplicado aos distribuidores e intermediários, que estão ocupando uma grande porção do custo marginal dos produtos (CHRISTOPHER, 1999). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 28 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Corrêa e Corrêa (2006) afirmam que não basta mais para uma empresa ser excelente na gestão exclusiva de seus ativos, para ter sucesso sustentável no ambiente competitivo de hoje e do futuro. É necessário que haja uma gestão coesa da rede de suprimentos à qual a empresa pertence, para que o cliente final (o único a pagar por todos os custos operacionais e retornos sobre investimento feitos na rede toda) possa tonar-se satisfeito e fiel. 3.1.1 Fatores relacionados à Competitividade Seguindo o raciocínio de cadeias de suprimentos, outro ponto a ser observado atualmente é o crescimento da interdependência entre as empresas que compõem uma cadeia de suprimentos. Assim, pode-se dizer que uma empresa não pode sobreviver nem ser autossuficiente em fornecimento de insumos dentro do mercado em que atua. Com isso existe cada vez mais uma maior preocupação no gerenciamento das cadeias de suprimentos. Cadeia de fornecimento, cadeia de suprimento ou Supply Chain pode ser definida como sendo o conjunto dos processos que envolvem fornecedores-clientes e ligam as empresas desde a fonte inicial de matéria-prima até o ponto de consumo do produto acabado. Envolve as funções dentro e fora de uma empresa, de modo a garantir que a cadeia de valor correspondente possa fazer e providenciar seus produtos e serviços aos clientes. A cadeia abrange todos os esforços envolvidos na produção e liberação de um produto final, desde o primeiro fornecedor até último cliente do cliente (PIRES, 2004). A credibilidade de uma empresa e sua legitimidade não é construída isoladamente, mas influenciadas pela imagem das outras empresas às quais está associada na cadeia produtiva. O consumidor questiona mais incisivamente como um bem ou serviço foi produzido e considera em sua análise, além de aspectos técnicos vinculados à qualidade intrínseca: cumprimento de normas; uso de recursos naturais; descarte de resíduos e de lixo; uso de energia renovável; indícios de trabalhos escravo e infantil, uso de matéria-prima reciclável, envolvimento da organização com corrupção, entre outros. É a unidade, a coerência e a consistência das decisões estratégicas dos agentes da cadeia que orientam uma identidade positiva e sustentável no mercado (ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 29 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Os problemas socioambientais não devem ser tratados isoladamente nem classificados como aqueles que estão fora ou dentro das empresas. Isso porque as organizações são cada vez mais pressionadas para olhar o impacto de suas operações para além das suas paredes institucionais, sob o risco de serem questionadas e cobradas pela estreita visão sistêmica (BORGER e KRUGLIANSKAS, 2002). Wood Jr. e Zuffo (1997) afirmam que o empenho pela competitividade relaciona-se cada vez mais com a busca do ótimo sistêmico dentro e além das fronteiras da empresa. As “organizações estão deixando de serem sistemas relativamente fechados para tornarem-se sistemas cada vez mais abertos. Suas fronteiras estão se tornando mais permeáveis e, em muitos casos, difíceis de identificar”. Não é suficiente apenas dispor de recursos, pois a competitividade depende da aplicação e do relacionamento a ser construído com diferentes agentes externos que interagem com a empresa. Empresas com imagem e marca forte têm se preocupado com a reputação e legitimidade dos outros agentes da cadeia. A habilidade de compartilhar atividades na cadeia de valor é a base para a competitividade empresarial, porque a integração realça a vantagem competitiva por aumentar a diferenciação com outras redes de negócio. Esta condição sugere que o alcance da sustentabilidade só ocorre se for integrada ao longo da cadeia de negócios (PORTER, 2001). 3.2 Sustentabilidade Um ponto sendo discutido hoje, como determinante para a competitividade e sobrevivência das organizações, é o desenvolvimento sustentável. De um lado, destaca-se a forma como o mercado enxerga a organização no âmbito social e ambiental; de outro lado, examina-se como a organização se vê em um futuro próximo, no que diz respeito a seu desenvolvimento ou até existência. Entende-se que sustentabilidade está relacionada a como administrar hoje os recursos escassos para que não falte para as próximas gerações. Pode-se analisar a visão do mercado como uma preocupação baseada em dois lados do tripé que mantém a sustentabilidade, o lado social e o lado ambiental, preocupando-se com as consequências causadas pelo crescimento da organização nesses dois fatores. No UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 30 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica mesmo caminho desse pensamento, pode-se concluir que uma organização que deseje alcançar um desenvolvimento sustentável deverá focar os três lados do tripé de forma igual: o social, o ambiental e o econômico. Mas o que ainda se vê é uma tendência em focar mais para o lado econômico. Considerando o tripé da sustentabilidade, o lado econômico é aquele baseado no retorno financeiro ou no custo financeiro, ou seja, se é viável financeira ou economicamente para uma determinada organização (WU e PAGELL, 2010). O quão difícil será essa transformação é discutível. Alguns pesquisadores sugerem que muitas organizações podem alcançar os objetivos dos negócios e reduzir seus impactos ambientais simultaneamente, por exemplo, Russo e Fouts (1997); Christmann (2000); e Melnyk et al. (2003). No entanto, enquanto a redução de resíduos e poluição está alinhada com os objetivos tradicionais da gestão de operações, nem todas as práticas ambientais trarão redução de custos e alguns irão aumentar os custos, especialmente no curto prazo. Um exemplo é a pró-atividade de investimentos em tecnologia verde que pode não ser paga por décadas. E há evidências de que algumas empresas levam a ousada ação ambiental em detrimento da sua saúde financeira, como afirmam Margolis et al. (2007). O desafio é como gerir um negócio viável hoje sem comprometer o meio ambiente natural no futuro (WU e PAGELL, 2010). Seguindo o raciocínio de desenvolvimento sustentável das organizações, pode-se levar o conceito de Rede de Suprimentos para outro nível no qual se está buscando a sustentabilidade de uma Cadeia de Suprimentos, ou seja, desenvolver ações que proporcionem a gestão dos recursos atuais de uma determinada cadeia, sejam eles hoje escassos ou não, para que não faltem recursos no futuro em toda a cadeia produtiva. Como exemplo desse objetivo, pode-se ver um movimento de determinadas cadeias produtivas, através da iniciativa de um elo da cadeia, em determinar o volume exato de água utilizada na fabricação de um produto em todos os processos dentro da cadeia produtiva, ou seja, quanto cada empresa utiliza de água em seus processos, desde a extração da matéria prima mais básica até o produto entregue ao consumidor final. Determinando o volume de água consumido em cada processo e em toda a cadeia, pode-se, assim, identificar em quais estágios existe a possibilidade de se reduzir o consumo de água e assim permitir que esse recurso, UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 31 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica limitado e cada vez mais escasso, possa ser mantido por mais tempo (CORRÊA, 2010). O verdadeiro desafio para as organizações é quando os impactos de ações ambientais não são claros, ou quando tais ações impõem custos a curto prazo, enquanto os benefícios revertem para a cadeia de suprimento – bem como as partes interessadas externas – apenas a longo prazo. Assim, ações ambientais oferecem oportunidades e desafios. As organizações precisam descobrir uma maneira de equilibrar prioridades concorrentes que influenciam, a curto e a longo prazo, com a incerteza, as tomadas de decisões (WU e PAGELL, 2010). 3.2.1 Desenvolvimento Sustentável Dias (2009) descreve que, após longo tempo, desde os primórdios da Revolução Industrial, crescimento econômico foi sinônimo de desenvolvimento, revelando a importância da economia no dia a dia da humanidade. De fato, a industrialização trouxe a importância econômica de utilização dos recursos naturais para o beneficio da humanidade, com o desenvolvimento de produtos para satisfazer a suas necessidades. Todavia, durante muito tempo, pensou-se que os recursos naturais fossem infinitos, que durariam eternamente, e agiu-se, desse modo, com o desperdício sendo a marca registrada do crescimento. O autor ainda comenta que, num determinado momento, diversos estudos demonstraram que a natureza não estava mais suportando sua exploração e que muitos dos recursos utilizados em breve deixariam de existir. O alarme causou uma mobilização continuada, que desencadeou numa nova proposta de desenvolvimento que contempla o meio ambiente natural, que deveria ser preservado para a utilização futura das novas gerações. A década de 1970 é marcada pela discussão sobre a produção econômica e a conservação do meio ambiente, com destaque para o conceito de ecodesenvolvimento, proposto por Ignacy Sachs (RIBEIRO, 2001). O termo eco-desenvolvimento foi introduzido por Maurice Strong na Conferência de Estocolmo, em 1972 (MONTIBELLER, 2004). O princípio preconizado pelo desenvolvimento sustentável popularizou-se de tal modo que hoje UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 32 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica há um número incontável de interpretações dele, o que não desfaz sua importância, por trazer no processo de desenvolvimento os limites de uso da natureza. E todas as interpretações procuram se pautar pelos princípios básicos enunciados pela Comissão Brundtland em 1987, que preconiza que o desenvolvimento só deve ser realizado se atender às gerações atuais e futuras. Deve-se, a todo custo, utilizar os recursos, somente na exata medida em que não se prejudique sua mesma utilização pelas gerações futuras (DIAS, 2009). As discussões tratavam do impacto ambiental de um modelo desenvolvimentista focalizado apenas no crescimento econômico. A consolidação do conceito ocorreu em 1988, sendo assim descrito pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD): “aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (CMMAD, 1998). Para Alier (1998), o termo desenvolvimento sustentável combina as ideias de “desenvolvimento econômico e capacidade de sustento”. Sachs (2004) sugere o desdobramento do conceito em inclusão social, ambiente sustentável e economia sustentada no tempo. Os problemas ecológicos somente podem ser compreendidos, estabelecendose a relação entre o desenvolvimento e o meio ambiente. O desenvolvimento sustentável refere-se à garantia da continuidade humana e a seu meio externo, baseado em outra forma de relação da sociedade com a natureza (BELLEN, 2006). Nessa linha de abordagem, um ponto é visto atualmente como determinante para a competitividade e sobrevivência das organizações: o desenvolvimento sustentável. Sobre esse tema se destaca a visão de, por um lado, como o mercado percebe a organização no âmbito social e ambiental e, por outro lado, como a organização se percebe em um futuro próximo, no que diz respeito ao seu desenvolvimento ou até existência. Além disso, o desenvolvimento sustentável introduz a dimensão ética e política que considera o desenvolvimento como processo de mudança social, com consequente democratização do acesso aos recursos naturais e distribuição equitativa dos custos e benefícios do desenvolvimento. Camargo apud Novaes (2002) diz que, nos últimos dois séculos, as sociedades têm vivido sob a tríade da liberdade, da UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 33 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica igualdade e da fraternidade. À medida que se caminha no século XXI, torna-se necessário ter como inspiração os quatros valores: liberdade, igualdade, fraternidade e sustentabilidade. Considerando que sustentabilidade está relacionada diretamente a como administrar hoje os recursos para que não faltem para as próximas gerações, pode-se analisar a visão do mercado como uma preocupação fundamentada em dois lados do tripé que mantém a sustentabilidade: o lado social e o lado ambiental, preocupandose com as consequências causadas pelo crescimento da organização nesses dois fatores. Nessa direção de raciocínio, compreende-se que uma organização que deseje alcançar o desenvolvimento sustentável deverá focar equitativamente os três lados do tripé: social, ambiental e econômico. Mas o que vemos ainda é uma tendência em focar mais para o lado econômico. Fundamentado no tripé da sustentabilidade, o lado econômico é aquele caracterizado pelo retorno financeiro ou no custo financeiro, isto é, se é viável financeira ou economicamente para determinada organização (Figura 1). Figura 1 - Tripé do Desenvolvimento Sustentável Fonte: Adaptado de COPESUL (2009) O desenvolvimento sustentável, além de equidade social e equilíbrio ecológico, para Donaire (1999), apresenta, como terceira vertente principal, a UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 34 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica questão do desenvolvimento econômico. Induz um espírito de responsabilidade comum, como processo de mudança, no qual a exploração de recursos materiais, os investimentos financeiros e as rotas do desenvolvimento tecnológico deverão adquirir sentidos harmoniosos. Nesse sentido, o desenvolvimento da tecnologia deverá ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e o incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento. O progresso será entendido como fruto de maior riqueza, maior benefício social equitativo e equilíbrio ecológico. Figura 2 - As cinco dimensões da sustentabilidade Fonte: (SACHS, 2008) Sachs (2008) apresenta cinco dimensões do que se pode chamar desenvolvimento sustentável (Figura 2): A sustentabilidade social – que se entende como a criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres. A sustentabilidade econômica – que deve ser alcançada através do gerenciamento e alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 35 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica A sustentabilidade ecológica – que pode ser alcançada através do aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem. A sustentabilidade espacial – que deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. A sustentabilidade cultural – incluindo a procura por raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área. 3.3 Criação de Valor Compartilhado Nos últimos anos, a atividade empresarial tem sido encarada como uma das principais causas de problemas sociais, ambientais e econômicos. Dessa forma, as organizações adotaram ações de Responsabilidade Socioambiental Empresarial e com isso passaram a ser mais responsabilizadas pelos problemas da sociedade. Com essa cobrança, lideranças políticas instituíram normas que afetam a competitividade do setor empresarial, inibindo seu crescimento econômico. Grande parte desse problema é culpa das próprias organizações que continuam presas a um modelo ultrapassado de criação de valor (Figura 3), onde colocam todos os esforços no aumento dos resultados financeiros de curto prazo e ignoram as necessidades dos clientes e outros fatores importantes para o sucesso organizacional de longo prazo (PORTER e KRAMER, 2011). É nesse cenário que Porter e Kramer (2011) acreditam que a solução para os problemas organizacionais está no princípio da Criação de Valor Compartilhado, que envolve a geração de valor econômico, de forma a criar também valor para a sociedade. Valor compartilhado não é responsabilidade social, filantropia nem mesmo sustentabilidade, mas uma nova forma de alcançar sucesso econômico. Não está na margem do que as organizações fazem, mas no centro. Está no capitalismo a UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 36 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica grande oportunidade de satisfazer as necessidades humanas, melhorando a eficiência, criando empregos e gerando riqueza. As organizações, quando atuam efetivamente em seus negócios, e não como um ente filantrópico, têm grande força para atender à atuais questões da sociedade. Figura 3 - Cadeia de Valor Genérica Fonte: (PORTER, 1989) O objetivo de que, para beneficiar a sociedade, as organizações devem sair do foco de suas atividades acaba impondo limites a sua lucratividade, ajudando com que os gestores excluam as considerações socioambientais de suas estratégias, passando apenas a subsidiar governos e Organizações não-Governamentais (ONGs) em programas de Responsabilidade Socioambiental Empresarial, vendo este movimento como um gasto necessário e essencial para a imagem da empresa (PORTER e KRAMER, 2011). Os autores citam as certificações como uma meta de aumentar a receita para o produtor rural de baixa renda com o pagamento de prêmio na compra de seus produtos. Pode parecer um ato de nobreza, porém, trata-se apenas de redistribuição de receitas e não gera valor ao comprador. Na perspectiva de valor compartilhado, o foco seria na melhoria das técnicas de produção, fortalecimento de UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 37 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica um cluster1 local de fornecedores e outras técnicas em beneficio do produtor para o aumento da sua eficiência no cultivo, qualidade do seu produto, sustentabilidade dos negócios, etc.. Isso levaria ao aumento da fatia de lucro tanto para o produtor quanto para a organização. Para demonstrar como se cria valor compartilhado, Porter e Kramer (2011) mostram o círculo virtuoso do valor compartilhado, apresentando as três maneiras distintas para se criar valor econômico ao mesmo tempo em que se cria valor social: redefinir produtos e mercados, redefinir produtividade na cadeia de valor e promover o fortalecimento de cluster de apoio nas localidades da empresa. Ao conectar o sucesso da organização com a melhoria socioambiental, o conceito de valor compartilhado revela novas maneiras de satisfazer novas necessidades, ganhar eficiência, criar diferenciação e expandir mercados. A cadeia de valor de uma organização afeta, e é afetada, por várias questões socioambientais, como uso de recursos naturais, saúde e segurança, condições de trabalho, etc. Nesse sentido, a criação de valor compartilhado descobre oportunidades, pois tais questões, por muitas vezes, acarretam custos econômicos na cadeia de valor da organização. Quando há a conscientização da ligação entre o progresso social e o aumento da eficiência produtiva na cadeia de valor, surgem oportunidades de criação de soluções, como, por exemplo, para evitar desperdício, aumentando, em consequência, a lucratividade da organização. Ao aumentar o acesso a insumos, compartilhamento de tecnologias e de financiamento, uma organização pode melhorar a qualidade e a produtividade de seus fornecedores e, ao mesmo tempo, garantir o acesso a um volume crescente. Em algumas das áreas mais importantes, a abordagem de valor compartilhado está transformando a cadeia de valor. As áreas não funcionam de maneira independente, mas se reforçam mutuamente (PORTER e KRAMER, 2011): 1 Clusters são empresas concentradas e interligadas em um mesmo espaço geográfico. Essas empresas cooperam e colaboram para o desenvolvimento de regiões promovendo vantagens econômicas e estatísticas para todos. Uma vantagem está relacionada à localização dos empreendimentos em um mesmo lugar (FUSCO, 2004). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 38 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Logística e uso de energia. Uso de recursos. Compras. Distribuição. Produtividade do trabalhador Localização. A criação de valor compartilhado será mais eficaz e muito mais sustentável do que a maioria das iniciativas empresariais de hoje em dia, pois deixa a hipocrisia de lado e toca no ponto em que todos se preocupam em como serem bem sucedidos, de maneira que a sociedade cresça. O valor compartilhado gera muitas necessidades, novos produtos a oferecer, novos clientes a servir e novas maneiras de configurar a cadeia de valor. E as vantagens competitivas que resultam da criação de valor compartilhado em geral serão mais sustentáveis do que avanços convencionais em custo e qualidade. O valor compartilhado faz a organização se concentrar no lucro certo: o lucro que gera — em vez de reduzir – benefícios para a sociedade (PORTER e KRAMER, 2011). Não há como pensar na criação de valor compartilhado sem considerar uma cadeia de fornecimento como um todo. Afinal, o que se tem é uma rede de organizações interligadas dependendo uma das outras para atender a uma ou várias necessidades do cliente final ou consumidor. Dessa forma, o conceito de criação de valor compartilhado poderá favorecer uma sustentabilidade a toda cadeia de fornecimento, ou seja, uma cadeia socialmente responsável (Figura 4). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 39 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Figura 4 - Cadeia Socialmente Responsável Fonte: (ALIGLERI, 2012) 3.4 Indicadores O termo indicador é um parâmetro selecionado e considerado isoladamente ou em combinação com outros sobre as condições do sistema em análise. Normalmente um indicador é utilizado como um pré-tratamento aos dados originais (SICHE et al., 2007). Muitas vezes, indicador é considerado o mesmo que índice. Os autores entendem que o índice é um valor numérico que representa a correta interpretação da realidade de um sistema ou complexo, utilizando bases científicas e métodos adequados. O índice pode servir como um instrumento de tomada de decisão e previsão, sendo considerado um nível superior da junção de um jogo de indicadores ou variáveis. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 40 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Mitchell (1996) explica que indicador é uma ferramenta que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, tendo como característica principal a de poder sintetizar diversas informações, retendo apenas o significado essencial dos aspectos analisados. Um indicador pode ser um dado individual ou um agregado de informações, sendo que um bom indicador deve conter os seguintes atributos: entendimento simples; quantificação estatística e lógica coerente; e comunicação eficiente do estado do fenômeno observado (MUELLER, TORRES e MORAIS, 1997). Pode-se dizer que os indicadores são ferramentas utilizadas por uma organização para monitorar determinados processos (geralmente os denominados críticos), quanto ao alcance ou não de uma meta ou padrão mínimo de desempenho estabelecido. Visando correções de possíveis desvios observados a partir do acompanhamento de dados, buscam-se identificação das causas prováveis do não cumprimento de determinada meta e propostas de ação para melhoria do processo. Esses dados ainda fornecem informações importantes para o planejamento e o gerenciamento dos processos, podendo contribuir para o processo de tomada de decisão (CAMPOS e MELO, 2008). Neely (1999) descreve alguns motivos que levaram a comunidade de negócios a procurar o uso de avaliação de desempenho nos últimos anos: Competição mais acirrada: pressões competitivas levam as empresas a buscarem diferenciar-se da concorrência em termos de qualidade, serviço, flexibilidade para personalizar produtos, inovação e respostas rápidas e confiáveis a mudanças do mercado. Fazem isso porque têm de competir não só com base em preço, mas com base no valor oferecido. Novas iniciativas de melhoramento em operações: respondendo a uma competição mais acirrada por mercados, as empresas têm embarcado num fluxo ininterrupto de iniciativas de melhoramento de desempenho (qualidade total, operações enxutas, Just in time, entre outras). Há algo em comum entre elas: a necessidade de basear-se em mensuração de desempenho. A UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 41 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica abordagem de Benchmarking 2 como melhoria em particular contribuiu bastante para o aumento no interesse pela mensuração do desempenho. Mudança nas demandas externas: as organizações estão cada vez mais sujeitas a uma grande quantidade de demandas e controles externos, como órgãos do governo que controlam e regularizam o desempenho das empresas privadas. 3.4.1 Indicadores de Desempenho em Cadeia de Suprimentos Dentro da revisão dos sistemas de medição de desempenho realizada por Tezza, Bornia e Vey (2010) que descrevem a evolução dos indicadores de desempenho em cadeia de suprimentos, um dos primeiros indicadores voltados para cadeia de suprimentos foi o de Andersson, Aronsson e Storhagen (1989) por meio de uma proposta de medição focando os aspectos quantificáveis do sistema logístico, os autores abordaram medidas financeiras e não financeiras chamadas de medidas físicas quantitativas. Stewart (1995) propõe uma estrutura de indicadores balanceados para melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos, com quatro aspectos-chave para a excelência na cadeia de suprimentos: desempenho da entrega; flexibilidade e responsabilidade; custo logístico; e gerenciamento dos ativos. Stainer (1997) coloca a produtividade das operações logísticas e demonstra de que forma ela pode ser medida pela análise de seu desempenho através de um modelo para gestão com o foco de sua eficácia, a longo prazo. Christopher (1999) aborda a medição e avaliação do desempenho sob duas perspectivas: em termos absolutos – baseado em custos; e em termos relativos – baseados na comparação com a concorrência. Lambert, Cooper e Pagh (1998) também exploram a perspectiva de custos através do monitoramento das seguintes ferramentas: padrões de custos e orçamentos flexíveis; práticas orçamentárias; padrões de produtividade; e controle estatístico do processo. 2 Benchmarking é uma técnica que usa comparações de níveis de desempenho e práticas entre empresas no sentido de localizar e copiar/adaptar as melhores práticas, baseando-se fortemente em medidas de desempenho (CORRÊA e CORRÊA, 2006). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 42 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica A existência da correlação entre os indicadores de desempenho logístico e os indicadores de desempenho corporativo é focada em quatro elementos de competitividade corporativa: custos; produtividade; qualidade; e tempo. Esses elementos estruturais devem estar ligados a inter-relações e padronizações do processo para apoiar os critérios de decisão na escolha dos indicadores (REY, 1999). A iniciativa de avaliação de desempenho deve se iniciar com um claro entendimento dos processos existentes, demonstrados através de estudos realizados em uma planta da GM, com um mapeamento dos processos-chave da cadeia de suprimentos, que incluem: obtenção; aquisição; processamento; e distribuição (DREYER, 2000). Ellinger e Daugherty (2000) demonstram a importância das relações entre a integração de marketing e logística interdepartamental no desempenho de uma empresa. A troca de informações na cadeia de suprimentos pode auxiliar as empresas a desenvolverem pensamento sistêmico em relação à cadeia de suprimentos. Os objetivos estratégicos devem ser definidos a partir das necessidades do cliente final da cadeia (HOLMBERG, 2000). Gunasekaran et al. (2001) propõem um modelo e uma avaliação de desempenho para mensurar os aspectos mais importantes de uma cadeia de suprimentos: planejamento de ordens; parcerias na cadeia; produção; distribuição; serviço e satisfação do cliente; e custos financeiros e logísticos da cadeia. Lambert e Pohlen (2001) propõem indicadores alinhando o desempenho dos processos-chave entre pares de empresas, a partir das ligações existentes entre as empresas. As etapas da abordagem são: (i) mapear a cadeia; (ii) analisar cada ligação; (iii) desenvolver uma demonstração do resultado para cada empresa; (iv) realinhar processos da cadeia; (v) alinhar indicadores não financeiros com financeiros; e (vi) envolver os parceiros. A integração da cadeia de suprimentos e seus indicadores é assunto discutido por diversos autores, como Dornier et al. (2000) e Bowersox et al. (2007). Corrêa (2010) explica que um dos pontos fracos na gestão da cadeia de suprimento tem sido exatamente a dificuldade de as empresas adaptarem seus tradicionais sistemas de avaliação de desempenho à nova realidade competitiva. Tal realidade busca mais cooperação ao invés de conflito entre empresas e requer que as cadeias de suprimento trabalhem para objetivos comuns globais mais que para objetivos isolados de cada uma das empresas. Alguns fatores colaboram para que as UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 43 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica empresas necessitem de novos sistemas de avaliação de desempenho, quando gerenciam suas cadeias de suprimento em relação àqueles tradicionalmente usados internamente (LAMBERT, 2008): Falta de medidas que capturem o desempenho ao longo da cadeia de suprimentos como um todo. Necessidade de ir além dos limites das empresas individuais e adotar uma perspectiva da cadeia global de suprimentos Meta de encorajar comportamento cooperativo entre funções corporativas e entre empresas da cadeia de suprimentos. Necessidade de determinar mais claramente as relações entre os objetivos corporativos e os objetivos da cadeia de suprimentos. Complexidade crescente das cadeias de suprimentos. Necessidade de alinhar atividades e incentivos e compartilhar informações sobre medidas de desempenho para alcançar os objetivos da cadeia. Necessidade de alocar benefícios e ônus resultantes de mudanças funcionais dentro das cadeias de suprimento. Hassini et al. (2012) descrevem as dificuldades na elaboração de indicadores de desenvolvimento em cadeias de suprimentos, como: Embora existam indicadores ambientais, há uma dificuldade em saber qual usar, quando e como (HERVANI, HELMS e SARKIS, 2005). Diferentes atores da cadeia de suprimento devem concordar sobre quais indicadores devam usar e com quais dados (HERVANI, HELMS e SARKIS, 2005). Incompatibilidade entre os indicadores de produção dentro das organizações e indicadores da cadeia de suprimentos devem ter foco interorganizacional (LEHTINEN e AHOLA, 2010). Inexiste um órgão de supervisão que controle a Cadeia de Suprimentos. Algumas medidas ambientais estão ligadas a regulamentações governamentais; todavia, muitas medidas sociais e financeiras não estão. Logo, é geralmente dificil impor conformidade a toda a Cadeia de Suprimentos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 44 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Falta confiança e há medo de que o sigilo dos dados possa ser comprometido. Há dificuldades no alinhamento de estratégias ao longo da Cadeia de Suprimentos, embora sejam elas pré-requisito de indicadores de desempenho que permitem adaptação em todas as empresas que fazem parte da cadeia. Existem dificuldades na coordenação de competencias. Indicadores de desempenho são projetados para capitalizar competências internas de uma organização e usá-los para fortalecer suas competências externas. Existe dinamismo nas cadeias de suprimentos. Não são apenas os indicadores de desempenho que devem mudar com o tempo, um fornecedor é susceptível de desempenhar papéis diferentes em Cadeias de Suprimentos diferentes. Tabela 1 - Medidas de desempenho em Cadeias Globais de Suprimentos CADEIA GLOBAL Custo total de propriedade do item. Custo Custo final do produto acabado. OEE – Overall Equipament Effectiveness (eficácia total do equipamento). Giro total dos ativos. Produtividade Giro total de estoques. Ciclo cash to cash (pagamentos – recebimentos). OTIF (On Time In Full) – percentual de entregas no prazo e completas. Perfect order – OTIF em perfeitas condições, incluindo documentações. Serviço e satisfação Nível de satisfação do consumidor. Nível de recomendação do consumidor. Resolução de reclamações/recuperação do cliente. Ciclo de introdução de novos produtos no mercado. Percentual de faturamento devido a novos produtos. Capacidade de resposta a aumento/diminuição de volumes. Número de produtos na linha. Flexibilidade e inovação Percentual de faturamento devido a novos produtos. Taxa de introdução de novos produtos. Taxa de inovação em processos de produção e entrega de produtos. Volume de devoluções por qualidade. Custos totais de garantia. Qualidade Número de defeitos no campo (partes por milhão). Qualidade percebida pelo consumidor. Percentual dos relacionamentos cliente-fornecedor da cadeia com relações colaborativas. Relacionamento Nível geral de confiança entre membros da cadeia de suprimento. Fonte: adaptado de Corrêa (2010) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 45 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Para Corrêa (2010), os indicadores de desempenho em cadeias de suprimento devem ser mais globais que locais e mais relativos a processos que a funções, já que as cadeias operam por processos que cruzam tanto fronteiras funcionais como fronteiras corporativas. Dessa forma, para se obter o alinhamento da cadeia, deve-se utilizar a abordagem da avaliação de desempenho da cadeia global com um todo. Na Tabela 1, Corrêa descreve seis critérios (custo, produtividade, serviço e satisfação, flexibilidade e inovação, qualidade e relacionamento) e suas medidas de desempenho para se avaliarem as cadeias globais de suprimentos. 3.4.2 Indicadores ou Índices de Desenvolvimento Sustentável Lima (2004) descreve uma confusão conceitual a respeito da distinção entre Indicadores Ambientais, Indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Indicadores de Desempenho Ambiental. Para o autor, Indicadores Ambientais traduzem dados relativos a um determinado componente ou conjunto de componentes de um ou vários ecossistemas; já os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável compreendem informações relativas às várias dimensões da sustentabilidade: dimensões econômica, social, ambiental e institucional; e, por último, os Indicadores de Desempenho Ambiental preocupam-se em refletir os efeitos sobre o meio ambiente dos processos e técnicas adotados para realizar as atividades de uma organização. Nessa direção à busca por indicadores que demonstrem o desenvolvimento sustentável de uma empresa ou de uma determinada região ou de um determinado setor da economia levam a diversas sugestões focadas para se avaliar e comparar o estágio de sustentabilidade. Pode-se relacionar o contexto de desenvolvimento sustentável com o pensamento de Guerreiro (2006), que explica que a elaboração de indicadores de desenvolvimento local para cidades é um passo anterior à implantação da sociedade de informações, já que esta se fundamenta pelas potencialidades socioeconômicas, ambientais, culturais e políticas do território e do espaço físico da cidade. É imprescindível mensurar a sustentabilidade para inseri-la no processo de decisão em todos os níveis organizacionais. Essa mensuração pode ser feita por meio UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 46 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica de índices ou conjuntos de indicadores. Independente do tipo de mensuração, suas funções devem ser as mesmas e devem estar ligadas ao embasamento da tomada de decisão (DELAI e TAKAHASHI, 2008): Auxiliar os tomadores de decisão na avaliação do desempenho em relação aos objetivos do desenvolvimento sustentável, fornecendo bases para o planejamento de ações futuras, Tornar mais perceptível uma tendência ou fenômeno que não seja imediatamente detectável, antecipando futuras condições e tendências. Quantificar, medir, sumarizar, simplificar, comparar e comunicar informações relevantes à tomada de decisão. Auxiliar os tomadores de decisão na compreensão do significado operacional do conceito de desenvolvimento sustentável, funcionando como ferramenta educacional. Bellen (2006) descreve três principais ferramentas para avaliar o nível de sustentabilidade: EFM – Ecological Footprint Method, ou Método da Pegada Ecológica; DS – Dashboard of Sustainability, ou Painel da Sustentabilidade; e BS – Barometer of Sustainability, ou Barômetro da Sustentabilidade. O que orienta as dimensões e os indicadores de cada uma dessas ferramentas é o seu posicionamento conceitual do que vem a ser desenvolvimento sustentável. Delai; Takahashi (2008) selecionaram mais seis iniciativas de mensuração da sustentabilidade, além das três citadas. 3.4.2.1 Indicadores de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (CSD) É um conjunto de indicadores desenvolvido pela Comissão para Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, em 1995. Tem como principal objetivo tornar os indicadores de desenvolvimento sustentável acessíveis aos tomadores de decisão, por meio da definição e explicação de suas metodologias e do treinamento para sua utilização (DELAI e TAKAHASHI, 2008). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 47 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.4.2.2 Pegada Ecológica A Pegada Ecológica, de autoria de Wackernagel e Rees, tem como objetivo determinar o espaço ecológico capaz de sustentar um sistema ou unidade, considerando a capacidade tecnológica. A medida é dada pela contabilização entre as entradas e saídas dos fluxos de matéria e energia de um sistema econômico, convertidos em área de terra ou água disponível na natureza, necessária para a vida sustentável nesse sistema. Para o Ecological Footprint Method, a Pegada Ecológica no desenvolvimento sustentável corresponde a um padrão de vida confortável materialmente e numa relação de paz com os demais e com os recursos disponíveis na natureza (BELLEN, 2006). O método está baseado no conceito de capacidade de carga, ou seja, qual a população humana que um sistema é capaz de suportar, sem comprometer sua sobrevivência indeterminadamente. A base do modelo está na ideia de que a todo item de energia consumida pelo grupo humano corresponde uma área de terra necessária para fornecer os fluxos desses recursos e absorver seus dejetos (BELLEN, 2006). 3.4.2.3 Barômetro da sustentabilidade O Barometer of Sustainability – Barômetro da Sustentabilidade – foi desenvolvido por um grupo de especialistas ligados aos institutos International Union for Conservation of Nature – IUCN – e International Development Research Centre – IDRC. Seu principal pesquisador é Robert Prescott-Allen. É uma ferramenta cujo objetivo é medir e informar o bem-estar e o progresso da sociedade para a sustentabilidade, por meio da organização e combinação de indicadores sobre as condições das pessoas e do ecossistema e o efeito entre ambos (PRESCOTTALLEN, 2011). A medida mais utilizada para avaliar a sustentabilidade é a monetarização, enquanto o Barômetro integra indicadores biofísicos e da saúde social, para avaliar o UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 48 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica progresso rumo à sustentabilidade, baseado em indicadores de grande variedade de questões ou dimensões, tais como qualidade da água, emprego, economia, educação, crime e violência (BELLEN, 2006). Bossel (1999) considera que o Barômetro cumpre a função de avaliar, simultaneamente, a dimensão social e a ecológica do desenvolvimento sustentável. 3.4.2.4 Painel da sustentabilidade A ferramenta DS – Dashboard of Sustainability –, ou Painel da Sustentabilidade, foi desenvolvido em 1998 pelo Consultative Group for Sustainable Development Indicators e está baseada na metáfora do painel de controle dos automóveis, onde inclusive sua representação gráfica corresponde à metáfora (Figura 5). A motivação para o seu desenvolvimento foi uma ferramenta robusta de indicadores de sustentabilidade, que ganhasse a aceitação internacional (BELLEN, 2006). Figura 5 - Painel da Sustentabilidade Fonte: (BELLEN, 2004) O painel contém três displays, que correspondem a três blocos para medir o desempenho das dimensões econômica, social e ambiental de um país, cidade, município ou região. Seu conceito é o índice agregado de indicadores contidos em UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 49 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica cada um dos mostradores, obtido pelo resultado final do cálculo dos índices de cada mostrador (BELLEN, 2006). Em cada uma das três ferramentas, os indicadores correspondem às dimensões consideradas em suas respectivas abordagens conceituais sobre desenvolvimento sustentável, que correspondem às dimensões ecológica, econômica, social e institucional. Exemplos das medidas utilizadas em cada uma das dimensões são: na dimensão ecológica, qualidade da água, do ar e do solo, níveis de lixo tóxico; na dimensão econômica, emprego, investimentos, produtividade, distribuição de receitas, competitividade, inflação e utilização eficiente de materiais e energia; na dimensão social, gênero, crime, saúde, mortalidade, nutrição, condições sanitárias, água potável, educação, alfabetização, moradia, violência e população, pobreza, educação, governança, gastos militares e cooperação internacional (BELLEN, 2006). A Pegada Ecológica trabalha apenas com os indicadores de recursos naturais, não incluindo a economia nem a sociedade em suas análises. O Barômetro usa índices de bem-estar social e da ecosfera3. Nesse caso, são utilizados indicadores da água, terra, ar, biodiversidade e utilização de recursos. Para o bem-estar social, são usados indicadores de bem-estar individual, saúde, educação, desemprego, pobreza, rendimentos, crime, negócios e atividades humanas (BELLEN, 2006). 3.4.2.5 Global Reporting Initiative (GRI) Trata-se de mais de um guia para elaboração de relatórios de sustentabilidade, lançado em 1997 pela Organização não-Governamental americana Coalition for Environmentally Responsible Economies (CERES) e pelo United Nations Environment Programme. Tem como objetivo auxiliar as empresas e suas partes interessadas no entendimento e na comunicação das contribuições da organização ao alcance do desenvolvimento sustentável, melhorando a qualidade e utilidade dos relatórios de sustentabilidade. Possui como foco o conceito do resultado triplo – 3 Ecosfera: dentro da visão ecológica, é um conjunto de interação de todos os ecossistemas entre si, sendo que o conjunto dos sistemas vivos integra a Litosfera, a Hidrosfera e a Atmosfera, constituindo uma única unidade funcional de forma dinâmica, integrada e autorregulada (LUTZENBERGER, 1990). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 50 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica equilíbrio nas complexas relações atuais entre necessidades econômicas, ambientais e sociais que não comprometa o desenvolvimento futuro (DELAI e TAKAHASHI, 2008). 3.4.2.6 Métricas de Sustentabilidade da Instituição dos Engenheiros Químicos da Inglaterra (IChemE) É um conjunto de indicadores, com ênfase em mensuração da sustentabilidade de indústrias, desenvolvido pela Instituição dos Químicos da Inglaterra, que também utiliza o conceito de resultado triplo: equilíbrio, responsabilidade ambiental, retorno econômico (geração de riqueza) e desenvolvimento social (DELAI e TAKAHASHI, 2008). 3.4.2.7 Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) O Dow Jones Sustainability Index (DJSI) foi estabelecido em 1999 e avalia o desempenho das empresas líderes mundiais em sustentabilidade selecionada dentre as 2.500 maiores empresas globais. É constituído a partir de um questionário com 33 diferentes critérios, documentos e informações prestadas pelas empresas aos analistas, à imprensa e às partes interessadas. Esse índice define sustentabilidade com sendo para criar valor de longo prazo aos acionistas por meio do aproveitamento das oportunidades e do gerenciamento dos riscos derivados dos desenvolvimentos econômico, social e ambiental (DELAI e TAKAHASHI, 2008). 3.4.2.8 Índice Triple Bottom Line (TBL) O TBL é um índice corporativo que se diferencia dos demais por mensurar também as inter-relações entre as dimensões do desenvolvimento sustentável: ecoambiental, eco-social, socioambiental e eco-socioambiental. Adota o conceito de sustentabilidade do resultado triplo: melhorar o crescimento financeiro reduzindo os UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 51 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica impactos ambientais negativos e atendendo às expectativas da sociedade (WANG, 2005). 3.4.2.9 Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial É um conjunto de indicadores lançado em 2002 pela Organização nãoGovernamental Instituto Ethos para servir de ferramenta de autoavaliação do desempenho organizacional em relação às práticas de responsabilidade social. Enfoca aspectos sociais da sustentabilidade e considera a Responsabilidade Social Empresarial uma forma de gerenciar buscando competitividade, sustentabilidade e atendendo às demandas da sociedade (DELAI e TAKAHASHI, 2008). 3.5 AHP Para se identificarem e avaliarem os indicadores de desenvolvimento sustentável, será utilizada a ferramenta de análise multicritério AHP – Analytic Hierarchy Process (Processo Analítico Hierárquico). O método foi desenvolvido por Thomas L. Saaty em meados da década de 70, cujas características são especialmente direcionadas à superação das limitações cognitivas dos decisores. O método é conhecido por sua simplicidade e robustez e caracteriza-se por ser um instrumento de apoio à tomada de decisão, sendo sua aplicação feita em duas fases: a de construção da hierarquia e a de avaliação. Na fase de construção da hierarquia, o problema é estruturado em quatro níveis que mostram as relações entre a meta, os critérios que exprimem os objetivos, os subcritérios com os sub-objetivos e as alternativas que envolvem a decisão. A estrutura hierárquica forma uma árvore invertida, sendo que a estrutura vai descendo da meta da decisão para os critérios, subcritérios e alternativas, em sucessivos níveis, conforme a Figura 6 (SAATY, 1990). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 52 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Figura 6 - Modelo da Estrutura hierárquica da AHP Essa estruturação do problema exige que o decisor ou grupo de decisores participe direta e ativamente do processo decisório, o que pode incentivar um maior comprometimento pela implementação da decisão recomendada pelo modelo, visto que a mesma embute suas preferências e valores. Após a hierarquização do problema, inicia-se a fase de avaliação com a comparação paritária, entre os critérios e subcritérios, dependendo da hierarquia do problema, em que serão determinadas as importâncias relativas (pesos) dos elementos. Os elementos são comparados segundo a escala de julgamentos de importância relativa concebida por Saaty (1990): 1 = importância igual; 3 = importância fraca; 5 = importância forte; 7 = importância muito forte; 9 = importância absoluta; 2, 4, 6, 8 = valores intermediários. Vários estudos tiveram como sustentação metodológica a AHP, como o trabalho de Figueiredo e Gartner (1998), que utilizaram a AHP como ferramenta para priorizar ações relacionadas com a gestão da qualidade e produtividade em transporte urbano. Em problemas de logística, Granemann e Gartner (2000) aplicaram o método AHP para a escolha modal/submodal de transporte, como forma de hierarquizar alternativas de seleção de um transportador/operador logístico, com uma amostra de técnicos e dirigentes de diversas empresas brasileiras. Salomon et al. (1999) usaram o método da AHP para analisar os riscos e a incertezas nos projetos industriais de investimento e quantificar a opinião de especialistas em decisões de investimento, UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 53 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica obtendo resultados satisfatórios. Steiner (2010) utilizou o método AHP para identificar os centros comerciais com a melhor gestão de resíduos sólidos do Município de Curitiba, Paraná. Abreu et al. (2000) aplicaram esse método no apoio à tomada de decisão para a escolha de um programa de controle da qualidade da água potável para consumo humano no Brasil. Essa análise permitiu a agregação de informações quantitativas e qualitativas. Os autores ainda concluíram que a forma de agregação dessas variáveis exige que o tomador de decisão participe ativamente do processo de estruturação e avaliação do problema, o que contribui para tornar os resultados propostos pelo modelo mais consistentes. Nääs et al. (2005) utilizaram o método AHP para avaliar o uso de três formas de rastreabilidade em granja de suínos: manual, eletrônica e mista (manual e eletrônica). 3.6 Stakeholders Não existe uma tradução especifica para língua portuguesa de Stakeholder, mas pode-se considerar que o termo expresse AS PARTES INTERESSADAS. Um dos primeiros autores a definir a teoria dos Stakeholders foi Edward Freeman (1994), em seu artigo “The Politics of Stakeholder Theory: Some Future Directions”4 . A gestão com base na teoria dos Stakeholders envolve a alocação de recursos organizacionais e considera os impactos dessa alocação em vários grupos de interesse dentro e fora da organização. Os Stakeholders são divididos em primários – acionistas e credores –, isto é, aqueles que possuem estabelecidos os direitos legais sobre os recursos da organização. Em secundários – comunidade, funcionários, consumidores/clientes, entre outros –, ou seja, aqueles cujo direito sobre os recursos da organização é menos estabelecido em lei e/ou é baseado em critérios de lealdade ou em obrigações éticas. A teoria dos Stakeholders baseia-se na ideia de que o resultado final da atividade de uma dada organização empresarial deve levar em consideração os retornos que otimizam os resultados de todos os Stakeholders envolvidos, e não apenas os resultados dos acionistas (FREEMAN, 1994). 4 FREEMAN, Edward R. The Politics of Stakeholder Theory: Some Future Directions. Business Ethics Quarterly, v.4 p. 409-422, 1994. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 54 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica Considerando que uma cadeia de fornecimento é composta por diversas organizações interligadas, pode-se considerar que a teoria dos Stakeholders também é válida para a cadeia de fornecimento como um todo. Assim, as cadeias de fornecimento devem considerar todos os Stakeholders envolvidos, sejam primários ou secundários, na sua estratégia. Questões ambientais e sociais estão interligadas, sendo de interesse dos Stakeholders. Tais questões não eram tradicionalmente consideradas em decisões de cadeia de fornecimento, mas, de uma hora para outra, passaram a ser envolvidas no processo, como citam Gladwin et al. (1995) e Pagelll e Wu (2009). Para Donaldson e Preston (1995), as organizações têm Stakeholders com prioridades diferentes, devido a seus valores e interesses e, portanto, muitas vezes são obrigadas a fazer escolhas básicas (HERTWICH, HAMMITT e PEASE, 2000). Por exemplo, proprietários e gestores focam em rentabilidade, enquanto membros da comunidade estão provavelmente preocupados com a habitabilidade geral da comunidade e os impactos ambientais da produção (WU e PAGELL, 2010). 3.6.1 Cliente como stakeholder Sendo o consumidor ou cliente final um Stakeholder secundário e entendendo que toda cadeia de fornecimento tem como objetivo principal atender a uma ou várias necessidades desse consumidor ou cliente final, deve, então, uma cadeia de fornecimento saber entender as necessidades desse Stakeholder e atender a elas, para considerar ter obtido um resultado positivo para toda a cadeia de fornecimento. Horne (2009) em sua pesquisa relata que os consumidores estão sobrecarregados de informações sobre os produtos e não confiam nas declarações dos produtores e varejistas sobre sustentabilidade, mas tendem a confiar em declarações de Organizações Não Governamentais sobre assuntos relacionados aos produtos e sua produção, sendo a favor ou contra aos produtos. As escolhas dos consumidores estão relacionadas a normas sociais, hábitos, infraestrutura disponível, dentre outros, mas cada vez mais o consumidor passa a interferir na forma como devem ser UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 55 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica produzidos e comercializados os produtos (STYLES, SCHOENBERGER e GALVEZ-MARTOS, 2012). As cadeias de suprimentos estão experimentando crescentes demandas por parte dos consumidores sobre qualidade e sustentabilidade. Estão se tornando cada vez mais vozes ativas em suas exigências para o desempenho sustentável, e essas demandas determinam como empresas devem alinhar suas operações e atividades de marketing para os princípios de desenvolvimento sustentável. Os consumidores estão cada vez mais interessados na origem dos produtos, e os governos e organismos de política da indústria estão exigindo relatórios de desempenho de sustentabilidade (BOURLAKIS et al., 2013). Para uma cadeia de fornecimento ter em sua estratégia o desenvolvimento sustentável, é de suma importância oferecer produtos e serviços que satisfaçam as necessidades atuais do consumidor ou cliente final e que saibam exatamente as tendências atuais e futuras do mercado. Assim, uma cadeia de fornecimento deve manter o fluxo de informações alinhado e constante dentro de toda a cadeia de fornecimento, buscando na ponta da cadeia, consumidor ou cliente final, todas as informações necessárias para melhorar, aperfeiçoar e desenvolver produtos e serviços que garantam a fidelidade do consumidor e a sustentabilidade de toda a cadeia de fornecimento. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 56 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 4 - Metodologia 4 METODOLOGIA 4.1 Análise multicriterial para estabelecimento de indicadores A análise multicriterial AHP foi utilizada para determinar o nível de Desenvolvimento Sustentável em que os critérios escolhidos são o Econômico, o Social e o Ambiental. Para se determinarem os subcritérios dos indicadores de avaliação, foram estudados os diversos indicadores utilizados atualmente de forma isolada no âmbito econômico, social e ambiental. Busca-se, assim, integrá-los em um único indicador, obtendo-se visão sistêmica de toda a cadeia e de seu desenvolvimento sustentável. A utilização de indicadores já praticados pelas organizações tem a intenção de facilitar a implantação dessa metodologia. Cada empresa que faz parte de uma cadeia de suprimentos determinou o grau de importância para cada subcritério, de acordo com a escala de julgamento de importância relativa concebida por Saaty (1990). O questionário utilizado encontrase no APÊNDICE II. Foram atribuídos os valores de cada empresa par a par, de forma a comparar o grau de importância relativo entre as empresas pesquisadas e com isso obter um balanceamento em cada subcritério (nível 2), dentro de cada um dos cinco critérios (nível 1). Finalmente, para alcançar a meta de avaliar o grau de desenvolvimento de uma cadeia de suprimento, será atribuído um peso igual para os cinco critérios (nível 1). Para o desenvolvimento dos pesos dos critérios utilizados, tomou-se a escala de Saaty (1977), que usa os valores de 1–9 para comparação par a par. Se o fator i tem na matriz formada um número conectado ao peso descrito, quando comparado ao fator j, então j tem um valor recíproco, quando comparado com i. A partir da construção de uma matriz quadrada (n x n), avalia-se a importância de uma característica sobre a outra, utilizando-se para isso uma escala adequada. Saaty (1977) propõe a utilização da escala mostrada na Tabela 2. Preenchida a matriz de UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 57 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 4 - Metodologia comparação, calcula-se o autovalor e seu correspondente auto vetor. O auto vetor (λ) dá a ordem de prioridade ou hierarquia das características estudadas. O autovalor é a medida que permitirá avaliar a consistência (CI = (λmax – n)/(n – 1)) ou a qualidade da solução obtida. Intensidade de Importância 1 Tabela 2 - Escala de pesos aos atributos selecionados Definição Explicação Mesma importância. Duas atividades contribuem igualmente para o objetivo. 3 Importância pequena de uma sobre a outra. A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade em relação à outra. 5 Importância essencial. ou A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma atividade em relação à outra. 7 Importância muito grande ou demonstrada. Uma atividade é fortemente favorecida; sua dominação de importância é demonstrada na prática. 9 Importância absoluta. A evidência favorece uma atividade em relação à outra com o mais alto grau de certeza. grande 2, 4, 6, 8 Recíprocos dos valores acima Valores intermediários. Se a atividade j recebe um dos valores acima, quando comparada com a atividade j, então j tem o valor recíproco de i. Fonte: (SAATY, 1977) Quando se deseja maior compromisso. Uma designação razoável. 4.2 Coleta de dados Foi elaborada uma pesquisa junto aos consumidores para se identificar a importância do desenvolvimento sustentável em cadeia de suprimentos. Foram enviados e-mails e divulgados por meio das redes sociais, estimasse que foram feitos 1000 (mil) contatos no total e foram obtidas 300 respostas através da ferramenta eletrônica Google Drive. A pesquisa com os consumidores teve o objetivo de identificar o grau de importância e conhecimento sobre a produção de produtos de forma sustentável, sendo o cliente final um integrante da cadeia de suprimentos e uma das partes interessadas nas empresas. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 58 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 4 - Metodologia Participaram da aplicação dos indicadores 3 (três) empresas: um Supermercado de médio porte situado em Bertioga no Litoral paulista, um dos fornecedores de Carne Bovina de grande porte e um dos fornecedores de Pescados de grande porte. Foi escolhido esse supermercado pela parceria em muitas pesquisas já realizadas anteriormente e pelo fácil acesso aos proprietários. Através do supermercado foram contatados os 20 maiores fornecedores de produtos, mas apenas dois se colocaram a disposição de participar da pesquisa. Muitos ficaram com receio de informar detalhes financeiros e outros apenas recusaram em participar. Os diretores de cada empresa que responderam o instrumental de pesquisa. 4.3 Aplicação dos indicadores Para se avaliarem os indicadores de desenvolvimento sustentável de cadeia de suprimentos e o modelo AHP, foi aplicado o instrumental junto a um supermercado e dois fornecedores em maio de 2010, no qual eles sinalizaram o grau de importância dado para cada indicador do instrumental. Com base no modelo AHP, foi estabelecido como objetivo da decisão determinar o Grau de Desenvolvimento Sustentável de parte de Cadeia de Fornecimento de Alimentos para o Varejo. Os critérios escolhidos foram o Econômico, o Social e o Ambiental, seguindo, assim, o conceito do tripé da sustentabilidade. Para se determinarem os subcritérios dos indicadores de avaliação, foram estudados os diversos indicadores utilizados atualmente de forma isolada no âmbito econômico, social e ambiental. Buscou-se, assim, integrá-los em um único indicador, obtendo uma visão sistêmica de toda a cadeia e de seu desenvolvimento sustentável. O objetivo de se utilizar indicadores já praticados pelas organizações é o de facilitar a implantação dessa metodologia e não sobrecarregar os gestores das empresas com excessivos controles de medição. Dentro do critério Social, foi utilizado como base o Indicador Ethos de Responsabilidade Social Empresarial (CUSTODIO e MOYA, 2007), por ser um instrumental já consolidado e de referência no Brasil. Buscou-se identificar aqueles UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 59 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 4 - Metodologia indicadores que mais se relacionam a uma cadeia de suprimentos para se construírem as alternativas de decisão. No critério Ambiental, além do Indicador Ethos, também foram utilizados como base os indicadores de desempenho dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) dentro dos requisitos das normas da ISO 14001 (International Organization for Standardization) (Campos et al., 2008) e os indicadores da Agenda 21 brasileira (Malheiros, et al., 2008). No critério Econômico, foi utilizado o trabalho de Durski (2003). Para se avaliar os indicadores propostos, foi elaborado um instrumental de pesquisa para que cada empresa pudesse atribuir um grau de importância a cada indicador proposto e posteriormente ser aplicado na ferramenta AHP os resultados obtidos no instrumental. Foram escolhidas três empresas que fazem parte de uma Cadeia de Fornecimento de Alimentos para o Varejo: Supermercado de médio porte na cidade de Bertioga (litoral do estado de São Paulo), um de seus Distribuidores de Carne Bovina e um de seus Distribuidores de Pescados. Através da aplicação do instrumental de pesquisa, cada empresa determinou o grau de importância para cada alternativa, de acordo com a escala de julgamento de importância relativa concebida por Saaty (1990). Na ferramenta AHP, foram atribuídos os valores de cada empresa par a par, de forma a comparar-se o grau de importância relativo entre as empresas pesquisadas e, com isso, obter-se um balanceamento em cada alternativa (nível 4). Na sequência da avaliação, foi comparada cada alternativa par a par e, assim, encontrou-se um balanceamento nos subcritérios (nível 3). Com o mesmo objetivo, foi comparado cada subcritério, também par a par, dentro de cada um dos três critérios (nível 2). Finalmente, para se alcançar a meta de avaliar o grau de desenvolvimento de uma cadeia de suprimento, foi atribuído peso igual para os três critérios, o social, o ambiental e o econômico (nível 1). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 60 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Resultados e discussão da aplicação dos indicadores Utilizando a ferramenta AHP, pode-se analisar os resultados obtidos. Na Figura 7, estão demonstrados os pesos em cada critério (social, econômico e ambiental), relativos a cada organização pesquisada. A distribuidora de Pescados demonstrou maior preocupação com os critérios social e ambiental e a distribuidora de Carne, com o econômico. O supermercado demonstrou menor preocupação nos três critérios. Pode-se notar uma forte consistência nos valores atribuídos, sendo que em nenhuma das alternativas (nível 4) houve necessidade de ajuste. Apenas 15 das 56 alternativas apresentaram um desvio na consistência, que ficou entre 0,01 e 0,05, demonstrando a forte consistência entre os valores atribuídos pelas empresas e pelos indicadores (Tabela 3). Figura 7 - Pesos acumulados referentes aos critérios de Desenvolvimento Sustentável UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 61 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Tabela 3 - Indicadores de Desenvolvimento Sustentável para Cadeia de Suprimentos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 62 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Figura 8 - Pesos referente ao critério Ambiental Ao se analisarem os subcritérios ambientais, a distribuidora de pescados apresentou maior preocupação ambiental e o supermercado, menor (Figura 8). Apenas no subcritério de gerenciamento de recursos hídricos houve maior equilíbrio entre as três empresas. O único subcritério em que o supermercado apresentou maior preocupação que a distribuidora de carne bovina foi o de gerenciamento de embalagens, em razão do número elevado de tipos e de materiais para embalagens que passam por ali. Giunipero et al. (2012) afirmam que, no século XXI, as questões de sustentabilidade global voltaram-se para a cadeia de suprimentos, considerando-se ciclo de vida do produto durante a seleção do material, impacto da compra verde na seleção de fornecedores, gestão dos resíduos e embalagens. Pode-se entender a menor preocupação do supermercado no critério ambiental, em função de não ser uma empresa de manufatura, já que seu foco maior é a prestação de serviço. Todavia, percebe-se a distribuidora de carne bovina apresentando menor preocupação em relação à distribuidora de pescados e maior preocupação em relação ao supermercado, em função de sua participação no mercado internacional. Tal participação faz com que praticamente já estejam incorporadas a seus processos as rotinas de preocupação ambiental, o que torna intrínseco à empresa como um todo o UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 63 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão objetivo de obter certificações internacionais e possibilitar o comércio internacional. Tal ideia vai ao encontro do que afirmam Giunipero et al. (2012) sobre a busca de certificações pelas organizações globais. A maior preocupação apresentada pela distribuidora de pescados está relacionada ao pouco envolvimento histórico do setor com os impactos e problemas ambientais causados pelo sistema extrativista de pesca no Brasil e que o setor vive até hoje, mas com uma maior cobrança da sociedade e de leis ambientais sobre esses impactos, existe a necessidade de mudanças causando assim essa preocupação no critério ambiental. Para Kang et al. (2012), as pressões dos consumidores e as regulamentações governamentais relacionadas ao meio ambiente e reciclagem passaram a ser uma ameaça às empresas e a seus custos. Contudo, tais pressões tornaram-se uma motivação, no sentido de fazer as empresas melhorarem seus processos produtivos, buscando o crescimento verde. Figura 9 - Pesos referente ao critério Econômico No critério econômico, percebe-se um equilíbrio maior entre as empresas, em comparação com o critério ambiental (Figura 9). O supermercado apresenta menor importância nesse critério, novamente em função de focar mais na prestação de UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 64 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão serviço. O único subcritério em que os três apresentaram maior igualdade foi na seleção, avaliação e criação de parceria com fornecedores: o supermercado apresentou maior importância em relação à distribuidora de carne bovina, mas menor importância que a distribuidora de pescados. Isso mostra a preocupação do supermercado com seus fornecedores e, no contraponto, menor preocupação da distribuidora de carne bovina, em razão de seus fornecedores pertencerem, na maioria deles, à mesma corporação. Percebe-se, nesse critério, a maior preocupação da distribuidora de carne bovina nos subcritérios produtividade e inovação. Tal distribuidora também está mais preocupada com a qualidade em relação às outras duas empresas, demonstrando a característica do setor, diante do mercado internacional. Em outras palavras, focando na qualidade e inovação, pode destacar-se internacionalmente, o que está relacionado também à afirmação de Giunipero et al. (2012) sobre a busca de certificações pelas organizações globais. A distribuidora de pescados, preocupando-se com o marketing, mostra sua difícil tarefa de vender a imagem de um produto mais saudável que outras carnes, mas que tem como ponto negativo o preço maior. E mais, sendo uma atividade extrativista, depende totalmente da natureza, para disponibilizar seu produto no mercado. Para Closs et al. (2011), a preocupação pelo marketing está relacionada à criação de vantagem competitiva através do marketing verde demonstrando que seu o produto é mais saudável e tem menos impacto ambiental. Do ponto de vista de Kang et al. (2012), é difícil para as empresas individuais obterem suas próprias competências, ainda mais com a economia instável. Além disso, competências adquiridas são difíceis de manter quando expostas a catástrofes naturais ou à deterioração de gestão. Para atenuar isso, a colaboração entre as empresas está se tornando muito importante como uma maneira de conseguir sua sustentabilidade. Essa colaboração oferece às empresas oportunidade para serem flexíveis às mudanças, compartilhando o custo e o lucro da cadeia de suprimentos. Por último, no critério social, com um pouco mais de importância, a distribuidora de pescados apresenta maior preocupação com o fato de seus UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 65 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão fornecedores estarem estabelecidos em determinadas regiões pesqueiras. Estes são, na sua maioria, empresas familiares e nacionais e não fazem parte de qualquer grande corporação, tendo assim maior relação com comunidades locais pesqueiras (Figura 10). Figura 10 - Pesos referentes ao critério Social Em contradição à característica exposta, a distribuidora de pescados deu pouca importância ao subcritério de relações com comunidades locais, o que demonstra ainda a pouca visão das empresas do setor, no que se refere à responsabilidade social, contradizendo o que Closs et al. (2011) e Giunipero et al. (2012) explicam sobre desenvolvimento sustentável da cadeia de suprimentos. Segundo os autores, as empresas da cadeia se relacionam e se preocupam com seus stakeholders. No caso do supermercado, por atender à população do seu entorno, também apresenta um maior relacionamento com a comunidade. Mesmo que algum supermercado pertença a uma grande rede multinacional, o foco normalmente é local. Isso pode ser comprovado nos subcritérios diálogo e participação (colaborador e sindicato), ação social e relações com a comunidade local, confirmado a explicação de Closs et al. (2011); e Giunipero et al. (2012) sobre desenvolvimento sustentável da cadeia de suprimentos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 66 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão No caso da distribuidora de carne bovina, sua importância no critério social está relacionada também à característica da empresa, que pertence normalmente a corporações internacionais e está diretamente relacionada à cultura da organização. Kang et al. (2012) explicam que a cadeia de suprimentos deve coexistir com a cultura e a sociedade regional, não por causa dos objetivos das empresas, mas, especialmente, porque é responsável pelo desenvolvimento equilibrado da sociedade através do bem-estar da sociedade e do entorno. Além disso, a sociedade regional são clientes e participantes, como elementos, do meio ambiente e da sociedade, estando ligados à responsabilidade empresarial. 5.2 Considerações sobre o teste dos indicadores Foram identificados os indicadores, baseados em indicadores já existentes, para compor os três critérios do desenvolvimento sustentável, a saber, os critérios Ambiental, Econômico e Social. Para se analisarem os indicadores e o grau de desenvolvimento sustentável da cadeia onde as empresas estão inseridas, foram escolhidas três empresas que fazem parte de uma cadeia de suprimentos de distribuição de alimentos: um supermercado, uma distribuidora de carne bovina e uma distribuidora de pescados. Com a análise dos resultados obtidos na ferramenta AHP, percebeu-se um desequilíbrio entre as três empresas, mostrando que deve haver maior alinhamento entre as empresas, principalmente entre o supermercado e as distribuidoras. Demonstrou-se que a cadeia de suprimentos, pelo menos entre as empresas pesquisadas, ainda não apresenta um grau de desenvolvimento sustentável consistente, causado pelo desequilíbrio no foco entre três critérios avaliados: ambiental, econômico e social. Entende-se que, para haver uma sustentabilidade da cadeia, as empresas participantes da cadeia devem estar mais alinhadas entre elas, o que poderia ser visto se houvesse um maior equilíbrio entre os indicadores. Entretanto, notou-se um equilíbrio entre os três critérios nas empresas pesquisadas, o que demonstra a preocupação com a sustentabilidade do negócio existente. O que falta é a busca pelo desenvolvimento sustentável da cadeia como um UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 67 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão todo. Para Bourlakis et al. (2013), é evidente que há uma necessidade crescente de coordenação mais estreita entre as operações ao longo da cadeia de suprimentos. Além disso, melhorar o desempenho individual da empresa e da cadeia é extremamente importante. Ressalte-se que, nos últimos anos, o desempenho da sustentabilidade tem emergido como um fator importante, cada vez mais influenciado por avaliações dos Stakeholders e de como se atende a demanda do mercado através das operações da cadeia de suprimentos (CLOSS, SPIER e MEACHMAN, 2011). Avaliando os indicadores utilizados no teste, percebeu-se a necessidade de um maior esclarecimento dos indicadores e da escala utilizada para a atribuição dos valores das alternativas no momento da aplicação do instrumental de pesquisa junto às empresas. Contudo, pode-se considerar que os indicadores escolhidos foram os necessários e permitiram avaliar o grau de desenvolvimento sustentável da cadeia de suprimentos, o que leva a buscar a melhoria e o aperfeiçoamento dessa importantíssima ferramenta de avaliação de sustentabilidade. 5.3 Pesquisa com o Consumidor Final No desenvolvimento do estudo sobre cadeia de suprimentos e desenvolvimento sustentável, surgiu a necessidade de se saber o ponto de vista do consumidor final sobre esses assuntos, principalmente sendo o consumidor final o foco de qualquer cadeia de fornecimento e também uma das partes interessadas (stakeholders). Para isso foi criado um instrumental de pesquisa com o objetivo de identificar não só o nível de conhecimento do consumidor final bem como preocupação com os problemas e ações das organizações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Esses consumidores deveriam ter relação com uma Cadeia de Suprimentos de Alimentos. Assim, qualquer consumidor que comprasse e/ou utilizasse produtos alimentares estaria dentro desse universo. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 68 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Durante o mês de maio de 2012, foi disponibilizado de forma digital pelo Google Docs (DRIVE) o instrumental de pesquisa para os consumidores (APÊNDICE I). Foram enviados em torno de 1000 e-mails (mensagens eletrônicas) e mensagens pelas redes sociais o endereço de acesso do instrumental. Estima-se que aproximadamente 1400 pessoas receberam ou leram a divulgação do instrumental de pesquisa. No período de 30 dias (1o. a 30 de maio de 2012), obtiveram-se 300 respostas. Na sequência, estão os resultados obtidos na pesquisa realizada com os consumidores. Da Figura 11 até a Figura 15 está o perfil do consumidor respondente; da Figura 16 até a Figura 33, está o resultado da pesquisa. Figura 11 - Faixa etária dos consumidores UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 69 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Figura 12 - Gênero dos consumidores Percebe-se que dos 300 respondentes, 35% (104) estão na faixa de 18 a 25 anos, 22% (67) na faixa de 26 a 30 anos, 20% (60) na faixa de 31 a 40 anos e 26% (69) acima de 41 anos (Figura 11). Nota-se, então, que 57% (171) estão na faixa entre 18 a 30 anos, demonstrando um grupo jovem. Averiguou-se, ainda, que mais da metade (60 %) são do sexo feminino (Figura 12). Com relação ao estado civil dos respondentes, 59 % (176) são solteiros e 34 % (104), casados, como é visto na Figura 13. A maioria, 73 % (218), esta cursando ou já concluiu o ensino superior e 20% (59) está cursando ou já concluiu uma pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) (Figura 14). Pouco mais da metade, 54 % (161), tem renda mensal entre 2 e 4 salários mínimos, 17 % (51) estão na faixa entre 5 e 7 salários mínimos e 23% (70) recebem acima de 7 salários mínimos por mês (Figura 15). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 70 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Figura 13 - Estado civil dos consumidores Figura 14 - Grau de instrução dos consumidores UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 71 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Figura 15 - Renda mensal dos consumidores Figura 16 - O que mais influência os consumidores no momento da escolha de um produto Ao se questionar o que mais influencia no momento da escolha de um produto, 72 % (217) responderam qualidade; 12 % (36), informação; e 10% (30), preço (Figura 16). Pode-se notar na Figura 17 que a metade (15) dos que UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 72 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão responderam que o preço é o que mais influencia no momento da escolha de um produto está na faixa salarial de 2 a 4 salários mínimos e 57% (123) dos que responderam qualidade também estão nessa faixa salarial. Isso demonstra que, mesmo não tendo um poder aquisitivo muito alto, esse grupo é mais influenciado pela qualidade do que pelo preço dos produtos. Giunipero et al. (2012) estão corretos ao afirmarem que, cada vez mais, os consumidores estão pressionando as empresas por produtos com maior qualidade. Figura 17 - Faixa salarial x influência na escolha do produto Figura 18 - Conhecimento sobre degradação do meio ambiente causada pelas indústrias de um modo geral UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 73 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Figura 19 - Grau de instrução x conhecimento sobre degradação Sobre o conhecimento da degradação ao meio ambiente causada pelas indústrias de um modo geral, 60 % (181) disseram ter razoável conhecimento, 18% (53) muito conhecimento, 16 % (48) pouco conhecimento e 5 % (15) total conhecimento (Figura 18). Dos 181 que disseram ter razoável conhecimento, 136 (75 %) concluíram ou estão cursando o ensino superior e 32 (18 %) concluíram ou estão cursando pós-graduação (Figura 19). Isso demonstra que o fato de se ter um maior grau de instrução não quer dizer que necessariamente se tenha conhecimento sobre degradação ao meio ambiente. Bourlakis et al. (2013) relatam que os consumidores se preocupam com as ações das empresas e seus impactos na sociedade e no meio ambiente, sendo uma voz ativa nas decisões das organizações. Quando os consumidores foram questionados sobre a preocupação com o meio ambiente, 52 % (155 respondentes) disseram estar muito preocupados, 31 % (92) disseram ter razoável preocupação, 14 % (43) disseram estar extremamente UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 74 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão preocupados e apenas 3 % (10) estão pouco preocupados com o meio ambiente (Figura 20). Na Figura 21, percebe-se que dos 155 respondentes que estão muito preocupados com o meio ambiente, 68 % (106) têm ou estão cursando o ensino superior. Dos 43 consumidores que estão extremamente preocupados, 79 % (34) também têm ou estão cursando o ensino superior. E dos 140 consumidores que estão muito e extremamente preocupados com o meio ambiente e têm ou estão cursando o ensino superior, 44 % (62 consumidores) estão na faixa entre 18 e 25 anos (Figura 22). Tal resultado demonstra que os jovens que estão na ou já concluíram a universidade têm maior preocupação com o meio ambiente. Figura 20 - Nível de preocupação dos consumidores com o meio ambiente UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 75 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Figura 21 - Nível de preocupação com o meio ambiente x grau de instrução Figura 22 - Nível de preocupação com o meio ambiente x grau de instrução x faixa etária Na Figura 23, percebe-se que 120 (40%) respondentes que têm razoável conhecimento sobre a degradação do meio ambiente estão muito ou extremamente preocupados com o meio ambiente, 14 % (43 respondentes) têm muito conhecimento UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 76 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão sobre a degradação do meio ambiente e estão muito ou extremamente preocupados com o meio ambiente e 5 % (15) têm total conhecimento e estão muito ou extremamente preocupados com o meio ambiente. Figura 23 - Conhecimento sobre degradação do meio ambiente x nível de preocupação com o meio ambiente Figura 24 - O que os consumidores entendem por produto ecologicamente correto ou produto verde ou produto sustentável UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 77 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Para saber o que o consumidor entende sobre produto ecologicamente correto ou produto verde ou produto sustentável, foram dadas algumas opções. Poderiam ser escolhidas até três dentre elas. Na Figura 24, pode-se pode notar que 68% (205) consideram aqueles produtos que podem ser reciclados ou reutilizados como sendo produtos sustentáveis. Depois, vêm aqueles provenientes de fontes renováveis com 58 % (175), 44 % (133) são biodegradáveis, 43 % (128) utilizam materiais reciclados e 34% (103) consomem menos energia. Figura 25 - O que os consumidores costumam fazer depois de utilizar um produto ou quando não funciona mais ou quando não tem mais utilidade Figura 26 - Depois de utilizar um produto ou quando não funciona mais ou quando não tem mais utilidade x nível de preocupação com o meio ambiente UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 78 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Quando questionados sobre o que costumam fazer com os produtos depois de utilizados ou quando não funcionam mais ou quando não têm mais utilidade para eles, praticamente a metade dos entrevistados (151) disse separá-los para reciclagem (Figura 25). O que chamou a atenção foi que 33 % (97 respondentes) disseram que jogam no lixo. Quarenta e nova respondentes disseram estar muito ou extremamente preocupados com o meio ambiente, mas jogam no lixo os produtos depois de serem utilizados (Figura 26). Quarenta e seis consumidores, mesmo tendo razoável preocupação com o meio ambiente, separam ou levam para reciclagem ou reutilizam os produtos após a sua utilização. Quarenta e seis por cento (138) dos consumidores respondentes afirmaram que o custo elevado é a maior dificuldade na aquisição de produtos ecologicamente corretos (Figura 27), 31 % (93) afirmaram que é difícil encontrar produtos ecologicamente corretos e 21 % (63), que a maior dificuldade é informação. Demonstra-se, assim, que o preço é uma grande barreira para o consumidor ter acesso a produtos ecologicamente corretos. Confirma-se o que Giunipero et al. (2012) falam sobre as empresas que estão focadas no desenvolvimento sustentável: elas criam uma vantagem competitiva e ao mesmo tempo obtêm retorno financeiro a médio e longo prazo. Figura 27 - Qual a maior dificuldade que os consumidores encontram na aquisição de produtos ecologicamente corretos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 79 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Quando questionados sobre o que influencia no momento de adquirir um produto ecologicamente correto, 55 % (167) disseram que é o fato de os produtos terem menor impacto ambiental; 18% (53), produtos com maior beneficio para a saúde; e 17 % (50), produtos que têm preço mais baixo (Figura 28). Dos 50 consumidores que responderam preço mais baixo, apenas 9 (18 %) também responderam preço quando questionados sobre o que mais influencia no momento da compra de um produto (Figura 29). Figura 28 - O que leva os consumidores a adquirirem um produto ecologicamente correto Figura 29 - O que leva os consumidores a adquirirem um produto ecologicamente correto x o que mais influencia no momento da escolha de um produto UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 80 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão A Figura 30 demonstra que 218 (73%) dos entrevistados reponderam que a informação é o que mais pode influenciá-los no momento da decisão de comprar um produto ecologicamente correto e 48 (16%) afirmaram que a propaganda é que pode influenciar. O resultado mostra que a maioria se baseia na informação que recebe ou tem sobre o produto para adquiri-lo ou não. Todavia, na Figura 31, percebe-se que, dos 218 respondentes, apenas 26 também responderam que a informação é o que mais influencia no momento da escolha de um produto qualquer. Dentre os mesmos 218 respondentes, 161 afirmam que a qualidade é o que mais influencia na escolha de um produto qualquer. Isso demonstra que a qualidade e a informação estão interligadas no momento do consumidor decidir qual produto irá comprar. Figura 30 - Quem pode influenciar os consumidores no momento da decisão de comprar um produto ecologicamente correto Figura 31 - O que mais influencia você no momento da escolha de um produto x quem pode influenciar você no momento da decisão de comprar um produto ecologicamente correto UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 81 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Quando questionados se procuram saber sobre a origem dos produtos, da fabricação dos produtos e dos fornecedores (Figura 32), os respondentes podiam escolher até três respostas. As mais citadas foram: 59% (177) responderam que procuram saber sobre reciclagem e reutilização dos materiais; 55% (164), que procuram saber sobre certificações ou selos verdes; 45% (136), que procuram saber sobre a preocupação na redução do consumo de energia e água por parte das empresas. Isso demonstra que os consumidores se preocupam com a origem dos produtos que adquirem e com o comportamento dos fabricantes quanto a qualidade, desperdícios e consumo dos recursos disponíveis. Figura 32 - Os consumidores procuram saber sobre a origem, fabricação dos produtos e de seus fornecedores quanto a: Figura 33 - Os consumidores deixariam de comprar um produto de uso habitual por saber que as empresas envolvidas na sua produção Os consumidores procuram saber sobre a origem, fabricação dos produtos e de seus fornecedores quanto a: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 82 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 5- Resultados e Discussão Quando questionados se deixariam de comprar um produto de uso habitual se soubessem que a empresa fabricante desse produto estava envolvida em casos de degradação ambiental ou situações negativas no âmbito social (Figura 33), 52% (158) responderam que deixariam de comprar um produto se soubessem do envolvimento da empresa fabricante com utilização de mão de obra infantil ou escrava; 31% (92) responderam que se os produtos causassem algum dano ao meio ambiente, isso seria motivo para deixarem de comprar o produto, e 7% (21) afirmaram que se a empresa não trata e nem reduz seus resíduos de produção ou utiliza agrotóxicos, haveria motivo para deixarem de comprar esse produto. Isso demonstra que a forma como as empresas tratam o meio ambiente e sua mão de obra reflete na imagem da empresa e do produto. Sendo o consumidor um stakeholder, toda decisão de compra influencia o modo como as empresas devem se comportar seja em seus produtos, seja em seus processos. Dessa forma, os consumidores influenciam as decisões da alta direção das organizações (LEHTINEN e AHOLA, 2010). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 83 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 6 – Conclusão 6 CONCLUSÃO Com o mundo empresarial altamente competitivo e com a pressão do mercado e de diversos setores da sociedade por uma maior dedicação das empresas com relação à responsabilidade socioambiental, as organizações não podem mais deixar de se preocupar com o desenvolvimento sustentável. Além disso, uma organização sozinha não consegue disputar o mercado e também não consegue se desenvolver de forma sustentável, somente focando a cadeia de suprimento de forma global. Para isso é de suma importância a medição do potencial de desenvolvimento sustentável das cadeias de suprimento como um todo. Atualmente não existem indicadores específicos para se medir o grau de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos. Surgiu, assim, a necessidade de se ter uma ferramenta específica para essa medição. Por isso a proposta deste trabalho em desenvolver indicadores para fazer essa medição. Foi elaborado um conjunto de indicadores para medir/avaliar o nível de desenvolvimento sustentável de uma cadeia de suprimentos e utilizado o AHP – Analytic Hierarchy Process (Processo Analítico Hierárquico), para determinar a consistência dos indicadores. Foram pesquisados os indicadores utilizados atualmente para se avaliar o desempenho de cadeias de suprimentos. Percebeu-se que, atualmente, não existem indicadores relacionados com o desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos. Os indicadores existentes focam nos custos e resultados financeiros e/ou foco no sistema logístico dentro da cadeia de suprimentos (distribuição – armazenagem). Quanto aos indicadores de desenvolvimento sustentável, foram identificados nove indicadores mais utilizados mundialmente. Quatro deles focam mais nas dimensões social e ambiental e os outros cinco envolvem as três dimensões, social, ambiental e financeira, sendo que os nove indicadores não estão relacionados com cadeia de suprimentos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 84 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Capitulo 6 – Conclusão Após a pesquisa realizada sobre os indicadores de desenvolvimento sustentável e dos indicadores de desempenho em cadeias de suprimentos, foram identificados os indicadores mais adequados com cadeias de suprimentos dentro do contexto das dimensões social, econômica e ambiental, conforme descritos na Tabela 3. Sendo os consumidores finais parte integrante e fundamental de uma cadeia de suprimentos, além de ser uma das partes interessadas (stakeholders) nas empresas que compõem uma cadeia de suprimento, foi realizada uma pesquisa junto a eles, com o intuito de se identificar a importância do desenvolvimento sustentável das empresas para o consumidor final. Percebeu-se que os consumidores entrevistados têm um nível de conhecimento e procuram saber sobre a origem dos produtos e das empresas que o produzem e comercializam. Existe, ainda preocupação maior com a qualidade dos produtos e com os impactos gerados pela produção dos mesmos. Todavia, os consumidores precisam se envolver mais ativamente no processo de desenvolvimento sustentável da sociedade como um todo. Isso demonstra a importância das empresas e, principalmente, das cadeias de suprimento; do diagnóstico por meio de indicadores; do seu grau de desenvolvimento sustentável. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 85 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Referências REFERÊNCIAS ABREU, L. M. D. et al. Escolha de um programa de controle da qualidade da água para consumo humano: aplicação do método AHP. 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Estes indicadores foram baseados nos indicadores do Instituo ETHOS. Esta avaliação faz parte do processo de elaboração da Tese de Doutorado do programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista (UNIP) do doutorando Prof Ms José Alberto Yemal. Valor: 1 - Sem importância 2 - Fraco importância 3 - Moderado importância 4 - Moderada importância acrescida 5 - Forte importância 6 - Forte importância acrescida 7 - Importância muito forte 8 - Muito grande importância acrescida 9 - Extrema importância Avaliação dos Critérios CADEIAS DE SUPRIMENTOS SUSTENTÁVEIS 1. AMBIENTAL 1.1. Responsabilidade Gerações Futuras 1.1.1. Compromisso Melhoria Qualidade Ambiental .............................. ( ) 1.1.2. Educação/Conscientização Ambiental .......................................... ( ) 1.2. Gerenciamento do Impacto Ambiental 1.2.1. Gerenciamento Ciclo de Vida Produto/Serviços ........................... ( ) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 98 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Apêndices 1.2.2. Sustentabilidade da Economia Florestal ........................................ ( ) 1.2.3. Minimização Entradas/Saídas Materiais ....................................... ( ) 1.3. Geração/Redução/Destino Resíduos 1.3.1. Compromisso com redução resíduos ............................................. ( ) 1.3.2. Gerenciamento destino dos resíduos ............................................. ( ) 1.4. Gerenciamento Energético 1.4.1. Redução/eliminação fonte energética poluidora ........................... ( ) 1.4.2. Compromisso com energias renováveis ........................................ ( ) 1.5. Gerenciamento Recursos Hídricos 1.5.1. Redução cosumo de água .............................................................. ( ) 1.5.2. Gerenciamento no reuso/tratamento da água ................................ ( ) 1.6. Gerenciamento de Embalagens 1.6.1. Reaproveitam embalagem pós venda/consumo............................. ( ) 1.6.2. Compromisso redução no uso de embalagem ............................... ( ) 1.6.3. Substituição por materiais recicláveis / biodegradáveis ................ ( ) 2. ECONÔMICO 2.1. Seleção/Avaliação/Parceria Fornecedores 2.1.1. Critérios Seleção/Avaliação Fornecedores .................................... ( ) 2.1.2. Apoio Desenvolvimento Fornecedores ......................................... ( ) 2.2. Competitividade 2.2.1. Custo .............................................................................................. ( ) 2.2.2. Preço .............................................................................................. ( ) 2.2.3. Vendas ........................................................................................... ( ) 2.3. Qualidade 2.3.1. Produto/Serviço ............................................................................. ( ) 2.3.2. Processo Produtivo ........................................................................ ( ) 2.4. Produtividade 2.4.1. Produção por funcionário .............................................................. ( ) 2.4.2. Vendas por funcionário ................................................................. ( ) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 99 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Apêndices 2.5. Inovação 2.5.1. Esforço inovativo........................................................................... ( ) 2.5.2. Resultados Obtidos com Inovação ................................................ ( ) 2.6. Marketing 2.6.1. Esforço de marketing ..................................................................... ( ) 2.6.2. Resultados obtidos do marketing................................................... ( ) 3. SOCIAL 3.1. Auto Regulação da Conduta 3.1.1. Compromissos Éticos .................................................................... ( ) 3.1.2. Enraizamento Cultura Organizacional .......................................... ( ) 3.1.3. Governança Corporativa ................................................................ ( ) 3.2. Relações Transparentes Sociedade 3.2.1. Relações com a Concorrência ....................................................... ( ) 3.2.2. Diálogo/engajamento partes interessadas (stakeholders) ............. ( ) 3.2.3. Balanço Social ............................................................................... ( ) 3.3. Dialogo e Participação 3.3.1. Relações com Sindicatos ............................................................... ( ) 3.3.2. Gestão Participativa ....................................................................... ( ) 3.4. Respeito ao Indivíduo 3.4.1. Compromisso com Futuro das Crianças ........................................ ( ) 3.4.2. Compromisso Desenvolvimento Infantil ....................................... ( ) 3.4.3. Valorização da Diversidade ........................................................... ( ) 3.4.4. Relações Trabalhadores Terceirizados .......................................... ( ) 3.5. Trabalho Decente 3.5.1. Política Remuneração/Benefícios/Carreira ................................... ( ) 3.5.2. Cuidados Saúde/Segurança/Trabalho ............................................ ( ) 3.5.3. Compromisso Desenvolvimento Profissional/Empregabilidade ... ( ) 3.5.4. Comportamento nas Demissões .................................................... ( ) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 100 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Apêndices 3.5.5. Preparação para a Aposentadoria .................................................. ( ) 3.6. Relações com a Comunidade Local 3.6.1. Gerenciamento Impacto na Comunidade Local ............................ ( ) 3.6.2. Relações com Organizações Locais .............................................. ( ) 3.7. Ação Social 3.7.1. Financiamento da Ação Social ...................................................... ( ) 3.7.2. Envolvimento com Ação Social .................................................... ( ) 3.8. Dimensão Social do Consumo 3.8.1. Política de Comunicação Comercial ............................................. ( ) 3.8.2. Excelência do Atendimento ........................................................... ( ) 3.8.3. Conhecimento/Gerenciamento Danos Potenciais Produto/Serviços ( ) 3.9. Transparência Política 3.9.1. Contribuições Campanhas Políticas .............................................. ( ) 3.9.2. Construção Cidadania pelas Empresas .......................................... ( ) 3.9.3. Práticas Anticorrupção/Antipropina .............................................. ( ) 3.10. Liderança Social 3.10.1. Liderança e Influência Social ........................................................ ( ) 3.10.2. Participação Projetos Sociais Governamentais ............................. ( ) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) 101 Indicadores de desenvolvimento sustentável em cadeias de suprimentos de alimentos Apêndices APÊNDICE III – Parecer Consubstanciado do CEP