Prefeitura Municipal do Natal
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Finanças – SEMPLA
Departamento de Projetos Especiais - DEPRO
Desenvolvimento Sustentável: idéias sobre a perspectiva da integração1
Juliano Varela de Oliveira2
O Desenvolvimento Sustentável é uma proposta alternativa ao modelo de
desenvolvimento com viés puramente econômico. Ele se apresenta nos debates
acadêmicos e governamentais como uma nova maneira de combater os
problemas sociais de populações pobres e de promover uma melhoria na
qualidade de vida dessas pessoas.
Esse novo modelo de desenvolvimento tenta, sobretudo, ir além da
perspectiva puramente econômica, considerando outros pilares que sustentam a
vida
humana.
Nesse
sentido,
questões
sociais,
políticas,
institucionais,
tecnológicas, culturais e ambientais também integram o alicerce que fundamenta o
desenvolvimento sustentável.
Diante disso, combater a pobreza e proporcionar uma existência digna de
vida dos cidadãos e das cidadãs, passa a ser o objetivo principal de toda
administração pública comprometida com o bem-estar social. Assim, adotar a
perspectiva sustentável do desenvolvimento é tentar superar a tradição de
enfrentamento da pobreza através de duas maneiras: somente pela via do
crescimento econômico, sem considerar a contento as questões sociais; ou pela
via das políticas compensatórias, muitas vezes assistencialistas, capazes até de
aliviar os sofrimentos dos excluídos, mas não de resolver os seus problemas
definitivamente.
Trabalhar a superação dos problemas sociais de populações pobres requer,
a partir da perspectiva do desenvolvimento sustentável, um trabalho integrado
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Texto originalmente escrito para o Programa Natal do Futuro.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN e Chefe do Setor de
Elaboração de Projetos da SEMPLA/PMN.
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entre agentes institucionais capazes de colocar em prática ações transformadoras
da realidade. Unir poder público, setor privado e sociedade civil organizada é o
mote de toda iniciativa pública que pretende integrar para desenvolver.
Contudo, a integração no desenvolvimento sustentável deve ir além da
relação entre esses agentes institucionais acima mencionados. O procedimento
mais adequado para o alcance dos objetivos da sustentabilidade, segundo análise
de seus próprios pressupostos, é integrar também as ações práticas, ou seja, é
proporcionar a interconexão entre áreas estratégicas, tais como educação, saúde,
assistência social, geração de emprego e renda, infra-estrutura urbana, habitação,
conservação ambiental, esporte, cultura e lazer. Tudo isso permeado por um
planejamento apto a qualificar uma intervenção eficiente e eficaz junto a
populações-alvo e a consolidar um padrão de vida mais digno e humano para
estas.
Um outro ponto relevante é que, na perspectiva da integração, a questão da
inclusão social passa a ser central. É importante concretizar a participação da
população da cidade na dinâmica dos processos decisórios, incluindo todos os
aspectos e dimensões da vida humana (social, político, institucional, tecnológico,
cultural e ambiental). No entanto, isso não é tarefa fácil, principalmente quando se
trata de garantir direitos numa realidade como a brasileira, repleta de percalços à
cidadania. Mas também não é tarefa impossível, sobretudo quando se tem
vontade e iniciativa políticas baseadas em relações mútuas de respeito.
Nesse
sentido,
aqueles
que
se
encontram
desempregados
ou
subempregados também possuem direitos e precisam vê-los garantidos. A
universalização da cidadania, refletida na democratização do acesso a bens e
serviços e na superação da pobreza, tem sido uma preocupação central de
administrações públicas comprometidas com a consolidação da democracia e da
justiça social.
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Assim, a inclusão social se apresenta como um processo de atitudes
afirmativas, no sentido de inserir, num contexto mais amplo, todos aqueles grupos
ou populações marginalizados. A exemplo disso, observamos o importante papel
que a juventude pode assumir nesse âmbito, desde que se conquiste condições
adequadas para o pleno desenvolvimento desse segmento etário: com educação
de qualidade, saúde pública eficiente, atividades culturais, espaços para o esporte
e lazer, etc.
O trabalho integrado considera importante a articulação entre as áreas
estratégicas da educação, da cultura, do esporte-lazer e do meio ambiente, haja
vista a relevância dessas áreas para a valorização da cidadania e da capacidade
que a relação entre elas tem de proporcionar uma efetiva inclusão social da
população a ser beneficiada.
A educação é vista como um processo capaz de construir uma sociedade
mais justa, libertando o homem de determinismos e fazendo-o reconhecer o papel
da história e da identidade cultural como práticas pedagógicas importantes à
concretização de uma vida melhor para todos. Respeitando a história e a
identidade cultural de cada povo, é possível o fortalecimento da cidadania, na
medida em que se garante uma verdadeira comunicação entre atores sociais que
compartilham de uma mesma existência. A educação é, portanto, o caminho para
o conhecimento do mundo e da realidade, capaz de levar o homem à
transformação.
A união entre educação e cultura é algo intrínseco a todo processo de
transformação de uma dada realidade. Essa relação é libertadora; traz para as
pessoas informação e conhecimento, além de instigar a criatividade e de
proporcionar, também, momentos lúdicos e de entretenimento. Mas o mais
importante a ser destacado nessa relação, é a necessidade de se democratizar o
acesso de populações carentes aos bens culturais de um povo. É preciso ir além
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dos espaços elitizados já existentes, que em muitas ocasiões restringem o
consumo da produção cultural de um lugar somente a uma pequena parcela da
sociedade, ou seja, àquela que possui condições econômicas de consumo. É
preciso, sobretudo, proporcionar aos cidadãos e cidadãs experiências culturais de
aprendizagens.
A sociedade natalense como um todo, por exemplo, precisa alcançar a
produção cultural de sua cidade, de seu próprio povo. E para isso, são
necessárias a ampliação dos espaços voltados para a realização de atividades
culturais e a garantia da realização dessas atividades, bem como a
implementação de uma política pública capaz de garantir o acesso de populações
de baixa renda à produção cultural de Natal.
A necessidade de ampliação de espaços voltados para o entretenimento da
população natalense não é uma demanda que se restringe somente à área
cultural. Ela se estende às questões relacionadas ao esporte-lazer e ao meio
ambiente. Estas devem ser vistas como fatores que também contribuem ao
desenvolvimento sustentável e à inclusão social.
A garantia de acesso da população de uma cidade ao esporte-lazer é um
indicador de valorização da cidadania, uma vez que oportuniza aos cidadãos e
cidadãs a possibilidade do cuidado com o corpo e um convívio comunitário em
torno da prática desportiva, oferecendo, ao mesmo tempo, entretenimento e saúde
pública. Além disso, é mais uma alternativa para a ascensão profissional de
atletas e esportistas.
Ainda nesse âmbito, a preservação ambiental é um item de considerável
relevância para o mundo atual. Vivemos no limiar de um colapso ambiental, dado
o desgaste histórico dos recursos naturais oriundo de um modelo de
desenvolvimento predatório. Com a adoção do modelo de desenvolvimento
sustentável,
as
administrações
públicas
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comprometidas
com
uma
nova
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metodologia de intervenção tentam dar conta dessa problemática ambiental,
criando estratégias de preservação e/ou de conservação.
Unindo
essas
duas
questões,
a
do
esporte-lazer
e
a
da
preservação/conservação ambiental, no caso específico da cidade do Natal,
podemos observar uma favorável ambiência ao desenvolvimento dessas
atividades, na medida em que a cidade possui uma demanda expressiva para a
construção de equipamentos sociais voltados à prática desportiva, principalmente
junto à população juvenil; bem como um eloqüente conjunto de recursos naturais,
geralmente explorados pela atividade turística.
Natal é uma cidade onde prevalece a prática de um turismo que privilegia os
recursos naturais da cidade. Situada numa região rica em praias, dunas, rios,
vegetação, dentre outros atributos, a capital do Rio Grande do Norte carece,
contudo, de espaços onde se possa conhecer mais sobre esses recursos naturais
e estabelecer dinâmicas de educação sanitária e ambiental.
Assim, pelo caminho da integração entre agentes institucionais e ações
práticas, os governos comprometidos com o bem-estar dos cidadãos e cidadãs
podem mudar, com sustentabilidade, realidades caóticas de comunidades
carentes, promovendo a redução das desigualdades sociais, a requalificação
urbana e ambiental de áreas degradadas e a inclusão social de sua gente.
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Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2000 (Coleção Leitura).
OLIVEIRA, Juliano Varela de. A participação no desenvolvimento sustentável.
Natal: Base de Pesquisa Estado e Políticas Públicas/UFRN; Fundação Konrad
Adenauer Stiftung, 2001.
PAULICS, Veronika (org). 125 dicas para a ação municipal. São Paulo: Polis,
2000.
XAVIER, Hélia Nacif. Regularização de favelas e loteamentos na pauta dos
municípios. In: Curso Regularização Fundiária e Urbanística de
Assentamentos Irregulares. Natal: IBAM, 2005.
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