N.º 12 • outubro 2015
Resultados das empresas não financeiras da Central
de Balanços – 2014 e 1.º semestre de 2015
Na presente edição do Boletim Estatístico, o Banco de Portugal divulga os resultados das empresas não financeiras da
1
Central de Balanços que incorporam os dados da Informação
Empresarial Simplificada (IES) referentes a 2014 e os principais
desenvolvimentos observados para o ano acabado no primeiro semestre de 2015.
Caracterização das empresas não
financeiras
Em 2014, de acordo com as estimativas da Central de Balanços, existiam cerca de 370 mil empresas não financeiras em
2
Portugal . As “pequenas e médias empresas” representavam
cerca de 99,3% deste universo, correspondendo a 54,3% do
total do ativo das empresas não financeiras e 54,9% do total
dos rendimentos (Gráfico 1).
Gráfico 1
Repartição por dimensão e setor das empresas em 2014
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Pequenas e médias empresas
Grandes empresas
Empresas privadas por dimensão (exclui SGPS)
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
O agregado dos “outros serviços” representa cerca de 44,6%
do total das empresas não financeiras, com um peso de
26,6% no total do ativo. Este agregado inclui, entre outras
atividades, o alojamento e restauração, as atividades de
informação e comunicação e as de consultoria técnica e
administrativa. Por seu turno, o setor do “comércio” apresentou o maior peso no total dos rendimentos (36,5%), apesar de corresponder a apenas 14,9% do total do ativo e a
27,6% do total das empresas não financeiras (Gráfico 1).
1
As estatísticas da Central de Balanços têm subjacente uma metodologia de
compilação que visa, a partir da informação recolhida junto de um conjunto
de empresas, inferir os resultados para o universo das empresas não financeiras em Portugal. Para mais informação sobre a metodologia de compilação desta informação, aconselha-se a consulta do Suplemento 2/2013 ao
Boletim
Estatístico
de
outubro
de
2013,
disponível
em
http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/PublicacoesEstatisticas/ Biblioteca%20de%20Tumbnails/Suplemento-2-2013.pdf.
2
Não considerando as empresas da secção A da CAE – Rev3: Agricultura,
produção animal, caça, floresta e pesca.
5%
0%
Indústrias
Electricidade,
gás e água
Construção
Comércio
Transportes e
armazenagem
Outros
Serviços
SGPS
Empresas privadas por setor de ativ. económica
Número de empresas
Total do ativo
Total dos rendimentos
Estrutura do balanço
O total do balanço das empresas não financeiras em Portugal
reduziu cerca de 17,6 mil milhões de euros em 2014 em relação ao ano anterior, o que representa uma variação negativa
de 3,2%. Esta redução do balanço deveu-se, em grande medida, à restruturação iniciada em 2014 no setor das telecomunicações.
Do lado dos ativos, a redução observa-se essencialmente nos
investimentos financeiros, tendo sido parcialmente compensada por aumentos de caixa e depósitos bancários e de outros
ativos.
2
NOTA DE INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA • outubro 2015
Gráfico 3
Capital próprio / total do ativo – em percentagem
Empresas
públicas
vs.
privadas
Do lado do capital próprio e passivo é de destacar o decréscimo observado nos financiamentos obtidos e nos outros passivos (Gráfico 2).
Empresas privadas por setor de
atividade
Gráfico 2
Decomposição da variação do balanço em 2014, por instrumento – em milhões de euros
5 000
0
-5 000
-10 000
Empresas
privadas
por
dimensão
(excl.
SGPS)
-15 000
-20 000
Empresas privadas
Empresas públicas (1)
SGPS
Outros serviços
Transportes e armazenagem
Comércio
Construção
Eletricidade, gás e água
Indústrias
Pequenas e médias empresas
Grandes empresas
TOTAL
-25 000
Total
Imobilizado,
Investimentos
inventários e
financeiros
ativos biológicos
Clientes
Caixa e
depósitos
bancários
Outros ativos
0
10
2013
20
30
2014
40
50
60
jun 2015
(1) Empresas públicas não incluídas nas Adm. Públicas
5 000
Rendibilidade bruta do capital
investido
0
-5 000
-10 000
3
Em 2014, a rendibilidade bruta do capital investido (EBITDA
4
/ capital investido ) das empresas não financeiras apresentou um ligeiro aumento de 0,2 p.p. em relação ao ano anterior, atingindo os 7,7% (Gráfico 4).
-15 000
-20 000
-25 000
Inst. de
Participantes
Outros
crédito e soc. e participadas financiadores
fin. e merc. de
val. mob.
Total
Capital
Próprio
Financiamentos obtidos
Fornecedores
Outros
passivos
A autonomia financeira (capital próprio / total do ativo) das
empresas não financeiras em Portugal aumentou de 32,8%,
em 2013, para 33,3% em 2014.
O aumento da autonomia financeira foi observado na maioria
dos setores de atividade, com exceção dos setores dos
“transportes e armazenagem” e dos “outros serviços”. As
“pequenas e médias empresas” registaram uma autonomia
financeira de 29,7%, mais 1,4 p.p. do que em 2013. Por sua
vez, as “grandes empresas” apresentaram em 2014 um
decréscimo da autonomia financeira de 1,8 p.p. face ao ano
anterior, situando-se em 31,6%.
No primeiro semestre de 2015, a autonomia financeira das
empresas não financeiras voltou a aumentar, situando-se em
33,7%. Neste semestre, as “indústrias” registaram uma ligeira
redução na sua autonomia financeira e as “sociedades gestoras de participações sociais (SGPS)” e o “comércio” mantiveram o valor, tendo-se observado aumentos para os restantes
setores de atividade (Gráfico 3).
A informação disponível para o primeiro semestre de 2015
indica um aumento de 0,9 p.p. da rendibilidade bruta do
capital investido, para 8,6%. Este aumento, por comparação
ao final de 2014, foi observado para a generalidade dos
setores, com exceção do setor da “eletricidade, gás e água”
e das “SGPS”. O aumento mais expressivo verificou-se no
setor dos “outros serviços”, resultado, em parte, da restruturação operada no setor das telecomunicações, em 2014.
3
O EBITDA corresponde ao resultado antes de depreciações e amortizações, de juros suportados e de impostos.
4
O capital investido corresponde à soma do capital próprio com os financiamentos obtidos.
NOTA DE INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA • outubro 2015
Empresas
privadas
por
dimensão
(excl.
SGPS)
Empresas privadas por setor de
atividade
Empresas
públicas
vs.
privadas
Gráfico 4
EBITDA / capital investido – em percentagem
nuado a reduzir-se para 3,5%, no primeiro semestre de
2015. Nas “grandes empresas” registou-se uma tendência
análoga em 2015 com um decréscimo deste indicador para
4,5%, após o mesmo se ter mantido inalterado de 2013 para
2014 (4,7%) (Gráfico 6).
Empresas privadas
Empresas públicas (1)
SGPS
Outros serviços
5
Transportes e armazenagem
Comércio
Construção
Eletricidade, gás e água
Indústrias
Pequenas e médias empresas
Grandes empresas
TOTAL
0
(1) Empresas públicas não incluídas nas Adm. Públicas
3
5
2013
10
2014
15
jun 2015
A variação da rendibilidade bruta do capital investido em
2014 resulta, quer do ligeiro aumento do EBITDA, quer da
redução dos financiamentos obtidos. Apesar do incremento
verificado na margem bruta e nos outros rendimentos, o
aumento também observado nos gastos com pessoal e nos
outros gastos resultou num crescimento pouco expressivo
do EBITDA (Gráfico 5).
Em 2014, a pressão financeira também diminuiu face a
2013, principalmente por via de um decréscimo nos juros
suportados tendo o rácio entre o EBITDA e os juros suportados passado de 3,3 para 3,6. Destaca-se o decréscimo verificado nas “pequenas e médias empresas”, tendo o rácio
aumentado de 2,8, em 2013, para 3,5 em 2014. Esta evolução foi mais acentuada no primeiro semestre de 2015 com o
indicador a fixar-se em 4,1.
Gráfico 6
Juros suportados / financiamentos obtidos (em percentagem) e rácio EBITDA / juros suportados
6
5
2013 2014
juros
suportados /
fin. obtidos
Gráfico 5
Decomposição da variação do EBITDA em 2013 e 2014, por
instrumento – em milhões de euros
jun 2015
2013
2014
4
2013
2014
jun 2015
jun 2015
6 000
4 000
3
2
2 000
3
4
5
6
EBITDA/juros suportados
Pequenas e médias empresas
0
Grandes empresas
Total
-2 000
-4 000
-6 000
2013
2014
Margem bruta*
Gastos com o pessoal
Outros rendimentos
EBITDA
Outros gastos
* Margem bruta = Volume de negócios – custo das mercadorias vendidas e
matérias consumidas – fornecimentos e serviços externos
Custo do financiamento e pressão
financeira
O custo do financiamento (juros suportados / financiamentos obtidos) apresentou uma redução em 2014 e situou-se
em 4,0%, o que compara com 4,2% no ano anterior. Nas
“pequenas e médias empresas” o custo do financiamento
passou de 3,8%, em 2013, para 3,7%, em 2014, tendo conti-
Prazos médios de pagamentos e de
recebimentos
Em 2014, os prazos médios de pagamentos e de recebimentos reduziram-se em 5 e 3 dias, situando-se, no final do ano,
respetivamente, nos 67 e 66 dias. No primeiro trimestre de
2015 manteve-se o diferencial entre os prazos médios de
pagamentos e de recebimentos, observando-se no segundo
trimestre do ano um ligeiro aumento (Gráfico 7).
5
Percentagem do EBITDA absorvida pelos juros suportados, inverso do
rácio EBITDA/juros suportados. Um aumento (diminuição) do rácio
EBITDA/juros suportados, i.e., deslocação para a direita (esquerda) no
gráfico, significa uma diminuição (aumento) da pressão financeira.
4
NOTA DE INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA • outubro 2015
Gráfico 7
Prazos médios de pagamentos e de recebimentos (número
de dias)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II
2007
2008
2009
Diferencial
2010
2011
2012
Recebimentos
2013
2014
2015
Pagamentos
6
O financiamento líquido por dívida comercial em percentagem do total do ativo tem-se mantido relativamente estável
ao longo de 2014 e 2015, em torno dos -2%. Observou-se,
contudo, neste período, um ligeiro incremento do peso dos
clientes e dos fornecedores no total do ativo (Gráfico 8).
Gráfico 8
Peso dos fornecedores e dos clientes no total do ativo (em
percentagem)
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II
2007
2008
2009
Diferencial
6
2010
2011
Clientes
2012
2013
2014
2015
Fornecedores
Corresponde à diferença entre o saldo de fornecedores e o saldo de clientes.
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