Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz
63º Fórum Temático
08 de abril de 2008 / Palas Athena/MASP
EM QUE MUNDO ESTAMOS?
Ubiratan D’Ambrosio
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CONHECIMENTO
1
O PARADOXO DA CIVILIZAÇÃO
MODERNA.
A certeza das disciplinas da modernidade, a
partir do século XVII, conduziu a
humanidade a uma civilização paradoxal:
•
uma capacidade inimaginável de agir
sobre o planeta e sobre a vida, interferindo
e criando;
•
ao mesmo tempo, uma incapacidade
total de manter os elementos básicos de
sustentabilidade da vida em sociedade.
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Robot levando flores a Karol Kapek
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A CULTURA DO EXTERMÍNIO
Vivemos uma cultura de extermínio do
indivíduo, da natureza, de grupos de
indivíduos organizados como famílias,
comunidades, agremiações e de
grupos sociais organizados como
nações.
É uma cultura de aceitação de extermínio
corporal e emocional de indivíduos, de
conflitos grupais, de destruição
devoradora da natureza e de guerras.
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NECESSIDADE DE
UMA CULTURA DE PAZ
Para evitar a destruição total da
civilização, é prioritário que toda a
humanidade esteja imersa numa cultura
de PAZ.
Entendo PAZ nas suas várias dimensões:
PAZ INDIVIDUAL,
PAZ SOCIAL,
PAZ AMBIENTAL ,
PAZ MILITAR.
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O QUE É CULTURA?
A cultura de um grupo social é
caracterizada pela reunião de
• conhecimentos compartilhados pelos
indivíduos desse grupo;
• comportamento compatibilizado entre
os indivíduos do grupo;
• sistema de valores acordados pelos
indivíduos do grupo.
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CONHECIMENTO,
COMPORTAMENTO e VALORES
Conhecimento, comportamento e valores
são gerados, organizados intelectual e
socialmente e difundidos ao longo da
história de um grupo, segundo um
“ciclo helicoidal”, um processo
gradativo e progressivo de
transformação e de mudança de estado
ou condição.
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Em outros momentos da história, a
situação também mostrou-se grave.
Mais recentemente, na transição da Idade
Média para o Renascimento, foi a peste
negra, que eliminou mais da metade da
população européia.
Mas, apesar de ser a época da primeira
globalização planetária resultante da
navegação, a peste restringiu-se à
Europa.
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A peste e diversos outros fatores,
particularmente a emergência de um
capitalismo planetário, deram origem a um
novo sistema de conhecimento, que passou
a ser conhecido como Ciência Moderna.
Mas, os instrumentos intelectuais e materiais
desenvolvidos com base na Ciência
Moderna tornaram possível o domínio total
de nações por nações, de indivíduos por
indivíduos e a subordinação dos recursos
naturais aos desígnios e interesses dos
homens.
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Esse é o grande equívoco da
Modernidade,
que nos convida a procurar outros
sistemas de conhecimento, nos quais
esteja implícito um sentido de
humanidade.
Na sua evolução, a Ciência Moderna e
suasimplicações, particularmente a
tecnologia e a economia, revelam a
remoção paulatina de uma ética maior.
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A cultura de extermínio que hoje nos
ameaça é o resultado da remoção paulatina
de considerações sobre uma
ÉTICA MAIOR,
que tem como foco a continuação da
vida no seu sentido mais amplo.
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A possibilidade de transitarmos da cultura
de extermínio para a cultura de paz
depende de uma revisão crítica dos
fundamentos do sistema de conhecimento
denominado Ciência Moderna.
A postura transdisciplinar e transcultural
pode ser uma possibilidade de
desenvolvimento de um novo sistema de
conhecimentos.
Espera-se que um novo sistema de
conhecimento permita construir uma
civilização sustentável.
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Uma civilização só será
sustentável se
atingir um estado de
PAZ TOTAL.
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Entendo PAZ TOTAL como um conceito
considerado em suas múltiplas
dimensôes:
PAZ INDIVIDUAL
PAZ SOCIAL
PAZ AMBIENTAL
PAZ MILITAR.
Nossa responsabilidade é atingir o
estado de PAZ TOTAL.
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A PAZ TOTAL será possível se
• Evitarmos a escassez de recursos
(alimentos, água, energia);
• Eliminarmos a pobreza;
• Conseguirmos obter igualdade de acesso
a recursos da modernidade;
• Racionalizarmos modelos de produção e
consumo;
• Democratizarmos a governança e a
distribuição de responsabilidades;
• Humanizarmos os sistemas urbanos.
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A SITUAÇÃO ATUAL
Um levantamento, feito pela Stanford University,
na transição para o século XXI, mostra que
percentualmente a população do planeta é:
DEMOGRAFIA:
57% asiáticos
21% europeus
14% do hemisfério ocidental (Américas)
8% africanos
70% não-brancos
30% brancos
52% mulheres
48% homens
RELIGIÃO:
70% não-católicos
30% católicos
POBREZA:
80% moram em casas abaixo do desejável
20% moram em casas boas e ótimas
50% são desnutridos
50% são nutridos
RIQUEZA:
6% pessoas [todas dos Estados Unidos] têm
59% de toda a riqueza do mundo.
94% pessoas dividem os demais 41% da riqueza.
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EDUCAÇÃO:
70% analfabetos
30% alfabetizados
1% tem nível superior
99% não tem nível superior
1% tem um computador
99% não tem computador
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Todos esses focos estão contemplados
numa conceituação do que é vida, e em
uma ética maior cujo objetivo é dar
continuidade à vida.
MAS O QUE É VIDA?
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PONTO DE PARTIDA: VIDA.
ORIGEM DA VIDA ?????
VIDA é um fato e se realiza pela existência
solidária de seis elementos: indivíduo, um
outro indivíduo, a natureza (no sentido
amplo, cósmico) e as relações entre
esses três. metaforicamente como um
TRIÂNGULO PRIMORDIAL.
A realidade refere-se a todos os elementos
do triângulo.
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O TRIÂNGULO PRIMORDIAL
INDIVÍDUO
NATUREZA
O OUTRO (s)/SOCIEDADE
As relações [lados] resultam de princípios
de fisiologia [alimentação, cruzamento,...]
e de ecologia.
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A continuidade da vida depende de
manter a integridade do TRIÂNGULO
PRIMORDIAL.
A morte (imediata ou remota) se dá pelo
desaparecimento de qualquer dos seis
elementos do TRIÂNGULO PRIMORDIAL.
VIDA é identificada com a
integridade do
TRIÂNGULO PRIMORDIAL.
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Uma ÉTICA MAIOR, que tem como foco a
continuação da vida no sentido amplo,
isto é, que visa manter a integridade do
TRIÂNGULO PRIMORDIAL, é ancorada
em:
• RESPEITO pelo outro com todas as
diferenças [inevitáveis, pois qualquer
indivíduo e qualquer outro são
diferentes];
• SOLIDARIEDADE com o outro;
• COOPERAÇÃO com o outro.
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O indivíduo não é autônomo, depende
∙ da natureza para a sua sobrevivência
e
∙ do outro para dar continuidade à
espécie.
Essa dependência é resolvida por
princípios da fisiologia e da ecologia,
e é ativada pelo que se chama
instinto, que se exerce aqui e agora.
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A especificidade da espécie humana,
com relação a outras espécies, é que
além da busca de
sobrevivência
(= manutenção da integridade do
triângulo primordial),
o ser humano busca
transcendência
(= ir além do aqui e agora)
e subordina o instinto à sua
VONTADE
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Como estratégia para conseguir
sobrevivência e transcendência,
exerce sua vontade sobre os
lados (relações) do triângulo
primordial,
acrescentando mediações nessas
relações.
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AS MEDIAÇÕES NAS RELAÇÕES DO
TRIÂNGULO PRIMORDIAL
instrumentos
INDIVÍDUO
NATUREZA
comunicação
emoções
trabalho
poder
O OUTRO/SOCIEDADE
AS RELAÇÕES [LADOS] AGORA
INCLUEM AS INTERMEDIAÇÕES.
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INDIVÍDUO
NATUREZA
O OUTRO / SOCIEDADE
VONTADE
instrumentos
INDIVÍDUO
comunicação
emoções
NATUREZA
trabalho
poder
O OUTRO / SOCIEDADE
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Os sistemas de comportamento e de
conhecimento resultam das tentativas de
explicar os pulsões básicos da existência
humana e a
VONTADE
que alimenta a busca de
SOBREVIVÊNCIA
e de
TRANSCENDÊNCIA
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QUESTÃO MAIOR:
Explicar os pulsões básicos de
SOBREVIVÊNCIA
e de
TRANSCENDÊNCIA
e o ser humano como agente
(VONTADE) na ativação do
triângulo primordial ampliado para
a satisfação desses pulsões.
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Entender a natureza humana é
entender os seis elementos do
triângulo primordial mais as
cinco intermediações, e mais o
ponto de partida, isto é,
• o fenômeno vida: sobrevivência,
• a essência da especificidade da
espécie humana: transcendência,
• a ligação entre ambos: vontade.
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HÁ ESPERANÇA?
Nada impedirá à humanidade
e ao potencial humano
de evoluir, a partir de um caos renovado,
em direção a algo magnífico.
(D.H. Lawrence)
Ubiratan D'Ambrosio: Transdisciplinaridade,
Editora Palas Athena, São Paulo, 1997.
Ubiratan D'Ambrosio: A Era da Consciência,
Editora Fundação Peirópolis, São Paulo, 1997.
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