Processos de Remediaçao de solos contaminados – Modulo2
Prof. Denize D.Carvalho
BIODEGRADAÇÃO DE CONTAMINANTES AMBIENTAIS – CONCEITOS
Biodegradação
Troca produzida por um sistema biológico de uma substância orgânica em uma outra,
independentemente da extensão da mudança.
Biotransformação
Quando a mudança é pequena, isto é, quando a molécula é transformada em uma outra
estruturalmente relacionada, o processo chama-se biotransformação.
Biodegradação primária
Quando a substância orgânica perde somente uma propriedade específica em decorrência
da ação de um sistema biológico.
Mineralização/Biodegradação final (ultimate biodegradation)
Quando a biodegradação se estende até a conversão total dos compostos orgânicos em
biomassa, dióxido de carbono, água, sais minerais, etc..
Biodisponilididade
Para que ocorra a biodegadação de qualquer substância é necessário que haja o contato
entre esta e os microrganismos responsáveis pela sua degradação. A substância deve estar
acessível aos microrganismos.
Concentração Residual.
Algumas vezes é relatada a presença de uma fração residual não degradada no solo mesmo
quando empregadas condições ótimas para a biodegradação durante o tratamento.
Esse fato sugere que nem todos os poluentes seguem o mesmo destino durante o processo
de biorremediação: uma parcela da contaminação parece ser degradada em menor taxa que
a observada para outros componentes.
Como conseqüência, depois de um período inicial do tratamento biológico, quando uma
apreciável remoção é observada, a concentração de poluentes parece estabilizar em um
valor que pode ser chamado de concentração residual.
Uma das hipóteses mais aceitas propõe que no fenômeno de transferência dos poluentes
está envolvida uma etapa limitante.
Nessas circunstâncias, a concentração residual depende, principalmente, das características
do solo e do agente da contaminação (WILLIAMSON et al., 1997 apud NOCENTINI et
al., 2000).
Substâncias persistentes/recalcitrantes
Denomina-se persistente uma substância que não apresenta biodegradação sob
determinadas condições impostas. Quando uma substância é resistente à biodegradação sob
qualquer condição denomina-se recalcitrante. Na prática é difícil distinguir persistência de
recalcitrância.
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Diversos compostos orgânicos, tanto de baixo quanto de alto peso molecular, ou materiais
poliméricos, persistem por longos períodos em solos, subsolos, aqüíferos subterrâneos,
águas superficiais e sedimentos aquáticos.
Alguns dos locais contendo esses compostos são tão ricos em substâncias tóxicas que a
persistência pode ser atribuída à incapacidade dos microrganismos de crescerem e proceder
a biodegradação em presença de toxinas.
Entretanto, muitas moléculas persistentes estão localizadas em ambientes, nos quais os
microrganismos encontram condições adequadas a sua proliferação e atividade metabólica.
Nesse caso, a ausência de biodegradação não pode ser atribuída a condições inibitórias para
a vida microbiana.
A consideração de razões para a persistência deve incluir as parcelas de contribuição de
fatores químicos, microbiológicos e ambientais (ALEXANDER, 1994).
Os compostos que apresentam longa vida na natureza podem ser separados em várias
categorias:
-
Moléculas que parecem ser totalmente resistentes ao ataque microbiano e que não são
metabolizadas sob quaisquer condições, até o presente momento;
-
Compostos que são lentamente metabolizados na natureza. Estes podem ser
rapidamente destruídos por elevada densidade celular de bactérias ou grandes
biomassas fúngicas. No entanto, nos habitats naturais (solos) dos microrganismos não é
comum este rápido crescimento da biomassa;
-
Compostos que são rapidamente destruídos em alguns ambientes ou sob certas
circunstâncias, mas persistem em outros ambientes ou circunstâncias.
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Aspectos que levam à persistência de uma substância no ambiente
1) Inexistência de organismos ativos
Dados os milhões de compostos existentes atualmente, é razoável pensar que a
evolução bioquímica ainda não foi capaz de gerar enzimas capazes de catalisar
modificações na maioria desses novos sintéticos.
Enzimas são consideravelmente específicas para as moléculas nas quais atuam e a despeito
de centenas de milhões de anos de evolução bioquímica, existe apenas um número limitado
de rotas metabólicas.
As enzimas atuam nos substratos que os microrganismos vêm encontrando durante seu
caminho evolutivo. Mas, a especificidade não absoluta das enzimas é, provavelmente, a
base para a transformação de várias novas moléculas sintéticas.
Mesmo assim, se não existir nenhuma enzima compatível para uma determinada
substância, também não existirá nenhum organismo capaz de modificá-la (MADIGAN et
al. 2000).
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2) Impermeabilidade da Célula
As enzimas responsáveis pela biodegradação de diversos compostos são
exclusivamente intracelulares, e se o substrato potencial não atravessar a membrana celular
e penetrar no interior do microrganismo, onde se encontra a enzima, nenhuma reação irá
ocorrer.
Os estágios iniciais do metabolismo de certas moléculas, principalmente as de elevado peso
molecular, são catalisados por enzimas extracelulares.
Entretanto, se não existir nenhuma enzima extracelular que possa gerar compostos aos
quais a membrana celular seja permeável, a substância original será recalcitrante.
O peso molecular não é o único fator determinante para a permeação através da membrana
celular, a configuração da molécula e suas propriedades químicas podem evitar o transporte
desta para o interior da célula (MADIGAN et al. 2000).
3) Inacessibilidade do sítio da molécula potencialmente ativado enzimaticamente
Uma determinada parte da enzima (conhecida como sítio ativo) deve se combinar
com o substrato para a reação ocorrer e o sítio específico na molécula onde a reação ocorre
deve estar acessível.
Alguns compostos, como alcanos e ácidos graxos de cadeia longa são ativados na
extremidade terminal das moléculas, mas essa extremidade pode estar inacessível como
conseqüência da dobra ou enrolamento das mesmas, sendo uma possível razão pela qual
alguns polímeros sintéticos resistem à degradação microbiana.
Outros compostos podem estar protegidos por conterem um substituinte que impeça,
estericamente, a enzima de se combinar com o provável substrato.
Além disso, moléculas de alto peso molecular possuem um grande número de ligações
cruzadas, que podem mascarar a região da molécula que será reconhecida pelo sítio ativo
da enzima (ALEXANDER, 1994).
4) Ausência de indução das enzimas requeridas
Enzimas envolvidas em processos fisiológicos particulares podem apresentar-se ativas no
organismo, independente da presença do substrato (enzimas constitutivas), ou podem ser
sintetizadas apenas em presença do substrato.
Porém, a concentração do substrato (ou outro indutor) na fase aquosa pode estar muito
baixa para promover a formação da enzima. O que pode ocorrer quando o composto estiver
adsorvido ou presente em uma fase líquida não aquosa (NAPL) (MADIGAN et al. 2000).
5) Fatores Ambientais
Compostos químicos podem persistir não por serem intrinsecamente refratários, mas por
algum fator ambiental que impeça sua rápida destruição. Se o crescimento microbiano é
necessário para uma biodegradação significativa, todos os nutrientes devem estar presentes
e biodisponíveis. Incluindo, íons inorgânicos, água, oxigênio ou outro aceptor final de
elétrons etc.
O ambiente, também, deve estar livre de toxinas em níveis suficientemente altos para
prevenir o crescimento ou a atividade dos microrganismos.
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Os inibidores podem ser orgânicos, cátions metálicos, ou sais presentes em altas
concentrações. Mas, algumas vezes, a perda de atividade é resultado de pH inadequado
(alto ou baixo demais) (BENDING et al., 2003).
A baixa disponibilidade ou total perda da biodisponibilidade de um composto pode ser a
maior responsável pela persistência deste no meio ambiente.
A molécula pode não estar disponível por estar adsorvida às partículas de solo, ou por estar
presente em fases líquidas não aquosas (NAPLs), ou estar aprisionada em microambientes
não acessíveis para bactérias e fungos.
Um composto presente em concentração insuficiente para sustentar o crescimento
microbiano também torna-se persistente.
Monooxigenase
H
CoA
OH
Benzeno Epóxido
OH
Catecol
OH
+
H
H
Benzeno
OH
H
O
NADH
OH
Catecol
Dioxigenase
OH
O
O
OH
Catecol Dioxietano
(hipotético)
OH
C
C
O
O
OH
Cis, cis-muconato
Figura 1- Papel das oxigenases no catabolismo de compostos aromáticos.a) Hidroxilação de
benzeno a catecol por ação da monooxigenase. b) Clivagem do catecol a cis, cis-muconato
por ação da dioxigenase. (MADIGAN, 2000)
XENOBIÓTICOS
- Compostos estranhos (estruturas ou propriedades incomuns) para os sistemas
enzimáticos existentes
- Compostos orgânicos sintetizados pelo homem
- Não ocorrem naturalmente
- Tipicamente recalcitrantes à biodegradação
RECALCITRÂNCIA
Ocorre quando um composto é pobremente, ou não é, hidrolisado/degradado por enzimas
microbianas.
Possíveis razões:
- oligomerização (ex.: celulose, poliestireno, lignina) , substituição com cloro, grupos
nitro e sulfo e ramificações e número crescente de substituições e falta
biodisponibilidade.
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FATORES CONTROLADORES DA BIODEGRADAÇÃO
Fatores físicos
-
Estado físico do contaminante: solubilizado, adsorvido, emulsionado
-
Temperatura
-
Pressão
-
Modelo de fluxo, agitação em sistemas fechados
Fatores químicos
-
pH
-
Nutrientes (N, P, K, etc.)
-
Concentração e velocidade de fornecimento de oxigênio
-
Concentração do contaminante/velocidade de aplicação do material contaminado no sistema de
tratamento
-
Tipo e quantidade relativa dos contaminantes (componentes principais associados)
-
Umidade
-
Tipo de solo: textura, conteúdo de matéria orgânica
Fatores biológicos
-
Tipos de microrganismos presentes
-
Concentração de microrganismos degradadores
Distribuição de grupos microbianos no solo
Profundidade
Bactérias
Bactérias
(m)
Aeróbias
anaeróbias
0 – 10
1,1x106
6
10 – 12
1,1x10
12 – 20
3,2x105
20 – 40
50– 100
2,0x10
4,6x10
2
Actnomicetos
Fungos
Algas
Protozoários
1,0x103
1,1x104
3,0x105
500
640
4
4
5
5000
320
7,0x10
1,6x10
1,7x10
1,8x105
1,2x104
7,8x104
100
40
7,0x10
5
7,2x10
3
1,5x10
4
100
10
1,0x10
4
2,0x10
2
2,0x10
3
0
0
Actinomicetos
Fungos
6
5,9x104
Influência do tipo de solo sobre a população microbiana
Solo
pH
Bactérias
6
Argiloso
7,6
2,2x10
1,7x10
Tropical
4,4
1,3x105
7,5x104
2,5x105
Arenoso
3,8
1,6x104
2,2x104
1,2x105
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BIORREMEDIAÇÃO
A biorremediação é um processo de tratamento que utiliza microrganismos que degradam e
transformam compostos orgânicos existentes nos solos contaminados, aqüíferos, lodos e resíduos,
em compostos menos complexos e mais facilmente degradáveis, podendo-se chegar até a sua
mineralização, ou seja, os compostos originais podem ser degradados a H2O, CO2 E / OU CH4.
Processos de biorremediação ou biodegradação vem sendo cada vez mais utilizados na área de
tecnologia ambiental.
No tratamento de solos a ênfase inicial era voltada para o uso de técnicas físico-químicas (térmicas
e de extração), porém desde 1994, vem aumentando o interesse por técnicas alternativas como os
tratamentos biológicos.
Os métodos físicos tais como adsorção, filtração ou extração são eficientes para muitos rejeitos, mas
freqüentemente prescindem de um tratamento adicional, posto que o rejeito é separado mas não é
destruído.
A incineração é um método eficiente, no entanto, exige um investimento elevado, requer o controle
cuidadoso dos efluentes gasosos gerados, onerando ainda mais o processo, bem como, gera um
resíduo final, cuja destinação deve ser adequada.
A biorremediação é uma opção de tratamento viável, de baixo custo e que pode ser implementado
em campo ou em sistemas fechados.
CONCEITOS
Em termos gerais, o comportamento dos contaminantes no solo depende das suas características
físico-químicas, dentre as quais destacamos densidade, solubilidade, viscosidade, além das
características do meio que o rodeiam tais como: tipo de solo, permeabilidade, tamanho de
partículas, teor de umidade e de matéria orgânica, assim como a profundidade do lençol freático.
Outros fatores climáticos como temperatura e precipitações pluviométricas, também tem grande
influência. Todas essas variáveis em conjunto, definem a distribuição tridimensional e o tamanho da
pluma de contaminação em uma zona específica.
As tecnologias de biorremediação podem ser in situ/on site são aquelas que se aplicam no próprio
sitio contaminado, e ex situ/off site quando o solo é tratado em outro lugar.
Geralmente as tecnologias in situ se empregam quando a contaminação já alcançou o nível freático
e se deve evitar que a pluma se estenda pelo aqüífero.
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As tecnologias ex situ são utilizadas quando a contaminação se apresenta somente na parte
superficial do solo.
Existem várias opções para a biorremediação, sua aplicação depende de vários fatores tais como:
profundidade da contaminação, tipo de solo, tipo e concentração dos contaminantes, a presença de
atividade microbiana, a presença de aceptores final de elétrons para a respiração microbiana e das
condições climáticas que imperam no lugar.
Essas opções são:
*Bioaumento – é utilizado quando o conteúdo de bactérias no material é muito baixo (menor que
105 bactérias/g de material em base seca) ou quando as bactérias presentes não possuem capacidade
de degradação, o método consiste basicamente na adição de bactérias exógenas que podem ser as
comerciais ou reinjetar as próprias bactérias do local após um processo de melhoria.
*Bioestimulação – consiste em adicionar nutrientes ao solo, especialmente aqueles que são
limitantes para a atividade microbiana numa concentração tal que favorece a degradação dos
contaminantes, está opção inclui também a adição de compostos inorgânicos que podem
proporcionar o oxigênio por via anóxica, como os peróxidos, óxidos ou nitratos.
*Bioventing – se refere a injeção de ar, servindo como fonte de oxigênio para as bactérias aeróbias,
pode-se aplicar vácuo para melhorar a circulação do ar.
Principais atividades antrópicas – fontes de contaminação dos solos e das águas subterrâneas.
Atividades
Fonte de contaminação
Classificação
Urbana
Vazamento de tubulações de esgoto
dispersa
Lagoas de oxidação
pontual
Lixiviação de aterros sanitários e lixões
pontual
Tanques de combustíveis enterrados
pontual
Drenos de rodovias
dispersa
Inexistência de rede coletora de esgoto
dispersa
Efluentes industriais não tratados
pontual
Derramamento acidental
pontual
Resíduos sólidos inadequadamente dispostos
pontual
Material em suspensão
dispersa
Vazamento de tubulações e tanques
dispersa
Uso indiscriminado de defensivos agrícolas
dispersa
Irrigação utilizando águas residuárias
dispersa
Industrial
Agrícola
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Lodos/resíduos
pontual
Beneficiamento agrícola
Mineração
- lagoas de efluentes
pontual
- lançamentos em superfície
dispersa
Desmonte hidráulico
dispersa
Descarga de água de drenagem
dispersa
Beneficiamento mineral
pontual
- lagoa de decantação/estabilização
Lixiviação/solubilização de resíduos sólidos
dispersa
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA BIORREMEDIAÇÃO
As tecnologias de biorremediação oferecem diversas vantagens, entre as principais se podem citar
as seguintes:
1. Geralmente são tecnologias seguras, econômicas e mais rápidas que alguns tratamentos físicoquímicos
2. Utilizam sistemas biológicos, cujo o custo é mínimo
3. O ecossistema do sítio contaminado praticamente não se altera, ao contrário geralmente se
recupera
4. Normalmente não há subprodutos, os contaminantes são realmente degradados, podendo chegar
a sua mineralização
5. Podem ser acopladas a outras formas de tratamento dependendo da remoção de poluentes
desejada.
6. Os contaminates adsorvidos ou ligados a matriz física do solo, também podem ser degradados.
7. Se a atividade microbiana não é suficiente, pode-se estimular por adição controlada de alguns
compostos requeridos pelos microrganismos (BIOESTIMULAÇÃO).
8. Quando os contaminantes orgânicos são empregados como principal fonte de carbono e de
energia pelos microrganismos, o processo se realiza com maior rapidez
Quando se trata de uma biorremediação in situ tem-se vantagens adicionais que são:
9. Eliminam-se custos de transporte, já que o tratamento se realiza no próprio local.
10. Ao utilizar a população microbiana nativa (microrganismos autóctones), elimina-se a
necessidade de se introduzir microrganismos geneticamente modificados, com potencial
desconhecido em sistemas abertos.
Apesar das vantagens as técnicas de biorremediação para limpeza do solos contaminados, existe
casos para os quais há limitações para a atividade microbiana. Isto pode ocorrer quando se tem:
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Compostos orgânicos altamente clorados
Compostos radioativos
Altas concentrações de metais pesados
Compostos tóxicos (cianureto)
Altas concentrações de contaminantes orgânicos, mesmo sendo biodegradavéis.
Além disso, é difícil precisar com exatidão o tempo necessário para a descontaminação efetiva.
Uso de processos de biorremediação em locais contaminados
Para se desenvolver um plano de ação de biorremediação deve-se primeiramente
providenciar:
-
uma avaliação do local para identificar os contaminantes e a extensão da contaminação
-
a identificação de possíveis rotas de transporte e transformação dos contaminantes;
-
considerar potenciais efeitos sobre a saúde humana e ambientais;
-
selecionar critérios de limpeza.
-
uma análise de riscos e benefícios das opções de tratamento disponíveis; e
-
formular o plano de ação de biorremediação.
CARACTERIZAÇÃO DO SÍTIO CONTAMINADO
Caracterização dos poluentes
Estudos hidrogeoquímicos
Caracterização microbiológica
Parâmetros que devem ser monitorados
Composição
Propriedades
geológicas,
Diversidade
catabólica
heterogeneidade
específica
Concentração
Condutividade hidráulica
Tamanho populacional
Solubilidade
Direção do fluxo
Atividades catabólicas
Sorção
Taxa de fluxo
Ativ. Catabólicas espec.
Biodisponibili
Nutrientes: NO3
dade
Volatilização
, PO43-, NH4+, etc.
Aceptores de elétrons:O2, NO3-,
etc.
Toxicidade
pH, Temperatura
Tipos de tratamentos
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A biorremediação in-situ tem a vantagem de apresentar baixos custos e a desvantagem de não
permitir um controle muito rigoroso do processo.
Técnicas IN SITU
Podemos empregar os conceitos de bioestimulação, bioaumento, e/ou bioventing através do
bombeamento e/ou percolação e /ou extração das águas subterrâneas, de modo a remediar a área
contaminada.
Fig. 5 – Técnicas de biorremediação IN SITU
Resumo dos processos que podem ocorrer no solo
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Técnicas EX SITU
Biopilhas
Um outro processo de biorremediação ex-situ bastante utilizado é o sistema de biopilha, na qual o
solo contaminado é escavado e colocado em pilhas (similar as leiras de compostagem de resíduos
sólidos), para que os níveis de contaminação sejam reduzidos através da atuação de
microrganismos.
Umidade, nutrientes, oxigênio, temperatura e pH podem ser controlados para estimular a atividade
degradadora dos microrganismos presentes no solo (ALEXANDER, 1994).
Figura 8 – Esquema de uma biopilha estática
Biorreatores
Levando-se em consideração que os processos relatados anteriormente apresentam como grande
dificuldade a manutenção das condições ótimas, tanto nutricionais quanto geológicas, o estudo e
desenvolvimento de biorreatores vêm sendo aplicados nos mais diferentes solos e condições,
incluindo tratamentos em condições aeróbias e anaeróbias
Os biorreatores podem ser usados tanto para tratamento de águas como de solos (reatores de
lama/soil slurry bioreactors – 20 a 40% de sólidos)
Os biorreatores podem assumir várias configurações, o que viabiliza o controle rigoroso dos fatores
abióticos, tornando possível a otimização do fenômeno da biodegradação.
Além disto, as perdas por lixiviação de metais, compostos orgânicos e mesmo de nutrientes, tão
comuns nos tratamentos IN SITU, são eliminadas, aumentando a segurança e eficácia do processo
como um todo.
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Fig. 9 - Sistema típico de tratamento em biorreator
Fitorremediação.
Uso de plantas superiores e/ou sua microbiota para eliminação de poluentes de áreas degradadas ou
minimizar seus efeitos no ambiente
ode promover a recuperação de águas e solos contaminados;
Raízes absorvem
poluentes
Poluentes são
absorvidos pelas
plantas
Rizosfera
Fig. 10 - Remoção do poluente pela própria planta - Degradação dos poluentes pelos
microrganismos presentes na rizosfera.
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Vantagens:
in situ;
s áreas;
Desvantagens:
Tecnologia depende do ciclo de vida da planta;
-se apenas à superfície do solo ou na zona radicular das plantas;
os.
Compostos Alvo:
Metais
Elementos radioativos
Outros compostos inorgânicos
3-, PO4-3;
Hidrocarbonetos
Explosivos
Solventes clorados
idas, Fertilizantes, PCB’s.
Fitoextração:

Absorção dos contaminantes pelas raízes das plantas (zona radicular);

Contaminantes são armazenados nas raízes ou são acumulados nas partes aéreas das
plantas;

Aplicada principalmente aos metais (mas pode ser usada para contaminantes orgânicos);

Plantas hiperacumuladoras;

Plantas com os contaminantes têm de ser tratadas posteriormente
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Fitovolatilização:
•
Acúmulo do contaminante pela planta e a subseqüente liberação do composto por
volatilização;
•
Processo de remoção do contaminante;
•
Produto de degradação ou a forma modificada do contaminante tem de ser menos tóxico
que o contaminante inicial;
•
Análise de risco do impacto da transferência do contaminante do solo para a atmosfera.
Fitodegradação:
•
Degradação dos contaminantes através do sistema enzimático das plantas – não depende
dos microrganismos presentes na rizosfera;
•
Principais enzimas envolvidas: Nitroredutases (nitroaromáticos), desalogenases (solventes
clorados e pesticidas), lacases (anilinas);
•
Exclusivo para contaminantes orgânicos;
•
Os contaminantes podem ser mineralizados
Rizodegradação/Fitoestimulação:

Proliferação de microrganismos na rizosfera devido a estimulação realizada através dos
metabólitos excretados pelas plantas;

População microbiana na rizosfera é heterogênea (bactérias, fungos e actinomicetos);
 Técnica limitada pela pouca profundidade da zona radicular das plantas;

Exclusivo para contaminantes orgânicos.
Fitoestabilização:

Uso da vegetação para conter os contaminantes no solo através da modificação das
condições físicas, químicas ou biológicas do solo;

Os contaminantes são incorporados a lignina, ao húmus ou são complexados, precipitdos e
aprisionados na matriz do solo;

Aplicada tanto para contaminantes orgânicos quanto inorgânicos (principalmente metais);

Requer monitoramento constante do solo.
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Rizofiltração:


Absorção, concentração e/ou precipitação dos contaminantes através do sistema radicular
das plantas;

Contaminantes em meio aquoso e, em baixas concentrações (ppb);

Aplicada principalmente a metais pesados e elementos radioativos;

Plantas com os contaminantes têm de ser tratadas posteriormente.
Avaliação da contaminação
Um aspecto chave de todo programa de descontaminação é:
Avaliar o perigo e risco associados com os contaminantes de forma a decidir a urgência da
ação de remediação
Estabelecer o grau ou extensão da eliminação; e
Adotar um método de tratamento idôneo (custo x benefício)
É necessário dispor de normas de qualidade para matrizes ambientais com finalidade de definir os
objetivos da remediação e desenhar a estratégia adequada para as alcançar.
Para estabelecer limites no conteúdo de contaminantes em diferentes matrizes usam-se três tipos de
critérios:
Valores baseados no risco humano e ambiental
Valores baseados nos níveis naturais
Valores baseados nos limites do método de detecção
Os critérios para avaliar a contaminação e estabelecer os objetivos de remediação variam
amplamente entre os países e inclusive entre os governos locais de um mesmo país.
Devido à variedade de casos encontrados, as ações de remediação e os níveis de tratamento são
determinados especificamente para cada caso em particular.
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Comparação de diferentes métodos de tratamento
Tipos de tratamento
Incineração
Custo
(US $/m3)
330-1060
Tempo
(meses)
1
Fixação
120-170
1-3
Confinamento ou Aterro
200-330
Biorremediação
50-130
18-60
Principais Problemas
Emissões para a atmosfera Alto
consumo de energia
Decomposição
Lixiviação
Transporte
Monitoramento a longo prazo
Lixiviação
Monitoramento a longo prazo
Uso permanente do terreno
Metabólitos
intermediários
e
polimerização
Tempos elevados
Liberação de microrganismos
Método
Objetivo/função
Escavação e uso de aterro afastado
da zona poluída
Escavação e uso de incineração
externa
Escavação com incineração no local
Remove todo o solo contaminado mas não o trata
Remove e trata o solo contaminado, necessita de
controle de emissões
Remove e trata todo o solo contaminado, necessita de
controle de emissões
Escavação de arraste
Remove e trata todo o solo contaminado, necessita de
(stripping)
controle de emissões
Bombeamento
de
águas Tratamento somente da água, necessita o carvão e
subterrâneas e utilização de carvão controlar as emissões
ativo ou arraste
Biorremediação in situ
Trata todo o solo contaminado local
Arraste no local (stripping)
Tratamento
Remoção do lixiviado
Solidificação Vitrificação
Processos físicos
Lavagem do solo
Lavagem físico-química
Extração com vapor
Processos químicos
Extração com solvente
Tratamentos térmicos
Dessorção térmica
Incineração
Tratamento biológicos
“Lanfarming”
“Bioventing”
Biopilhas
Custo
(US$ /yd3)
200-400
300-500
130-180
100-300
150-280
50-100
Remove contaminantes voláteis da zona insaturada, 20-25
deixando a água subterrânea sem tratamento, necessita
de controle de emissões
Custo aproximado (US $/tonelada)
> 100
50 - 525
25 – 150
50 – 175
75
50 – 600
25 – 225
50 – 1200
10 – 90
15 – 75
15 – 35
Processos de Remediaçao de solos contaminados – Modulo2
Prof. Denize D.Carvalho
Fonte: SEMPLE et al. (2001)
CUSTOS PARA O TRATAMENTO
Tipo de Tratamento
Custo US$/ton
Incineração
200 – 1.500
Extração com Solvente
360 – 440
Lavagem do Solo
80 – 200
Biorremediação
50 – 150
Fitorremediação
10 – 35
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BIODEGRADAÇÃO DE CONTAMINANTES AMBIENTAIS – conceitos