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UM ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE MULHERES EMPREENDEDORAS NO
DISTRITO FEDERAL
Prof. Dr. Alessandro Aveni ( UNB – UEG)
[email protected]
Prof. M. Sc. Carlos Neymer F. Nunes (FAC -SENAC)
[email protected]
Profa. M. Sc. Lucineide A. M. Cruz (PG – UnaM)
[email protected]
Resumo
O presente artigo tem por objetivo geral identificar as principais características
empreendedoras nas mulheres de negócios que fazem parte da Associação dos Jovens
Empresários (AJE) do Distrito Federal. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa com
mulheres com negócios inovadores e de destaque no cenário regional e também com
empreendedoras que buscaram na atividade própria um caminho para o sucesso em diferentes
segmentos, como o comércio varejista e atacadista, moda, serviços e empreendimentos
mistos. Vale ressaltar que o Distrito Federal foi o primeiro Estado a implantar a lei e conta
com um sistema informatizado que integra Receita Federal, Estado e União, no intuito de
formalizar o empreendedor, sendo o Sebrae, o órgão executor desta operação, por meio de um
sistema integrado com as diferentes esferas governamentais, de tal modo que o empreendedor
consegue, no mesmo dia, registrar a sua empresa.
No bojo dessa discussão encerra-se a conquista da mulher no mercado de trabalho,
participação esta que a cada dia é mais representativa, dado que elas possuem liberdade plena
para exercer atividade profissional há somente vinte anos, pois, até 1943, o marido poderia
pleitear a rescisão do contrato de trabalho se considerasse que este poderia acarretar ameaça
aos vínculos da família. No artigo será abordado também o tema de algumas redes de apoio às
empreendedoras, como o Banco Popular da Mulher e o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios,
assim como dados atuais de pesquisas. As empreendedoras do Distrito Federal apresentadas
neste artigo relataram como conseguiram superar este paradigma e tornar-se exemplo de
sucesso.
Palavras-Chave: Empreendedorismo. Mulher. Distrito Federal, Associação dos Jovens
Empresários.
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ABSTRACT
This article aims at identifying the main characteristics in the entrepreneurial business women
who are part of the Young Entrepreneurs Association (AJE) in Distrito Federal. For this, we
conducted a qualitative study of women with business innovators and prominent on the
regional and also with entrepreneurial activity itself seeking a path to success in different
segments such as wholesale and retail trade, fashion, services and joint ventures. Importantly,
the Distrito Federal was the first state to implement the law and has a computerized system
that integrates Revenue Service, State and Union, in order to formalize the entrepreneur, and
Sebrae, the executing agency of this operation through a integrated with the different spheres
of government, so that the entrepreneur can, on the same day, register their company.
Amid this discussion ends with the conquest of women in the labor market, this participation
that every day is more representative, since they have full freedom to exercise a professional
activity there is only twenty years, because until 1943, the husband could claim termination of
employment contract it was considered that it could cause a threat to family ties. In the article
also will address the theme of some entrepreneurial support networks, such as “Banco
Popular” and the Women's Business Woman Award Sebrae, as well as current data for
research. Distrito Federal’s entrepreneurs as reported in this article succeeded in overcoming
this paradigm and become a success story.
Keywords: Entrepreneurship. Women. Distrito Federal’s Association of Young
Entrepreneurs.
3
1. Introdução
Na área de conhecimento sobre empreendedorismo há ainda questões não aceitas para
todos. Por exemplo, quais as tipologias de empreendedor podemos encontrar? Outra é a fala
da modalidade de ser empreendedor e a última sobre as características. Antes de colocar
exemplo de empreendedorismo de mulheres do DF trata-se de colocar este breve resumo
teórico por que é à base das pesquisas. Se não entendemos o fenômeno é difícil avaliar o
resultados de campo.
A respeito das tipologias há autores como Filion que ressaltam a grande variedade de
tipos de empreendedores. Há autores clássicos como Druker que ressaltam um tipo de
empreendedorismo corporativo e outro social. Enfim a maioria coloca pelos menos quatro
categorias. São estas: o empreendedor, o intra-empreendedor, o empreendedor social e o
empreendedor do conhecimento.
O primeiro é o mais conhecido e faz parte dos estudos de economia e na ciência da
administração desde 1755. Os autores que trataram desta tipologia mais conhecidos são R.
Cantillon, J.B. Say, J. A. Schumpeter, F. Knight, I. Kirzner , P. Drucker . Pode-se colocar
aqui todo empreendedorismo corporativo (a maioria segundo Druker e outros autores dos
negócios de empreendedorismo) e o empreendedorismo pessoal ou familiar que se diferencia
de ser empresário.
O intra-empreendedorismo é definido por Nielson, Peters & Hisrich
(1985) “.... o desenvolvimento, dentro de uma grande empresa, de
mercados internos e relativamente pequenos, através de unidades
independentes projetadas para criar, testar internamente e expandir ou
melhorar certos serviços, tecnologias e métodos dentro de uma
organização. É diferente do empreendedorismo ligado a novas unidades de
negócios em grandes empresas, que tem o propósito de desenvolver ações
lucrativas em mercados externos à empresa”.
O intra-empreendedorismo é parte do sucesso da organização que conta com a
competência dos seus recursos humanos para levarem as UEN´s (Unidades Estratégicas de
Negócios) boas práticas de negócios para o seu desenvolvimento.
Outro autor, Pinchot III (1985) coloca que “Intra-empreendedores são os sonhadores
que fazem acontecer. Aqueles que assumem a responsabilidade de criar e inovar dentro de
qualquer tipo de organização. Eles podem ser os criadores ou inventores, mas são sempre os
sonhadores que entendem como transformar uma idéia em algo real e lucrativo”.
4
O empreendedorismo social coloca que deve ter uma pessoa ou mais um grupo de
pessoas quem usam as qualidades e conhecimentos empreendedores para mudanças sociais. O
empreendedor social nasce quando o indicador dele não é o lucro, mas, as mudanças sociais.
Autores como Bill Drayton, Charles Leadbeater, Muhammad Yunus são exemplos também de
empreendedores sociais.
Em geral um empreendedor social é um "indivíduo com experiência na área social,
desenvolvimento comunitário ou de negócios, que persegue uma visão desenvolvimento
econômico através da criação de empreendimentos sociais voltados para prover oportunidades
àqueles que estão à margem ou fora da economia de um país". (Jed Emerson e Fay
Twersky,1996).
Enfim, há empreendedores que visam um objetivo de crescimento de conhecimento e
pesquisa mais que os resultados de lucros típicos sujeitos dessa modalidade de
empreendedorismo são: ONG, Educadores, Pesquisadores, Institutos de pesquisa.
Pode-se encontrar com a definição de “empreendedorismo tecnológico” – que envolve a
geração de empresas de base tecnológica (EBT’s). Este vem sendo apontado em todo o
mundo como forte tendência para as próximas décadas (NDONZUAU et al., 2002;
ROBERTS, 1991). Nas universidades, a criação dos chamados spin-off’s acadêmicos – ou
EBT’s de origem acadêmica – é um fenômeno cada vez mais comum.
Nesse sentido, a mentalidade acadêmica, voltada para o avanço da ciência e a
publicação, vem sendo ampliada na direção de uma mentalidade empreendedora, focada
também em pesquisas com aplicação prática e que gerem desenvolvimento econômico e
social (PLONSKI, 1999). Sabe-se que o empreendedorismo é um fenômeno cultural, ou seja,
é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Durante muitos anos, as empresa familiares
foram vistas como se fossem fontes de sobrevivência dos membros da família. A empresa
familiar Brasileira tem origem nos fluxos migratórios entre e após as duas grandes guerras
mundiais. Os imigrantes de vários países formavam empresas, que progrediam em períodos
de desenvolvimento industrial. Hoje em dia ocorreram muitas mudanças na família e no
mercado de trabalho que permite falar de um crescimento de empreendedorismo de gênero.
Mas com a diferença de renda há diferentes maneiras de enfrentar o desafio de criar novos
negócios.
È importante ressaltar o tipo porque temos modalidades diferentes de empreender e
também situações diferentes que são o berço de cada um desses tipos. Assim em uma
pesquisa de campo no DF podemos ressaltar onde se colocam as mulheres empreendedoras.
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A respeito das modalidades de criação dos empreendimentos, nas últimas décadas há
uma retomada por economistas do precursor Schumpeter. Análises econômicas atuais tratam
de modelos de empreendedorismo que usam modelos microeconômicos e a nova geografia
econômica para explicar o fenômeno localizado. Há muitos autores1 que concordam com os
conceitos dos economistas Krugman e Romer. Estes autores sustentam teorias de
empreendedorismo que se manifestam com aglomeração de conhecimento e “spillovers” para
sustentar o crescimento endógeno, com base microeconômica. Segundo estas explicações na
verdade os “spillovers” nascem porque há conhecimentos dentro a empresa. Os
empreendedores aproveitam desses conhecimentos para criação de novos negócios, na
ausência de intra-empreendedorismo. A vantagem social nasce do fato de estes
conhecimentos não serem comercializados na empresa por falta de interesse ou recursos e
ficariam presos não acrescentando inovações no mercado e assim não beneficiando os
consumidores destas novas tecnologias. O beneficio é obviamente um aumento da
concorrência com conseguinte redução de preços.
Entretanto há sempre uma modalidade clássica que vem do conceito de ‘destruição
criativa’ de Schumpeter que é também a base de definições de autores da Administração
como Drucker, sendo o mais representativo em colocar uma tipologia clássica de formação de
empreendedores: ‘as janelas de oportunidades’.
Para Drucker, o empreendedor é alguém que usa uma tecnologia nova (uma tecnologia
de ruptura que cria novos valores ou modifica os velhos) e usa teoria e conceitos de
administração empreendedora. A inovação tem estas características: Pesquisa de
oportunidades, união de conceitos e percepções de campo, simplicidade e liderança. Em seu
livro Inovação e Espírito Empreendedor (1986) coloca-se como oportunidades de negócio sete
fontes de oportunidades inovadoras. São elas: o inesperado, a incongruência, a inovação com
base na necessidade do processo, mudanças na estrutura do mercado, mudanças demográficas,
mudanças em percepção, disposição e significado, novos conhecimentos científicos. Acreditase que este parágrafo de Drucker foi pouco aproveitado e todos que falam de oportunidades
ainda focam muito sobre inovação e mercados. Na fala de Druker há também o significado do
nascimento de tipos de empreendedores sociais e de conhecimento. A modalidade de
acontecimento de novo empreendedores no mercado é tema da pesquisa anual GEM (Global
Entrepreneurship monitor).
1
Zoltan Je A. Varga Entrepreneurship, aglomeration and Thecnological change. Trabalho apresentado a GEMS
2003 Berlin Germany.
6
2. Revisão da Literatura
Ser empreendedor de sucesso é saber lidar com os desafios, com as inconstâncias do
mercado, é saber entender os gostos e as preferências de seus clientes, é saber prestar um
serviço de qualidade, é inovar continuamente.
O empreendedor, além de empregar a si, pode vir a empregar a outras pessoas, o que é
bastante representativo para a economia, pela movimentação financeira que proporciona. Por
exemplo, João, contratado por Maria, recebe 500,00 por mês. Esse dinheiro não fica guardado
o mês inteiro na carteira de João... Vamos supor que ele gaste com alimentação, lazer,
telefone e aluguel. Enquanto ele estiver empregado, terá dinheiro para gastar,
consequentemente os estabelecimentos onde ele é cliente, recebem dinheiro. Se a empresa de
Maria tem progresso e ela pode dar uma promoção para João, este provavelmente irá efetuar
compras que antes não fazia e mais estabelecimentos o terão como cliente ou ele poderá
gastar mais nos quais já é cliente. Porém, se Maria não desenvolve uma boa gestão de seu
negócio e vai à falência, e o que acontece com o João? Fica desempregado. Logo, não poderá
efetuar suas compras e enquanto ele não conseguir um novo emprego, os estabelecimentos
deixarão de tê-lo como cliente, ou seja, perde Maria, perde João, perdem os estabelecimentos
que deixaram de vender. Essa análise pode se estendida, dado que os estabelecimentos onde o
João é cliente também não ficam com o dinheiro guardado na carteira. Pagam, por exemplo,
seus funcionários, os fornecedores, impostos, conta de água, luz e telefone. Isso implica dizer
que Maria, enquanto empreendedora influencia os fatores econômicos.
Para Seiffert (2004) a atividade empreendedora é arriscada porque é sempre incerta e
dinâmica, apresentando altas taxas de fracasso, além de complexa, por ser afetada por uma
série de fatores econômicos, sociais e institucionais, requerendo uma fusão ótima de talentos,
idéias e conhecimento. Talvez seja por essa razão que Chiavenato (2005) chama os
empreendedores de heróis populares do mundo dos negócios.
De acordo com Greco (2009), no projeto Global Entrepreneurship Monitor (GEM),
realizado em 2008, que no Brasil, estuda o comportamento do empreendedor, a cada 100
brasileiros, 12 realizavam alguma atividade empreendedora, o que coloca o Brasil na 13ª
posição no ranking mundial de empreendedorismo, sendo que em 2008, foram registrados
dois empreendedores por oportunidade para cada empreendedor por necessidade, o que
implica dizer que mais pessoas estão escolhendo empreender por visualizarem oportunidade
de negócio e não apenas como uma forma de sobrevivência.
7
Na visão do SEBRAE o Brasil é o sétimo país mais empreendedor do mundo, é o 10°
país que mais abre empresas no mundo, cerca de 15 milhões de pessoas (12,72% da
população) abrem um negócio próprio ao ano. Portanto 80% dos empreendedores abrem um
negócio por oportunidade, mas 59% das empresas fecham nos dois primeiros anos de vida e
70% dos empreendedores fazem bootstrapping (tiram do próprio bolso) para levantar capital
inicial. Assim apenas 14% dos empreendedores possuem curso superior, e 22% das empresas
são abertas com recursos superiores a R$ 20 mil. Nesse montante 98% das pequenas empresas
são responsáveis por um faturamento anual de US$ 1,906 bilhão, 10,8% dos empreendedores
são mulheres, segundo dado da GEM, SEBRAE, Universia Brasil, NIC.br, IBGE, GPTW,
S/A.
No Brasil, de acordo com Pesquisa Mensal de Emprego, os principais destaques da
evolução do mercado de trabalho são as regiões metropolitanas abrangidas pela pesquisa de
2003-2008, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou em 2009, a
participação da mulher no mercado de trabalho tem aumentado. Em 2003, essa participação
era de 43,0%, e em 2008 o registro foi de 44,7%, sendo que em 2003 a participação das
mulheres dentre os empregados com carteira de trabalho foi de 38,3% e em 2008, 39,5%. A
pesquisa é realizada nos seguintes estados: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,
São Paulo e Porto Alegre.
Para iniciar ou ampliar seus negócios, empreendedores do Distrito Federal, do Brasil e
de países menos desenvolvidos, contam também com o apoio do Banco Popular da Mulher.
O Banco é uma entidade solidária, sem fins lucrativos, resultado de uma parceria entre
entidades da sociedade civil com o poder público municipal.
De acordo com informações obtidas no site do Banco este atende aos homens, mas
prioriza as mulheres, pois acredita que, via regra a mulher é a principal, quando não o único
elemento de sustentação e agregação das famílias de baixa renda, não só no Brasil, mas
também nos países menos desenvolvidos.
Para o empreendedor que trabalha por conta própria e fatura até trinta e seis mil reais
por ano, é possível contar também com o apoio da Lei Complementar nº 128 de 19/12/2008,
que visa estimular o empreendedor a legalizar-se como pequeno empresário, para isso
oferecem os benefícios previdenciários como auxílio maternidade, auxílio doença e
aposentaria, assim como benefícios em relação aos impostos.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por meio do
Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, criado em 2004, com apoio da Secretaria Especial de
Políticas para Mulheres e da Federação das Associações de Mulheres de Negócios e
8
Profissionais do Brasil, valoriza as histórias de empreendimentos bem sucedidos e geridos
por mulheres. Ressaltamos, porém que nem sempre as mulheres tiveram esse apoio (...). O
direito a voto, por exemplo, faz somente 77 anos que a mulher passou a ter, ou seja, foi em
1932 que mulheres casadas que tivessem a autorização do marido, assim como as viúvas e
solteiras com renda própria puderam votar. Essa restrição durou até 1934 e somente em 1946,
este passou a ser obrigatório.
Isso implica dizer que a mulher, como membro ativo da sociedade, no sentido de poder
escolher os seus governantes, participa ativamente a somente sessenta e três anos. Outro dado
interessante sobre a história da mulher é que ao marido era dado o direito de pleitear a
rescisão do contrato de trabalho da esposa se considerasse que este fosse suscetível de
acarretar ameaça aos vínculos da família. Porém a mulher evoluiu bastante no mercado de
trabalho, em todo o mundo, de acordo com o Novo Relatório da CIA (2009, p. 75), “O maior
poder político e econômico conquistado pelas mulheres pode transformar a paisagem global
nos próximos 20 anos”, e os dados demográficos apontam uma correlação entre um alto nível
de alfabetização feminina e um maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que
em regiões, como Ásia do sul e ocidental e o mundo árabe onde existem as menores taxas de
alfabetização feminina, são as mais pobres de todo o mundo.
No processo de construção de uma nova identidade, as mulheres procuram desconstruir
estereótipos sociais e culturais há tempos construídos para que seja possível a transposição de
barreiras, principalmente de natureza psicológica, que ainda permanecem e que se mostram
como as mais difíceis de serem superadas. Outro tipo de barreira enfrentada é a cobrança
familiar, devido à concorrência da atividade laboral com a dedicação à família. Esse fato
revela o conflito por um sentimento de culpa por terem que abdicar, muitas vezes, do convívio
familiar, antes tido como o único ambiente em que podiam interagir.
Na Pesquisa Mensal de Emprego, os principais destaques da evolução do mercado de
trabalho nas regiões metropolitanas abrangidas pela pesquisa 2003-2008, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2009, relata que em relação a
trabalhadores por conta própria, o índice da participação da mulher no mercado também
aumentou, de 36,6% em 2003, para 38,5% em 2008. No estudo compreendido entre 2007 e
2008, em relação ao contingente mensal médio de desocupados, entre as mulheres, o
movimento foi de crescimento de 56,7% para 58,1% embora se comparar os dados de 2003
com os de 2008, é possível verificar um registro de queda de 25% no contingente de mulheres
desempregadas. Porém, apesar do crescimento da participação da mulher no mercado de
trabalho brasileiro, a pesquisa, revela que em 2008, comparado a média anual dos
9
rendimentos dos homens e das mulheres é possível afirmar que as mulheres ganham em torno
71,0% do rendimento recebido pelos homens, ou seja, ganham menos que os homens. Apesar
da diferença entre rendimentos, no Distrito Federal, conforme esse artigo irá apresentar, não
faltam mulheres empreendedoras, que conseguem obter sucesso em seus negócios. O termo
empreendedor, do francês entrepreneur, significa aquele que assume riscos e começa algo. De
acordo com Chiavenato:
“Os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios.
Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento
econômico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de
serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes em uma
economia em mudança, transformação e crescimento.” (CHIAVENATO,
2005, p. 4)
É importante ressaltar que no relatório do projeto Global Entrepreneurship Monitor
2008, de acordo com Greco (2009), são pontuadas algumas questões, ou desafios que estão
contidos na atividade empreendedora, como por exemplo, a questão da inovação, tecnologia e
exportação, treinamento e qualificação.
“Os empreendedores brasileiros se caracterizam como não-inovadores, dado
que 84% só lançam produtos conhecidos no mercado, 65% têm muitos
concorrentes, 98% utilizam tecnologias disponíveis há mais de um ano no
mercado, 85% não possuem expectativa de exportar seus produtos, 45%
abrem suas empresas para gerarem o próprio emprego, Sem expectativa de
gerarem novos empregos nos próximos cinco anos, 78,3% não esperam
gerar mais do que cinco empregos (normalmente de familiares), e 60%
desenvolvem atividades orientadas aos consumidores finais em atividades
de prestação de serviços pessoais, de baixa qualificação, tais como vendas
ambulantes, serviços de reparos e manutenção do lar, jardinagem, vendas de
cosméticos, entre outras. “(GRECO, 2009, pg. 71)
O empreendedor seja do sexo masculino ou feminino enfrenta desafios. A maneira
como lida com a realidade, diz muito sobre o seu espírito empreendedor. Embora seja
possível afirmar que no Brasil haja um amadurecimento nessa questão, dado apontado pela
GEM 2008, informa que ocorreu uma redução significativa na taxa de pessoas que
10
descontinuaram sua participação em algum empreendimento, quando comparada com o valor
obtido em 2007 (6,5%) com 2008 (3,5%). Essa é uma vitória, o somatório de iniciativas,
projetos e programas, sejam governamentais ou não, embora haja muito a ser feito, pois a
pesquisa aponta que 90% dos empreendedores pesquisados, nunca participaram de atividades
relacionadas ou direcionadas para a abertura de negócios.
Fazendo uma comparação com nações européias como a Itália, têm-se dois pontos que
dificultam a comparação. Uma primeira diferença está no campo das análises estatísticas
Italianas que são feitas para empreendimentos divididos por ano de início da atividade e são
bem diferenciados os de menos de três anos de funcionamento e regularmente registradas.
Portanto, como já mostrado pela GEM2 há maneiras diferentes de classificar os
empreendedores e os novos negócios. Outro ponto abrange a maneira de classificar as
empresas pelas estatísticas nacionais. Nessas estatísticas, na Itália, as profissões intelectuais
viram empreendimentos, sendo que os dados são recolhidos por tipo de atividade. Portanto há
empreendedores de conhecimento, sociais e também “clássicos” que são classificados em
base a sua forma jurídica se não tiver análises estatísticas especiais com questionários
regionais. Esta falha nas estatísticas é comum em muitos ordenamentos que tem fiscalização
regular e continuada nas estatísticas, pois as atividades entram na análise do PIB nacional.
Segundo dados de 2007 da Unioncamere3, associação que integra todas as agências
municipais de comercio (públicas) Italianas, 24,02% das empresas italianas são de mulheres
(isso acontece quando pelos menos 60% da propriedade são de mulheres), segundo a seguinte
tabela que mostra os dados por Região.
2
GEM – Global Entrepeunier Monitor
Camere di Commercio Italiane, Unioncamere IMPRESA IN GENERE 2007-2003, 2007, Primi dati
dell’imprenditoria femminile
3
11
Fonte Unioncamere (2007). Itália
Surpreendentemente a maior percentagem relativa se encontra na região de Roma
(26,63%) capital de Estado e não de Milão (20,64%) capital econômica, que tem o maior
número de empresas femininas (166.981).Acerca disso, 3% dessas empresas (32 mil) são de
mulheres estrangeiras (na maioria Cineses, Marroquinas, Romenas), o demonstra esse
fenômeno de grande crescimento. Segundo os dados apresentados em 20104 a última crise
teve um efeito de redução de 0,06% do número das empresas registradas para mulheres
(contra 0,33% das empresas de homens). O fenômeno do empreendedorismo feminino
segundo as pesquisas aumenta sua relevância no setor terciário e em serviços5. Em geral
6
a
percentagem entre os setores são: 4% no setor primário, 21% no secundário e 74% no
terciário. Em algumas áreas podem chegar a 30%, no caso do agronegócio, (pecuária,
agricultura, viticultura) e chega a 40% no turismo agrícola.7 Em geral estas empresas tem um
numero de 2 a 4 funcionários com a maioria colocadas juridicamente como empresa
4
Cagliari, 15 settembre 2010, III Giro d’Italia delle donne che fanno impresa.
para uma analise qualitativa Valentina Mucciarelli, Percorsi al femminile della formazione imprenditoriale
6
Dados de 2000
7
Relatório 2007 da vareador Gabriella Montera da “província de Bologna”.
5
12
individual.8 Em geral, pode-se observar também um forte crescimento das mulheres no
mercado de trabalho e nas cúpulas das empresas. Outro fator que merece destaque é a
exclusividade da presença feminina nas empresas: as mulheres entre 25 e 55 anos preferem
trabalhar com outras mulheres. A maioria são empresas presentes no mercado depois dos anos
80, portanto, há uma mudança no mercado de trabalho nesses anos, pois mais mulheres
chegam ao mercado de trabalho e acumulam funções do lar e as profissionais.
Há várias causas do crescimento do empreendedorismo feminino depois os anos 80:
uma é a desigualdade no mercado de trabalho, a segunda, a transformação em um mercado de
livre concorrência, mais competitivo. Este último fator parece mais explicativo na formação
do empreendedorismo das mulheres, pois entre aspirações e sonhos a realidade econômica e
do mercado pode explicar o posicionamento das mulheres empreendedoras em setores de
serviços. Uma característica que ressaltada nos estudos aponta a uma melhor predisposição da
mulher ao trabalho descontínuo e temporário a respeito dos homens. Parece que no panorama
das explicações, a Itália possui necessidades de trabalho flexível e condições das mulheres
participam igualmente a uma escolha para criar novos empreendimentos.
As mulheres são menos motivadas psicologicamente a competir com os homens.
Permanece como motivação principal o empreender, fora da competição com os homens, e a
auto-afirmação, ou seja, não parece estar ligada com a competição entre gêneros, raça e renda
que pode ser mais importante em países como o Brasil. A atuação das mulheres no mercado
Italiano é diferenciada e não homogênea. Tudo isso leva a inferir que é um fenômeno novo. A
maioria tem um diploma técnico e/ou superior, mas uma parte só licenciatura média. Como
em outras nações da Europa são poucos os empreendedores com diploma de bacharel. A
respeito da formação do empreendedor, mesmo sem titulação acadêmica superior, há cursos
técnicos superiores para mulheres empreendedoras, on-line e presenciais. Não faltam centros
de orientação, centros de pesquisa e incubadoras.
Há projetos específicos para empreendedorismo feminino em cada região
administrativa (veja anexo I caso da Região Toscana) e redes de informação geridas pelo
Estado com financiamentos público e pessoal administrativo público dedicado. O marco
jurídico importante das leis a favor das empreendedoras se encontra em “Legge 215/92 Azioni positive per l'imprenditoria femminile” e “Legge 8 marzo 2000, n°. 53”. Os fundos
não são homogêneos, mas diferentes por regiões visando aumentar as contribuições em conta
8
Por exemplo em Câmera di Commercio di Cuneo, INDAGINE SULL’IMPRENDITORIA
FEMMINILE, novembro 2008, Pesquisa em “Provincia di Venezia” Lo sviluppo della piccola imprenditorialità
femminile locale e la domanda di servizi di supporto, 2000
13
de capital (entre 30% e 50%) dos custos de financiamentos do empreendimento e outras
medidas fiscais de redução de encargos nos primeiros períodos de atuação da empresa,
sobretudo em áreas menos desenvolvidas.
3. Metodologia
O presente artigo caracteriza-se por estudos exploratórios e representa o primeiro passo
para se conhecer uma situação de mercado ou até aprofundar na realidade existente,
identificando evoluções e tendências de um segmento específico em que se pretende atuar.
Segundo Samara e Barros (2007, p. 34), “procura obter um primeiro contato com a realidade
para um melhor conhecimento do objeto em estudo”.
Este método foi escolhido pelo fato de não conhecer em profundidade a clientela
entrevistada, tampouco, o seu comportamento empreendedor que será objeto deste estudo. Em
relação aos estudos exploratórios, Malhotra (2006, p.100), diz que “caracteriza-se pela
flexibilidade e versatilidade em relação aos outros métodos de pesquisa, principalmente, os
quantitativos. Assim, a criatividade e o engenho do pesquisador têm um papel muito
importante neste tipo de pesquisa”.
A metodologia de pesquisa escolhida foi à qualitativa, pois proporciona uma melhor
visão da realidade social e compreensão das oportunidades de negócios empreendidas na
pesquisa. Segundo Malhotra (2006, p. 155), “é um tipo de pesquisa não-estruturada e
exploratória baseada em pequenas amostras que proporciona percepções e compreensão do
contexto do problema”. Este tipo de pesquisa tem suas vantagens pelo cunho informal para
obtenção de informações, trabalha com um baixo volume de dados, além de proporcionar ao
pesquisador liberdade para analisar o contexto social. Porém, tem suas limitações, como, não
pode ser usadas para grandes populações, quando o cunho da pesquisa é estatístico ou exigir
maior precisão nos resultados da pesquisa. É indicada para pesquisa com fontes de dados
secundárias por ser coletada de forma rápida e barata, sendo que a fonte de dados mais
utilizada em pesquisa qualitativa é a secundária, pois permite levantar um grande volume de
informações de fontes diversas em pouco tempo.
Esta pesquisa utilizou a fonte de dados secundária como subsídio a fonte primária e aos
resultados da pesquisa, principalmente, para o marco teórico e a justificativa da pesquisa.
Diferentemente da fonte de dados secundária, a análise primária foi utilizada na colheita de
dados com o público-alvo da pesquisa por meio da aplicação de um roteiro de entrevista, uma
14
série de questões estruturadas a partir dos objetivos da pesquisa que procurou responder as
oportunidades do trabalho em questão, serviu como fonte de informação junto às mulheres
empreendedoras.
Em relação à técnica utilizada foi escolhida a entrevista em profundidade, que segundo
Aaker e Day (2004, p. 209) são “aquelas realizadas frente a frente com o respondente, na qual
o assunto-objeto da entrevista é explorado em detalhes”. A entrevista em profundidade
procurou conhecer a clientela em suas preferências, modo de escolha e prioridade que dão a
assuntos importantes do dia-a-dia como atender a um cliente, planejar o seu negócio e adotar
estratégias diferenciadas em relação ao mercado concorrente.
Como definição da amostra, por ser uma pesquisa qualitativa, deu-se preferência a
amostragem não probabilística, por conveniência, que segundo Malhotra (2006, p. 326) “é
uma técnica que procura obter uma amostra de elementos convenientes. A seleção das
unidades amostrais é deixada a cargo do entrevistador”. Assim, foram escolhidas pelas suas
competências e habilidades, 12 (doze) empreendedoras para responder a pesquisa e dar as
suas valiosas contribuições para a comunidade científica. Também, procuramos conhecer o
perfil das empreendedoras, características psicológicas mais marcantes e sua história de vida
sempre marcada por atitudes empreendedoras. A ferramenta de pesquisa utilizada foi o roteiro
de entrevista que se pautou em questões amplas para discussão com o entrevistado, abordando
assuntos relativos ao negócio, aos mercados cliente e concorrente e aos principais produtos
oferecidos pela empresa. Houve a preocupação em conhecer a história de vida das
empreendedoras participantes da pesquisa, para fins exploratórios.
15
4. Resultados da Pesquisa
A presente pesquisa entrevistou doze empreendedoras no Distrito Federal associadas à
Associação dos Jovens Empresários (AJE) e procurou definir o seu perfil demográfico
marcado pela jovialidade, alto grau de empreendedorismo e iniciativa das participantes que
responderam a um roteiro de entrevista a partir de questões pessoais e de seus negócios.
As primeiras questões definiram as características demográficas das empreendedoras,
como escolaridade,
porte do empreendimento, localização, tempo de atividade, número de
empregados, principais clientes-serviços, fornecedores e outras participações.
No primeiro rol de perguntas, o que ficou mais ressaltado, 67% das entrevistadas
possuem nível superior completo, o que confirma a alta escolaridade das empreendedoras
apontando uma alta correlação entre escolaridade e crescimento dos seus negócios na região
do DF onde existem as maiores taxas de escolaridade do Brasil. A segunda pergunta de
destaque, parte do empreendimento, mostrou que 60% das empresas entrevistadas são Micro e
Pequenas Empresas (MPE´s) com até oito funcionários, entre dois a quatro anos de
funcionamento, e representam: 25% Comércio Varejista, 8% Comércio Atacadista, 50%
Serviços Especializados, 8% beleza e Moda e 9% outros segmentos sendo o mais
representativo, serviços especializados, até pelo perfil do grupo escolhido.
Dos segmentos entrevistados, destaque para os serviços (moda, consultoria, contabilidade e
eventos); Segundo dados da pesquisa - setor de serviços no Brasil, realizada pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA,1998) nos países pertencentes à Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o setor de serviços, alcançava quase
65% dos negócios.
Serviços estes que exigem inovação, especialidade, alto grau de
escolaridade e diferenciação, características marcantes nas entrevistadas.
A outra parte da pesquisa explorou variáveis qualitativas das empreendedoras e de seus
negócios. Foi perguntado acerca das características empreendedoras, o que lhes mantinham no
negócio, principais diferenciais, as dificuldades e problemas encontrados, em qual fase do
ciclo de vida o negócio se encontrava, além das principais estratégias de crescimento.
A respeito das características empreendedoras, persistência obteve 30% da preferência,
em seguida, 22% comprometimento, 8% busca de oportunidade e iniciativa, 8%
planejamento, 8% persuasão e rede de contatos, 8% independência e autoconfiança, 4%
estabelecimento de metas e 12% outros. Pelas respostas das entrevistadas, persistência foi a
mais escolhida até pelo perfil do brasileiro, para sobreviver, manter no negócio, enfrentar
altas cargas tributárias, muita burocracia, tem que persistir, não dá para desistir na primeira
16
tentativa e o empreendedor é aquele que não desiste diante dos obstáculos, pelo contrário,
sendo uma idéia viável persiste continuamente.
Foram perguntadas as empreendedoras o que lhes mantinham no negócio, autorealização, independência e autoconfiança foi o que apareceu em primeiro lugar.
Contraditoriamente, este item aparece com pouca força nas características empreendedoras, o
que motiva a aprofundar a pesquisa neste quesito.
É visto que as empreendedoras, principalmente as mulheres, depois da revolução
sexual de 60 e de seus direitos civis conquistados, foi um continum a busca pela
independência pessoal e financeira, até como símbolo da luta pelos direitos civis. Agrega-se a
isto o fato que o ser humano, de acordo com a pirâmide de Maslow que busca atender as
necessidades primárias e em seguida as secundárias, que são as necessidades superiores do
homem. Estas mencionadas acima estão neste segundo grupo e a auto-realização seria a mais
alta aspiração no desenvolvimento humano, que já conquistou as necessidades inferiores,
agora, lutam por alcançar as outras, mais importantes e simbólicas para o homem. Talvez isto
justifique em parte como a característica empreendedora mais citada por elas.
O principal diferencial mostrado pelas empreendedoras, até pelo seu perfil arrojado e ao
mesmo tempo elegante, foi à diferenciação, segundo especialistas, medido pelo grau de
inovação colocado no negócio. Foi visto que pelos tipos de empreendimentos estudados esta
estratégia é fator crítico de sucesso, que na sua maioria contam com uma alta concorrência,
produtos maduros e uma clientela extremamente informada e exigente.
As principais dificuldades relatadas por elas foram, a saber: carga tributária (30%),
concorrência (20%), capital de giro (20%), crédito (10%), equipe de trabalho qualificada
(10%), crise financeira mundial (10%). Dos aspectos mais importantes citados, observa-se
que carga tributária, concorrência e capital de giro, ficaram em destaque, possivelmente, pela
alta carga tributária do país comparada com uma das maiores do mundo.
A respeito do Ciclo de Vida do Produto (CVP), a maior parte dos empreendimentos está
em fase de crescimento e expansão pelo seu tempo de mercado, negócios em consolidação,
abertura de novas lojas, linhas de produtos e novos negócios como a exportação.
Por meio da entrevista, foi possível observar que são empreendedoras que buscam um
espaço maior no mercado, reconhecimento na prestação de seus serviços e elevado
posicionamento na mente do cliente, como forma de garantir vantagem competitiva no
negócio.
No geral, a principal estratégia adotada pelas empresas foi de diferenciação. Porter
(1986, p 51) diz que diferenciação é “criar algo que seja único ao âmbito de toda a indústria,
17
como, projeto de imagem e a marca, tecnologia, serviços sob encomendas”. Dentro desta
visão, as empreendedoras citaram várias estratégias deliberadas que utilizam em seus
negócios, a saber: produtos customizados e marketing individual para atrair clientes fiéis,
desenvolvimento de marca buscando a liderança de mercado, layout facilitado para o cliente
buscar e experimentar os produtos, embalagem personalizada, equipe bem treinada, estoque
mínimo dentro dos conceitos de just-in-time1, implantação de tecnologias da informação,
como sites, blogs, twitter2 e e-comerce3, ampliação da linha de oferta de produtos,
comunicação customizada para clientes prime, utilização de um data-base marketing4 para
inteligência de marketing, inovação contínua e utilização de tecnologia de ponta.
O resultado da pesquisa aponta para negócios com perfil inovador, em fase de
crescimento e diferenciação. Inovador pelo alto grau de empreendedorismo de suas gestoras e
toque diferenciado que elas primem nos seus negócios. Em fase de crescimento, por que a
maioria busca consolidação no mercado, bases sólidas e reconhecimento da clientela, o que se
conquista com tempo e experiência de mercado. E diferenciado pela busca constante de ‘fazer
diferente’ o que os concorrentes fazem todos os dias. Observa-se que os três conceitos estão
interligados e interdependentes pela sua origem e aplicação, o que confere um perfil
empreendedor para as entrevistadas e lhes colocam com uma boa perspectiva de mercado
percebendo que são negócios duradouros e com vistas à perenidade.
18
5. Considerações Finais
Esta pesquisa entrevistou mulheres empreendedoras no Distrito Federal que tivessem
um perfil inovador e diferenciado em seus negócios, independente do porte do
empreendimento. Para isto foi escolhida empresas ligadas a Associação dos Jovens
Empresários (AJE) como forma de valorizar a classe e dar um tom social, visto que esta é
uma das principais bandeiras da AJE.
No desenvolvimento das entrevistas percebeu-se o interesse unânime em desenvolver o
empreendimento, por meio de projetos orientados dentro da própria organização, junto a sua
clientela e com a sociedade civil organizada disseminando a cultura empreendedora.
Pode-se dizer que a pesquisa foi exitosa, pois conheceu melhor a forma como as empresárias
locais fazem os seus negócios e como elas conquistaram mais espaço no empresariado por
meio de suas características intuitivas e maior sensibilidade para o negócio. Percebe-se que há
tendência de mais mulheres ganharem posição neste mercado competitivo.
Fica a contribuição para os setores e públicos interessados na tentativa de despertar nas
autoridades o interesse de explorar este tema, que não é somente das mulheres, mas de toda a
sociedade que participa em maior ou menor grau de ações empreendedoras que envolvam
mulheres de negócios, e assim, poderem dentro de suas alçadas pensarem projetos de apoio a
classe como forma de fomentar o desenvolvimento local e dar maior visibilidade a ‘elas’ que
fazem parte de nossas vidas.
Este trabalho servirá de subsídio a pesquisadores e participantes da pesquisa como fonte
de informação, e outras autoridades que queiram publicitar o assunto.
Notas de final de texto
1
- Just in time é um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser
produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. Pode ser aplicado em qualquer
organização, para reduzir estoques e os custos decorrentes.
2
- Twitter é uma rede social baseada na web 2.0 que permite aos usuários que enviem e
leiam atualizações pessoais de outros contatos.
19
3
- e-comerce conceitua-se como o uso da comunicação eletrônica e digital, aplicada aos
negócios, criando, alterando ou redefinindo valores entre organizações (B2B) ou entre estas e
indivíduos (B2C), ou entre indivíduos (C2C), permeando a aquisição de bens, produtos ou
serviços, terminando com a liquidação financeira por intermédio de meios de pagamento
eletrônicos.
4
- Data-base marketing é um banco de dados utillizado para armazenar informações
relativas às atividades de inteligência de marketing de forma consolidada.
20
6.
Referências
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Trabalho apresentado a GEMS 2003 Berlin Germany, 2003
22
7. Anexo
ANEXO I - Marco jurídico para financiamentos a favor empreendedorismo feminino na
Toscana a partir de 1992
Legge 215/92 - Azioni positive per l'imprenditoria femminile
Legge 135/97 - Giovani imprenditori agricoli
Legge 236/93 - Opportunità per nuove imprese di giovani nei settori
turismo, beni culturali, innovazione tecnologica, ambiente, agricoltura
Legge 598/94 - Finanziamenti agevolati per interventi di tutela ambientale
e innovazione tecnologica
Legge regionale 23/98 - Misure per favorire l’accesso ai giovani alle
attività agricole, di servizio per l’agricoltura e di supporto al territorio rurale
Legge 949/52 - Nuovi investimenti di imprese artigiane e consorzi
Legge regionale 67/98 - Programma di interventi a favore dell’artigianato
artistico e tradizionale
Legge regionale 36/95 mod. legge 101/98 - Contributi in
conto interesse per i programmi di sviluppo dell’artigianato
Legge regionale 27/93 - Agevolazioni per la creazione di nuove
imprese da parte di giovani
Legge 449/97 - Incentivi fiscali alle PMI commerciali e turistiche
Legge 488/92 - Investimenti nelle aree depresse
Legge 49/85 - Agevolazioni per società cooperative
Legge 52/92 - Fondo mutualistico per la cooperazione
Legge 448 art. 51 - Agevolazioni per cooperative sociali di tipo b
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1 UM ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE MULHERES