Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420
23e 24 de setembro de 2014
DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FERRO NAS DIETAS
EXPERIMENTAIS PREPARADAS COM O BOLO DE CARNE E
MISTURA FORTIFICADORA LIOFILIZADA Á BASE DE FÍGADO
SUÍNO
Luana Mendes dos Santos Valentim
Faculdade de Nutrição
Centro de Ciências da Vida
[email protected]
Resumo:A deficiência de ferro é a carência
nutricional mais comum e amplamente distribuída
mundialmente, afetando cerca de 20% da população,
sendo que no Brasil a prevalência de anemia em
crianças na idade pré-escolar e mulheres é da ordem
de 20,9% e 29,4% respectivamente. E tem por
principais consequências em crianças, o atraso
mental e motor, comprometendo assim, o
desenvolvimento intelectual futuro da criança.
Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar os
teores de ferro em dietas experimentais destinadas a
ratos anêmicos e preparadas com o bolo de carne e
mistura fortificadora liofilizada a base de fígado
suíno, por meio da espectrofotometria de absorção
atômica.Foram estudadas nove dietas, sendo uma
dieta
controleAIN-93G
(G1),três
dietas
correspondente aos bolos de carne sem fígado (G2)
e com adição de fígado (G3 e G4), uma dieta
correspondente a mistura fortificadora (G5) e mais
quatro dietas (G2.1, G3.1, G4.1, G5.1) contendo AIN93G com adição de ferro na forma de sulfato ferroso
heptahidratado em quantidades equivalentes às
concentrações de ferro presentes nos bolos (G2.1,
G3.1, G4.1) e na mistura fortificadora G5.1.As
concentrações de ferro encontradas nas amostras,
expressas em mg/L, foram 19,74 (G1), 7,32 (G2), 6,39
(G2.1), 7,71 (G3), 6,96 (G3.1), 8,68 (G4), 7,52
(G4.1), 24,64 (G5), 19,10 (G5.1). Verifica-se que as
concentrações de ferro encontradas nas dietas G2.1,
G3.1, G4.1, G5.1 são próximas às concentrações de
ferro presentes nas dietas G2, G3, G4 e G5 como era
de se esperar. O maior teor de ferro foi obtido com a
mistura fortificadora (G5). Referente aos bolos de
carne, os resultados mostram que a adição de fígado
contribuiu para elevar o teor de ferro.
Palavras-chave:teor de ferro, dietas experimentais,
biodisponibilidade de ferro.
ProfªDrª Silvana Mariana Srebernich
Grupo de Pesquisa: Indicadores de Qualidade Nutricional
para Alimentação
Faculdade de Nutrição
Centro de Ciências da Vida
[email protected]
Área do Conhecimento: Ciências Agrárias –
Ciência e Tecnologia de Alimentos – CNPq.
1. INTRODUÇÃO
A deficiência de ferro é a carência nutricional mais
comum
e
mais
amplamente
distribuída
mundialmente, afetando cerca de 20% da população,
dentre as quais, crianças na idade pré-escolar e
mulheres são os mais atingidos [1]. Quanto mais
intensa for a anemia, decorrente de uma deficiência
de ferro, maiores serão as possibilidades de se
desenvolver atraso mental e motor, principalmente
em crianças, comprometendo consequentemente o
desenvolvimento intelectual futuro da mesma.Assim,
o desenvolvimento de estratégias para prevenção da
anemia, constitui uma importante ação de combate,
de modo que, as organizações internacionais
apontam três principais estratégias para a
prevenção, sendo: educação nutricional, fortificação
de alimentos e suplementação com ferro, sendo que
a fortificação com ferro, tem por principal objetivo
alcançar os diferentes segmentos populacionais e
não requer a cooperação do individuo [2, 3].
Contudo, ressalta-se que essa fortificação torna-se
difícil, devido a forma química do micronutriente, de
modo que, o mesmo desempenhando uma boa
solubilidade quando se encontra na forma de sulfato
ferroso [4, 5, 6, 7]. O ferro apresenta-se nos
alimentos sob duas formas: heme, provenientes de
fontes animais e não heme, de fontes vegetais. Os
quais possuem respectivamente um percentual de
absorção de 30% a 70% e 20% a 30% quando não
expostos a fontes inibitórias [8]. Quanto à
biodisponibilidade de ferro, a dietas podem ser
classificadas em três categorias: baixa, média e alta.
Nas respectivas categorias a absorção média ferro
heme e não heme é de aproximadamente de 5% a
15%, em indivíduos com baixas reservas de ferro
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[9].Estudos
tem
demonstrado
que
a
biodisponibilidade de ferro, está diretamente
relacionado com os fatores fisiológicos e nutricionais,
os quais podem interferir na absorção, transporte e
armazenamento, sendo que a interação entre os
nutrientes constitui um dos fatores interferentes mais
importantes na biodisponibilidade desse nutriente
[6].Assim, desse modo, os estudos realizados para
avaliação da biodisponibilidae de ferro, visam
identificar a capacidade de determinado produto ou
dieta fornecer ferro biodisponível ao organismos para
previnir ou auxiliar na recuperação da anemia
[2].Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar
o teor de ferro de dietas experimentais preparadas
com bolo de carne e mistura fortificadora liofilizada á
base de fígado suíno, desenvolvidas em estudo
anterior destinadas a ratos anêmicos, ao passo que
o teor de ferro constitiu um importante parâmetro
necessário para o cálculo de eficiência da
hemoglobina através do qual se obtém a utilização
biológica do mesmo.
2. MÉTODO
Os bolos de carne e a mistura fortificadora
foramobtidos conforme estudo anterior. De modo que
as dietas experimentais foram preparadas segundo as
especificações da dieta padrão AIN-93G. Nesse
sentido, foram preparadas dietas experimentais
(rações) contendo o ferro das fontes em estudo,
além das dietas-controles contendo sulfato ferroso
heptahidratado e da dieta AIN-93-G, totalizando
portanto, nove dietas, sendo elas: AIN-93G-controle
(G1), bolo de carne sem fígado (G2), AIN-93-G +
1
sulfato ferroso (G2.1), bolo de carne A com adição
de 9,98% de fígado suíno (G3), AIN-93-G + sulfato
2
ferroso (G3.1), bolo de carne B com adição de
13,31%% de fígado suíno (G4), AIN-93-G + sulfato
3
ferroso (G4.1), mistura fortificadora (G5), AIN-93-G
4
+ sulfato ferroso (G5.1), sendo a AIN-93G - dieta
1, 2, 3, 4
padrão para roedores AIN-93G [10], nos quais
com adições de: 5,1ppm; 13,2ppm; 21,1ppm e 69,4
ppm,
equivalentes às quantidades de ferro
presentes nos respectivos correspondentes e na
mistura fortificadora.A determinaçãodo teor de ferro
foi realizada por meio de espectrofotometria de
absorção atômica (Analyst 300 Atomic Absorption
Spectrometer, Perkin-Elmer) e determinação da
curva padrão de ferro. A primeira etapa do proceso,
consistiu
em
realizar
o
processo
de
espectrofotometria de absorção atômica, método
pelo qua, as soluções provenientes das amostras
das dietas experimentais, foram submetidas
inicialmente á digestão ácida, o qual pesou-se de 4
a 6 gramas de amostra, em cadinhos previamente
tratados contra contaminação de minerais. Em
seguida, foi adicionou-se 2,5 mL de nitrato de
magnésio hexahidratado 50%, realizando assim, a
pré-digestão em placa quecedora por 2 horas, para
que a amostra se dissolvesse. Ao término desse
processo, direcionou-se as amostras a mufla préaquecida a 500°C por 1 hora, removendo assim, as
cinzas com auxilio de acido nítrico diluído, o qual foi
direcionado novamente para a mufla. O qual, repetiuse a cada hora até a obtenção de cinzas claras. Em
seguida, as amostras digeridas foram diluídas com
água deionizada, e transferidas quantitativamente
para balões volumétricos de 10 mL, o qual havia sido
lavado anteriormente com acido nítrico, submetendoas as determinações de absorbância por meio de
espectrofotometria de absorção atômica. Ao término
dessa etapa, deu-se início a segunda etapa do
processo, no qual realizou-se a determinação da
curva padrão de ferro. Foi preparadas três soluções
contendo basicamente água deionizada, ferro, HNO 3
e ácido tricloroacético (TCA) a 10%, dentre elas:
solução mãe (stock), solução de trabalho e a solução
padrão (preparada para fazer a curva padrão), dentre
a qual, se subdividia em solução branco, solução 1,
solução 2, solução 3 e solução 4. Soluções estas,
que foram submetidas a espectrofotometria de
absorção atômica, obtendo-se assim, suas
respectivas absorbâncias e concentração de ferro
(mg/L).Ao término desse processo, com auxílio do
programa execel, utilizou-se os valores de
absorbância das soluções padrões (branco, 1, 2, 3 e
4) e suas respectivas concentrações de ferro
expressas em mg/L, e elaborou-se a curva padrão
de Ferro, expressa no Grafico 1 abaixo.
Gráfico 1. Curva padrão de ferro
Pelo Gráfico 1, determinou-se a equação da reta,
que forneceu a relação entre a absorbância e
concentração de ferro (mg/L) nas amostras
analisadas.
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Y(x) = 0,0146x - 0,0051 (Equação da reta)
Logo, substituindo o valor da absorbância da
amostra no lugar de Y na equação, tem-se a
concentração de ferro (mg/L) nas amostras
analisadas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das concentrações de ferro nas dietas
experimentais (fase de repleção)determinados por
espectometria de absorção atômica encontram-se
Tabela 1 abaixo.
Tabela 1. Resultados da espectrofotometria de
absorção atômica das dietas experimetais e suas
respectivas concentrações de ferro (mg/L) por meio do
cálculo da Equação da reta fornecida pela curva
padrão de ferro.
Grupos
Dietas
G1
AIN-93G (controle
com 12% de
proteína)
0,2765
19,74
G2
Bolo de carne sem
fígado
0,1025
7,32
G2.1
AIN-93G + Sulfato
1
Ferroso
0,0895
6,39
G3
Bolo de carne A +
9,98% de fígado
0,1080
7,71
G3.1
AIN-93G + Sulfato
2
Ferroso
0,0975
6,96
G4
Bolo de carne B +
13,31% de fígado
0,1215
8,68
G4.1
AIN-93G + Sulfato
3
Ferroso
0,1053
7,52
Mistura Fortificadora
0,3450
24,64
AIN-93G + Sulfato
4
Ferroso
0,2675
19,10
G5
G5.1
Absorbância Fe (mg/L)
AIN-93G - dieta padrão para roedores (REEVES,
1, 2, 3, 4
NIELSEN, FAHEY Jr., 1993);
adição de sulfato
ferroso em quantidades equivalentes as concentrações de
ferro das dietas correspondentes (G2 com G2.1; G3 com
G3.1 etc.).
Verifica-se pelos dados da Tabela 1 que os teores de
ferro foram diferentes para as diferentes dietas. As
concentrações de ferro encontradas nas dietas G2.1,
G3.1, G4.1, G5.1 são próximas às concentrações de
ferro presentes nas dietas G2, G3, G4 e G5, pois as
primeiras foram formuladas com adição de ferro na
forma de sulfato ferroso heptahidratado em
quantidades equivalentes às concentrações de ferro
presentes nos bolos e na mistura fortificadora, o
sulfato ferroso é uma fonte de ferro de alta
biodisponibilidade [11]. Portanto os resultados
encontrados estão de acordo com o previsto. Por sua
vez, os diferentes resultados são decorrentes das
composições das diferentes dietas nas quais as
fontes de ferro (carne e fígado) foram aumentando
da dieta G2 para G5. Assim, a dieta que apresentou
maior concentração de ferro foi a dieta G5, a qual
representa a Mistura Fortificadora, seguida
posteriormente pelas dietas G1 e G5.1, as quais
representam as dietas AIN-93G (controle) e AIN-93G
4
+ Sulfato Ferroso respectivamente. As dietas G5 e
G5.1 deveriam apresentar valores relativamente
próximos, pois a dieta G5.1 foi formulada com adição
de sulfato ferroso visando propiciar a mesma
concentração de ferro da dieta G5. As diferentes
concentrações de ferro observadas nas distintas
dietas analisadas, estão relacionadas provavelmente
as diferenças nas formulações das rações e a
biodisponibilidade que o mineral ferro possui, visto
que estudos realizados nesse aspecto, tem
demostrado que o metabolismo dos nutrientes não
pode ser considerado de maneira isolada, pois
principalmente fatores nutricionais e fisiológicos
podem interferir na absorção, transporte e no
armazenamento [2, 11, 12]. A interação entre os
nutrientes é um dos fatores que pode interferir
diretamente na biodisponibilidade.Os dados da
Tabela 1 também mostram que ao contrário do que
se previa, as dietas contendo sulfato ferroso
heptahidratado, sempre apresentaram concentração
de ferro inferior ao do seu respectivo par. Assim, as
dietas G2.1, G3.1 e G4.1 apresentaram valores
12,7%, 9,7% e 13,3% inferior as concentrações de
ferro das dietas correspondentes. No caso das dietas
G5 e G5.1 essa diferença foi bem mais acentuada
(22,5%).Quanto às dietas (G3 - bolo de carne +
9,98% de fígado e G4 - bolo de carne + 13,31% de
fígado) que tiveram adição de fígado suíno à sua
formulação, a dieta G4 apresentou maior
concentração de ferro (8,68 mg/L) quando
comparada com a dieta G3 (7,71 mg/L) devido a
maior quantidade de fígado na sua formulação da
dieta G4. Por sua vez a dieta G2, por não possuir
fígado suíno na sua formulação foi a que apresentou
menor concentração de ferro entre as três dietas de
bolo. Ainda essas dietas por conterem ferro
proveniente de carne suína, apresentam o
denominado
“fator
carne”
que
eleva
a
biodisponibilidade de ferro não-heme presente na
própria carne, aumentando sua absorção de duas a
quatro vezes, o que promove resultados futuramente
promissores para serem utilizados no controle da
anemia ferropriva [8, 13].
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4. CONCLUSÃO
Conclui-se que os valores das determinações de
ferro encontrados foram próximos do calculado para
as diferentes dietas mostrando a viabilidade da
metodologia empregada na determinação do mesmo.
Por outro lado, ficou evidente que a disponibilidade
de ferro aumenta com a maior presença de produtos
de origem animal na formulação.
AGRADECIMENTOS
A PUC-Campinas e a FAPIC/Reitoria pela bolsa
oferecida.
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