ISSN 1984-7203
C O L E Ç Ã O
E S T U D O S
C A R I O C A S
Índice de Desenvolvimento Social IDS: comparando as realidades
microurbanas da cidade do Rio de
Janeiro
Nº 20080401
Abril - 2008
Fernando Cavallieri, Gustavo Peres Lopes - IPP/Prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Secretaria Municipal de Urbanismo
Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos
EXPEDIENTE
A Coleção Estudos Cariocas é uma publicação virtual de estudos e pesquisas sobre o Município do Rio de
Janeiro, abrigada no portal de informações do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos da Secretaria
Municipal de urbanismo da Prefeitura do Rio de Janeiro (IPP) : www.armazemdedados.rio.rj.gov.br.
Seu objetivo é divulgar a produção de técnicos da Prefeitura sobre temas relacionados à cidade do Rio de
Janeiro e à sua população. Está também aberta a colaboradores externos, desde que seus textos sejam
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Apoio:
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CARIOCA – Da, ou pertencente ou relativo à cidade do Rio de Janeiro; do tupi, “casa do branco”. (Novo
Dicionário Eletrônico Aurélio, versão 5.0)
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL - IDS: COMPARANDO AS REALIDADES
MICROURBANAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Fernando Cavallieri, Gustavo Peres Lopes - IPP/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
Introdução
O IDS foi inspirado no conhecido Índice de Desenvolvimento Humano – IDH,
calculado pela ONU (PNUD) para inúmeros países do mundo que, por sua vez tem
servido de base para a construção de uma série de outros índices compostos. Sua
finalidade é medir o grau de desenvolvimento social de uma determinada área
geográfica em comparação com outras de mesma natureza. Como qualquer índice
sintético do tipo, o IDS combina, de uma determinada forma, algumas variáveis que
melhor caracterizem diversas facetas do fenômeno em estudo. A escolha das variáveis,
tarefa presidida por uma análise teórico-conceitual decorre da sua pertinência ao tema,
mas também da sua disponibilidade e da sua “qualidade estatística” 1. Um grande
número de variáveis compondo o índice não é, necessariamente, um atestado de valor,
até porque algumas podem estar expressando os mesmo conteúdos, criando nada
mais do que uma redundância estatística.
O fenômeno em estudo – desenvolvimento social em áreas urbanas - está
intimamente relacionado ao desenvolvimento humano entendido como “expansão ou
alargamento da liberdade”, no sentido que lhe foi atribuído por Amartya Sen 2 o
economista que criou para a ONU o IDH. Este indicador, largamente utilizado, devido à
sua facilidade de cálculo e amplitude de significado, relaciona com grande poder de
síntese três dimensões: conhecimento, recursos monetários e saúde e sobrevivência.
Em termos operacionais, o IDH, para os países, trabalha com quatro variáveis,
acrescentando ao tradicional indicador PIB per capita, a taxa bruta de freqüência
escolar, a taxa de alfabetização e a esperança de vida. O IDS caminha na mesma
direção do IDH, incluindo outras dimensões que caracterizam o aspecto urbano
propriamente dito. 3
Deve-se argumentar, também, que o desenvolvimento social e urbano estão
intimamente relacionados, embora não de forma mecânica e linear. O IDS busca
exatamente caracterizar situações típicas das cidades brasileiras, uma vez que para o
melhor conhecimento e atuação pública nas mesmas não basta saber da sua situação
sócio-econômica, mas também da urbanística.
O índice em pauta tem como base os resultados do Censo Demográfico do
IBGE. A versão que aqui se apresenta reflete os resultados da pesquisa censitária
realizada pelo IBGE em 2000, mas será sempre possível a comparação com resultados
de outros anos. Sua peculiaridade que o diferencia de tantos outros índices igualmente
importantes e úteis, é o nível de desagregação espacial para o qual ele pôde ser
calculado: o setor censitário. Se por um lado, essa escolha permite uma multiplicidade
de informações, como se verá a seguir, impõe limitações quanto à disponibilidade de
variáveis. Com efeito, só são aplicáveis aos setores censitários, as variáveis relativas
ao questionário do universo do Censo.
ABR - 2008
1
O setor censitário (com uma média de 250 domicílios) é uma construção do
IBGE, utilizada em suas pesquisas domiciliares, definida como: “a unidade territorial de
coleta e de controle cadastral, percorrida por um único recenseador, contínua e situada
em área urbana ou rural de um mesmo distrito, em função do perímetro urbano (linha
divisória dos espaços juridicamente distintos de um distrito, estabelecida por lei
municipal).” No caso do município do Rio de Janeiro, que não é legalmente dividido em
distritos, foi possível indexar 8.048 setores para os quais o Censo Demográfico 2000
apresentou as requeridas informações. Para se ter uma idéia do grau de detalhamento
proporcionado pelo recorte geográfico do setor censitário, registre-se que o município
do Rio de Janeiro se dividia em 2000 em 32 Regiões Administrativas, compostas por
158 bairros e mais de oito mil setores censitários.
Eis a grande vantagem do IDS: ao utilizar a menor unidade geográfica para as
quais se dispõem e se disporá de dados estatísticos confiáveis e sistemáticos
possibilita a identificação e a comparação das diferenças intra-urbanas tanto no
máximo grau de detalhamento espacial quanto em qualquer agregação que seja
possível fazer a partir dos 8 mil e tantos micro espaços em que o IBGE divide a cidade.
Metodologia
Foram utilizados 10 indicadores, construídos a partir de variáveis do Censo
Demográfico 2000 do IBGE, para a composição do Índice de Desenvolvimento Social.
Tais indicadores cobrem quatro grandes dimensões de análise:
Dimensão Acesso a Saneamento Básico
z Percentagem dos domicílios com serviço de abastecimento de água adequada
- aqueles que têm canalização interna e estão ligados à rede geral;
z Percentagem dos domicílios com serviço de esgoto adequado - aqueles que
estão ligados à rede geral;
z Percentagem dos domicílios com serviço adequado de coleta de lixo - aqueles
que dispõem de coleta direta ou indireta de lixo;
Dimensão Qualidade Habitacional
z Número médio de banheiros por pessoa;
Dimensão Grau de Escolaridade
z Percentagem de analfabetismo em maiores de 15 anos;
z Percentagem dos chefes de domicílio com menos de quatro anos de estudo;
z Percentagem dos chefes de domicílio com 15 anos ou mais de estudo;
Dimensão Disponibilidade de Renda
z Rendimento médio dos chefes de domicílio em salários mínimos;
z Percentagem dos chefes de domicílio com renda até dois salários mínimos;
ABR - 2008
2
z Percentagem dos chefes de domicílio com rendimento igual ou superior a 10
salários mínimos.
As dez variáveis escolhidas cobrem um amplo espectro sócio-urbanístico,
caracterizando situações relativas tanto ao domicílio quanto às pessoas que o habitam.
A inexistência de dados, no grau de detalhamento desejado, restringiu sobremaneira a
caracterização socioeconômica da família, obrigando-nos a lançar mão das
características do responsável pelo domicílio como uma proxy da situação familiar.
Na dimensão escolaridade, o Censo 2000-universo só examinou a condição do
ou da responsável pela casa. Para todos os demais moradores, restringiu-se à questão
do analfabetismo. Quanto à renda, nem isso: apenas uma pergunta foi feita, e
unicamente ao responsável pela residência.
No aspecto de acesso aos serviços de saneamento básico teve-se melhor sorte,
vez que o IBGE investigou, em todos os domicílios do país, os três componentes mais
importantes: abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Isso
permitiu ao IDS incorporar uma ampla visão sobre o tema. Não obstante, como, na
sistemática censitária, as perguntas se restringem às “formas” de acesso àqueles
serviços, aspectos importantes sobre qualidade, periodicidade, custo e interação com
outros serviços nunca são contemplados.
No aspecto da habitabilidade, o indicador mais representativo, e mesmo
empregado para medir a inadequação da moradia, é o número de moradores por
cômodos utilizados como dormitório. Na ausência dessa última variável e de outras
sobre a qualidade da construção da casa, optou-se pelo número de banheiros
relacionado ao número de moradores. Esse pareceu ser, entre indicadores passíveis
de serem construídos, o mais adequado. Por exemplo, o número de moradores por
domicílio – indicador bastante comum - resta incompleto, pois nada se pode saber
sobre o tamanho da residência. O quociente da divisão entre a quantidade de
banheiros e a quantidade de moradores de um domicílio, podendo assumir desde o
valor zero (sem banheiro) até um valor significativamente alto (suponha-se, três
banheiros para cada morador), pode dar uma boa idéia do conforto residencial e
capturar a diversidade das habitações de um lugar, no que concerne a um dos seus
aspectos mais importantes.
Forma de cálculo
Para a elaboração do IDS, a exemplo do cálculo do IDH e de muitos outros
índices sintéticos, procede-se, em primeiro lugar, à “normalização” dos valores de cada
um dos 10 indicadores. Isso é feito para que todos sejam compatibilizados e tenham o
mesmo intervalo de variação numa escala de 0 a 1 (0= menor valor; 1 = maior valor).
Para tanto, aplica-se a fórmula abaixo para cada um dos indicadores.
VNij = 1 – (MVi – Vij) / (MVi – mVi), onde:
VNij = valor normalizado na escala de 0 a 1 do indicador i no lugar j
MVi = maior valor obtido pelo indicador i entre todos os recortes geográficos
pesquisados;
ABR - 2008
3
mVi = menor valor obtido pelo indicador i entre todos os recortes geográficos
pesquisados;
Vij = valor obtido pelo indicador i no lugar j
Em seguida, somamos os valores obtidos para cada lugar nos dez índices
utilizados e calculamos sua média aritmética, dividindo a soma obtida por dez. Essa
média corresponde ao valor do IDS. Note-se que como a média é calculada a partir de
dez diferentes indicadores normalizados, o IDS poderá assumir qualquer valor entre 0 e
1, sem que necessariamente tenha que assumir os valores 0 e 1. Entretanto, o IDS
manterá a hierarquização ordinal necessária para que possamos diferenciar os setores
censitários.
Nota importante: a rigor este tipo de índice sintético e normalizado só permite
comparações entre os elementos do grupo para o qual foram calculados. Por exemplo,
o IDH de um país é perfeitamente comparável com o de outro, pois o índice foi
calculado para o grupo “países do mundo”. O IDH-Município, calculado pela Fundação
João Pinheiro-MG para todos os municípios brasileiros, permite uma legítima
comparação entre os municípios, mas não destes com os países.
No presente estudo, o IDS carioca foi calculado para um grupo de referência
constituído por:
• todos os setores censitários do IBGE com dados pertinentes;
• todas as favelas, assim consideradas pelo IBGE no Censo 2000;
• todos os 158 bairros e as 32 Regiões Administrativas (RA) recenseados em
2000.
Dessa forma é possível comparar, entre si, o IDS obtido por todos as 8.742
unidades integrantes desses quatro subconjuntos (setores, favelas, bairros e RA)4. Os
resultados gerais são apresentados, adiante, no tópico PRINCIPAIS RESULTADOS.
Análise Fatorial∗
Análise fatorial é uma técnica estatística multivariada que se aplica à busca de
identificação de fatores num conjunto de medidas realizadas (ou variáveis de
interesse), que porventura venham compor um indicador. Um fator assemelha-se a um
indicador, com a distinção de que um indicador pode ser criado por uma composição
de variáveis arbitrada pelo pesquisador, enquanto o fator (ou os fatores) identificado
pela análise fatorial é uma descoberta do pesquisador. Num trabalho exploratório, o
pesquisador inicialmente fará uso de variados fenômenos que posteriormente não
venham compor o indicador que ele intuiu subjetivamente. A análise fatorial permitirá,
além de discriminar os fenômenos mais pertinentes para compor o indicador, reter de
cada um, quantitativamente, em um ou mais fatores, o quanto podem contribuir para a
formação do indicador desejado.
A hipótese básica da técnica é a de que fatores podem ser usados para explicar
fenômenos complexos. Correlações observadas entre variáveis resultam das
contribuições destes fatores. Seu objetivo, portanto, é identificar fatores não
diretamente observáveis, baseados em um conjunto de variáveis observáveis.
∗
Esta análise fatorial foi realizada por Helcio de Medeiros Junior, economista e Gerente de Informações
Temáticas da Diretoria de Informações Geográficas do IPP.
ABR - 2008
4
Neste trabalho foi realizada uma análise fatorial pelo método dos fatores
principais, que forneceu um escore fatorial que explicou 74,9% da variabilidade total,
cujas cargas fatoriais (contribuições de cada fenômeno ao fator) e coeficientes
padronizados (pesos de cada variável para o indicador) estão expostos no quadro a
seguir.
Indicadores
ANÁLISE DE COMPONENTES FATORIAIS
Cargas
fatoriais
Coeficientes
padronizados
Rede de água adequada
0,973
0.141
Rede de esgoto adequada
0,922
0.004
Coleta de lixo adequada
0,976
0.223
Banheiros por moradores
0,958
0.134
Responsáveis por domicílio com menos de 4 anos
de estudo
0,732
0.133
Responsáveis por domicílio com 15 anos ou mais de
estudo
0,770
0.075
Analfabetismo em maiores de 15 anos
0,689
0.036
Responsáveis por domicílio com renda até dois
salários mínimos
0,758
0.066
Responsáveis por domicílio com rendimento igual ou
superior a 10 salários mínimos
0,777
0.167
Rendimento médio dos responsáveis por
domicílio em salários mínimos
0,806
0.021
Optou-se por não aplicar os diferentes coeficientes aos indicadores, mantendoos todos com o mesmo peso 1 e fazendo a média simples de seu valores para se obter
o índice sintético. Tal procedimento visou a permitir que o usuário possa, ao examinar
os 11 índices de um determinado lugar (10 temáticos e um sintético), verificar quais os
aspectos pesam mais e quais pesam menos na definição do IDS. Utilizações práticas
na Prefeitura do Rio de Janeiro mostraram o acerto dessa decisão.
Histórico
O IDH tem sido uma grande fonte de inspiração para agências de planejamento
de todo o mundo. No que diz respeito ao Brasil, tem sido adaptado por instituições
ligadas a governos estaduais e municipais para fins de hierarquização dos níveis de
qualidade de vida de diferentes unidades territoriais. O Instituto Polis5, por exemplo,
usou-o para desenvolver um “índice municipal”, que hierarquizou os 187 municípios
mais populosos do Estado de São Paulo (com mais de 100.000 habitantes à época) em
diferentes classes; neste caso, chegou-se ao índice através da utilização de diversas
variáveis do Censo Demográfico de 1991, que foram encapsuladas em quatro índices
ABR - 2008
5
específicos (renda, alfabetização, qualidade ambiental e habitação). Por sua vez, a
Coordenação de Informações da Cidade- SMU/CIC também desenvolveu um índice
similar – o Índice das Regiões Administrativas – que hierarquizou a qualidade de vida
dos residentes das regiões administrativas da cidade6. Mais tarde, em 1997, o
IPLANRIO (atual IPP) aplicou, pela primeira vez, essa metodologia para o estudo das
favelas7. Em ambos os casos, as variáveis fornecidas pelo Censo Demográfico de
1991 foram utilizadas.
Em 2003, a Fundação João Pinheiro (FJP) que já havia, pouco ano antes,
calculado com dados do Censo 2000 – Amostra, o IDH-M para todos os municípios
brasileiros, fez o mesmo para as regiões administrativas e bairros do município do Rio
de Janeiro. A metodologia foi a mesma do IDH-M, que, por sua vez, corresponde a
uma pequena adaptação do índice criado pelo PNUD da ONU. No entanto, devido às
limitações da amostra do Censo não foi possível calcular o IDH sequer para todos os
bairros, mas tão somente para aqueles que sozinhos ou agrupados consistiam em uma
área de ponderação, para a qual era possível desagregar os dados da amostra do
Censo 2000. Em que pese, tais limitações, o Município do Rio foi pioneiro no país a ter
o IDH calculado para espaços submunicipais e o “IDH por bairros” muito utilizado pelos
gestores locais e pesquisadores em geral8.
Principais resultados
A aplicação da metodologia referida produziu valores de IDS sintético (cada um
deles, por sua vez, formado por 10 subíndices) para 8.742 recortes geográficos, a
saber: 32 Regiões Administrativas, 158 bairros, 504 favelas e 8.048 setores censitários.
O exame detalhado desse grande montante de informações só será possível através
de uma ferramenta SIG –sistema de informações geográficas que está sendo
construída pelo IPP/DIG e, brevemente, estará disponível, no portal de informações do
IPP, www.armazemdedados.rio.rj.gov.br. O presente texto limita-se a apresentar alguns
resultados estatísticos e informações geográficas sobre o conjunto completo e sobre o
nível espacial das Regiões Administrativas e bairros.
Os índices obtidos para os 8.742 “recortes geográficos” apresentaram as
seguintes estatísticas básicas:
Média
Mediana
Desvio padrão
0,596
0,583
0,125
Intervalo
Mínimo
Máximo
0,801
0,118
0,919
O coeficiente de variação, calculado pela divisão do desvio padrão pela média,
resulta em 21% o que sugere uma dispersão razoavelmente pequena em relação à
média. Não obstante, os valores variaram de 0,118 a 0,919, ambos relativos a setores
censitários.
O gráfico seguinte exibe a distribuição de freqüência dos 8.742 IDS sintéticos.
Nesta distribuição de freqüência, mais da metade dos recortes geográficos (53%)
apresentou um índice entre 0,501 e 0,700, quase eqüidistantes da média de 0,596.
ABR - 2008
6
Rio - Número de recortes geográficos por IDS - 2000
5000
53 %
4500
4000
3500
3000
Nº de recortes geográficos
2500
2000
24 %
1500
23 %
1000
500
0
0,118 - 0,500
0,501 - 0,700
0,701 - 0,919
IDS por Regiões Administrativas
O IDS das 32 Regiões Administrativas variou (tabela nº 1) entre 0,786 e 0,446.
Cinco regiões ficaram acima de 0,7 (16,10 % da população da Cidade); vinte e uma, a
grande maioria, portanto, entre 0,5 e 0,7 (53,95 % da população da Cidade) e apenas
seis abaixo de 0,5 (11,71 % da população da Cidade). As RA’s de maior IDS foram:
Lagoa (0,786), Copacabana (0,753) e Botafogo (0,752). As de menor IDS, Complexo
do Alemão (0,474), Rocinha (0,458) e Guaratiba (0,446), esta última ainda com
característica marcadamente rurais.
Tabela nº 1 - Índice de Desenvolvimento Social por Região Administrativa – Município do
Rio de Janeiro - 2000
Região
Administrativa
Posição
Lagoa
Copacabana
Botafogo
Tijuca
Vila Isabel
B. da Tijuca
Méier
Centro
I.do Governador
Santa Teresa
Irajá
Ilha de Paquetá
Rio Comprido
Jacarepaguá
Ramos
Inhaúma
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Índice
Geral
0,786
0,753
0,752
0,719
0,707
0,679
0,639
0,629
0,621
0,608
0,600
0,594
0,593
0,585
0,581
0,580
Região
Administrativa
Posição
Madureira
São Cristovão
Penha
Realengo
Anchieta
Portuária
Pavuna
Bangu
Campo Grande
Jacarezinho
Cidade de Deus
Maré
Santa Cruz
C. do Alemão
Rocinha
Guaratiba
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Fontes - dados: IBGE.Censo 2000; cálculos: IPP/DIG
Obs. A RA de Vigário Geral não foi contemplada no Censo 2000.
ABR - 2008
Índice
Geral
0,579
0,571
0,565
0,553
0,533
0,531
0,520
0,520
0,506
0,501
0,498
0,497
0,478
0,474
0,458
0,446
7
O mapa 1 classifica as R.A.’s em cinco faixas cada uma com 6 ou 7 regiões.
Notam-se cinco grandes manchas: a tradicional zona sul da cidade alargada por sua
área de expansão mais recente (Barra da Tijuca) com os melhores resultados – IDS
superior a 0,640 ; uma porção de IDS médio alta com 6 áreas que se estendem rumo
ao Norte, próximas às anteriores; no patamar médio, 6 regiões com IDS de 0,566 a
0,593 ainda na mesma porção oriental da cidade; as regiões de índice médio baixo que
formam uma mancha contínua na parte setentrional e se dirigem à oeste, e finalmente;
sete RA’s com índice inferior a 0,502 e correspondem a áreas da Zona Oeste a as
chamadas regiões de favela ou assentamentos similares (Jacarezinho, Rocinha,
Complexo do Alemão, Maré e Cidade de Deus).
Mapa nº 1 - Índice de Desenvolvimento Social por Região Administrativa –
Município do Rio de Janeiro – 2000
Fontes - dados: IBGE. Censo 2000; cálculos e mapa: IPP/DIG
IDS por bairros
A variação do IDS nos 158 bairros oficiais ficou entre 0,854 e 0,277. Três
bairros ficaram acima de 0,8; vinte e dois entre 0,7 e 0,8; cento nove entre 0,5 e 0,7 e
apenas 24 abaixo de 0,5. Os bairros de maior IDS (ver tabela 2) foram
respectivamente: Lagoa (0,854), Leblon (0,809), Ipanema (0,801), Humaitá (0,798) e
Urca (0,795). As de menor IDS foram: Guaratiba (0,433), Vargem Pequena (0,425),
Vargem Grande (0,408), Camorim (0,369) e Grumari (0,277).
ABR - 2008
8
Tabela nº 2 - Índice de Desenvolvimento Social por bairros – Município do Rio de Janeiro - 2000
Índice
Índice
Bairro
Posição
Bairro
Posição
Bairro
Geral
Geral
Lagoa
1
0,854
Zumbi
29
0,684
Vila Cosmos
Leblon
2
0,809
Rocha
30
0,683
Eng. de Dentro
Ipanema
3
0,801
P. da Bandeira
31
0,679
Ramos
Humaitá
4
0,798
Cachambi
32
0,670
Santa Teresa
Urca
5
0,795
Riachuelo
33
0,669
Taquara
Barra da Tijuca
6
0,795
Cocotá
34
0,668
Irajá
Jardim Botânico
7
0,787
Vila Valqueire
35
0,665
Quintino Bocaiúva
São Conrado
8
0,787
Vila da Penha
36
0,663
Água Santa
Gávea
9
0,787
Catete
37
0,663
Olaria
Laranjeiras
10
0,779
Pechincha
38
0,662
Piedade
Flamengo
11
0,775
Freguesia (16RA)
39
0,651
Jardim Carioca
Leme
12
0,761
Praia da Bandeira
40
0,650
Bancários
Maracanã
13
0,758
Maria da Graça
41
0,648
Praça Seca
Copacabana
14
0,753
São Franc. Xavier
42
0,638
Saúde
J. Guanabara
15
0,745
Anil
43
0,635
Tanque
Botafogo
16
0,743
Higienópolis
44
0,631
Vila Militar
C. dos Afonsos
17
0,730
Vista Alegre
45
0,629
Campinho
Tijuca
18
0,729
Portuguesa
46
0,629
São Cristóvão
Grajaú
19
0,725
Centro
47
0,629
Paquetá
Méier
20
0,719
Jardim Sulacap
48
0,628
Penha Circular
Moneró
21
0,715
Abolição
49
0,628
Oswaldo Cruz
Cosme Velho
22
0,713
Rio Comprido
50
0,625
Jacaré
Joá
23
0,713
Engenho Novo
51
0,618
Bento Ribeiro
Todos os Santos
24
0,701
Freguesia (20RA)
52
0,615
Cascadura
Glória
25
0,700
Encantado
53
0,615
Brás de Pina
Andaraí
26
0,696
Bonsucesso
54
0,615
Madureira
Ribeira
27
0,689
L. de Vasconcelos
55
0,612
Pilares
Vila Isabel
28
0,687
R. dos Bandeirantes
56
0,612
Vaz Lobo
9
Posição
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
Índice
Geral
0,610
0,610
0,610
0,608
0,608
0,606
0,605
0,604
0,603
0,602
0,601
0,600
0,598
0,598
0,595
0,594
0,594
0,594
0,594
0,593
0,591
0,591
0,590
0,588
0,588
0,586
0,585
0,584
Continua na página seguinte
ABR - 2008
Tabela nº. 2 - Índice de Desenvolvimento Social por bairros - Município do Rio de Janeiro - 2000
Bairro
E. da Rainha
Penha
Cacuia
Pitangueiras
Marechal Hermes
Tomás Coelho
Sampaio
Estácio
Santo Cristo
C. Universitária
Cavalcanti
Jardim América
Tauá
Inhaúma
Benfica
Catumbi
Cordovil
Rocha Miranda
Coelho Neto
V. de Carvalho
Deodoro
Cidade Nova
Curicica
Honório Gurgel
Turiaçu
Posição
Índice
Geral
Bairro
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
0,584
0,580
0,578
0,575
0,572
0,572
0,570
0,568
0,564
0,564
0,560
0,559
0,559
0,559
0,559
0,558
0,558
0,556
0,556
0,555
0,555
0,553
0,552
0,551
0,550
Engenheiro Leal
Del Castilho
Galeão
Guadalupe
Alto da Boa Vista
P. de Guaratiba
Realengo
Magalhães Bastos
Colégio
Padre Miguel
Parque Anchieta
Pavuna
Gamboa
Vidigal
R. de Albuquerque
Bangu
Mangueira
Parque Columbia
Anchieta
Campo Grande
Vigário Geral
S. Vasconcelos
Jacarezinho
Itanhangá
Parada de Lucas
Posição
Índice
Geral
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119
120
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
0,549
0,549
0,548
0,548
0,547
0,546
0,545
0,544
0,543
0,542
0,540
0,540
0,537
0,528
0,525
0,525
0,523
0,522
0,519
0,518
0,514
0,506
0,501
0,501
0,501
Bairro
Cidade de Deus
Caju
Gardênia Azul
Maré
Senador Camará
Santíssimo
Barros Filho
Costa Barros
Cosmos
Paciência
Inhoaíba
Sepetiba
Santa Cruz
Jacarepaguá
C. do Alemão
Manguinhos
Rocinha
B. de Guaratiba
Acari
Guaratiba
Vargem Pequena
Vargem Grande
Camorim
Grumari
Continuação da tabela anterior.
Posição
Índice
Geral
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
0,498
0,498
0,497
0,497
0,496
0,491
0,490
0,490
0,486
0,482
0,478
0,477
0,476
0,476
0,474
0,473
0,458
0,448
0,443
0,433
0,425
0,408
0,369
0,277
Fontes - dados: IBGE.Censo 2000; cálculos: IPP/DIG
Obs. Os bairros de Vasco da Gama e Gericinó ainda não existiam em 2000.
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ABR - 2008
Observamos que dos vinte bairros de melhor IDS, apenas quatro não estão na
Área de Planejamento 2- AP2 (Zona Sul e adjacências); são eles: Barra da Tijuca na
AP4, Jardim Guanabara e Méier na AP3 e Campo dos Afonsos na AP5.
Há grande contraste entre os bairros que formam a Região Administrativa da
Barra da Tijuca: o bairro da Barra da Tijuca tem um índice de quase 0,8, o sexto mais
alto da cidade; Recreio dos Bandeirantes, cerca de 0,6; Vargem Pequena, Vargem
Grande e Camorim giram em torno de 0,4; e Grumari, por suas características pouco
urbanas e somente 25 domicílios foi o último colocado com IDS igual a 0,277. Esses
bairros, bem como Guaratiba e Barra de Guaratiba, estavam em franco crescimento
(exceção de Grumari) e em transição de situações rurais para urbanas. Esse caráter
“rural” fez com que seu IDS fosse puxado para baixo, sobretudo em função dos índices
relativos aos serviços de infra-estrutura, cujos parâmetros de medição adotados nesse
estudo nem sempre são adequados para caracterizar o grau de desenvolvimento
ambiental dos seus domicílios.
O mapa 2 nos possibilita visualizar melhor, a distribuição do IDS pelos diversos
bairros da Cidade. De modo geral Zona Oeste obteve os IDS mais baixos (com
exceção de Campo dos Afonsos e Jardim Sulacap). A Zona Sul apresenta IDS elevado
com exceção dos bairros do Alto da Boa Vista, Rocinha e Vidigal, com IDS baixo. Na
Zona Norte, temos predominância de IDS médios e baixos, com algumas ilhas de IDS
elevado, como os bairros do Méier, Rocha, Ribeira e Jardim Guanabara na Ilha do
Governador.
Mapa nº. 2 - Índice de Desenvolvimento Social por bairro - Municípo do Rio de
Janeiro – 2000
Fontes - dados: IBGE.Censo 2000; cálculos e mapa: IPP/DIG
Obs. Os bairros de Vasco da Gama e Gericinó ainda não existiam em 2000.
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1
Ver Jannuzzi, P. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações. Campinas,
Ed. Alínea, 2001.
2
Sen, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia das Letras, 2000 apud Amorim, E. &
Blanco M. Desenvolvimento humano como expansão da liberdade e a sua relação com o IDH in IPP.
Desenvolvimento humano e condições de vida na cidade do Rio de Janeiro, em
www.armazemdedados.rio.rj.gov.br.
3
Devido à incorporação de indicadores ao IDS que só fazem sentido em realidades urbanas, deve-se ter
cautela ao aplicá-lo para áreas que apresentam marcantes características rurais ou não urbanas.
4
Optou-se por calcular o IDS de todos os recortes geográficos, considerando-os como um só conjunto,
embora se sabendo que certos recortes estão contidos dentro de outros. Dessa forma, a comparação se
torna mais consistente do que se se calculasse o índice de uma área como sendo a média dos índices
dos setores censitários que a compõem.
5
Ver Souto, A.L.S. et allii. Como reconhecer um bom governo? O papel das administrações municipais
na melhoria da qualidade de vida. São Paulo, Polis, 1995, 72p. (Publicações Polis nº 21).
6
SMU/CIC. Índice das Regiões Administrativas Rio de Janeiro, SMU, 1995.
7
IPLANRIO. Favelas Cariocas: Índice de Qualidade Urbana. Rio de Janeiro, IPLANRIO, 1997.
8
Ver IPP. Desenvolvimento humano e condições de vida na cidade do Rio de Janeiro (Convênio IPP /
IUPERJ / IPEA), 2004 em www.armazemdedados.rio.rj.gov.br .
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ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL