16CIDADES
A GAZETA
DOMINGO, 18 DE OUTUBRO DE 2015
MINHA HISTÓRIA
FOTOS: ACERVO PESSOAL
Frank Brown
precisou de muita
disciplina para
cumprir sua missão
e bater o recorde
PARA O ALTO E CADA
VEZ MAIS DISTANTE
Frank Brown bateu recorde de distância percorrida de parapente
Um dos pilotos de parapente mais importantes
do país, o capixaba Frank Brown curte adrenalina
desde menino. O “culpado” é o pai, Morris, um
apaixonado por esportes, que morreu após
passar mal durante um voo de parapente. A mais
recente façanha de Frank foi bater, pela segunda
vez, o recorde de distância percorrida em
parapente: 514 km entre as cidades de Tacima,
na Paraíba, e Monsenhor Tabosa, no Ceará.
LUCIANA CASTRO
[email protected]
Comigo o esporte esteve
sempre no sangue desde muito cedo. Meu pai era um
esportista e gostava de estar sempre convivendo
com novidades. Nascido
em Natal (RN), ele veio
com meu avô, que era inglês, morar em Castelo,
onde conheceu minha
mãe. Meu pai, Morris
Brown, foi pioneiro de
muitos esportes aqui no
Espírito Santo. Foi ele, lá
por volta de 1955, uma
das primeiras pessoas a
surfar na Praia de Camburi. Depois trouxe também
o windsurf. Nos anos 1980,
ele já havia partido para os
voosdeasa-delta.Eeu,desde muito cedo, me inseri
neste mundo dele também.
E se o esporte fosse radical,
era melhor ainda.
Meus outros três irmãos também praticavam
vôlei, tênis, triatlo, mas eu
era o mais radical. Com 11
anos eu já voava, velejava,
fazia mergulho. Apesar de
praticar outras modalidades na escola, eu gostava
mesmo daquelas que fazia
O recorde mundial foi batido ao lado de mais três companheiros de parapente
sozinho, como faço até hoje com o parapente. Apesar de que na busca pelo
recorde estive ao lado de
três companheiros, porque aí é uma viagem mais
longa e não dá para fazer
só você.
No parapente, eu conquistei muita coisa boa.
Venci 11 vezes o Campeonato Brasileiro, fui vice-campeão mundial e bati, por duas vezes, o recor-
de mundial de distância.
A primeira vez que conquistamos o recorde foi
em março de 2007, quandopercorremos463quilômetros. No mesmo ano,
pouco depois, meu pai vi-
riaafaleceremumacidente em Castelo. Ele estava
sobrevoando a cidade e
sofreu um ataque cardíaco, pousou, mas quando o
socorro chegou já não dava mais tempo. Ele estava
com 74 anos.
As pessoas me perguntam se eu tive desejo de parar de praticar o esporte
porque meu pai morreu em
umvoodeparapente.Claro
que não! A morte dele não
foi provocada pelo esporte.
Foiumafatalidade.Eoutra,
ele morreu justamente do
jeito que gostaria de morrer. Fazendo aquilo que ele
tanto amava. Eu sempre
pensei dessa forma e também gostaria de morrer assim, se pudesse escolher.
Eu dei continuidade na
minha vida e no esporte.
Tanto que consegui, neste
mês, recuperar o recorde
mundial, que tinha ido para o sul-africano Nevil Hu-
Download

Frank Brown bateu recorde de distância percorrida de parapente