BRICS
Monitor
Desemprego na África do Sul e
a atual tentativa de solução:
o fundo para criação de empregos
Fevereiro de 2011
Núcleo de Análises de Economia e Política dos Países BRICS
BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS
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Desemprego na África do Sul e
a atual tentativa de solução:
o fundo para criação de empregos
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BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR
Desemprego na África do Sul e a atual tentativa de solução:
o fundo para criação de empregos
Thaís Vieira Segall
Desemprego na África do Sul e a atual tentativa de
solução: o fundo para criação de empregos
O presidente sul-africano, Jacob
Zuma, anunciou esta semana a criação de
um fundo para geração de empregos no valor de 9 bilhões de rands1 (equivalente a 1,2
bilhões de dólares). Segundo a BBC News,
Zuma disse que o fundo financiará iniciativas
para a criação de empregos nos próximos
três anos e pediu ao setor privado que se
engajasse. Seu governo tem como objetivo a
criação de meio milhão de empregos por ano
pelos próximos dez anos.
De acordo com a Sowetan LIVE, ministros dos setores econômico e trabalhista
não sabem ainda ao certo como o fundo vai
funcionar. De acordo com este jornal, o ministro das finanças, Pravin Gordhan, declara
que o setor privado talvez precise colocar dinheiro ao fazer uso do fundo. Isso levantou
questões a respeito da capacidade do fundo
de criar empregos, uma vez que se receia
que o fundo seja dependente do setor privado ou precise esperar pelo envolvimento
das empresas. A Sowetan LIVE informou
que Rob Davies2 e Ebrahim Patel3 não souberam responder se o dinheiro do financiamento seria liberado apenas com a parceria
de companhias privadas ou não. Disseram,
ainda, que os detalhes precisam ser traba-
1
Moeda sul-africana
2
Ministro da Indústria
3
Ministro do Desenvolvimento Econômico
4
Líder do partido de oposição:
Aliança Democrática
lhados. Segundo a BBC News, Helen Zille4
estava descrente com relação ao fundo. Ela
disse que Zuma foi evasivo quanto a como
este vai funcionar e para quê será usado.
Conforme registrado pela Sowetan
LIVE, a organização não-governamental
Alternative Information and Development
Centre colocou que se este é um fundo de
co-pagamento envolvendo o setor privado, é
improvável que gere grande quantidade de
empregos, visto que o setor privado privilegiaria o capital intensivo e não a mão de obra
intensiva.
A Corporação de Desenvolvimento
Industrial (IDC) da África do Sul lançou nesta
terça-feira, dia 22 de fevereiro, um programa
que objetiva a criação de empregos e crescimento econômico. Segundo a SABC News,
este programa terá a duração de cinco anos
e foi anunciado pelo CEO Geoferry Qhena.
Além deste programa, no valor de 10 bilhões
de rands, outros 500 milhões serão disponibilizados para empresas prejudicadas por
enchentes ou secas recentes. Ainda, outros
250 milhões serão disponibilizados para
agronegócios afetados que estejam fora do
programa da IDC.
A questão da alta taxa de desemprego está presente no país há muito tempo; a
África do Sul enfrenta um problema crônico
de desemprego estrutural. De acordo com a
BBC News, mais de uma em cada cinco pessoas está desempregada, e mais da metade
dos jovens até 24 anos não tem onde traba-
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Desemprego na África do Sul e a atual tentativa de solução:
o fundo para criação de empregos
lhar. O presidente Zuma disse estar preocupado com o desemprego e a pobreza que
persistem apesar de dez anos de crescimento econômico.
No último bimestre de 2010, entretanto, a taxa de desemprego caiu 1,3%; de
25,3% para 24%, segundo dados oficiais da
Statistics South Africa. Os dados são de que
4,13 milhões de pessoas permaneceram
desempregadas no quarto bimestre, frente a 4,39 milhões no terceiro bimestre. Estes dados mostram que houve a criação de
157 mil empregos nesse período. O SABC
News informou ainda que a agroindústria
perdeu 13 mil empregos enquanto os empregos privados se mantiveram virtualmente estáveis. De acordo com este jornal, Dr.
Azar Jammine, economista, disse que os
dados parecem confusos. Segundo ele, os
empregos aumentam no quarto bimestre devido ao turismo no período de festas e ao
emprego de trabalhadores rurais no período
da colheita. Neste caso, contudo, o aumento
nos empregos se deu nos setores de serviços comunitários e sociais, que são guiados
pelo governo, e no setor manufatureiro, apesar do rand estar valorizado. O SABC News
registrou também uma diminuição de cinco
mil ofertas de trabalho no setor público, peça
chave para a criação de empregos na África
do Sul. Com base nisso, conclui, o objetivo
de criar meio milhão de empregos por ano
parece distante.
Apesar da alta taxa de desemprego
estar em pauta há muito tempo, sua visibilidade aumentou consideravelmente recentemente. Primeiramente, do ponto de vista
estrutural, uma vez que a África do Sul tem
sustentado altas taxas de desemprego há
décadas, muitos jovens estão desempregados. Acredita-se que esta situação possa explodir no âmbito doméstico, a sociedade chegando ao seu limite. Em segundo lugar, pois
segundo uma publicação do Sowetan LIVE e
do SABC News, Gordhan disse que no longo prazo, a África do Sul poderia enfrentar,
devido à insatisfação popular, o mesmo tipo
de agitação que houve no Norte da África,
se não tomar medidas rápidas para criar
empregos e reduzir desigualdades. Acredita-se que o crescimento econômico seja uma
forma de diminuir tais taxas de desemprego,
pois para haver crescimento é necessário
empregar mais capital e/ou mão de obra.
Por isso, muitos apostam no crescimento
econômico como solução para o desemprego. Entretanto, a projeção de Gordhan é
de que o crescimento econômico esperado
seja inferior ao necessário para combater o
desemprego, reporta o Sowetan LIVE. O cenário econômico e social que resulta desta
perspectiva é preocupante, e levante questões sobre a estabilidade de uma sociedade
em que a falta de empregos parece não ser
resolvida pelo modelo de crescimento econômico adotado.
Sites Consultados
- SOWETAN LIVE
http://www.sowetanlive.co.za/
- BBC NEWS
http://www.bbc.co.uk/news/
- SABC NEWS
www.sabcnews.com/
- STATISTICS SOUTH AFRICA
www.statssa.gov.za/
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