História do “Amigos do Zippy”
Módulo 1 – Muitos Sentimentos
Esta é uma história sobre três amigos: Leila, Tiago e Sandy. Leila e Tiago são irmãos. Sandy
é a melhor amiga deles. Eles moram numa cidadezinha que fica às margens de um grande
rio. Eles todos gostam muito uns dos outros.
Tiago e Leila são gêmeos, o que significa que eles nasceram no mesmo dia e têm a mesma
mãe e o mesmo pai. Leila nasceu antes de Tiago, então ela diz que é mais velha que ele.
Mas, como ela é só uma hora mais velha, Tiago acha que ela está sendo boba, e às vezes
eles brigam por causa disso.
Leila e Tiago moram com a mãe e o pai numa casa num bairro bem longe do centro da
cidade. Sandy é vizinha deles. Ela mora na casa ao lado com a mãe e o irmão mais velho,
que se chama Felipe. Ela só vê o pai de vez em quando, porque ele mora em outra cidade e
é uma viagem muito demorada de ônibus.
Desde que eram bebês, eles sempre brincaram juntos. A mãe da Leila e do Tiago cuidava da
Sandy durante o dia, enquanto a mãe dela saía para trabalhar. Agora, nos finais de semana,
a mãe da Sandy ou o pai da Leila e do Tiago às vezes leva todo mundo para a piscina ou
para o cinema. Às vezes, quando o pai da Sandy vem visitá-los, todo mundo vai ao parque
para brincar.
Tiago, Sandy e Leila estão na mesma classe na escola. Na verdade, eles três começaram a
estudar no mesmo dia. Naquele dia, seu primeiro dia de aula, o professor deles, que se
chamava João, tinha feito um crachá com o nome de cada um para todos usarem.
Quando todos se sentaram em círculo, cada um disse o seu nome e algo interessante sobre
si mesmo.
Quando foi a vez do Tiago, ele disse: "Meu nome é Tiago e eu tenho um bichinho chamado
Zippy. Ele é um inseto - um bicho-pau - e ele mora numa caixa no meu quarto".
Leila estava se sentindo muito nervosa, porque tinha chegado a vez dela falar, mas disse:
"Meu nome é Leila e meu irmão Tiago está sempre colocando o Zippy no meu travesseiro, e
eu não gosto quando ele faz isso.”
Então o professor João disse à classe: "A Leila e o Tiago nasceram no mesmo dia e têm a
mesma mãe e o mesmo pai - então isso significa que eles são gêmeos".
"Sim", disse Leila, "mas nem sempre nós gostamos das mesmas coisas como alguns gêmeos
gostam."
"Vocês gostam de ser gêmeos?", perguntou o professor João. Leila e Tiago olharam um para
o outro. Eles nunca haviam pensado nisso antes.
"Bem, às vezes é legal", disse Tiago. "Você sempre tem com quem brincar."
Leila estava pensando em algo bem diferente. Ela estava se lembrando do verão passado,
quando Tiago ficou de cama e a mãe deles ficou cuidando dele o tempo todo! Então ela ficou
com ciúmes, porque o Tiago estava recebendo toda a atenção da mamãe.
A vez seguinte de falar era da Sandy: "Meu nome é Sandy. Eu moro do
Leila, e eu tenho um irmão mais velho chamado Felipe".
lado do Tiago e da
"Obrigado, Sandy", disse o professor João.
© Partnership for Children 2010
"Acho que todo mundo já falou, não?. Bem, quando vocês forem para casa hoje à tarde,
quero que vocês procurem alguma coisa de que gostem muito e, se puderem, a tragam para
a escola amanhã. Mas não pode ser bicho de estimação - não podemos encher a classe de
gatos e cachorros, não é?”
Tiago estava pensando em seu inseto, que ele amava muito, e ficou bravo pelo fato do
professor João não deixar trazer animaizinhos para a classe.
"Eu queria mostrar o Zippy para os meus amigos", pensou. "Isso não é justo. Mesmo porque
seria divertido se todo mundo pudesse trazer gatos e cachorros e outras coisas para a
escola. O professor João é um chato.”
Enquanto caminhavam para casa voltando da escola, Leila percebeu que Tiago estava com
alguma coisa na cabeça. O rosto dele estava estranho e ele não estava no seu jeito normal,
alegre, rindo e brincando o tempo todo.
Então, ela perguntou para ele: "O que foi, Tiago?".
Mas ele disse: "Nada" .
Leila sabia que alguma coisa estava errada. O que ela deveria fazer? Se ela lhe perguntasse
de novo quando chegassem em casa, ele poderia lhe contar, ou talvez ele ficasse bravo e a
mandasse embora, e ela não queria que isso acontecesse.
Quando o pai do Tiago e da Leila chegou em casa do trabalho, todos jantaram juntos. Ele
perguntou às crianças como tinha sido seu primeiro dia de aula na escola.
Leila disse: "Foi ótimo. Nós cantamos umas músicas e eu sabia a letra de muitas delas."
"E você, Tiago", falou o pai. "Você fez alguma coisa boa?"
E o Tiago disse: "Para falar a verdade, não". O que acontecia é que ele tinha decidido que a
escola era horrível e não queria ir para lá nunca mais.
Depois do jantar, ele subiu para o seu quarto e se deitou. "Por que você não pode ir para a
escola comigo, Zippy?", disse ele bem alto. Mas Zippy - o seu bichinho - estava dormindo
num galho de árvore, dentro de sua casinha.
© Partnership for Children 2010
Módulo 2 – Embaixo das cobertas
No dia seguinte, Leila não conseguia decidir o que levar para a escola para mostrar ao
professor João e à classe. Será que ela deveria levar a concha rosa grande que sua tia tinha
lhe trazido da África ou será que deveria levar suas sapatilhas novas vermelhas?
Ela foi até a cama de Tiago e o chacoalhou.
"Você está acordado, Tiago? Você acha que eu devo levar minha concha ou minhas
sapatilhas novas para a escola?"
Tiago resmungou debaixo das cobertas, mas não disse nada.
Leila insistiu: "Vamos, Tiago, tem mingau no café da manhã. É o seu favorito. Você vai se
atrasar", e decidiu bater na porta da casa ao lado para perguntar à Sandy.
Enquanto atravessava a cozinha, ela disse ao pai: "Eu só vou ali perguntar à Sandy uma
coisa, tá, pai?".
"Tudo bem, mas não demore", disse ele. "O café da manhã está quase pronto. Por falar
nisso, o Tiago já saiu da cama?"
"Ele ainda estava dormindo quando eu me levantei", disse Leila. "Ele deve estar emburrado
porque não pode levar o Zippy para a escola."
Então a mãe dela disse: "Eu vou lá acordá-lo" e subiu chamando: “Tiago, Tiago, acorde,
senão você vai se atrasar para a escola".
No quarto, Tiago estava escondido embaixo das cobertas e ainda não tinha dito uma palavra.
Sua mãe se sentou na beira da cama.
"O que é que há?", disse ela. "Tem algo errado, não tem? Aconteceu alguma coisa na escola
ontem? ”Tiago sentou-se na cama. e disse: "Não é justo, mãe, o professor João quer que
levemos coisas especiais para a escola hoje, e eu queria levar o Zippy, mas não posso
porque ele é um bichinho de estimação, e nós não podemos levar bichos de estimação."
Sua mãe então disse: "Imagine só como seria se as pessoas levassem cães e gatos para a
escola, Tiago. Eu acho que o professor João está apenas sendo sensato. Vamos achar uma
outra coisa para você levar. Que tal sua bola de futebol ou seu livro de como fazer coisas?"
No café, o pai disse aos gêmeos que não havia nada de errado em se sentir mal-humorado
às vezes, mas que guardar as coisas só para si, sem contar para ninguém, não era uma boa
idéia.
"Como vamos saber como vocês se sentem se vocês não nos contarem?", disse o pai,
olhando para o Tiago.
© Partnership for Children 2010
Leila disse:"Eu sei quando o Tiago está emburrado. Ele torce o rosto".
"E você sempre bate a porta quando está brava", disse Tiago, "e a mamãe vai se sentar no
jardim quando ela está cheia de nós".
Então ele saltou da mesa e correu lá para cima para pegar sua mochila para levar à escola.
No quarto, Zippy, o seu bichinho, estava sentado num galhinho em sua casinha de vidro.
Tiago foi até ele e disse: "Vejo você mais tarde, Zippy. Depois das aulas, eu vou levar você
lá fora no jardim".
Quando descia as escadas, Tiago teve a impressão de ouvir Zippy dizer: "Não se preocupe
por não me levar à escola. Está tudo bem...".
Na escola, todos tinham trazido suas coisas favoritas. O professor João fez todos se
sentarem em círculo e, então, disse: "Nós vamos seguir a ordem do círculo e cada um
poderá dizer alguma coisa sobre o que trouxe. Se quiserem, vocês podem dizer apenas por
que gostam do objeto que trouxeram".
As crianças haviam trazido muitas coisas diferentes para mostrar umas às outras. Um
menino trouxe uma placa de gesso de quando tinha quebrado a perna. Uma menina trouxe
uma pena de pavão que tinha achado no interior. Sandy trouxe suas sapatilhas, e Leila
trouxe sua concha, cuidadosamente embrulhada em papel para não quebrar.
Quando Tiago estava contando à classe sobre sua bola de futebol e como ele a havia chutado
bem dentro do gol no parque, ele percebeu que dois meninos não estavam prestando
atenção a ele e, sim, cochichando no canto. Ele começou a se irritar. Ele os tinha ouvido,
pensou, então por que eles não o ouviam?
Felizmente, o professor também tinha percebido isso. Ele disse à classe que ouvir as pessoas
era uma coisa difícil de se fazer, mas que, se queremos que as pessoas nos ouçam, então
devemos ouvi-las. Nada mais justo. Ele também disse que demonstramos respeito às
pessoas quando ouvimos o que elas têm a dizer.
Mais tarde no parquinho, os dois meninos da classe do Tiago vieram até ele. Um deles disse:
"Você sujou a nossa barra com o professor João".
"Eu, não", disse Tiago. "Vocês estavam conversando quando não deveriam estar."
"Mesmo assim, ele nos deu bronca", disse um dos meninos e o outro se esticou para pegar a
bola do Tiago. Tiago o impediu dando um passo para trás.
Tiago disse: ”Bem, desculpem-me, mas eu não quis encrencar vocês. Vocês gostam de jogar
futebol?"
Os meninos, que se chamavam Alexandre e Jair, disseram que sim, e então Tiago disse que
eles três poderiam jogar com a bola dele até acabar o recreio.
© Partnership for Children 2010
Módulo 3 – Você é meu amigo?
Um dia, o professor João disse à classe que, no dia seguinte, eles iriam passear ao longo do
rio.
Era primavera.
O clima estava ficando mais quente e as flores começavam a
desabrochar.
"Conseguiremos ver vários tipos de coisas", disse ele. "Aprenderemos os nomes de muitas
flores e árvores e, se tivermos sorte, haverá pássaros e animais para ver também."
No dia seguinte, as crianças estavam no parquinho esperando o professor João fazer a
contagem e ver quantos alunos iriam ao passeio. Tiago estava em pé com Alexandre e Jair e
outros meninos. Leila e Sandy estavam juntas.
Então, o professor disse: "Agora, por favor, formem pares para o nosso passeio ao rio. Vocês
podem ficar com um amigo ou talvez ir com outro colega - alguém que vocês não conheçam
muito bem."
Tiago fez par com Alexandre, e Jair ficou ao lado de um outro menino que gostava de jogar
futebol. Sandy se virou para dizer algo a Leila, mas ela tinha atravessado o lugar onde
estavam para ficar com uma menina chamada Júlia, com quem estava de mãos dadas.
"Quem vai ser seu par, Sandy?", Perguntou o professor João quando a viu em pé sozinha.
Então ele viu que a Leila estava com a Júlia.
"Talvez, hoje, você queira ser o par do Daniel. Você pode dizer a ele o que sabe sobre nossa
cidade."
Daniel era um menino novo na classe. Ele estava naquela escola só há poucos dias.
"Está bem", disse Sandy, mas ela ficou muito triste. Ela achou que Leila fosse sua melhor
amiga. Elas sempre faziam as coisas juntas. Por que a Leila não tinha dito a ela que não
queria ser seu par no passeio?
Os olhos de Sandy se encheram de lágrimas quando ela lembrou que tinha se sentido um
pouquinho assim quando o pai dela foi embora de casa. Ela procurou um lenço no bolso,
porque não queria que a Leila nem ninguém mais a vissem chorando.
Mais tarde, as crianças estavam fazendo um almoço-piquenique lá na beira do rio. Daniel
estava jogando futebol com Tiago e alguns dos outros meninos. Sandy estava sentada
sozinha em um tronco, sentindo-se péssima. Leila foi até ela, seguida pela Júlia.
"Você quer maçã?", disse Leila. Ela sabia que Sandy gostava de maçãs. Sandy não disse
nada. "O que foi?", perguntou Leila.
Sandy olhou para ela e respondeu: ”Por que você não andou comigo? Eu achei que você
fosse minha amiga". Nesse momento, Júlia entrou na conversa e disse: "Ela não é mais sua
amiga, não. Ela é minha amiga agora", e puxou a Leila para trás de umas árvores.
© Partnership for Children 2010
Sandy desandou a chorar. Ela não podia acreditar que Leila não queria mais ser sua amiga.
Tiago estava olhando o que aconteceu e foi até a Sandy. "O que foi?", disse ele. "Alguém te
machucou?"
"A Leila disse que não é mais minha amiga", disse Sandy. Tiago, então, colocou o braço em
volta dela e lhe deu um abraço. "Eu vou buscar o professor João", disse ele.
Quando o professor chegou, Sandy já tinha parado de chorar, mas os olhos dela estavam um
pouquinho vermelhos. “Está tudo bem com você?", perguntou o professor. Ele também tinha
visto o que acontecera entre as meninas. "Não se preocupe", disse ele. "Tenho certeza de
que tudo vai ficar bem."
Naquela tarde, no caminho de volta da escola para casa, a mãe da Leila percebeu que ela e
Sandy não estavam conversando. Dentro de casa, todos beberam e comeram alguma coisa,
e então Tiago disse que iria subir para falar com o Zippy. Ele não tinha visto o Zippy o dia
inteiro e tinha realmente sentido saudades da carinha amiga dele. Zippy sempre ficava feliz
ao vê-lo.
Leila e Sandy estavam sentadas cada uma de um lado da mesa e a mãe da Leila começou a
conversar com elas.
“E então?", disse a mãe da Leila. "O que está acontecendo com vocês duas?". "Eu achei que
vocês fossem a melhor amiga uma da outra."
Sandy disse: “Ela não é mais minha amiga".
"Sou, sim", disse Leila.
“Não. Agora você é amiga da Júlia", disse Sandy. “Não é justo."
"Esperem um minuto", disse a mãe da Leila. "É verdade que você não é mais amiga da
Sandy?"
"Não", disse Leila. "A Sandy está chateada porque eu andei até o rio com a Júlia, em vez de
ir com ela."
"A Júlia disse que você era amiga dela agora", disse Sandy.
"Vocês podem ser amigas de várias pessoas", disse a mãe da Leila. "Vocês não têm que
deixar de ser amigas de alguém só porque arranjam uma nova amiga. Vocês são amigas há
um tempão e a amizade de vocês é importante. Não serita trise se vocês deixassem de ser
amigas? Acho que vocês conseguem dar um jeito nisso se quiserem."
No dia seguinte na escola, o professor João falou com a classe sobre amizade e porque os
amigos são preciosos. Ele pediu ao Daniel para lhes contar sobre sua primeira semana na
escola nova e como foi ser o menino novo na classe.
"Eu sinto falta dos meus amigos da outra escola", disse Daniel, "mas eu posso ligar para eles
e nós mandamos coisas uns para os outros". Ele mostrou à classe algumas fotografias de
seus amigos da outra escola.
"E de qualquer forma", ele disse, "eu já tenho amigos novos aqui - o Tiago, o Alexandre, o
Jair e a Sandy".
© Partnership for Children 2010
Módulo 4 – Derrotando os valentões
Uma noite, quando Sandy estava se aprontando para ir dormir, seu irmão mais velho, Felipe,
entrou para dizer boa-noite e percebeu um machucado grande na perna dela.
"Como você fez isso?", ele perguntou. "Parece dolorido." Sandy não olhou para o Felipe. Ela
só disse que já não doía mais, que estava tudo bem com ela. Ela não explicou como tinha se
machucado - e Felipe não perguntou.
A verdade é que Júlia tinha começado a ser terrível com a Sandy depois do passeio ao rio.
Ela ficava dizendo coisas para magoar seus sentimentos, chamando-a de nomes feios,
cutucando-a ou puxando seu cabelo quando ninguém estava olhando.
Entrando na sala de aula, na manhã seguinte ao passeio, Sandy estava passando pela
carteira da Júlia quando esta pôs o pé para fora muito rápido e a fez tropeçar. Sandy raspou
a perna numa cadeira quando caiu e doeu muito mesmo. Ela sentiu vontade de pegar a
cadeira e bater na Júlia com muita força.
O professor João veio ver o que havia acontecido. “Minha nossa", disse ele, ajudando Sandy
a se levantar. "Você precisa olhar por onde anda, Sandy. Nós não queremos que ninguém
se machuque feio, né?" Aquilo fez Sandy se sentir pior ainda. Ela não tinha sido desatenta, a
Júlia é que tinha sido cruel. Então, por que o professor a criticou?
Naquela noite, na hora do jantar, a mãe de Sandy percebeu que ela quase não comeu nada.
“Aconteceu alguma coisa, Sandy? Você não está se sentindo bem?", disse ela preocupada.
"Eu estou bem", disse Sandy - mas por dentro ela sentia como se fosse chorar.
"Talvez você só esteja cansada", disse a mãe. "Você precisa ir dormir cedo."
Mais tarde na cama, quando sua mãe veio dizer boa-noite, Sandy quase contou a ela sobre
os maus-tratos, mas ela não sabia como dizer e, então, não disse nada.
Na manhã seguinte, Leila e Tiago estavam esperando pela Sandy lá fora da casa dela, como
sempre faziam, para poderem ir juntos para a escola. Quando Sandy abriu a porta e saiu, os
gêmeos viram que ela tinha chorado.
"Eu não quero ir à escola hoje", disse ela. "Na verdade, eu quero fugir."
chorar.
E desandou a
Tiago perguntou: "Qual é o problema?". Leila pôs o braço em volta de Sandy e a abraçou, e
os três se sentaram na soleira da porta. Sandy enxugou as lágrimas e disse ao Tiago e à
Leila que a Júlia a vinha maltratando.
"Eu estou querendo contar a vocês há um tempão, mas a Júlia disse que, se eu contasse,
ninguém mais iria gostar de mim", disse Sandy.
© Partnership for Children 2010
"Que besteira", disse Leila. "Você sabe que você é minha melhor amiga. Vamos, temos que
decidir o que fazer." Tiago achava que a Sandy deveria simplesmente ignorar a Júlia e fingir
que ela não estava lá, mas Sandy disse que tinha tentado isso e só piorou as coisas.
"Eu poderia contar ao Felipe", disse ela. "A Júlia ficaria com medo dele."
"Talvez nós pudéssemos ir com você para falar com a Júlia", disse Leila. "Se ela visse que
somos amigas, talvez parasse de ser malvada."
Eles se levantaram da soleira da porta. Sandy estava se sentindo um pouquinho melhor e
então eles se apressaram para a escola. Eles não queriam se atrasar. Quando entraram pelo
portão da escola, Tiago sugeriu que Sandy contasse ao professor João o que a Júlia andava
fazendo, mas Sandy não tinha muita certeza se isso era uma boa idéia..
"O Felipe diz que a gente nunca deve dedar as pessoas, não importa o que elas tenham
feito", disse ela.
"Isso é burrice", disse Tiago. "Se alguém faz algo ruim ou se você precisa de ajuda, você
deve contar a alguém."
Durante o dia, Sandy falou com o professor João e lhe contou o que Júlia andava fazendo. O
professor a ouviu com bastante atenção e depois disse: "Por que você acha que ela está
sendo horrível com você? Você acha que ela está infeliz? Ela está com ciúmes?".
"Eu não sei", disse Sandy.
Ele então sugeriu que ela falasse com Júlia e lhe perguntasse por que ela
tão maldosa. "Se houver mais problemas", ele disse, "eu darei um jeito".
estava sendo
Depois da aula, Sandy, Leila e Tiago encontraram Júlia no parquinho.
Tiago perguntou: “Por que você tem sido tão horrível com a Sandy?".
Júlia disse que não sabia. Então Leila falou: “Bem, nós queremos que você pare. Nós
queremos que todos sejamos amigos, como antes."
Júlia parecia envergonhada de si mesma.
“Desculpe-me, Sandy", disse ela. "Eu fiquei com ciúmes porque você e a Leila são a melhor
amiga uma da outra, e eu queria que ela fosse minha melhor amiga. Eu não vou mais fazer
isso."
Sandy ficou tão aliviada que deu um abraço na Júlia.
Mais tarde, Leila e Sandy estavam brincando.
"Eu não acho que o Tiago se importará se eu disser uma coisa para você", disse Leila.
"Quando fazia poucas semanas que estávamos nesta escola, aquele menino, lá embaixo na
rua, tentou intimidar o Tiago e roubar a bola de futebol dele. O Tiago ficou muito aborrecido,
então ele contou ao papai e eles foram até a casa do menino."
"O que eles fizeram?", perguntou Sandy.
"Bem, na verdade eles não fizeram nada", disse Leila, "mas o papai perguntou ao menino:
'Como você se sentiria se alguém ameaçasse você?'. Depois daquilo, o menino parou de agir
daquele jeito".
"O Tiago teve sorte que o seu pai o ajudou", disse Sandy.
"Bem, todos nós temos alguém que pode nos ajudar", disse Leila, "alguém com quem
podemos conversar. Prometa que vai me contar se alguma coisa assim acontecer de novo".
© Partnership for Children 2010
"Prometo", disse Sandy.
Módulo 5 – Dizendo adeus
No ano seguinte, Sandy e os gêmeos voltaram para a escola depois das férias de verão. Esse
era o segundo ano deles na escola. Nas férias, os gêmeos e seus pais tinham visitado uma
das avós, que estava doente.
Sandy e Felipe tinham ficado com o pai e sua companheira e eles tinham visitado um grande
parque temático com muitas atrações incríveis. O pai deles tinha lhes pedido que fossem
visitá-lo mais vezes nos finais de semana, agora que a Sandy já estava bem grande para
viajar de ônibus com o irmão.
Sandy estava contente de agora poder ver seu pai com mais freqüência e também por poder
ir de ônibus com Felipe, mas ela percebeu que não veria o Tiago e a Leila tantas vezes nos
finais de semana, como estava acostumada, se ela estivesse fora, na casa de seu pai.
Quando Sandy, Leila e Tiago estavam sentados no jardim de Sandy, depois do jantar, Leila
disse: "Você deve sentir muita falta de seu pai". Era quase hora de dormir, porque o dia
seguinte era dia de aula e havia coisas para aprontar.
"É, sinto, sim", concordou Sandy, "mas eu vou vê-lo muito mais agora que eu posso andar
de ônibus com o Felipe".
Nesse momento, Tiago disse: "Eu sinto muita, muita saudades mesmo do Zippy. Dá muita
solidão não poder falar com ele."
Numa manhã, durante as férias de verão, Tiago acordou e descobriu que Zippy, seu
bichinho, tinha morrido durante a noite. Seu corpinho verde estava deitado no chão da
casinha. Tiago o tirou para fora e assoprou nele para ver se ele estava apenas dormindo,
mas não adiantou. Ele não estava mais lá. Tiago ficou triste e achou que a culpa fosse dele.
"Eu deveria ter dado uma olhada melhor no Zippy de noite, antes que ele morresse", Tiago
disse à sua mãe. "Eu teria visto se ele estava doente e poderia ter feito algo para ajudá-lo.
Se eu não tivesse dormido a noite inteira, eu poderia ter salvado a vida dele."
"Não", disse sua mãe. "A culpa não foi sua. Você cuidou do Zippy muito bem. Ele morreu
porque era a hora de ele morrer. Às vezes acontecem coisas tristes e não é culpa de
ninguém - elas simplesmente acontecem.”
Todos se reuniram no jardim para a cerimônia do enterro - Tiago, Leila, Sandy, Felipe e seus
pais. O pai de Tiago encontrou uma caixa especial para colocar o corpo do Zippy. Era uma
caixa velha de madeira, decorada com belas flores pintadas. Tiago e seu pai tinham cavado
um buraco no chão, e Tiago colocou a caixa no buraco. Usando sua pá, ele pôs terra em
cima da caixa.
"Adeus, Zippy", disse ele.
Depois do enterro, a mãe do Tiago disse: "É importante lembrar do Zippy e de como ele era .
Você quer falar algo sobre ele, Tiago?"
© Partnership for Children 2010
"Você começa", disse Tiago, começando a chorar.
"OK", disse sua mãe. "Eu me lembrarei do Zippy porque ele era da mais bela cor verde."
"E eu me lembrarei daquela vez em que ele saiu da casinha, e nós não conseguíamos achálo, mesmo depois de um tempão", disse seu pai, "e a Leila o encontrou na árvore perto da
porta da frente".
Quando foi sua vez, Leila disse: "Eu me lembrarei que você costumava colocá-lo em meu
travesseiro, porque você sabia que isso me aborrecia. Mas, depois, eu me acostumei e eu
realmente gostava dele porque ele parecia estar sempre querendo dizer alguma coisa.”
Tiago sorriu. "Eu me lembrarei de que ele era meu amigo", disse ele, e depois chorou mais
um pouco.
No dia seguinte, primeiro dia do ano letivo, Sandy, Leila e Tiago descobriram que tinham
uma nova professora, a sra. Bárbara. Eles haviam esquecido que o professor João lhes tinha
dito que poderia haver um professor novo depois das férias. Foi estranho não tê-lo mais
como professor, embora eles o tivessem visto mais tarde no corredor, com sua nova classe,
e ele acenou para eles.
"Eu gostava dele porque ele era engraçado", disse Leila. "Vocês se lembram daquela vez em
que ele apareceu com um nariz vermelho de palhaço e nós não conseguíamos parar de rir?".
"Bem, eu gostava dele porque ele era bonzinho", disse Sandy. "Quando a Júlia quebrou o
braço, ele foi muito legal com ela."
A professora Bárbara tinha trazido sua cadela, Muffin, para a aula com ela.
"Às vezes eu a trago comigo", disse ela, "porque ela é uma cachorra velha e não gosta muito
de ficar sozinha. Ela ficará sentada embaixo da minha mesa a maior parte do tempo;
portanto, não se preocupem, caso alguém tenha um pouco de medo de cães".
Tiago achou que tinha sido uma boa mudança ter a Muffin lá, porque o professor João não
permitia animais de estimação na sala de aula.
Depois, a professora Bárbara pediu às crianças para fazerem um desenho do que lhes tinha
acontecido nas férias de verão.
Quando elas mostraram seus desenhos, Sandy tinha desenhado ela mesma, Felipe, seu pai e
a namorada dele num passeio a uma exposição; Leila tinha desenhado ela mesma com
sua avó, e Tiago tinha desenhado o Zippy.
Então a professora perguntou: "O que vocês vão escrever junto com os desenhos?".
Leila disse: "Esta sou eu com minha avó. Ela está doente e eu espero, de coração, que ela
melhore".
© Partnership for Children 2010
Sandy disse: "Esta sou eu com meu irmão e meu pai. Eu vou vê-lo muito mais, agora que
estou maior".
Tiago disse: "Meu bichinho, Zippy, morreu nas férias, e nós o enterramos no jardim". Uma
lágrima começou a descer pela sua bochecha.
"Você deve estar se sentindo muito triste, Tiago", disse a professora Bárbara.
"Estou", disse Tiago. "Eu penso nele todos os dias."
"Eu imagino que você vá pensar nele por muito tempo", disse a profesora Bárbara, "porque
pode demorar muito para passar a tristeza quando perdemos alguém que amamos, seja uma
pessoa ou um bichinho. E não tem problema algum em ficar triste quando isso acontece."
Módulo 6 – Nós sabemos lidar com as dificuldades
Perto da casa de Tiago e Leila, havia uma casa velha com um jardim grande. Ninguém
morava na casa e algumas das janelas estavam quebradas. O jardim ficava escondido atrás
de um muro de pedras, bem grande, mas os gêmeos sabiam que lá dentro tinha uma
macieira que produzia muitos frutos. Uma tarde, eles decidiram ir ao jardim para procurar
maçãs. Eles tinham certeza de que não haveria mais ninguém lá.
Quando desciam a rua, encontraram-se com Sandy e Júlia, que tinham esquecido
completamente o antigo problema das ameaças e agora eram boas amigas. Os quatro Tiago, Leila, Sandy e Júlia - subiram por cima do muro de pedras e entraram no jardim. O
muro era bem alto, e eles tiveram que pular para o outro lado, caindo na grama alta e
macia. Eles viram que a árvore estava forrada de maçãs vermelhas e brilhantes.
"Eu vou chacoalhar a árvore", disse Tiago, "e vocês podem pegar as maçãs quando elas
caírem na grama".
De repente, Sandy deu um grito. Tinha mais alguém no jardim - um menino, um pouco
menor que eles, sentado encostado no muro. Ele parecia triste. Leila disse que já o tinha
visto, ontem, fazendo compras com a mãe, e então eles foram até lá e conversaram com ele.
O menino disse que seu nome era Antônio e que ele tinha acabado de se mudar para uma
casa perto de onde Tiago, Leila e Sandy moravam. Ele disse que a mãe e o pai dele andaram
gritando um com o outro e ele tinha ficado tão triste que desceu a rua correndo e pulou para
o jardim.
"Por que eles estavam gritando?", perguntou Júlia.
Antonio respondeu: "Porque meu pai queria assistir futebol na televisão e minha mãe disse
que não era justo. Eles sempre brigam por causa da televisão. Eu odeio quando eles gritam
um com o outro. Isso me deixa triste."
© Partnership for Children 2010
"O que você faz?", perguntou Leila.
Antônio pensou um pouco. "Às vezes eu vou para o meu quarto e bato a porta, e às vezes eu
não tomo lanche", disse ele. "Mas isso não ajuda, porque aí minha mãe e meu pai ficam
bravos comigo."
"Você poderia dizer a eles que você não gosta de que eles gritem", disse Sandy. "Algumas
pessoas acham que, se você ignorar uma coisa, ela passa, mas não é verdade."
"É isso mesmo", disse Júlia. "No ano passado, eu costumava ameaçar a Sandy, porque eu
estava com ciúmes de ela ser amiga da Leila. Aí todos eles, o Tiago, a Leila e a Sandy,
falaram comigo sobre isso e eu parei. A Sandy me abraçou, e agora somos boas amigas." Ela
olhou para a Sandy e as duas sorriram.
As crianças se sentaram na grama e comeram as maçãs. Deram uma ao Antônio, mas ele
ainda parecia um pouco triste. Antonio contou que tinha vindo de outra cidade e sentia falta
da sua outra casa e de seus amigos.
"Isso é um pouco como quando o Zippy morreu", disse Tiago.
"O que é Zippy?", perguntou Antônio. As crianças riram.
"Zippy era meu bichinho de estimação”, explicou Tiago, "e quando ele morreu, eu fiquei
muito triste mesmo. Eu chorei bastante e isso fez com que eu me sentisse melhor". "Minha
mãe disse que nós deveríamos guardar nossas lembranças felizes do Zippy, então todos nós
falamos sobre ele. Minha mãe se lembrou de sua cor verde brilhante e eu lembrei que ele
era meu amigo."
"E eu lembrei como o Tiago costumava colocá-lo no meu travesseiro para me assustar!",
disse Leila, rindo.
"Eu tenho uma idéia", disse Antônio. "Vou pedir à minha mãe algumas fotos de nossa antiga
casa e colocá-las na parede perto da minha cama. Aí eu vou lembrar sempre".
Havia uma outra coisa que estava preocupando Antônio - começar em uma escola nova. Ele
não sabia como seriam seu novo professor e seus novos colegas.
"Eu me senti assim no ano passado, também", disse Tiago, "mas você ficará na classe do
professor João, e ele é super legal".
Leila disse: "Quando você começa em uma escola nova, você faz amizades e aí não se sente
sozinho. Foi assim que Sandy e eu ficamos amigas".
"Tinha dois meninos na minha classe", disse Tiago. "Eles se chamavam Alexandre e Jair. No
primeiro dia, achei que eles seriam terríveis, mas depois nós todos jogamos futebol e
ficamos amigos."
O sol estava baixando e era hora de ir para casa. Eles subiram no muro
Leila, Sandy, Júlia e o novo amigo deles, Antônio.
juntos - Tiago,
"Eu me sinto melhor agora", disse Antônio. "Falar faz eu me sentir melhor.”
No dia seguinte, era o aniversário de Tiago e Leila. Eles iriam dar uma festa em casa e
perguntaram ao Antônio se ele gostaria de vir também. Eles jogaram e fizeram brincadeiras,
e a mãe dos gêmeos tinha feito um bolo de aniversário especial com doze velas em cima seis para o Tiago e seis para Leila.
Quando chegou a hora de eles abrirem os presentes, Leila, Sandy e Júlia fizeram o Tiago
fechar os olhos bem apertados. Elas puseram uma caixa em cima da mesa, coberta com um
pano.
© Partnership for Children 2010
"Pode olhar agora", elas gritaram. Tiago abriu os olhos, levantou o pano e olhou dentro da
caixa.
"Uau!"
Dentro da caixa estava um pequeno hamster marrom. Tiago colocou a mão na caixa e pegou
o bichinho, passando os dedos no pêlo macio dele. Todos se juntaram, rindo dos trejeitos do
focinho dele e de seus olhos arregalados.
"Obrigado", disse Tiago. "Este é o melhor presente. Agora eu não vou ficar tão triste por ter
perdido o Zippy."
"Que nome você vai dar a ele?", perguntou sua mãe. Tiago pensou por um momento.
"Maçã", ele disse.
"Maçã!", disse a mãe. "Que nome gozado para um hamster."
"Bem", disse Tiago, "acho que é um bom nome para um novo amigo".
© Partnership for Children 2010
Download

História do “Amigos do Zippy”