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------------------- -
220
TENDENCIAS DA PLUVIOMETRIA NA GRANDE SAO PAULO E A
INFLUENCIA DOS PROCESSOS DE URBANIZAÇAO E INDUSTRIALIZAÇAO
Teresinha de Ma. B. S. Xavier ~
Silvio de Oliveira 2
Maria Assunç~o F. da Silva Dias
Airton F.
Sampaio
Xavier ~
3
(1) CNPq/ Depto. Ciências Atmosf.-IAG/USP.
(2) SMA-SP./ Depto. Ciências Atmosf.-IAG/USP.
(3) Depto. Ciências Atmosféricas -IAG/USF
RESUMO
Estudou-se o comportamento de séries pluviométricas
(mensais e tr~mestrais) de postos localizados
na
Grande S~O Paulo,
comparativamente a outros situados nas
circunvizinhan~asn Espera-se através
dos
resultados parciais a perspectiva da influência da
urbaniza~~o e da industrializaçâo com uma
possivel
intensifica~~o nos últimos trinta anos.
Um dos resultados mostra que nos trimestres do outono~
inverno e primavera~ os postos do centro da cidade apresentaram tendência para um déficit pluviométrico
e no ver~o um superávit pluviométrico, quando comparados a grupos de postos circunvizinhos. Na conclus~o parcial, ainda n~o encontrou-se
indicadores
que justifique fisicamente a diminui~~o e acréscimo
pluviom~trico no centro da cidade.
1. INTRODUÇAO
o
fenOmeno
ilha de calor associado ao crescimento de
urbanas é fato
considerado bem estabelecido:
(i) a partir de medi~~es da temperatura ao longo de cortes
das cidades~ em diferentes horários; (ii) mediante a análise
da tendência de séries de temperaturas urbanas;
finalmente
(iii) atrav~s de observa~ôes via satélite. Apesar da escassez de bibliografia sobre clima urbano~ em regiôes tropicais
particularmente em Sâo Paulo, foram realizados os trabalhos
de Lombardo et al.,(1983)~ Sansigolo,(1991) e Oliveira(1991)
Estudos voltados sobre o reflexo do aquecimento e
polui~~o
do ar sobre a precipita~~o, como consequência do movimento,
e n6cleos de condensa~~o~ é assunto ainda polêmico. Estudo
nâo direcionado para identificar efeitos urbanos na
precitai~o têm sido desenvolvidos por, Braham,(1981), Lima,(1985)
Soares & Dias,(1986) e Silva,(1986).
No presente
trabalho
aglomera~~es
221
propbe-se analisar a variabilidade da precipitaç~o na Grande Sâo Paulo e regi~es circunvizinhas associado aos efeitos
urbanos.
2. DADOS E METODOLOGIA
2.1 Dados Pluviométricos
Os dados utilizados foram os disponiveis da rede
pluviométrica do Departamento de Aguas e Energia Elétrica ( DAEE ),
onde inicialmente considerou-se 56 postos da Grande S~o Paulo, chuva mensal acumulada. Es~~s dados cobriram as tres
úl.timas décadas~ 1~~(:) / 70 I 80 ( 1960 a 1989 )u Dent~e est~~ hà um subconjunto de 26 postos, a cujos dados cobrem
as
5
últimas décadas~ 1940 I 50 I
60 / 70 I 80.
Na
realidade~ para alguns destes postos, dispbe-se
de valores
mensais do periodo entre 1936 a 1940 e quase todos eles
se
ex tendem at~ ao primeiro semestre de 1991.
2.2 Metodologia Estatlstica
A análise estatistica preliminar dos dados, envolveu o
emprego das seguintes t~cnicas : a) Uma análise de "coer@ncia'
a nivel trimestral e mensal; b) a an~ ise de séries temporais da precipita~a8 acumulada trj.mestral e mensal na busca de
tef',dênc:ias 2 q\.lase--clc:los; (::) arláli.se Ci2~~; (:oml~C)!'}ef1tes p~·ir'··­
cipais; finalmente d) uma anblise ( comparativa) da 8volu~~o
da~;
(nédj.a!~
ela
t~r··e(::j.r)jtaç~c) ·tr·itne~;tr'al
a(:L~mll~acla~
dados agregados segundo diferentes grupos de postos e
c1as
paj~a
os
déca-
cor'lsecl~tivaS3
3. RESULTADOS
3.1 Análise de Coerência
Na anàlise de coerência dos dados comparOll-se diversas núvens de dispers~o de pares de observa~~o, considerando-se os
postos da Grande Sâo Paulo e um grupo no litoral ( vertente
Atlêntica). A maior coerência foi observada durante o outono
e inverno e a menor coerencia foi detectada na
esta~~o
do
verâon
3.2 Análise de Tendências
A análise de tendências se restr1ngiu às s~ries mensais e
trimestrais de chuva ac~~mulada, paFa os postos do IAG e Luz.
Nessa análise aplicou-se a técnica de regressào linear e outra nâo-paramétrica. O resultado preliminar para o IAG mostrou fraca tendência positiva, embora estatisticamente
significativa para os
trimestres l(jan,fev,mar.)
e
2(abr~
222
mai~
jun~) e os meses de mar~o e maio.
tem-se observado uma tendência forçada
outliers. Para a Luz n~o foi detectada
significativa para as s0ries mensais e
cio de 19~)6-1991..
3.3
De um modo
pela
geral
de
presen~a
qualquer tendéncia~
trimestrais no perlo-
Análise Quase Ciclos.
A an';'.lisf2 de "quase ciclos" foi aplicada <:\p€.~nas pare:\ os pos-·
tos da Luz e IAG;
para outros dois mais distantes do
centro da cidade o de Itatiba e o de Vinhedo; e um do litoral o
de Itatinga/Santos. A t~cnica para essa análise foi um
low-pass filter de 11 termos sem
remo~~o
prévia de tendência
(Trenberth,1980). Após a análise, verificou-se a
existência
dos "qua~se clc: I os" na maiol·- ia elas sét-ies ana I i ~;adas.
3.4 Análise Comparativa
Como prepara~~o desta análise
comparativa~
realizou-se
o
estudo das componentes principais~ onde no primeiro eixo
principal o porcentual da explica~~o da inércia total foi de
91%. E o porcentual acumulado da explica~~o da inércia~ para
os dois primeiros eixos foi da ordem de 76%. A partir de indicai~es extraidas das componentes principais~ selecionou-se
os grupos de postos pluviométricos para décadas consecutivas
considerando-se as médias pluviomét~icas acumuladas em cada
um dos trimestres do ano. Os grupos foram: Grupo O (IAG+LUZ)
Grupo 1 (S. Ama~o + Engordador + Barrocada.); Grupo 2(Cotia)
Grupo 3(Guarulhos e Guararema); Grupo 4(eliminado); Grupo 5
(Itatiba e Vinhedo) Grupo 6(litoral). A comparai~o do grupo
O com os demais e a esta~~o do ano está sumarizada nas Tabelas 3.4.1 a 3.4.4. O resultado mostrou que os dois postos
mais centrais~ apresenta~am tendência para um déficit pluvimêtrico nos trimestres do outono, inverno e primavera do que
no ver~o~ onde prevaleceu um excesso pluviométrico~ quando
comparado com os circunvizinhos.
5. DISCUSSAO
Prelinarmente o resultado parcial encontrado é extremamente
importante, na medida em que se detém a informa~~o sob~e
o
déficit
e o super~vit de chuva no centro da cidade ao
comparar-se com as vizinhan~a5. A interpretaiâo
detalhada
sobre qual o
fenOmeno
de maior
peso esta
interferindo
no mecanismo da precipita~~o de S~O Paulo~ se a urbanizai~o
ou a
industrializa~~o,
se os
fenOmenos
de mesoescala
acoplado aos de larga escala em sintonia com o ciclo do
regime sasonal
de brisa.s~ ou a c':::L.njugcq;::~o de tCldos es:;es
fatores
simultaneamente, ainda n~o é possivel~ no estágio
atual do estudo. Assim parece n~o estabelecer interpretaç~es
conclusivas nessa dire~~o, até a consecui~o de outras etapas
desta pesquisC:i..
223
AGRADECIMENTOS
Os aL~tC)~eS agr-a~12C2fIl 2~JS~ E:~r~gerlt}eil~~~s; C:ali.112 RLtggiel~o~
8eica Ono e
Nelson do DALE-CTH,
pela
cess~o dos dados
pluviométricos e
pela a·terl~:~o I-)a~; dj.SCl.l~5~~~e5 ·t~(:I·lic:d~~:j t.~alr·a
consecu~~o do trabalho.
6.
REFER~NCIAS
BRAHAM JR., R.R., 1981. Urban ?~e~ipitation Processes, In:
S.A. Changnon Jr., Ed., METRDMEX: A Review 2nd Summary,
Meteorol. Monographs, Velo 18, N°. 40, Oet. pp.75-115.
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Precipita~~o. Tese de Mestradc,
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Use Df
Infrared
Imagem
in the DelimitatJon
of Sao Paulo's Heat Island.
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Circula~~o
Associada a uma Ilha de Calor Uf-bana Com um Modelo de 8imula~~o da Brisa Marítima. Anais do 4°.Cong. Bras. de Meteorologia, Brasl1ia DF., pg. 29EI-325.
SOARES, J.R. e SILVA DIAS, M.A.F. 1986. Probabilidade
de
Ocorréncia de Alguns Eventos Meteorológicos Extremos na
Cidade ele
S~O
Paulc)l,
F~eY~
Br-as~
de Me-teor.
Vol~
1~
pp. 66-75.
TRENBERTH, K.E., 1980. Atmospheric Quasi-Oscillations.
Monthly Weather Review, VaI. 108, pp. 1370-1377.
Nou
2
TABELA
TABELA
3.5.1
3.5.2
Excesso ou Deficit Pluviometrico no TRIKESTRE 2,
Excesso ou Deficit Pluviometrico no TRIKESTRE 1,
-----------------------------------------------
para um Grupo de Postos "mais centrais" da Cida-
-----------------------------------------------
de de Sao Paulo ( Grupo O )
-----------------------------------------------
para um Grupo de Postos "mais centraiS" da Cidacomparativamente a
de de Sao Paulo ( Grupo O )
comparativamente a
outro Grupos de Postos
outro Grupos de Postos
===~==================================================
===========
comparacao
Excesso ou Deficit do GRUPO O nas Decadas (,)
com o grupo
40
50
60
7à
BO
==========:======::==============================:===:==:========
========================:========================================
comparacao
Excesso ou Deficit do GRUPO O nas Decadas (')
com o grupo
40
50
60
70
80
=========================================================;======;
,
GRUPO 1
+
+12,5
7,7
- 7,0
._.*.
... --
- 4,8
**".*
-12,2
- 0,9
+24,7
..... ... _. ..... .....
- 0,8
2,1
+ 3,3
_." ..
- 2,0
- 2,5
.****
- 7,0
+ 9,6
+ 7,1
- 7,4
..
+ 0,2
+ 4,1
+16,6
+ 8,5
GRUPO 5
+ 8,8
+15,1
+18,2
+14,4
+ 5,5
- 1,1
-** ••
-17,9
- 0,5
GRUPO 3
+23,7
+12,4
+28,3
! -
GRUPO 5
+28,4
+12,4
+31,8
! -
!
""."
..
!
*1Il1ll**
GRUPO 3
+ 7,1 !
- 5,5
GRUPO 2
+17,1
GRUPO 2
.
+ 5,4
- 5,0
GRUPO 1
••• a_
1,7
=================================================================
-**_.
os "~eficits1t sao suhlinhados:
tendencia a "deficit" •a direita de !
os "deficits" sao sublinhados: 1Il1ll***
TABELA
3.5.3
Excesso ou Deficit Pluviometrico no TRIKESTRE 3,
TA8ELA
3.5.4
para um Grupo de Postos "mais centrais" da Cidade de Sao Paulo ( Grupo O )
Excesso ou Deficit Pluviometrico no TRIMESTRE 4,
~e
outro Grupos de Postos
de Sao Paulo ( Grupo O )
comparativamente a
outro Grupos de Postos
Excesso ou Deficit do GRUPO O nas Decadas ('J
40
50
60
70
80
comparacao
com o grupo
~
para um Grupo de Postos "mais centrais" da Cida-
comparativamente a
=================================~==================== ===========
comparacao
com o grupo
Excesso ou Deficit do GRUPO O nas Decadas (\)
40
50
60
70
80
========================================~============= ===========
GRUPO 1
!
!
+ 2,2
- 9,4
****-
- 6,4
_._**
- 5,0
*****
-13,4
- 7,5
-12,1
-***.
**_.
GRUPO 1
- 5,0
+ 8,0
-14,6
-10,9
-15,6
GRUPO 2
+ 2,4
+ 5,4
- 1,0
- 2,3
+
GRUPO 3
+ 2,3
+ 5,3
+ 5,5
- 1. 2
-10,1
GRUPO 5
-17,5
+12,B
+ 2,6
- 5,6
-21,4
!
GRUPO 2
GRUPO 3
+ 9,0
+26,1
! -25,8
**'11 ••
+ 3,9
- 3,8
*****
+12,1
-**_.
+ 8,0
!
!
!
GRUPO 5
+22,6
+15,5
+44,4
os "~eficits" sao sublinhados: •••• 1Il
tendencia a "deficit" 'a direita de !
!
! - 6,6
- 8,0
._**-
- 3,6
N
N
7,8
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