LEANDRO REIS SANTOS DE GOUVEIA
Gisela Swetlana Ortriwano e o Radiojornalismo
– Uma Trajetória de Ensino –
Universidade de São Paulo
2010-2011
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LEANDRO REIS SANTOS DE GOUVEIA
Gisela Swetlana Ortriwano e o Radiojornalismo
– Uma Trajetória de Ensino –
Relatório apresentado ao Programa Ensinar
com Pesquisa da Universidade de São
Paulo.
Universidade de São Paulo
2010- 2011
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AGRADECIMENTOS
Meu interesse pelo rádio vem de muito tempo, desde que eu comecei a ouvir a
programação da Rádio Globo e depois de pouco tempo passar a sintonizar a Rádio
Bandeirantes, por influência do meu pai. Dono de bar, sempre teve o rádio como principal
fonte de informações. Por isso, ele é a primeira pessoa a quem eu agradeço.
A intenção de trabalhar em rádio foi um dos motivadores para a escolha do
jornalismo como minha graduação. Foi também o que me chamou a atenção no tema
escolhido pelo professor Luciano Victor Barros Maluly ao oferecer o projeto no Programa
Ensinar com Pesquisa. Sou grato tanto ao Luciano quanto à USP, por viabilizar a pesquisa,
por mostrar a importância da professora Gisela Swetlana Ortriwano e por proporcionar o
contato com algumas pessoas com as quais eu nunca conversaria.
Algumas pessoas foram importantes para a realização dessa pequena pesquisa: a
professora Terezinha Tagé, que prontamente aceitou a entrevista, mesmo tendo pouco
tempo, por morar em Santos; a professora Dulcília Buitoni, que me atendeu na Faculdade
Cásper Líbero, entre aulas e bancas; o radialista Marcello Bittencourt, que teve a paciência
de me receber por duas vezes; o jornalista Rodolfo Ortriwano, com seu depoimento
essencial; o professor Coelho e Paulo César Bontempi, funcionário do CJE, que aceitaram a
entrevista no dia do convite; os professores Galvão Júnior, Marcelo Cardoso e Suely
Maciel, que deram suas contribuições, mesmo que por e-mail; a minha irmã, Juliana
Gouveia, que fez o favor de corrigir a tradução do resumo da pesquisa.
Esse trabalho me fez conhecer uma das principais profissionais na área do
radiojornalismo, venerada por muitos outros profissionais do ramo. Esse contato certamente
fará com que as minhas pretensões no meio radiofônico se concretizem com mais
facilidade, como já vem acontecendo. Meu agradecimento especial à professora Gisela.
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“E, ainda hoje, mais do que pensar em rádio, é
preciso pensar em desenvolver o conceito de
cidadania, com seus direitos e responsabilidades”.
Gisela Swetlana Otriwano
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SUMÁRIO
Resumo................................................................................................................................ 06
Introdução.......................................................................................................................... 07
CAPÍTULO I – GISELA SWETLANA ORTRIWANO – VIDA.................................
08
1. Memórias......................................................................................................................... 08
2. Depoimentos.................................................................................................................... 13
2.1. Pesquisadores.................................................................................................... 13
2.2. A amiga............................................................................................................. 15
2.3. Os colegas......................................................................................................... 17
2.4. A família........................................................................................................... 20
CAPÍTULO II – GISELA SWETLANA ORTRIWANO – OBRA...............................
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1. Catálogo da Biblioteca da ECA.................................................................................... 24
2. Internet........................................................................................................................... 30
3. Acervo Gisela Swetlana Ortriwano (Sala 32 – CJE)..................................................
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Considerações Finais......................................................................................................... 36
Bibliografia......................................................................................................................... 37
Fotos.................................................................................................................................... 38
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RESUMO
Esta pesquisa recupera parte dos documentos sobre rádio e jornalismo produzidos pela
professora Gisela Swetlana Ortriwano, considerada uma das maiores pesquisadoras da área
no Brasil. Os conceitos foram aplicados na pesquisa para posicionar jornalistas, estudantes
de comunicação e leigos diante da importância da também jornalista, radialista e
pesquisadora. A teoria para um radiojornalismo interativo, com base no pensamento de
Ortriwano, permite uma perspectiva de análise ao utilizar uma metodologia aplicada ao
pensamento em radiojornalismo e comunicação, exemplificada na produção bibliográfica e
sonora.
PALAVRAS-CHAVES: ensino; rádio; jornalismo; Gisela Swetlana Ortriwano.
ABSTRACT
This research recovers part of the documents about radio and journalism made by Gisela
Swetlana Ortriwano, a teacher considered one of the greatest researchers in this area in
Brazil. The concepts were applied to the research in order to place journalists,
communication students and laic people in front of the importance of this teacher, who is
also a journalist, broadcaster and researcher. The theory for a interactive broadcast, based
on the thinking of Ortriwano, allows one perspective of examination using a methodology
applied to the broadcast and communication thinking, exemplified by the bibliographic and
sonorous production.
KEY-WORDS: teaching; radio; journalism; Gisela Swetlana Ortriwano.
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INTRODUÇÃO
O pensamento de Gisela Swetlana Ortriwano é constituído de produções
bibliográficas e sonoras, sendo que muitas foram perdidas pelo tempo, principalmente, as
produções em sala de aula. Outras produções estão espalhadas por bibliotecas e pela
internet, assim como manifestas em orientações de monografias, dissertações de mestrado,
teses de doutorado, entre outras, como os trabalhos no Núcleo José Reis de Divulgação
Científica.
A professora faleceu em 19 de outubro de 2003, aos 55 anos, mas os seus artigos e
livros ainda fundamentam a pesquisa realizada em radiojornalismo, com ênfase na teoria e
no ensino da comunicação. Os livros O radiojornalismo no Brasil: dez estudos regionais
(1987) e A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos
(1985), fruto do mestrado de Ortriwano na ECA-USP, servem como base para esta
pesquisa, com detalhes sobre a trajetória do radiojornalismo no Brasil.
Os artigos A interatividade entre rosas e espinhos (1998) e Radiojornalismo no
Brasil: fragmentos de história (2002-2003) revelam a necessidade de um novo movimento
para a área, com a reflexão sobre as tecnologias que modificavam a atitude e o modo de
fazer e ensinar o radiojornalismo. Gisela Swetlana Ortriwano é referência na maioria das
pesquisas sobre rádio, em especial, radiojornalismo.
Desta forma, muitas produções foram recuperadas como meio de complementar o
pensamento da pesquisadora, professora e jornalista sobre o radiojornalismo no Brasil. A
metodologia procurou identificar a bibliografia existente sobre a professora e pesquisadora.
Além disso, entrevistamos pessoas próximas, além de pesquisadores que têm Gisela como
referência no ensino do radiojornalismo. Um acervo com livros que pertenciam à
professora foi criado na sala 32 do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA-USP,
bem como um catálogo com publicações que fazem referência a Gisela, ou de sua autoria.
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CAPÍTULO I – GISELA SWETLANA ORTRIWANO – VIDA
1. MEMÓRIAS
Gisela Swetlana Ortriwano foi a primeira pesquisadora a conseguir um título de
doutorado no Brasil cujo tema fosse exclusivamente o rádio. O primeiro livro - A
informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos - é fundamental
para quem estuda o radiojornalismo no país. Além disso, a jornalista trata de forma pioneira
da influência da internet no rádio, ainda em 1998, quando a plataforma apenas engatinhava
no Brasil. A história de vida é interessante tanto no aspecto pessoal, pouco divulgado,
inclusive para os amigos mais próximos, quanto no profissional, levado com rigor em todas
as etapas da vida.
Filha dos alemães Wassili e Maria Ortriwano, e nascida em Füssen, na Alemanha,
em 07 de junho de 1948, era a mais velha de três irmãos. Rodolfo se formou em Jornalismo
na Faculdade Cásper Líbero e saiu de casa antes dos 20 anos. Herbert largou a faculdade de
Engenharia Elétrica na FEI no último ano, após a morte do pai. Até hoje vive sozinho na
casa em que a família morou desde a chegada ao Brasil, na Avenida São Miguel, na zona
leste de São Paulo.
Gisela sempre estudou em São Miguel Paulista até ingressar na USP, em 1968, no
curso de Ciências Sociais. Ainda no primeiro ano do colegial, lançou o jornal O Coruja, no
Colégio Estadual e Escola Normal D. Pedro I. A publicação, que pretendia ser mensal, foi
um fracasso. Saiu apenas uma vez sob forma impressa e, por falta de verba, mais alguns
números foram feitos em mimeógrafo. Os desejos de se tornar jornalista e professora –
formou-se no curso colegial de formação de professores primários – a acompanhariam para
sempre.
Desde cedo, Gisela acumulou vários compromissos concomitantes. Em 1970,
frequentava dois cursos na USP: Ciências Sociais e Jornalismo – no qual ingressara no ano
anterior – além da licenciatura em Ciências Sociais, na Faculdade de Educação. Em 1975,
chegou a ter quatro empregos, um deles em São Bernardo do Campo e outro em
Itapetininga (SP), além de estar com o processo de mestrado em Ciências da Comunicação
em andamento, na ECA-USP.
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Para chegar aos inúmeros compromissos, nos quais não costumava faltar, Gisela
usava seu Volkswagen TL 71 e mais tarde o Passat 76 para seus inúmeros compromissos,
como conta o jornalista Marcello Bittencourt, seu orientando de mestrado. Segundo ele, a
professora não trocava seu carro por nada. Talvez por alguma atração por objetos antigos,
também mantinha um verdadeiro museu em sua sala. Tudo o que ganhava, guardava: desde
santinhos até colheres e latinhas. Além do seu computador, o Teimoso, com quem
conversava.
No mesmo ano em que se formou em Jornalismo pela ECA, foi contratada pela
Rede Globo de Televisão. Na sua primeira experiência profissional na área do jornalismo,
Gisela foi responsável pela implantação do Departamento de Pesquisa para os telejornais da
TV Globo, setor que não existia até então na televisão brasileira, e do qual foi chefe durante
todo o tempo em que trabalhou na emissora.
No prédio do bairro de Santa Cecília, onde ficava a sede da TV em São Paulo,
exercia desde atividades eminentemente burocráticas, como a elaboração de escalas para os
plantões, até a participação efetiva na produção de programas jornalísticos, como Jornal
Nacional, Jornal Hoje, Globo Repórter e Fantástico.
Entre os projetos que participou está o primeiro documentário colorido produzido
pela televisão brasileira, sobre a conquista do primeiro título mundial de Fórmula 1 por
Emerson Fittipaldi, que acabou sendo destruído pelo incêndio da TV Globo no Rio de
Janeiro, em 1976.
Em seu memorial apresentado ao Departamento de Jornalismo e Editoração da
ECA, em 1988, Gisela diz que o período em que passou pela emissora carioca lhe rendeu
“muito aprendizado sobre fazer televisão, percorrendo fases desde a TV em branco e preto
até a cor”. No mesmo documento ela relata a pressão que a emissora sofria da censura,
“sempre atenta para detectar qualquer possível divulgação de informação proibida ou ‘não
conveniente’”.
Enquanto trabalhava na televisão, em 1974, Gisela iniciou o processo de mestrado
em Ciências da Comunicação na ECA-USP, onde foi contratada como auxiliar de ensino no
mesmo ano, depois de dar aulas como professora voluntária. Logo depois de concluir a
graduação em Jornalismo, passa a ministrar uma série de palestras em várias universidades
com o tema voltado principalmente para o tele e o radiojornalismo. Também é convidada
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para dar aulas em cursos de pós-graduação e para participar de bancas examinadoras por
todo o país.
Ainda em 1974, passa a ser professora titular do curso de Comunicação Social da
Fundação Karnig Bazarian, na cidade de Itapetininga, que fica a cerca de 170 quilômetros
da capital, saindo pouco menos de dois anos depois. Em 1975, é contratada pelo então
Instituto Metodista de Ensino Superior, atual Universidade Metodista de São Paulo, em São
Bernardo do Campo, onde lecionou por quase 12 anos. No ano seguinte, deixa a Rede
Globo de Televisão e começa a dar aulas como professora titular na Universidade Braz
Cubas, em Mogi das Cruzes, até 1980, ano em que consegue um emprego na TV Cultura.
Na emissora da Fundação Padre Anchieta foi Chefe do Setor de Pesquisa do
Departamento de Jornalismo, com aproximadamente as mesmas atribuições exercidas na
TV Globo. Participou da produção de programas de entrevista como Vox Populi, Jogo da
Verdade e Processo. Devido à falta de tecnologia da época, a maioria dos programas foi
desgravada para que as fitas de vídeo pudessem ser reaproveitadas em novas gravações.
Gisela também esteve envolvida na elaboração de especiais, como o documentário da visita
do Papa João Paulo II ao Brasil, em 1980, a campanha das Diretas Já e a morte de Tancredo
Neves, com a qual se envolveu muito, segundo Marcello Bittencourt, que atualmente
trabalha na Rádio USP.
Depois de conseguir o título de mestrado com a nota dez, com distinção e louvor,
em 1982, sob orientação do professor André Casquel Madrid, Gisela passa a ser professora
assistente da faculdade, e inicia o processo de doutorado já no ano seguinte.
Em 1985, ano em que sai da TV Cultura, lança A informação no rádio: os grupos de
poder e a determinação dos conteúdos pela editora Summus. O livro está na 4ª edição e é
um material fundamental para o ensino do radiojornalismo.
Visando à dedicação exclusiva aos alunos da ECA, Gisela tem uma rápida passagem
pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM), de onde sai 10 dias antes de
deixar a Universidade Metodista de São Paulo, em 1987. No mesmo ano, passa a ser
professora assistente com dedicação exclusiva na ECA-USP e lança seu segundo livro,
agora como organizadora de coletâneas: Radiojornalismo no Brasil: dez estudos regionais,
pela editora Com-Arte.
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Em 1990, sob orientação de Ciro Marcondes Filho, Gisela consegue o grau de
doutorado com a tese Os (Des)caminhos do radiojornalismo e passa a ser professora
doutora com dedicação exclusiva na USP. A partir daí, nunca mais saiu da ECA.
Literalmente. Algumas vezes, chegava a passar a madrugada em sua sala e a ficar dias sem
ir para casa. Para o professor José Coelho Sobrinho, o motivo eram as brigas com a família,
nunca expostas com clareza por Gisela. Um de seus dois irmãos, o jornalista Rodolfo
Ortriwano, no entanto, desmente, dizendo que ela passava noites trabalhando simplesmente
por não ter uma rotina específica: “Ela às vezes dormia o dia inteirinho e ficava trabalhando
a noite inteirinha. Às vezes, ela ficava dois dias diretos, às vezes ela dormia três dias
seguidos. Isso era com as aulas, com os trabalhos, sempre foi assim”.
Revezando a produção de textos com o trabalho na Rádio USP e como professora,
reclamava frequentemente da falta de tempo. Mas a prioridade era o ensino: “Uma das
poucas pessoas que colocava os alunos na frente da produção acadêmica”, opina Marcello
Bittencourt.
Seu último projeto na Rádio USP foi o programa Cantores bons de bico, que entrou
no ar após sua morte, em 2003. O especial foi resultado do trabalho final de uma disciplina
de rádio ministrada pela professora no Curso de Especialização do Núcleo José Reis de
Divulgação Científica da ECA. A série de boletins era uma aula de ciência, em que os
cantos dos pássaros eram apresentados a partir de referências da Música Popular Brasileira.
Uma inovação no radiojornalismo, que teve boa aceitação do público.
Em 2003, todos na faculdade estranharam a sua ausência por dias seguidos. A amiga
Dulcília Buitoni, professora aposentada da ECA, foi até a casa de Gisela para saber se algo
havia acontecido, e conta que a jornalista estava muito debilitada e não queria ver ninguém.
Depois de muita insistência – seu irmão ameaçou fazer um boletim de ocorrência para não
ser acusado por omissão de socorro –, foi levada por Rodolfo ao Hospital Universitário da
USP, onde recebeu muitos amigos nos quatro meses em que ficou internada.
Um dos colegas que a visitaram no hospital, o professor José Coelho Sobrinho
relata o que ouviu de Gisela, dias antes de sua morte: “Eu vou falecer. Dessa eu não saio.
Eu quero ser cremada e você sabe as árvores que eu gosto. Eu quero que você jogue as
minhas cinzas nas árvores que eu gosto”. O pedido já havia sido feito para Rodolfo, que
acompanhou todos os dias da internação a pedido de Gisela, inclusive os 28 dias em que a
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professora ficou em coma: “eu todos os dias estava lá achando que ela ia conversar comigo
de novo. Mas nesses 28 dias nem os olhos abriam mais”.
Gisela faleceu no dia 19 de outubro de 2003. A pedido de Rodolfo, uma cerimônia
foi realizada no Auditório Freitas Nobre, no Departamento de Jornalismo e Editoração da
ECA (CJE-ECA), no dia seguinte. De lá, o corpo foi levado para o cemitério da Vila
Alpina, onde foi cremado. Atendendo a uma das últimas exigências da professora, suas
cinzas foram jogadas nos jardins da escola em que durante 34 anos aprendeu, ensinou,
pesquisou, brigou e deixou saudades.
Hoje, Gisela Swetlana Ortriwano nomeia o Laboratório de Telejornalismo do CJEECA-USP e permanece como uma referência no estudo do radiojornalismo nacional.
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2. DEPOIMENTOS
2.1. PESQUISADORES
a) Suely Maciel (Professora da UNESP e doutora em Ciências da Comunicação pela
ECA-USP):
Inevitavelmente, o que vem à minha cabeça é a discussão sobre interatividade. Se
realizei um doutorado sobre o tema é porque tomei conhecimento da discussão por meio do
texto A interativa teoria do rádio, escrito pela Gisela e no qual se discutia a proposta de B.
Brecht para o rádio. As observações dela, feitas em 1998, ainda geram debate, haja vista o
tema do evento de comemoração dos 88 anos do rádio, realizado em setembro (2010). O
rádio ainda está muito distante de realizar as propostas que Brecht e Gisela, retomando-o,
fazem, o que deixa patente o pioneirismo de ambos. Além disso, Gisela é a grande
referência em pesquisa radiofônica, a começar pelo seu estudo sobre a informação no rádio
e os grupos de poder, de 1985. Tudo o que se faz no campo da pesquisa radiofônica passa,
necessariamente, pelos seus estudos, ainda que a abordagem siga outro caminho.
b) Lourival da Cruz Galvão Júnior (Professor e mestre em Linguística Aplicada pela
UNITAU):
O rádio faz parte da minha vida desde a infância. Lembro que, aos 6 anos de idade,
já acompanhava os programas matutinos da Rádio Cacique de Taubaté. Ficava ansioso ao
acompanhar os sorteios de brindes, como bicicletas e brinquedos, que a emissora fazia.
Nunca ganhei nada, mas o que me motivava era toda aquela agitação que o rádio
estabelecia em minha vida. Posso garantir que o mesmo aconteceu, de outras formas, na
adolescência e no início da maturidade, quando passei a dar mais atenção aos "noticiários".
Em 1991, aos 21 anos de idade, decidi estudar Jornalismo. Uma de minhas
motivações foi o fato de o curso ter uma disciplina chamada "radiojornalismo". Enfim, eu
teria a chance de experimentar na prática aquilo que sempre me fascinou. Entretanto, não
foi apenas o contato com os gravadores, estúdios e microfones que ampliou ainda mais
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minha paixão pelo rádio. O que me conquistou definitivamente no curso foi um pequeno
livro - um dos primeiros que comprei na faculdade - que tem estampado na capa a imagem
de um velho "radinho de bolso". A publicação é A informação no rádio: os grupos de
poder e a determinação dos conteúdos, de Gisela Swetlana Ortriwano. De todos, até hoje, é
meu livro querido. Nele pude entender o que é, na verdade, o rádio. Mais: vi que o
jornalismo feito nesta mídia é diferenciado, poderoso e popular.
Gisela mostrou-se, em sua obra, que o rádio fala para todos e com todos,
indistintamente. Tive a oportunidade de conhecer a grande mestra em 1991,
quando participei, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA-USP), do seminário "Sujeito, o lado oculto do receptor", que contou com a presença
do professor Jesús Martin-Barbero. O jeito animado e despojado de ser da professora Gisela
e a atenção que ela dava às pessoas foram características que me chamaram muito a
atenção. Em 2003, alguns meses antes do falecimento da professora Gisela, tive mais uma
vez a chance de conversar com ela. Naquela ocasião, a docente veio a Taubaté participar de
uma banca de mestrado de um colega da universidade. Aproveitei a chance e falei a
ela sobre minha dissertação de mestrado em Linguística Aplicada, que analisou a presença
dos marcadores conversacionais na locução radiofônica jornalística. lembro do interesse e
da atenção demonstrados por ela quando tratei desse assunto. Mais intensa ainda foi a
motivação que a professora Gisela me deu para que eu desse continuidade a este trabalho.
Hoje, ao retomar a pós-graduação como aluno especial da ECA-USP, sinto-me feliz
por ter conhecido pessoas que conviveram com a professora Gisela - entre elas o professor
Luciano Maluly, que dá prosseguimento, de maneira brilhante, ao trabalho feito pela grande
mestra. Posso afirmar, com segurança, que a professora doutora Gisela Swetlana Ortriwano
deixou muito mais do que uma ampla e inestimável contribuição à pesquisa do rádio e do
radiojornalismo. Ela motivou - e ainda motiva - aqueles que, de uma forma ou de outra,
transformaram-se em seus discípulos.
a) Marcelo Cardoso (Professor da UNISA e mestre em Comunicação na
Contemporaneidade pela Faculdade Cásper Líbero)
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Pessoalmente não tive nenhuma ligação direta com a professora Gisela, mas li
alguns livros/artigos dela. Até hoje quem realiza trabalhos acadêmicos sobre o
radiojornalismo cita pelo menos um livro dela na bibliografia.
Ao falar, por exemplo, sobre as características do rádio, a maioria dos autores
prefere citá-la como fonte. Tem ainda o artigo Radiointeratividade: entre rosas e espinhos.
A Gisela também foi a primeira - ou uma das primeiras - no País a começar a
verificar a ideia de rádio e internet por meio, inclusive, da orientação de mestrandos ainda
no finalzinho do século passado (nossa! parece tanto tempo, mas falo sobre 1999).
2.2. A AMIGA
a) Terezinha Fátima Tagé Dias Fernandes (Professora e livre-docente da ECA-USP)
A Gisela era minha colega e ela sempre me ajudou muito. Ela foi uma pessoa que
sempre acreditou em mim quando eu comecei aqui. Eu era uma pessoa muito tímida, uma
pessoa que estava chegando e eu não falava nada, pedia desculpas pra todo mundo. Ela
acreditava no meu potencial. E eu mesma não tinha tanta visão. Então um dia ela ficou tão
irritada comigo, com essa história de pedir desculpas pra todo mundo que ela falou assim: Tê – ela me chamava de Tê. – Tê, faz um favor pra mim. Para com esse complexo de
humildade insuportável. – E aquilo eu nunca mais esqueci. Ela falou de um jeito tão
carinhoso. A partir desse momento, foi uma contribuição que ela deu sem saber pra minha
personalidade. Depois eu fiz terapia, melhorei. Não sei se eu melhorei, mas eu me esforço.
Mas aquela palavra dela, tão firme, olhando nos meus olhos, perdendo a paciência, de um
modo tão carinhoso, essa é a imagem que eu gravei dela. Quando eu soube que ela tinha ido
embora, me veio uma imagem daquela ideia. Ela sempre me perguntando se eu tinha feito
determinada coisa, se eu tinha conseguido isso. Ela não fazia só isso comigo. Fazia com
todo mundo.
E uma coisa que eu lembro também é que muito antes de eu começar a trabalhar
aqui, ela já conhecia o meu marido, Dirceu Fernandes Lopes, que era colega dela. Eles
tinham uma sala onde hoje é a ComArte (Empresa Júnior de Editoração). Era uma sala
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linda. Porque a Gisela era uma pessoa apaixonada por plantas. Era todo com trepadeiras,
com plantas, como se fosse uma cortina. Ela vinha sábado, domingo, feriado, porque tinha
que pôr água nas plantas. Ela não deixava um dia sem cuidar delas. A gente olhava lá de
fora, a sala se destacava, porque em vez de cortina, persiana, essas coisas, era planta, mas
muito bem cuidadas. E era uma sala grande, dividida com vários professores. E tem nomes
muito importantes, como professor Carlos Eduardo Lins e Silva, que estavam começando
naquela época. Era um ambiente muito agradável, de muita camaradagem, de muita
solidariedade.
E Gisela era bem jovem, ela era bem magrinha, e já com o cabelinho assim
penteado e puxado pra trás. E sempre usava umas blusas também de lã, que eram bordadas,
parece-me, na família dela, não sei, ou ela mesma fazia o tecido bordado. Roupinhas assim
muito lindinhas, umas coisas diferentes. Uns cachecóis, até tem um cachecol que ela me
deu uma vez, que ela mesma fez. Uma vez que ela foi na minha casa, em Santos, nós fomos
comer uma peixada, num lugar, no Guarujá. Eu lembro que nós estávamos andando na
barca e sentimos muito frio e depois ela me deu um cachecol cor-de-rosa que até hoje eu
tenho.
O rádio não era visto com a seriedade cientista que ela deu. As pessoas estudavam
rádio como uma parte técnica, e ela introduziu o radiojornalismo nas ciências da
comunicação. Ela deu um caráter mais aprofundado, uma reflexão sobre o profissional e
sobre o trabalho de recepção social do radiojornalismo. Ela inaugurou um procedimento de
estudo, o conceito de radiojornalismo que até então não eram muito considerados.
Ela era nome de referência pra todos os estudiosos de radiojornalismo e a grande
maioria tinha sido aluna dela. Porque ela formou esses seguidores. Antes dela não havia
uma dedicação, uma relevância, principalmente pra esse lado acadêmico, científico. O
radiojornalismo é estudado como um fundamento científico da comunicação. Eu desafio,
você pode perguntar a qualquer estudante de radiojornalismo hoje, não tem ninguém que
não tenha passado pelos livros dela.
2.3. OS COLEGAS
a) José Coelho Sobrinho (Professor e livre-docente da ECA-USP)
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Ela era uma pessoa muito dedicada. Ela ficava aqui o tempo todo, preparava as
aulas, às vezes ficava aqui porque tinha brigado com a família. Era uma pessoa que, em
geral, você encontrava ela na escola. Acho que a primeira coisa que eu me recordo é de
uma pessoa presente.
Ela dormia, às vezes, dois, três dias aqui na sala dela, fazia coleção, dialogava com
o computador dela, que tinha nome e tudo (Teimoso). Uma coisa muito interessante é que,
quando ela faleceu, o Carlos, que era funcionário da gráfica, atualmente no Labri, disse
uma frase muito interessante: o computador morreu com ela. Ele tinha colocado os
programas, as senhas, e não conseguiu abrir os arquivos dela.
Dedicada aos alunos, boa parte das vezes bastante exigente, tanto na pós como na
graduação, e uma pessoa que nunca teve problemas com nenhuma classe.
Ela tinha uma boa relação com todo mundo, mas ela tinha os preferidos dela. Um
dos preferidos dela era o Jair Borin, que veio a falecer depois dela, uma predileção muito
grande pela Dulcília (Buitoni), que está aposentada, e pela Maria Otília, outra professora
aposentada.
Ela não comentava muita coisa da família. Ela não era muito de trazer a vida
pessoal, a não ser quando a gente perguntava. Como a gente tinha amigos comuns, às vezes
a gente falava sobre eles. Mas pessoalmente, ela nunca, pelo menos comigo, fez nenhum
comentário da família. Eu conhecia bem o irmão dela (Rodolfo), a gente falava muito sobre
o irmão, e ela falava muito sobre os sobrinhos, os filhos do irmão. Ela tinha como se
fossem os filhos que ela não teve.
Ela tinha amigos, um dos amigos a que ela mais se referia era o Ferreira Martins,
que tinha sido locutor da Rádio Bandeirantes no Jornal Primeira Hora, tinha sido
apresentador do Jornal Nacional, na época em que ela trabalhava na Globo, trabalhando
com documentação.
Uma outra pessoa que ela gostava muito, quase que adorava, era o Walter Sampaio
Smolka, que foi o primeiro professor de rádio e telejornalismo aqui da Escola. Ele era aluno
e professor ao mesmo tempo. Se a gente for procurar aqui nas atas do departamento, a gente
vai encontrar um encaminhamento dela para dar nome ao nosso laboratório de televisão de
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Walter Sampaio Smolka. Ela e o Walter tinham uma ligação muito grande, eles eram muito
amigos. O Walter foi o primeiro autor de livro de telejornalismo aqui do país.
Quando a Gisela estava internada, eu fui fazer uma visita a ela e ela disse: “Eu vou
falecer. Dessa eu não saio. Eu quero ser cremada e você sabe as árvores que eu gosto. Eu
quero que você jogue as minhas cinzas nas árvores que eu gosto”. E foi o que eu fiz. A
família trouxe a urna e nós jogamos as cinzas nas árvores que ela gostava.
b) Paulo César Bontempi (funcionário da ECA-USP)
Ela era muito colega da gente. Ela era muito exigente com o trabalho e ficava muito
tempo aqui nessa sala onde eu trabalho, na época em que ficávamos eu e a Ivete, e ela
ficava quase que o dia inteiro, reclamando que estava sem tempo pra fazer as coisas que
tinha que fazer e ficava o dia inteiro aí, a gente não conseguia trabalhar. Acho que a hora
que a gente ia embora ela se trancava na sala e passava o resto da noite trabalhando. E
quando ela partiu, a gente sentiu muita falta da presença dela o dia inteiro.
Ela reclamava, ela falava de tudo, ela falava que não se sentia bem, que ela tinha
problemas. Baixava o sarrafo em orientando de pós-graduação. Ela era muito preocupada
com os alunos. Então ela desabafava muito de dificuldade de aluno com a gente.
Principalmente dos de pós-graduação. Ela tinha umas diferenças com os alunos, mas ela
investia no aluno. O aluno não ia bem, o aluno era ruim. Ela falava pra gente: “Fulano é
muito ruim, ele é muito ruim”. Mas ela não o largava no meio do caminho. Todo mundo
que terminou os seus trabalhos com ela, ela dizia pra gente que tinha feito um bom
trabalho, no final.
Ela desabafava muito de problemas pessoais dela, mas ela nunca deixava claro, ela
tinha uma dificuldade em casa que ela nunca deixou claro qual que era. Os problemas de
saúde dela, ela se sentia realmente mal, a gente percebia. Só que você não podia tomar a
iniciativa de falar que ela não estava bem, porque ela também se estressava e te tratava com
estupidez. Uma vez eu falei pra ela que ela estava vermelha, ela enlouqueceu. Ela gritou
comigo, porque ela não admitia. “Por acaso eu não sabia que ela tomava remédios fortes”,
enfim, ela se estressou. Mas uma hora eu já estava acostumado com esses estresses dela. A
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gente aos poucos ia entendendo que ela tinha que falar o que estava acontecendo. Você não
podia perguntar.
Antes de ela falecer, ela chamou a professora Beth Saad no hospital. Eu fui com ela,
mas eu estava me recusando a ir, porque eu tinha acabado de perder meu pai e eu estava
com a minha filha em processo de falecimento. Então era uma situação muito complicada
para mim. Mas eu acabei indo. E a professora Gisela depois me mandou um bilhete,
dizendo que foi um carinho muito grande da minha parte, porque ela sabia que pra mim era
difícil estar lá. E eu tenho guardado até hoje esse bilhetinho dela.
E ela teve o cuidado de chamar a professora Beth Saad pra delegar a ela todos os
orientandos de pós-graduação dela. Ela era muito responsável nesse ponto e ela era muito
séria como orientadora. E ela disse a professora Beth que ela estava falecendo e que a Beth
ficaria encarregada de encaminhar cada um dos orientandos dela, a Beth orientaria um
determinado número de pessoas, ela disse quem deveria orientar quem e queria que fosse
respeitado aquilo. Ela tinha muito cuidado com os alunos, nesse ponto. Ela não deixava os
alunos desamparados. Embora ela desse liberdade para o aluno, ela sempre estava
preocupada, porque ela comentava com a gente, aqui.
Pouco tempo ela ficava em casa. Realmente ela tinha umas complicações com a
mãe e com o irmão e ela nunca disse exatamente o que acontecia, mas ela tinha uns atritos e
chegava a ficar semanas dormindo aqui.
Quando o irmão dela apareceu para buscar umas coisas na sala dela, precisou
chamar uma empresa para tirar tudo da sala dela, porque não cabia mais nada lá dentro,
ninguém entendia. Ela tinha uma organização muito própria. Era tanta coisa que tinha lá
dentro, qualquer coisinha que ela ganhasse de presente, ela botava ali e parecia um lixão,
aquela sala dela. Foram meses para tirar tudo de lá de dentro, ver o que servia, o que não
servia. E foi tanta coisa encontrada, copinhos, colherzinhas, latinhas, que ela ia entochando,
acho que ela tinha apego a essas coisas, imagens de santos. Foi complicado liberar aquela
sala. Teve que trazer caçamba pra poder jogar as coisas fora. Ela não admitia que ninguém
mexesse lá e nem que limpasse a sala. Ela falou: “Porque vão tirar as coisas do lugar e eu
sei o que está onde”. Na mesa eram pilhas e pilhas de coisas que ficavam equilibrando.
Ninguém podia mexer no computador dela também, no Teimoso. E ele só entendia a
ela, ela dizia. Tanto que uma vez ela me chamou, ele estava dando problema, eu apaguei
20
uns arquivos, ela brigou comigo, me botou pra fora da sala, ficou meses sem falar comigo.
Aí eu, de raiva, fiquei sem falar com ela. Aí ela um dia veio aí chorando, entrou na minha
sala e fechou a porta me pedindo perdão. Porque ela foi realmente muito estúpida comigo
aquele dia. Porque eu apaguei uns arquivos do computador dela, que eu achava que era
lixo. Ela ficou enfurecida, ela saiu de si. Ela era muito explosiva. Mas em geral ela tinha
respeito pelas pessoas. Ela era uma pessoa de gênio forte, mas ela tinha respeito por todo
mundo.
Ela trabalhou em rádio, na Rádio USP, inclusive. Ela tinha uma história famosa que
uma vez chegou um funcionário novo lá – e ela sempre teve aquele jeitão de brava –,
chegou para a criatura e falou: “Eu quero imediatamente que você me arranje pó de rádio”.
Aí ele tentou dizer pra ela que não tinha entendido e ela não deixou ele falar. E a criatura
ficou o dia inteiro indo em tudo que e rádio, tudo que é canto, perguntando o que era pó de
rádio, que ele precisava levar pó de rádio. E ela disse que se divertiu muito esse dia inteiro.
Quando no final do dia a criatura chegou lá, falando que não conseguiu o pó de rádio, ela
catou o cara e falou: “Passa o dedo aqui em cima do rádio. Era isso o que eu queria”. Essa
história ela me contou várias vezes.
2.4. A FAMÍLIA
a) Rodolfo Ortriwano (irmão)
Nós éramos em três irmãos. Agora somos dois. O Herbert foi para a Engenharia,
chegou até o último ano da FEI na área de elétrica. Mas quando ele estava no último ano o
meu pai faleceu e ele parou de estudar, e resolveu não fazer mais nada, e ficou com a
oficina que o meu pai tinha, onde morava a minha família toda, lá na Avenida São Miguel.
Para aquela casa nós nos mudamos em 1964. De 64 pra cá meu irmão está lá até
hoje. Mora lá sozinho. Meu irmão nunca casou e minha irmã também. Hoje eu tenho uma
relação constante com ele. Eu me acho na obrigação de cuidar dele também.
Eu sou o irmão do meio. A minha irmã era a mais velha. Ela foi acho que dá
primeira turma da USP de Ciências Sociais, numa época muito conturbada, logo depois do
golpe militar, em 1967. Aí depois ela fez Jornalismo, aí sim acho que foi a primeira turma.
21
Eu fiz Cásper Líbero, mas não tive influência dela em relação ao Jornalismo, porque desde
o ginásio eu já fazia o jornalzinho da escola. Era uma vontade também que eu tinha, mas
independia dela. Não foi por seguir o que ela estava fazendo. Eu já tinha uma tendência
muito grande a escrever, tanto que no terceiro colegial eu já estava trabalhando na área.
A Gisela era a maior inteligência que eu já conheci pessoalmente. Sei que tem
muitas pessoas inteligentes no mundo, mas que eu conheci pessoalmente, a Gisela era
realmente a “mais” delas. Então era uma convivência muito difícil. Porque o QI dela era
elevadíssimo. Ela não conseguia viver dentro do nosso mundo. E eu fui o irmão que sempre
esteve com ela, na vida inteira até o fim. Eu tentei fazer ela ter uma vida mais normal, eu
levava ela para acampar, que é um absurdo, dormir no mato, nas barracas, com os meus
amigos. Tentando sempre colocar ela numa realidade pouco abaixo daquela inteligência
toda que ela tinha. Então era difícil. Convivência difícil com os pais, com os irmãos. A
gente tinha que aceitar muito. E quem não aceitava realmente batia de frente. Eu acho que
até com os amigos foi sempre assim.
Ela era muito diferente. Ela era dominadora, dominava a família inteira, menos a
mim. Isso fez com que ela se tornasse minha aliada, no fim. Porque ela não conseguiu me
dominar. Conseguiu o meu irmão, que ela pagava os estudos dele, conseguia meu pai, mas
comigo ela realmente não conseguiu.
Nós tivemos um relacionamento muito bom durante uma boa fase, mas ela era
muito ciumenta. Quando eu casei, ela ficou se achando meio deslocada. Sabe quando você
trai uma amizade? Você está pensando em outra família, em outras coisas. Então houve
uma época em que foi meio difícil. Houve um afastamento da relação, mas sempre houve
um respeito muito grande entre ela e eu. Foram épocas. Às vezes mais próximos, às vezes
mais distantes. Passava um tempo sem conversar, depois voltava. Eu conhecia bem ela.
Sabia que era muito difícil de trato.
A distância chegava a ser meses sem conversar. Eu tinha que visitar os meus pais e
chegava a ponto de eu ligar e falar “a minha irmã está aí?”, “tá”, “então eu não vou, vou
amanhã que ela vai para a escola”. Para não ter que brigar, para não ter que discutir, eu
preferia ter esse tipo de atitude. Isso foi uma rotina, uma constante.
Com os meus filhos, ela era maravilhosa. Ela não era uma tia, ela era tudo. Para os
meninos ela era tudo. Ela fazia de tudo com eles, levava para todos os lugares. Natal, na
22
Rua Normandia, exposições. Ela adorava os meninos, mas com a gente a relação era mais
difícil, por causa da esposa.
Minha mãe tinha sempre a mim pra conversar. Com a minha irmã era muito difícil,
porque ela não deixava a minha mãe fazer nada, não deixava a minha mãe sair. Ela
realmente judiava muito da minha mãe. Até que depois que ela (Gisela) faleceu, saiu para
tudo o que é lugar. Tudo o que ela saiu foi comigo. Viajava, ia um pouquinho pra cá, um
pouquinho pra lá. Mas ela teve mais um ano e meio. E ela escrevia para a irmã dela que
morava na Alemanha que era a melhor fase da vida dela. Que ela se achava muito escrava e
tinha voltado a viver um pouco. Pena que durou pouco. Durou um ano e meio e ela faleceu
também.
A Gisela não tinha nenhuma rotina. Ela às vezes dormia o dia inteirinho e ficava
trabalhando a noite inteirinha. Às vezes ela ficava dois dias diretos, às vezes ela dormia três
dias seguidos. Então ela não tinha rotina. Isso era com as aulas, com os trabalhos, sempre
foi assim.
Ela tinha uma doença. Tem até um nome que eu não me lembro agora. A vida
inteira ela guardava as coisas. Eu mesmo não conseguia entrar no quarto dela. A sala da
USP dela não era possível a gente entrar. Ela teve dois carros na vida e os dois carros estão
comigo. Um TL 71 e um Passat 76, que eu ando até hoje, porque eu adoro aquele carro.
Continua totalmente conservado. Ela não trocava de carro.
A paixão dela era rádio. Quando eu estava no Sistema Globo de Rádio, na época era
Excelsior, o comando era do Heródoto Barbeiro e tudo mais. Então muito do que ela
escreveu era baseado naquilo que a gente passava pra ela. E ela ouvia realmente. Era uma
pessoa muito atenta ao rádio, ao veículo.
Ela teve o primeiro câncer em 1993. E ela escondeu muito daquilo. O abdômen
ficou volumoso, a minha mãe achava que ela estava grávida. No fim, operou, tirou uma
coisa enorme de dentro do abdômen. Na época, os médicos disseram “olha, você vai ter que
se cuidar”. Ela se cuidou durante um tempo e depois não se cuidou mais. Aí foi piorando.
Eu cheguei ao ponto de falar que ia fazer um B.O. em delegacia para não ser acusado de
omissão de socorro. Porque eu queria que ela fosse ao médico e ela não queria de jeito
nenhum. Ela já não saía mais de casa, não ia mais à USP. Professores que iam à casa dela,
ela não atendia, não recebia. Aí eu a convenci a ir. E foi uma viagem. De São Miguel até a
23
USP são 25 quilômetros. E ela tinha dores que ela não podia pôr uma marcha foi uma coisa
terrível.
Eu a levei sozinho, fiquei com ela todos os dias. Na verdade eu me achei muito
enganado, porque os médicos não me diziam a verdade. Quando ela faleceu, eu só vim
saber o que era mesmo pela necropsia. Ela foi para uma operação que abriram e fecharam,
não fizeram nada. Ela ficou em coma total e nunca mais voltou. Foi uma coisa muito triste.
Foi muito rápido, porque estava muito avançado. Começou em junho e terminou em
outubro. A gente não esperava. Nos 28 dias de coma eu todos os dias estava lá achando que
ela ia conversar comigo de novo. Mas nesses 28 dias nem os olhos abriam mais.
Ela conversou comigo. Ela falou: “eu quero que você me creme, eu quero que as
cinzas sejam jogadas em frente à minha sala, ali nos jardins da USP”. Aí eu chamei uma
outra pessoa e falei para ela repetir para deixar bem claro, porque eu não queria nem ouvir
mais nada. Aí eu conversei com o Coelho, porque tinha que fazer uma cerimônia qualquer.
Não podia ser assim simplesmente “vou lá e jogo as cinzas”. Aí teve uma cerimônia, o
nome do estúdio passou a ser da Gisela. Aconteceu, aconteceu.
Ela era uma pessoa inspiradora. Eu sempre admirei esse domínio que ela tinha sobre
as pessoas. O meu temperamento é muito diferente do dela. Eu tive muita pena dela
também por ela não saber viver dentro do mundo normal, do mundo nosso. Porque o
pensamento dela estava sempre muito superior. Ela achava que a gente estava num nível
inferior. Viver, viajar, acampar, passear, tomar cerveja. Aquilo para ela era desperdício de
tempo, de vida. Em resumo é isso. A Gisela foi minha “ídola”. A vida inteira e no fim
também ela quis ficar comigo, ela falava “só quero você aqui”. Não queria nem a minha
mãe e nem o meu irmão. A ponto de um dia ela fingir que estava dormindo para não falar
com ele. São coisas assim inexplicáveis. Era uma mente privilegiada e que acabou sofrendo
muito nesse mundo, justamente por isso.
24
CAPÍTULO II – GISELA SWETLANA OTRIWANO – OBRA
1. CATÁLOGO DA BIBLIOTECA DA ECA
a) ARTIGOS DE PERIÓDICOS:
1. Radiojornalismo no Brasil: fragmentos de história. Revista USP, n. 56, dez.jan.fev.
2002/2003. Disponível em http://www.usp.br/revistausp/56/10-gisela.pdf
2. Rádio: a hora e a vez do ouvinte usuário? Cuiabá: Super Focas, 01.abr.2002.
3. Dragão! É de metal! São Paulo: Netpress, v. 5, fev. 1999.
4. Ah, as aparências... São Paulo: Netpress, v. 5, 1999.
5. Bandeirantes: João Jorge Saad e o palácio encantado da comunicação eletrônica.
São Paulo: Reescrita, nov. 1999.
6. Entre tapas e beijos. São Paulo: Reescrita, ago. 1999.
7. Em absoluta primeiríssima mão, o eterno repórter tico-tico. São Paulo:
Reescrita, 1999.
8. Órfãos da musical FM: dia de luto, aprendizado de cidadania. São Paulo:
Reescrita, ago. 1999.
9. E o ouvinte? Já prá lixeira. São Paulo: Reescrita, ago. 1999.
10. Rádio: interatividade entre rosas e espinhos. São Paulo: Novos Olhares: revista de
estudos sobre práticas de recepção a produtos mediáticos, v. 1, n. 2, p. 13-30, 1998.
25
11. Desafio de montar a programação. [Depoimento a Inaie Sanches]. Brasília: Revista
da Associação Brasileira de Emissoras de Radio e Televisão, n.102, p.28-30, 1995.
12. Radiojornalismo brasileiro: do pós-guerra aos anos 90. São Paulo: Anuário
Brasileiro da Pesquisa em Jornalismo, n.1, p.277-83, 1992.
13. Radio popular: com a palavra, o ouvinte! São Paulo: Páginas Abertas, v.60, p.5,
nov./dez. 1988.
14. Rádio. São Paulo: Cooperador Paulino, n.26, p.16-8, jan./mar. 1988.
15. Jornalismo e as tendências do rádio contemporâneo. São Paulo: Cadernos de
Jornalismo e Editoração, n.20, p.33-44, out. 1987.
b) ARTIGOS DE JORNAL (depoimentos/entrevistas):
1. Futebol, rádio e muita emoção. São Paulo: Gazeta Mercantil. Esporte, p. 8, 14 jul.
2000.
2. Novas tecnologias ditam as regras. [Depoimento a Luiz Fernando Vieira]. Cuiabá:
Folha do Estado, p. 3, 19 jul. 1999.
3. A invasão de marcianos mais famosa do século faz 60 anos. Cuiabá, 01 nov. 1998. p.
4D.
4. O formato jornalístico de Wells. Cuiabá: A Gazeta. Caderno Vida, 01 nov. 1998. p.
5D.
5. Rádio USP: fazendo história. São Paulo: Jornal da USP, p. 13-14, 05 out. 1998.
26
6. Especialistas criticam voz do Brasil. São Paulo: Jornal da Tarde, p.11, 31 jul. 1995.
7. Mulheres e a eldorado no comando. São Paulo: Unidade, p.20, 01 set. 1991.
8. Credibilidade se relaciona com informação instantânea. São Paulo: Jornal da
AESP, p.19, 01 jan. 1991.
c) PARTES OU CAPÍTULOS DE MONOGRAFIAS/LIVROS:
1. Oh, ouvindo esses olhos negros! (Prefácio). In: PINHEIRO, Francisca Souza Mota
e. Da Rádio Londrina à Radio Universidade: uma história de muitas histórias. Londrina:
Editora UEL, 2001, p. 15-7.
2. Mapa da mina. (Orelha de livro). In: MOREIRA, Sonia Virginia. O rádio no Brasil. Rio
de Janeiro: Mil Palavras, 2000.
d) CAPÍTULO DE LIVRO
1. Falando de jornalismo... No rádio paulista. In: LOPES, Dirceu Fernandes; COELHO
SOBRINHO, José; PROENÇA, José Luiz (Org.). Evolução do jornalismo em São Paulo.
São Paulo: ECA-USP/Edicon, 1996.
2. Rádio: um meio poderoso e mal aproveitado. In: ORTRIWANO, Gisela Swetlana
(Org). Radiojornalismo no Brasil: dez estudos regionais. São Paulo: Com-Arte, 1987.
3. Televisão e abertura: ensaio geral. In: MARCONDES FILHO, Ciro (Org.). Política e
imaginário nos meios de comunicação de massas no Brasil. São Paulo: Summus, 1985.
4. A invasão dos marcianos: A Guerra dos Mundos que o rádio venceu. In: MEDITCH,
Eduardo (Org.) Rádio e Pânico: A Guerra dos Mundos, 60 anos depois. Florianópolis:
Insular, 1998. Disponível em http://www.igutenberg.org/guerra124.html
27
5. Ok, marcianos, vocês venceram! In: MEDITCH, Eduardo (Org.) Rádio e Pânico: A
Guerra dos Mundos, 60 anos depois. Florianópolis: Insular, 1998. Disponível em:
http://www.bocc.uff.br/pag/ortriwano-gisela-marcianos.pdf
e) TRABALHO EM EVENTOS
1. Rádio: mediação de informações para a mulher. Manaus: Anais Intercom, set. 2000.
2. França 1938, III copa do mundo: o rádio brasileiro estava lá. [Em Cd-Rom].
In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 22, Rio de Janeiro: Intercom/UGF,
1999. Disponível em http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/23o07.PDF.pdf
3. Rádio USP: procurando sua história. São Paulo: FFLCH-USP, 1997.
4. A seleção de notícias como processo mediático em dois momentos históricos: 1981 e
1996. Resumos São Paulo: Intercom, 1997.
f) LIVROS
1. A informação no rádio - os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São
Paulo: Summus, 1985.
2. Radiojornalismo no Brasil: dez estudos regionais. (org) São Paulo: Com-Arte, 1987.
g) TESE E DISSERTAÇÃO:
1. (Des)caminhos do radiojornalismo. (Tese de Doutorado). Orientador: Prof. Dr. Ciro
Marcondes Filho. São Paulo: ECA/USP, 1990.
28
2. Informação no rádio: critérios de seleção de notícias. (Dissertação de Mestrado)
Orientador: Prof. Dr. André Casquel Madrid. São Paulo: ECA/USP, 1982.
h) ORIENTAÇÕES
1. ANDRADE, Edna Maria de. Osmar Santos: o pai da matéria: e que gooooooooool!
(Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2002.
2. BITTENCOURT, Luiz Marcello de Menezes. Ficção e realidade: o rádio como
mediador cultural. (Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 1999.
3. ESPINOZA, Karina Hortência Salazar. O ciberleitor do jornal digital: estudo de caso do
site de informação NetEstado. (Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2000.
4. JOAQUIM, Jupira Simões Sandoval. Raposa/Serra do Sol: demarcação territorial:
disputa ideológica dos atores nas notícias da imprensa roraimense. (Dissertação de
Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2003.
5. LOPES, Vera Lúcia Leite. Rádio A Voz d'Oeste : construção e cidadania. (Dissertação
de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2000.
6. LOPEZ, Mariângela Sólla. Com a cara e a coragem: para ouvir as vozes da comunidade
ribeirinha de São Gonçalo, Mato Grosso. (Dissertação de Mestrado). São Paulo:
ECA/USP, 2000.
7. MIRANDA, Juiara. O radiojornalismo brasileiro na Internet. (Dissertação de Mestrado).
São Paulo: ECA/USP, 1999.
8. NOGUEIRA, Luiz Eugênio Negreiros. Da Voz de Manaós ao Projeto Radiobrás: o
rádio no país das amazonas. (Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 1998.
29
9. OLIVEIRA, Pedro Pinto de. Brejinho, "Terra Nostra": recepção de telenovela em uma
comunidade rural do Pantanal de Mato Grosso. (Dissertação de Mestrado). São Paulo:
ECA/USP, 2000.
10. REGIS, Lenize Villaça. Radiojornalismo na era digital: Internet como fonte de notícias
na rádio CBN - São Paulo. (Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2002.
11. SOUZA, Lígia Maria Trigo de. Rádios @ Internet: o desafio do áudio na rede.
(Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2002.
12. ULO, Bernardo Poma. Rádio: fronteiras culturais e cotidianos reconstruídos.
(Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2001.
13. VALLE, Luciane Ribeiro do. Que saudade de você: a construção de uma dramaturgia
radiofônica. (Dissertação de Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2001.
14. VIBIAM, Paulo Roberto Börnsen. Radiojornalismo: é na escola que se aprende? :
formação profissional: análise do processo ensino-aprendizagem. (Dissertação de
Mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2000.
30
2. INTERNET
1. JAYO, Martin. USP perde pensadora do radiojornalismo. Jornal da USP, 3 a 9 de
novembro de 2003. Disponível em:
http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2003/jusp664/pag05b.htm
2. JESUS, Valdeck Almeida de. A importância da informação no rádio. Difundir,
24.jul.2009. Disponível em:
http://www.difundir.com.br/site/c_mostra_release.php?emp=1024&num_release=6268&o
ri=E
3. MEDITSCH, Eduardo. O segundo volume de uma coletânea plural. Observatório da
Imprensa, 02.set.2008.
Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=501AZL001
4. VIANNA, Ruth. Adeus a Gisela Swetlana Ortriwano. Mural do Portal do Jornalismo
Brasileiro.
Disponível em: http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/manchetes_008.htm
5. VIANNA, Ruth. À professora e amiga. Mural do Portal do Jornalismo Brasileiro.
Disponível em: http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/manchetes_008a.htm
6. Faleceu Gisela Ortriwano, estudiosa do radiojornalismo e precursora do Grupo de São
Bernardo. Jornal Brasileiro de Ciências da Comunicação, n. 235, 24.out.2003.
Disponível em: http://www2.metodista.br/unesco/jbcc/jbcc235.htm
7. Morre a professora Gisela S. Ortriwano da ECA/USP. USP Online. 20.out.2003.
Disponível em: http://www4.usp.br/index.php/institucional/7612
31
3. ACERVO GISELA SWETLANA ORTRIWANO (SALA 32 – CJE)
a) LIVROS
1. ALENCAR, Cláudio. Contando histórias. Maceió, 1991.
2. BARBOSA, Moacir. Dicionário de rádio e som. João Pessoa: Idéia, 1992.
3. BARRACCO, Helda Bullotta e DOS SANTOS, Yolanda Lhullier. O espaço dos meios
de comunicação. São Paulo: Ebraesp, 1976.
4. BOLLE, Willi. Fisiognomia da metrópole moderna: representação da história em
Walter Benjamin. São Paulo: Edusp, 1994.
5. BRAGA, José Luiz; PORTO, Sérgio Dayrell e FAUSTO NETO, Antônio. A encenação
dos sentidos: mídia, cultura e política. Rio de Janeiro: Compós, 1995.
6. CALANDRIA, A. C. S. (org.). Comunicacion, politica y cultura: escenografías para el
dialogo. Santiago: CEAAL, 1997.
7. CÉSAR, Cyro. Rádio: inspiração, transpiração e emoção. São Paulo: Ibrasa, 1996.
8. COONS, John E. (org.). Liberdade e responsabilidade em TV e radiodifusão. Rio de
Janeiro: Forense, 1965.
9. ESPINHEIRA, Ariosto. Radio e educação. São Paulo: Melhoramentos, 1934.
10. GASSET, Jose Ortega y. El espectador. Navarra: Salvat, 1970.
11. HAAS, Michael H., FRIGGE, Uwe e ZIMMER, Gert. Radio-management: Ein
Handbuch für Radio-Journalisten. Munique: Ölschläger, 1991.
32
12. HARTMANN, Frei Jorge e MUELLER, Frei Nélson (org.). A comunicação pelo
microfone. Petrópolis: Vozes, 1998.
13. HAYE, Ricardo M.. Hacia uma nueva radio. Buenos Aires: Paidós, 1995.
14. JORGE, Eliana Lobo de Andrade (coord.). Rádio “Show da Manhã” e “Zé Béttio”. São
Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento de Informação e Documentação
Artísticas, Centro de Documentação e Informação sobre Arte Brasileira Contemporânea,
1980.
15. KLÖCKNER, Luciano. A notícia na Rádio Gaúcha: orientações básicas sobre o texto,
reportagem e produção. Porto Alegre: Sulina, 1997.
16. KOSSOY, Boris (coord.). Cronologia das artes em São Paulo 1975-1995:
comunicação de massa – rádio e televisão. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996.
17. LEVACOV, Marília. Tendências na comunicação. Porto Alegre: L&PM, 1998.
18. LEWIS, Peter M. e BOOTH, Jerry. El medio invisible: radio pública, privada,
comercial y comunitaria. Barcelona: Paidós, 1992.
19. LUZ, Dioclécio. Rádios comunitárias: trilha apaixonada e bem-humorada do que é e
de como fazer comunitárias, na intenção de mudar o mundo. Brasília, 2001.
20. MANSUR, Fernando. No ar o sucesso da cidade. Rio de Janeiro: JB, 1984.
21. MARANHÃO FILHO, Luiz. Rádio em todas as ondas. Recife: Universitária da UFPE,
1998.
22. MATA, Maria Cristina (coord.). Mulher e rádio popular. São Paulo: Paulinas, 1997.
33
23. MEDEIROS, Ricardo e VIEIRA, Lúcia Helena. História do rádio em Santa Catarina.
Florianópolis: Insular, 1999.
24. MELO, Ivo Soares. Sistemas de informação. São Paulo: Saraiva, 1981.
25. MESQUITA, Mário. Revista de comunicação e linguagens. Lisboa: Cosmos, 1995.
26. MOREIRA, Sonia Virgínia. O rádio no Brasil. Rio de Janeiro: Mil Palavras, 2000.
27. NEUBERGER, Lotário (org.). Radiodifusão no Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
Plátano, 1997.
28. NOGUEIRA, Luiz Eugênio. O rádio no país das amazonas. Manaus: Valer, 1999.
29. ORTIZ, Miguel Ángel e MARCHAMALO, Jesús. Técnicas de comunicación em radio:
la realización radiofónica. Barcelona: Paidós, 1997.
30. OTA, Daniela. Rádio em Boa Sorte: uma comunidade negra. Campo Grande: Uniderp,
2000.
31. PEROSA, Lilian Maria F. de Lima. A hora do clique: análise do programa de rádio “A
Voz do Brasil” da velha à nova República. São Paulo: Annablume, 1995.
32. PINHEIRO, Francisca Sousa Mota e. Da Rádio Londrina à Rádio Universidade: uma
história de muitas histórias. Londrina: UEL, 2001.
33. PRADO, E.. Estructura de la informacion radiofonica. Barcelona: Mitre, 1985.
34. RIVERS, Peterson Jensen. Os meios de comunicação e a sociedade moderna. Rio de
Janeiro: GRD, 1966.
34
35. SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de história da cultura brasileira. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1994.
36. TOUSSAINT, Nadine. A economia da informação. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
37. VON LA ROCHE, Walther e BUCHHOLZ, Axel (Hrsg.). Radio-Journalismus: Ein
Handbuch für Ausbildung und Praxis im Hörfunk. Munique: List Journalistische Praxis,
1980.
b) REVISTAS
1. Antenna: o rádio no Brasil há meio século. Edição histórica comemorativa. 1976.
2. Comunicação e sociedade. Revista semestral de estudos de comunicação. Ano X – nº
18 – dezembro de 1991.
3. Comunicações & artes. Segundo quadrimestre de 1998 – nº 34.
4. Comunicarte. Revista anual do Instituto de Artes e Comunicações da PUC de
Campinas. Ano IX – nº 15 – 1991.
5. Contato. Revista brasileira de comunicação, arte e educação. Ano 1 – nº 4 – jul/set,
1999.
c) ALMANAQUES
1. Como montar rádios comunitárias e legislação completa. Senadora Heloísa Helena e
Coletivo Nacional Petista de Rádios Comunitárias. Brasília, maio de 2000.
2. Fazendo gênero no rádio. Rio de Janeiro: Cemina, 1998.
35
d) FITA DE VÍDEO
1. Memória do rádio no ABC. Realização: Agência de Rádio e TV; FACOM – Faculdade
de Comunicação Multimídia e Universidade Metodista de São Paulo.
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os depoimentos colhidos para este projeto confirmam a importância da professora
Gisela Swetlana Ortriwano para o ensino e para a pesquisa em radiojornalismo, mas
também revelam o temperamento e a genialidade que afetaram e ainda influenciam a vida
de muitas pessoas.
É uma história de vida particular, trilhada com muito trabalho, como se vê na
quantidade de publicações em jornais, periódicos, livros e monografias, que estão
disponíveis na biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP e agora catalogados
em um só local. É também marcada por gostos agora possíveis de serem vistos através de
parte da coleção de livros que mantinha em sua sala, disponível e organizada no
Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA.
O que mais chamava atenção, no entanto, era o seu modo de ser, o jeito com que
lidava com as situações e com as pessoas, com atitudes comparáveis às daqueles que
costumamos chamar de gênios. O humor irregular, o tratamento às vezes rude, mas
respeitável, as brigas, os reatamentos, as manias, as conversas com o computador e com as
plantas, a inteligência. Tudo isso fazia dela uma pessoa peculiar e especial.
Mas este projeto é apenas uma pequena compilação de dados e depoimentos. Muito
ainda precisa ser feito e recuperado, para que relatos de ângulos diferentes possam ser
interpretados e mais detalhes dessa vida possam ser descobertos.
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BIBLIOGRAFIA
Memorial. Apresentado por Gisela Swetlana Ortriwano ao Departamento de Jornalismo e
Editoração da ECA-USP em novembro de 1988.
OBS: Outras referências bibliográficas que integram o corpo desta pesquisa estão assim
disponíveis:
Acervo Gisela Swetlana Ortriwano. Sala 32. Departamento de Jornalismo e Editoração da
ECA-USP.
Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes. Disponível em www.rebeca.eca.usp.br
ENTREVISTAS
OBS: entrevistas concedidas exclusivamente para esta pesquisa.
Dulcília Buitoni. Entrevista concedida em 13 de outubro de 2010.
José Coelho Sobrinho. Entrevista concedida em 18 de fevereiro de 2011.
Lourival da Cruz Galvão Júnior. Entrevista concedida em 07 de outubro de 2010.
Marcelo Cardoso. Entrevista concedida em 26 de fevereiro de 2011.
Marcello Bittencourt. Entrevistas concedidas em 04 e 19 de outubro de 2010.
Paulo Roberto Bontempi. Entrevista concedida em 18 de fevereiro de 2011.
Rodolfo Ortriwano. Entrevista concedida em 14 de março de 2011.
Suely Maciel. Entrevista concedida em 05 de outubro de 2010.
Terezinha Tagé. Entrevista concedida em 18 de junho de 2010.
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FOTOS
Casa de Gisela, em São Miguel Paulista (Google Street View)
Escola D. Pedro I, onde terminou o colegial (Google Street View)
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Gisela jovem (acervo pessoal)
Com José Coelho Sobrinho, à esquerda (Jornal da USP).
Participação na banca de mestrado de Rúbia Vasques (acervo pessoal).
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Gisela Swetlana Ortriwano e o Radiojornalismo – Uma Trajetória de