O ANÚNCIO DO EVANGELHO
GUIÃO DE LEITURA #3 DO SÍNODO DIOCESANO 2016
Abril a Junho de 2015 - Síntese da reflexão efetuada
1 – INTRODUÇÃO
Continuando a responder ao convite / desafio efetuado pelo Papa Francisco e secundado pelo
Patriarcado de Lisboa, no sentido de preparar o "Sínodo Lisboa 2016", a Paróquia de São
Tomás de Aquino (STA) manteve os grupos de reflexão já constituídos.
Os supra citados grupos deram continuidade ao trabalho desenvolvido para os guiões 1 e 2
(entre Setembro de 2014 e Março de 2015).
O III capítulo da exortação apostólica "A Alegria do Evangelho" subordinada ao tema "O
Anúncio do Evangelho" foi estudado, aprofundado, debatido e partilhado. Seguidamente,
considerando todos os contributos, foi elaborada a presente síntese que agora se envia.
2 - TODO O POVO DE DEUS ANUNCIA O EVANGELHO
O anúncio explícito de Jesus deve ser uma tarefa de todos, não é um empreendimento apenas
reservado às pessoas consagradas. Não é concebível a vida do cristão dissociada da vida e do
anúncio de Jesus, da Boa Nova. Somos um povo peregrino e evangelizador.
Atender ao significado da palavra "paróquia" - aqueles que estavam junto às casas, o que está
de passagem para a última morada. O cristão é o que tem os pés na terra mas a cabeça no céu
- não pode haver espiritualidade separada do concreto, que rejeite o mundo. O peregrino tem
o olhar numa determinada meta e, essa meta para os cristãos não pode ser outra que não a
comunhão com Deus.
Formamos um só corpo cuja cabeça é Cristo, esse corpo tem de se expandir. A igreja é para
todos, embora diferentes, todos têm lugar. É imperativo alcançar uma igreja inclusiva. O ideal
será uma igreja para crentes e não crentes em que estes últimos, gradualmente, sejam
evangelizados, cativados, tornando-se crentes.
O que podemos fazer nesse sentido?
Para tentar cativar os não crentes e os batizados que não praticam devemos dar o exemplo,
manifestar publicamente a nossa fé, preocuparmo-nos sinceramente com os que vemos em
sofrimento, sermos mais solidários, mais amigos uns dos outros, ter sempre um sorriso, uma
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palavra de simpatia e de verdadeiro interesse pelos que integram a paróquia ou só
esporadicamente a frequentam.
O que fazemos na paróquia
Na paróquia tentamos por em prática o ideal do amor e, quando nos apercebemos que alguém
é novo no ambiente ou que o frequenta ocasionalmente convidamo-lo a tomar qualquer coisa
no bar, acolhemos, provocando uma aproximação e uma simpática hospitalidade que mais
tarde certamente dará fruto.
Um povo com muitos rostos
A igreja deve acolher sem julgar. No entanto, acolher não significa pactuar com situações
contrárias ao que é defendido pelo Papa.
Houve aos poucos uma aculturação, a igreja soube adaptar-se às diferentes culturas que foi
encontrando o que enriqueceu de forma manifesta o modo como o Evangelho é pregado,
compreendido e vivido. O Papa fala com respeito da " roupagem cultural " evitando uma
vaidosa sacralização da própria cultura.
Cinquenta anos após o Concílio ainda se sentem resistências à mudança. A transformação é
lenta e tem de o ser para não criar cisões, radicalismos, cismas. Os sinais de mudança
encontram-se na mensagem do Papa Francisco para o Dia das Comunicações Sociais, no
Sínodo da Família e no Ano da Misericórdia que abre portas ao acolhimento, deixando para
trás uma visão moralista de modo a que a igreja seja um espaço onde todos se sintam irmãos.
Para tocar mais de perto os adolescentes, os jovens, o mundo das artes, as periferias étnicas e
sociológicas é preciso sermos mais interventivos, mais criativos e mais solidários. Tendo bem
presente que as palavras convencem, que o testemunho arrasta e que a Redenção é para todos
sem distinção.
O que fazemos na paróquia
Tentamos:

criar laços interpessoais entre todos;
 que as atividades desenvolvidas ou a desenvolver sejam amplamente divulgadas
participadas e animadas criando empenhamento, vontade de voltar a participar e de
trazer amigos.
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Todos somos discípulos missionários
Todos somos testemunhas da Ressurreição, somos discípulos missionários devendo
empenhar-nos em procurar uma melhor formação e em dar um testemunho claro do
Evangelho. É muito importante transmitir o amor de Jesus que, não olhando às nossas
imperfeições nos oferece a Sua Palavra, a sua força dando um sentido à nossa vida. Se
sentirmos verdadeiramente isto devemos partilhá-lo com os outros - sejamos discípulos
missionários. A nossa imperfeição não deve ser desculpa. Não nos devemos acomodar mas
crescer.
A força evangelizadora da piedade popular
A piedade popular faz parte do sentir da igreja. Nem todo o povo tem competência para fazer
reflexões teológicas por isso é bom que manifeste a sua fé em imagens, devoções, santos pois
são testemunho de uma simplicidade, o que é positivo. Devemos contrariar o analfabetismo
religioso mas não cercear estas manifestações de piedade popular. Elas são importantes
enquanto formas de oração simples, sistemáticas e mais abrangentes.
O que fazemos na paróquia
Enquanto paróquia citadina cultivamos esta piedade popular com as vias-sacras, a recitação
do terço, a adoração do Santíssimo, as procissões …
De pessoa a pessoa
A pregação em contextos informais não necessita de fórmulas. Esta pregação deve basear-se
no Amor, no testemunho, no exemplo e, ao mesmo tempo ser humilde. É extremamente
importante saber escutar, escutar com o coração.
Carismas ao serviço da comunhão evangelizadora
Há grupos que se fecham em si mesmos ou que concorrem entre si. Nunca se deve perder
visão da igreja enquanto corpo único. Um grupo saudável e vivo é aquele que cresce não só
em número de pessoas mas também em atividades, serviço e entrega.
Os grupos devem ter bem presentes os seus objetivos e os meios de que dispõem para a sua
concretização. Todos devem dirigir o seu olhar para o coração do Evangelho, fazendo
comunhão.
O anúncio deverá ser feito às ciências, à razão devendo ser vertido em termos artísticos, éticos
na medicina, na química, na engenharia. Se a estas categorias profissionais se juntar a fé então
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serão instrumentos de evangelização. Vide S. Paulo que era culto, racional e ao ser
evangelizado iluminou, renovou o mundo espalhando o cristianismo pelos gentios.
Como boas práticas temos alguns grupos de estudantes que fazem trabalho voluntário, partem
em missão. Este trabalho dá testemunho, evangeliza e enriquece os voluntários e a população
ajudada.
3 - A HOMILIA
Uma boa homilia pressupõe que se estude e depois se transmita aos outros. O pregador deve
conhecer a comunidade para se lhe adaptar e isso obriga a pensar bem no que se vai dizer.
A homilia é uma perspetiva nova sobre um texto que já conhecemos. A pregação deve ser
clara, concisa realçando o essencial da Palavra e ao mesmo tempo estabelecer uma ligação à
nossa vida. A mensagem transmitida deve ter por base um espírito de amor, deve usar um
"idioma materno" de modo a ser escutada e interiorizada. Isto permite-nos aproximar mais de
Deus que nos renova e faz crescer.
A homilia deve preparar-nos para a comunhão sacramental.
O pregador deve incluir-se na pregação, deve tornar a Palavra credível.
A leitura espiritual
Todos os cristãos devem esforçar-se por serem contemplativos. Devem relacionar a
mensagem do texto com uma situação humana, com algo que as pessoas vivem. O pregador
precisa saber ler nos acontecimentos a mensagem de Deus. Partir de um facto para que a
Palavra possa criar um apelo à conversão, à adoração, a atitudes de fraternidade e serviço.
Uma boa pregação deve conter uma ideia, um sentimento, uma imagem, uma unidade
temática, uma ordem clara, uma ligação entre as frases de modo a que o povo possa seguir e
captar a lógica do que se lhe diz. Além destas características deve ser positiva para oferecer
esperança. A Palavra de Deus deve ser central na nossa vida.
O que fazemos na paróquia
Para que a Palavra tenha uma centralidade na nossa vida temos:

Workshops de oração;

Adoração do Santíssimo;

Grupos de reflexão com estes que estudam a exortação apostólica.
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4 - UMA EVANGELIZAÇÃO PARA O APROFUNDAMENTO DO QUERIGMA
Todos os seres humanos precisam sempre mais de Cristo, a evangelização não devia deixar
que alguém se contentasse com pouco. A vida cristã é um caminho para o crescimento no
Amor. O querigma é o primeiro anúncio, em qualidade embora possa ser apresentado de
várias formas. A formação cristã é o aprofundamento do querigma o qual deve exprimir o
amor de salvífico de Deus, impor a verdade fazendo apelo à liberdade e à alegria.
Anunciar Cristo é mostrar que crer n’Ele é belo, preenche a vida com uma alegria profunda
mesmo nas adversidades. Todos devemos ser mais próximos uns dos outros, devendo olhar o
próximo respeitosamente com ternura e misericórdia de modo a animá-lo no amadurecimento
da vida cristã, não esquecendo a importância do testemunho em todo este processo. Devemos
escutar, mais do que ouvir. Escutar com o coração. Escutar com respeitosa e compassiva
atitude que nos faz agir de modo a despertar em todos a confiança, a abertura, a vontade de
crescer conduzindo-nos ao Pai em quem alcançaremos a verdade, a liberdade e a vida em
plenitude.
Para tudo é preciso tempo, o tempo é o mensageiro de Cristo. Toda a evangelização está
fundada na Palavra de Deus escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. É ela que
alimenta e fortalece os cristãos tornando-os capazes de um autêntico testemunho.
Caminhemos com perseverança, com coragem e com a ajuda do Espírito Santo avançaremos
cada dia um pouco mais.
O que fazemos na paróquia

Workshops de oração;

Cursos de leigos;

Estudo e reflexão da "A Alegria do Evangelho";

Projeção e explicitação de filmes religiosos;

Conferências sobre diversos temas.
5- CONCLUSÃO
A presente síntese contém as conclusões que foram registadas durante os encontros efetuados.
Em Comunidade caminhamos com a finalidade de estabelecer uma sólida comunhão em
Igreja e em profunda sintonia com os objetivos delineados pelo Santo Padre e concretizados
na nossa diocese pelo Patriarcado de Lisboa.
Lisboa, Paróquia de São Tomás de Aquino, aos 1 de julho de 2015.
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“A TRANSFORMAÇÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA”