Adeilson Salles Ilustrações de L. Bandeira belinha_e_lagarta_bernadete.indd 3 18/10/2012 16:32:55 Dedicatória Na figura da minha neta Bellinha, que me inspirou, dedico este trabalho às sementes do amanhã: as crianças. belinha_e_lagarta_bernadete.indd 5 18/10/2012 16:32:58 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 6 18/10/2012 16:33:00 A família de Bellinha Desde que nasceu, Isabella sempre foi uma menina muito irrequieta, curiosa e alegre, tudo queria aprender. Seus pais, Bernardo e Beth, orgulhosos da sua pequena joia, não se cansavam de dizer a todos os amigos: — Essa menina veio de encomenda. Os avós não se cansavam de cobri-la de mimos e presentes. Ela vivia em uma casa muito bonita, com um jardim em derredor. O que chamava mais atenção naquele quintal era o pé de amoras, que de tão frondoso encantava a todos com suas folhas verdes e reluzentes. 7 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 7 18/10/2012 16:33:00 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 8 18/10/2012 16:33:02 Isabella foi crescendo e seu nome diminuiu, agora era chamada pela família de Bellinha. A menina crescia e sua curiosidade aumentava. Era vista, de quando em vez, conversando com os pássaros e bichinhos silvestres, que da floresta próxima à sua casa, acorriam ao lindo jardim, atraídos pelas doces amoras que amadureciam no verão. A menina morena com olhos brilhantes e cabelos encaracolados tinha uma atração especial pelo beija-flor. Eram tantos que se chegavam à amoreira e, quando eles paravam no ar, o jardim virava uma vista multicor. 9 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 9 18/10/2012 16:33:03 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 10 18/10/2012 16:33:05 Um dia Bellinha, como sempre curiosa, disse a seu avô Belarmino: — Vovô, eu gostaria tanto de voar e parar no ar como o beija-flor! Com um sorriso nos lábios, o avô, com ternura, respondeu-lhe: — Bellinha, parar no ar não sei como fazer, mas posso lhe dar asas construindo para você um balanço. Os olhos da menina pareceram saltar e, com alegria, disse: — Puxa, vovô! Vou poder voar mesmo? — Será um voo limitado, mas poderá voar. Tomando de uma tábua, uma corda e um serrote, Belarmino, em poucos minutos, construiu um balanço para Bellinha poder voar. Os gritos de alegria da menina eram tantos que seus pais e sua avó Benedita correram para ver o que estava acontecendo. Todos se contagiaram com a alegria da menina. Depois de testar se a corda estava firme nos galhos da amoreira, vovô Belarmino pegou a netinha no colo e, acomodando -a com cuidado, empurrou-a para seu primeiro voo. Com uma gargalhada, Bellinha ia e vinha, de lá pra cá, daqui pra lá, gritando de felicidade. O que os pais e avós da menina não contavam é que teriam que ficar se revezando para empurrar o balanço. E haja fôlego, ela custava a se cansar da brincadeira! Os pássaros até se acostumaram com a presença da menina e com suas gargalhadas de alegria. 11 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 11 18/10/2012 16:33:06 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 12 18/10/2012 16:33:07 A primeira tristeza de Bellinha O tempo passou e Bellinha, agora com 7 anos, conheceu a tristeza. Belarmino, seu avozinho querido, adoeceu e, em poucos dias, morreu. A menina curiosa e alegre agora chorava sem entender o que tinha acontecido. Triste, perguntou à sua mãe: — Mamãe, por que meu avô morreu? O que é a morte? Abalada pela morte do pai, dona Beth dizia: — Seu avô foi para o céu! — Para o céu? Fazer o quê? Deus o chamou? Por que temos que nos separar das pessoas desse jeito? E agora, como é que vou voar? — Não fique triste, filhinha, seu avô descansou. — Eu não sabia que para descansar precisava morrer. Sem saber o que dizer à filha, dona Beth abraçou-a e chorou. A menina não se conformava, perguntou ao pai, perguntou à avó. Na escola, perguntou à professora, aos amiguinhos e nada de resposta, ninguém sabia o que dizer. Todas as tardes, quando chegava da escola, ela ia para o balanço e lá ficava recordando, recordando... 13 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 13 18/10/2012 16:33:07 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 14 18/10/2012 16:33:08 Certa noite, Bellinha estava com muitas saudades do avô e começou a chorar. Sentindo muita tristeza, adormeceu e começou a sonhar. No sonho, ela estava caminhando em um bonito jardim com muitas amoreiras. De repente, ouviu uma voz: — Ei, menina, não fique triste! Enxugando as lágrimas, Bellinha parou e a voz repetiu: — Ei, menina, não fique triste! — Quem está falando comigo? Ela não sabia de onde vinha aquela voz amiga. Olhava para os lados e nada. — Psiuuu, estou aqui na amoreira! Ela olhava para os lados e não via ninguém. — Estou aqui! — Aqui onde? — Aqui nesta folha! — Na folha? — Sim, aproxime-se deste galho à sua direita. 15 belinha_e_lagarta_bernadete.indd 15 18/10/2012 16:33:08