Homilia da Missa de Natal 2013
O Natal, festa da ternura e da alegria
† António Marto
Catedral de Leiria
Missa de Natal, 25 de dezembro de 2013
Ref. BD2013B-­‐008 O Natal, festa da ternura e da alegria de Deus com os homens O Natal de Jesus não é uma lenda edificante ou apenas uma piedosa tradição, nem simplesmente mais uma festa do calendário a convidar ao consumismo. O Natal autêntico é uma história verdadeira, cujo conteúdo e alcance profundo e universal só se descobre à luz da fé. É uma festa de fé e de esperança, festa da ternura e da alegria de Deus com os homens. O Natal põe no centro da nossa contemplação o rosto de um Deus de ternura que se fez homem para nos abraçar no seu amor que salva, para nos envolver na sua luz que dissipa as trevas, para nos oferecer a verdadeira paz. Aqui, nesta noite, ressoa para nós o mesmo anúncio do mensageiro celeste aos pastores. A primeira palavra é: “não tenhais medo”. Depois, diz o motivo: “Trago-­‐vos uma notícia de grande alegria para todo o povo; nasceu-­‐vos hoje um salvador que é Cristo Senhor”. O verdadeiro sentido do Natal é a alegria de partilhar com os outros a boa notícia: “Deus amou de tal modo o mundo que lhe entregou o seu Filho...”. É algo muito grande. Ele nasceu para todos; não é só de alguns privilegiados. É para todo o mundo. Ninguém fica excluído do seu amor. Eis a beleza e a alegria do Natal em palavras do Papa Francisco: “ A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo renasce, sem cessar, a alegria”. Pensamos que a encarnação de Jesus é um facto apenas do passado? Ou toca o meu coração pessoalmente? Jesus enche, realmente, de alegria a minha vida? 1/3
A família, casa da ternura e da alegria Outra caraterística do Natal é a dimensão familiar tão ternamente apresentada no belo ícone do presépio em que sobressaem as figuras de José e Maria com o menino deitado na manjedoura, rodeado de alguns pastores e animais. O Papa Francisco sublinha com vigor esta ternura: “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai que transborda de alegria no louvor... Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”. Mesmo no meio da pobreza, o calor da ternura faz maravilhas! Neste ano pastoral dedicado à família devemos prestar especial atenção a este aspeto para renovar e reforçar os laços familiares a fim de que cada família seja verdadeiramente casa da ternura e da alegria, do afeto e do cuidado respeitador e amoroso. De facto, como diz o Papa Francisco, “a família é feita de rostos, de pessoas que amam, dialogam, se sacrificam uns pelos outros. É o lugar onde recebemos o nome, o lugar dos afetos, o espaço da intimidade.. Na base do sentimento da alegria familiar profunda está a presença de Deus na família, está a seu amor acolhedor, misericordioso, respeitador de todos... Só Deus é capaz de criar a harmonia das diferenças. Se falta o amor de Deus, também a família perde a harmonia, prevalecem os individualismos e extingue-­‐se a alegria”. Deixamos Deus entrar na nossa família? Como pratico a ternura e a alegria na minha casa? Lutamos por uma política de apoio à família? Vamos viver um Natal diferente em família? Cuidemos uns dos outros com ternura Não há Natal sem fraternidade e solidariedade a nível comunitário e social. O Filho de Deus nasce para todos: n’Ele todos somos irmãos. Convida-­‐nos à ternura e à alegria solidária. Onde domina a cultura do descartável e da exclusão, queremos pôr a cultura do encontro e da inclusão; face à globalização da indiferença propomos a globalização da solidariedade. “Há mais alegria em dar do que em receber”(At 20, 35), disse Jesus. A celebração do Natal de Cristo terá de se traduzir em atitudes, gestos e ações de partilha e de solidariedade com as pessoas e as famílias mais necessitadas sobretudo nestes tempos de crise. Já nos propusemos fazer algo neste sentido? Não deixemos que nos roubem a ternura e a alegria do Natal de Cristo. O mundo sem ternura é um mundo frio, inóspito, cruel. Sem ternura não há alegria nem esperança. Vendo tanta crise, tantos cortes, 2/3
tantas pessoas que sofrem, o meu desejo de Natal e Ano Novo é: Por favor, cuidemos uns dos outros! Com a ternura que leva o afeto, a solidariedade e a justiça. Faço, pois, votos de que a luz do Natal seja a estrela que revela o caminho do amor, da ternura, do encontro, da partilha, da paz e da alegria nos corações, em cada família e na sociedade! A todos os vós e às vossa famílias desejo Santo e Fraterno Natal e Feliz Ano de 2014! 3/3
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2013.12.25_HomiliaNatal