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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA: HISTÓRIA,
ENSINO E LINGUAGENS
LILIANE LEONARDO
DISCIPLINA DE HISTÓRIA E A PROPOSTA CURRICULAR DE
SANTA CATARINA
CRICIÚMA, JUNHO DE 2008
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LILIANE LEONARDO
DISCIPLINA DE HISTÓRIA E A PRPOSTA CURRICULAR DE
SANTA CATARINA
Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul
Catarinense- UNESC, para a obtenção do título
de especialista em História: História Ensino e
Linguagens.
Orientador: Prof.( MSc) Antônio Luiz Miranda
CRICIÚMA, JUNHO DE 2008
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Dedico esta monografia de pós-graduação
ao meu querido pai, que onde quer que ele
esteja
esta
iluminando.
sempre
ao
meu
lado
me
3
AGRADECIMENTOS
Como é bom ter ao lado pessoas que sempre nos incentivam, acreditando
em nosso potencial. Durante mais esta caminhada, sempre esteve ao meu lado
pessoas muito queridas e maravilhosas, que vem ao longo de minha vida
demonstrando serem muito especiais, e essenciais na trajetória que escolhi.
Aliás não tem sido fácil esta trajetória, muitas pedras no caminho, mas
que podem se tornar mais um degrau em minha vida, com a força que possuo e a
força que estas pessoas me dedicam.
Primeiro agradeço muito minha mãe, que sempre esteve ao meu lado me
ajudando em todos os sentidos. D.Tereza, que em qualquer momento foi ela quem
me socorreu. Muitas noites sem dormir me esperando, até que eu chegasse em
casa.
Depois uma pessoa mais que especial alguém que desde a época da
graduação lutou comigo e esteve sempre muito perto de mim. Meu noivo Fernando
Becker, acreditando, me apoiando, me dando conselhos me incentivando. Meu
carinho e amor a ele que não mediu esforços para ma ajudar. Levando-me, me
buscando, mas horas difíceis era ele ao meu lado. E nos momentos de alegrias
sempre estávamos juntos para que pudéssemos compartilhar. Agradeço muito a ele.
Agora quero falar de uma verdadeira amiga, em todas as horas, sempre
ela, Thaise, sempre juntas, na hora dos trabalhos, provas, intervalos, da diversão
era ela. Uma amizade que nasceu no primeiro semestre da graduação e até então
estamos lado a lado, sempre uma ajudando a outra.
Meu orientador Antônio Luiz Miranda, que sempre acreditou em mim,
mesmo quando eu achava que não iria conseguir. Muito obrigada.
Aos
meus
mestres
que
muito
contribuíram
neste
processo
de
aprendizagem. Deixo aqui minha retribuição pela dedicação de todos eles.
Não poderia deixar de falar de minhas amigas Cleimar e Mariane, que
sempre estavam lá, para me ajudar.
Meus colegas também é claro, que convivemos momentos de muitas
alegrias e aprendizado.
E a Deus que sempre iluminou minha trajetória me dando força e
esperança.
4
Mais um dever cumprido, com uma vontade de fazer muitas outras coisas,
com o sentimento de apenas estar no começo de uma longa estrada, que
caminhamos passo a passo, com muitos outros caminhos ainda a percorrer.
Esta foi mais uma etapa de minha vida, com dificuldades, mas com algo
muito importante, o aprendizado conquistado e o carinho de pessoas que nunca nos
abandonam e sempre estão ao nosso lado, dando todo o incentivo do qual
precisamos.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente estiveram em mais esta
caminhada.
5
“A História é um discurso cambiante e
problemático, tendo como pretexto um
aspecto do mundo, o passado, que é
produzido por um grupo de trabalhadores
cuja cabeça está no presente...”
Keith Jenkins
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RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi analisar a Proposta Curricular de Santa Catarina, mais
especificamente de que forma esta se remete à disciplina de história. Os objetivos
foram analisar o contexto histórico a qual esta foi formulada, seus eixos norteadores,
como também de que forma a disciplina de história aparece dentro da mesma. Neste
processo foi utilizado como método estudo de caso para análise da aplicabilidade da
Proposta Curricular de Santa Catarina. Utilizaram-se como metodologias,
levantamento do material bibliográfico e teórico a respeito do tema, e um
questionário para análise de um estudo de caso. A Proposta Curricular de Santa
Catarina apresenta alguns limites e contradições, porém não deixa de ser um
documento que norteia a educação do estado de Santa Catarina.
.
Palavras-chave: Proposta Curricular de Santa Catarina; História; Materialismo
Histórico, Livro Didático.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01: Foto do centro de Ermo....................................................................... 31
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................9
2 PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: UMA OPCAO PARA A
EDUCAÇÃO..............................................................................................................12
2.1 História da Proposta Curricular de Santa Catarina. .......................................12
2.2 Eixos Norteadores da Proposta Curricular de Santa Catarina......................18
2.3 Disciplina de história dentro da Proposta Curricular de Santa Catarina (
1998) ........................................................................................................................23
3 PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: SUA APLICAÇÃO............30
3.1 Estudo de caso: aplicabilidade da Proposta Curricular de Santa Catarina .30
3.2 Análise do livro didático ...................................................................................36
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................43
REFERÊNCIAS.........................................................................................................45
ANEXO .....................................................................................................................47
9
1 INTRODUÇÃO
Começo esta introdução com uma pergunta muito simples, mas com uma
resposta complexa, que muitas vezes, por não saber dar esta resposta nos
perdemos no caminho da disciplina de história.
O que é história? É difícil definir o que é história, pois não se trata de
apenas o estudo do passado, e esta, é a resposta mais usual que ouvimos quando
esta pergunta é lançada. Estuda sim o passado, este é seu maior objetivo, mas não
um passado solto, sem nenhuma relação com o tempo presente. Este é um objeto
que é usado sob um aspecto do mundo, que quem escolhe são homens que vivem
no presente, por isso, temos que tomar cuidado com as verdades históricas, e com o
objetivo do ensino de história.
Pois o conhecimento histórico é uma construção de vários sujeitos, e
enquanto uma prática pedagógica, o ensino de história deve entender o homem
como um ser social, singular e em transformação. Isto deve ser respeitado, a
construção histórica destes sujeitos, que estão inseridos num dado momento da
história.
Remeto-me a este aspecto, pois o que vamos analisar neste trabalho é
justamente o que nosso documento de maior relevância nos traz sobre a disciplina
de história, que seria a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998).
Este trabalho foi desenvolvido na decorrer do curso de Pós-Graduação:
História, Ensino e Linguagens, na Universidade do Extremo Sul CatarinenseUNESC. Este nasce primeiro de uma vontade pessoal de entender, qual o objetivo
da Proposta Curricular de Santa Catarina, já que esta é um documento que quase
não é discutido nas escolas. Depois por que neste ano de 2008, a Proposta
Curricular de Santa Catarina completa exatamente 10 anos de sua existência, (sua
segunda edição), mas mesmo assim não foi promovido nenhum debate à respeito
da mesma.
Então meu objetivo é analise do contexto de implementação da primeira
versão da Proposta Curricular de Santa Catarina, que acontece em 1991, até sua
segunda versão em 1998, que é ponto principal deste trabalho.
O Estado de Santa Catarina quando lança sua Proposta Curricular, este
esta de acordo com uma tendência que ocorre no país todo, que é de reformulação
da educação, com um eixo norteador voltado principalmente para o materialismo
10
histórico-dialético, e a tentativa de resgatar a história ciência.
Por isso, a Proposta Curricular, quando começou a se constituir no
contexto histórico brasileiro, foi com o propósito de superar a história tradicional e
contribuir através de concepções de história emancipatórias para a formação da
cidadania. Aqui então, temos outro objetivo que é verificar se a Proposta consegue
realmente dar conta deste objetivo.
E para conseguirmos isto, primeiro analisamos a Proposta Curricular, os
seus eixos norteadores e depois a disciplina de história dentro da Proposta
Curricular de Santa Catarina, e para concluir fizemos a análise de um estudo de
caso, na Escola de Educação Básica Pedro Simon, para verificar até que ponta esta
é aplicada e conhecida na instituição. E, por último verificamos o livro didático
utilizado na mesma, se este está de acordo com o que a Proposta Curricular de
Santa Catarina nos apresenta.
Este trabalho se divide em dois capítulos. O primeiro fala da história da
Proposta Curricular de Santa Catarina, juntamente com a análise de seus eixos
norteadores. Depois discute a disciplina de história dentro da Proposta Curricular,
até onde esta é um avanço. Se esta contribui para que a disciplina de história seja
realmente um instrumento de emancipação dos educandos. No segundo capítulo
fazemos um estudo de caso, para verificar até que ponto os educadores têm
conhecimento a respeito da Proposta Curricular, e se esta realmente é um norte
para os professores. E para finalizar fazemos a análise do livro didático, se este está
de acordo com os temas sugeridos dentro da Proposta Curricular de Santa Catarina.
Para buscar estas respostas, procurou-se primeira fazer uma leitura
teórica a respeito do assunto, com abordagens do campo da teoria da história.
Depois leitura do contexto histórico a qual a Proposta Curricular de Santa Catarina
estava envolvida. E também uma leitura minuciosa das duas versões da Proposta
Curricular.
Além destas leituras foram aplicados questionários, no estudo de caso.
Este se estruturou da seguinte maneira. Primeiro escolhi a instituição escolar na qual
iria ser aplicado o questionário, com os professores na área de história, que atuam
nesta instituição. Depois de aplicado foi feita a análise dos dados em busca de
algumas respostas.
Minha maior preocupação é promover o debate a respeito deste
documento, não tenho o objetivo de elaborar respostas fechadas ou formúlas de
como utilizar a Proposta Curricular de Santa Catarina. Mas chamar atenção para o
11
que estamos fazendo enquanto educadores de história com a própria historia, com a
disciplina de história, e até mesmo com a nossa história. Já que somos educadores
e temos um papel importantíssimo dentro de uma instituição escolar e na vida de
cada um de nossos educandos.
Espero com isso, que a Proposta Curricular de Santa Catarina, esteja de
novo no cenário de discussão das pautas educacionais.
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2-PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: UMA OPÇÃO PARA A
EDUCAÇÃO
2.1 História da Proposta Curricular de Santa Catarina
Na passagem dos anos de 1970 para 1980, Santa Catarina viveu, assim
como todo o resto do país, um momento em que as forças da democracia se
reacendiam, depois de longos anos sufocados pela ditadura militar. Crescem os
movimentos populares, e não é diferente na área da educação, passa-se a pensar a
educação com qualidade e o direito à escola pública.
Neste período que a história chama de redemocratização, pois há uma
abertura política para que o povo possa manifestar sua opinião, ganha corpo um
movimento dentro da educação. Este movimento tem por princípio a introdução de
textos ligados a um pensamento mais social, o que fez com que houvesse
mudanças e, o despertar para discussões que antes não podiam ser feitas por causa
da repreensão militar.
Este pensamento que agora estava sendo discutida pensa à educação
numa ótica do pensamento histórico-cultural. Portanto a década de 1980 no Estado
de Santa Catarina foi de primordial importância para a educação, pois neste período,
a luta de profissionais desde a sala de aula até as universidades, ganhou maior
expressão, pois:
No processo de democratização dos anos 80, os conhecimento escolares
passaram a ser questionados e redefinidos por reformas curriculares dos
Estados e municípios. Simultaneamente, as transformações da clientela
composta por vários grupos sociais que viviam um intenso processo de
migração do campo para a cidade, e entre os Estados, com acentuada
diferenciação econômica, social e cultural, também forçaram mudanças na
1
educação.
Em 1981, no governo de José Konder Bornhausen, foi elaborado por uma
comissão de alto nível, o Segundo Plano Estadual de Educação (o primeiro tinha
sido elaborado ainda na ditadura militar), que refletia o momento sócio político vivido
pelo país, caracterizado pela abertura política do regime autoritário, apontando
assim para a importância da atividade educacional enquanto ação transformadora
de uma sociedade.
1
BRASIL, 1998, p.26
13
Sintonizando-se com esse momento histórico, o segundo Plano Estadual de
Educação afirmou-se empenhando no resgate e qualidade de ensino,
2
concedendo especial ênfase à figura do professor[...]
Outro fator de extrema relevância que ocorreu na década de 1980 foi o
esboço do que mais tarde viria a ser a Proposta Curricular de Santa Catarina. Já que
este é o objeto de estudo desta pesquisa, ou melhor, analisar como esta trata a
disciplina de história, porém este é um assunto que vamos tratar mais à frente,
agora queremos apenas delinear a trajetória até a elaboração da versão final da
Proposta Curricular de Santa Catarina; que ocorreu em 1998, mas que começou a
ser pensada já na década de 1980.
Então começaremos pelo final da década de 80, é neste período que se
iniciam ações concretas para a elaboração da proposta. No ano de 1988 Santa
Catarina promove o primeiro debate em relação a sua Proposta Curricular. O que
havia no momento era um movimento de educadores por uma nova perspectiva
curricular, por este motivo os métodos tradicionais de ensino, como a memorização
e reprodução passaram a ser questionados, havia uma crítica muito ampla aos livros
didáticos carregados de ideologias, com exercícios sem exigência de nenhum
raciocínio, por isso o ensino entrou num processo de mudanças de seus objetivos
conteúdos e métodos, isto já era fruto de quase uma década de debates, ou seja,
desde o final da década de 1970 muitas coisas já eram pensadas e discutidas.
Paralelamente,
a
essas
mudanças,
passaram
a
ser
difundidas
percepções diferentes do processo de aprendizagem, dos métodos utilizados como
meio de avaliação e da função social e cultural atribuída à escola e ao professor, ou
seja, uma outra concepção de ensino estava sendo elaborada. Como nós vamos
perceber mais à frente quando faremos a analise dos eixos norteadores da Proposta
Curricular de Santa Catarina. Esta nova concepção de ensino, estava sendo
fundamentada principalmente na teoria de Vygotsky e Kal Marx, que apresenta os
subsídios para o materialismo histórico, e que de certa forma seria um caminho para
superação de aulas expositivas como única metodologia, apontando na direção de
um ensino que estimule o desenvolvimento dos educandos à níveis qualitativos.
Nosso Estado estava numa trajetória de discussão política educacional,
que culminou na elaboração da primeira versão da Proposta Curricular de Santa
Catarina, no entanto estas discussões começaram com o Plano de Ação da
Secretaria de Estado da Educação (1988/1991), e que tinha como maior objetivo “a
reorganização curricular”. Para que todas estes objetivos fossem alcançados a
2
AURAS, 1997.p.85
14
Secretaria de Estado da Educação passou por uma reformulação e uma
reestruturação organizacional, ou seja, o ensino de Santa Catarina passou a ser
responsabilidade da Coordenadoria de Ensino (CODEN).
A Coordenadoria de Ensino-CODEN, passou a ter a função articuladora
entre os diferentes graus e modalidades de ensino, bem como, articular as
atividades-meio, com o fito de garantir a concretização de ação pedagógica
3
em sala de aula.
Em maio de 1988 ocorreu em Blumenau o “Encontro de Componentes
Curriculares”, desse encontro foi articulado idéias para a elaboração da tão sonhada
Proposta Curricular. Deste primeiro encontro buscou-se o suporte teóricometodológico que garantisse uma ação interdisciplinar.
Para que estas ações fossem realizadas com sucesso, foram constituídos
grupos de trabalho, estes eram grupos multidisciplinares com integrantes da área da
educação, isto já seria um ponto a favor, pois eram profissionais da área, diferente
do que ocorria em outros momentos, em que profissionais de outras áreas faziam
estes debates. Esta equipe tinha o papel de elaborar uma política educacional que
se voltava para a questão da interdisciplinaridade e também estabelecer o
documento norteador da proposta.
Neste processo que se desenvolveu ao longo de três anos, foram
lançados alguns documentos que sintetizavam todo o trabalho que estava sendo
feito, sempre com o objetivo de definir de forma democrática o caminho em que a
educação de Santa Catarina deveria seguir. Estes documentos eram lançados em
forma de jornais, que podemos sistematizar em quatro momentos, do ano de 1989
até 1991.
O primeiro momento foi no ano de 1989, quando a Secretária de Estado
da Educação havia produzido os conteúdos dos jornais 1,2,3. O jornal de nº1, coloca
o que havia sido feito naquele momento, que seria o trabalho de aproximação da
própria Secretaria com as Regionais de Educação. Foram realizados três encontros
com este intuito.
Já no jornal de nº2, a Secretaria de Estado da Educação, o lança com o
título “Duplo Desafio”, segundo o que consta na Proposta Curricular lançada em
1991, em que diz: Em primeiro lugar revisar os conteúdos curriculares, à busca
pelos recursos financeiros necessários e elaborar um documento norteador. E o
3
Estado, 1991.p.9
15
jornal de nº3, buscou ressaltar os avanços que haviam acontecido. Este é lançado
com o título: “A continuidade do processo”.
O segundo momento foi no ano de 1990 quando os professores passaram
por cursos de capacitação, e neste mesmo ano foi realizado o 1º Encontro Estadual
entre a Secretaria de Estado da Educação e as Instituições de Ensino Superior, este
ocorreu em abril e um segundo encontro ocorreu em junho, do corrente ano. Ali
foram debatidos assuntos como:
Neste encontro discutui-se a Proposta Curricular e suas implicações na
formação de professores de 3º grau...já estávamos trabalhando questões
4
metodológicas e especificas de pré-escolar.
No terceiro momento, depois de realizadas varias discussões, foi lançada
a quarta e última edição do jornal, cujo, o título foi: “E o processo continua...”, este
documento continha informações mais elaboradas para um Plano Político
Pedagógico, e especificidades em relação ao 1º e 2º.
Fruto destes debates, encontros discussões e lançamento de jornais,
foram lançados em 1991 um documento norteador, este então seria o quarto
momento. E o documento lançado naquele momento viria a ser o esqueleto do que
mais tarde tornar-se-ia a Proposta Curricular de Santa Catarina, que naquele
momento foi apresentado como um caderno, que tinha como intuito:
Pensando nisto, a Secretaria de Estado da Educação quer pôr à disposição
dos professores de Santa Catarina um instrumento de trabalho, através de
um documento da Proposta curricular, que traz a síntese de um processo de
5
estudo e discussão pedagógica em nosso Estado.
O documento foi lançado com o título: “Proposta Curricular: Uma
contribuição para a escola publica do pré-escolar, 1º grau, 2º grau e educação de
adultos”, em que este propunha:
4
5
Ibidem, p.1
Ibidem, p.7
16
Procura este documento uma abordagem da educação, nos seus aspecto
filosóficos, bem como uma organização dos conteúdos e metodologias de
cada disciplina(pré-escolar, 1º grau, 2º grau, educação geral e curso do
magistério), abordados todos à partir de uma única linha, que preconiza
uma educação transformadora, pressupondo o resgate do conteúdo
cientifico através da escola, conteúdo este trabalhado a partir da realidade
social concreta do aluno, direcionando para o entendimento critico do
funcionamento da sociedade e interdisciplinarmente abordado na
6
perspectiva da totalidade.
O caminho a ser percorrido, até uma versão final ainda estava se
delineando, pois, o documento que foi lançado em 1991, passou por um processo de
rediscussão e aprofundamento dos temas que nas etapas do processo haviam sido
trabalhados, e com isso incorporando nossas contribuições. Estas discussões foram
feitas no ano de 1996.
Esta revisão aconteceu a partir de um grupo multidisciplinar, com
assistência de consultores ligados a universidade, e com apoio da Secretaria de
Estado da Educação e do Desporto, que então, a partir de todas as discussões que
foram feitas coloca no ano de 1997 uma versão preliminar, pois o objetivo naquele
momento além de aprofundar o que havia sido discutido em 1991, é lançar um
documento, cujo, intuito é promover discussões para uma versão final.
Este documento, portanto fez com que todos os educadores da rede
estadual de educação o discutissem, para que naquele momento existisse a
contribuição dos envolvidos neste processo para então faze-lo de base do que mais
tarde viria a ser a versão final que seria lançada no próximo ano.
O documento em questão é lançado no de 1997, com o título: “Proposta
Curricular de Santa Catarina: Versão preliminar”, cujo objetivo era:
A versão que colocamos à disposição dos profissionais da educação e
escolas é uma versão provisória, para avaliação e crítica por parte desses
profissionais. Os resultados dessa avaliação e critica serão incorporados
quando da preparação da versão definitiva da segunda edição da Proposta
7
Curricular de Santa Catarina, revista, aprofundada e ampliada.
Foi então o que ocorreu no ano de 1997, todas as escolas do Estado
tiveram acesso a este documento com o propósito de discuti-lo, após este momento
de debates e discussões veio o ano de 1998, e a tão sonhada Proposta Curricular
de Santa Catarina é lançada.
Nesta segunda edição que tem como título: “Proposta Curricular de
Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.”, buscou-se rever e
6
7
Ibidem, p.7
PROPOSTA, 1997. p.5
17
aprofundar o que havia sido colocado a disposição dos educadores na primeira
edição no ano de 1991.
No entanto o Estado trabalha desde 1995 para garantir que esta segunda
edição, seja um espaço em que os educadores possam nortear seu trabalho. Para
que o objetivo fosse cumprido foi formado um grupo multidisciplinar, com a atuação
de professores de todas as regionais do Estado e também com consultores de
diversas universidades pra estudo e elaboração da nova proposta. Aqui também
cabe mencionar o evento que o Estado realizou em 1996, quando este promoveu o
Congresso Internacional de Educação. Este foi o momento em que foi discutida a
pedagogia numa ótica histórico-cultural.
O que resultou nesta edição de 1998, que será o objeto de estudo desta
monografia. Esta edição tem um enfoque bem claro e definido, ela parte do princípio
que o ser humano é um ser histórico-cultural, e que o conhecimento é cumulativo e
produzido através dos tempos. A partir destas indicações fica definido o quadro
teórico da Proposta Curricular de Santa Catarina. Portanto sua base parte das
teorias desenvolvidas por Vygotsky e o materialismo histórico de Kal Marx, que será
a nossa próxima análise, ou seja, falaremos do quadro teórico a qual basea-se a
Proposta Curricular de Santa Catarina.
18
2.2 Eixos Norteadores da Proposta Curricular de Santa Catarina
Faremos à análise dos eixos norteadores da Proposta Curricular versão
de 1998, que tem como eixos a concepção de homem e a concepção de
aprendizagem. Porém a leitura da Proposta Curricular de Santa Catarina não é
algo fácil, pois trabalha com conceitos que muitos professores não estão
acostumados, no seu dia-dia. Então mais um motivo para o debate desde
documento que é de extrema importância para educação do Estado.
Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), o homem é
entendido como um ser histórico e cultural, ou seja, produto de um processo
histórico do qual ele é o sujeito atuante, e ao mesmo tempo será determinado por
esta história.
E por aprendizagem a Proposta optou pela concepção histórico-cultural
ou sociointeracionista.
Esta concepção, na sua origem, tem como preocupação a compreensão de
como as interações sociais agem na formação das funções psicológicas
superiores. Estas não são consideradas uma determinação biológica. São
resultado de um processo histórico e social. As interações sociais vividas
pela criança são, dessa forma, determinantes no desenvolvimento dessas
8
funções.
Portanto o quadro teórico e filosófico assumido para o desenvolvimento
da Proposta Curricular de Santa Catarina, apresenta-se com uma base sócia
histórica ou histórica cultural, que tem como princípio o homem como produto e
produtor da sociedade. O homem muda a sociedade e ele, ao mesmo tempo pelas
relações que estabelece.
O primeiro ponto que podemos estabelecer é que esta se fundamenta
nos princípios do materialismo histórico dialético instituído por Kal Marx, que
consiste em uma análise da sociedade humana a partir da premissa de que toda a
sociedade é organizada em uma infra-estrutura econômica que estabelece as
formas de organização social e cultural. Que assim se estabelece:
8
SANTA, 1998. p.17
19
De acordo com esta abordagem o pressuposto primeiro de toda a história
humana é a existência de indivíduos concretos, que na luta pela
sobrevivência organiza-se em torno do trabalho estabelecendo relações
entre si e com a natureza (é um ser natural, criado e submetido a suas leis).
O homem se diferencia dela à medida que é capaz de transformá-la
conscientemente segundo suas necessidades. É através desta interação,
9
que provoca transformações recíprocas, que o homem se faz homem.
Neste sentido entende-se o homem como um ser social, portanto
histórico, que é capaz de trabalhar e transformar a natureza e com isso
estabelecer suas relações, produzindo conhecimento e assim construindo a
sociedade e fazendo sua própria história. Neste sentido também se estabelece o
que se entende por inteligência do educando, que deixa de ser algo determinado
pela natureza, e passa a ser visto como também uma determinação social.
Outro ponto fundamental nesta perspectiva teórica são as interações
humanas. Este conceito é fundamentado nos estudos de Vygotsk, que formula seus
estudos com base na psicologia histórico cultural, influenciado por Karl Marx.
Esse pequeno trecho é parte de um escrito por Vygotsk, em 1930, e nos
fornece uma visão condensada de sua abordagem: o homem biológico
transforma-se em social por meio de um processo de internalização de
10
atividades, comportamentos e signos culturalmente desenvolvidos
Para Vygotsk, o homem a partir das interações sociais estabelecidas no
meio em que vive, vai construindo sua individualidade, também se constrói como
sujeito, capaz de realizar suas vontades. Isso significa que o homem não é apenas
produto do meio, mas sujeito atuante neste meio que se faz e transforma-o, pois
este é o local em que vive e estabelece suas trocas sociais.
Nesta perspectiva a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), nos
fala que, a criança enquanto sujeito e o conhecimento enquanto objeto se relaciona
através da interação social, isto equivale a afirmar que o conhecimento não existe
sozinho, esta sempre ligada a algo humano, e com isso o professor passa a ter a
função de mediador entre o conhecimento historicamente acumulado e o aluno.
A Proposta pretende trabalhar numa visão de inclusão, pois esta vê o
homem como produto e produtor de constantes transformações, assim tanto na
sociedade quanto no meio educacional, é necessário que este se sinta fazendo
parte deste processo, então é preciso trabalhar a inclusão social e educacional.
Segundo a Proposta entende-se inclusão social e educacional, como a
socialização dos conhecimentos das ciências e das artes. Seria esta a maneira pela
9
REGO, 1997. p. 96
OLIVEIRA, p.103
10
20
qual haveria uma distribuição de renda dentro da sociedade, pois historicamente
ficou comprovado que, quem tem poder são pessoas que possuem o conhecimento
dito científico e, este só adquire-se na escola.
Portanto o conhecimento científico seria a socialização da riqueza
intelectual a qual todos nós temos o direito ao acesso, e este seria o caminho para a
socialização dos bens materiais.
Há uma relação de poder, que se estabelece entre conhecimento
científico, dito como oficial, e a manutenção de uma ordem vigente, normalmente
este o legitima. Temos vários exemplos dentro da história da humanidade deste tipo
de relação, podemos citar a época medieval em a igreja católica detinha o poder em
nome de um conhecimento que era só seu ou mesmo no século XVI, quando a
Europa lança-se ao mar em busca da dominação de outras terras, isto só foi
possível graças ao seu conhecimento.
Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina, o papel da escola esta
em socializar este conhecimento científico, ou seja, socializar a riqueza intelectual,
para que haja a abertura de ações políticas das camadas populares, o que no
entendimento da Proposta seria o caminho para uma distribuição de renda a todos.
Isto explica por que a Proposta Curricular de Santa Catarina optou por
uma base teórica de cunho sócio-histórica, que vem de encontro a atender esta
perspectiva, pois esta parte daquilo que o grupo social oferece ao indivíduo, e
transforma este conhecimento pré-estabelecido em conhecimento científico.
A concepção sócio-histórica, parte do princípio de que todos são capazes
de aprender, e compreende que as relações sociais estabelecidas pelos educandos
são fatores de conhecimento, e a escola é o interlocutor nessas interações sociais.
Segundo Marta Kohl (1997), a vida social de cada indivíduo é um
processo dinâmico, em que cada sujeito é ativo, e onde se estabelece a interação
entre o mundo cultural e o mundo subjetivo de cada um. O ser humano quando
internaliza esta cultura, não a faz de forma passiva, mas faz de forma
transformadora, ou seja, o desenvolvimento individual se da num ambiente social
determinando sua relação com o outro.
Uma outra característica da Proposta Curricular de Santa Catarina é
estabelecida quando esta fala do papel social, pois aqui ela propõe que o educando
precisa adquirir uma critícidade, para que este seja um ser atuante e modificador da
sociedade do qual faz parte. Porém o autor Circe Bitencourt( 1998), nos alerta para
21
este tipo de postura que algumas Propostas Curriculares tendem a colocar. Assim
ele nos fala:
Tais metas, a formação do pensamento crítico, a formação de posturas
criticas dos alunos ou ainda estudar o passado para compreender e
transformar o presente, não são objetivos novos. A constituição de um
pensamento crítico é meta necessária para as sociedades em
transformação que exigem atuações criticas para a manutenção de estágios
11
de desenvolvimento tecnológicos
Isto nos serve de alerta para que sempre tenhamos um olhar de
desconfiança em relação às Propostas Curriculares, pois estas, assim como as de
Santa Catarina tem o intuito principal de ser inovadora, com novos objetivos e novas
condutas em relação à educação. Porém toda política educacional, não é neutra e
nem poderia ser, mas falamos no sentindo de que esta vem a atender interesses
econômicos e culturais que incorporam regras que muitas vezes são de interesse
apenas de uma elite dominante.
Nossas escolas não são apenas locais de controle de uma população,
mas estas também controlam os significados que se atribuem a determinados
conhecimentos. E nós fazemos isto quando selecionamos currículos, fechados sem
nos atermos às especificidades das populações que iremos trabalhar oferecendo de
certa forma limitações culturais e educacionais. Fazemos desta maneira uma
manipulação daquilo que queremos que nossos educandos aprendam, e de certa
forma estamos preservando o poder de determinados grupos, ou grupos
dominantes.
Porém o que, a Proposta Curricular de Santa Catarina, prepondera que
esta não seja um ementário de conteúdos por disciplina. Propõe o abandono da
organização de unidades, temas, subtemas e conteúdos, pois assim o professor
poderá melhorar a qualidade do seu trabalho.
Na perspectiva desta concepção de trabalho e aprendizagem, o processo
pedagógico não passa pela classificação dos educandos em capazes e incapazes
de aprender, pois o sócio-cultural considera todos capazes de aprender, à medida
que as interações sociais vão se estabelecendo, os educandos se apropriam do
conhecimento.
Desta maneira podemos verificar uma outra abordagem que a Proposta
propõe que seria a educação inclusiva, esta vem de encontro a Constituição de
1988, que preconiza a educação para todos sem nenhuma forma de discriminação.
11
BITENCOURT, 1998. p.19
22
A Proposta tendo como base de eixo norteador a concepção sócio-histórica caminha
para a contemplação de uma educação emancipatória e inclusiva, que visa dar aos
educandos maior critícidade a fim de transformar a educação do Estado de Santa
Catarina, referência em nível nacional.
No próximo item vamos analisar com a Proposta Curricular de Santa
Catarina organiza a disciplina de história.
23
2.3 A Disciplina de História dentro da Proposta Curricular de Santa Catarina
(1998)
As propostas curriculares de História de uma maneira geral estão
relacionadas aos debates e confrontos surgidos no final do período da ditadura
militar, pois neste período história e geografia tinham sido colocadas na ilegalidade,
e com isso o ensino de sala de aula tinha ficado distante de discussões que
eventualmente eram realizadas pelos historiadores. Portanto a volta da disciplina de
história da-se no mesmo momento que se pensa a Proposta Curricular de Santa
Catarina.
A disciplina de história passa por uma postura de ensino voltada para
uma educação que critica os conteúdos voltados para uma história do ponto de vista
eurocentrica, assim a disciplina de história aponta para uma superação da
concepção de tempo histórico evolutivo e progressista.
Nestas últimas décadas há um debate a cerca do processo de ensino
aprendizagem. E o ensino de história não fica atrás, pois este vive hoje contradições
fundamentais. As propostas para o ensino convergem a critica as noções de tempo
impostas pelos currículos anteriores, em que os paradigmas positivistas devem ser
superados.
Existe uma tendência a partir da década de 1990, na ênfase de relações
de complementaridade, continuidade, descontinuidade, circularidade, prevalece à
opção no ensino de história, pela valorização dos sujeitos históricos.
De forma quase que unânime, as formulações de novas propostas
curriculares são justificadas ao se apresentarem como meio de superar um
ensino de historia que se fundamenta na construção de tempo histórico
homogêneo, determinado pelo eurocentrismo e sua lógica de periodização
baseado no sujeito histórico Estado-Nação. E, nesta perspectiva propõe
12
trabalhar com as diferentes temporalidades e diferentes sujeitos
Não é diferente com o que ocorreu com a Proposta Curricular de Santa
Catarina, na disciplina de história, pois ela propõe uma reordenação em que a
primeira atitude do educador será estabelecer seu plano de trabalho por meio de
projetos desenvolvidos junto com todos os participantes das escolas.
Então a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), propõe para a
disciplina de história, o abandono da história positivista, em que esta, está centrada
12
Ibidem, p.23
24
numa cronologia dos fatos históricos elencados de acordo com uma visão de mundo
baseada na Europa, em que a história é vista como uma ciência do passado pelo
passado, numa cadeia linear de causa e conseqüência, ignorando assim o
conhecimento histórico-social.
Portanto, o que se pretende e se propõe, nesta Proposta é uma alteração
significativa nos fundamentos, apontando para uma perspectiva que se ordena.
Na dimensão de uma concepção de historia que permita o entendimento da
sociedade em suas diversidades históricas-culturais, cujas singularidades
devem estar referenciadas, tanto no âmbito das dimensões
13
macroestruturais quanto cotidianas
A proposta destaca alguns historiadores que contribuíram para que a
história seja pensada desta maneira, como: Henri Lefebvre, de Nietzche, de Bloch,
de Febvre, Jacques Lê Goff, Duby, Perry Anderson, Edward Thompson, Carlo
Ginzburg, Maria Odila Leite, Fernando Novaes, Francisco Iglesias, Kátia Matoso,
Carlos Guilherme Motta, Caio Prado Junior, Edgar de Decca e Sérgio Buarque de
Holanda.
Segundo Maria de Fátima Rodrigues Pereira (2000), quando a proposta
opta por abordar estes autores ela cai em um erro, pois “há um ecletismo”, de
concepções de história que se misturam, ou seja, a proposta vai desde uma
abordagem da Escola dos Annales, ao marxismo, a história cultural e a história em
migalhas, o que segundo a autora, isto acabaria numa ausência de organicidade.
O ecletismo, assim, historicamente, vem opondo-se à concepção do
materialismo histórico-dialético, fundamentalmente por não reconhecer que
a produção de conhecimento é social, pois ao defender todas as
perspectivas, não reconhece nenhuma como a mais competente para a
14
compreensão dos fenômenos sociais
Porém, poderia ser esta, uma forma de contemplar os vários tipos de
conhecimento sem se ater a uma única abordagem histórica, para que o educando,
dependendo do tema que for trabalhado, ele possa desenvolver um linha de
pensamento histórico, a qual se encaixe de maneira mais contemplativa a proposta
temática.
A proposta trabalha com três níveis históricos, o vivido o refletido e o
concebido, ou seja, parte do princípio do presente-passado-presente, e nesta
dimensão procura-se superar a disciplina de história enquanto simples repasse de
informações, em que o educando seria uma tabua rasa sem conhecimento nenhum,
13
14
SANTA,1998. p.160
PEREIRA, 2000.p.90
25
e desta forma passa a tratar o educando como um sujeito histórico construtor de seu
conhecimento.
Desta forma a Proposta Curricular de Santa Catarina trabalha com
categorias básicas a serem destacadas, que são: Tempo, Espaço, Relações Sociais,
Relação de Produção, Cotidiano, Memória e Identidade. Analisaremos cada uma
destas categorias e como a Proposta Curricular de Santa Catarina as coloca.
A primeira categoria a ser analisada, é tempo, porém definir esta
categoria não é uma tarefa fácil, pois este representa umas das questões mais
complexas, dentro do campo da história, pois a chamada historicidade representa
constantes mudanças, e permanente evolução.
Portanto as possibilidades de reconstrução e de representação do
passado, considera-se as diferentes temporalidades, exige o desenvolvimento de
noções
derivadas
da
interface
espaço/tempo,
como:
sucessão,
duração,
simultaneidade, permanências, rupturas e mudanças.
Aqui a proposta deixa muito claro que, a categoria tempo tem muitos
significados, e não se pode trabalhá-lo apenas sobre uma perspectiva, pois para
cada sociedade o tempo tem valores diferentes. Esta distingue o tempo em três
categorias: o cronológico, que é o tempo do relógio; o histórico, que seria o tempo
do significado dos processos produtivos, das relações; e o tempo circular, este das
crenças religiosas.
A concepção de historia definida nesta proposta, analisa as múltiplas
dimensões de tempo de modo a capturar o sentido de superação das
noções anteriores para a compreensão dos múltiplos e simultâneos tempos
15
históricos
Esta perspectiva que a Proposta Curricular de Santa Catarina adotou esta
de acordo com a Escola dos Annales, que distingue três temporalidades: o tempo da
longa duração ou tempo geográfico, caracterizado pelo lento movimento das
estruturas; tempo de média duração, existentes nos pequenos ciclos definido como
as conjunturas; e o tempo de curta duração, ligado ao indivíduo e ao evento rápido.
Segundo Glenison, em “Introdução aos Estudos históricos”, ele nos diz
que a categoria tempo tem sua própria história, que devemos levar em conta as
diversas categorias de tempo, pois estas reagem umas sobre as outras. É
necessário um olhar sobre os fatos não apenas para datá-los, mas para estabelecer
15
Santa, 1998.1p. 61
26
uma duração destes fatos históricos, pois podem ser apenas episódicos ou podem
criar raízes, como é o caso das instituições.
Passamos agora, para segunda categoria que a Proposta Curricular de
Santa Catarina propõe: falaremos então sobre espaço, que segundo a Proposta não
pode ser dissociada da noção de tempo, pois este se articula com os modos de vida
que o homem produz, dentro de seu espaço social e ou natural, do qual ele é
produto e produtor.
Esta próxima categoria que iremos abordar a Proposta a considera como
a mais importante dentro do estudo da história, que seria as Relações Sociais, pois
trata do significado das sociedades humanas e suas transformações. A Proposta
Curricular de Santa Catarina vai ainda mais adiante quando fala como se deve
trabalhar esta categoria, apontando para as definições de classes sociais, papéis
sociais e os conflitos que ocorrem dentro das sociedades ocasionadas por diferentes
interesses de seus indivíduos.
É necessário ressaltar o conflito de classes, em relações as ideologias
existentes, e ainda identificar a resistência que as classes menos favorecidas
impõem as classes dominantes, portanto, a noção de revolução, passa a ser
fundamental para indicar a superação de uma dominação exercida por uma
formação econômica e social em direção à construção de outra.
Segundo Maria de Fátima Pereira, em seu livro “Concepções de História
na Proposta Curricular de Santa Catarina”, o aprofundamento das relações sociais
possibilita entender todo o processo de dominação e resistência que as classes de
maneira geral protagonizam dentro de uma sociedade, pois desta forma estará
sendo destacado todos os papéis sociais e suas relações que constroem a dinâmica
da vida de grupos sociais.
A quarta concepção a ser abordada trata das Relações de Produção, que
nos fala da maneira como as sociedades humanas se se organizam em função do
atendimento de necessidades materiais, culturais e religiosas.
Referenciando
novamente Maria de Fátima Pereira, ela coloca que nesta categoria a Proposta
Curricular promove uma confusão eclética, pois, esta confunde ao invés de
esclarecer. Ela faz esta análise, quando é mencionada a obra de Marx do 18
Brunário, e esta é classificada apontando os níveis do processo histórico como
sendo subjetivos.
A Proposta Curricular classifica esta categoria como sendo parte do
vivido, em que os homens lutam e transformam as sociedades, e mais, esta noção
27
permite compreender que as várias experiências dos grupos sociais revelam a
consciência de classe.
Partimos então para a penúltima categoria a ser analisada: o Cotidiano. É
necessário classificar este em duas dimensões: primeiro o cotidiano como produto
das sociedades modernas, e a proposta Curricular usa o termo “cotidianeidade”,
para se referir ao cotidiano no espaço do vivido, que permite e reencontro dos
tempos desiguais e simultâneos.
Os homens atuam no cotidiano. Nele esta todo potencial da rebeldia, mas
também os controles, a alienação e as formas de dominação. Trabalhar
com a noção de cotidiano supõe sair do nível do aparente as são o que
aparentam, mas também não são) e penetrar na essência dos fenômenos.
A analise das contradições propicia a reflexão critica sobre o cotidiano e
16
desvenda os conhecimentos significativos sobre o vivido
A última categoria a ser analisada, fala sobre Memória e Identidade. A
Proposta Curricular aborda a memória, como um atributo pessoal e absoluto, pois é
a maneira como o homem se relaciona com o passado, ou melhor, com os
elementos significativos deste passado. Existe dentro da sociedade atual uma
preservação daquilo que é identificado como passado, e então temos um papel
importante da disciplina de história, pois é esta que ira formar questões relevantes
do passado.
Os museus dentro do que a Proposta propõe tornam-se lugares de
preservação de memória, mas estes não podem falar sozinhos da memória de uma
sociedade, que sempre estará ligada à identidade que o indivíduo produz a respeito
de alguma coisa, e a relação que isto representa dentro da história das sociedades.
Portanto a noção de identidade esta no sentimento de pertencimento do
sujeito a determinada grupo dentro das relações sociais, portanto memória e
identidade convivem numa mesma dimensão histórica, e representam uma maneira
que o indivíduo se sente dentro da sociedade. E é desta maneira que a Proposta
Curricular analisa esta categoria, e, portanto é desta maneira que o educador deve
trabalhar quando propuser o assunto em sala de aula.
Depois de colocarmos todas as categorias que a Proposta Curricular
analisa e coloca como necessária para o entendimento de história que supere o
simples repasse de conteúdos para uma história que seja transformadora e
emancipatória.
16
Ibidem, p.168
28
Passaremos a falar sobre os conteúdos programáticos que a Proposta
Curricular, propõe para que o educador tome como um modelo a ser seguido. Porém
o que nos chama a atenção é que é feita dentro da Proposta uma divisão de
conteúdos por série, até ai tudo bem, mas o que é colocado classifica a história, não
no discurso a qual se baseia sua concepção histórica, que seria o materialismo
histórico-dialetico.
Temos assim:
Na 5ª serie o reconhecimento das especificidades dos Kaigaing, guarani,
luso-brasileiro, espanhóis, açorianos, italianos de Trento, Vêneto, e
lombardia, alemães da Bávaria, húngaros, tiroleses da Áustria, poloneses,
teuto-russos, japoneses, dentre outros são centrais na historia de Santa
17
Catarina
Aqui a proposta partiu de uma história local para uma história nacional, e
mundial. Falando dos vários povos que aqui viveram em Santa Catarina, desde seus
primeiros habitantes como é o caso de nossos indígenas, para depois falar da
misturas de cultura e nações que houve em nosso Estado, assim como ocorreu no
resto do país. Esta é uma proposta interessante, pois parte da valorização de
nossos índios que há muito tempo vem sendo deixado de lado sem dar-se o devido
valor para esta população.
E na 6ª serie continua-se com história de Santa Catarina, agora falando
dos conflitos de terra, e a ocupação territorial. Porém percebe-se que falta uma
articulação com o total. Pois, apenas fala dos conflitos aqui de Santa Catarina, mas
o professor deve fazer então esta relação com a história dos povos que estiveram
como mudança o conflito pela terra. Aqui se pode trabalhar com a terra como
símbolo de poder e dominação de muitos povos.
Para a 7ª série, a proposta é o ensino da cultura, através da música,
literatura, artes plásticas, cinema, das festividades como; o carnaval, o boi de
mamão. Aqui é nítido o distanciamento da concepção materialista histórica que a
Proposta de Santa Catarina propõe.
Com relação a 8ª série, propõe-se o tema das relações sociais de
produção. Fazendo o estudo das sociedades escravistas antigas e comparando com
sociedades modernas, que permitirão o entendimento de uma estrutura econômica,
social e política.
17
Ibidem, p.165
29
Então o que vemos, é um misto de muitas concepções, e talvez esta
maneira de propor os conteúdos torne a análise histórica simplista do ponto de vista
que, muitas vezes ela não esclarece, mas apenas misturas várias coisas sem ter
como objetivo o entendimento do conhecimento histórico.
Segundo este ponto de vista, em que analisa a Proposta Curricular de
Santa Catarina , como uma concepção eclética, a autora Maria de Fátima Pereira
defende esta tese, que
a proposta aponta muita mais para um posicionamento
ingênuo, inclinando-se para uma proposta cuturalista, e vai mais além:
Na verdade, este enfoque no campo da história e das ciências sociais veio
se impondo nas ultimas décadas no país.traduz-se por estudos regionais e
microscópicos sem imbricações com as totalidades que constituem, e nas
quais são constituídos; em trabalhos que se referem a historia individual,
beirando “subjetividades” psicologizantes ou em trabalhos e abordagens
com caráter autonomizado, verdadeiras radiografias, verdadeiros
18
instantâneos de fenômenos complexos
A Proposta Curricular de Santa Catarina, quando começou a ser pensado
tinha como objetivo a superação de uma história tradicional, e para isso iria buscar
seus pressupostos teóricos em concepções de história que emancipavam o
educador e o educando para a construção de uma cidadania. A pergunta que faço
agora nos remete a seguinte questão: Ela conseguiu atingir seu objetivo maior?
De certa maneira sem dúvidas nenhuma, pois ela abre as portas para a
discussão de novos métodos e abordagens no campo da história, aproximando os
educadores destas tendências que delineiam o campo da história. Porém o que se
observa no decorrer de sua estrutura são contradições de pontos de vistas, mas que
mesmo assim não tiram seus méritos, pois o importante é desenvolver e promover o
debate.
Portanto a partir de agora, para concluir a análise da Proposta, trabalharei
com questionários, realizadas com professores de história. Estes questionários tem
o intuito de analisar a compreensão e o nível de debate que os professores de uma
determinada escola tem em relação à Proposta Curricular de Santa Catarina, e por
último farei a análise de livros didáticos que estes professores utilizam, se estes
estão de acordo com que a Proposta propõe.
18
PEREIRA,.2000. p.104
30
3- PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: SUA APLICAÇÃO
3.1 Estudo de caso: Aplicabilidade da Proposta Curricular de Santa Catarina
Até neste momento falamos da história da Proposta, de como esta aborda
a disciplina de história, até que ponto é um instrumento que vem para auxiliar, de
maneira que possa transformar tudo que até então era feito, porém achamos
necessário para um melhor entendimento e análise da mesma, fazer um estudo de
caso.
Nós entendemos que um estudo de caso vem de encontro para
esclarecer algumas dúvidas que ao longo da trajetória da pesquisa tenham surgido,
mas este não se configura como uma solução para todos os questionamentos que
tenham surgido, mas aponta um caminho naquele momento e com um campo muito
bem delimitado, pois se trata de um estudo de caso.
Então nosso objeto em utilizar esta metodologia, é esclarecer de que
maneira os professores da rede estadual de ensino tiveram acesso a Proposta
Curricular de Santa Catarina. Como eles entendem esta, e se é possível trabalha - lá
na sala de aula, ou se é apenas mais um documento que não tem valor para estes
professores.
Para tanto elaboramos um questionário com perguntas fechadas, para
que professores de uma determinada escola nos respondesse, para que possamos
então fazer uma análise, e tentar responder algumas perguntas.
Aplicamos o questionário na Escola de Educação Básica Pedro Simon,
que se localiza no município de Ermo. Nesta escola funciona ensino fundamental e
ensino médio, no total de 500 alunos nos três períodos, matutino, vespertino e
noturno. Na disciplina de história temos dois professores que lecionam, e foram com
estes que aplicamos o questionário.
Ermo é um município que faz parte da AMESC (Associação dos
Municípios do Extremo Sul de Santa Catarina), composta por quinze municípios,
localizado no Vale de Araranguá. É o menor desta região, possui uma área de 64
km, com cerca de 2990 habitantes. Sua emancipação é recente ocorreu em 19 de
setembro de 1993.
31
Quando foi realizado um plebiscito para consultar a população ermense,
quanto à emancipação, em que a maioria decidiu pelo sim, e Ermo torna-se
município. No ano de 1996 acontecia à primeira eleição municipal, elegendo prefeito
e vice prefeito e nove vereadores.
No passado foi caminho dos tropeiros que desciam da serra, passava
pelo Turvo, Rio Caeté, chegando a Ermo, com destino ao município de Araranguá,
na época o maior de toda a região Sul de Santa Catarina, pois seus li metes eram de
Passo de Torres até Laguna.
A cidade de Ermo teve este nome devido ser um lugar muito deserto e
alagadiço, considerado um local pouco habitado. O povoamento teve início em
meados do século XIX, por volta de 1888; mesma época que ocorria a colonização
no vale de Araranguá. Foi colonizado por açorianos e italianos.
A figura1 mostra hoje como esta o centro do município de Ermo, um local
pequeno, mas muito receptivo com um povo trabalhador, lutando para a construçãp
de uma cidade cada vez melhor.
Figura1: Vista do município de Ermo
FONTE: Arquivo Pessoal: Liliane Leonardo
É um município, cuja, economia está voltada para a agricultura,
cultivando, arroz, fumo, como principais produtos agrícolas, mas também com
plantações de milho, feijão, entre outras culturas.
32
As escolas municipais são todas de Ensino Fundamental, somente com
educação infantil, e 1ª à 4ª serie. Muitas escolas ainda são multisseriadas, e o
ensino de História ocorre apenas uma aula por semana.
Então optamos em aplicar o questionário apenas na escola do Estado,
única no município. Como já mencionado a escola tem como nome, Escola de
Educação básica Pedro Simon, pois o doador do terreno foi Pedro Simon, construída
no ano de 1956, com o nome de Grupo Escolar Pedro Simon.
A escola possui o número de 500 alunos, distribuídos em 10 salas de
aula. Estes alunos a maioria cerca de 80% pertence ao meio rural, e os 20%
restante pertence à classe média baixa. A escola dispõe de DVD, aparelho de som,
retro-projetor, quadros, televisão, ginásio de esportes, auditório, refeitório e uma
biblioteca. No quadro de funcionários possui 30 pessoas, sendo que três são
serventes, um vigia, um diretor, uma secretária, duas apoio pedagógico, e os 22
restante são professores do ensino fundamental e médio. Os professores todos têm
curso superior e pós-graduação.
Como já mencionado, a disciplina de história possui 2 professores, a
titular, e a segunda professora que também leciona geografia.
Temos a professora titular que é Sandra Regina Gobatto Simon, que é
efetiva na escola desde 2003. Sua formação é de 1993, em Estudos Sociais, na
Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, com Pós-Graduação na área de
Geografia, na Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC.
A segunda professora na qual foi aplicado o questionário é Maria
Terezinha Acordi Bardini. Em 1995 se formou na União das Faculdades de Criciúma,
e em 2000 se formou na disciplina de história na Universidade do Extremo Sul
Catarinense-UNESC . Sendo que é efetiva na escola desde 2006.
As respostas das professoras foram muito parecidas, no decorrer dos
questionamentos. Para facilitar nossa análise colocarei as perguntas que constam
no questionário e depois à resposta de cada uma das professoras, e logo em
seguida o comentário a respeito das questões respondidas.
Para que possamos identificá-las colocarei resposta (R1), para a
professora Sandra e resposta (R2) para a professora Terezinha.
As primeiras três perguntas foram apenas para uso de identificação dos
professores, pois, ali consta as perguntas de nome, quando se formou, em que
instituição se formou, há quanto tempo trabalha na Escola de Educação Básica
Pedro Simon. Sendo que estes dados já foram colocados acima do texto.
33
Partiremos então para a quarta pergunta, em que esta se trata
especificamente da Proposta Curricular de Santa Catarina. Aqui questiono: Como
tiveram acesso a Proposta Curricular de Santa Catarina? As respostas farão as
seguintes:
R1: Através de cursos de capacitação, no ano de 1999.
R2: Na escola que na época da divulgação da Proposta eu lecionava.
Porém não houve debate na escola.
O que percebemos aqui, é que, de certa maneira o Estado estava
preocupado de que forma os educadores teriam acesso a Proposta, pois pela
resposta R1, na época houve cursos para que estes fossem preparados para estar
utilizando à mesma na sala de aula. Já a resposta R2, demonstra que não houve
uma preparação dos professores, com cursos de capacitação, ou seja, a Proposta
não foi recebida de maneira homogênea por todos os professores.
Na próxima questão, pergunto se existiram debates a cerca do que a
Proposta Curricular de Santa Catarina estava trazendo, ou apenas foi mais um
documento lançado, mas sem um efetivo debate para que os professores pudessem
utiliza - lá?
R1: Não houve debates, foi um documento elaborado sem saber se
realmente o professor poderia utiliza-lo em sala de aula.
R2: Foi apenas um documento lançado.
As respostas das duas professoras foram à mesma, ou seja, a Proposta
Curricular de Santa Catarina deixou a desejar na questão de acesso aos
professores. Porém a contradição na resposta R1, pois, na primeira resposta ela diz
que teve curso de capacitação, já na outra resposta diz que não.
Neste ponto do questionário, com estas respostas colocadas pelas
professoras, observamos que existe uma contradição daquilo que o documento
oficial nos diz no caso a Proposta Curricular de Santa Catarina, com aquilo que as
professoras responderam, pois, na Proposta, deixa claro que houve um grande
debate antes da Proposta ser lançada para que os professores pudessem ser
ouvidos, mas não é o que as professoras nos dizem, pois enquanto uma só teve
acesso no ano seguinte da seu lançamento, a outra, teve acesso rápido sem
discussão na escola.
34
Não queremos disponibilizar de imediato uma edição definitiva, porque
entendemos ser de extrema importância que os educadores catarinenses
tomem conhecimento dessa edição provisória, e possam dar suas
contribuições para que os textos se tornem ainda mais claro, de fácil
compreensão e com real possibilidade de servirem como meio para que os
educadores possam compreender o processo pedagógico em seus
aspectos gerais, bem como na especificidade
de sua área do
conhecimento, e possam utilizar melhor esta compreensão para realizarem
19
uma efetiva melhoria na qualidade do ensino
Agora pergunto: O que você enquanto educador, pensa a respeito da
Proposta Curricular de Santa Catarina, a respeito do que ela propõe na disciplina de
história?
R1: Que a Proposta deixa muito a desejar.
R2: Ela deveria esclarecer melhor.
Obtivemos respostas curtas, que não esclarecem muito a respeito do que
foi perguntado. Pois, a primeira diz que deixa a desejar, mas em quais aspectos, ou
seriam em todos os aspectos. Ou talvez nem mesmo o professor, sabe o que a
Proposta quer, ou por que para ele não é interessante, ou porque a Proposta nos
causa mais dúvidas do que, aponta caminhos, que trarão um resultado satisfatório.
É o que percebemos na respostas dois quando, ali está muito claro o sentimento do
professor, que não vê a Proposta como algo que possa ajudar, mas que confunde
ainda mais.
Depois pergunto se as professoras acham viável sua aplicabilidade na
sala de aula?
R1: Alguma coisa é possível aplicar, mas não por completo.
R2: Não.
Mais uma vez, vemos que as respostas não são claras, pois o que seria
viável? E o que não seria viável? Isto não é colocado de forma clara. Será que este
professor utiliza a Proposta na sala de aula? Já a outra nem deixa a possibilidade de
utilização. Então qual a utilidade desde documento, que é algo importantíssimo, já
que norteia as ações de educação no Estado.
Passamos então para a próxima pergunta: Você considera a Proposta
Curricular de Santa Catarina ultrapassada?
R1: Deveria ser refeita com a participação de todos os professores. Só
assim poderia ser utilizada na sua essência.
19
PROPOSTA, 1997. p.7
35
R2: Não diria ultrapassada, mas acho que deveria ser analisada e
reformada.
Então, vemos que estes dois professores, concordam que a Proposta
deveria ser revista, para que de fato possa se tornar um documento que vem ao
auxilio dos professores na sala de aula.
Para finalizar o questionário pergunto: De que forma a Proposta poderia
ser um documento norteador da disciplina de historia?
R1: Onde todos pudessem fazer o uso dela por completo.
R2: Desde que houvesse um maior comprometimento com quem elabora
em passar realmente o que é necessário com a realidade do dia-dia em sala de
aula.
A primeira resposta é muito vaga, não colocando o ponto de vista do
professor, e nem dizendo qual seria a maneira na opinião da mesma a melhor forma
de elaborar este documento. Já na segunda observa-se uma crítica aos
responsáveis pela elaboração do documento. Pois o professor é o ator principal
neste tipo de discussão, mas que muitas vezes é deixado de lado.
O que podemos observar nas respostas do questionário foi que, primeiro:
A Proposta não consegue dar conta das necessidades do professor na sala de aula.
Este é um documento que muitas vezes fica distante da realidade do professor, o
que dificulta sua aplicação. Segundo a Proposta pode vir a ser um grande
instrumente de ajuda no trabalho do professor, porém é necessário sempre estar
promovendo o debate para que os professores tornem-se capazes de utiliza - lá com
sabedoria, e extrair deste o que possui de melhor. Pois apesar de todas as falhas
que existem, nós não podemos deixar de reconhecer a qualidade à validade do
documento, mas é preciso o comprometimento tanto de quem viabiliza a Proposta
quanto dos Professores, que as vezes não existe nem de um lado como do outro.
A Proposta é um documento que pode tem potencial para contribuir com
os professores em sala de aula, mas são necessários alguns ajustes.
Para concluir este estudo de caso achamos necessária a análise do livro
didático que é utilizado pelas professoras, pois vamos verificar se o livro vem de
encontro com aquilo que a Proposta propõe.
36
3.2 Análise do livro didático
Para melhor compreender este debate, achamos necessária, a análise do
livro didático de história adotado naquela unida escolar. Pois, estes devem ser vistos
como coadjuvantes na sala de aula, como mais um dos instrumentos que o
professor utiliza e não a única metodologia. Este serve como meio potencializador
da função pedagógica, contribuindo com exercícios, seqüência de conteúdos, etc.
analisaremos apenas os livros adotados no Ensino Fundamental.
Porém, sabemos que os livros didáticos possuem outras funções além
das pedagógicas. O livro sempre reflete os valores de quem produz, neste sentido
podem funcionar como instrumentos de reprodução ideológica, ou quando ele é bem
escolhidos por professores que tenham realmente o entendimento do que a
disciplina de história pode contribuir para a formação de pessoas conscientes,
desenvolvendo desta forma nos educadandos habilidades, de reflexão e
questionamentos dos problemas da realidade social.
Por outro lado, o livro didático é uma, mercadoria, e, como esta inserida
numa sociedade capitalista, possui seu valor de mercado. Por isso, é necessário um
duplo desafio dos autores dos livros, que tem que produzir livros que satisfação às
exigências pedagógicas e sociais, satisfazer o mercado consumidor.
Portanto o livro didático deve ser escolhido, com critérios rigorosos, para
que a escola não seja mais um agente de reprodução dos valores consagrados na
sociedade dominante, mas onde se possa contribuir para uma reflexão crítica da
realidade, a ponto de concebe-lá concretamente, explica- lá e transforma - lá.
Por isso não é apenas conceber a disciplina de história como
compreender o passado para melhorar o presente. Não é qualquer compreensão do
passado que possibilita ao aluno a compreensão do presente, ou seja, é necessário
que o aluno sinta-se historicamente situado.
Em outras palavras, a disciplina de história não deve incidir apenas na
superfície dos acontecimentos tratando-os como algo estático, dado e acabado.
Assim não basta descrever as condições políticas, sociais, econômicas, deste ou
daquele período histórico. Torna-se necessário explicar a base real a partir da qual
tais condições são concretamente produzidas. Compreendendo os mecanismos de
conflitos da qual a realidade histórica esta inserida.
37
Isso implica no abandono de antigos mitos e velhas tradições, em que os
acontecimentos históricos são atribuídos a um grande Deus, ou a Grandes homens.
A história deve ser concebida como um processo que repousa na relação constante
da dinâmica dos homens entre si e a natureza. Que é uma produção cheia de
contradições, realizada por todos nós, e não apenas por heróis, ou por classes
dominantes, os sempre vencedores.
Em torno desta visão elitista, paternalista e autoritária é que os livros
didáticos não podem estar edificados, pois esta é uma história sem povo, sem
conflitos, sem violência, sem luta de classe, perpetuando mitos cujo fim é formar
apóstolos, seguidores de uma única verdade. Portanto esta longe de cumprir seu
papel que dela se espera: “capacitar os alunos a compreender a realidade, para
aumentar seu domínio sobre ela”.
Agora passamos para análise propriamente dita do livro didático adotado
na Escola de Educação Básica Pedro Simon. O livro utilizado pelas professoras é do
autor Gilberto Cotrim: “Saber e Fazer História: História geral e do Brasil.”, da editora
Saraiva, do ano de 2005. Divide-se em 4 volumes, que são de 5º, 6º, 7º e 8º série. A
escolha do livro foi feita pelas professoras, por já estarem acostumadas com o livro
de edições anteriores.
Analisaremos todos os volumes, contrapondo com que a Proposta
Curricular de Santa Catarina nos propõe. Numa primeira verificação observamos
que este é um livro que traz a divisão da história de forma tradicional, ainda baseada
na história da Europa. Existem algumas inovações como oficina de história, na
verdade são perguntas para que o aluno responda ou mesmo trabalho com recortes
de jornais revistas, entrevista com pessoas idosas ou da família, pesquisa na
internet. Trabalha também com documentos de alguns historiadores que falam sobre
o assunto que esta sendo estudado. Trabalha com mapas, imagens, etc.
A partir de agora vamos analisar cada volume, começando com o volume
da 5º série, que é dividido em capítulos, passando pelos conteúdos da pré-história,
primeiras civilizações e antiguidade clássica, trabalhando os primeiros povoadores
do Brasil, que é visto em um único capítulo, então como podemos observar é uma
divisão que segue o modelo da história tradicional, com alguma as coisas novas,
pois trabalho dentro de cada capítulo a vida cotidiana de cada povo.
Quais os temas que o livro aborda:
Refletindo sobre a História;
Tempo e História;
38
Origem Humana;
As Primeiras Sociedades;
Primeiros Povos no Brasil;
Povos da Mesopotâmia;
Egípcios;
Hebreus, Fenícios e Persas;
Gregos (I);
Gregos (II);
Romanos (I);
Romanos (II).
Vejamos o que a Proposta Curricular de Santa Catarina nos aponta:
[...] podemos indicar para a 5ª série a “Diversidade Étnico-cultural” de Santa
Catarina...Este mosaico de formações culturais nos remete a história do
lugar em relação as regiões originarias destes conjuntos sociais e para os
diferentes momentos históricos referenciados pelo confronto destas
culturas. Deste modo a história de Santa Catarina se entrecruza com a
20
história nacional e com varias regiões do planeta
Como podemos verificar o livro nem se quer trabalha com a história de
Santa Catarina, pois a Proposta propõe que partimos de uma história local para
depois passar para história mundial, e é muito diferente do que o livro traz. Ele
começa falando das grandes civilizações que se desenvolveram na Europa, Ásia
fala somente do Egito na África e utiliza só um capítulo para falar dos índios no
Brasil.
Segundo Maria de Fátima Rodrigues Pereira (1998), em seu livro,
Concepções de história dentro da Proposta Curricular de Santa , quando esta
escolhe estes conteúdos para a 5ª serie, a mesma beira a antropologia.
Passamos então para a análise do segundo volume, o livro da 6ª série,
que aborda o feudalismo, modernidade Européia e Brasil Colônia: Este traz em seu
índice os seguintes conteúdos:
Reinos Germânicos e Império Carolíngio;
A Sociedade Medieval;
A cultura Medieval e a influencia do Cristianismo;
Império Bizâncio
Mundo Islâmico
]Expansão Européia e Conquista da América;
20
SANTA,1998. p.165
39
Impacto da Conquista;
Renascimento;
Reformas Religiosas;
Mercantilismo e Sistema Colonial;
Colonização do Brasil;
Administração Colonial: Estado e Igreja Católica;
Açúcar, Escravos e Mercado Interno;
Escravidão Africana;
Domínio Espanhol e Brasil holandês;
Expansão territorial e seus conflitos;
Mineração.
Primeiro ponto que podemos observar é a maneira como se coloca já no
índice, a chegado dos Europeus na América. Esta colocada, como uma conquista,
porém todos nós sabemos que não foi uma conquista e sim uma tomada das terras
indígenas, com muitas lutas. Os europeus utilizando de armas de fogo, doenças e
exploração dos nossos indígenas.
A Proposta Curricular de Santa Catarina traz como sugestão:
Na 6ª serie pode-se elencar como tema central a ocupação territorial e os
vários conflitos fundiários. Partindo-se da ação coordenada da luta pala
terra no momento atual, recuperar a história dos conflitos que tem origem na
ação missionária sobre os indígenas e que se prolonga nos vários
enfrentamentos que se produziram e ainda permanecem presentes nessa
21
região.
A partir desta citação podemos concluir que mais uma vez o livro não
esta de acordo com aquilo que a Proposta Curricular de Santa Catarina, nos traz
como sugestão. Pois a abordagem da Proposta está voltada para uma história
regional.
Não podemos nunca nos esquecer que o ensino de história deve
proporcionar ferramentas para a construção de uma compreensão do mundo e
desenvolver uma consciência histórica.
O penúltimo volume é o livro da 7ª série que aborda a consolidação do
capitalismo e Brasil Império. Trazendo como temas principais:
Antigo Regime;
A Revolução Francesa;
Pensamento Liberal e Despotismo esclarecido;
21
Ibidem, p.165,166.
40
Revolução Industrial;
A Formação dos Estados Unidos;
Revolução Francesa;
Era Napoleônica e Congresso de Viena:
Independência das Colônias da América Espanhola e do Haiti;
Independência Política do Brasil;
Revoluções Liberais, Nacionalismo e Unificações;
Expansão do Imperialismo;
América no século XIX;
Brasil: O jogo Político no Primeiro reinado;
Brasil: o Período Regencial;
Brasil: Segundo Reinado;
A crise do Império.
Bem na 7ª série a Proposta Curricular de Santa Catarina, mais uma vez
aponta para estudos regionais e culturais, o que de certa maneira, pode facilitar o
trabalho do professor na sala de aula, pois a chamada História Local é uma
abordagem que torna bastante viável o estudo de conteúdos conceituais, por meio
do acesso a fontes diversas, porque é possível visitar acervos e arquivos, entrevistar
pessoas e observar as pistas deixadas pelas gerações no espaço/ tempo.
A dimensão local, neste sentido, apontaria para uma construção de
cidadania por meio da consolidação da consciência histórica, ou seja, percebe-se
que o individuo esta inserido na história, que também tal cidadania ganha significado
coletivo com o sentimento de participação coletiva da sociedade, entendendo desta
maneira que todos somos sujeitos histórico.
Porém a Proposta Curricular de Santa Catarina traz a história local como
principal pano de fundo, mas o que ela propõe esta muito mais ligada à cultura do
povo, o que de certa maneira é também relevante, mas como isto é colocado deixa
de lado questões históricas mais importantes para o educando na construção de
uma cidadania. Vejamos o que ela traz:
Na 7ª serie, o tema da cultura pode nos permitir o trabalho de
reconhecimento e análise das varias tipologias culturais em vários
momentos históricos. Pela música, literatura, artes plásticas, cinema, pode22
se recuperar a produção cultural de Santa Catarina, brasileira e mundial
22
Ibidem, p.166
41
Esta abordagem, que a Proposta propõe, se distância muito do campo da
história, talvez estes seriam temas para serem trabalhados em conjunto com outras
disciplinas, e não o tema central para estudo de história.
Verificaremos agora o último volume, ou seja, a 8ª série, que aborda os
seguintes temas: Mundo contemporâneo e Brasil Republica. Com os seguintes
temas:
Brasil: Consolidação da República;
Primeira Guerra Mundial;
Revolução Russa;
Brasil: Primeira República;
Brasil: Revoltas na Primeira República;
Crises Capitalistas e Regimes Autoritários;
Segunda Guerra Mundial;
Pós-Guerra;
Brasil: Período Getulista;
Brasil: Período democrático;
Descolonização Afro-Asiática e conflitos Árabe-Israelenses;
Ricos e Pobres na globalização Mundial;
Revoluções e crise do Socialismo;
Regime militar no Brasil;
Brasil Contemporâneo.
Assim se encerra o ensino fundamental, mas uma vez o livro didático
analisado não vem ao encontro do que a Proposta aborda como temas centrais.
Na 8ª série, pode-se finalmente buscar uma nova síntese, escolhendo-se o
tema das relações sociais de produção. Para isto o estudo e a comparação
das sociedades escravistas antigas e modernas permitirão o entendimento
das singularidades das formações econômicas, sociais e políticas como
23
totalidades abertas e em movimento
O que podemos destacar da Proposta Curricular de Santa Catarina é que
ela tenta superar a história tradicional e positivista, e é esta essência que os
educadores devem absorver, quando fazem uso da Proposta. Percebemos que
algumas coisas são inviáveis, mas outras nos apontam caminhos diferentes, que
podem trazer para a sala de aula resultados melhores.
23
Ibidem, p.166
42
É claro que é necessário a superação do discurso por parte da Proposta
Curricular de Santa Catarina, pois em seus eixos norteadores aborda o materialismo
histórico, porém não é o que vemos no decorrer dos discursos propostos.
O que podemos concluir da análise realizada neste livro didático é que
não vem ao encontro daquilo que a Proposta Curricular de Santa Catarina propõe,
pois nos conteúdos programáticos que a Proposta aborda, esta se remete a uma
história temática, trazendo também aspectos da história de Santa Catarina, o que já
analisamos quando falamos da disciplina de história dentro da Proposta curricular,
mas o que vimos no livro didático que foi adotado é, que este não contribui com o
que a Proposta traz, e aborda em seus temas sugeridos.
É necessário termos consciência que vivemos na era do conhecimento,
pois estamos na era da globalização das tecnologias e telecomunicações, e portanto
existe muito mais informações nesta era do que propriamente o conhecimento,
então nós professores precisamos estar preparados para lidar com isso, ou
perderemos nossos alunos para um computador por exemplo. Mas por que falo isto
agora? Por que é necessário o engajamento de todos os setores da educação, para
fazermos uma educação de qualidade. E esta qualidade perpassa por um bom
entendimento de nossos instrumentos de trabalho, no caso aqui a nossa Proposta
Curricular de Santa Catarina nosso documento norteador, pois dali sairá à base de
nossas ações. E os suportes teóricos que vamos utilizar no caso o livro didático,
mas sempre atento que este não é o único meio de mediação do professor com o
aluno., e necessário que o educador faca varias mediações para que os educandos
possam internalizar os conteúdos de maneira mais proveitosa.
Para concluir então falarei de um dos objetivos que coloquei na
introdução deste trabalho, que era a respeito da formulação da Proposta Curricular
de Santa Catarina, no se objetivo que é a superação de uma história tradicional e
simplista. Porém com o material que temos em mãos nossa resposta, seria que
ainda existe um caminho muito ardo a ser seguido.
43
4 CONCLUSÃO
O debate foi feito, algumas perguntas foram lançadas, algumas respostas
conseguimos elaborar, talvez não com aquilo que esperávamos, mas é isso ai que
no momento possuímos.
A Proposta Curricular de Santa Catarina é sem dúvida um marco na
educação do Estado, pois ela vem com novas abordagens tentando deixar para traz
a historia tradicional. É um documento que surge dentro de um contexto histórico
muito difícil para o nosso país, porém traz muitas outras possibilidades que até
então não tínhamos acesso a elas. Essas novas possibilidades vêm no intuito de
transformar a educação em algo que liberte todos nos.
O que podemos analisar é que a Proposta Curricular de Santa Catarina
possui alguns limites e contradições. Os limites estão no âmbito que esta não
conseguiu ultrapassar a fronteira do papel, ou seja, é apenas mais um documento,
que como podemos verificar ficou esquecido na gaveta, e hoje não é mais utilizado
como meio provocador de debates. Ou seja, permaneceu apenas no discurso, coisa
que não deveria ter ocorrido, pois esta, è uma maneira diferente de pensar a
educação.
Algo que atualmente ainda e necessário mudar, a forma de lidarmos com
educação, e principalmente aqui a disciplina de história, que e nosso maior objetivo,
pois ainda estamos atrelados com um ensino de história tradicional, coisa que já
deveríamos ter superado a muito tempo.
As contradições estão no campo das teorias da qual a Proposta é
sustentada. Vimos que pela análise que foi feita esta se contradiz quando aborda as
teorias, muitas vezes confundindo muito mais que esclarecendo. Pois há uma
mistura de campos teóricos principalmente, na disciplina de história a qual foi
analisada mais a fundo.
Um outro problema que podemos perceber foi o distanciamento dos
professores da rede estadual, em relação à Proposta Curricular de Santa Catarina,
pois esta não tem mais representatividade, perante estes profissionais.
Hoje ela é um documento que há muito tempo foi lançado e não contribui
mais com o educador em seus planejamentos para a sala de aula. O que se
configura, em um descaso com um documento tão importante, ou que pelo menos
deveria ser.
44
Porém sabemos que a Proposta Curricular de Santa Catarina precisa ser
revista e debatida, pois os educadores de maneira geral estão carentes de
documentos que possam auxiliar na elaboração de planejamentos. Mas e
necessário que haja um imenso engajamento, em todos possam participar e
contribuir no processo.
No entanto é necessária a busca constante de debates para que
possamos promover uma educação com qualidade, e um maior envolvimento de nós
professores com nosso papel de educador.
A Proposta esta ai, e necessário nos debruçarmos neste documento para
que ele se constitua em uma maneira de melhorarmos nosso trabalho como pessoas
formadoras de opinião.
45
REFERÊNCIA
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em Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 1997. 123 p.
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46
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de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Florianópolis:
COGEN, 1998. 166 p.
47
ANEXO
48
QUESTIONÁRIO.
1) Nome do professor.
2) Qual disciplina leciona?
3) Instituição que trabalha?
4) Em que ano se formou e qual a instituição que se formou?
5) Conhece a Proposta Curricular de Santa Catarina de 1998? Como teve acesso a
ela?
6) O que você enquanto educador, pensa a respeito do que ela propõe na disciplina
de historia?.
7) Existiu debates acerca do que a Proposta propõe, ou apenas foi mais um
documento lançado mas não houve debate para que os professores pudessem de
fato a utiliza-la?
8) Você acha viável sua aplicabilidade na sala de aula?
9) Você considera a Proposta ultrapassada?
10) De que forma esta poderia ser um documento norteador da disciplina de
história?
11) Qual livro didático utiliza atualmente? Por quê?
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