0 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA: HISTÓRIA, ENSINO E LINGUAGENS LILIANE LEONARDO DISCIPLINA DE HISTÓRIA E A PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA CRICIÚMA, JUNHO DE 2008 1 LILIANE LEONARDO DISCIPLINA DE HISTÓRIA E A PRPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de especialista em História: História Ensino e Linguagens. Orientador: Prof.( MSc) Antônio Luiz Miranda CRICIÚMA, JUNHO DE 2008 2 Dedico esta monografia de pós-graduação ao meu querido pai, que onde quer que ele esteja esta iluminando. sempre ao meu lado me 3 AGRADECIMENTOS Como é bom ter ao lado pessoas que sempre nos incentivam, acreditando em nosso potencial. Durante mais esta caminhada, sempre esteve ao meu lado pessoas muito queridas e maravilhosas, que vem ao longo de minha vida demonstrando serem muito especiais, e essenciais na trajetória que escolhi. Aliás não tem sido fácil esta trajetória, muitas pedras no caminho, mas que podem se tornar mais um degrau em minha vida, com a força que possuo e a força que estas pessoas me dedicam. Primeiro agradeço muito minha mãe, que sempre esteve ao meu lado me ajudando em todos os sentidos. D.Tereza, que em qualquer momento foi ela quem me socorreu. Muitas noites sem dormir me esperando, até que eu chegasse em casa. Depois uma pessoa mais que especial alguém que desde a época da graduação lutou comigo e esteve sempre muito perto de mim. Meu noivo Fernando Becker, acreditando, me apoiando, me dando conselhos me incentivando. Meu carinho e amor a ele que não mediu esforços para ma ajudar. Levando-me, me buscando, mas horas difíceis era ele ao meu lado. E nos momentos de alegrias sempre estávamos juntos para que pudéssemos compartilhar. Agradeço muito a ele. Agora quero falar de uma verdadeira amiga, em todas as horas, sempre ela, Thaise, sempre juntas, na hora dos trabalhos, provas, intervalos, da diversão era ela. Uma amizade que nasceu no primeiro semestre da graduação e até então estamos lado a lado, sempre uma ajudando a outra. Meu orientador Antônio Luiz Miranda, que sempre acreditou em mim, mesmo quando eu achava que não iria conseguir. Muito obrigada. Aos meus mestres que muito contribuíram neste processo de aprendizagem. Deixo aqui minha retribuição pela dedicação de todos eles. Não poderia deixar de falar de minhas amigas Cleimar e Mariane, que sempre estavam lá, para me ajudar. Meus colegas também é claro, que convivemos momentos de muitas alegrias e aprendizado. E a Deus que sempre iluminou minha trajetória me dando força e esperança. 4 Mais um dever cumprido, com uma vontade de fazer muitas outras coisas, com o sentimento de apenas estar no começo de uma longa estrada, que caminhamos passo a passo, com muitos outros caminhos ainda a percorrer. Esta foi mais uma etapa de minha vida, com dificuldades, mas com algo muito importante, o aprendizado conquistado e o carinho de pessoas que nunca nos abandonam e sempre estão ao nosso lado, dando todo o incentivo do qual precisamos. Agradeço a todos que direta ou indiretamente estiveram em mais esta caminhada. 5 “A História é um discurso cambiante e problemático, tendo como pretexto um aspecto do mundo, o passado, que é produzido por um grupo de trabalhadores cuja cabeça está no presente...” Keith Jenkins 6 RESUMO O objetivo desta pesquisa foi analisar a Proposta Curricular de Santa Catarina, mais especificamente de que forma esta se remete à disciplina de história. Os objetivos foram analisar o contexto histórico a qual esta foi formulada, seus eixos norteadores, como também de que forma a disciplina de história aparece dentro da mesma. Neste processo foi utilizado como método estudo de caso para análise da aplicabilidade da Proposta Curricular de Santa Catarina. Utilizaram-se como metodologias, levantamento do material bibliográfico e teórico a respeito do tema, e um questionário para análise de um estudo de caso. A Proposta Curricular de Santa Catarina apresenta alguns limites e contradições, porém não deixa de ser um documento que norteia a educação do estado de Santa Catarina. . Palavras-chave: Proposta Curricular de Santa Catarina; História; Materialismo Histórico, Livro Didático. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01: Foto do centro de Ermo....................................................................... 31 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................9 2 PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: UMA OPCAO PARA A EDUCAÇÃO..............................................................................................................12 2.1 História da Proposta Curricular de Santa Catarina. .......................................12 2.2 Eixos Norteadores da Proposta Curricular de Santa Catarina......................18 2.3 Disciplina de história dentro da Proposta Curricular de Santa Catarina ( 1998) ........................................................................................................................23 3 PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: SUA APLICAÇÃO............30 3.1 Estudo de caso: aplicabilidade da Proposta Curricular de Santa Catarina .30 3.2 Análise do livro didático ...................................................................................36 4 CONCLUSÃO ........................................................................................................43 REFERÊNCIAS.........................................................................................................45 ANEXO .....................................................................................................................47 9 1 INTRODUÇÃO Começo esta introdução com uma pergunta muito simples, mas com uma resposta complexa, que muitas vezes, por não saber dar esta resposta nos perdemos no caminho da disciplina de história. O que é história? É difícil definir o que é história, pois não se trata de apenas o estudo do passado, e esta, é a resposta mais usual que ouvimos quando esta pergunta é lançada. Estuda sim o passado, este é seu maior objetivo, mas não um passado solto, sem nenhuma relação com o tempo presente. Este é um objeto que é usado sob um aspecto do mundo, que quem escolhe são homens que vivem no presente, por isso, temos que tomar cuidado com as verdades históricas, e com o objetivo do ensino de história. Pois o conhecimento histórico é uma construção de vários sujeitos, e enquanto uma prática pedagógica, o ensino de história deve entender o homem como um ser social, singular e em transformação. Isto deve ser respeitado, a construção histórica destes sujeitos, que estão inseridos num dado momento da história. Remeto-me a este aspecto, pois o que vamos analisar neste trabalho é justamente o que nosso documento de maior relevância nos traz sobre a disciplina de história, que seria a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998). Este trabalho foi desenvolvido na decorrer do curso de Pós-Graduação: História, Ensino e Linguagens, na Universidade do Extremo Sul CatarinenseUNESC. Este nasce primeiro de uma vontade pessoal de entender, qual o objetivo da Proposta Curricular de Santa Catarina, já que esta é um documento que quase não é discutido nas escolas. Depois por que neste ano de 2008, a Proposta Curricular de Santa Catarina completa exatamente 10 anos de sua existência, (sua segunda edição), mas mesmo assim não foi promovido nenhum debate à respeito da mesma. Então meu objetivo é analise do contexto de implementação da primeira versão da Proposta Curricular de Santa Catarina, que acontece em 1991, até sua segunda versão em 1998, que é ponto principal deste trabalho. O Estado de Santa Catarina quando lança sua Proposta Curricular, este esta de acordo com uma tendência que ocorre no país todo, que é de reformulação da educação, com um eixo norteador voltado principalmente para o materialismo 10 histórico-dialético, e a tentativa de resgatar a história ciência. Por isso, a Proposta Curricular, quando começou a se constituir no contexto histórico brasileiro, foi com o propósito de superar a história tradicional e contribuir através de concepções de história emancipatórias para a formação da cidadania. Aqui então, temos outro objetivo que é verificar se a Proposta consegue realmente dar conta deste objetivo. E para conseguirmos isto, primeiro analisamos a Proposta Curricular, os seus eixos norteadores e depois a disciplina de história dentro da Proposta Curricular de Santa Catarina, e para concluir fizemos a análise de um estudo de caso, na Escola de Educação Básica Pedro Simon, para verificar até que ponta esta é aplicada e conhecida na instituição. E, por último verificamos o livro didático utilizado na mesma, se este está de acordo com o que a Proposta Curricular de Santa Catarina nos apresenta. Este trabalho se divide em dois capítulos. O primeiro fala da história da Proposta Curricular de Santa Catarina, juntamente com a análise de seus eixos norteadores. Depois discute a disciplina de história dentro da Proposta Curricular, até onde esta é um avanço. Se esta contribui para que a disciplina de história seja realmente um instrumento de emancipação dos educandos. No segundo capítulo fazemos um estudo de caso, para verificar até que ponto os educadores têm conhecimento a respeito da Proposta Curricular, e se esta realmente é um norte para os professores. E para finalizar fazemos a análise do livro didático, se este está de acordo com os temas sugeridos dentro da Proposta Curricular de Santa Catarina. Para buscar estas respostas, procurou-se primeira fazer uma leitura teórica a respeito do assunto, com abordagens do campo da teoria da história. Depois leitura do contexto histórico a qual a Proposta Curricular de Santa Catarina estava envolvida. E também uma leitura minuciosa das duas versões da Proposta Curricular. Além destas leituras foram aplicados questionários, no estudo de caso. Este se estruturou da seguinte maneira. Primeiro escolhi a instituição escolar na qual iria ser aplicado o questionário, com os professores na área de história, que atuam nesta instituição. Depois de aplicado foi feita a análise dos dados em busca de algumas respostas. Minha maior preocupação é promover o debate a respeito deste documento, não tenho o objetivo de elaborar respostas fechadas ou formúlas de como utilizar a Proposta Curricular de Santa Catarina. Mas chamar atenção para o 11 que estamos fazendo enquanto educadores de história com a própria historia, com a disciplina de história, e até mesmo com a nossa história. Já que somos educadores e temos um papel importantíssimo dentro de uma instituição escolar e na vida de cada um de nossos educandos. Espero com isso, que a Proposta Curricular de Santa Catarina, esteja de novo no cenário de discussão das pautas educacionais. 12 2-PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: UMA OPÇÃO PARA A EDUCAÇÃO 2.1 História da Proposta Curricular de Santa Catarina Na passagem dos anos de 1970 para 1980, Santa Catarina viveu, assim como todo o resto do país, um momento em que as forças da democracia se reacendiam, depois de longos anos sufocados pela ditadura militar. Crescem os movimentos populares, e não é diferente na área da educação, passa-se a pensar a educação com qualidade e o direito à escola pública. Neste período que a história chama de redemocratização, pois há uma abertura política para que o povo possa manifestar sua opinião, ganha corpo um movimento dentro da educação. Este movimento tem por princípio a introdução de textos ligados a um pensamento mais social, o que fez com que houvesse mudanças e, o despertar para discussões que antes não podiam ser feitas por causa da repreensão militar. Este pensamento que agora estava sendo discutida pensa à educação numa ótica do pensamento histórico-cultural. Portanto a década de 1980 no Estado de Santa Catarina foi de primordial importância para a educação, pois neste período, a luta de profissionais desde a sala de aula até as universidades, ganhou maior expressão, pois: No processo de democratização dos anos 80, os conhecimento escolares passaram a ser questionados e redefinidos por reformas curriculares dos Estados e municípios. Simultaneamente, as transformações da clientela composta por vários grupos sociais que viviam um intenso processo de migração do campo para a cidade, e entre os Estados, com acentuada diferenciação econômica, social e cultural, também forçaram mudanças na 1 educação. Em 1981, no governo de José Konder Bornhausen, foi elaborado por uma comissão de alto nível, o Segundo Plano Estadual de Educação (o primeiro tinha sido elaborado ainda na ditadura militar), que refletia o momento sócio político vivido pelo país, caracterizado pela abertura política do regime autoritário, apontando assim para a importância da atividade educacional enquanto ação transformadora de uma sociedade. 1 BRASIL, 1998, p.26 13 Sintonizando-se com esse momento histórico, o segundo Plano Estadual de Educação afirmou-se empenhando no resgate e qualidade de ensino, 2 concedendo especial ênfase à figura do professor[...] Outro fator de extrema relevância que ocorreu na década de 1980 foi o esboço do que mais tarde viria a ser a Proposta Curricular de Santa Catarina. Já que este é o objeto de estudo desta pesquisa, ou melhor, analisar como esta trata a disciplina de história, porém este é um assunto que vamos tratar mais à frente, agora queremos apenas delinear a trajetória até a elaboração da versão final da Proposta Curricular de Santa Catarina; que ocorreu em 1998, mas que começou a ser pensada já na década de 1980. Então começaremos pelo final da década de 80, é neste período que se iniciam ações concretas para a elaboração da proposta. No ano de 1988 Santa Catarina promove o primeiro debate em relação a sua Proposta Curricular. O que havia no momento era um movimento de educadores por uma nova perspectiva curricular, por este motivo os métodos tradicionais de ensino, como a memorização e reprodução passaram a ser questionados, havia uma crítica muito ampla aos livros didáticos carregados de ideologias, com exercícios sem exigência de nenhum raciocínio, por isso o ensino entrou num processo de mudanças de seus objetivos conteúdos e métodos, isto já era fruto de quase uma década de debates, ou seja, desde o final da década de 1970 muitas coisas já eram pensadas e discutidas. Paralelamente, a essas mudanças, passaram a ser difundidas percepções diferentes do processo de aprendizagem, dos métodos utilizados como meio de avaliação e da função social e cultural atribuída à escola e ao professor, ou seja, uma outra concepção de ensino estava sendo elaborada. Como nós vamos perceber mais à frente quando faremos a analise dos eixos norteadores da Proposta Curricular de Santa Catarina. Esta nova concepção de ensino, estava sendo fundamentada principalmente na teoria de Vygotsky e Kal Marx, que apresenta os subsídios para o materialismo histórico, e que de certa forma seria um caminho para superação de aulas expositivas como única metodologia, apontando na direção de um ensino que estimule o desenvolvimento dos educandos à níveis qualitativos. Nosso Estado estava numa trajetória de discussão política educacional, que culminou na elaboração da primeira versão da Proposta Curricular de Santa Catarina, no entanto estas discussões começaram com o Plano de Ação da Secretaria de Estado da Educação (1988/1991), e que tinha como maior objetivo “a reorganização curricular”. Para que todas estes objetivos fossem alcançados a 2 AURAS, 1997.p.85 14 Secretaria de Estado da Educação passou por uma reformulação e uma reestruturação organizacional, ou seja, o ensino de Santa Catarina passou a ser responsabilidade da Coordenadoria de Ensino (CODEN). A Coordenadoria de Ensino-CODEN, passou a ter a função articuladora entre os diferentes graus e modalidades de ensino, bem como, articular as atividades-meio, com o fito de garantir a concretização de ação pedagógica 3 em sala de aula. Em maio de 1988 ocorreu em Blumenau o “Encontro de Componentes Curriculares”, desse encontro foi articulado idéias para a elaboração da tão sonhada Proposta Curricular. Deste primeiro encontro buscou-se o suporte teóricometodológico que garantisse uma ação interdisciplinar. Para que estas ações fossem realizadas com sucesso, foram constituídos grupos de trabalho, estes eram grupos multidisciplinares com integrantes da área da educação, isto já seria um ponto a favor, pois eram profissionais da área, diferente do que ocorria em outros momentos, em que profissionais de outras áreas faziam estes debates. Esta equipe tinha o papel de elaborar uma política educacional que se voltava para a questão da interdisciplinaridade e também estabelecer o documento norteador da proposta. Neste processo que se desenvolveu ao longo de três anos, foram lançados alguns documentos que sintetizavam todo o trabalho que estava sendo feito, sempre com o objetivo de definir de forma democrática o caminho em que a educação de Santa Catarina deveria seguir. Estes documentos eram lançados em forma de jornais, que podemos sistematizar em quatro momentos, do ano de 1989 até 1991. O primeiro momento foi no ano de 1989, quando a Secretária de Estado da Educação havia produzido os conteúdos dos jornais 1,2,3. O jornal de nº1, coloca o que havia sido feito naquele momento, que seria o trabalho de aproximação da própria Secretaria com as Regionais de Educação. Foram realizados três encontros com este intuito. Já no jornal de nº2, a Secretaria de Estado da Educação, o lança com o título “Duplo Desafio”, segundo o que consta na Proposta Curricular lançada em 1991, em que diz: Em primeiro lugar revisar os conteúdos curriculares, à busca pelos recursos financeiros necessários e elaborar um documento norteador. E o 3 Estado, 1991.p.9 15 jornal de nº3, buscou ressaltar os avanços que haviam acontecido. Este é lançado com o título: “A continuidade do processo”. O segundo momento foi no ano de 1990 quando os professores passaram por cursos de capacitação, e neste mesmo ano foi realizado o 1º Encontro Estadual entre a Secretaria de Estado da Educação e as Instituições de Ensino Superior, este ocorreu em abril e um segundo encontro ocorreu em junho, do corrente ano. Ali foram debatidos assuntos como: Neste encontro discutui-se a Proposta Curricular e suas implicações na formação de professores de 3º grau...já estávamos trabalhando questões 4 metodológicas e especificas de pré-escolar. No terceiro momento, depois de realizadas varias discussões, foi lançada a quarta e última edição do jornal, cujo, o título foi: “E o processo continua...”, este documento continha informações mais elaboradas para um Plano Político Pedagógico, e especificidades em relação ao 1º e 2º. Fruto destes debates, encontros discussões e lançamento de jornais, foram lançados em 1991 um documento norteador, este então seria o quarto momento. E o documento lançado naquele momento viria a ser o esqueleto do que mais tarde tornar-se-ia a Proposta Curricular de Santa Catarina, que naquele momento foi apresentado como um caderno, que tinha como intuito: Pensando nisto, a Secretaria de Estado da Educação quer pôr à disposição dos professores de Santa Catarina um instrumento de trabalho, através de um documento da Proposta curricular, que traz a síntese de um processo de 5 estudo e discussão pedagógica em nosso Estado. O documento foi lançado com o título: “Proposta Curricular: Uma contribuição para a escola publica do pré-escolar, 1º grau, 2º grau e educação de adultos”, em que este propunha: 4 5 Ibidem, p.1 Ibidem, p.7 16 Procura este documento uma abordagem da educação, nos seus aspecto filosóficos, bem como uma organização dos conteúdos e metodologias de cada disciplina(pré-escolar, 1º grau, 2º grau, educação geral e curso do magistério), abordados todos à partir de uma única linha, que preconiza uma educação transformadora, pressupondo o resgate do conteúdo cientifico através da escola, conteúdo este trabalhado a partir da realidade social concreta do aluno, direcionando para o entendimento critico do funcionamento da sociedade e interdisciplinarmente abordado na 6 perspectiva da totalidade. O caminho a ser percorrido, até uma versão final ainda estava se delineando, pois, o documento que foi lançado em 1991, passou por um processo de rediscussão e aprofundamento dos temas que nas etapas do processo haviam sido trabalhados, e com isso incorporando nossas contribuições. Estas discussões foram feitas no ano de 1996. Esta revisão aconteceu a partir de um grupo multidisciplinar, com assistência de consultores ligados a universidade, e com apoio da Secretaria de Estado da Educação e do Desporto, que então, a partir de todas as discussões que foram feitas coloca no ano de 1997 uma versão preliminar, pois o objetivo naquele momento além de aprofundar o que havia sido discutido em 1991, é lançar um documento, cujo, intuito é promover discussões para uma versão final. Este documento, portanto fez com que todos os educadores da rede estadual de educação o discutissem, para que naquele momento existisse a contribuição dos envolvidos neste processo para então faze-lo de base do que mais tarde viria a ser a versão final que seria lançada no próximo ano. O documento em questão é lançado no de 1997, com o título: “Proposta Curricular de Santa Catarina: Versão preliminar”, cujo objetivo era: A versão que colocamos à disposição dos profissionais da educação e escolas é uma versão provisória, para avaliação e crítica por parte desses profissionais. Os resultados dessa avaliação e critica serão incorporados quando da preparação da versão definitiva da segunda edição da Proposta 7 Curricular de Santa Catarina, revista, aprofundada e ampliada. Foi então o que ocorreu no ano de 1997, todas as escolas do Estado tiveram acesso a este documento com o propósito de discuti-lo, após este momento de debates e discussões veio o ano de 1998, e a tão sonhada Proposta Curricular de Santa Catarina é lançada. Nesta segunda edição que tem como título: “Proposta Curricular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.”, buscou-se rever e 6 7 Ibidem, p.7 PROPOSTA, 1997. p.5 17 aprofundar o que havia sido colocado a disposição dos educadores na primeira edição no ano de 1991. No entanto o Estado trabalha desde 1995 para garantir que esta segunda edição, seja um espaço em que os educadores possam nortear seu trabalho. Para que o objetivo fosse cumprido foi formado um grupo multidisciplinar, com a atuação de professores de todas as regionais do Estado e também com consultores de diversas universidades pra estudo e elaboração da nova proposta. Aqui também cabe mencionar o evento que o Estado realizou em 1996, quando este promoveu o Congresso Internacional de Educação. Este foi o momento em que foi discutida a pedagogia numa ótica histórico-cultural. O que resultou nesta edição de 1998, que será o objeto de estudo desta monografia. Esta edição tem um enfoque bem claro e definido, ela parte do princípio que o ser humano é um ser histórico-cultural, e que o conhecimento é cumulativo e produzido através dos tempos. A partir destas indicações fica definido o quadro teórico da Proposta Curricular de Santa Catarina. Portanto sua base parte das teorias desenvolvidas por Vygotsky e o materialismo histórico de Kal Marx, que será a nossa próxima análise, ou seja, falaremos do quadro teórico a qual basea-se a Proposta Curricular de Santa Catarina. 18 2.2 Eixos Norteadores da Proposta Curricular de Santa Catarina Faremos à análise dos eixos norteadores da Proposta Curricular versão de 1998, que tem como eixos a concepção de homem e a concepção de aprendizagem. Porém a leitura da Proposta Curricular de Santa Catarina não é algo fácil, pois trabalha com conceitos que muitos professores não estão acostumados, no seu dia-dia. Então mais um motivo para o debate desde documento que é de extrema importância para educação do Estado. Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), o homem é entendido como um ser histórico e cultural, ou seja, produto de um processo histórico do qual ele é o sujeito atuante, e ao mesmo tempo será determinado por esta história. E por aprendizagem a Proposta optou pela concepção histórico-cultural ou sociointeracionista. Esta concepção, na sua origem, tem como preocupação a compreensão de como as interações sociais agem na formação das funções psicológicas superiores. Estas não são consideradas uma determinação biológica. São resultado de um processo histórico e social. As interações sociais vividas pela criança são, dessa forma, determinantes no desenvolvimento dessas 8 funções. Portanto o quadro teórico e filosófico assumido para o desenvolvimento da Proposta Curricular de Santa Catarina, apresenta-se com uma base sócia histórica ou histórica cultural, que tem como princípio o homem como produto e produtor da sociedade. O homem muda a sociedade e ele, ao mesmo tempo pelas relações que estabelece. O primeiro ponto que podemos estabelecer é que esta se fundamenta nos princípios do materialismo histórico dialético instituído por Kal Marx, que consiste em uma análise da sociedade humana a partir da premissa de que toda a sociedade é organizada em uma infra-estrutura econômica que estabelece as formas de organização social e cultural. Que assim se estabelece: 8 SANTA, 1998. p.17 19 De acordo com esta abordagem o pressuposto primeiro de toda a história humana é a existência de indivíduos concretos, que na luta pela sobrevivência organiza-se em torno do trabalho estabelecendo relações entre si e com a natureza (é um ser natural, criado e submetido a suas leis). O homem se diferencia dela à medida que é capaz de transformá-la conscientemente segundo suas necessidades. É através desta interação, 9 que provoca transformações recíprocas, que o homem se faz homem. Neste sentido entende-se o homem como um ser social, portanto histórico, que é capaz de trabalhar e transformar a natureza e com isso estabelecer suas relações, produzindo conhecimento e assim construindo a sociedade e fazendo sua própria história. Neste sentido também se estabelece o que se entende por inteligência do educando, que deixa de ser algo determinado pela natureza, e passa a ser visto como também uma determinação social. Outro ponto fundamental nesta perspectiva teórica são as interações humanas. Este conceito é fundamentado nos estudos de Vygotsk, que formula seus estudos com base na psicologia histórico cultural, influenciado por Karl Marx. Esse pequeno trecho é parte de um escrito por Vygotsk, em 1930, e nos fornece uma visão condensada de sua abordagem: o homem biológico transforma-se em social por meio de um processo de internalização de 10 atividades, comportamentos e signos culturalmente desenvolvidos Para Vygotsk, o homem a partir das interações sociais estabelecidas no meio em que vive, vai construindo sua individualidade, também se constrói como sujeito, capaz de realizar suas vontades. Isso significa que o homem não é apenas produto do meio, mas sujeito atuante neste meio que se faz e transforma-o, pois este é o local em que vive e estabelece suas trocas sociais. Nesta perspectiva a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), nos fala que, a criança enquanto sujeito e o conhecimento enquanto objeto se relaciona através da interação social, isto equivale a afirmar que o conhecimento não existe sozinho, esta sempre ligada a algo humano, e com isso o professor passa a ter a função de mediador entre o conhecimento historicamente acumulado e o aluno. A Proposta pretende trabalhar numa visão de inclusão, pois esta vê o homem como produto e produtor de constantes transformações, assim tanto na sociedade quanto no meio educacional, é necessário que este se sinta fazendo parte deste processo, então é preciso trabalhar a inclusão social e educacional. Segundo a Proposta entende-se inclusão social e educacional, como a socialização dos conhecimentos das ciências e das artes. Seria esta a maneira pela 9 REGO, 1997. p. 96 OLIVEIRA, p.103 10 20 qual haveria uma distribuição de renda dentro da sociedade, pois historicamente ficou comprovado que, quem tem poder são pessoas que possuem o conhecimento dito científico e, este só adquire-se na escola. Portanto o conhecimento científico seria a socialização da riqueza intelectual a qual todos nós temos o direito ao acesso, e este seria o caminho para a socialização dos bens materiais. Há uma relação de poder, que se estabelece entre conhecimento científico, dito como oficial, e a manutenção de uma ordem vigente, normalmente este o legitima. Temos vários exemplos dentro da história da humanidade deste tipo de relação, podemos citar a época medieval em a igreja católica detinha o poder em nome de um conhecimento que era só seu ou mesmo no século XVI, quando a Europa lança-se ao mar em busca da dominação de outras terras, isto só foi possível graças ao seu conhecimento. Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina, o papel da escola esta em socializar este conhecimento científico, ou seja, socializar a riqueza intelectual, para que haja a abertura de ações políticas das camadas populares, o que no entendimento da Proposta seria o caminho para uma distribuição de renda a todos. Isto explica por que a Proposta Curricular de Santa Catarina optou por uma base teórica de cunho sócio-histórica, que vem de encontro a atender esta perspectiva, pois esta parte daquilo que o grupo social oferece ao indivíduo, e transforma este conhecimento pré-estabelecido em conhecimento científico. A concepção sócio-histórica, parte do princípio de que todos são capazes de aprender, e compreende que as relações sociais estabelecidas pelos educandos são fatores de conhecimento, e a escola é o interlocutor nessas interações sociais. Segundo Marta Kohl (1997), a vida social de cada indivíduo é um processo dinâmico, em que cada sujeito é ativo, e onde se estabelece a interação entre o mundo cultural e o mundo subjetivo de cada um. O ser humano quando internaliza esta cultura, não a faz de forma passiva, mas faz de forma transformadora, ou seja, o desenvolvimento individual se da num ambiente social determinando sua relação com o outro. Uma outra característica da Proposta Curricular de Santa Catarina é estabelecida quando esta fala do papel social, pois aqui ela propõe que o educando precisa adquirir uma critícidade, para que este seja um ser atuante e modificador da sociedade do qual faz parte. Porém o autor Circe Bitencourt( 1998), nos alerta para 21 este tipo de postura que algumas Propostas Curriculares tendem a colocar. Assim ele nos fala: Tais metas, a formação do pensamento crítico, a formação de posturas criticas dos alunos ou ainda estudar o passado para compreender e transformar o presente, não são objetivos novos. A constituição de um pensamento crítico é meta necessária para as sociedades em transformação que exigem atuações criticas para a manutenção de estágios 11 de desenvolvimento tecnológicos Isto nos serve de alerta para que sempre tenhamos um olhar de desconfiança em relação às Propostas Curriculares, pois estas, assim como as de Santa Catarina tem o intuito principal de ser inovadora, com novos objetivos e novas condutas em relação à educação. Porém toda política educacional, não é neutra e nem poderia ser, mas falamos no sentindo de que esta vem a atender interesses econômicos e culturais que incorporam regras que muitas vezes são de interesse apenas de uma elite dominante. Nossas escolas não são apenas locais de controle de uma população, mas estas também controlam os significados que se atribuem a determinados conhecimentos. E nós fazemos isto quando selecionamos currículos, fechados sem nos atermos às especificidades das populações que iremos trabalhar oferecendo de certa forma limitações culturais e educacionais. Fazemos desta maneira uma manipulação daquilo que queremos que nossos educandos aprendam, e de certa forma estamos preservando o poder de determinados grupos, ou grupos dominantes. Porém o que, a Proposta Curricular de Santa Catarina, prepondera que esta não seja um ementário de conteúdos por disciplina. Propõe o abandono da organização de unidades, temas, subtemas e conteúdos, pois assim o professor poderá melhorar a qualidade do seu trabalho. Na perspectiva desta concepção de trabalho e aprendizagem, o processo pedagógico não passa pela classificação dos educandos em capazes e incapazes de aprender, pois o sócio-cultural considera todos capazes de aprender, à medida que as interações sociais vão se estabelecendo, os educandos se apropriam do conhecimento. Desta maneira podemos verificar uma outra abordagem que a Proposta propõe que seria a educação inclusiva, esta vem de encontro a Constituição de 1988, que preconiza a educação para todos sem nenhuma forma de discriminação. 11 BITENCOURT, 1998. p.19 22 A Proposta tendo como base de eixo norteador a concepção sócio-histórica caminha para a contemplação de uma educação emancipatória e inclusiva, que visa dar aos educandos maior critícidade a fim de transformar a educação do Estado de Santa Catarina, referência em nível nacional. No próximo item vamos analisar com a Proposta Curricular de Santa Catarina organiza a disciplina de história. 23 2.3 A Disciplina de História dentro da Proposta Curricular de Santa Catarina (1998) As propostas curriculares de História de uma maneira geral estão relacionadas aos debates e confrontos surgidos no final do período da ditadura militar, pois neste período história e geografia tinham sido colocadas na ilegalidade, e com isso o ensino de sala de aula tinha ficado distante de discussões que eventualmente eram realizadas pelos historiadores. Portanto a volta da disciplina de história da-se no mesmo momento que se pensa a Proposta Curricular de Santa Catarina. A disciplina de história passa por uma postura de ensino voltada para uma educação que critica os conteúdos voltados para uma história do ponto de vista eurocentrica, assim a disciplina de história aponta para uma superação da concepção de tempo histórico evolutivo e progressista. Nestas últimas décadas há um debate a cerca do processo de ensino aprendizagem. E o ensino de história não fica atrás, pois este vive hoje contradições fundamentais. As propostas para o ensino convergem a critica as noções de tempo impostas pelos currículos anteriores, em que os paradigmas positivistas devem ser superados. Existe uma tendência a partir da década de 1990, na ênfase de relações de complementaridade, continuidade, descontinuidade, circularidade, prevalece à opção no ensino de história, pela valorização dos sujeitos históricos. De forma quase que unânime, as formulações de novas propostas curriculares são justificadas ao se apresentarem como meio de superar um ensino de historia que se fundamenta na construção de tempo histórico homogêneo, determinado pelo eurocentrismo e sua lógica de periodização baseado no sujeito histórico Estado-Nação. E, nesta perspectiva propõe 12 trabalhar com as diferentes temporalidades e diferentes sujeitos Não é diferente com o que ocorreu com a Proposta Curricular de Santa Catarina, na disciplina de história, pois ela propõe uma reordenação em que a primeira atitude do educador será estabelecer seu plano de trabalho por meio de projetos desenvolvidos junto com todos os participantes das escolas. Então a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), propõe para a disciplina de história, o abandono da história positivista, em que esta, está centrada 12 Ibidem, p.23 24 numa cronologia dos fatos históricos elencados de acordo com uma visão de mundo baseada na Europa, em que a história é vista como uma ciência do passado pelo passado, numa cadeia linear de causa e conseqüência, ignorando assim o conhecimento histórico-social. Portanto, o que se pretende e se propõe, nesta Proposta é uma alteração significativa nos fundamentos, apontando para uma perspectiva que se ordena. Na dimensão de uma concepção de historia que permita o entendimento da sociedade em suas diversidades históricas-culturais, cujas singularidades devem estar referenciadas, tanto no âmbito das dimensões 13 macroestruturais quanto cotidianas A proposta destaca alguns historiadores que contribuíram para que a história seja pensada desta maneira, como: Henri Lefebvre, de Nietzche, de Bloch, de Febvre, Jacques Lê Goff, Duby, Perry Anderson, Edward Thompson, Carlo Ginzburg, Maria Odila Leite, Fernando Novaes, Francisco Iglesias, Kátia Matoso, Carlos Guilherme Motta, Caio Prado Junior, Edgar de Decca e Sérgio Buarque de Holanda. Segundo Maria de Fátima Rodrigues Pereira (2000), quando a proposta opta por abordar estes autores ela cai em um erro, pois “há um ecletismo”, de concepções de história que se misturam, ou seja, a proposta vai desde uma abordagem da Escola dos Annales, ao marxismo, a história cultural e a história em migalhas, o que segundo a autora, isto acabaria numa ausência de organicidade. O ecletismo, assim, historicamente, vem opondo-se à concepção do materialismo histórico-dialético, fundamentalmente por não reconhecer que a produção de conhecimento é social, pois ao defender todas as perspectivas, não reconhece nenhuma como a mais competente para a 14 compreensão dos fenômenos sociais Porém, poderia ser esta, uma forma de contemplar os vários tipos de conhecimento sem se ater a uma única abordagem histórica, para que o educando, dependendo do tema que for trabalhado, ele possa desenvolver um linha de pensamento histórico, a qual se encaixe de maneira mais contemplativa a proposta temática. A proposta trabalha com três níveis históricos, o vivido o refletido e o concebido, ou seja, parte do princípio do presente-passado-presente, e nesta dimensão procura-se superar a disciplina de história enquanto simples repasse de informações, em que o educando seria uma tabua rasa sem conhecimento nenhum, 13 14 SANTA,1998. p.160 PEREIRA, 2000.p.90 25 e desta forma passa a tratar o educando como um sujeito histórico construtor de seu conhecimento. Desta forma a Proposta Curricular de Santa Catarina trabalha com categorias básicas a serem destacadas, que são: Tempo, Espaço, Relações Sociais, Relação de Produção, Cotidiano, Memória e Identidade. Analisaremos cada uma destas categorias e como a Proposta Curricular de Santa Catarina as coloca. A primeira categoria a ser analisada, é tempo, porém definir esta categoria não é uma tarefa fácil, pois este representa umas das questões mais complexas, dentro do campo da história, pois a chamada historicidade representa constantes mudanças, e permanente evolução. Portanto as possibilidades de reconstrução e de representação do passado, considera-se as diferentes temporalidades, exige o desenvolvimento de noções derivadas da interface espaço/tempo, como: sucessão, duração, simultaneidade, permanências, rupturas e mudanças. Aqui a proposta deixa muito claro que, a categoria tempo tem muitos significados, e não se pode trabalhá-lo apenas sobre uma perspectiva, pois para cada sociedade o tempo tem valores diferentes. Esta distingue o tempo em três categorias: o cronológico, que é o tempo do relógio; o histórico, que seria o tempo do significado dos processos produtivos, das relações; e o tempo circular, este das crenças religiosas. A concepção de historia definida nesta proposta, analisa as múltiplas dimensões de tempo de modo a capturar o sentido de superação das noções anteriores para a compreensão dos múltiplos e simultâneos tempos 15 históricos Esta perspectiva que a Proposta Curricular de Santa Catarina adotou esta de acordo com a Escola dos Annales, que distingue três temporalidades: o tempo da longa duração ou tempo geográfico, caracterizado pelo lento movimento das estruturas; tempo de média duração, existentes nos pequenos ciclos definido como as conjunturas; e o tempo de curta duração, ligado ao indivíduo e ao evento rápido. Segundo Glenison, em “Introdução aos Estudos históricos”, ele nos diz que a categoria tempo tem sua própria história, que devemos levar em conta as diversas categorias de tempo, pois estas reagem umas sobre as outras. É necessário um olhar sobre os fatos não apenas para datá-los, mas para estabelecer 15 Santa, 1998.1p. 61 26 uma duração destes fatos históricos, pois podem ser apenas episódicos ou podem criar raízes, como é o caso das instituições. Passamos agora, para segunda categoria que a Proposta Curricular de Santa Catarina propõe: falaremos então sobre espaço, que segundo a Proposta não pode ser dissociada da noção de tempo, pois este se articula com os modos de vida que o homem produz, dentro de seu espaço social e ou natural, do qual ele é produto e produtor. Esta próxima categoria que iremos abordar a Proposta a considera como a mais importante dentro do estudo da história, que seria as Relações Sociais, pois trata do significado das sociedades humanas e suas transformações. A Proposta Curricular de Santa Catarina vai ainda mais adiante quando fala como se deve trabalhar esta categoria, apontando para as definições de classes sociais, papéis sociais e os conflitos que ocorrem dentro das sociedades ocasionadas por diferentes interesses de seus indivíduos. É necessário ressaltar o conflito de classes, em relações as ideologias existentes, e ainda identificar a resistência que as classes menos favorecidas impõem as classes dominantes, portanto, a noção de revolução, passa a ser fundamental para indicar a superação de uma dominação exercida por uma formação econômica e social em direção à construção de outra. Segundo Maria de Fátima Pereira, em seu livro “Concepções de História na Proposta Curricular de Santa Catarina”, o aprofundamento das relações sociais possibilita entender todo o processo de dominação e resistência que as classes de maneira geral protagonizam dentro de uma sociedade, pois desta forma estará sendo destacado todos os papéis sociais e suas relações que constroem a dinâmica da vida de grupos sociais. A quarta concepção a ser abordada trata das Relações de Produção, que nos fala da maneira como as sociedades humanas se se organizam em função do atendimento de necessidades materiais, culturais e religiosas. Referenciando novamente Maria de Fátima Pereira, ela coloca que nesta categoria a Proposta Curricular promove uma confusão eclética, pois, esta confunde ao invés de esclarecer. Ela faz esta análise, quando é mencionada a obra de Marx do 18 Brunário, e esta é classificada apontando os níveis do processo histórico como sendo subjetivos. A Proposta Curricular classifica esta categoria como sendo parte do vivido, em que os homens lutam e transformam as sociedades, e mais, esta noção 27 permite compreender que as várias experiências dos grupos sociais revelam a consciência de classe. Partimos então para a penúltima categoria a ser analisada: o Cotidiano. É necessário classificar este em duas dimensões: primeiro o cotidiano como produto das sociedades modernas, e a proposta Curricular usa o termo “cotidianeidade”, para se referir ao cotidiano no espaço do vivido, que permite e reencontro dos tempos desiguais e simultâneos. Os homens atuam no cotidiano. Nele esta todo potencial da rebeldia, mas também os controles, a alienação e as formas de dominação. Trabalhar com a noção de cotidiano supõe sair do nível do aparente as são o que aparentam, mas também não são) e penetrar na essência dos fenômenos. A analise das contradições propicia a reflexão critica sobre o cotidiano e 16 desvenda os conhecimentos significativos sobre o vivido A última categoria a ser analisada, fala sobre Memória e Identidade. A Proposta Curricular aborda a memória, como um atributo pessoal e absoluto, pois é a maneira como o homem se relaciona com o passado, ou melhor, com os elementos significativos deste passado. Existe dentro da sociedade atual uma preservação daquilo que é identificado como passado, e então temos um papel importante da disciplina de história, pois é esta que ira formar questões relevantes do passado. Os museus dentro do que a Proposta propõe tornam-se lugares de preservação de memória, mas estes não podem falar sozinhos da memória de uma sociedade, que sempre estará ligada à identidade que o indivíduo produz a respeito de alguma coisa, e a relação que isto representa dentro da história das sociedades. Portanto a noção de identidade esta no sentimento de pertencimento do sujeito a determinada grupo dentro das relações sociais, portanto memória e identidade convivem numa mesma dimensão histórica, e representam uma maneira que o indivíduo se sente dentro da sociedade. E é desta maneira que a Proposta Curricular analisa esta categoria, e, portanto é desta maneira que o educador deve trabalhar quando propuser o assunto em sala de aula. Depois de colocarmos todas as categorias que a Proposta Curricular analisa e coloca como necessária para o entendimento de história que supere o simples repasse de conteúdos para uma história que seja transformadora e emancipatória. 16 Ibidem, p.168 28 Passaremos a falar sobre os conteúdos programáticos que a Proposta Curricular, propõe para que o educador tome como um modelo a ser seguido. Porém o que nos chama a atenção é que é feita dentro da Proposta uma divisão de conteúdos por série, até ai tudo bem, mas o que é colocado classifica a história, não no discurso a qual se baseia sua concepção histórica, que seria o materialismo histórico-dialetico. Temos assim: Na 5ª serie o reconhecimento das especificidades dos Kaigaing, guarani, luso-brasileiro, espanhóis, açorianos, italianos de Trento, Vêneto, e lombardia, alemães da Bávaria, húngaros, tiroleses da Áustria, poloneses, teuto-russos, japoneses, dentre outros são centrais na historia de Santa 17 Catarina Aqui a proposta partiu de uma história local para uma história nacional, e mundial. Falando dos vários povos que aqui viveram em Santa Catarina, desde seus primeiros habitantes como é o caso de nossos indígenas, para depois falar da misturas de cultura e nações que houve em nosso Estado, assim como ocorreu no resto do país. Esta é uma proposta interessante, pois parte da valorização de nossos índios que há muito tempo vem sendo deixado de lado sem dar-se o devido valor para esta população. E na 6ª serie continua-se com história de Santa Catarina, agora falando dos conflitos de terra, e a ocupação territorial. Porém percebe-se que falta uma articulação com o total. Pois, apenas fala dos conflitos aqui de Santa Catarina, mas o professor deve fazer então esta relação com a história dos povos que estiveram como mudança o conflito pela terra. Aqui se pode trabalhar com a terra como símbolo de poder e dominação de muitos povos. Para a 7ª série, a proposta é o ensino da cultura, através da música, literatura, artes plásticas, cinema, das festividades como; o carnaval, o boi de mamão. Aqui é nítido o distanciamento da concepção materialista histórica que a Proposta de Santa Catarina propõe. Com relação a 8ª série, propõe-se o tema das relações sociais de produção. Fazendo o estudo das sociedades escravistas antigas e comparando com sociedades modernas, que permitirão o entendimento de uma estrutura econômica, social e política. 17 Ibidem, p.165 29 Então o que vemos, é um misto de muitas concepções, e talvez esta maneira de propor os conteúdos torne a análise histórica simplista do ponto de vista que, muitas vezes ela não esclarece, mas apenas misturas várias coisas sem ter como objetivo o entendimento do conhecimento histórico. Segundo este ponto de vista, em que analisa a Proposta Curricular de Santa Catarina , como uma concepção eclética, a autora Maria de Fátima Pereira defende esta tese, que a proposta aponta muita mais para um posicionamento ingênuo, inclinando-se para uma proposta cuturalista, e vai mais além: Na verdade, este enfoque no campo da história e das ciências sociais veio se impondo nas ultimas décadas no país.traduz-se por estudos regionais e microscópicos sem imbricações com as totalidades que constituem, e nas quais são constituídos; em trabalhos que se referem a historia individual, beirando “subjetividades” psicologizantes ou em trabalhos e abordagens com caráter autonomizado, verdadeiras radiografias, verdadeiros 18 instantâneos de fenômenos complexos A Proposta Curricular de Santa Catarina, quando começou a ser pensado tinha como objetivo a superação de uma história tradicional, e para isso iria buscar seus pressupostos teóricos em concepções de história que emancipavam o educador e o educando para a construção de uma cidadania. A pergunta que faço agora nos remete a seguinte questão: Ela conseguiu atingir seu objetivo maior? De certa maneira sem dúvidas nenhuma, pois ela abre as portas para a discussão de novos métodos e abordagens no campo da história, aproximando os educadores destas tendências que delineiam o campo da história. Porém o que se observa no decorrer de sua estrutura são contradições de pontos de vistas, mas que mesmo assim não tiram seus méritos, pois o importante é desenvolver e promover o debate. Portanto a partir de agora, para concluir a análise da Proposta, trabalharei com questionários, realizadas com professores de história. Estes questionários tem o intuito de analisar a compreensão e o nível de debate que os professores de uma determinada escola tem em relação à Proposta Curricular de Santa Catarina, e por último farei a análise de livros didáticos que estes professores utilizam, se estes estão de acordo com que a Proposta propõe. 18 PEREIRA,.2000. p.104 30 3- PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: SUA APLICAÇÃO 3.1 Estudo de caso: Aplicabilidade da Proposta Curricular de Santa Catarina Até neste momento falamos da história da Proposta, de como esta aborda a disciplina de história, até que ponto é um instrumento que vem para auxiliar, de maneira que possa transformar tudo que até então era feito, porém achamos necessário para um melhor entendimento e análise da mesma, fazer um estudo de caso. Nós entendemos que um estudo de caso vem de encontro para esclarecer algumas dúvidas que ao longo da trajetória da pesquisa tenham surgido, mas este não se configura como uma solução para todos os questionamentos que tenham surgido, mas aponta um caminho naquele momento e com um campo muito bem delimitado, pois se trata de um estudo de caso. Então nosso objeto em utilizar esta metodologia, é esclarecer de que maneira os professores da rede estadual de ensino tiveram acesso a Proposta Curricular de Santa Catarina. Como eles entendem esta, e se é possível trabalha - lá na sala de aula, ou se é apenas mais um documento que não tem valor para estes professores. Para tanto elaboramos um questionário com perguntas fechadas, para que professores de uma determinada escola nos respondesse, para que possamos então fazer uma análise, e tentar responder algumas perguntas. Aplicamos o questionário na Escola de Educação Básica Pedro Simon, que se localiza no município de Ermo. Nesta escola funciona ensino fundamental e ensino médio, no total de 500 alunos nos três períodos, matutino, vespertino e noturno. Na disciplina de história temos dois professores que lecionam, e foram com estes que aplicamos o questionário. Ermo é um município que faz parte da AMESC (Associação dos Municípios do Extremo Sul de Santa Catarina), composta por quinze municípios, localizado no Vale de Araranguá. É o menor desta região, possui uma área de 64 km, com cerca de 2990 habitantes. Sua emancipação é recente ocorreu em 19 de setembro de 1993. 31 Quando foi realizado um plebiscito para consultar a população ermense, quanto à emancipação, em que a maioria decidiu pelo sim, e Ermo torna-se município. No ano de 1996 acontecia à primeira eleição municipal, elegendo prefeito e vice prefeito e nove vereadores. No passado foi caminho dos tropeiros que desciam da serra, passava pelo Turvo, Rio Caeté, chegando a Ermo, com destino ao município de Araranguá, na época o maior de toda a região Sul de Santa Catarina, pois seus li metes eram de Passo de Torres até Laguna. A cidade de Ermo teve este nome devido ser um lugar muito deserto e alagadiço, considerado um local pouco habitado. O povoamento teve início em meados do século XIX, por volta de 1888; mesma época que ocorria a colonização no vale de Araranguá. Foi colonizado por açorianos e italianos. A figura1 mostra hoje como esta o centro do município de Ermo, um local pequeno, mas muito receptivo com um povo trabalhador, lutando para a construçãp de uma cidade cada vez melhor. Figura1: Vista do município de Ermo FONTE: Arquivo Pessoal: Liliane Leonardo É um município, cuja, economia está voltada para a agricultura, cultivando, arroz, fumo, como principais produtos agrícolas, mas também com plantações de milho, feijão, entre outras culturas. 32 As escolas municipais são todas de Ensino Fundamental, somente com educação infantil, e 1ª à 4ª serie. Muitas escolas ainda são multisseriadas, e o ensino de História ocorre apenas uma aula por semana. Então optamos em aplicar o questionário apenas na escola do Estado, única no município. Como já mencionado a escola tem como nome, Escola de Educação básica Pedro Simon, pois o doador do terreno foi Pedro Simon, construída no ano de 1956, com o nome de Grupo Escolar Pedro Simon. A escola possui o número de 500 alunos, distribuídos em 10 salas de aula. Estes alunos a maioria cerca de 80% pertence ao meio rural, e os 20% restante pertence à classe média baixa. A escola dispõe de DVD, aparelho de som, retro-projetor, quadros, televisão, ginásio de esportes, auditório, refeitório e uma biblioteca. No quadro de funcionários possui 30 pessoas, sendo que três são serventes, um vigia, um diretor, uma secretária, duas apoio pedagógico, e os 22 restante são professores do ensino fundamental e médio. Os professores todos têm curso superior e pós-graduação. Como já mencionado, a disciplina de história possui 2 professores, a titular, e a segunda professora que também leciona geografia. Temos a professora titular que é Sandra Regina Gobatto Simon, que é efetiva na escola desde 2003. Sua formação é de 1993, em Estudos Sociais, na Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, com Pós-Graduação na área de Geografia, na Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC. A segunda professora na qual foi aplicado o questionário é Maria Terezinha Acordi Bardini. Em 1995 se formou na União das Faculdades de Criciúma, e em 2000 se formou na disciplina de história na Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC . Sendo que é efetiva na escola desde 2006. As respostas das professoras foram muito parecidas, no decorrer dos questionamentos. Para facilitar nossa análise colocarei as perguntas que constam no questionário e depois à resposta de cada uma das professoras, e logo em seguida o comentário a respeito das questões respondidas. Para que possamos identificá-las colocarei resposta (R1), para a professora Sandra e resposta (R2) para a professora Terezinha. As primeiras três perguntas foram apenas para uso de identificação dos professores, pois, ali consta as perguntas de nome, quando se formou, em que instituição se formou, há quanto tempo trabalha na Escola de Educação Básica Pedro Simon. Sendo que estes dados já foram colocados acima do texto. 33 Partiremos então para a quarta pergunta, em que esta se trata especificamente da Proposta Curricular de Santa Catarina. Aqui questiono: Como tiveram acesso a Proposta Curricular de Santa Catarina? As respostas farão as seguintes: R1: Através de cursos de capacitação, no ano de 1999. R2: Na escola que na época da divulgação da Proposta eu lecionava. Porém não houve debate na escola. O que percebemos aqui, é que, de certa maneira o Estado estava preocupado de que forma os educadores teriam acesso a Proposta, pois pela resposta R1, na época houve cursos para que estes fossem preparados para estar utilizando à mesma na sala de aula. Já a resposta R2, demonstra que não houve uma preparação dos professores, com cursos de capacitação, ou seja, a Proposta não foi recebida de maneira homogênea por todos os professores. Na próxima questão, pergunto se existiram debates a cerca do que a Proposta Curricular de Santa Catarina estava trazendo, ou apenas foi mais um documento lançado, mas sem um efetivo debate para que os professores pudessem utiliza - lá? R1: Não houve debates, foi um documento elaborado sem saber se realmente o professor poderia utiliza-lo em sala de aula. R2: Foi apenas um documento lançado. As respostas das duas professoras foram à mesma, ou seja, a Proposta Curricular de Santa Catarina deixou a desejar na questão de acesso aos professores. Porém a contradição na resposta R1, pois, na primeira resposta ela diz que teve curso de capacitação, já na outra resposta diz que não. Neste ponto do questionário, com estas respostas colocadas pelas professoras, observamos que existe uma contradição daquilo que o documento oficial nos diz no caso a Proposta Curricular de Santa Catarina, com aquilo que as professoras responderam, pois, na Proposta, deixa claro que houve um grande debate antes da Proposta ser lançada para que os professores pudessem ser ouvidos, mas não é o que as professoras nos dizem, pois enquanto uma só teve acesso no ano seguinte da seu lançamento, a outra, teve acesso rápido sem discussão na escola. 34 Não queremos disponibilizar de imediato uma edição definitiva, porque entendemos ser de extrema importância que os educadores catarinenses tomem conhecimento dessa edição provisória, e possam dar suas contribuições para que os textos se tornem ainda mais claro, de fácil compreensão e com real possibilidade de servirem como meio para que os educadores possam compreender o processo pedagógico em seus aspectos gerais, bem como na especificidade de sua área do conhecimento, e possam utilizar melhor esta compreensão para realizarem 19 uma efetiva melhoria na qualidade do ensino Agora pergunto: O que você enquanto educador, pensa a respeito da Proposta Curricular de Santa Catarina, a respeito do que ela propõe na disciplina de história? R1: Que a Proposta deixa muito a desejar. R2: Ela deveria esclarecer melhor. Obtivemos respostas curtas, que não esclarecem muito a respeito do que foi perguntado. Pois, a primeira diz que deixa a desejar, mas em quais aspectos, ou seriam em todos os aspectos. Ou talvez nem mesmo o professor, sabe o que a Proposta quer, ou por que para ele não é interessante, ou porque a Proposta nos causa mais dúvidas do que, aponta caminhos, que trarão um resultado satisfatório. É o que percebemos na respostas dois quando, ali está muito claro o sentimento do professor, que não vê a Proposta como algo que possa ajudar, mas que confunde ainda mais. Depois pergunto se as professoras acham viável sua aplicabilidade na sala de aula? R1: Alguma coisa é possível aplicar, mas não por completo. R2: Não. Mais uma vez, vemos que as respostas não são claras, pois o que seria viável? E o que não seria viável? Isto não é colocado de forma clara. Será que este professor utiliza a Proposta na sala de aula? Já a outra nem deixa a possibilidade de utilização. Então qual a utilidade desde documento, que é algo importantíssimo, já que norteia as ações de educação no Estado. Passamos então para a próxima pergunta: Você considera a Proposta Curricular de Santa Catarina ultrapassada? R1: Deveria ser refeita com a participação de todos os professores. Só assim poderia ser utilizada na sua essência. 19 PROPOSTA, 1997. p.7 35 R2: Não diria ultrapassada, mas acho que deveria ser analisada e reformada. Então, vemos que estes dois professores, concordam que a Proposta deveria ser revista, para que de fato possa se tornar um documento que vem ao auxilio dos professores na sala de aula. Para finalizar o questionário pergunto: De que forma a Proposta poderia ser um documento norteador da disciplina de historia? R1: Onde todos pudessem fazer o uso dela por completo. R2: Desde que houvesse um maior comprometimento com quem elabora em passar realmente o que é necessário com a realidade do dia-dia em sala de aula. A primeira resposta é muito vaga, não colocando o ponto de vista do professor, e nem dizendo qual seria a maneira na opinião da mesma a melhor forma de elaborar este documento. Já na segunda observa-se uma crítica aos responsáveis pela elaboração do documento. Pois o professor é o ator principal neste tipo de discussão, mas que muitas vezes é deixado de lado. O que podemos observar nas respostas do questionário foi que, primeiro: A Proposta não consegue dar conta das necessidades do professor na sala de aula. Este é um documento que muitas vezes fica distante da realidade do professor, o que dificulta sua aplicação. Segundo a Proposta pode vir a ser um grande instrumente de ajuda no trabalho do professor, porém é necessário sempre estar promovendo o debate para que os professores tornem-se capazes de utiliza - lá com sabedoria, e extrair deste o que possui de melhor. Pois apesar de todas as falhas que existem, nós não podemos deixar de reconhecer a qualidade à validade do documento, mas é preciso o comprometimento tanto de quem viabiliza a Proposta quanto dos Professores, que as vezes não existe nem de um lado como do outro. A Proposta é um documento que pode tem potencial para contribuir com os professores em sala de aula, mas são necessários alguns ajustes. Para concluir este estudo de caso achamos necessária a análise do livro didático que é utilizado pelas professoras, pois vamos verificar se o livro vem de encontro com aquilo que a Proposta propõe. 36 3.2 Análise do livro didático Para melhor compreender este debate, achamos necessária, a análise do livro didático de história adotado naquela unida escolar. Pois, estes devem ser vistos como coadjuvantes na sala de aula, como mais um dos instrumentos que o professor utiliza e não a única metodologia. Este serve como meio potencializador da função pedagógica, contribuindo com exercícios, seqüência de conteúdos, etc. analisaremos apenas os livros adotados no Ensino Fundamental. Porém, sabemos que os livros didáticos possuem outras funções além das pedagógicas. O livro sempre reflete os valores de quem produz, neste sentido podem funcionar como instrumentos de reprodução ideológica, ou quando ele é bem escolhidos por professores que tenham realmente o entendimento do que a disciplina de história pode contribuir para a formação de pessoas conscientes, desenvolvendo desta forma nos educadandos habilidades, de reflexão e questionamentos dos problemas da realidade social. Por outro lado, o livro didático é uma, mercadoria, e, como esta inserida numa sociedade capitalista, possui seu valor de mercado. Por isso, é necessário um duplo desafio dos autores dos livros, que tem que produzir livros que satisfação às exigências pedagógicas e sociais, satisfazer o mercado consumidor. Portanto o livro didático deve ser escolhido, com critérios rigorosos, para que a escola não seja mais um agente de reprodução dos valores consagrados na sociedade dominante, mas onde se possa contribuir para uma reflexão crítica da realidade, a ponto de concebe-lá concretamente, explica- lá e transforma - lá. Por isso não é apenas conceber a disciplina de história como compreender o passado para melhorar o presente. Não é qualquer compreensão do passado que possibilita ao aluno a compreensão do presente, ou seja, é necessário que o aluno sinta-se historicamente situado. Em outras palavras, a disciplina de história não deve incidir apenas na superfície dos acontecimentos tratando-os como algo estático, dado e acabado. Assim não basta descrever as condições políticas, sociais, econômicas, deste ou daquele período histórico. Torna-se necessário explicar a base real a partir da qual tais condições são concretamente produzidas. Compreendendo os mecanismos de conflitos da qual a realidade histórica esta inserida. 37 Isso implica no abandono de antigos mitos e velhas tradições, em que os acontecimentos históricos são atribuídos a um grande Deus, ou a Grandes homens. A história deve ser concebida como um processo que repousa na relação constante da dinâmica dos homens entre si e a natureza. Que é uma produção cheia de contradições, realizada por todos nós, e não apenas por heróis, ou por classes dominantes, os sempre vencedores. Em torno desta visão elitista, paternalista e autoritária é que os livros didáticos não podem estar edificados, pois esta é uma história sem povo, sem conflitos, sem violência, sem luta de classe, perpetuando mitos cujo fim é formar apóstolos, seguidores de uma única verdade. Portanto esta longe de cumprir seu papel que dela se espera: “capacitar os alunos a compreender a realidade, para aumentar seu domínio sobre ela”. Agora passamos para análise propriamente dita do livro didático adotado na Escola de Educação Básica Pedro Simon. O livro utilizado pelas professoras é do autor Gilberto Cotrim: “Saber e Fazer História: História geral e do Brasil.”, da editora Saraiva, do ano de 2005. Divide-se em 4 volumes, que são de 5º, 6º, 7º e 8º série. A escolha do livro foi feita pelas professoras, por já estarem acostumadas com o livro de edições anteriores. Analisaremos todos os volumes, contrapondo com que a Proposta Curricular de Santa Catarina nos propõe. Numa primeira verificação observamos que este é um livro que traz a divisão da história de forma tradicional, ainda baseada na história da Europa. Existem algumas inovações como oficina de história, na verdade são perguntas para que o aluno responda ou mesmo trabalho com recortes de jornais revistas, entrevista com pessoas idosas ou da família, pesquisa na internet. Trabalha também com documentos de alguns historiadores que falam sobre o assunto que esta sendo estudado. Trabalha com mapas, imagens, etc. A partir de agora vamos analisar cada volume, começando com o volume da 5º série, que é dividido em capítulos, passando pelos conteúdos da pré-história, primeiras civilizações e antiguidade clássica, trabalhando os primeiros povoadores do Brasil, que é visto em um único capítulo, então como podemos observar é uma divisão que segue o modelo da história tradicional, com alguma as coisas novas, pois trabalho dentro de cada capítulo a vida cotidiana de cada povo. Quais os temas que o livro aborda: Refletindo sobre a História; Tempo e História; 38 Origem Humana; As Primeiras Sociedades; Primeiros Povos no Brasil; Povos da Mesopotâmia; Egípcios; Hebreus, Fenícios e Persas; Gregos (I); Gregos (II); Romanos (I); Romanos (II). Vejamos o que a Proposta Curricular de Santa Catarina nos aponta: [...] podemos indicar para a 5ª série a “Diversidade Étnico-cultural” de Santa Catarina...Este mosaico de formações culturais nos remete a história do lugar em relação as regiões originarias destes conjuntos sociais e para os diferentes momentos históricos referenciados pelo confronto destas culturas. Deste modo a história de Santa Catarina se entrecruza com a 20 história nacional e com varias regiões do planeta Como podemos verificar o livro nem se quer trabalha com a história de Santa Catarina, pois a Proposta propõe que partimos de uma história local para depois passar para história mundial, e é muito diferente do que o livro traz. Ele começa falando das grandes civilizações que se desenvolveram na Europa, Ásia fala somente do Egito na África e utiliza só um capítulo para falar dos índios no Brasil. Segundo Maria de Fátima Rodrigues Pereira (1998), em seu livro, Concepções de história dentro da Proposta Curricular de Santa , quando esta escolhe estes conteúdos para a 5ª serie, a mesma beira a antropologia. Passamos então para a análise do segundo volume, o livro da 6ª série, que aborda o feudalismo, modernidade Européia e Brasil Colônia: Este traz em seu índice os seguintes conteúdos: Reinos Germânicos e Império Carolíngio; A Sociedade Medieval; A cultura Medieval e a influencia do Cristianismo; Império Bizâncio Mundo Islâmico ]Expansão Européia e Conquista da América; 20 SANTA,1998. p.165 39 Impacto da Conquista; Renascimento; Reformas Religiosas; Mercantilismo e Sistema Colonial; Colonização do Brasil; Administração Colonial: Estado e Igreja Católica; Açúcar, Escravos e Mercado Interno; Escravidão Africana; Domínio Espanhol e Brasil holandês; Expansão territorial e seus conflitos; Mineração. Primeiro ponto que podemos observar é a maneira como se coloca já no índice, a chegado dos Europeus na América. Esta colocada, como uma conquista, porém todos nós sabemos que não foi uma conquista e sim uma tomada das terras indígenas, com muitas lutas. Os europeus utilizando de armas de fogo, doenças e exploração dos nossos indígenas. A Proposta Curricular de Santa Catarina traz como sugestão: Na 6ª serie pode-se elencar como tema central a ocupação territorial e os vários conflitos fundiários. Partindo-se da ação coordenada da luta pala terra no momento atual, recuperar a história dos conflitos que tem origem na ação missionária sobre os indígenas e que se prolonga nos vários enfrentamentos que se produziram e ainda permanecem presentes nessa 21 região. A partir desta citação podemos concluir que mais uma vez o livro não esta de acordo com aquilo que a Proposta Curricular de Santa Catarina, nos traz como sugestão. Pois a abordagem da Proposta está voltada para uma história regional. Não podemos nunca nos esquecer que o ensino de história deve proporcionar ferramentas para a construção de uma compreensão do mundo e desenvolver uma consciência histórica. O penúltimo volume é o livro da 7ª série que aborda a consolidação do capitalismo e Brasil Império. Trazendo como temas principais: Antigo Regime; A Revolução Francesa; Pensamento Liberal e Despotismo esclarecido; 21 Ibidem, p.165,166. 40 Revolução Industrial; A Formação dos Estados Unidos; Revolução Francesa; Era Napoleônica e Congresso de Viena: Independência das Colônias da América Espanhola e do Haiti; Independência Política do Brasil; Revoluções Liberais, Nacionalismo e Unificações; Expansão do Imperialismo; América no século XIX; Brasil: O jogo Político no Primeiro reinado; Brasil: o Período Regencial; Brasil: Segundo Reinado; A crise do Império. Bem na 7ª série a Proposta Curricular de Santa Catarina, mais uma vez aponta para estudos regionais e culturais, o que de certa maneira, pode facilitar o trabalho do professor na sala de aula, pois a chamada História Local é uma abordagem que torna bastante viável o estudo de conteúdos conceituais, por meio do acesso a fontes diversas, porque é possível visitar acervos e arquivos, entrevistar pessoas e observar as pistas deixadas pelas gerações no espaço/ tempo. A dimensão local, neste sentido, apontaria para uma construção de cidadania por meio da consolidação da consciência histórica, ou seja, percebe-se que o individuo esta inserido na história, que também tal cidadania ganha significado coletivo com o sentimento de participação coletiva da sociedade, entendendo desta maneira que todos somos sujeitos histórico. Porém a Proposta Curricular de Santa Catarina traz a história local como principal pano de fundo, mas o que ela propõe esta muito mais ligada à cultura do povo, o que de certa maneira é também relevante, mas como isto é colocado deixa de lado questões históricas mais importantes para o educando na construção de uma cidadania. Vejamos o que ela traz: Na 7ª serie, o tema da cultura pode nos permitir o trabalho de reconhecimento e análise das varias tipologias culturais em vários momentos históricos. Pela música, literatura, artes plásticas, cinema, pode22 se recuperar a produção cultural de Santa Catarina, brasileira e mundial 22 Ibidem, p.166 41 Esta abordagem, que a Proposta propõe, se distância muito do campo da história, talvez estes seriam temas para serem trabalhados em conjunto com outras disciplinas, e não o tema central para estudo de história. Verificaremos agora o último volume, ou seja, a 8ª série, que aborda os seguintes temas: Mundo contemporâneo e Brasil Republica. Com os seguintes temas: Brasil: Consolidação da República; Primeira Guerra Mundial; Revolução Russa; Brasil: Primeira República; Brasil: Revoltas na Primeira República; Crises Capitalistas e Regimes Autoritários; Segunda Guerra Mundial; Pós-Guerra; Brasil: Período Getulista; Brasil: Período democrático; Descolonização Afro-Asiática e conflitos Árabe-Israelenses; Ricos e Pobres na globalização Mundial; Revoluções e crise do Socialismo; Regime militar no Brasil; Brasil Contemporâneo. Assim se encerra o ensino fundamental, mas uma vez o livro didático analisado não vem ao encontro do que a Proposta aborda como temas centrais. Na 8ª série, pode-se finalmente buscar uma nova síntese, escolhendo-se o tema das relações sociais de produção. Para isto o estudo e a comparação das sociedades escravistas antigas e modernas permitirão o entendimento das singularidades das formações econômicas, sociais e políticas como 23 totalidades abertas e em movimento O que podemos destacar da Proposta Curricular de Santa Catarina é que ela tenta superar a história tradicional e positivista, e é esta essência que os educadores devem absorver, quando fazem uso da Proposta. Percebemos que algumas coisas são inviáveis, mas outras nos apontam caminhos diferentes, que podem trazer para a sala de aula resultados melhores. 23 Ibidem, p.166 42 É claro que é necessário a superação do discurso por parte da Proposta Curricular de Santa Catarina, pois em seus eixos norteadores aborda o materialismo histórico, porém não é o que vemos no decorrer dos discursos propostos. O que podemos concluir da análise realizada neste livro didático é que não vem ao encontro daquilo que a Proposta Curricular de Santa Catarina propõe, pois nos conteúdos programáticos que a Proposta aborda, esta se remete a uma história temática, trazendo também aspectos da história de Santa Catarina, o que já analisamos quando falamos da disciplina de história dentro da Proposta curricular, mas o que vimos no livro didático que foi adotado é, que este não contribui com o que a Proposta traz, e aborda em seus temas sugeridos. É necessário termos consciência que vivemos na era do conhecimento, pois estamos na era da globalização das tecnologias e telecomunicações, e portanto existe muito mais informações nesta era do que propriamente o conhecimento, então nós professores precisamos estar preparados para lidar com isso, ou perderemos nossos alunos para um computador por exemplo. Mas por que falo isto agora? Por que é necessário o engajamento de todos os setores da educação, para fazermos uma educação de qualidade. E esta qualidade perpassa por um bom entendimento de nossos instrumentos de trabalho, no caso aqui a nossa Proposta Curricular de Santa Catarina nosso documento norteador, pois dali sairá à base de nossas ações. E os suportes teóricos que vamos utilizar no caso o livro didático, mas sempre atento que este não é o único meio de mediação do professor com o aluno., e necessário que o educador faca varias mediações para que os educandos possam internalizar os conteúdos de maneira mais proveitosa. Para concluir então falarei de um dos objetivos que coloquei na introdução deste trabalho, que era a respeito da formulação da Proposta Curricular de Santa Catarina, no se objetivo que é a superação de uma história tradicional e simplista. Porém com o material que temos em mãos nossa resposta, seria que ainda existe um caminho muito ardo a ser seguido. 43 4 CONCLUSÃO O debate foi feito, algumas perguntas foram lançadas, algumas respostas conseguimos elaborar, talvez não com aquilo que esperávamos, mas é isso ai que no momento possuímos. A Proposta Curricular de Santa Catarina é sem dúvida um marco na educação do Estado, pois ela vem com novas abordagens tentando deixar para traz a historia tradicional. É um documento que surge dentro de um contexto histórico muito difícil para o nosso país, porém traz muitas outras possibilidades que até então não tínhamos acesso a elas. Essas novas possibilidades vêm no intuito de transformar a educação em algo que liberte todos nos. O que podemos analisar é que a Proposta Curricular de Santa Catarina possui alguns limites e contradições. Os limites estão no âmbito que esta não conseguiu ultrapassar a fronteira do papel, ou seja, é apenas mais um documento, que como podemos verificar ficou esquecido na gaveta, e hoje não é mais utilizado como meio provocador de debates. Ou seja, permaneceu apenas no discurso, coisa que não deveria ter ocorrido, pois esta, è uma maneira diferente de pensar a educação. Algo que atualmente ainda e necessário mudar, a forma de lidarmos com educação, e principalmente aqui a disciplina de história, que e nosso maior objetivo, pois ainda estamos atrelados com um ensino de história tradicional, coisa que já deveríamos ter superado a muito tempo. As contradições estão no campo das teorias da qual a Proposta é sustentada. Vimos que pela análise que foi feita esta se contradiz quando aborda as teorias, muitas vezes confundindo muito mais que esclarecendo. Pois há uma mistura de campos teóricos principalmente, na disciplina de história a qual foi analisada mais a fundo. Um outro problema que podemos perceber foi o distanciamento dos professores da rede estadual, em relação à Proposta Curricular de Santa Catarina, pois esta não tem mais representatividade, perante estes profissionais. Hoje ela é um documento que há muito tempo foi lançado e não contribui mais com o educador em seus planejamentos para a sala de aula. O que se configura, em um descaso com um documento tão importante, ou que pelo menos deveria ser. 44 Porém sabemos que a Proposta Curricular de Santa Catarina precisa ser revista e debatida, pois os educadores de maneira geral estão carentes de documentos que possam auxiliar na elaboração de planejamentos. Mas e necessário que haja um imenso engajamento, em todos possam participar e contribuir no processo. No entanto é necessária a busca constante de debates para que possamos promover uma educação com qualidade, e um maior envolvimento de nós professores com nosso papel de educador. A Proposta esta ai, e necessário nos debruçarmos neste documento para que ele se constitua em uma maneira de melhorarmos nosso trabalho como pessoas formadoras de opinião. 45 REFERÊNCIA AURAS, Gladys Mary Teive. Modernização econômica e formação do professor em Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 1997. 123 p. BARROS, José D’ Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004. 222 p. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Nacionais: história. Brasília MECSEF, 1998, p.20 Parâmetros curriculares BITENCOURT, Circe(org). O saber histórico na sala de aula. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1998. 150 p. CARDOSO, Ciro Flamarion S, BRIGNOLI, Héctor Perez. Tradução: João Maia. Os Métodos da História. 3. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1983. 528 p. CLADIOU, François...[ et al]; tradução de Gisele Unti. Como se faz História: historiografia, método e pesquisa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. 251 p. COTRIM, Gilberto. Saber e fazer história: história geral e do Brasil. 3. ed.rev. vol 1. São Paulo: Saraiva, 2005. 98p. _______, Gilberto. Saber e fazer história: história geral e do Brasil. 3. ed.rev. vol 2. São Paulo: Saraiva, 2005. 98p. _______, Gilberto. Saber e Fazer História: História Geral e do Brasil. 3. ed.rev. vol 3. São Paulo: Saraiva, 2005. 108p. _______, Gilberto. Saber e fazer história: história geral e do Brasil. 3. ed.rev. vol 4. São Paulo: Saraiva, 2005. 120p. ESCOLA de Educação Básica Pedro Simon. Ermo Recontando Sua História. Florianópolis. SC. Universidade Federal de Santa Catarina. 2006. pag126 JENKINS, Keith. Tradução de Mario Vilela. A História Repensada. São Paulo: Contexto, 2001. 120 p. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsk: aprendizagem e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo. Scipine. 1997. 103 p. PEREIRA, Maria de Fátima Rodrigues. Concepções de história proposta curricular de Santa Catarina. Chapecó: Universitária. 2000. 104 p. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 4 ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1997. 96 p SECRETARIA de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Historia. MEC/SEF, 1998. 98 p. 46 ESTADO de Santa Catarina. Secretária de Estado da Educação Coordenadoria de Ensino. Uma Contribuição para a escola publica do pré-escolar, 1º grau, 2º grau e educação de adultos. Florianópolis: IOESC, 1991. 89 p. SANTA Catarina, Secretaria de Estado da Educação e do Desporto .Proposta Curricular de Santa Catarina: Versão preliminar. Florianopolis 1997. 120 p. _______, Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta Curricular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Florianópolis: COGEN, 1998. 166 p. 47 ANEXO 48 QUESTIONÁRIO. 1) Nome do professor. 2) Qual disciplina leciona? 3) Instituição que trabalha? 4) Em que ano se formou e qual a instituição que se formou? 5) Conhece a Proposta Curricular de Santa Catarina de 1998? Como teve acesso a ela? 6) O que você enquanto educador, pensa a respeito do que ela propõe na disciplina de historia?. 7) Existiu debates acerca do que a Proposta propõe, ou apenas foi mais um documento lançado mas não houve debate para que os professores pudessem de fato a utiliza-la? 8) Você acha viável sua aplicabilidade na sala de aula? 9) Você considera a Proposta ultrapassada? 10) De que forma esta poderia ser um documento norteador da disciplina de história? 11) Qual livro didático utiliza atualmente? Por quê?