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QuE É A VIDA
NO ESPÍRITO?
ESTUDO 46
Leituras diárias
Texto bíblico: Romanos 8
Texto básico: Romanos 8.9-17
Texto áureo: Romanos 8.14
Será verdade que o capítulo 7 de
Romanos é o perfil de Paulo sem a conversão e o capítulo 8 apresenta sua nova
imagem? Já li um pequeno livro em que
o autor nega a existência de crente carnal. Ou a pessoa é espiritual ou não é
crente. Sem tomar espaço e tempo com
outras instruções bíblicas sobre a questão, é bom ter em mente que o conflito
do apóstolo com o pecado (lição anterior) ocorre na época em que ele escreve, quando já é “servo de Jesus Cristo”.
Qual o cristão que não experimenta fraquezas, pelo menos em momentos? Certamente Rm 8 apresenta o Paulo triunfante sobre as fragilidades registradas no
capítulo anterior. Um crescimento.
Tenhamos consciência de que somos
salvos da condenação do pecado, mas
não da presença do pecado. A redenção
de nosso corpo está ainda incompleta.
Falta-nos a glorificação. Temos que viver
na carne, até que nos libertemos dessa
limitação humana. Mas viver na carne não
é o mesmo que andar segundo a carne.
Pode-se viver na carne e andar no Espírito.
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Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Rm 8.1-4
Rm 8.5-9
Rm 8.10-13
Rm 8.14-17
Rm 8.18-23
Rm 8.24-28
Gl 5.25
Que é a vida no Espírito?
É VIDA SOB UMA NOVA LEI - Rm 8.
9-11
Na lição anterior, a lei perdeu o domínio sobre o crente. Que lei é essa? É a lei
que só poderia justificar pelas obras; a lei
que exigia do homem justiça própria; a
lei usada como instrumento de morte.
Está o crente sem lei? Não passou a
pertencer a outro Amo, que é o Senhor
Jesus? E há centenas de mandamentos
seus nos Evangelhos. Dr. William Caray
Taylor publicou, há muitos anos, o livro
intitulado Os Mandamentos de Jesus,
em que faz referência a quase 500 ensinos do Mestre em forma de leis do Reino.
Em Rm 8.2, Paulo menciona “a lei do Espírito da vida”. O Espírito é vida e faz no
homem uma fonte de vida (Jo 7.38,39).
As seguintes observações podem
ajudar:
1. A habitação do Espírito Santo no
crente significa o rompimento com a carne (sentido ético), a fim de pertencer a
Cristo e viver para ele (Gl 2.20). A carne
ROMANOS - A GRAÇ A CUMPRE A LEI |
tem suas ordens tiranas, seus impulsos
descontrolados, suas exigências descabidas. Crucificado com Cristo, o crente morre para o pecado que está em seus membros. Seu corpo se santifica, deixa de ser
morada do pecado, para ser santuário do
Espírito. Ou isso acontece ou “esse tal não
é dele” (v.9).
2. O corpo, sem a redenção final e
completa, continua carecendo de mortificação, porque favorece a vida “na carne”, e a vida cristã há de ser “no Espírito”
(v.9). A luta da carne contra o Espírito é
referida em Gl 5. 16-26; e Cl 3.5 recomenda que sejam exterminadas (mortificadas) as “inclinações carnais”.
3. A vitória dessa vida no Espírito depende da presença de Cristo, na íntima
relação que permite mortificar o corpo
em benefício do espírito (v. 10). Esse corpo é vivificado pelo Espírito, que é recurso divino para mortificar as obras pecaminosas (v.13). Ele nos disciplina com
suas santas leis. Nosso corpo assume um
novo valor e passa a glorificar a Deus (I Co
6.20; II Co 4.10).
Aplicação a sua vida. O corpo serve ao
mal e ao bem. Relacione coisas boas que
a Bíblia diz sobre o corpo e aplique-as a
seu corpo.
É VIDA DE NOVOS COMPROMISSOS Rm 8.12,13)
“Somos devedores” (v.12). Temos um
compromisso, mas não com a carne,
como se estivéssemos ainda com os
padrões do antigo senhor. Cristo nos
arrebatou das garras do pecado. Foi o
resgate. O pecado quer recuperar o que
perdeu, mas terminou nosso relacionamento com ele. Não podemos mais servilo. Na verdade, o pecado é um senhor
arbitrário, intruso, explorador, déspota,
malvado. Lamentavelmente, ele é que
consegue maior número de servos, e
com inúmeros compromissos.
A pergunta de Paulo em Rm 6.2 aponta um absurdo no compromisso com
o pecado, da parte de quem já morreu
para ele. Romanos 12.1e 2 desafia os
crentes com o altar de Deus. “Viver segundo a carne” é compromisso passado,
é vida inferior, mesquinha, humilhante,
derrotista. Preciosas instruções bíblicas
sobre o Espírito Santo podem resumir-se
assim:
1. Sua operação inicial gera a nova
criatura em Cristo. É o novo nascimento
ou regeneração. Bem diferente de nascer
da carne (Jo 3.6).
2. Essa nova criatura (novo homem)
faz contraste com o “velho homem”(Rm
6.6; Ef 4.22-24). Começa uma nova vida.
Quem deve conduzir o novo ser é aquele
que o gerou --o próprio Espírito. Deixando-se guiar por ele, o homem se identifica como filho de Deus (Rm 8.14).
3. Conhecendo as fraquezas humanas, o Espírito ajuda a superar os tropeços do caminho, firmando os pés, propiciando o equilíbrio. É a imaturidade, ou
mesmo a infância espiritual carecendo
de acompanhamento (I Co 3.1-3). São
as obras da carne (Gl 5.19-21). Produzir
o fruto do Espírito é o que se espera do
cristão (Gl 5.22). Compromisso que o próprio Espírito ajuda a saldar.
Aplicação a sua vida. A vida no Espírito envolve compromissos sérios. Que
compromissos você tem assumido?
É VIDA DE SEGURANÇA PERMANENTE
- Rm 8.14-17
O privilégio da vida no Espírito inclui a segurança cristã sob três aspectos:
RE F LE XÕE S B ÍB LIC AS
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1. Posição de filhos (vv. 14,15). Filhos
em lugar de escravos. O pecador, “vendido sob o pecado” (Rm 7.14) ou “vendido como escravo do pecado”, ou ainda
“levado cativo à lei do pecado”, encontra
a mão amiga que o liberta. Os termos
resgate e adoção (também justificação)
eram conhecidos nos tribunais da época.
Tomados por escritores bíblicos, passam
a fazer parte do numeroso vocabulário
da segurança cristã. Cessa o comércio
com esse escravo de paixões carnais, vítima de angustiante instabilidade e temor.
Encontra, afinal, um guia pelo caminho,
um redentor que é Pai, com quem entra
em comunhão.
2. O testemunho do Espírito (v.16). Não
apenas testifica ao nosso espírito, mas
com o nosso espírito. É mais do que uma
informação que vem de fora, porque o
testemunho do Espírito coincide com a
nossa convicção. Ele está na experiência
dos crentes.
3. Posição de herdeiros (v.17). É direito
de filhos. Herdeiros de quê? De seu reino,
que distribui riquezas espirituais aqui e
na eternidade. Somos co-herdeiros daquele que é “o primogênito entre muitos irmãos” (v.29). Parte dessa herança
virá depois. Há um preço a pagar? O v.
17 menciona a participação dos crentes
nos sofrimentos de Cristo: “(...) se é que
com ele padecemos”. Aos Colossenses,
o apóstolo declara: “(...) cumpro na minha
carne o que resta das aflições de Cristo, por
amor do seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24).
Curioso, não acha? O sofrimento redentor de Cristo na cruz foi completo, suficiente. Nada a esse sofrimento as aflições
de Paulo podiam acrescentar. Nem as
dele nem as nossas. Mas Cristo continua
sofrendo por meio de sua igreja, ao longo dos séculos de lutas e perseguições.
A igreja não é seu corpo? Resta, portanto, a cada crente assumir com ele essas
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dores. Pedro sugere: “Regozijai-vos por
serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação de sua
glória vos regozijeis e exulteis” (I Pe 4.13).
Veja ainda Jo 12.24-26; Mt 16.24,25; II Tm
2.12. Que O Senhor da igreja ainda sofre
por ela não há dúvida. Basta recordar sua
pergunta a um perseguidor dos crentes:
“Saulo, Saulo, por que me persegues? (At
9.4). Maltratar os seguidores de Jesus é
maltratar o próprio Jesus. É fazê-lo sofrer.
Sobre essa identificação de Cristo com
seus discípulos (chamados de irmãos
em Mt 25.40 ),confira também Mt 25.4145. Sendo assim, a honrosa posição de
co-herdeiros de Cristo envolve padecimentos dos cristãos com ele, antes da
glorificação com ele, conforme o v. 17 do
texto em estudo. Estamos dispostos?
Aplicação a sua vida. Á luz de 1Pedro
4.13, de que modo você pode ser participante nos sofrimentos de Cristo?
PARA SUA REFLEXÃO
1. Você tem sido vítima de inclinações
carnais? Como tem agido nesses momentos perigosos? A leitura bíblica, a
oração, o culto, o trabalho na Causa
representam recursos a sua disposição, em benefício de sua firmeza e
vitória? Você os tem usado com proveito?
2. Reflita ainda sobre estas considerações dos comentaristas Jamieson,
Fausset e Brown: “Se a religião de alguém não melhora seus princípios
morais, suas deficiências morais
corrompem sua religião. A chuva
que cai pura do céu não continuará
pura, se é recebida em receptáculo
sujo” ( Comentário Exegetico y Explicativo de la Biblia )
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