AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DO TENDÃO DE RATOS EM MODELO EXPERIMENTAL
DE TENDINITE SOB AÇÃO DO LED E ULTRASSOM PELA ESPECTROSCOPIA
RAMAN DISPERSIVA
Manoel de Jesus Moura Júnior1,2, Antônio Luis Martins Maia Filho 2, Jeferson de
Sousa Justino2, Matheus dos Santos Andrade2, Landulfo Silveira Jr.3
1,3
Instituto de Engenharia Biomédica, Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO, Estr. Dr. Altino
Bondesan, 500, São José dos Campos, SP, 12247-016, Fone: (12) 3905 4648
2
Faculdade Santo Agostinho - FSA, Av. Valter Alencar, 665, Teresina, PI, 64019-625, Fone: (86) 3215 8700
1
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Resumo- Considerando que estudos indicam que o ultrassom terapêutico (US) acelera as reparações
tendinosas e que o LED promove aumento no número de fibroblastos e da síntese de colágeno, este estudo
visou utilizar a espectroscopia Raman para identificar a ação antiinflamatória das terapias utilizando LED em
625 nm e em 945 nm e UST, em modelo experimental de tendinite. Foram utilizados 45 ratos Wistar (220 250g), divididos em 4 grupos, e dois tempos experimentais (7 e 14 dias). A indução da tendinite foi realizada
com injeção intratendínea de 10µL de colagenase. A análise das intensidades dos picos Raman mostrou
aumento na intensidade dos picos Raman entre 1250 e 1460 cm -1, para os grupos US e LED 625 nm em
relação ao grupo controle.
Palavras-chave: Tendinite, LED, ultrassom, terapia com luz de baixa intensidade
Área do Conhecimento: Fisioterapia
Introdução
A tendinite é uma condição inflamatória do
tendão agredido e o processo inflamatório agudo é
a condição fisiológica do processo de reparação
tecidual, entretanto, muitas vezes esse processo é
exagerado e pode acarretar complicações,
prejudicando a qualidade do tecido em reparação
(CONTRAN; KUMAR; ROBBINS, 2005).
A onda ultrassônica é transmitida por um
transdutor menor que o cabeçote que o contém.
Quanto a onda do ultrassom penetra no corpo,
pode ocorrer um efeito nas células e tecidos por
dois mecanismos físicos: térmico e não térmico
(KITCHEN, 2003).O LED é uma fonte de luz
incoerente e contínua com alta eficiência
luminescente e baixo custo, produzido por um
diodo semicondutor que, quando ligado, emite luz
que situa-se na região desde o azul até o
infravermelho
próximo
do
espectro
eletromagnético (MAVROPOULOS et al., 2005).
A espectroscopia Raman é uma técnica óptica
(SALA, 1995) e que pode fornecer uma estimativa
das alterações relacionadas com compostos
orgânicos e inorgânicos na região de inserção do
tendão, usando a informação espectral fornecida
pelos picos Raman das proteínas e da matriz
mineral inorgânica (WOPENKA et al., 2008).
Tendo em vista a pequena quantidade de
estudos comparando o uso do LED e do ultrassom
na reparação tendínea, e pela necessidade de
terapias alternativas para auxilio deste processo,
este estudo pretendeu comparar a composição
bioquímica do tendão de ratos em modelo
experimental de tendinite sob ação do LED e
ultrassom em modelo experimental de tendinite
utilizando a espectroscopia Raman.
Metodologia
Comitê de Ética: Para realização do
experimento foi observado às premissas do
Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
(COBEA) sendo aprovado sob o protocolo
CEP-UESPI 007/11.
Animais: Neste estudo foram utilizados 45 ratos
machos Wistar pesando entre 220 - 250 g. Os
animais foram mantidos em gaiolas com água e
ração ad libitum.
Indução da Tendinite Experimental: Os animais
foram anestesiados com cetamina (100 mg/kg,
i.p.) e xilazina (20 mg/kg, i.p.) e posteriormente
submetidos à indução da tendinite.
Grupos Experimentais: Foram utilizados 5
animais para cada grupo experimental.
No grupo experimental 1, os animais foram
avaliados 7 dias após a indução da tendinite.
Grupo Experimental 1:
A - Controle
B1 - Grupo Tendinite
C1 - Grupo Tendinite + LED 625 nm
D1 - Grupo Tendinite + LED 945 nm
E1 - Grupo Tendinite + US
Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco
317
No grupo experimental 2, os animais foram
avaliados 14 dias após a indução da tendinite.
Grupo experimental 2:
B2 - Grupo Tendinite
C2 - Grupo Tendinite + LED 625 nm
D2 - Grupo Tendinite + LED 945 nm
E2 - Grupo Tendinite + US
Tratamento com LED: O procedimento
terapêutico com LED teve inicio 24 h após a
indução da tendinite e foi repetido a cada 24 h. A
dosimetria utilizada na LED terapia foi de 4 J/cm2,
comprimento de onda de 625 nm e 945 nm.
Tratamento com ultrassom: Para o experimento
utilizou um aparelho de ultrassom com os
seguintes parâmetros: modo pulsado a 10%,
frequência de 100 Hz, intensidade de 0,5 W/cm 2
(CUNHA; PARIZOTTOM; VIDAL, 2001)
Espectroscopia Raman Dispersiva: Foi utilizado
um espectrômetro Raman dispersivo de alta
resolução com excitação em 830 nm. Foram
coletados 5 espectros em cada tendão. Os
espectros dos tendões foram filtrados para
remoção da fluorescência de fundo e a média de
cada grupo foi determinada.
Análise Estatística: Os resultados qualitativos
(remodelação tecidual) e quantitativos (contagem
de fibroblastos, colágenos e células sanguíneas),
serão avaliados quanto ao coeficiente de variação
e a distribuição amostral para determinação do
melhor teste estatístico (SILVA, 2005).
Resultados e Discussão
A Figura 1 (abaixo) mostra os espectros
médios dos diferentes grupos experimentais.
Estes espectros apresentam picos em posições
que são característicos de proteínas estruturais
(principalmente colágeno).
2400
Intensidade (u.a.)
1900
1400
CTR7
L_IR7
900
L_VIS7
400
US7
A Figura 1 mostra que existem diferenças, para
os grupos US e L_VI em relação ao grupo CTR,
nos picos entre 800 e 1000 cm -1, atribuídos à
prolina/hidroxiprolina do colágeno e picos entre
1250 e 1320 cm-1, atribuídos à amida III também
do colágeno. O pico em 1450 cm-1 também possui
diferenças entre os grupos, este pico sendo
atribuído ás vibrações dos grupos CH2/CH3 das
proteínas.
Estas diferenças relacionam-se principalmente
ao tipo de colágeno presente nas estruturas em
processo de reparação sob ação do laser
(colágenos I e III) e serão avaliadas com o intuito
de verificar sua correlação com as alterações
quantitativas (fibroblastos e colágeno).
Conclusão
A espectroscopia Raman dispersiva foi utilizada
com o objetivo de quantificar a tendinite,
caracterizada pela fibroplasia e alteração na
estrutura colágena das lesões. Verificou-se
diferenças nas intensidades dos picos de
colágeno, o que sugere que diferenças no tipo de
colágeno está correlacionado com a reparação.
Referências
- CONTRAN, R.S.; KUMAR, V.; ROBBINS, S.L.
Fundamentos de Robbins: Patologia Estrutural e
Funcional. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.
- CUNHA, A.; PARIZOTTO, N.A.; VIDAL, B.C. The
effect of therapeutic ultrasound on repair of the
achilles tendon (tendo calcaneus) of the rat.
Ultrasound Med. Biol. 27(12): 1691-1696, 2001.
- KITCHEN, S. Eletroterapia prática baseada em
evidências. 11. ed. São Paulo: Manole, 2003.
MAVROPOULOS, A.; et al. Light curing time
reduction: in vitro evaluation of new intensive lightemitting diode curing units. Eur. J. Orthod. 27: 408412, 2005.
-100
-600
400
600
800
1000
1200
1400
1600
- SALA, O. Fundamentos da Espectroscopia
Raman e no Infravermelho. São Paulo. Editora
UNESP, 1995.
1800
Deslocamento Raman (cm-1)
2600
Intensidade (u.a.)
2100
1600
CTR14
1100
L_IR14
L_VIS14
600
US14
100
-400
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Deslocamento Raman (cm-1)
Figura 1- Espectros Raman dos grupos de
tratamento: CTR - controle; L_VIS - LED visível
(625 nm); L_IR - LED infravermelho (945 nm); US ultrassom, em 7 e 14 dias.
- SILVA,
E.J.
Espectroscopia
Ramam
e
Histopatologia Clásica na Avaliação de Tendinite
Induzida por Colagenase em Ratos Wister.
Dissertação (Promoção de Saúde) Universidade
de França, 2005.
- WOPENKA, B.; et al. The tendon-to-bone
transition of the rotator cuff: a preliminary Raman
spectroscopic study documenting the gradual
mineralization across the insertion in rat tissue
samples. Appl. Spectrosc. 62: 1285-1294, 2008.
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