GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS SOCIAIS
Lujan de Cássia Agostinho1, Isabel Cristina dos Santos2
1
Pós-graduanda do curso de Especialização em Gerência de Recursos Humanos da Universidade de
Taubaté/Departamento de Economia, Contabilidade, Administração, R. Expedicionário Ernesto Pereira, 99,
Taubaté/SP, [email protected]
2
Orientadora e Professora do curso de Especialização em Gerência de Recursos Humanos da
Universidade de Taubaté/Departamento Departamento de Economia, Contabilidade, Administração
[email protected]
Resumo - Estudos sobre o Terceiro Setor apontam para a necessidade de sua profissionalização, o que
demanda uma visão mais ampla que permita a adoção de práticas administrativas capazes de delinear os
processos de gestão em empreendimentos sociais, que se contraponham ao amadorismo em organizações
dessa natureza. A presente pesquisa, ainda em desenvolvimento, tem como objetivo discutir a gestão de
empreendimentos sociais, a partir das funções gerenciais apontadas pela Ciência Administrativa: planejar,
organizar, dirigir e controlar. Trata-se de um estudo de campo, de abordagem predominantemente
qualitativa. Os resultados preliminares apontam para a gestão profissionalizada como fator relevante a ser
considerado em organizações que pretendem maximizar os resultados de projetos e programas por elas
desenvolvidos e que podem representar verdadeiras soluções sociais (bens sociais).
Palavras-chave: Empreendedorismo social. Terceiro Setor. Gestão do Empreendimento.
Profissionalização.
Área do Conhecimento: VI - Ciências Sociais Aplicadas.
Introdução
O Terceiro Setor tem despertado o interesse de
pesquisadores devido ao impacto social de suas
organizações.
(HOROCHOVSKI,
OZONATO,
ROSSONI,
2006).
Contudo,
os
estudos
acadêmicos
sobre
o
tema
apresentam
divergências sobre os conceitos que buscam
definir o que é terceiro setor e o que seria
pertinente ao seu campo de atuação que se dá no
âmbito social.
Ao abordar tais organizações, verifica-se o
fenômeno do empreendedorismo social que difere
das formas tradicionais de gestão de projetos
sociais.
Para Dami et al (2006), o diferencial do
empreendedorismo social está no fato das ações
serem apoiadas na busca e na experimentação de
formas flexíveis e inovadoras de ação e solução
para o enfrentamento dos problemas sociais e que
por isso, deve haver o aperfeiçoamento de
instrumentos de trabalho e construção de
mecanismos de auto-sustentação financeira e
social.
A literatura sobre o Terceiro Setor também traz
questões como a da gestão de empreendimentos
sociais, o que leva à reflexão sobre a importância
do papel do gestor desse tipo de instituição.
Segundo Dobbs e Nanus (2000), a
responsabilidade de quem lidera está no
proporcionar a inspiração, o direcionamento e a
orientação estratégica para que a organização
tenha condições de cumprir sua missão, avançar e
fazer a diferença.
De acordo com Albuquerque (2006), o gestor é
o principal responsável, porém não o único, pela
facilitação e mediação da gestão (desenho,
execução e avaliação). Contudo, cabe a ele
garantir o alcance dos resultados por meio de uma
melhor gestão dos recursos. Essa afirmativa
remete às funções gerenciais. Por isso, esta
pesquisa se propõe a discutir a gestão de
empreendimentos sociais a partir das funções
gerenciais apontadas pela Ciência Administrativa:
planejar, organizar, dirigir e controlar.
Metodologia
A pesquisa em desenvolvimento é de caráter
exploratório-descritivo, pautada por pesquisa
bibliográfica e pesquisa de campo.
A seleção dos sujeitos da pesquisa foi feita
pelo método não-probabilístico, utilizando o critério
de amostra obtida por acessibilidade e
obedecendo ao critério de atuação dos sujeitos da
pesquisa, ou seja, o primeiro cargo na linha de
comando da organização, no sentido “top-down” e
em pleno exercício legal da função na data da
coleta dos dados, em organizações do terceiro
setor, no município de Caçapava, Estado de São
Paulo.
Para levantamento de dados em campo foi
elaborado um formulário para coleta de dados da
organização e aspectos das funções gerenciais
específicos do Terceiro Setor.
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Tratando-se de uma pesquisa em pleno
desenvolvimento, que deverá estar parcialmente
concluída na ocasião do evento, planejou-se que a
análise dos dados será predominantemente
qualitativa, sendo os dados a serem obtidos
comparados com a literatura levantada a fim de
discutir a gestão realizada nas organizações
pesquisadas, a partir das práticas gerenciais em
suas funções de planejar, organizar, dirigir e
controlar.
Resultados
Nesta etapa de resultados preliminares, tem-se
que a revisão bibliográfica permitiu alcançar
alguns
resultados
sobre
a
gestão
de
empreendimentos sociais, os quais serão
confrontados com os dados a serem obtidos na
segunda etapa da pesquisa.
As considerações apresentadas pelos autores
consultados apontaram para a urgência da
consolidação dos conhecimentos a respeito do
Terceiro Setor, nos seguintes níveis:
- Terminologia adotada: a fim de
construir significados comuns aos
termos frequentemente utilizados na
literatura;
- Caracterização de sua forma de
atuação,
visando
estabelecer
instrumentos administrativos próprios,
tais como: estrutura organizacional,
divisão das funções administrativas e
outros;
- Estabelecer a representatividade do
Terceiro Setor em relação ao primeiro
e segundo setores.
Quanto à gestão no terceiro setor, há a
urgência da aplicabilidade dos conhecimentos e
técnicas até então mais reconhecidos nos demais
setores.
O Terceiro Setor mostra-se capaz de
influenciar diretamente na busca e na conquista da
sustentabilidade, fator imprescindível para a
sobrevivência das organizações e de seus
projetos e/ou programas.
Contudo, o termo sustentabilidade, por sua vez,
não pareceu ser sinônimo de auto-suficiência
excludente, ou seja, de um posicionamento
onipotente que prega um ideal de independência
total em relação ao ambiente externo da
organização. Ao contrário, a sustentabilidade
parece revelar a capacidade de exercer a
autonomia necessária para garantir a vida da
organização por meio de uma visão de longo
alcance que antecipa dentro do possível, eventos
futuros e seus impactos. Também há o
reconhecimento da importância de alianças e
parcerias bem estabelecidas.
Quanto à capacidade de tornar-se autosustentável, a referência não se restringe aos
recursos financeiros, mas inclui outros como seus
recursos humanos, o que revela a importância da
atuação da liderança e dos liderados no alcance
dos resultados esperados.
No tocante à formação daqueles que exercem
funções que envolvem liderança especificamente,
a profissionalização é posta como um fator
determinante para a consolidação e sobrevivência
da organização. Trata-se de uma necessidade que
surge como resposta ao amadorismo até então
predominante no Terceiro Setor e que tende a
apresentar considerável resistência ao uso de
ferramentas gerenciais.
Por sua vez, a utilização de ferramentas
gerenciais parece estar interligada à capacidade
do gestor em exercer as funções gerenciais de
planejar, organizar, dirigir e controlar. Os dados
sobre como estas funções estão sendo exercidas
serão levantados na próxima etapa, com a
pesquisa de campo, e serão confrontados com os
que até então foram acessados por meio da
pesquisa bibliográfica.
Discussão
Os resultados preliminares apontaram para a
necessidade de se consolidar os conhecimentos a
respeito do Terceiro Setor, a começar pelo próprio
termo e suas implicações teóricas e práticas, o
que segundo Horochovski, Ozonato e Rossini
(2006) é justificado
pelo interesse em
compreender a extensão dos impactos sociais
gerados pelas ações realizadas por organizações
a ele pertencentes.
Se tais organizações estão ganhando a
atenção do meio acadêmico é devido ao crescente
reconhecimento de sua importância. No que se
refere à gestão propriamente dita, a questão é a
sua profissionalização.
De acordo com Albuquerque (2006), os
resultados apontaram para o papel do gestor
como fator fundamental, capaz de levar a
organização a alcançar maiores e melhores
resultados quando bem utilizados os recursos
disponíveis na organização. A partir dessa
afirmativa é interessante verificar como as funções
gerenciais de planejar, organizar, dirigir e controlar
têm sido exercidas na condução de projetos e
programas de cunho social.
Dessa forma, a figura do gestor surge na
literatura pesquisada como aquela que não é
única, mas a que tem a responsabilidade de
garantir a consolidação e a sobrevivência da
organização e, para tanto, requer que sua ação
seja profissionalizada, isto é, requer formação que
capacite administrar estrategicamente, o que
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corresponde ao que é apontado por Dobbs e
Nanus (2000).
A capacidade de gerir pautando-se em bases
solidamente construídas e validadas pela Ciência
Administrativa, é sem dúvida, um dos maiores
desafios do Terceiro Setor, visto que o
amadorismo parece ser sustentado pela
resistência à utilização de ferramentas gerenciais.
Conforme Dami et al (2006), o aperfeiçoamento
dos instrumentos utilizados no trabalho e a
construção de mecanismos que permitam a autosustentação financeira e social, realmente são
necessárias para a produção de bens e serviços
sociais.
Assim sendo, as propostas encontradas na
literatura quanto à exigência de profissionalização
do Terceiro Setor convergem para com as
propostas encontradas na literatura quanto ao
empreendedorismo social. Ambas abordam as
demandas e soluções sociais que não de maneira
amadora, mas tecnicamente estratégicas, de
modo que as ações possam gerar resultados
permanentes para a sociedade.
- DOBBS, S.M.; NANUS, B. Liderança para o
terceiro setor: estratégias de sucesso para
organizações sem fins lucrativos. Tradução
Cynthia Azevedo. São Paulo: Futura, 2000.
- HOROCHOVSKI, R.R.; ONOZATO, E.;
ROSSONI,
L.
O
terceiro
setor
e
o
empreendedorismo
social:
explorando
as
particularidades da atividade empreendedora com
finalidade social no Brasil. In: XXX Encontro da
ANPAD, Anais..., Salvador, 2006.
Conclusão
Diante das demandas sociais nem sempre
atendidas em sua totalidade pelo Estado, o
Terceiro Setor encontra sua razão de existir.
Contudo, a complexidade de tais demandas impõe
às organizações de cunho social a necessidade de
inovar tanto na oferta de produtos e serviços como
no processo de gestão em si como fator
fundamental para a sua consolidação e
sobrevivência.
É possível inferir que o empreendedorismo na
área social requer uma gestão profissionalizada,
que seja capaz de induzir as organizações do
Terceiro Setor a buscarem conhecimentos e
ferramentas administrativas para a maximização
dos resultados de seus projetos e programas,
gerando, assim, verdadeiras soluções para
problemas sociais.
Na busca das melhores soluções, ressalta-se a
importância do gestor e de sua capacidade de
planejar, organizar, dirigir e controlar.
Referências
- ALBUQUERQUE, A.C.C., Terceiro setor:
história e gestão de organizações. São Paulo:
Summus, 2006.
- DAMI, A.B.T., et al. A dinâmica das ações nas
organizações do terceiro setor e sua relação com
o empreendedorismo social. In: XXX Encontro da
ANPAD, Anais..., Salvador, 2006.
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