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2. Enquadramento da problemática:
“Diminuição da Espessura da Camada de Ozono na Estratosfera”
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_____________________________________________________________ 2. Enquadramento da problemática
2. Enquadramento da problemática: “Diminuição da Espessura da Camada de
Ozono na Estratosfera”
O presente estudo, foi motivado pela revisão curricular em curso, a qual introduzirá
alterações substanciais, resultado quer de um conjunto de desajustamentos detectados na
última organização curricular, quer do facto de que cada vez mais se pretender que a escola
tenha um lugar determinante, consciencioso e aberto na construção do futuro dos indivíduos e
das sociedades.
Em Portugal, tal como em outros países, tem vindo a tomar-se consciência de que o
ensino tem que responder, cada vez mais e melhor, às necessidades educativas e formativas e
às legítimas expectativas pessoais dos jovens e das famílias, assim como às necessidades e
exigências da sociedade. Não se pretende, contudo, que a aprendizagem conceptual seja
desprezada mas que surja mais integrada no dinamismo ciência – tecnologia – sociedade –
ambiente (CTSA).
No que se refere aos assuntos ambientais, a preocupação tem vindo a aumentar, e de
forma notória, a partir dos anos sessenta, na Europa e nos Estados Unidos. Em Portugal, essas
preocupações só começaram a ser evidentes na 2ª metade da década de setenta. Porém há que
revelar que essa preocupação não conduziu de início a uma adesão generalizada da população.
Revelou-se mais intensa junto daqueles que se debatiam com a degradação acentuada dos
locais onde habitavam. Todavia, com o avançar dos tempos, o despertar do interesse para as
questões ambientais, mesmo para os mais graves problemas ecológicos mundiais, tem vindo a
crescer de forma continuada.
A nível de escola, temos constatado que este género de problema tem vindo a ser alvo
de vários projectos, que cada vez mais vêem adquirindo um carácter sistémico e consistente.
No que concerne ao problema ambiental e social da “Diminuição da Espessura da
Camada de Ozono”, podemos dizer que até à entrada da última organização curricular este era
referido, ainda que de forma breve, em alguns dos manuais de 9º ano de escolaridade na
unidade opcional: “Atmosfera e mudanças de tempo”. Neste sentido, os novos programas
representam à priori um progresso interessante, pois este passa a ser um tema ao qual será
dado especial relevância, quer a nível do ensino básico, quer a nível do ensino secundário.
A nível do Ensino Básico, na Unidade: “Sustentabilidade na Terra” será feita
referência a este problema em “Influência da actividade humana na atmosfera terrestre e no
clima”. Tal como constatamos no seguinte excerto retirado das orientações curriculares para o
3º ciclo do Ensino Básico:
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“O estudo deste tópico, tendo em conta o seu carácter interdisciplinar, deve ser
realizado em coordenação com a disciplinas de Ciências Naturais e Geografia. Sugere-se a
realização de projectos centrados na identificação de poluentes atmosféricos, as suas possíveis
causas, consequências e formas de minimização. Nestes projectos os alunos podem, por
exemplo, analisar boletins com os valores dos poluentes atmosféricos em vários pontos do
nosso país, explicar a redução do ozono na estratosfera e discutir o impacto desse na redução
na vida. Os alunos devem tomar consciência da importância de se acabar com a emissão de
determinados gases, tendo em vista a protecção da vida na Terra (ex. óxidos azotados e
clorofluorcarbonetos (CFCs))” (PROGRAMA CFN, 2001).
(http://www.deb.minedu.pt/curriculo/Reorganizacao_Curricular/reorgcurricular_orientcurriculares.asp)
Porém, o grande lugar de destaque será dado no programa do 10º ano, do Ensino
Secundário, em Física e Química A. É de referir que, apesar da reorganização curricular já
estar em vigor no ano lectivo 2002/2003 para o Ensino Básico, o mesmo se passou para o
ensino secundário. Este processo de revisão curricular iniciado pelo Ministério da Educação
em 1997 esteve planeado para uma concretização nas escolas para esse mesmo ano lectivo
para todos os jovens que nesse ano ingressassem no 10.º ano de escolaridade, estendendo-se
progressivamente aos 11.º e 12.º anos de escolaridade nos anos lectivos subsequentes. No
entanto, este processo viu-se adiado iniciando-se no presente ano lectivo a sua
implementação.
No que concerne ao estudo desta problemática o grande ênfase no 10º ano de
escolaridade, surge na Unidade 2 – “Na atmosfera da Terra: radiação, matéria e estrutura”,
cujos objectivos de aprendizagem referidos no programa são:
“Interacção radiação-matéria:
-
Interpretar a formação dos radicais livres da atmosfera (estratosfera e troposfera) HO•,
Br• e Cl• como resultado da interacção entre radiação e matéria;
-
Interpretar a formação dos iões O2+, O+ e NO+ como resultado da interacção entre
radiação e matéria;
-
Interpretar a atmosfera como filtro solar (em termos de absorção de várias energias nas
várias camadas da atmosfera);
-
Enumerar alguns dos efeitos da acção de radicais livres na atmosfera sobre os seres
vivos.
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O ozono na estratosfera
-
Compreender o efeito da radiação na produção de ozono estratosférico;
-
Explicar o balanço O2/O3 na atmosfera em termos da fotodissociação de O2 e de O3;
-
Explicar a importância do equilíbrio anterior para a vida na Terra;
-
Conhecer formas de caracterizar a radiação incidente numa superfície – filtros
mecânicos e filtros químicos;
-
Interpretar o modo como actua um filtro solar;
-
Indicar o significado de "índice de protecção solar";
-
Interpretar o significado de "camada do ozono";
-
Discutir os resultados da medição da concentração do ozono ao longo do tempo, como
indicador do problema da degradação da camada do ozono;
-
Interpretar o significado da frase "buraco da camada do ozono" em termos da
diminuição da concentração daquele gás;
-
Compreender algumas razões para que essa diminuição não seja uniforme;
-
Indicar alguns dos agentes (naturais e antropogénicos) que podem provocar a
destruição do ozono;
-
Indicar algumas consequências da diminuição do ozono estratosférico, para a vida na
Terra;
-
Indicar o significado da sigla CFC's, identificando os compostos a que ela se refere
pelo nome e fórmula, como derivados do metano e do etano;
-
Aplicar a nomenclatura IUPAC a alguns alcanos e seus derivados halogenados;
-
Explicar por que razão os CFC's foram produzidos em larga escala, referindo as suas
propriedades e aplicações;
-
Indicar alguns dos substitutos dos CFC's e suas limitações.”
(PROGRAMA FQ, 2002)
(http://www.des.min-edu.pt/download/prog_hom/fisica_quimica_a_10_homol_nova_ver.pdf)
Como este problema ambiental e social exige que cada vez mais os cidadãos ajam de
forma responsável, fundamentada e consciente, pensamos que este também poderá ser um
tema a abordar na área curricular não disciplinar: Área de Projecto.
De acordo com as orientações para estas áreas curriculares, a Área de Projecto tem
como finalidade:
“- Desenvolver competências sociais, tais como a comunicação, o trabalho em equipa,
a gestão de conflitos, a tomada de decisões e a avaliação dos processos;
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_____________________________________________________________ 2. Enquadramento da problemática
- Aprender a resolver problemas, partindo das situações e dos recursos existentes;
- Promover a integração de saberes através da sua aplicação contextualizada;
- Desenvolver as vertentes de pesquisa e intervenção, promovendo a articulação das
diferentes áreas disciplinares/disciplinas;
- Aprofundar o significado social das aprendizagens disciplinares.”
(ÁREAS CND, 2000)
(http://www.deb.min-edu.pt/legislacao/TempFiles/debD76.tmp_OC1_02.htm)
Este espaço curricular não disciplinar faz parte do currículo para os alunos do 1º, 2º e
3º ciclos do Ensino Básico e procura envolvê-los na concepção, realização e avaliação de
projectos, permitindo-lhes articular saberes de diversas áreas curriculares/disciplinares ou
disciplinas em torno de problemas ou temas de pesquisa ou de intervenção. Assim sendo, com
toda a legitimidade um desses problemas ou temas poderá ser a “Diminuição da Espessura da
Camada de Ozono”.
Em termos genéricos, podemos dizer que esta nova proposta de organização curricular
admite grande viragem no processo de ensino-aprendizagem de forma a responder ao grande
desafio da diversidade e da heterogeneidade que hoje fazem parte integrante da vida das
escolas. Acreditamos que com ela a escola pode e deve ajudar as crianças e os jovens a atingir
a tão desejada alfabetização científica, que cada vez mais é um requisito da sociedade
contemporânea.
Assim sendo, as propostas metodológicas inovadoras que desenvolvemos neste
trabalho têm todo o sentido nesta nova visão de escola, pois a partir delas é possível fazer-se o
estudo a este problema ambiental e social de grande importância, dada a sua actualidade.
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2.Enquadramento da problematica