Cidades
"Até hoje não houve um anúncio
na imprensa. Era para haver
uma campanha, para que as
pessoas soubessem que a
destinação do lixo seria feita
em outro local"
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O ESTADO DO MARANHÃO · São Luís, 24 de julho de 2015, sexta-feira
Clésio Cunha, juiz da Vara de Interesses Difusos e Coletivos
Família de trigêmeos órfãos conta
com a solidariedade da população
Crianças de apenas três meses de vida perderam a mãe esta semana e estão sendo criadas em uma casa, localizada
no povoado Santa Helena, na estrada de acesso ao Quebra-Pote; campanhas nas redes sociais têm garantido doações
De Jesus
D
a dor da morte à solidariedade. Foi com esse espírito que a família dos
trigêmeos (cujos nomes foram
mantidos em sigilo pelos parentes) residentes no povoado Santa Helena, na estrada que dá
acesso ao Quebra-Pote (em São
Luís), teve que superar a perda
da mãe das crianças (identificada como Raimunda Vieira Rodrigues, de 40 anos, que faleceu no
dia 19 deste mês). Apesar da mobilização de amigos e até de desconhecidos, por meio de campanha iniciada nas redes sociais
e na internet por O Estado, a família dos trigêmeos ainda necessita de ajuda.
O Estado visitou, na tarde de
ontem, a casa de apenas quatro
cômodos, onde as crianças estão sendo criadas. No local, moram 17 pessoas (sendo 9 crianças, incluindo os trigêmeos, e 8
adultos). Mesmo com uma renda que pouco supera um salário
mínimo, após a morte da mãe
das crianças – em virtude de
eclâmpsia - a família e os vizinhos realizaram um verdadeiro
Avó e tias com trigêmeos: família garante cuidados às crianças
mutirão para garantir o mínimo
conforto aos pequeninos.
Para isso, as doações foram
fundamentais. Além de fraldas
e latas de leite, os parentes dos
trigêmeos também já receberam um berço (doado por uma
igreja evangélica da capital maranhense). Outros parentes das
crianças e que residem no bairro Aurora, em São Luís, também promovem na internet
uma campanha, em prol da arrecadação de mantimentos pa-
ra as crianças.
Saúde - Além dos mantimentos, a família necessita de auxílio clínico, já que um dos trigêmeos sofre de problemas cardíacos, constatados pelos médicos que fizeram o parto das
crianças, há três meses, na Maternidade Marly Sarney, na Cohab. Segundo os familiares, o
bebê precisa de tratamento, o
que não foi feito até o momento, devido às condições financeiras dos parentes.
Ainda impressionada com a
repercussão do caso, uma das
tias das crianças, Maria José Rodrigues Coutinho, agradeceu o
auxílio das pessoas e ratificou
que não é de interesse da família doar as crianças. “A gente é
pobre, mas sempre criamos nossos parentes por conta própria,
com a ajuda de Deus e das pessoas. Por isso, até para não roubar e, como a gente precisa,
quem puder ajudar, basta procurar nossos contatos e nos dar
o que puder”, disse.
Já a avó materna das crianças,
Maria da Paz Vieira, destacou a
satisfação por criar “três netos de
uma só vez”. “Quando a minha
filha foi fazer o parto, até então
a gente achava que seriam apenas duas crianças. Quando o
médico se virou para a gente e
disse que nasceram três crianças, a gente tomou um susto,
não é? Mas a gente tem que
criar, não é meu filho? Não vamos deixar essas crianças passarem necessidade”, afirmou.
Perguntada sobre o pai das
crianças, os parentes não entraram em detalhes e apenas afirmaram que se trata de um morador da própria comunidade.
“A gente já o procurou. No entanto, em nenhum momento
ele [pai] se mostrou disposto a
cuidar das crianças. Apenas a
mãe dele, a avó paterna das
crianças, já deu uma pequena
ajuda uma vez”, disse uma das
tias dos trigêmeos, Maria José
Rodrigues Coutinho.
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Mais
Os familiares dos trigêmeos demonstraram preocupação com as
pessoas que, por meio de repasse
de contas bancárias, tentam arrecadar dinheiro, utilizando o argumento de que os donativos irão
para as crianças. “Várias pessoas
já nos ligaram afirmando que o
que mais tem na internet é conta.
O que existe é apenas uma conta
de uma das nossas sobrinhas”,
afirmou o tio dos trigêmeos, Cleomar Vieira.
Ajuda – Quem quiser ajudar pode efetuar doações de qualquer
valor na Conta Poupança
00112245-0, agência 1576, operação local 013, da Caixa Econômica Federal, e em nome de Letícia
Mendes Carneiro. Outra forma de
auxílio é levar doações de roupas,
fraldas, ou quaisquer objetos para
a Rua do Jipe, nº 82, bairro Aurora (próximo ao antigo arraial 500
anos). Na residência, o (a) doador
(a) deve procurar Josefa ou Jaqueline, parentes das crianças.
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