Artigo de Revisão
HIPOGLlCEMIANTES ORAIS
Maria Angela Zacarelli •
Os hipoglicemiantes orais são representados pelas sulfoniluréias e as biguanidas: As sulfoniluréias agem estimulando as células beta das ilhotas de Langerhans para a secrecão de insulina e as biguanidas diminuindo a absorção de
glicose ao n(vel do trato gastrointestinal.
Dentre as su/folliluréias temos as de primeira geração
com ação mais prolongada e as de segunda geração, 10 a 20
vezes mais potentes, mas com meia vida plasmática mais
curta. Todas, com exceção da gliquidona, são eliminadas
por via renal, e assim contraindicadas em pacientes urêmicos.
O uso das biguanidas está proibido nos E.U.A. e Inglaterra, mas no Brasil ainda estão sendo comercializadas,
mas devem ser usadas com cautela, pois existe o risco de
acidose lática em pacientes predispostos a estadosdeanóxia.
Os hipoglicemiantes orais estão indicados nos pacientes portadores de diabetes me/litus tipo li, insulino independentes, que ainda têm capacidade pancreática para secretar insulina.
Unitermos: Sulfoniluréias. Biguanidas.
Diabetes Mellitus.
INTRODUÇÃO
Existem dois grupos de drogas hipoglicemiantes orais:
as sulfoniluréias e as biguanidas.
Em 1930, Ruiz e cols. (lO), mostraram a atividade
hipoglicemiante de compostos sulfamídicos, mas seu uso
somente se postulou em 1942, quando Janbon e cols. (7)
verificaram a ocorrência de hipoglicemia em casos de febre
tifóide tratados com o bacteriostático sulfatiazol (p-aminobenzeno-sulfanilisoprapril-tiodiazil).
Somente há cerca de 20 anos as sulfoniluréias foram
comercializadas, e desde então têm sido de grande utilidade no tratamento do diabetes mellitus tipo 11, insulino
independente.
SULFONlLURÉIAS
Distinguem-se dois grupos principais, as sulfoniluréias
de primeira geração, como a tolbutamida, a clorpropamida,
a acetohexamida e a tolazamida, drogas de menor potência
e administradis em doses maiores, e as sulfoniluréias chamadas de segunda geração, como a glibenclamida ou gliburida, a glipizida, a glibonurida, a gliquidona e mais recentemente a glicazida. (Tabela I).
-
-
Tolbutamida
p-metilbenzeno
Tolazamida
(1- (hexahydro - I-azepenyl) -3-p-tolylsul-
sulfonil
butiluréia
foniluréia
-
sulfonil
-
Oorpropamida
p-clorobenzeno
propiluréia.
Acetohexamida
p-acetilbenzeno - sulfonil - ciclo hexiluréia.
Gli benclamida
N-4,2 (5-clOlO - 2-metoxibenzamido) etilbenzeno - sulfonil-N-ciclo-hexiluréia.
Glipizida
N - [4 - (B - (5 metil-pirazin - 2-carboxiamido) - etil) - benzeno-sulfonil - N-ciclohexiluréia.
Glibonurida
1 [(IR) - 2-endo-hidroxi - 3-endobomil 3- (p-tolilsulfonil)-uréia.
Gliquidona
l-ciclo-hexil - 3-(p-2- (3,4 diidro - 7-metoxi - 4,4-dimetil - 1,3-dioci (l H)-isoquinilil-etilfenil) - sulfoniluréia.
Glicazida
[metil - 4-fenilsulfonil - 1 (perhidrociclopenta pirrolil-2) - 3 urea]
Quadro I: Estrutura Química das Sulfoniluréias
Mecanismo de ação das sulfoniluréias
Trabalho realizado no Serviço de Endocrinologia do Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
*
Médica do Serviço de Cardiologia do Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo .
CIR . VASCo ANG. 3 (2) : 9,14,1987
Em geral, o mecanismo de ação das sulfoniluréias é
similar, mas a potência e a duração de ação diferem ·consideravelmente.
É necessária a existência de certa capacidade secretora
de insulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans para
que estes agentes sejam eficazes, já que o principal mecanis9
Maria AngelaZacarelli
mo de ação é o estímulo destas células. Também as sulfoniluréias facilitam a liberação de insulina dos grânulos armazenados nas células beta do pâncreas. Acredita-se que sua
ação inicial é a de aumentar o influxo de cálcio para o citosol da célula beta, facilitando a passagem desse cátion através da membrana.
O tratamento agudo resulta em secreção aumentada
de insulina, mas a terapia crônica produz uma secreção mais
rápida, pois aumenta a sensibilidade das células beta de tal
forma que se obtem níveís normais ou quase normais de
resposta insulínica com níveis glicêrnicos mais baixos.
Efeitos extra pancreáticos das 'sulfoniluréias, em diferentes estudos, mostram outras ações que poderiam melhorar a tolerância aos carboidratos: desaceleração da destruição de insulina pela insulinase hepática, redução da gliconeogênese hepática, aumento do número ou da sensibilidade dos receptores da insulina na periferia, liberação de hormônios insulinotrópicos do tubo digestivo que estimulam as
células beta.
As sulfoniluréias, especificamente a cloroproparnida,
além dos efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos,
apresentam atividade antidiurética, que depende da potencialização da ação tubular da vasopressina, pois induz no
túbulo distal, a liberação de AMP cíclico.
Outras sulfoniluréias, como a tolbutamida, a acetohexarnida e a glibenclarnida apresentam efeito oposto, promovendo aumento da excreção de água livre.
Algumas experiências sugerem que a tolbutarnida possa potencializar os efeitos arritmogênicos das catecolarninas.
e apesar dessa ação não ter sido comprovada clinicamente,
deve entretanto ser lembrada quando utilizada em diabéticos com insuficiência cardíaca congestiva ou comprometi- mento miocárdico.
MetaboHsmo e excreção das sulfoniluréias
Os compostos de curta ação são usualmentemetabolizado pelo fígado para formas inativas, as quais são excretadas pela urina, e os de ação mais longa são metabolizados
escassamente pelo fígado e também excretados pela urina.
A tolbutarnida é carboxilada no fígado em composto
inativ'2 a carboxitolbutamida, que é, excretada pela urina.
b administrada por via oral, e sua meia vida biológica
é de cerca de 3 a 5 horas.
A duração de ação é curta e não é dependente da função renal.
A acetohexarnida é também rapiClamente metabolizada pelo fígado a uma forma reduzida, a hidroxihexamida,
que é duas vezes mais potente que o produto original, produzindo freqüentes hipoglicemias. Aproximadamente 75%
ia acetohexarnida é excretada nesta forma ativa.
Atolazarnida é também rapidamente metabolizada
em seis produtos metabólicos, e muitos deles induzem hipoglicemia.
A clorproparnida\ um grupo de ação mais prolongada,
praticamente não é.metabolizada e encontra-se fortemente
ligada a proteína. E dependente da função renal e contraindicada em pacientes urêrnicos.
Sua vida média é de cerca de 36 hs, e seus nív:eis plasmáticos aumentam gradualmente nos primeiros dias de
administração, atingindo picos em sete a dez dias. Assim, as
doses iniciais não devem ser aumentadas senão após. a primeira semana, pois o seu uso se associa a tendência a hipoglicemias prolongadas.
As sulfoniluréias de segunda geração, como a glibenclamida, a glipizida, a gliquidona e a glicazida são aproximadamente 10 a 20 vezes mais potentes que as' drogas já citadas. Entretanto, produzem queda da glicemia comparável
10
Hipoglicemiantes orais
com as outras drogas e são rapidamente metabolizadas, tendo vida média curta com rápida excrecão renal, com exceção da gliquidona que é eliminada preferentemente por via
bílio-intestinal o que toma seu uso possível em pacientes
com redução da função renal. Os metabolitos dessas sul"
foniluréias são inativos ou pouco ativos e esta característica
faz cOm. que a atividade hipoglicerniante seja de curta duração. São administradas em doses fracionadas, a cada 8 ou
12 horas.
O rubor cutâneo observado em pacientes que ingerem
álcool inadvertidamente e a hiponatremia observada após o
uso . de clorproparnida não têm sido documentada com o
uso destas drogas.
A absorção dos hipoglicemiantes orais é rápida, apresentando níveis plasmáticos apreciáveis uma hora após a
ingestão.
As sulfoniluréias são transportadas no plasma sob a
forma de complexos proteicos.
Interação com outras drogas
A potência de algumas sulfoniluréias pode ser alterada
por outras drogas.
Todos os compostos que diminuem a tolerância aos
carboidratos e que desta forma antagonizam a ação da insulina, o fazem também em relação às sulfoniluréias. Estão incluídos os corticosteróides, os diuréticos tiazídicos, os hormônios' tireoidianos, os contraceptivos orais e os beta bloqueadores.
Há também uma série de compostos aue potencializam a ação das SUltoniluréias, como os salicitados, a fenilbutazona, os inibidores da monoaxidade, o álcool, o metotrexate, o clofibrate, ahidroxicumarina, e tem sido implicados em graves hipoglicemias quando em uso associado
com os hipoglicemiantes orais.
É provável que estes agentes diminuam a excreção da
sulfoniluréia ou reduzam a ligação da proteína plasmática,
aumentando a concentração da forma livre e prolongando a
meia vida biológica por inibição de sua oxidação.
Isto nos obriga, quando do uso conjunto, ajustamentos necessários em cada caso individual.
Efeitos tóxicos.
As sulfoniluréias, particularmente a tolbutarnida,
diminui a captação de 131 I pela glândula tireóide .
Alguns pacientes tratados com clorproparnida podem
desenvolver hiponatremia e intoxicação aquosa. Sintomas
gastrointestinais podem ser observados, como anorexia, náuseas, vômitos, diarréia , e dor abdorninal.
A clorproparnida pode produzir reações'de tipo Sulfiram (Síndrome Antabuse) quando o paciente faz uso de
álcool. Observa-se um rubor de face, pescoço, cefaléia, taquicardia e hiperemia das conjuntivas. I~to tem sido a.tribuído a aumento da produção de acetaldeldo e serotonma de·
terminado por bloqueio de etanol sobre a aldeiodo·desidrogenase, enzima chave no metabolismo dessas substâncias.
Este fato ocorre também em indivíduos geneticamen·
te predispostos ao diabetes, sobretudo no MODY (Diabetes
tipo I tipo maturidade). Seria assim~ ~m marcador genétic?
desse tipo de diabetes, sendo transnutldo por herança donunante. Toxidade hematológica tem sido observada raramente, e inclui agranulocitose e pancitopenia.
Quanto ao sistema cardiovascular, não há nenhuma
evidência que estes compostos possam impedir as anormaliCIR. VASCo ANG. 3 (2) : 9,14,1987
Hipoglicemiantes orais
Maria Angela Zacarelli
dades vasculares do diabetes com leve hiperglicemia.
A toxicidade das sulfoniluréias atualmente usadas é
baixa, sendo que o número de pacientes nas quais os efeitos
tóxicos obrigam a suspensão da medicação, não ultrapassa
os 3%.
Na insuficiência cardíaca congestiva e em outros estados de retenção de líquidos, a clorpropamida pode exercer
efeitos deletérios por potencializar a vasopressina e aumentar o acúmulo de água.
As hipoglicemias não podem ser consideradas como
efeitos colaterais; entretanto deve-se levar em conta o risco
de coma hipoglicêmico com drogas de ação mais longa,
principalmente a clorpropamida, que apresenta excreção
renal lenta e não metabolização.
fenformin está proibido e apenas o metformin é usado.
No Brasil, ambas são comercializadas.
NH
II
NH 2
NH
NH
II
NH 2
guanidina
C - NH 2
-
-
C -
II
NH -
C
- NH 2
biguanida
Indicações Nos pacientes diabéticos tipo li, insulino independentes, cujo aparecimento ocorreu após os 40 anos, de início
recente, em que a terapêutica dietética isolada não é suficiente, devemos optar pelo uso dos hipoglicemiantes orais.
Também devemos considerar a ausência de complicações cardio vasculares, de insuficiência coronariana, de arritmias e necessidades de insulinas inferiores a 30 U diárias,
para a indicação destes agentes.
São totalmente contraindicados no diabetes tipo I,
in sulino dependente , sem capacidade pancreática para secretar insulina, bem como nas descompensações, na gravidez,
nas hepatopatias e nefropatias.
O tratamento é iniciado com doses baixas, e de acordo com as glicemias e glicosúrias de 24 horas estas doses são
ajustadas para cada caso dentro dos limites estabelecidos.
A dieta é ' fator importante no sucesso terapêutico,
que visa a normalização da glicemia e discreta glicosúria em
urina de 24 horas.
Na eventualidade de fracasso terapêutico com uma
droga, pode-se substituí-la por outra, freqüentemente com
boa resposta, pois não - há sulfoniluréias mais eficientes.
Em doses corretas, todos se equivalem quanto aos resultados terapêuticos.
Nas intercorrências, como infecções, cirurgias, e nas
complicações, como cetoacidose e coma hiperosmolar, deve-se suspender o uso do medicamento oral e introduzir
insulina para controle do paciente.
As sulfoniluréias, de curta dura~devem ser administrados em doses divididas, 2 a 3 tomadas por dia, e as de
longa duração podem ser usadas em uma única tomada pela
manhã com o paciente em jejum, sempre obedecendo o critério da dose máxima exigida (Tabela I).
BIGUANIDAS
Este grupo de compostos hipoglicemiantes orais, foi
desenvolvido independentemente das sulfoniluréias.
Em 1918, Watanabe descobriu em coelhos, que a
guanidina apresentava ação hipoglicemiante.
As biguanidas são compostos com duas moléculas de
guanidina ligadas por cadeias de radicais metI1icos, e são
diferentes das biguanidinas pois enquanto aquelas contém
dois grupos com tres átomos de Ncada , estas encerram um
grupamento de cinco átomos de N.
Em 1957, Ungar e cols. introduziram a fenetilbiguanida (fenformin), de toxidade clínica aceitável. Além do fenformin são também utilizadas clinicamente, a dimetilbiguanida (Metformin) e a butilbiguanida (buformin) . As biguanidas não são permitidas nos Estados Unidos . Na Inglaterra o
CIR. VASC oANG. 3 (2) : 9,14,1987
Quadro 11: Estrutura Química das Biguanidas
Mecanismo de ação
Alguns estudos mostram que o fenformin possui efeito celular direto , aumentando a captação de glicose.
Nas mitoc:ôndrias isoladas, verifica-se interferência na
transferência de ligações de alta energia para o ADP, sugerindo que o composto inibe a fosforilação oxidativa.
Extensas evidências indicam que a principal ação das
biguanidas se situa ao nível do trato gastrointestinal, retardando a absorção dos carboidratos, provocando melhora na
tolerância à glicose oral. O aumento da utilização anaeróbica leba à super-produção de lactato , que é rapidamente metabolizado ou reciclado. Quando existem anormalidades
predisponentes ou doses excessivas, pode ocorrer acidose lática.
Ao contrário de que acontece com as sulfoniluréias,
a atividade hipoglicemiante das biguanidas não depende da
presença do pâncreas, sendo ativas em pancreatectomizados.
Metabolismo e excreção dos biguanidas
A absorção é incompleta. Apenas 50% é absorvida ;
um terço é metabolizado no fígado e dois terços são excretados pela urina. Como os metabólitos são inativos e a excreção renal é rápida, a ação hipoglicemiante é de curta duração e não se intensifica na presença de doença renal ou
hepática.
A atividade hipoglicemiante das biguanidas é bem
menos intensa de que a das sulfoniluréias.
O metformin não é metabolizado , sendo excretado
inalterado, e são necessários doses de cerca de 10 vezes
maiores que o fenformin para se obter idêntico efeito hipoglicemiante.
Efeitos tóxicos
A ocorrência de acidose lática em casos tratados com
fenformin, fez com que esta droga fosse proibida nos EUA
desde 1977, pois dentre os efeitos das biguanidas destaca-se
o aumento da produção de ácido lático e seu acumulo na
circulação. A produção está aumentada nos tecidos em
face do aumento da utilização anaeróbica da glicose estimulada pelas biguanidas . Assim, os pacientes que recebem biguanidas estão permanentemente com o ácido lático e pirúvico e corpos cetônicos aumentados.
Nas anóxias tissulares , como na insuficiência cardíaca,
choque ou septicemia pode-se precipitar um quadro grave
de acidose lática.
11
Hipoglicemiantes orais
Maria Angela Zacarelli
Após oito anos, (janeiro de 1961 a outubro de 1969),
dentre os 823 pacientes classificados, 89 morreram, 61 de
causa cardiovascular.
As mortes de causa cardiovascular ocorreram em
12,7% do grupo da tolbutamida, 6,2% do grupo de doses
fixas de ' insulina, 5,9% nos que recebiam doses variáveis
de insulina e 4,9% no grupo placebo, com tratamento
apenas dietético (Quadro I).
Um ano mais tarde, foi estabelecido um quinto grupo
que recebeu dose fixa de fenformin, 100mg/dia.
A mortalidade por doença cardiovascular deste grupo
foi de 13,2%. Este grupo exibiu, em relação aos outros, elevação da pressão arterial e da freqüência cardíaca, maior necessidade de hipotensores e de uso de digital e crises freqüentes de angina pectoris.
A conclusão geral foi de que tanto a tolbutamida
quanto a fenetilbiguanida produziam mortalidade mais elevada do que os grupos controlados apenas com dieta ou
com doses fixas ou variáveis de insulina, sendo a mortalidade devida a causas cardiovasculares. Estes estudos foram criticados por vários autores, e assim é que o seguimento durante oito anos se associa a fatores incontroláveis que viciam os resultados, como por exemplo, a simples manutenção de regimes alimentares idênticos em todos os grupos.
Outros fatores, como fumo, peso corporal, tipo de vida,
exercício físico não foram incluídos na seleção inicial dos
pacientes.
Também a dose fixa do medicamento, durante oito
anos não é prática recomendável no tratamento do diabetes.
Portanto, em 1979, a "American Diabetes Association"
adotou uma atitude diante dos fatos e declarou "discutíveis
e inconclusivas" os resultados da U.G.D.P.
Finalizando, no estado atual, é de nossa responsabilidade determinar qual o melhor agente terapêutico para cada
paciente, já que as drogas hipoglicemiantes orais têm importante papel no tratamento do diabetes mellitus tipo 11
Indicações
As biguanidas, usadas com cautela, podem melhorar
o diabetes tipo 11, associado com obesidade e hiperglicemia
sem cetose, e, em doses bem ajustadas não predispõem ao
risco de hipoglicemia.
Pode-se associar o uso com as sulfoniluréias, nos casos de fracasso secundário destas (Tabela 1Il). São contraindi,cadas em pacientes com insuficiência renal, hepática,
pulmonar, e principalmente doenças cardíacas que predispõem à hipotensão arterial e choque.
Deve-se iniciar o esquema terapêutico com biguanidas em pequenas doses, e de acordo com as glicemias e glicosurias de 24 horas estas doses devem ser ajustadas dentro
de limites estabelecidos (Tabela 11).
o PROGRAMA DE DIABETES DO GRUPO
UNIVERSITÁRIO: U.G.D.P.:
o objetivo deste programa era uma tentativa de aplicar as mais modernas técnicas estatísticas para se determinar a possível influência do controle da hiperglicemia em
várias modalidades de tratamento, na prevenção da progressão das complicações vasculares nos adultos diabéticos.
Os medicamentos em uso foram:
1.
2.
3.
4.
Tolbutamida, na dose de 1,5gr/dia.
Placebo.
Insulina simples em dose padrão de 10-16U/dia.
Insulina simples em dose variável numa tentativa
de conservar a glicemia tão normal quanto possível.
GRUPO
TERAPÊUTICO
.
PACIENTES
REGISTRADOS
MORTES
TOTAIS
%
Dieta e lactose placebo
205
21
10,2
MORTES
CARDlO
VASCULARES
10
Dieta e tolbutamida
204
30
14,7
26
12,7
Dieta e insulina fixa. JO-16U/lenta/
dia/peso corporal
210
20
9,5
13
6,2
Dieta e insulina variável (80 U lenta
suficiente para controlar a glicemia
204
18
8,8
12
5,9
Dieta e fenformin (lOOmg TD/dia
em doses divididas.
204
31
15,2
26
12,7
%
4 ,9
Quadro 111: Dados Estatísticos da Mortalidade do Grupo de Estudo da U.G,D,P,
12
CIR . VASC.ANG.3(2) :9,14,1987
Hipoglicemiantes orais
Maria Angela Zacarel/i
DU~ÇÃODA
EXC~ÇÃO
AÇAO
(horas)
VIDA MÉDIA
PLASMÁTICA
(horas)
URINARIA
EM 24 hs
METABOLIZAÇÃO
500-2500
(dividida)
6-12
4-5
85-90%
Excreção renal rápida. Carboxilada no
fígado. A metabólito inativo.
comprimidos
500 mg
500-1.500
(única ou
dividida)
12-24
6-8
60%
Excreção urinária +
lenta. Metabólito
hepático possui ação
hipoglicemiante
+
ativa que o composto original.
Tolazamida
(Tonalise *)
comprimidos,
100 ing
250 mg
500mg
100-1.000
(única)
14-24
7
85%
Metabolitos hepáticos possuem fraca
ação hipoglicemiante.
Clorpropamida
(Diabinese* *)
comprimidos
250 mg
125-500
(única)
40-60
35-40
50%
Excreção renal lenta. Ligada a proteínas plasmáticas, 1%
metabolizado.
comprimidos
5 mg-
2,5-25
(dividida)
12-24
4-8
85-90%
Excreção renal rápida. Metabólitos inativos
Glipizida (Minicomprimidos
diab *Glucatrol *) 5 mg
2,5-25
(dividida)
12,24
3-5
85-90%
Excreção renal rápida. Metabólitos inativos
Glibornurida
(Glutrim *)
comprimidos
5 mg'
12,5-75
(dividida)
12-24
4-8
85-90%
Exame renal rápida.
Metabólitos inativos.
Gliquidona
(Glurenor *)
comprimidos
5 mg
2,5-20
12-24
4-5
5%
Excreção de 95%
pela via bílio-intestina!. Metabolitos inativos.
Glicazida
(Diamicron **)
comprimidos
80 mg
40-240
12-24
4-5
85-90%
Excreção renal rápida. Metabólitos inativos.
DOSE DIÁRIA
COMUM
mg/dia
DURAÇÃO
DA AÇAO
(horas '
VIDA MÉDIA
PLASMÁTICA
(horas)
EXCRI;:ÇÃO
URINARIA
EM 24 hs.
METABOLIZAÇÃO
50-150
6-12
3-5
+ 90%
metabolização rápida. Metabólitos inativos.
FORMA
DISPONIVEL
DOSE DIÁRIA
COMUM
(mg/dia)
Tolbutamida
(Orinase ~
Rastinon *)
comprimidos
500 mg
1.000 mg
Acetohexamida
(Dimelor ~ Diaboral *)
COMPOSTO
1~ Geração
2\'-Geração
Gliburida ou
Glibenclamida·
(Daonil * '; Lisaglicon *, Aglucil *)
* Apresentação Comercial.
* * Disponíveis no Brasil
~
Tabela I: Hipoglicemiantes Orais: Sulfonilureias
COMPOSTO
FORMA
DISPONÍVEL
Fenetil-biguamida
ou fenformin
DBI *~ Diabetal *)
comprimidos
25 mg
50 mg
Fenformin TD
(DBI-TD *)
cápsulas
50mg
150 mg
50-150
6-12
4-10
+ 90%
metabolização rápida. Metabólitos inativos. Absorção lenta.
Dimetilbiguamida
ou Metformin
(metrol *)
comprimidos
500 mg
850 mg
500-2500
6-12
4-10
+ 90%
Não metabolizado.
Excreção urinária rápida.
* Apresentação Comercial
** Disponíveis no Brasil
Tabela 11: Drogas Hipoglicemiantes Orais Biguamidas :
CIR. VASCo ANG . 3 (2) : 9,14,1987
13
Hipoglicemiantes orais
Maria Angela Zacarelli
DOSE EMmg
APRESENTAÇÃO
COMERCIAL
Glibenclamida
+
Fenformin
2mg
+
30 mg
02. BALODIMOS MC, CAMENINI RA , & MARBH A: Nine
years experience with tolbutamidein in lhe treatment
of diabetes. Metabolism 15: 957, 1966.
Gliformin
Clorpropamida
+
Fenformin
125 mg
+
30 mg
Bidiabe
03. CHU PC, CONWAY NJ, KRAUX HA & GOODNER CJ
- The pattern of response of plasma insulin and glucose to meals and fasting during chlorpropamida therapy.
Ann Int Med, 68: 757,1968.
Clorpropamida
+
Fenformin
125 mg
+
25 mg
Combinacin
Clorpropamida
+
Metformin
125 mg
+
500 mg
Obinese
COMPOSTO
H
* Disponíveis no Brasil
Tabela 111: Associação dos Hipoglicemiantes Orais
Summary
ORAL HIPOGL YCEMIC A GEN TS
Oral hipoglycemic agents are represented by the
sulfonylureas and biguanides.
The sulfonylureas stimulate the beta·cells of the
Langerhans islets of the pancreas to secrete more insulin.
The biguanides diminish glucose absorption by the gastrointestinal tract.
The first generation of sulfonylureas are longer active
while those of the second generation are ten to twenty
times more potent but do have a shorter half - life plasmatic
activity. Ali, with exception of the gliquidone are urinary
excretion and should therefore be avoided in patients with
renal insufficiency.
The use of biguanide is not allowed in the USA and
UK but in Brazil they are still commercialized. Their use
needs careful/ attention because of the risks of lactic acidosis in patient with hypoxia.
Oral hypoglycemic agents are used for treatment of
type 11 diabets mellitus not insulin-dependents, with islet
capability to secrete insulin.
Uniterms: Sulfunylurea, Biguanides
Diabetes mellitus
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Hipoglicemiantes Orais