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ág. 2 • ECA - pág. 4 • Crusp - pág. 9 • Shine - pág. 10 • Cultura - pág. 11
Editoriais - pág
AwnccUllSP
Paulo, abril de 1997
Superlotação das salas de aula da
USP beira o CAOS
Em algumas unidades, alunosjá assistem às aulas
sentados nos corredores dos edifícios - pág. 12
Salas de aula superlotadas são apenas
uma das conseqüências da redução do
número de professores da qual a USP vem
sendo vítima nos últimos anos. Com a
superlotação, o processo de aprendizado é
prejudicado e a qualidade de ensino cai, já
que estudantes mal acomodados têm mais
dificuldade em manterá concentração.
Em algumas unidades da USP, como no
Curso de Letras, a situação tem chegado a
níveis insuportáveis. Em algumas
disciplinas, as salas de aula ficam tão cheias
que alguns alunos são obrigados a assistirem
aula praticamente no corredor. Em julho do
ano passado, a FFLCH já contabilizava a
perda de 83 professores desde 1990.
Reitoria abandona círculares -pág 5
r^
Acima, usuários disputam um lugar no circular; Ao lado, aluno sentado no corredor da Letras.
Ato pela reforma agraria movimenta
sem-terra no Pontal do Paranapanema
págs.óe?
o-p-i-n*i-d«o
Provão de novo, não!
LOR
fyóbuío feKecívBL.
CPI Já!
O DCE apoia integralmente a
campanha iniciada pelo Centro
Acaflêmico XI de Agosto da
Faculdade de Direito da USP que
defende a criação de uma CPI dos
Precatórios na Câmara Municipal
de São Paulo. A campanha já tem
um abaixo-assinado que está sendo
divulgado. A mensagem é clara:
"j CPI dos Precatórios no Senado
Federaljá levantou sérias suspeitas
sobre a honestidade do atual prefeito
Celso Pitta quando se encontrava à
frente da Secretaria de Finanças na
administração de Paulo Maluf. É,
então, no exercício da cidadania,
nossa obrigação assegurar que tais
suspeitas sejam investigadas nos
mínimos detalhes e que todos os
envolvidos sejam devidamente
punidos".
Mais uma vez, o governo
federal propõe a realização
do famigerado provão. E
mais uma vez. a comunidade
acadêmica é obrigada a
desviar seus esforços para
combater tal arbitrariedade,
ao invés de estar expondo
uma avaliação universitária
de verdade, já gestada em
discussão com a sociedade,
diametralmente oposta a
esse "engana-trouxa"
bolado pelo pirotécnico
Paulo Renato Souza.
Até
a
imprensa,
normalmente
condescendente com as
propostas do ministro da
Educação (e perniciosa ao
tratar da universidade,
especialmente a pública),
reconhece a inutilidade
dessa prova, que só infere
aquilo que todos já estão
"carecas" de saber: os
melhores resultados vêm da
universidade pública. Ora,
não é preciso ser gênio para
saber que. salvo algumas
ínfimas
exceções,
a
universidade
privada
brasileira sempre se eximiu
da obrigação de formar
pensadores e profissionais.
Limita-se a produzir diplomas
em massa, e nisto é auxiliada
pelos governantes, que não se
cansam de autorizar a abertura
de novas universidades de
fundo de quintal.
Além disso, o governo,
mesmo após a divulgação dos
seus próprios dados sobre o
provão, segue avalizando esse
ensino superior privado de baixa
qualidade e, como única
conseqüência prática, anuncia
um programa de verbas públicas
para as piores universidades
privadas,
dinheiro que,
seguramente, não será aplicado
na melhoria da educação nessas
instituições de "ensino", e que
deveria estar sendo aplicado na
universidade pública.
Ademais, é revoltante que o
governo exima-se da obrigação
de participar de uma avaliação
universitária conseqüente, em
conjunto com todos os setores
que pensam a educação superior
no país. jogando nas costas
apenas
dos
estudantes
universitários brasileiros a
responsabilidade de responder
pela excelência acadêmica da
instituição a que pertencem.
É preciso deixar claro que o
DCE-Livre da USP não é contra a
avaliação universitária, ao
contrário, já que defendemos a
qualidade de ensino como uma
das características essenciais à
existência de uma universidade.
Apenas entendemos que não se
faz
avaliação propondo
sacrifícios de apenas uma das
categorias que compõem o
universo acadêmico e, mais que
isso, não aceitamos esta prova que
nos é imposta de forma
autoritária, sem levar em conta as
obrigações de cada setor do qual
depende a educação brasileira.
Assim, propomos que os colegas
formandos boicotem o provão.
Queremos ser avaliados sim, mas
em conjunto com a avaliação dos
professores, da pesquisa, da
administração universitária e,
principalmente, das obrigações dos
governos que nos propõem
absurdos como estes. Que os
governos passem a cumprir o que
lhes é devido, a saber: fornecer
condições para que a universidade
pública possa continuar formando
indivíduos capazes de pensar o país
em sua totalidade, não apenas
naquilo que desejam os
governantes de plantão.
Brasil: capitalismo sem riscos
Desde a eleição de Fernando
Collor o país vive assoberbado por
uma "febre" de privatizações e
entrega de forma acelerada anos
de desenvolvimento nacional que,
bem ou mal, supriram uma
necessidade estratégica de
produção tecnológica da nação. Já
foram vendidas uma série de
empresas estatais (principalmente
siderúrgicas) sem que a população
tivesse possibilidade de discuti-las.
O governo FHC, utilizando-se de
uma campanha de marketing
estrondosa, trata empresas como
a Vale do Rio Doce e a Petrobrás
como se fossem sapatarias ou
hotéis. E fica muito frágil o
argumento do governo de que
deve privatizar porque as estatais
são deficitárias, já que é ele próprio
quem inviabiliza as empresas
públicas para depois tentar
desmoralizá-las perante a opinião
pública. E particularmente no caso
da Vale do Rio Doce é oposto o que
acontece, já que esta é uma das
empresas mais lucrativas do país.
Isto sem falar das maracutaias
descaradas do processo de
privatização, gerido por uma
empresa diretamente ligada a uma
das mais fortes concorrentes para a
compra da Vale. O descaramento do
mercado financeiro é de tal
envergadura, que um diretor de
uma grande empresa tem a
desfaçatez de declarar à imprensa
que se soubesse que o preço da Vale
seria tão baixo, teria guardado uma
parte do dinheiro das férias para
participar do leilão!
Por outro lado. neste país de
capitalismo sem riscos, FHC
nacionaliza os prejuízos, ao
assumir a parte podre dos bancos
e entregar ao capital financeiro a
parte saneada. Basta compararmos
o montante de dinheiro aplicados
no Nacional e Econômico, capital
que daria para comprar mais de
uma Vale do Rio Doce, segundo
cálculos do próprio governo. Ora,
o que está em jogo nesta questão é
saber quem determina os rumos
do país, se o capital financeiro ou
a população brasileira.
Agora, FHC investe sem dó
contra a Vale do Rio Doce, uma das
maiores empresas mineradoras do
planeta, que além da enorme
geração de divisas que traz ao país,
catapulta linhas de pesquisa em
quase todas as universidades
públicas do país, gerando uma das
poucas áreas em que o Brasil dita
regras na tecnologia mundial. O
que pretende o governo com a
privatização de uma empresa tão
estratégica como a Vale?
Para nós, está claro que governo
se utiliza da venda das estatais para
sustentar o Plano Real, pois sem o
caixa adquirido nestas vendas, tal
plano já teria caído por terra.
Ademais, FHC precisa avalizar o
país junto ao mercado financeiro
internacional, e nada melhor para
Expediente
Jornal do DCE é uma publicação do
Diretório Central dos Estudantes da USP
Fechamento: 27 de março de 1997
Tiragem: 15000 exemplares
Diretores Responsáveis:
Rodrigo Ricupero (editor)
Gilberto Giusepone
Reportagem: Andréa Lie Iwamizu
<x>
isso que entregar de bandeja a sua
melhor empresa, aquela que gera
divisas, riqueza e tecnologia. E não
há pior forma de inserção
submissa que abrir mão de
produzira própria tecnologia, fato
que. aliás, o sociólogo Fernando
Henrique Cardoso já identificava
em seus escritos acerca da
dependência
dos
países
subdesenvolvidos. O lobo já vestia
pele de cordeiro há muito tempo.
Diagramação:
tal:S02-4278
DCE livre USP
Cidade Universitária
tel: 818-3269 fax: 818-3270
u • n • i • v • e r*s-i«d-d-d«
Diretor da ECA ignora consulta
popular e indica vice-diretor
Centro Acadêmico Lupe Cotrím organiza protesto contra indicação autoritária
O Centro Acadêmico Lupe
Cotrím está se mobilizando em
repúdio à indicação do
professor Valdenir Caldas ao
cargo de vice-diretor da ECA
(Escola de Comunicações e
Artes).
No dia 4 de março, alunos,
professores, funcionários e os
três candidatos a vice-diretor
se reuniram em um debate
organizado pelo Centro
Acadêmico, respondendo a
perguntas formuladas pela
professora Dilma de Melo. Os
três
candidatos
se
comprometeram a acatar o
resultado da consulta à
comunidade,
que
seria
realizada no dia seguinte. Pela
consulta, da qual participaram
estudantes, funcionários e
docentes, o professor Eduardo
Leone foi escolhido como vicediretor da faculdade. O segundo
lugar ficou com o professor José
Vendramini, e o terceiro com o
professor Caldas.
O colégio eleitoral da ECA.
formado pelos membros dos
conselhos departamentais e
colegiados da escola, se reuniu
no dia 7 de março para votar a
lista tríplice com os nomes dos
candidatos a ser enviada ao
Reitor. A votação foi adiada por
duas vezes, por não ter alcançado
o quorum mínimo necessário
para a sua realização.
resultado da consulta à
comunidade. Para completar, o
professor Vendramini, segundo
colocado na consulta, não foi
incluído na lista tríplice, dando
nomeou o professor Valdenir sátira da situação que passamos",
Caldas como vice-diretor. De
completa.
Durante
a
acordo com a tradição, o reitor manifestação, será entregue ao
leva em conta a opinião do diretor da ECA um abaixodiretor da faculdade para a assinado em repúdio à indicação
nomeação do vice. Ou seja: o do vice-diretor. O documento
critica o fato do professor Tupã
professor Tupã ignorou a
vontade da comunidade,
não ter se manifestado contra a
indicando o professor Caldas à
indicação e pede que o professor
reitoria. Segundo o CA., o Caldas renuncie ao cargo. As
professor Caldas já aceitou o próximas ações em relação ao
cargo,
faltando apenas assunto serão formuladas em
formalizar sua decisão
uma reunião aberta a todos os
interessados no dia Io de abril,
O CA. está organizando para
quarta-feira, dia 2 de abril, uma
no aquário do CJE.
pizzada às 12h na sala do
professor Tupã. A
manifestação deve contar
com alunos, funcionários
Licenciatura
e professores, que estão
A representação discente presente
sendo convidados a
no Conselho de Graduação do dia 20
comparecerem com
de março encaminhou ao pró-reitor
instrumentos musicais.
Carlos Alberto Barbosa Dantas a
Além disso, os alunos de
proposta
de criação de um fórum de
Artes Cênicas devem
discussões
sobre a Licenciatura que
fazer uma participação
reúna
professores
e alunos de varias
especial.
unidades
"Nas atividades muito
sérias, as pessoas não
Sumiço no DCE
vão", diz o diretor do
Foram furtados do DCE por volta
CA. Fábio Valério
das 22h do dia 2 de março um aparelho
Beraçoli. "A intenção é
de fax marca Panasonic, duas caixas
chamar a atenção das
acústicas de som, um kit multimídia
pessoas fazendo uma
Sound Blaster e seis pacotes de papel
sulfite. Não há suspeitos.
Notas
Finalmente, na terceira
tentativa, a votação foi feita,
sendo que o professor Valdenir
Caldas foi eleito como vicediretor, com vantagem de dois
votos sobre o professor Leone.
escolhido na consulta à
comunidade. De acordo com o
CA., foi a primeira vez na
história da escola em que o
colégio eleitoral não acatou o
lugar a um novo candidato, o
professor Gandra Martins.
No mesmo dia da votação
do colégio eleitoral, o diretor
da ECA. professor Tupã. foi
procurado pelo CA. para
defender o resultado da
consulta à comunidade, se
comprometendo a relatá-lo à
reitoria. No entanto, no dia 18
de março, o diretor da ECA
0 Congresso dos estudantes
da USP já é uma realidade
Na última semana de março, a comissão
do Congresso reuniu-se na sede do DCE e
conseguiu avançar nas soluções dos
problemas estruturais para que o evento se
tome uma realidade. Estas soluções serão
apresentadas no Conselho de Centros
Acadêmicos, que se realizará no dia 05 de
abril, onde espera-se que seajm definidas
todas as questões relativas ao tema.
Discutiu-se o critério de delegação, os
espaços onde acontecerão as plenárias e
discussões, alimentação, alojamento,
caderno de teses, caderno de textos, etc.
Porém, a discussão mais importante
que se travou foi acerca dos eixos centrais
de debate, antes e durante o Congresso.
Chegou-se à conclusão que. para que o
debate seja realizado em alto nível, devese ter como eixos centrais temas
generalizantes, que permitam que cada
faculdade possa participar partindo de seu
universo para atingir um patamar de
discussão da universidade como um todo.
Assim, os eixos centrais propostos são:
1) Financiamento da universidade-,
2) Autonomia universitária;
3) Ensino/Pesquisa/Extensão:
4) Movimento estudantil.
A comissão entendeu que tais temas
gerarão um debate frutífero nas
unidades, preparando os três dias finais
do Congresso para deliberações calcadas
em discussões conseqüentes, em direção
a um projeto para a Universidade de São
Paulo. Os estudantes da USP podem —
e devem — sinalizar às universidades
públicas do país o salto de qualidade
naquilo que deve ser chamado de
projeto plural,
includente e
democrático para a educação brasileira.
É um desafio que nos encherá de
orgulho enfrentar.
<x>
Integrapoli
O Integrapoli. que aconteceu nos
dias 19. 20 e 21 de março, para a
recepção unificada dos bixos
politécnicos, arrecadou mais de dez
toneladas de alimentos. A comida
será destinada, junto com roupas e
colchões que também foram doados,
para o Vale do Jequitinhonha.
Ameaça cumprida
Como já havia sido antecipado, o
diretor da FEA. Denizard Alves,
enviou um ofício ao Centro
Acadêmico Visconde de Cairu
cumprindo a ameaça de abrir uma
licitação para a lanchonete da FEA
Denizard deixou bem claro que o
dinheiro arrecadado com o aluguel do
espaço da lanchonete, antes destinado
ao CAVC. irá para fundos da biblioteca.
por» trdz • da • política
Roberto de Souza Campos
Maluf 98
O ex-prefeito Paulo Maluf já definiu seu
futuro político: será candidato a
governador do Estado de São Paulo, em 98.
Só uma queda vertiginosa de popularidade
de FHC ou um efeito político estrondoso
da CPI dos Precatórios pode mudar a
decisão. Nem mais influentes secretários
municipais cogitam a possibilidade de
serem candidatos.
Cartas Marcadas ••••••
O secretário municipal da Habitação e
Desenvolvimento Urbano, Lair Krahenbuhl.
já está em campanha para ser candidato à
prefeitura no ano 2.000. Ele quase foi
escolhido por Maluf para concorrer à vaga,
mas acabou perdendo para Pitta. "Fiquei
muito chateado, mas isso não me impediu de
apoiar o Pitta." Ele avalia que o Cingapura é o
melhor projeto maluhsta.
Quem diria? •••••••••
O jornalista Alberto Dines revelou um
detalhe sobre a vida pregressa do senador
Roberto Requião. relator da CPI dos Títulos,
que ainda é desconhecido por muita gente:
dos quatro mandatos que teve, dois foram
cassados por corrupção -e o atual está "subjudice". Ele também é inimigo político do
governador do Paraná. Jaime Lemer. Mas
informações no Observatório da Imprensa
(http://www2.uol.com.br/observatorio).
Crise de Maluf
Dois dos principais secretários do
governo Maluf estão sendo processados
pelo Ministério Público: o da Saúde.
Roberto Paulo Richter. porque não
suspendeu os repasses mensais para as
cooperativas do PAS (Plano de
Atendimento à Saúde), apesar de não ter
recebido as prestações de contas; e o de
Serviços e Obras, Reynaldo de Barros,
porque contratou a empresa do tio sem
licitação para fazer um serviço que poderia
ser feito por outras.
Dor de cabeça ••••••••
O publicitário Celso Loducca, que fez
o início da campanha de Luiza Erundina
à prefeitura, resolveu explorar a imagem
mais do que desgastada da primeiradama do município para vender
analgésico. O texto insinua que o
remédio é tão bom que seria capaz até de
curar a dor de cabeça de Nicéa Pitta.
USP Ribeirão
A Secretaria Municipal do Planejamento
de Ribeirão Preto estuda transformar a
"pedreira da USP" em um parque de lazer. O
terreno rochoso de 250 m2, anexo ao campus,
pertence tantoà prefeitura quantoà USP. Uma
das idéias é triplicar o tamanho do lago hoje
existente no local
Duas histórias com o mesmo fim:
Pittagate
Ao longo do processo eleitoral que
escolheu Celso Pitta como prefeito de São
Paulo, duas grandes denúncias contra ele
foram publicadas, sem grande repercussão,
pela grande imprensa.
Cinco dias antes do primeiro turno, o
Jornal dã Tarde publicou uma reportagem
mostrando como o então secretários de
Finanças deu prejuízo de R$ 1.7 milhão à
prefeitura, em um único dia, através da
venda de títulos públicos destinados ao
pagamento de precatórios.
Dois dias antes do segundo turno, a
Folha da Tarde publicou que os gastos
realizados por Pitta em 95 foram
incompatíveis com as receitas que ele
declarou à Receita Federal. Apenas para
pagar prestações do apartamento, compra
de carros, condomínios, salário de
empregadas e contas, todo o orçamento da
família era insuficiente. Sem falar em
comida, roupas, viagens, gasolina,
cabeleireiro e outras despesas normais da
família. A defesa: "Isso é uma invasão da
minha vida pessoal."
Os jornalistas foram processados
criminalmente por Pitta.
As duas reportagens poderiam ter sido
publicadas antes, mas não foram.
Poderiam ter merecido destaque nos
veículos de maior circulação, mas isso não
aconteceu. E não alteraram o rumo da
história -pelo menos até agora.
Quase quatro meses depois, surge a
CPI dos Precatórios, por causa de uma outra
reportagem publicada por O Estado de São
Paulo, também sem repercussão eleitoral.
Os fatos até agora apurados mostram
que Wagner Ramos, ex-assessor direto de
Pitta. executada as tarefas de um grande
esquema de desvios de dinheiro, através dos
títulos. Pitta já demitiu todos os
funcionários da prefeitura que apareceram
no escândalo, menos sua mulher, Nicéa.
Aliás, ela teve um carro alugado em
seu nome por R$ 6.100 e pago pelo principal
banco envolvido no escândalo, o Vetor.
Pitta e a mulher contaram versões
diferentes para o fato. Ele jura que não
sabia de nada. Apenas comeu a pizza!!!
Crise de Pitta
Deu a maior briga entre os secretários
pittistas Reynaldo de Barros (Serviços e
Obras) e Ópice Blum (Administrações
Regionais), por causa do lixo na cidade.
Barros distribuiu um folheto segundo o
qual a fiscalização contra o despejo de
entulho clandestino nas praças é de
responsabilidade de Blum. Ele afirma que
Barros deveria cuidar dessa área.
Resultado: Blum resolveu ficar ae pediu
licença. Para completar, o principal
articulador político de Pitta. Edevaldo
Alves da Silva (Governo), está internado.
Cuidado! •••••••••••
Um professor da Faculdade de Saúde
Pública da USP, preocupado em concluir
a redação da tese de doutorado, viajou
para a fazenda de um amigo no interior
de São Paulo. Hospedou-se no melhor
quarto, com vista para o pasto. Após
várias semanas de trabalho, quando já
estava com quase toda a tese
datilografada, em uma moderna
máquina de escrever manual, encontra
uma charmosa vaquinha saboreando
seus conhecimentos. Duas semanas de
trabalho viraram estéreo.
Estratégia Petista
í,,,
Vetor pagou alȒr"
1
,TO
f^
UM PREQNHO DESSE. E AINDA TtM GENTE QUE ARRBCA
TODO O SEU PATRIMÔNIO PRA ALUGAR UM CARRO.
*i 627.20 inua
■ .»;.,.. ,;-,í-
Alguns grupos de militantes petistas
defendem que o partido deve investir
mais no legislativo e se preocupar menos
com o executivo. A idéia é só lançar
nomes fortes para o executivo onde há
chances reais de vitória. Para o governo
do Estado de São Paulo, por exemplo,
seria lançado um deputado estadual,
apenas para que ele se tornasse mais
conhecido e garantisse uma votação
expressiva para vereador em 2.000.
Fala sapo! ••••••••••
Masturbação virtual vira hit na USP
As salas de chat (bate-papo) na internet
estão infestadas de pessoas que se apresentam
como estudantes da USP, em busca de
masturbação virtual. Para quem não conhece,
as salas permitem diálogos "on-line" entre
pessoas que adotam apelidos, sem qualquer
tipo de compromisso.
Depois de trocaram informações sobre
os locais onde estão e as idades, os intemautas
costumam perguntar "o que você faz da vida?".
O número de respostas "estudo na USP" é
impressionante. Daí para frente, começam as
descrições físicas e o sexo vitual -muito
semelhante ao chamado sexo por telefone, mas
com outro tipo de estímulo.
Por causa da falta de mulheres
dispostas a um "virtual" nas salas
heterossexuais, a nova técnica utilizada pelos
alunos é mudar de sexo! Eles entram nas salas
de lésbicas, com nome de mulher, e
conseguem uma bela conversa virtual
"A net proporciona uma alternativa
que não existe em nenhum outro meio de
comunicação do mundo", disse um aluno da
universidade que se apresenta no chat como
Mirella. "Em que outro lugar eu poderia me
sentir uma mulher transando com outra
mulher", pergunta.
Ela diz que o fato de ter que parecer uma
mulher não é problemático. "O que importa
é o estímulo que a gente recebe."
Sobre a possibilidade do interlocutor
também ser um homem, Mirella afirma que
"a gente nunca sabe se realmente é uma
mulher, mas nunca vai ficar sabendo se era
um homem".
<3>
Após o procurador-chefe da prefeitura
de Mauá. Laércio José dos Santos, o Lalá,
imitar o latido de um cão. na última festa
de aniversário do presidente de honra do
PT, Luiz Inácio Lula da Silva, houve o
seguinte diálogo:
Lula: Sai pra lá, cachorro samento!
Lalá: Sai pra lá, sapo barbudo!
As gargalhadas foram tantas que Lula
sequer teve chance de tréplica.
Boa Resalva •••••••••
Já virou motivo de piada, dentro da
prefeitura, o fato do prefeito Celso Pitta
afirmar que não sabia das operações
irregulares de Wagner Ramos com os
títulos públicos. Toda vez que um
secretário afirma desconhecer um
projeto que está sendo tocado por sua
assessoria. faz questão de ressaltar:
"Mas sei que eles não fazem não
mexem com precatórios."
u • n • i • v • e • r*s«i*d«d-d-
Circular: em estado de calamidade
Ônibus danificados e sem escala de horários definida atrapalham a vida dos usuários.
A cena se repete várias vezes
ao dia: os pontos de ônibus da
Cidade Universitária ficam
lotados
de
alunos
e
funcionários que esperam pelos
circulares para se locomoverem
dentro do campus ou para
chegarem até os portões, de
onde partem as conduções que
os levam para casa.
Ninguém sabe precisar
quanto tempo aguarda, em
média, pelo circular. Alguns já se
cansaram de esperar, e optam
por andar ou tentar uma carona.
Depois de meia hora. quarenta
minutos ou mais tempo
esperando, só há uma certeza: o
passageiro embarcará em ônibus
velhos em péssimo estado de
conservação, onde os bancos
rasgados, semi destruídos ou
inexistentes são apenas um
detalhe.
A funcionária da USP Sônia
Maria Furlaneto. 52 anos, diz
que os circulares são "péssimos".
Ela mora em Osasco e costuma
chegar por volta das 18hl5 em
casa, após pegar duas conduções.
"Vou a pé até a Vital Brasil em
25 minutos para pegar o ônibus
quando não estou muito
cansada, como nas quintas e sextasfeiras", diz a cozinheira, que
trabalha há quinze anos no
restaurante central. "Se eu for
esperar o circular, chego em casa
só às 19h". afirma.
Sônia tem saudades do
tempo em que havia três Unhas
de circulares, há cerca de seis
anos. "Se a gente perdia o das
8h05. pegava o das 8hl0. Hoje
em dia. esperamos até às 9h,
quando o ônibus vem", afirma
Sônia. "Mas sei que o pessoal
que trabalha à noite na USP sofre
muito mais", conforma-se.
A aluna Nicole Assis Pereira.
18 anos. do primeiro ano de
Veterinária, diz que os circulares
já são chamados de linha virtual.
"Geralmente tento pegar
caronas para me locomover na
USP", afirma Nicole. "Para
solucionar o problema, seriam
necessários mais ônibus, porque
os que existem sempre lotam,
além de serem velhos",
completa.
O funcionário Arthur
Zampieri. 27 anos. trabalha há
dois anos como técnico de
laboratório no Instituto de
Química,
mas antes já
Usuários do ônibus aguardam o circular em longas filas no ponto inicial da linha
freqüentava o campus como
aluno de Ciências Sociais. "Em
83, a linha tinha mais ônibus,
mais novos e rápidos", afirma.
Naquela época, além disso, os
circulares chegavam até o bar Rei
das Batidas. "A tendência é
mesmo que o circular acabe, é
algo deliberado por parte da
prefeitura, já que eles são
poucos, em péssimo estado de
conservação e demoram muito",
acredita Zampieri.
O prefeito da Cidade
Universitária, professor Antônio
Rodrigues Martins, informou
por intermédio de sua secretária
que prestaria informações sobre
o funcionamento das linhas
circulares. desde que a
reportagem enviasse um ofício
com as perguntas por escrito. O
oficio foi entregue no protocolo
da prefeitura algumas horas
depois. No entanto, após uma
semana, a mesma secretária
informou que o prefeito não
poderia responder, pois não foi
possível encontrá-lo durante
todos esses dias.
USP perde duas linhas de ônibus
ibus do circular rodam completamente deteriorados
As linhas de ônibus 736-A e
746-). que cumprem o itinerário
Consolação/Cidade
Universitária, devem ser
canceladas em abril, de acordo
com informações da Prefeitura de
São Paulo, obtidas através da São
Paulo Transporte S/A (SPTrans),
empresa que administra o sistema
de ônibus da cidade.
De acordo com a assessoria de
imprensa da SPTrans. nove linhas
de ônibus servem o campus da
USP, com uma frota que conta com
113 ônibus que transportam uma
média de 48.200 passageiros em
dias úteis.
A São Paulo Transporte
argumenta
que
o
cancelamento das linhas faz
parte de um "projeto de
redimensionamento
para
adequar a frota ao volume de
passageiros" em todo o
sistema,
que
prevê
o
cancelamento das linhas que
tenham "baixa demanda". O
plano começou pela Zona Leste
da cidade, onde o número de
ônibus nas ruas já foi reduzido
em 4% nos últimos meses.
A aluna Nicole Assis Pereira,
do primeiro ano de Veterinária,
mora no bairro do Itaim e utiliza
a linha 736-A para chegar até a
USP. "Pode até ser que o ônibus
não venha lotado, mas a linha é
importante para quem usa", diz
Nicole. Com o cancelamento da
linha, ela será obrigada a usar
outra, que passa apenas de uma
em uma hora.
Benedito Araújo de Moura. 20
anos. está no segundo ano de
Português e mora na cidade de
Caieiras. Para chegar até a
Faculdade de Letras, ele pega
todos os dias a linha 7702. que o
leva do terminal Barra Funda,
onde desembarca de um ônibus
intermunicipal, até o campus.
Segundo ele, a linha tem apenas
dois ônibus. "De manhã, pego o
ônibus que sai às 6h30 da Barra
Funda. Se perder, o próximo só às
7h50". diz Moura. "Pelo número
de pessoas que precisam vir para
a USP todos os dias. era preciso
que a prefeitura colocasse mais
ônibus", completa.
A São Paulo Transporte
argumenta que os usuários de
ônibus do campus não serão
prejudicados
com
o
cancelamento das duas linhas.
A empresa afirma que a linha
775-U, com onze ônibus
cumprindo
o itinerário
provisório Liberdade/Cidade
Universitária, irá substituir as
linhas canceladas, que juntas
tinham oito veículos. No
entanto, não há nenhuma
previsão de quando esta linha
será criada.
nn*o*v*i*m«e-n-t«o
Ato em defesa da reforma agrária
no Pontal do Paranapanema
Partido dos Trabalhadores se mobiliza pelos sem-terra.
Lúcia Rodrigues
Enviada especial ao Pontal do
Paranapanema
O
PT
(Partido
dos
Trabalhadores) promoveu no dia 16
de março um grande ato em defesa
da reforma agrária no Pontal do
Paranapanema.
Durante a
manifestação foi inaugurada uma
réplica do monumento projetado
pelo arquiteto Oscar Niemeyer
em homenagem aos 19 sem-terra
mortos pela Polícia Militar, que
foi destruído em Eldorado dos
Carajás, no Pará.
O PT enviou 66 ônibus para
Teodoro Sampaio (710 km a
oeste de SP). A CUT. PCdoB,
PSTÜ, CMP (Central de
Movimentos Populares), DCEUSP, UEE e entidades sindicais
participaram do ato, totalizando
oito mil manifestantes, segundo a
Polícia Militar.
O presidente nacional do PT,
José Dirceu, disse que o partido
deve estar ao lado do MST lutando
para que a reforma agrária seja
efetivada. Para ele, onde "tremular
a bandeira do MST, tem que
tremulara bandeira do PT". Dirceu
acredita que atos como o dos
trabalhadores da Ford de São
Bernardo, o bloco parlamentar
de oposição que está sendo
rearticulado no Congresso e
principalmente a defesa da
Notas
Encontro estadual
O 12° Encontro Estadual
do MST, realizado de 5 a 7 de
março em Santo André, contou
com a presença de cerca de 3
mil
delegados,
que
reafirmaram que as ocupações
de terras devem ter
continuidade. Além do
compromisso firmado, o MST
quer ultrapassar os limites do
campo, envolvendo toda a
sociedade na luta pela
reforma agrária.
Para Raimundo Bomfim.
da direção nacional da CMP
(Central de Movimentos
Populares), alguns limites já
estão sendo quebrados.
Segundo ele, 1500 famílias da
Capela do Socorro compram
alimentos produzidos em um
assentamento do MST através
de
uma
cooperativa,
repassando-os
para
a
comunidade a preço de custo.
Ele acredita que essa prática
possa ser estendida a outros
grupos que tenham interesse.
Gado vira arma
A UDR está realizando
vários leilões de gado na região
do Pontal para obtenção de
recursos para a compra de
armas. Os latifundiários que
participam desses leilões
arrematam as cabeças de gado
e as devolvem para serem
leiloadas repetidas vezes. Para
o advogado do MST, Luiz
Eduardo Greenhalgh. a UDR
está se rearticulando no Brasil
a partir do Pontal, e é
importante que ocorram
manifestações na região para
evitar seu crescimento.
Prefeito apoia reforma
O prefeito de Teodoro
Sampaio, Antônio Nunes,
afirmou durante o ato que sua
cidade é a capital da reforma
agrária. Para ele, a reforma
agrária significa uma das
viáveis soluções para o
desemprego na região.
CUT se mobiliza
O secretário-geral da CUT
em São Paulo Antônio Sousa
Ribeiro, o Trampolim,
acredita que as mobilizações
em defesa da reforma agrária
contribuem também para
frear a privatização da Vale
do Rio Doce. Ele afirma que
o Brasilprecisa mudar de cara,
e isso sõ será possível com
mobilizações de rua.
reforma agrária vão motivar a
sociedade civil a ir para as ruas
protestar contra a política
neoliberal do governo FHC.
O deputado estadual do
PCdoB, Jamil Murad. acredita
que as manifestações populares
são a principal forma de
contraposição à política do
governo. Murad alerta para o fato
da UDR estar se rearticulando no
Brasil e afirma que FHC, ao
tentar isolar o MST. está dando
força para a UDR, que é
constituída por "bandidos de
colarinho branco".
A líder dos sem-terra Diolinda
Alves de Souza considera que a
solidariedade da sociedade é
fundamental para que a reforma
agrária saia do papel. Ela considera
positivo o apoio que o PT tem dado
ao MST. Diolinda afirma que o PT
vivenciou momentos históricos
como a campanha pelas Diretas, a
Manifestantes em frente à Faz enda São Domingos, no Pontal
campanha de Lula à presidência da
república e o impeachement de
Collor. "É importante que o partido
esteja conosco defendendo o
projeto de reforma agrária para o
Brasil", disse Diolinda.
Para Diolinda, é importante
que as mobilizações tenham
continuidade.
A
Marcha
Nacional Pela Reforma Agrária,
que chegará a Brasília no dia 17
de abril tem recebido o apoio da
população pelas cidades por onde
tem passado.
O presidente estadual do PT,
João Paulo Cunha, informou que o
partido está orientando seus
diretórios municipais
a se
transformarem em Comitês em
Defesa da Reforma Agrária. O
partido está organizando uma
caravana à Brasília que se encontrará
com a marcha dos sem-terra.
Fazendeiro dificulta negociação
Para o senador
Eduardo Suplicy (PT),
está faltando vontade
política por parte do
governo para resolver a
questão da reforma
agrária. Segundo ele.
FHC tem se desdobrado
para salvar bancos
falidos, enquanto o seu
interesse em resolver a
questão
agrária
caminha a passos de
tartaruga.
Suplicy tem ido
regularmente ao Pontal
do Parana-panema na
tentativa de encontrar
uma solução pacífica
para a colheita da
plantação de milho nos
250 alqueires da
Fazenda São Domingos.
O dono da fazenda,
Osvaldo Paes,
só
aceitou conversar com
Suplicy no batalhão da
PM em Presidente
Prudente, mediante a
presença
de
um
coronel.
Suplicy
estranhou a atitude de
Paes, pois não se
considera perigoso. O
latifundiário
condiciona a negociação
da colheita à retirada do
acampamento dos semterra
da
região,
proposta que o MST
considera fora de
qualquer propósito.
Segundo Gilmar
Mauro, da direção
nacional do Movimento
Sem-terra
os
trabalhadores rurais
não irão levantar
acampamento pelo
simples fato de não
quererem só o milho,
mas sim a terra. Ele
afirma
que
os
fazendeiros da região
têm
verdadeiros
arsenais. "A Polícia
Militar veio procurar
armas em nossos
acampamentos e só
encontrou
uma
espingarda velha de
caça, mas não entrou
em nenhuma fazenda
da região".
Baleada não quer abandonar MST
A trabalhadora rural Míriam
Farias de Oliveira, que foi baleada
por pistoleiros da Fazenda São
Domingos enquanto observava o
milho plantado por ela e seus
companheiros, diz que o incidente
não arrefeceu seu ânimo de lutar
por um pedaço de terra.
Míriam foi atingida por um
tiro que perfurou seu peito e saiu
pelas costas. Os autores dos
disparos já estão em liberdade.
"Agora é que tenho força, não
vou abandonar o MST nunca
porque estamos reivindicando
trabalho, o pão para nossos
filhos", disse.
Míriam é chefe de família.
Desquitada, ela sustenta seus
dois filhos de 9 e 13 anos. Entrou
para o MST depois de ter sido
demitida da prefeitura de
Teodoro Sampaio, onde
trabalhava.
m*o-v«i-m«e-n*'t«o
Manifestantes invadem a região
Mais de oito mil pessoas apoiaram o movimento pela reforma agrária em um ato pacífico
O Pontal do Paranapanema
viveu um 16 de março atípico. A
cidade de Teodoro Sampaio foi
"invadida" por mais de oito mil
manifestantes de São Paulo que
foram levar sua solidariedade ao
MST na luta pela reforma
agrária. Habituada a uma vida
pacata, a cidade parecia viver um
dia de festa.
Ainda de madrugada, muitos
ônibus se concentravam no
trevo de acesso à cidade à espera
dos outros, que iriam se juntar à
carreata programada para o
inicio da manhã. Do trevo, os
manifestantes se dirigiram ao
acampamento Taquaruçu em
Sandovalina. Parte do trajeto foi
feito de ônibus, e quase dois
quilômetros completados a pé.
Na rodovia que liga
Sandovalina a Teodoro Sampaio
(palco de uma sala de aula
improvisada pelos sem-terra no
final de 95, quando foram
despejados dos galpões da CESP
pelo governo Covas), foi realizado
um ato público. Delwek
Matheus, da Coordenação
Nacional do MST. afirmou que "a
união do campo e da cidade irá dar
um basta na política neoliberal do
governo FHC".
Em
seguida.
os
manifestantes se concentraram
na frente da Fazenda São
Domingos, onde oito sem-terra
foram baleados por pistoleiros.
No local, foi realizada uma
mística, nome dado pelo MST às
manifestações onde se tocam as
músicas do movimento e se
fazem discursos. Um dos refrões
cantado pelos manifestações
deixou clara a mensagem: "Só.
só, só. só sai reforma agrária,
com a aliança camponesaoperária".
Zelitro Luz, da direção
estadual, ressaltou que o
governo insiste em afirmar que
os trabalhadores rurais não
devem se "meter em política".
Para ele, isso é um grande
absurdo. "A nossa carteira de
identidade não fala que somos
sem-terra. mas que somos
brasileiros, portanto não vamos
entregar o pais ao capital
internacional", disse Luz.
referindo-se à privatização da
Vale do Rio Doce.
À tarde foi realizado um ato
público em frente à prefeitura
de Teodoro Sampaio, com a
presença de representantes de
partidos, sindicatos, estudantes,
deputados, do prefeito e da
população da cidade e do
senador Eduardo Suplicy. O ato
teve ainda a participação de
artistas ligados ao MST e da
sambista Leci Brandão. A
prefeitura de Teodoro Sampaio
distribuiu para a imprensa um
saquinho com terra e grãos de
milho da Fazenda
São
Domingos, simbolizando a luta
do MST.
USP participa
Três ônibus saíram da USP
levando alunos e funcionários
que participaram do ato de apoio
ao MST. A caravana foi
organizada pelo DCE, Sintusp,
Adusp. Assipen e Geografia.
Segundo a diretora do
Sintusp. Dinizete Xavier, a
entidade estará impulsionando
a luta pela reforma agrária no
campus. "Devemos seguir o
exemplo do MST". afirmou. Para
o diretor do Centro Acadêmico
de História. Alexandre Nicolae
Muscalu, "é fundamental que
toda a sociedade esteja engajada
na luta pela reforma agrária".
O DCE. em conjunto com
as demais entidades, estará
organizando a caravana que irá
a Brasília no dia 17 de abril,
quando a Marcha Nacional dos
Sem-terra chega à capital federal.
Ato pelo MST reúne 5 mil
A Passeata Pela Reforma
Agrária e Justiça, que reuniu
cerca de cinco mil pessoas no
dia 7 de março, parou as ruas
de São Paulo. Estudantes,
trabalhadores rurais semterra, políticos e entidades
sindicais participaram do ato.
Os
manifestantes
se
concentram na Praça da Sé e
no Masp (Museu de Arte de
São Paulo) e se encontraram
na Rua Maria Antônia, a
caminho do Pacaembu.
Na Praça Charles Miller,
artistas como Leci Brandão,
Edvaldo Santana, Racionais
MC"s e membros da
Companhia Paulista de Bailei
se apresentaram em um
show que foi até a
madrugada.
No dia 6 de março, os
estudantes compareceram
em massa a um outro ato de
apoio ao MST, em Ribeirão
Preto. Cerca de quatro mil
pessoas
estiveram
na
Esplanada do Teatro Pedro II
para levar solidariedade aos
integrantes da Marcha
Nacional Pela Reforma
Agrária e Justiça, de passagem
pela cidade.
MST recebe o prêmio Rei
Balduíno na Bélgica
Enquanto no Brasil FHC
tenta isolar o MST afirmando
que não negocia com
invasores e a justiça prende
trabalhadores
rurais
alegando formação de
quadrilha, na Bélgica o MST
é homenageado recebendo o
prêmio Rei
Balduíno,
atribuído ao fato de o MST
ser uma entidade que luta
pelo desenvolvimento do
Terceiro Mundo.
Representantes do MST
receberam o prêmio no dia 19
de março em cerimônia com
a presença do rei da Bélgica.
Durante uma semana, eles
participaram de uma série de
atividades no país, a convite
Vista parcial do acampamento sem-terra, próximo à fazenda São Domingos, no Pontal do Paranapanema
<x>
da
organização
nãogovemamental Rei Balduíno.
Não é a primeira vez que
o MST recebe um prêmio
internacional. Em 91, o
governo sueco concedeu o
Prêmio Nobel Alternativo em
reconhecimento ao trabalho
desenvolvido
pelo
movimento. Só no ano
passado, o MST recebeu
quase 20 prêmios e
condecorações. A Unicef e o
Instituto Cultural Itaú
conferiram um prêmio no
valor de R$ 50 mil pelo
trabalho que o MST
desenvolve na área de
educação
em
seus
assentamentos.
m • e- m
/
o
r • i • d
Evento discute desaparecidos políticos
Ciclo de debates e vídeos no prédio da História e Geografia lembrará horror da ditadura militar
Paulo Santos Lima
O
evento
Mortos
e
Desaparecidos Políticos: Reparação
ou Impunidadençaniece em abril,
tratando de questões referentes à
repressão do governo militar e à
procura de suas vitimas, trabalho e
técnicas de pesquisa, necrópsia e
escavações. O presidente da
Qirisb
Especial
de
Reconhecimento
dos
Desaparecidos Políticos Miguel
Reale Jr. Eugênio Bucci {OEstado
de S. Pauldi e o professor Ismail
Xavier discutirão assuntos como
direitos humanos, mídia e
história. O evento contará ainda
com uma mostra de filmes e
documentários.
Como qualquer pais imerso
num regime totalitário, o Brasil,
em 20 anos de governo militar,
expurgou a oposição. Muitos
foram mortos; muitos desapareceram; alguns retornaram sem
rumo ao pais; outros voltaram
após a anistia retomando suas
atividades. Quem reclama,
principalmente, pelos desaparecidos são as respectivas famílias
e entidades de direitos humanos.
Em agosto de 1979 foi
encontrado o corpo de um
desaparecido político enterrado
como indigente no Cemitério Dom
Bosco, em Perus. Este nome
tornou-se conhecido pelo povo
brasileiro e virou símbolo da
elucidação dos casos de
"desaparecimento". A partir dai,
várias comissões de direitos
humanos foram vasculhando à
procura de provas, ossadas e
indenizações.
Em 1990, a gestão Luíza
Erundina criou uma Comissão
Especial de Investigação das
Ossadas de Perus, conveniada com
o governo do Estado e a
Universidade de Campinas.
Em dezembro de 1995 foi
sancionada a lei 9-140 que
reconhece a responsabilidade do
Estado pela morte de 136
desaparecidos por razões políticas.
Os familiares ainda reclamam a
morte de outras 217 pessoas. Uma
comissão instituída pela própria
lei tem examinado os casos para
apurar as condições das mortes, se
sob tortura ou custódia oficial,
assim como já recolheu dez novas
denúncias.
"Mas é pouco o que se está
fazendo", diz Janaina de Almeida
Teles. 30 anos, sobrinha de um
guerrilheiro do Araguaia, e uma
das organizadoras do evento. Ela
continua: "O Brasil tem quase
400 mortos/desaparecidos;
Hélio Bicudo já falou que, no
Brasil. 50 mil pessoas foram
atingidas de alguma forma com
o regime militar, entre expurgos,
mortes ou coações. A transição
brasileira é lenta... o SNI só
mudou de nome. As Forças
Armadas têm relatórios sobre
todas suas ações mas ainda
escondem da população seus
arquivos. Temos que desmontar
o aparelho repressivo que ainda
existe no país e a exumação dos
corpos é uma das formas. Além
dos problemas legais, nossas
técnicas de escavações não são
suficientemente adequadas. Tem
de ser feito um trabalho
arqueológico para se reconstituir
os crimes. A idéia também é alertar
para o que acontece ainda hoje."
Por isso, Luís Fondebrider,
integrante da famosa Equipe
Argentina de Antropologia
Forense — que aliás já trabalhou
com a Unicamp em 90 — ,
participará do evento. A EAAF
conta com médicos legistas e
arqueólogos e vem trabalhando
em vários países da América
Latina, além da Romênia, Etiópia.
África do Sul, Zimbábue e até
mesmo na caótica Croácia.
Caótica, aliás, é a situação deste
Brasil prestes a cair nesta onda
neoliberal. Que este evento, tão
valioso para a "memória
nacional", reanime a consciência
brasileira para a pior das ditaduras
que este país já presenciou: a
"ditatuta monetária". Esta sim, vai
deixar muitos mortos pelo meio
do caminho. Esta sim, vai aturdir
o povo brasileiro a tal ponto que
ninguém mais se importará em
saber que milhares de presidiários
dormem literalmente de pé por
falta de espaço, como o gado que
vai acossado em caminhões para
o matadouro. E ainda temos
Carandiru. ROTA, corrupção,
chacinas, desemprego...
O clone de Carlos Menen, vulgo
Fernando Henrique Cardoso, vai
entregar o país ao pior dos
imperialismos. onde as
potências jogarão todos os
trunfos contra nossas
economias vulneráveis aos
cartéis. O que FHC pretende
fazer do Brasil? Uma versão
piorada do Portugal salazarista,
com moeda forte e população
enfraquecida?
Estão todos anestesiados.
Ninguém repudia a barbárie da
globalização. Com FHC, o
Brasil caminha para o "coração
das trevas", bem ao estilo
conradiano. Talvez, no futuro,
não haja nem mesmo
comissões para varrer os
mortos do caminho. Onde, é Exumação no cemitério clandestino de Perus
óbvio, estaremos incluídos.
Programação:
(todos os debates serão realizados
às 19:30, no anfiteatro de História)
08/04 - A Comissão Especial
de Desaparecidos Políticos e
perspectivas:
- Maria Vitória Benevides ■ prof. da
Faculdade de Educação-USP
- Miguel Reale Jr, ■ Comissão Especial
de Desaparecidos Políticos
- Suzana Lisboa - representante dos
Familiares dos desaparecidos
- James Louis Cavallaro - Human Rights
Watcb Américas e CEJIL
- Luis Fondebrider - E.A.A.F.
09/04 - Os anos 60 e 70 hoje
na mídia:
- Maria Aquino - História-USP
- Ismail Xavier - ECA-USP
- Eugênio Bucci - jornalista
■ Maria Rita Kehl - jornalista
10/04 A experiência
argentina
na
busca
e
identificação dos desaparecidos
- Coordenador: Norberto Luiz
Guarinello - História-USP
- Luis Fondebrider da E.A.A.F.
Queima de Arquivo
O Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo estabeleceu, segundo
a publicação no Diário Oficial do
dia 20 de fevereiro, a incineração
de autos e processos judiciais e
administrativos considerados
"sem relevância histórica".
Quem
tem
o
mínimo
conhecimento do trabalho de
documentação sabe o que este
provimento pode significar. É
perda tão séria quanto de
qualquer outro patrimônio
histórico.
Que
o
estado
de
armazenamento e conservação da
documentação está caótico, todos
sabemos. O volume é gigantesco.
Todos os autos estão catalogados
por números. Muitos deles estão
praticamente
destruídos.
Qualquer processo de restauração
e catalogação vai dispender
tempo e dinheiro. Nada disso,
porém, explica uma decisão tão
repentina da justiça para resolver
problema tão embaraçoso. Tempo
proporcional tem de ser gasto para
se organizar uma comissão
competente paia salvar o destino da
<x>
vasta documentação.
O Departamento de História da
Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências
Humanas
da
Universidade de São Paulo —
juntamente com mais 19
entidades, como Academia
Paulista de Letras, Museu
Paulista da USP, Centro de
Documentação e Memória da
UNESP.
Central
de
Documentação e Informação da
PUC de São Paulo e Associação
Brasileira de Pesquisas —
solicita a sustação de quaisquer
providências no sentido de
destruir
a
referida
documentação até que se possa,
em conjunto, encaminhar
propostas de solução.
O Centro Acadêmico de
História, em nome dos alunos,
contestou a ação judiciária, sendo
contra qualquer tipo de
destruição, parcial ou integral,
clamando novas alternativas para
o alegado problema de espaço e
manutenção.
A Prof. Dra. Zilda M. Gricoli
lokoi. do depto. de História,
aponta a urgência do caso: "Temos
100 km de documentação; o que
não é pouca coisa, O problema é
complexo e o governo tem de
tomar uma medida que auxilie
também a própria política geral
de arquivos. Até financimento
internacional é válido neste
momento."
A diretora da Associação dos
Arquivistas Brasileiros. Profa. Dra.
Ana Maria de Almeida Camargo,
também concorda com a
professora Zilda a respeito da
dificuldade em se organizar a
documentação: "É algo que requer
muito cuidado; ações emergênciais
podem por tudo a perder. Já foi
marcada uma audiência e
tentaremos obter um entendimento
para resolver a questão. O principal
é a comissão, que deve estar
preparada para selecionar e
organizar o que de fato é importante
para o trabalho historiográf ico e de
pesquisas em geral. Eu também
quero propor uma política de
arquivos do sistema judiciário. A
preservação disto é a própria
preservação dos direitos do
ddadão."
u • n • i • v» e* r- s • i • d • a • d •
Morador vê problema em reforma no Crusp
Pesquisa realizada no Bloco B revela situação caótica
Problemas no acabamento,
vazamentos crônicos, falta de
segurança e apartamentos onde
o único ralo não fica no lugar
adequado. Os moradores que
mudaram há cerca de três
semanas do Bloco A para o Bloco
B do Crusp, recém reformado,
fizeram um levantamento em
todos os apartamentos onde
problemas como estes são uma
constante.
Segundo a Comissão de
Mudança formada pelos exocupantes do Bloco A. a
pesquisa teve como objetivo a
detecção dos pontos críticos
nos apartamentos após a
reforma, além da importância
de se levantar uma discussão
para que os moradores tenham
participação nas reformas dos
outros blocos. Os moradores
avaliaram quesitos como
iluminação.
isolamento
acústico, parte hidráulica,
projeto, móveis a acabamento,
entre outros.
No apartamento 205, o chão
fica permanentemente ensopado,
já que o cano da pia não pára de
soltar água. A descarga do vaso
sanitário também apresenta
vazamento e a vedação do tanque
está quebrada.
Na avaliação da estudante
Cheila Bragadin, o apartamento
208 apresenta problemas como
o posicionamento das tomadas,
já que algumas se localizam no
meio da parede, impedindo a
colocação de móveis. Segundo
ela, a pia deveria estar junto com
o chuveiro, e não no meio da sala.
A maioria dos moradores
afirma que a limpeza do
apartamento é dificultada pelo
fato de o único ralo estar junto
com o chuveiro. Ou seja: para se
fazer a limpeza do banheiro onde
fica o vaso sanitário é preciso
escoar a água suja pela sala.
Além disso, quando se toma
banho a água do chuveiro escapa
pelo buraco feito na separação de
mármore do box feito para que
se possa escoar água do resto do
apartamento até o ralo.
Os estudantes também
tiveram problemas com os
móveis fixos instalados nos
quartos, além de reclamarem
da demora do Coseas
(Coordenadoria de Assistência
Social) em executar serviços de
manutenção. Eles alegam que
as camas,
armários e
escrivaninhas fixados com
parafusos nas paredes não se
adaptam às necessidades de
alguns moradores, como
aqueles que precisam de camas
de casal, além de coibirem a
prática da hospedagem. A falta
do mínimo isolamento
acústico necessário, já que as
paredes são muito finas,
também é uma das principais
reclamações.
"Visitamos as obras no
Bloco B no meio do ano
passado, e já havíamos
apontados problemas como
esse", diz Sérgio Ricardo
Schwerz. da Comissão de
Mudança. "Apesar disso, não
tivemos participação no
processo de reforma", completa.
A reforma foi organizada pela
Coseas. que através do Fundusp
(Fundo de Construção da USP)
contratou a Esteto Engenharia e
Comércio Ltda.
Vale lembrar que a reforma
consumiu R$ 1.046.948.58, de
acordo com a reitoria. Ou seja.
apesar dos intermináveis
problemas, cada um dos
apartamentos do Bloco B teria
consumido mais de R$ 15 mil.
De acordo com dados da reitoria,
a reforma do Bloco B custou 19%
a mais do que a do Bloco D. Este
acréscimo seria referente à
inflação acumulada no período,
além do custo adicional de 1%
do valor total da reforma, devido
à substituição do piso do edifício,
não prevista inicialmente.
"Vários apartamentos
apresentam vazamentos que
vêm dos vasos sanitários dos
apartamentos superiores",
afirma Mário Otávio Salles.
que também integra a
Comissão de Mudança. "Desde
a reforma do Bloco D. em 94,
requisitamos informações
sobre as reformas e não
recebemos.
Não houve
transparência e em nenhum
momento os moradores foram
consultados", diz Salles.
Único ralo do apartamento atrapalha a limpeza
A comissão quer que no
térreo do Bloco B seja construído
um alojamento para os calouros.
Outra reivindicação é um local
para a sede da Amorcrusp e outro
para atividades culturais, já que
ambas funcionam hoje no térreo
do Bloco C. que será o próximo a
ser reformado. A comissão
enviou em julho do ano passado
um projeto para as instalações do
térreo para o Fundusp, que
alegou que após a reforma de
todos os blocos será formulado
um projeto conjunto para todos
os andares térreos.
Amorcrusp
Moradores rejeitam novo regimento
Reunidos em assembléia, moradores se organizam contra as imposições da Coseas
O Crusp retomou durante o
mês de março o clima de
efervescência que marcou o fim do
último ano com a ocupação da
Coseas, depois de uma lacuna de
alguins meses que nos custou a
imposição do novo regimento.
No dia 13 de março, a
assembléia geral reuniu mais de
cem pessoas, que discutiram as
formas de se lutar contra o
regimento, que traz imposições
como a redução do tempo de
permanência na moradia e a
limitação da hospedagem.
O boicote ao novo regimento foi
aprovado na assembléia por
unanimidade. Uma das propostas
levantadas é que seja feito um
abaixo-assinado pelo boicote, além
da idéia de se impetrar uma ação
judicial de inconstitucionalidade
do novo regimento. As novas
regras restringem o acesso à
educação pública, e ao mesmo
tempo discriminam o estudante
do Crusp em relação aos demais
alunos da USP.
A Associação dos Moradores
do Crusp (Amorcrusp) tem
organizado a discussão sobre estas
lutas e convoca os interessados a
participarem das reuniões da
comissão de encaminhamento
realizadas às quartas-feiras, no
térreo do Bloco C, às 23h.
A Amorcrusp convida toda a
comunidade da USP a participar da
festa/ato marcada para o dia 14 de
abril. Os interessados em
participar em atividades culturais,
como pintura, música, poesia,
capoeira e teatro devem entrar em
contato com a associação pelo
telefone 818-3189, das 10 às 14h.
<±>
Anuncie no
Jornal do DCE
quinze mil leitores em toda USP
tel: 818-3269 fax:818-3270
c-i • n•e- m • d
Vertígo mergulha de cabeça na
nova onda cinematográfica
preferir. Mas Scottie cai de cabeça
numa história (a de Madeleine) que
Será possível fazer de um nem mesmo ele sabe ser real. A
lacrimoso melodrama um ficção é valorizada pelo seu
suspense psicológico capaz de inconsciente como o espectador o
arrepiar até mesmo Jack. o faz com uma trama cinematográfica.
O mais assustador é que
Estripador? Muitos devem achar
que são assuntos incongruentes Hitchcock nos mantém atados ao
mas, quem lembrar de Alfred olha r de Scottie. Uma simples visita
Hitchcock, vai responder que ao museu, caminhar pelas ruas ou
tanto é possível, como já foi, há dirigir pelas ladeiras de São
quase 40 anos.
Francisco aflora uma insuportável
Vertígo - Um Coipo Que Cai
tensão. Graças, é claro, à antológica
feito em 1958, é a própria trilha de Bernard Herrmann (o
superação de um mestre.
mesmo de Cidadão Kane e Taxi
Hitchcock, ao longo de uma Driveft. É certo que, sem esta,
filmografia que já ostentava
Vertigovõo seria a obra-prima nem
trabalhos como Rebecca, Festim o suspense hitchcockiano que é: a
Diabólicos Pacto Sinistro, aliou a música passa do ritmo meloso ao
psicanálise ao suspense de uma frenético com uma sutileza rara. A
forma nunca vista. O que antes era câmera é a mais subjetiva do diretor,
uma estratégia "velada" de seu seguindo em suaves travellings o
cinema, foi mostrada nitidamente olhar do personagem, dando doses
ao público.
e angulares em seus momentos de
Scottie (James Stewart) é um grande impacto psicológico e
policial que vive atormentado após exibindo um mundo sujeito às
a morte de seu colega. Seu medo distorções do id.
de altura lhe impõe um
Estas já aparecem nos créditos
sentimento de culpa que beira a de Saul Bass, Este inicio é como
obsessão. Tudo piora quando um resumo técnico do que será o
filme, sem tocar em momento
começa a seguir a esposa de um
amigo, a também obsessiva algum no tom romanesco que
Madeleine (Kim Novak). A atração contaminará o enredo. Com isto,
que ele sentirá pela mulher será o diretor comenta e idealiza o
sua própria histeria. Dai por cinema empenhado em tornar
diante, nem a morte poderá desviá- visível o invisível. Enfim.
lo do culto a Madeleine, a seu corpo Hitchcock faz um compêndio do
delineado num tailleur cinzento, à gênero melodramático que
sua brancura enfatizada num agonizava no fim dos anos
decote negro, a seus cabelos dourados sem abrir mão de sua
visão irônica e sombria do mundo.
dourados, à sua aura enigmática.
É este culto à imagem que liga A cenografia faz jus às intenções do
Scottie ao espectador. Suas mestre, predominando os tons
alucinações são meramente florais, esmaecidos, típicos da obra
visuais. Seu olhar é o de um voyeur de Douglas Sirk, mas não
que apreende todas as formas e desprezando cores escuras e fortes,
cores (o que lembra o fotógrafo como o vermelho das paredes do
òt Janela Indiscreta). Madeleine é restaurante no qual Scottie vê
como um retrato a ser mitificado.
Madeleine pela primeira vez e
Mas, ao mesmo tempo que sua assume seu papel de devoção ao
acro fobia vem do ato de olhar, ela belíssimo ícone. Não nos
é a própria limitação. A mesma esqueçamos que, numa obra
que o objeto (filme) sofre ao ser hitchcockiana, o vermelho pode
transmitido pela fonte (tela) ao simbolizar a paixão assim como a
receptor. Em outras palavras, a sangüínea morte. É o amor como
limitação da estratégia de chaga da psique, rasgando a alma
ilusionismo que Hollywood como a Golden Gate vermelha
sempre tencionou levar às últimas rasga a azulada baía de São
conseqüências para "hipnotizar" o Francisco.
Alfred Hitchcock sempre
espectador com a magia de seu
discutiu
o cinema em todos os seus
produto — ou de sua arte. se
Paulo Santos Lima
filmes. Desta vez. sobretudo, ele
evidencia todo o processo de
devoção do público à sétima arte e
o embate no qual o espectador iria
se defrontar, pelo menos, dois anos
mais tarde: entregar-se à "farsa"
ilusionista do cinema ou tentar
compreender seus meandros e
repensá-lo como arte da
manipulação?
Com Hitchcock, os Estados
Unidos fizeram cinema novo antes
da França de Jean-Luc Godard.
Quem diria...
Em cartaz no Espaço
Unibanco (São Paulo); em
cópia
restaurada
e
remasterizada
Também disponível nas
locadoras de todo o Brasil
pela distribuidora CIC Vídeo
Shíne carece de brilho
Não vale a pena listar todos
os filmes que já foram feitos
para
glorificar
uma
personalidade. Alguns, com
exageros ou não, conseguem se
impor como obras de relativo
quilate. Outros, mesmo
seguindo à risca as respectivas
trajetórias de vida, não passam
de perda de tempo.
Shine - Brilhante absorve um
pouco das duas coisas. Mitifica a
figura de um pianista
supostamente curioso, elevandoo à condição de gênio, e constróise como um filme quadrado, no
pior estilo Metro Goldwyn
Meyer. Mas a escassez de boas
obras e o advento do Oscar é que
têm dado impulso extra a este
tipo de trabalho. Por isso, o filme
tem arrebanhado tanto público.
Não há dúvida que. mais uma
vez, um ator é o pilar de um
<I5>
filme. O australiano Geoffrey
Rush incorpora o pianista David
Helfgott com tanta convicção,
com tantophisique du role. que
até fica difícil não se emocionar
com o calvário que foi sua vida
abalada por um pai frustrado e
por um colapso nervoso que o
deixou anos e anos no
esquecimento.
Agora, graças ao sucesso do
filme de Scott Hicks, o
"levemente" esquizofrênico
Helfgott tem realizado vários
recitais nos EUA. Para a alegria
do público e pesadelo da crítica,
que o considera um medíocre
pianista. Bem, distorcendo ou
não. o CD com o Terceiro
Concerto para Piano de
Rachmaninoff (o estopim de seu
ataque, por causa da exigência
físico-psicológica para tocá-la) é
muito bom e ameniza até
mesmo
sua
horrenda
apresentação no Oscar 97.
Agora, o filme realmente
poderia ter explorado melhor as
nuances mentais de David.
Começando-se pelo fim e
resgatando a história com ãashbacks
já é um clichê, se não for bem
justificado. O vai e vem, os
enquadramentos ortodoxos,
pequenos suspenses para se
desvendar certas atitudes dos
personagens... Shine sofre da
síndrome de Rain Man e Meu Pé
Esquerda do débil mental que cativa
a platéia. Por que não mostrar um
deficiente comum ao invés de um
"super-defidente" sensível e genial?
Se você gosta de música, não há
porque deixar de ir ver. Mas, não se
esqueça, Shine não tem brilho: é
antiquado até a medula. (PSL)
Em cartaz no grande
circuito de cinemas.
c- u
t • u • r• d
Cultura Real e Imediata
O evento "Aproximação das
Artes", que tem o objetivo de
congregar quase todas as artes:
cinema, teatro, música, literatura e
artes plásticas, começou no dia 22
de março e vai até o final deste mês.
A intenção das atividades é soltar
as amarras que cada arte tem pata
consigo mesma. Assim, como em um
diálogo interdisdplinar. haverá um
fortalecimento que pode engrenar
uma produção artística mais
permanente nas unive n> idades. Não é
à toa que UNE. UEE. os DCEs da USP,
UNESP e UNICAMP. além do CA da
Filosofia-USP e Diretório Acadêmico
da FAAP estão apoiando as atividades.
Dentre os vários destaques, vale
lembrar o trabalho do grupo Tejtm
de Narradores, que está adaptando
a peça de Roberto Schwatz. A Lata
de Lixo da História. A peça é um
amplo mosaico discutindo estética,
política, enfim, a cultura como um
todo. nos idos do AI-5. A adaptação
tirou as "rebarbas". atualizando as
críticas que antes só eram apontadas
ao regime militar para o contexto
do neoliberalismo. Trata do plano
de um cientista suíço em curar os
males do homem e da sociedade
através da violência, agregando
ricos, pobres, homens livres e
escravos. O espetáculo é uma
comédia em tom de farsa e conta
com um grupo teatral quase tão
diversificado quanto seus
personagens, com estudantes da
USP. outras universidades, escolas
e até um padeiro.
O Grupo de Cinema de São Paulo
também promete grandes atrações
que serão conferidas nos destaques da
programação de abril:
Abril
Sábados e domingos: peça "A Lata
de Lixo da História", do grupo Teatro
de Narradores, estará no Teatro das
Nações. Sempre às 21 h
dia 02/04 - Quarta-feira
Às 19h30: Leitura de contos com
os autores Noêmia Sartori e Márcia
Beatriz Ara^o e de poemas com José
Bento Machado Ferreira - no Teatro
das Nações (Av. São João. 1737 - Sta.
Cecília / 220-8012)
dia 08/04 - Terça-feira
Às 19h30: Seminário sobre artes
plásticas - na Faculdade de FilosofiaUSP (Av. ProL LudanoGualberto. 315
- Cidade Universitária)
09/04 - Quarta-feira
Às 19h30: Leitura com os
dramaturgos Vadim Nikitin ("Peça
Inacabada para Garoa e Vela") e
Alberto da Silva Jr. ("A Intriga") - no
Teatro das Nações
Cenas da peça "Lata de lixo da história"
dia 11/04 - Sexta-feira
As 20h30: Show com os grupos
"Medusa Gel". Teté. Emiliano &
Ricardo Hetz. Cristiane Negreira &
André Carone e "Uróboro" - no
Teatro das Nações
dia 15/04
Terça-feira — às I9h30: Leitura
dos poemas "Bundo". de Valdo Motta
- na Faculdade de Filosofia - USP
dias 17 e 18/04 - Quinta e
Sexta-feira
Às 21h: Apresentação da peça
"Vaso Ruim Não Quebra", do
Grupo Ninguém Atemporal / no
Teatro das Nações
dia 22/04 - Terça-feira
Às I9h30; Seminário Temático:
Teatro épico, com a autora do livro
"A Hora do Teatro Épico", no
Teatro das Nações
dia 23/04 - Quarta-feira
Àsl9h30: Leitura com os autores
José Arrabal ("Em Tomo da Morte
do Pai") e do estudante de filosofia
da USP Abrahào CostAndrade
(poemas de "O Idioma dos Pães")
dias 24 e 25/04 - Quinta e
Sexta-feira
Às 2Ih: apresentação da peça
"Piquenique no Front". do grupo
Cincoincena. No Teatro das Nações
dia 26/04 - Sábado
Às 19h: Apresentação da peça
"Prelúdio para downs e guitarra", dos
alunos da EAD (dir. por Cristiane
Paoli-Quito). No Teatro das Nações
dia 29/04 - Terça-feira
Show no Teatro das Nações
dia 30/04 - Quarta-feira
Às 19h30:Conferência de
Encerramento "Ideologia e
Cultura", com o crítico literário
Roberto Schwarz. Na Faculdade de
Filosofia - USP
de guerra contra a fome
Cinema em debate Cabo
Gincana entre cursos da USP ao vivo na Transamérica
Incluído na programação do
evento "Aproximação das
Artes", às segundas-feiras.
asl9h30, na Sala Cinemateca
(Rua: Fradique Coutinho. 361)
07/04 - No Rio das
Amazonas, de Ricardo Dias.
Debate com Ricardo Dias.
14/04 - Curtas: Terral
(Eduardo Neves); Criaturas
Que Nascem em Segredo
(Francisco Teixeira): Retrato de
Deus Quando Jovem (Fernando
Coimbra): A Escada (Philipe
Barcinsky); O Caramujo Flor
(Joel Pizzini). Debate com a
organizadora do Festival de
Curtas. Zita Carvalhosa
21/04 - A Volúpia da
Vingança, de Enzo Sugawa.
Debate com o diretor Carlos
Reichenbach
28/04 - Cabaret Mineiro.
de Carlos Alberto Prates.
Debate com o professor da ECAUSP. Teixeira Coelho.
O programa de rádio Cabo de
Guerra estreou no dia 19 de
março
na
emissora
Transamérica. O quadro é uma
gincana disputada entre
universitários da USP e da UFRJ
que foi idealizado pela rádio em
parceria com o Banco Real. Os
estudantes formaram equipes
que responderão a perguntas de
conhecimentos gerais, e aqueles
que vencerem em todas as etapas
serão premiados.
<XI>
Uma campanha paralela para
arrecadação de alimentos estará
acontecendo durante a veiculação
do programa. A cada dois quilos
de alimentos doados, a pessoa
ganhará um cupom para concorrer
a um carro zero quilômetro.
As equipes poderão se
inscrever até o dia 2 de abril nos
C.A.s das faculdades. As
competições estão sendo
transmitidas das 12h às I4h e
são transmitidos a» vivo de um
estúdio que foi montado no
velódromo da USP.
A final entre estudantes da
USP e URFJ está marcada para o
dia 3 de julho.Os vencedores e os
seus Centros Acadêmicos
ganharão um carro zero. além de
R$ 10 mil para a universidade.
Serão distribuição de mais
prêmios, como walkmans.
computadores e viagens para
Porto Seguro durante as
eliminatórias.
u•n•i•v•e-r s • i • d • d • d • e
Salas superlotadas prejudicam
qualidade de ensino na USP
Falta de professores enche as salas e leva os alunos a assistirem às aulas nos corredores
Salas de aula superlotadas
são
apenas
uma
das
conseqüências da redução do
número de professores da qual
a USP vem sendo vítima nos
últimos
anos.
Com
a
superlotação, o processo de
aprendizado é prejudicado e a
qualidade de ensino cai. já que
estudantes mal acomodados têm
mais dificuldade em manter a
concentração.
Em algumas unidades da
USP, como no Curso de Letras,
a situação tem chegado a níveis
insuportáveis. Em algumas
disciplinas, as salas de aula
ficam tão cheias que alguns
alunos são obrigados a
assistirem aula praticamente
no corredor. Em julho do ano
passado.
a
FFLCH
já
contabilizava a perda de 83
professores desde 1990.
A aluna Ana Cristina
Milagres. 21 anos, do segundo
ano de Português, desistiu de
assitir a aula de Toponímia na
sala 169 do prédio de Letras no
dia 17 de março junto com a
colega Ligia Martins, 19 anos, do
terceiro ano de Espanhol. As
carteiras onde elas estavam
acomodadas
ficavam
praticamente fora da sala de
aula, impedindo que elas
enxergassem a lousa. ouvissem
ou visualizassem a professora.
Ana Cristina acredita que a
superlotação das salas de aula é
uma conseqüência da falta de
professores, problema que fica
mais visível nas discplinas que
reúnem alunos de vários anos,
como é o caso de algumas
optativas. "É preciso chegar meia
hora antes para reservar lugar",
diz Ana Cristina. "Seria preciso
um contato maior com a
professora para se tirar dúvidas,
mas sei que no noturno a
situação está pior", conforma-se
a estudante.
"O problema existe desde que
eu entrei na faculdade, mas vem
se agravando", diz Júlia Ribeiro,
19 anos, do terceiro ano de
Inglês, júlia diz que, com a
diminuição do número de
professores, o rendimento da
aula cai, já que eles são
obrigados a acumularem
funções. Ela também chama
atenção para o fato de que várias
optativas estão sem professores.
Segundo ela. alguns têm que
enfrentar turmas enormes, em
alguns casos com 150 alunos,
como nas matérias de Latim 1 e 2.
"Sei que para aulas de inglês e
espanhol fica difícil quando a sala
tem mais que 30 a 32 alunos",
afirma a estudante.
"O problema da falta de
Letras: maior sala do prédio da História e Geografia é insuficiente para a aula do curso de Lingüística
professores é gritante em toda a
Universidade, mas muito forte
em algumas unidades, como na
Letras", diz Helade Scutti Santos,
diretora do CAELL. Ela critica o
fato de que a contratação de
professores estar sendo
vinculada à elaboração de um
projeto acadêmico.
No dia 12 de março, entre
300 e 400 alunos da Letras se
mobilizaram em uma passeata
até a reitoria para entregarem
um ofício e um abaixo-assinado
ao reitor pedindo a contratação
de professores. Como o reitor
estava fora do país. a vice-reitora
recebeu uma comissão formada
por Helade e Elder Vieira dos
Santos, do CAELL. e Márcio
Funcia, do DCE.
A vice-reitora informou que
a contratação de professores para
todos os departamentos depende
da elaboração de um relatório
para pedido de abertura de vagas,
que deveria ser enviado até o
final de março. No caso da
Letras, seria necessário também
a elaboração de um projeto de
reestruturação acadêmica.
O projeto já vinha sendo
desenvolvido por um grupo de
professores, que passou a
trabalhar em conjunto com o
CA. Em uma reunião no dia 24
de março, ficou decidido que
uma das mudanças consiste na
implantação do primeiro ano
unificado antes dos alunos
optarem por uma língua. "A
idéia é que o currículo seja
extremamente flexibilizado, e
que a opção do aluno por uma
língua seja mais madura e
consciente", afirma Helade. O
projeto de reestruturação
acadêmica será encaminhado aos
departamentos e deve ser votado
em plenária no início deste mês,
devendo ser enviado à reitoria
até o dia 15.
O diretor da FFLCH,
professor João Batista Borges
Pereira, foi procurado para
comentar a superlotação das
salas de aula na Faculdade de
Letras e a falta de professores
mas não atendeu a reportagem
DCE convoca Conselho
de Centros Acadêmicos
Estudantes da Letras caminham em direção à reitoria para protestar pela falta de professores
<IX>
A diretoria do DCE está
convocando uma nova reunião
do Conselho de Centros
Acadêmicos (CCA) para o dia 5
de abril às 14 horas na
Faculdade de Direito no Largo
São Francisco. O DCE pretende
discutir junto com os Centros
Acadêmicos
e
demais
estudantes a participação da
universidade no dia nacional de
luta convocado pela UNE para
10 de abril. O CCA irá discutir
a realização de uma atividade
conjunta com professores e
funcionários da USP em defesa
da univresidade e, por fim,
aprovar os últimos detalhes
para a realização do congresso
dos estudantes.
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Superlotação das salas de aula da USP beira o CAOS Ato pela