OS TEMPOS ANTIGOS
Desde a Criação até Abraão
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No início, Deus criou os céus e a terra.
A terra era vazia e sem forma. Trevas pairavam na superfície do abismo, e o espírito de Deus
movia-se sobre as águas.
Deus disse: “Que haja luz!” E a luz existiu.
Deus viu que a luz era boa e separou-a das trevas.
Deus chamou à luz dia, e às trevas, noite. E foi a
tarde e foi a manhã: o primeiro dia.
Deus disse: “Que haja um firmamento entre as
águas, e que ele separe as águas umas das outras”.
E Deus fez o firmamento e separou as águas que
estavam abaixo do firmamento das que estavam
acima do firmamento. E assim aconteceu. Deus
chamou ao firmamento céu. E foi a tarde e foi a
manhã: o segundo dia.
Deus disse: “Que as águas que estejam abaixo
do céu reúnam-se num só lugar, e que o elemento
seco apareça. E assim ocorreu”. Deus chamou ao
elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas,
mares. Deus viu que isso era bom e depois disse:
“Que a terra produza o verde, ervas trazendo
sementes, árvores dando frutos e dentro deles as
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sementes de suas espécies”. E assim foi. A terra
produziu o verde, e ervas carregando as sementes
de sua espécie, e árvores dando frutos contendo sementes segundo sua espécie. Deus viu que isso era
bom. E foi a tarde e foi a manhã: o terceiro dia.
Deus disse: “Que haja luminares na abóbada celeste, para separar o dia da noite. Que eles
sejam signos para marcar as épocas, os dias e os
anos. E sirvam para iluminar o firmamento, para
iluminar a terra”. E assim foi. Deus fez os dois
grandes luminares, o maior deles para presidir o
dia, e o menor para presidir a noite. Fez também
as estrelas. Deus colocou os luminares e as estrelas
na abóbada celeste, para que iluminassem a terra
e para que dirigissem o dia e a noite, separando a
luz das trevas. Deus viu que isso era bom. E foi a
tarde e foi a manhã: o quarto dia.
Deus disse: “Que as águas produzam, em abundância, seres viventes, e que pássaros voem sobre
a terra em direção ao firmamento”. Deus criou os
grandes peixes e todos os seres viventes que se
arrastam, e as águas os produziram em abundância,
segundo suas espécies. Criou também todas as
espécies de pássaros. Deus viu que isso era bom.
Deus abençoou-os, dizendo: “Sede férteis, multiplicai-vos e enchei as águas dos mares. E que os
pássaros multipliquem-se sobre a terra”. E foi a
tarde e foi a manhã: o quinto dia.
Deus disse: “Que a terra produza seres viventes, segundo suas espécies, reses, répteis e toda
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espécie de animais terrestres”. E assim aconteceu.
Deus fez os animais da terra conforme suas espécies, os domésticos segundo sua espécie e todas as
espécies de répteis terrestres. Deus viu que isso era
bom, e disse: “Façamos o homem à nossa imagem
e semelhança, e que ele domine sobre os peixes
do mar, sobre os pássaros do céu, sobre o gado,
sobre toda a terra e sobre todos os répteis que nela
rastejam”. Deus criou o homem à sua imagem, à
imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus
abençoou-os e disse a eles: “Sede férteis, multiplicai-vos, enchei a terra e a subjugai. Dominai
sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu,
e sobre todos os animais que se movem sobre a
terra”. E Deus disse: “Aqui está, dou a vós todas
as plantas que estão sobre a terra e as sementes que
elas carregam, e todas as árvores frutíferas – isso
será o vosso alimento. E a todos os animais da terra,
a todos os pássaros do céu, a tudo o que se move
sobre a terra, tendo em si um sopro de vida, dou o
verde como alimento”. E assim ocorreu. Deus viu
tudo o que tinha feito, e eis que tudo era muito bom.
E foi a tarde e foi a manhã: o sexto dia.
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Dessa forma, foram terminados os céus e a
terra, e todos os seus exércitos. Deus acabou no
sétimo dia sua obra, e no sétimo dia descansou de
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tudo o que havia feito. Deus abençoou o sétimo dia
e o santificou, porque nesse dia ele descansou de
toda a sua obra, que criara fazendo.
Eis as origens dos céus e da terra, quando
foram criados.
Quando o Eterno fez uma terra e os céus, não
existia nenhum arbusto sobre a terra e nenhuma
erva germinava ainda, pois o Eterno não fizera
chover sobre a terra, e não havia nenhum homem
para cultivar o solo. Mas um vapor se desprendia
da terra e regava toda a sua superfície.
O Eterno fez o homem do pó da terra, soproulhe no nariz um hálito de vida e o homem tornou-se
um ser vivente.
Depois, o Eterno plantou um jardim no Éden,
no lado do oriente, e ali pôs o homem que havia
formado. O eterno fez brotarem do solo árvores de
todas as espécies, agradáveis à vista e boas para
comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a
árvore do conhecimento do bem e do mal. Um rio
saía do Éden para regar o jardim, e dali se dividia
em quatro braços. O nome do primeiro é Pison,
aquele que rodeia toda a região de Havilá, na qual
se encontra ouro. O ouro dessa região é puro, e nela
encontra-se também o bdélio e o ônix. O nome do
segundo afluente é Gion, aquele que rodeia toda
a região de Cuche. O nome do terceiro é Tigre,
aquele que corre pelo oriente da Assíria. O quarto
afluente é o Eufrates.
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O Eterno tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden, a fim de que o homem cultivasse e
cuidasse do jardim. O Eterno deu a seguinte ordem
ao homem: “Tu podes comer de todas as árvores do
jardim. Mas não coma da árvore do conhecimento
do bem e do mal, porque tu morrerás no dia que
comeres dela”.
O Eterno disse: “Não é bom que o homem
fique só. Farei, para ele, uma ajudante que lhe
seja idêntica”. O Eterno formou da terra todos os
animais dos campos e todas as aves do céu, e os
fez vir até o homem, para ver como o homem chamava-lhes, a fim de que todo o ser vivo levasse o
nome dado pelo homem. E o homem deu nome a
todos os animais domésticos, aos pássaros do céu
e a todos os animais dos campos, mas nenhum
deles era idêntico ao homem. Assim, o Eterno
fez cair um sono profundo sobre o homem, que
adormeceu. Tomou, então, uma de suas costelas e
tornou a fechar a carne em seu lugar. Da costela, o
Eterno fez uma mulher e conduziu-a até o homem.
E o homem disse: “Eis aqui aquela que é osso dos
meus ossos e carne da minha carne! Será chamada
mulher, porque foi tomada do homem”. Por isso, o
homem deixará seu pai e sua mãe, unindo-se à sua
mulher, e eles serão uma só carne.
O homem e sua mulher estavam ambos nus, e
não sentiam nenhuma vergonha.
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