DIMENSIONAMENTO DE VIDROS DE EDIFÍCIOS FACE A UMA PRESSÃO UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDA Miguel Rui Sousa de Almeida Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Júri Presidente: Prof. Luís Manuel Varejão Oliveira Faria Orientador: Prof. Luís Filipe Galrão dos Reis Co – Orientador: Doutor Armando dos Santos Pinto Vogal: Prof. Rui Fernando dos Santos Pereira Martins Novembro de 2013 Agradecimentos Quero primeiro agradecer ao Professor Luís Reis, e ao Eng.º Armando Pinto, por me terem concedido o privilégio de trabalhar com eles na realização desta dissertação. Um agradecimento especial aos técnicos Carlos Saldanha e José Martins do LNEC, pelo auxílio na realização do trabalho experimental. Dedico este trabalho à minha mulher Paula Margarida Correia Caseiro e ao meu filho Manuel Caseiro de Almeida, por me darem muita força e acreditarem sempre em mim. Aos meus pais, Rui Jorge da Silva de Almeida e Ana Isabel Leitão de Sousa de Almeida por me terem permitido a realização deste curso e por todo o seu apoio ao longo destes anos. Um agradecimento especial à minha avó Maria Angélica Leitão de Sousa por nunca se esquecer de mim, e a minha irmã Vanessa Andreia Sousa de Almeida por me ter apoiado. Tive o privilégio de partilhar estes últimos anos com um grupo de colegas, que com o passar do tempo se tornaram grandes amigos, e que sem eles teria sido tudo mais difícil. Ao Manel, ao Quirino, ao João, ao Marco, ao Rúben, ao Tribuna, ao André Palma, ao Zé, ao Ricardo, ao Carlos, ao João Brás, ao Pedro, ao JP, ao Henrique e ao Tiago Fernandes. Um sentido Obrigado a todos. i Resumo Nos últimos anos a área envidraçada do edifício tem vindo a tornar-se cada vez maior, ocupando em muitos casos a totalidade das fachadas. O vidro tem de satisfazer diversos requisitos, sendo a sua espessura e preço frequentemente condicionada pela resistência mecânica face à ação do vento. No dimensionamento de um preenchimento de vidro quando sujeito a diferenças de pressão uniformemente distribuídas, recorre-se a normas de projecto. Estas utilizam na sua metodologia, aproximações e assunções que podem divergir parcialmente ou integralmente entre si. O principal objectivo deste estudo é analisar e comparar as diferenças de resultados de três normas de referência: Norma Francesa, Norma Europeia e Norma da ASTM. Face às diferenças de resultados obtidos pela utilização destas três normas, optou-se por estudar teoricamente e experimentalmente o vidro duplo colocado na vertical. Realizou-se também um vasto trabalho experimental no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), de forma a obter-se resultados práticos, para correlação com os resultados obtidos pelas normas em estudo. A Norma Europeia fornece resultados mais concordantes com o estudo experimental realizado, comparativamente à Norma ASTM e Norma Francesa que em alguns casos exigem uma espessura de dimensionamento menor para o vidro, logo para a mesma espessura permitem uma pressão aplicada mais elevada. Aspecto relevante no estudo e que não é devidamente contemplado nas normas estudadas é a influência dos apoios e do vedante no comportamento do vidro. Um maior constrangimento é benéfico na redução da deformação do vidro mas pode ser prejudicial à sua capacidade de resistir às acções a que está sujeito. Palavras-chave: Vidro Normas Dimensionamento Vidro Duplo Rigidez iii Abstract In recent years, the glass area of the building has increase, in many cases occupying the entirety of the walls. The glass must meet several requirements, and its thickness is often constrained by the cost and mechanical strength due to the wind action The design of a fill glass when subjected to differential pressure evenly distributed, resorts to standards. They use in their methodology, approaches and assumptions that may differ partially or entirely among themselves The main objective of this paper is to analyze and compare the differences in results of three reference standards: French Standard, European Standard and the ASTM Standard. Given the differences in results obtained by using these three standards, was chosen to study theoretically and experimentally the double glass placed vertically. It was also conducted an experimental at National Laboratory of Civil Engineering ( LNEC ) in order to obtain practical results, for correlation with the results obtained by the standards under study. The European standard provides more consistent results with the experimental study compared to the French and ASTM standard, that in some cases admit a lower design thickness for glass, then for the same thickness they allow a higher applied pressure. Another important aspect in the study and that is not adequately covered in the standards is the influence of the support and sealing on the behavior of the glass. A major constraint is beneficial in reducing the deformation of the glass but can be harmful to their ability to resist actions that subject. Keywords: Glass Standard Design Double Glazing Stiffness iv Índice AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................................I RESUMO ............................................................................................................................................... III ABSTRACT.............................................................................................................................................IV ÍNDICE .................................................................................................................................................. V LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................ VII LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................................IX LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................................. XII LISTA SÍMBOLOS.................................................................................................................................. XIII LISTA DE PROGRAMAS ......................................................................................................................... XIV 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................... 3 2.1. ASPETOS GERAIS ........................................................................................................................... 3 2.2. PROPRIEDADES DO VIDRO............................................................................................................... 4 2.2.1. Propriedades Químicas ........................................................................................................ 4 2.2.2. Propriedades Físicas ............................................................................................................ 5 2.2.3. Propriedades Mecânicas do Vidro Recozido........................................................................ 5 2.3. PROCESSO DE FABRICO .................................................................................................................. 7 2.4. TIPOS DE VIDRO ............................................................................................................................. 8 2.4.1. Aspetos Gerais ..................................................................................................................... 8 2.4.2. Têmpera do Vidro e Vidro Temperado ................................................................................. 9 2.4.3. Vidro Termoendurecido ...................................................................................................... 12 2.4.4. Vidro Laminado ................................................................................................................... 13 2.4.5. Vidros Isolantes .................................................................................................................. 14 2.5. TIPOS DE FIXAÇÕES DO VIDRO ...................................................................................................... 16 2.5.1. Fixações Mecânicas ........................................................................................................... 17 2.6. ACÇÕES E METODOLOGIA DE DIMENSIONAMENTO .......................................................................... 18 2.6.1. Aspetos Gerais ................................................................................................................... 18 2.6.2. Teoria Clássica de Placas Finas ........................................................................................ 20 2.6.3. A Influência da Rigidez das Chapas de Vidro na Pressão do Ar na Cavidade .................. 25 2.7. A CAVIDADE DE AR DOS VIDROS DUPLOS ...................................................................................... 26 3. ESTUDO DAS NORMAS DE APOIO AO DIMENSIONAMENTO.................................................... 27 3.1. ASPETOS GERAIS ......................................................................................................................... 27 3.1.1. Norma Francesa (NF P 78-201-4: 2006) ............................................................................ 27 3.1.2. Norma ASTM (ASTM E1300 – 12) ..................................................................................... 29 3.1.3. Norma Europeia (prEN 13474-2: 2000) .............................................................................. 33 3.2. APLICAÇÃO E COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS FORNECIDOS PELAS NORMAS EM DIFERENTES VIDROS DUPLOS .............................................................................................................................................. 36 3.2.1. Influência da Espessura da Chapa de Vidro Interior .......................................................... 36 3.2.2. Influência da Espessura da Chapa de Vidro Exterior ......................................................... 38 3.2.3. Influência da Dimensão da Cavidade de Ar ....................................................................... 39 3.2.4. Influencia das Dimensões da Unidade de Vidro Duplo ...................................................... 39 4. EQUIPAMENTO, PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E PLANO DE ENSAIOS .......................... 41 4.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 41 4.2. UNIDADE DE ISOLAMENTO UTILIZADA ............................................................................................. 41 4.3. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ......................................................................................................... 42 v 4.4. MONTAGEM EXPERIMENTAL .......................................................................................................... 45 4.5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .................................................................................................... 46 4.6. APROXIMAÇÕES E TRATAMENTO DE DADOS .................................................................................... 48 4.7. PLANO DE ENSAIOS ...................................................................................................................... 48 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................ 51 5.1. RESULTADOS OBTIDOS COM BASE NA TEORIA DO COMPORTAMENTO DE PLACAS ............................ 51 5.2. RESULTADOS FORNECIDOS PELAS NORMAS EM ESTUDO ................................................................ 58 5.2.1. Diferença de Pressão nos Vidros – Normas em Estudo .................................................... 58 5.2.2. Deformação Máxima – Normas em Estudo........................................................................ 60 5.2.3. Valores Limite das Normas em Estudo .............................................................................. 61 5.3. RESULTADOS OBTIDOS EXPERIMENTALMENTE ............................................................................... 64 5.3.1. Ensaios de Controlo Experimental ..................................................................................... 64 5.3.2. Influência do Vedante de EPDM ........................................................................................ 67 5.3.3. Ensaio Experimental em Depressão .................................................................................. 68 5.3.4. Rigidez da Placa e Ensaio de Pressão Máxima ................................................................. 70 6. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ................................................................... 77 6.1. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 77 6.2. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ..................................................................................................... 80 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................................... 81 ANEXO A - OUTRAS TABELAS E FIGURAS RELEVANTES FORNECIDAS PELA NORMA ASTM 1300. ...................................................................................................................................................... 84 ANEXO B - OUTRAS TABELAS RELEVANTES FORNECIDAS PELA NORMA EUROPEIA 13474-2 ............................................................................................................................................................... 85 ANEXO C - OUTRAS TABELAS RELEVANTES FORNECIDAS PELA NORMA FRANCESA P 78201-4: 2006 ........................................................................................................................................... 86 ANEXO D - FOLHA DE CÁLCULO PARA AS DIFERENTES NORMAS EM ESTUDO ..................... 87 ANEXO E - FOLHA DE CÁLCULO PARA OBTENÇÃO DA DIFERENÇA DE PRESSÃO NA CAVIDADE POR TEORIA DAS PLACAS FINAS. ............................................................................... 88 vi Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Propriedades físicas mais importantes do vidro SLSG (adaptado de [4])……………...…5 Tabela 2.2 – Espessura mínima de chapa de vidro temperado em função da dimensão da chapa de vidro (adaptado de [26]……………………………………….………………………………..11 Tabela 2.3 – Relação vão/espessura para vidros na vertical proposta por Colvin [38] (adaptado de [4])…………………………………………………………………………….………………...19 Tabela 2.4 – Tensões admissíveis para vidros na vertical (adaptado de [4])…………………..…........19 Tabela 2.5 – Tensões admissíveis em função da duração da carga aplicada (adaptada de [39]…....20 Tabela 3.1 – Factor de equivalência Ɛ3, para alguns tipos de vidro monolítico (uma só chapa de vidro) (adaptado de [5])………………………………………………….……………....28 Tabela 3.2 – Espessuras nominal do vidro e tolerâncias de fabrico (adaptado de [13])......................28 Tabela 3.3 – Espessura nominais e mínima para chapas de vidro [7]……………................................30 Tabela 3.4 – Factores do tipo de vidro para unidades de isolamento duplas, cargas de curta duração (adaptado de [7])......................................................................................................30 Tabela 3.5 – Factores de correcção para duração de tempo de carga (adaptado de [7])...................32 Tabela 3.6 – Resultados fornecidos pelas normas em estudo para os diferentes vidros duplo onde é variada a espessura da chapa de vidro interior..............................................................37 Tabela 3.7 - Resultados fornecidos pelas normas em estudo para os diferentes vidros duplo onde é variada a espessura da chapa de vidro exterior.............................................................38 Tabela 3.8 - Resultados fornecidos pelas normas em estudo para os diferentes vidros duplo onde é variada a dimensão da cavidade de ar...........................................................................39 Tabela 3.9 - Resultados fornecidos pelas normas em estudo para o vidro duplo onde é variada as dimensões da unidade de vidro duplo....................................................................40 Tabela 5.1 – Diferença de pressão existente em cada chapa de vidro, para as duas condições de fronteira e valor da diferença de pressão aplicada no vidro duplo……….……………………….…53 Tabela 5.2 – Resultados obtidos para as várias análises, a uma diferença de pressão aplicada de 2500Pa……………………………………………………………………….………………......57 Tabela 5.3 – Deformação máxima na chapa de vidro interior e exterior, para diferentes valores de diferença de pressão, segundo a Norma Europeia………………………………………......60 Tabela 5.4 – Valores limite para as diferentes normas em estudo………………………..………..…...62 Tabela 5.5 – Valores limite para as diferentes normas em estudo sem coeficientes de segurança…62 Tabela 5.6 – Resultados do ensaio 5, e rigidez e espessura equivalentes calculadas para a chapa de vidro interior, pelo método teórico……………………………………………………...…....…72 Tabela 5.7 – Valores para aproximação experimental, das espessuras equivalentes das chapas de vidro, deformação máxima da chapa de vidro interior e diferença de pressão do ar na cavidade pela Norma Europeia…………………………………………………………………….73 Tabela A.1 - Tabela para obtenção dos factores LS1 e LS2, para vidro duplo………...…….…......….84 Tabela B.1 – Tensões admissíveis para vidros com áreas superiores a 4m2, para cargas uniformemente distribuídas, diversos tipos de vidro e duração de carga…………………85 vii Tabela B.2 – Coeficientes k1 para cálculo da tensão máxima………………………….…………..…..85 Tabela B.3 – Coeficiente k2 para cálculo da tensão efectiva……………………….………………...…85 Tabela B.4 – Coeficiente k4 para cálculo da deformação máxima……………………….………….....86 Tabela B.5 – Coeficiente k5 para cálculo da variação de volume………………………….……...……86 Tabela C.1 – Dimensões limite em função da espessura nominal………………………….……….....86 viii Lista de Figuras Figura 2.1 – Composição química do vidro SLSG (por [11])..................................................................4 Figura 2.2 – Distribuição normal da tensão de rotura em função do dano existente na superfície do vidro [Vidro novo, b) vidro sujeito a acções climatéricas, c) vidro bastante danificado. (Adaptado de [10])]..............................................................................................................6 Figura 2.3 – Processo de produção do vidro (adaptado de [4]).............................................................7 Figura 2.4 – Unidades ou soluções de camadas de vidro (adaptado de [4]).........................................9 Figura 2.5 – Tensões residuais no vidro temperado (adaptado de [22])..............................................10 Figura 2.6 – O princípio da têmpera do vidro (adaptado de [4])...........................................................10 Figura 2.7 – Padrão de fractura dos diversos tipos de vidro (adaptado de [4])....................................12 Figura 2.8 – Tensões residuais de compressão introduzidas na superfície de vidros sujeitos a têmpera, segundo distribuição normal, acumulada (adaptado de [2])...............................................13 Figura 2.9 – a) Vidro Laminado (adaptado de [31]), b) Vidro Laminado (adaptado de [32])................14 Figura 2.10 – Exemplo de selagem de um vidro duplo (adaptado de [13])..........................................14 Figura 2.11 – Transmissão térmica em vidro duplo [4]………………...................................................15 Figura 2.12 – Efeito provocado nos vidros devido à diferença de pressão na cavidade de ar, para unidades de isolamento (adaptado de [10])............................................................................15 Figura 2.13 – Sumário dos tipos de fixação mais comuns (adaptado de [4]).......................................16 Figura 2.14 – a) Fixações pontuais aparafusadas [33]; b) Fixações pontuais por aperto [34].............17 Figura 2.15 – a) Tipos de calços [35]; b) Exemplo de suporte linear com caixilho em alumínio, para vidro triplo [36]...........................................................................................18 Figura 2.16 – Representação de Placa Fina [42].................................................................................21 Figura 2.17 – Comparação de modelo linear e não linear de uma placa 1676.4x1676.4x5.66 mm (adaptado de [4])...........................................................................................22 Figura 2.18 – Gola dos vidros; a) Designações; b) Contribuição do vedante na prisão da gola (adaptado de [46]).........................................................................................................23 Figura 2.19 – Placa simplesmente apoiada (adaptado de [47])...........................................................23 Figura 2.20 – Placa encastrada (adaptado de [47]).............................................................................24 Figura 3.1 – a) Gráfico de NFL, para vidro de 2,5 mm, duração de carga 3 s; b) Exemplo de cálculo de NFL. (adaptado de [7]).................................................................................31 Figura 4.1 – Representação da unidade de vidro duplo.......................................................................41 Figura 4.2 – Tubo de borracha no interior da cavidade de ar..............................................................42 Figura 4.3 – a) Computador com programa para introdução e registo de dados experimentais. b) Aparelho de controlo.................................................................................................43 Figura 4.4 - a) Comparadores do aparelho de controlo. b) Comparador analógico.............................44 Figura 4.5 – Micromanómetro Digital utilizado (AIRFLOW PVM100)...................................................44 Figura 4.6 – Chave Dinamométrica (adaptado de [55])........................................................................44 Figura 4.7 – Esquema representativo da montagem experimental......................................................45 Figura 4.8 – a) Montagem experimental; b) comparador c1; c) comparadores c3 e c8; ix d) comparador c2.................................................................................................................................46 Figura 4.9 – Esquema representativo da montagem experimental. Vista lateral.................................47 Figura 5.1 – Modelo ilustrativo da interacção das chapas de vidro na cavidade de ar, e relação de pressões..........................................................................................................................52 Figura 5.2 – Diferença de pressão na chapa de vidro exterior, com bordos encastrados e bordos simplesmente apoiados…………………………………………………………...……………......54 Figura 5.3 – Curvas de deformação máxima na chapa de vidro exterior, em função da diferença de pressão aplicada ao vidro duplo.....................................................................................................55 Figura 5.4 – Representação da deformação de uma placa de 4 mm de espessura, numa análise não linear. Bordos simplesmente apoiados, com uma deformação máxima de 8,29mm.......56 Figura 5.5 - Curvas obtidas por simulação para a tensão efectiva máxima na chapa de vidro exterior, em função da diferença de pressão aplicada ao vidro duplo........................................56 Figura 5.6 – Distribuição de tensões efectivas ao longo de uma placa encastrada (linear) e simplesmente apoiada (não linear)…...............................................................................................57 Figura 5.7 – Diferença de pressão a utilizar na análise de dimensionamento para a chapa de vidro exterior pela norma ASTM e norma Europeia......................................................................................58 Figura 5.8 – Comparação entre normas utilizadas e soluções de análise de placas, para os valores obtidos da diferença de pressão na chapa de vidro exterior. ....................................59 Figura 5.9 – Valores da deformação máxima em função da diferença de pressão aplicada, para as diferentes normas em estudo..................................................................................60 Figura 5.10 - Comparação entre normas utilizadas e soluções de análise de placas, para a deformação máxima....................................................................................................61 Figura 5.11 - Comparação entre normas Europeia, com e sem factor de segurança, e soluções de análise de placas, para a tensão efectiva máxima na chapa de vidro exterior............63 Figura 5.12 - Esquema representativo da montagem experimental. Vista lateral...............................64 Figura 5.13 – Diferença de pressão do ar medido na cavidade de ar, na realização do ensaio (1) - Controlo........................................................................................................................65 Figura 5.14 – Deformação máxima absoluta e relativa na chapa de vidro exterior e interior para o ensaio (1) - Controlo...................................................................................................65 Figura 5.15 – Comparação entre resultados obtidos pelos ensaios (1), (2) e (3), para a diferença de pressão do ar na cavidade de ar..........................................................................66 Figura 5.16 – Comparação entre resultados obtidos ensaio (1), (2) e (3), para a deformação máxima relativa na chapa de vidro exterior. (1) – 1,935mm; (2) – 1,875 mm; (3) – 1,923 mm…...….66 Figura 5.17 – Diferenças de pressão nas chapas de vidro a) Caso teórico; b) Caso experimental....67 Figura 5.18 – Esquema ilustrativo dos constrangimentos nos bordos dos vidros...............................68 Figura 5.19 – Diferença de pressão do ar na cavidade em ensaio (4) Depressão..............................68 Figura 5.20 – Deformação Máxima relativa nas chapas de vidro exterior e interior, no ensaio (4) Depressão.....................................................................................................................69 Figura 5.21 – Deformação Máxima na chapa de vidro exterior do ensaio (4) Depressão, em comparação com resultados teóricos e normas em estudo..................................69 x Figura 5.22 – Diferença de pressão do ar na cavidade registada no ensaio (5) Pressão Máxima..... 71 Figura 5.23 - Deformação máxima relativa da chapa de vidro interior, para o ensaio (5) Pressão Máxima...................................................................................................................72 Figura 5.24 – Diferença de pressão do ar na cavidade, com recurso a norma Europeia, para as espessuras equivalentes das chapas de vidro........................................................73 Figura 5.25 – Deformação máxima relativa na chapa de vidro interior, para as espessuras equivalentes……………………………………………………………………………………………………..74 Figura 5.26 - Tensões efectivas máximas na chapa de vidro exterior, pela norma Europeia............. 75 Figura A.1 – Exemplo de gráfico para obtenção de deformação máxima para chapa de vidro com os quatro lados simplesmente apoiados……………………………………..…………. …84 Figura D.1 – Folha de cálculo para Norma Francesa…………………………………………………......87 Figura D.2 – Folha de cálculo para Norma ASTM…………………………………………………...........87 Figura D.3 – Folha de cálculo para Norma Europeia…………………………………………….…..…....88 Figura E.1 – Cálculo iterativo da diferença de pressão na cavidade por teoria das placas finas, placa com bordos simplesmente apoiados…………………………………………..……...88 Figura E.2 – Cálculo iterativo da diferença de pressão na cavidade por teoria das placas finas, placa com bordos encastrados………………………………………………………….........89 xi Lista de Siglas NF Norma Francesa EN Norma Europeia ASTM American Society for Testing and Materials LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil SLSG Vidros de silíco-sodo-cálcico BSG Vidros de boro-silicatos prEN Norma Europeia provisória PVB Polivinil butiral EPDM Borracha de etileno propileno dieno TRLV Normas técnicas para o uso de vidros com suportes lineares TRAV Normas técnicas para o uso de vidros como barreira de segurança AR Relação de aspecto (aspect ratio) CAD Desenho assistido por computador (computer aided design) UV Ultra violeta xii Lista Símbolos Em determinadas secções a nomenclatura pode ser específica pelo que será designada no respectivo texto. D Rigidez da placa à flexão [N m] Deq Rigidez do vidro à flexão equivalente [N m] E Módulo de Young ou de Elasticidade [Pa] L Lado maior de uma chapa de vidro rectangular [mm] P Carga aplicada [Pa] P0 Pressão uniforme aplicada na superfície [Pa] Pi,ar Pressão inicial absoluta do ar na cavidade [Pa] Pf,ar Pressão final absoluta do ar na cavidade [Pa] S Área de superfície do vidro [mm ] Vi,ar Volume inicial do ar na cavidade [m ] Vf,ar Volume final do ar na cavidade [m ] W Deslocamento transversal [m] ϒQ Coeficiente de segurança para a acção do vento [-] ϒM Coeficiente parcial segurança que tem em conta a 2 3 3 resistência do vidro [-] a Comprimento da placa [m] b Largura da placa [m] enom Espessura nominal de chapa de vidro [mm] h Espessura de uma chapa de vidro ou placa [mm] h1 Espessura da chapa de vidro exterior [mm] h2 Espessura da chapa de vidro interior [mm] heq Espessura equivalente da chapa de vidro [mm] l Lado menor de um vidro rectangular [mm] wmax Deformação máxima no centro do vidro [mm] ∆V Variação do volume [m ] ∆Vvidro Exterior Variação do volume de ar provocado pelo vidro exterior [m ] ∆Vvidro Interior Variação do volume de ar provocado pelo vidro interior [m ] ∆Paplicada Diferença de pressão aplicada ao vidro duplo [Pa] ∆Pvidro exterior Diferença de pressão no vidro exterior [Pa] ∆Pvidro interior Diferença de pressão no vidro exterior [Pa] Coeficiente de Poisson [-] σE Tensão máxima aplicada [MPa] σadm Tensão máxima admissível [MPa] σeff Tensão efectiva Letras Gregas 3 3 3 [MPa] xiii Lista de Programas Solidworks( www.solidworks.com) xiv 1. Introdução O vidro tem tido uma crescente utilização em diversas aplicações de engenharia civil. A sua utilização está presente desde a mais simples janela até a fachadas completamente cobertas por este material tão singular. As suas características únicas, a nível de transparência e luminosidade conferem-lhe um patamar estético elevado, que assim têm vindo a estimular a arquitectura e a indústria no sentido de obter novas e melhores soluções na sua utilização. Essas soluções inicialmente aconteceram no aumento do seu desempenho a nível mecânico, através de novos processos de fabrico e de tratamentos térmicos, mas na maioria a sua evolução foi mais visível na forma como o vidro passou a ser utilizado em preenchimentos de vidro. Estes preenchimentos tinham como objectivo elevar os padrões de qualidade do edifício onde se inseriam. Pode-se referir as unidades de isolamento que conferem um maior isolamento térmico, de forma comum conhecidas por vidro duplo ou triplo, o vidro laminado que trata de questões de segurança, ou então os sistemas de fixação pontuais onde a transparência com a sua utilização permite obter elevados padrões estéticos de modernidade. Importante é também referir a evolução nos sistemas utilizados em janelas e portas, onde hoje em dia é possível encontrar praticamente todos os tipos de solução, como por exemplo sistemas de janelas de folha basculante, sistemas de portas e janelas de correr, entre outros [1], que oferecem assim um maior conforto e facilidade na sua utilização. Apesar do aumento da utilização do vidro ao longo dos últimos anos, a sua aplicação mais comum, continua a estar relacionada com aplicações não estruturais, do tipo janelas, portas e fachadas. Sendo o vidro um material com um comportamento frágil, que pelo seu modo de rotura não permite a distribuição de tensões através de deformação plástica, levando ao colapso total da estrutura assim que uma fenda atinge o seu valor crítico. Com um valor de resistência à tracção razoável, perto de 50 MPa para o vidro simples (recozido), mas que pode chegar a atingir os 200 MPa, se falarmos de um vidro temperado [2]. O número de aplicações não estruturais do vidro tem vindo a aumentar e como tal, levou a um estudo mais aprofundado ao nível do comportamento e dimensionamento deste. Esse estudo é de enorme relevância pelo facto de o vidro ser um material de elevado custo (aproximadamente 40€ 2 por m2 para um vidro temperado com 6mm de espessura [3], ou seja 6.7€/m e por mm de espessura). A aplicação do vidro em janelas e portas, não deixa de estar sujeita as mesmos solicitações que um elemento estrutural, pois uma janela tem de ser capaz de resistir a esforços diversos, tanto de natureza humana como ambiental. Mais concretamente às acções do vento, tensões térmicas, impactos, entre outros. É assim fundamental o bom dimensionamento de um preenchimento de vidro para a obtenção dos níveis de segurança e conforto exigidos. Para o correto dimensionamento da resistência mecânica do vidro recorre-se a diversos métodos e normas existentes, sendo que estas utilizam na sua metodologia, aproximações, formulações e assunções que podem divergir parcialmente ou de forma quase integral entre si [4]. 1 O presente documento tem como principal objectivo analisar e comparar as diferenças e os resultados fornecidos entre três normas de referência na indústria do vidro para o dimensionamento de chapas de vidro plano, aplicado como preenchimento de janelas, portas e fachadas-cortina: Norma Francesa (NF P 78-201-4: 2006 [5]) Projecto de Norma Europeia (prEN 13474-2: 2000 [6]) Norma da American Society for Testing and Materials (ASTM E1300 – 12 [7]). Como já foi dito anteriormente as soluções para preenchimentos de vidros são inúmeras, sendo que para este trabalho optou-se por estudar as unidades de vidro duplo. A escolha recaiu sobre o vidro duplo porque este é largamente utilizado na sociedade devido às suas características de isolamento térmico e de isolamento sonoro e oferece maior interesse de investigação do que o vidro monolítico (uma chapa de vidro). Após esta análise teórica realizou-se um trabalho experimental no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), para se obter resultados experimentais, destinados a permitir uma apreciação da adequação das metodologias de cálculo das três normas em estudo. A presente dissertação contém 6 capítulos, incluindo esta introdução. Os restantes são apresentados de seguida e de forma sucinta: Capítulo 2 No capítulo dois é apresentada uma evolução histórica do tema em estudo. Além das principais características físicas e mecânicas do vidro são também abordados os principais tipos de vidro, o seu processo de fabrico, os principais tipos de fixações existentes. São também apresentadas soluções matemáticas específicas referentes à teoria de placas a utilizar e por fim é falado de forma breve sobre a equação dos gases perfeitos. Capítulo 3 No capítulo três é apresentado a descrição e as metodologias das normas de apoio ao dimensionamento estudadas. Faz-se também um estudo comparativo dos resultados fornecidos pelas normas para diversos tipos de preenchimentos de vidro em vidro duplo. Capítulo 4 No capítulo quatro é apresentado o material e o equipamento utilizado nos ensaios experimentais, a montagem experimental e o procedimento experimental seguido durante o trabalho. São referidas algumas aproximações tidas em conta e por fim apresenta-se o plano de ensaios. Capítulo 5 No capítulo cinco são apresentados os resultados fornecidos pela teoria para o vidro ensaiado experimentalmente. Em seguida é feita uma comparação com os resultados obtidos pelas normas em estudo também para o vidro ensaiado experimentalmente. Por último é realizada uma análise aos resultados obtidos experimentalmente, correlacionando estes com os resultados obtidos pelas normas e pela análise teórica. Capítulo 6 No capítulo seis são apresentadas as conclusões mais importantes e os desenvolvimentos futuros úteis a este estudo. 2 2. Revisão bibliográfica 2.1. Aspetos Gerais O vidro está presente em todos os edifícios, desde o mais simples painel de vidro, utilizado como janela até a grandes obras de arquitectura contemporânea. As suas boas características de transmissão de luz, de calor, de durabilidade, de resistência mecânica e estéticas tornaram este material sinónimo de modernidade e qualidade. O vidro é um material frágil, e por isso sujeito a uma fratura frágil. O processo de fabrico é da maior importância, para as características de resistência mecânica, mais concretamente a sua resistência à tracção, e desempenho em serviço, que advêm da menor ou maior quantidade de defeitos superficiais que poderá conter. Atualmente a grande maioria (90%) da chapa de vidro plano é produzida pelo processo de flutuação (“float”)[4]. As grandes evoluções deste processo de produção foram introduzidas pelos Pilkington Brother em 1959. Pelo seu carácter de produção em massa foi possível uma redução acentuada do custo de produção. Este processo de produção possibilitou também um aumento de versatilidade a nível de dimensões e formatos de qualidade visual mais apelativa [1, 4]. O processo “float” permitiu a produção de chapa de vidro com uma espessura mais uniforme e a produção de vidros de maior dimensão, do que a associada ao processo de estiramento utilizado até então. Esta redução de custos, aliada aos processos de tratamento térmico que têm sido desenvolvidos nos últimos anos, permitiu aumentar consideravelmente o valor de resistência à tracção do vidro, pelo fecho e redução de crescimento das fendas ao nível da superfície do mesmo, pela introdução de tensões de compressão na sua superfície tornando-o assim, o “mais importante material na arquitetura” (Le Courbusier) [4]. Esta crescente importância foi visível nas últimas décadas, onde o vidro passou da utilização a nível de janelas, para uma utilização decorativa, a nível de preenchimento de fachadas e coberturas, e nos dias correntes para uma utilização também a nível estrutural. Assim a urgente necessidade de garantir a segurança na sua utilização, levou ao desenvolvimento de uma série de normas internacionais para dimensionamento, padrões de projectos, orientações técnicas e recomendações nacionais e internacionais [8,9]. A nível de sistemas de segurança, o crescimento também foi evidente com a introdução de sistema de vidros duplos e triplos, onde se reduz probabilidade de falha pelo aumento do número de elementos resistentes, e melhorando ao mesmo tempo a sua capacidade de isolamento térmico e sonoro. O vidro laminado é também outra evolução neste campo, mais concretamente em pósfractura, prevenindo a queda de fragmentos de vidros. Entre outras melhorias destacam-se a segurança contra armas de fogo e arrombamentos [10,11]. Nestes últimos 25 anos tem sido visível uma tendência arquitectónica para minimizar a utilização dos suportes lineares oferecidos pelos caixilhos de alumínio, de forma a aumentar a percentagem da área transparente dos envidraçados. Como alternativa em meados da década de 1980 e 1990, surgiram as primeiras aplicações de fixações pontuais, que permitiam diferentes arranjos estéticos e campos de utilização, mas que trouxeram também maiores exigências de 3 projecto, já que a sua utilização introduz a concentração de tensões, fenómeno a que o vidro é extremamente sensível, e também a um aumento da intensidade e tipos de cargas transferidos para o vidro. Mais recentemente, têm sido feitos desenvolvimentos promissores em ligações coladas (adesivos) nos vidros, estas permitem possibilidades interessantes que não eram possíveis com ligações mecânicas, mas que ao mesmo tempo, levanta questões quanto a durabilidade das mesmas. Assim pode dizer-se que estes novos tipos de ligação estão pouco consolidados, sendo necessário esperar por futuros desenvolvimentos nesta matéria [12]. 2.2. Propriedades do Vidro 2.2.1. Propriedades Químicas O vidro é um produto inorgânico, que foi arrefecido até uma condição rígida, mas sem ocorrer a correcta cristalização do material, fazendo com que o material final se mantenha num estado transitório entre o cristalino e o totalmente amorfo. Este termo aplica-se a todos os sólidos não-cristalinos mostrando uma transição vítrea, sendo apenas diferentes uns dos outros por apresentarem diferentes composições químicas [4,10,11]. A maior parte do vidro utilizado na indústria são os vidros de silíco-sodo-cálcico [13] (SLSG), e em casos especiais (exemplo. vidros de protecção contra incêndios e vidros resistentes ao calor), os vidros de boro-silicatos (BSG), pela sua maior resistência as diferenças de temperatura, como também ao ataque químico [4]. A figura 2.1 demonstra a composição química do vidro SLSG. Figura 2.1 – Composição química do vidro SLSG (por [11]). 4 2.2.2. Propriedades Físicas As propriedades físicas mais importantes dos vidros SLSG encontram-se resumidas na tabela 2.1. Tabela 2.1 – Propriedades físicas mais importantes do vidro SLSG (adaptado de [4]). Propriedades SLSG Densidade 2,5 kg/m Módulo de Young 2 70 GPa Coeficiente de Poisson 0,23 Coeficiente de Expansão Térmica -6 -1 9 10 K -1 Calor específico -1 720 JKg K Uma das propriedades físicas mais importante dos vidros incolores é a elevada transparência que se reflecte na sua elevada transmitância dentro da gama do visível. Essa elevada transmitância existe até á radiação infravermelha média, que assim absorve grande parte da radiação UV, mas que depois é bloqueada para a radiação infravermelha longa (λ > 5000 nm), pois esta é absorvida pelo grupo Si-O presente no vidro. Isto significa que o vidro permite que a luz visível passe e aqueça o espaço interior, mas depois impossibilita que esse calor saia para o exterior, dando origem ao conhecido efeito de estufa. [10] 2.2.3. Propriedades Mecânicas do Vidro Recozido Em termos mecânicos o vidro é um material com comportamento elástico quase perfeito, isotrópico que exibe uma fractura frágil. Não permite por isso deformação plástica, impossibilitando assim a redução da concentração de tensões num local, através da redistribuição de esforços, como acontece noutros tipos de materiais dúcteis, como por exemplo o aço. A tensão de rotura teórica à tracção pode atingir até 32 GPa [4], outros estudos revelam valores na ordem dos 10 a 30 GPa [14]. Obviamente estes valores são demasiado elevados em comparação à sua tensão de rotura considerada na prática. Esta diferença deve-se principalmente à existência de defeitos na sua superfície que são resultado do processo de fabrico. Assim é difícil de prever tanto a quantidade, extensão e distribuição desses defeitos o que resulta numa difícil previsão do verdadeiro valor da resistência de rotura à tracção. Diga-se que raramente os 50 MPa são atingidos, e quando o são é devido aos tratamentos térmicos existentes [14]. Como disse Preston [15] “We do not measure the strength of glass, we measure the weakness of the surface.". A figura 2.2 ilustra a influência do dano existente na superfície e como este afecta a tensão de rotura de um vidro. 5 Figura 2.2 – Distribuição normal da tensão de rotura em função do dano existente na superfície do vidro a) Vidro novo, b) vidro sujeito a acções climatéricas, c) vidro bastante danificado. (Adaptado de [10]). Um elemento de vidro falha assim que o factor de intensidade de tensões devido a tensões de tracção na extremidade de uma fenda atinge o seu valor crítico. Essa fenda cresce com o tempo quando carregada, sendo a velocidade de crescimento da fenda, função de vários parâmetros e extremamente variável. Assim em termos gerais, pode-se dizer que a resistência a tracção do vidro será menor para maiores tensões aplicadas, maior tempo de aplicação dessa tensão, e quanto mais profunda for a fenda inicial. É importante também salientar que a probabilidade da existência de um defeito que reduza a resistência a tracção é mais elevada quanto maior for o elemento de vidro [4]. Para demonstrar também a importância do tempo de aplicação da carga, em Beckett [16] a tensão de rotura é de 81 MPa para acções com duração de 1s, 57 MPa para acções com duração de 100s e 39 MPa para cargas estáticas. Apesar dos vários parâmetros que influenciam a tensão de rotura do vidro, é frequente encontrar-se atribuído um valor para a mesma. Em geral, a bibliografia especializada atribuiu um valor médio entre os 45 e os 50 MPa [4,10,17,18] não fazendo qualquer referência a que tipo de situações se aplica este valor. A norma prEN 13474 [6,19] por exemplo define um valor característico, isto é, com um nível de confiança de 95% segundo uma distribuição de Weibull [20],de 45 MPa. Salvaguarda-se dizendo que o estudo da tensão de rotura do vidro não é de fácil compreensão, não se tendo por isso ainda hoje chegado a um consenso sobre que valor ou qual o melhor método para o seu cálculo. Contudo esta incerteza a nível de segurança pode ser reduzida pela utilização de novos vidros tratados termicamente que levam a um aumento significativo desta tensão de rotura [4]. A resistência à compressão do vidro é muito maior que a sua resistência à tracção, mas esta acaba por ser irrelevante a nível de resistência mecânica, pois é mais difícil uma fenda crescer quando sujeita a uma tensão de compressão. Mesmo nos casos que o elemento está unicamente sujeito a forças de compressão, desenvolvem-se sempre tensões de tracção devido a fenómenos de 6 instabilidade. Desta forma o vidro irá sempre ceder à tracção, muito antes de atingir a sua resistência máxima à compressão [4]. 2.3. Processo de Fabrico Apesar de apresentarem algumas diferenças em todos os processos de fabrico, alguns passos são semelhantes: (1) fusão da matéria-prima entre 1600° – 1800°C (2) entre os 800°-1600°C dá-se forma ao vidro (3) arrefece-se o vidro entre 100°-800°C. O processo mais utilizado hoje em dia, como já foi referido mais acima neste capítulo foi o introduzido pelos irmãos Pilkington em 1959 [4]. O esquema de produção por eles implementado encontra-se representado na figura 2.3. Figura 2.3 – Processo de produção do vidro (adaptado de [4]). Com este processo eles conseguiram obter placas de vidro de elevada qualidade, obtendo espessuras contantes, faces planas e paralelas, resultados esses que com os processos anteriores não eram conseguidos. O habitualmente chamado de processo de flutuação, consiste em introduzir a matéria-prima num forno de alta temperatura (cerca de 1550ºC) onde esta entra em fusão. Em seguida é escoada de forma continua a aproximadamente 1000ºC até um tanque com um banho de estanho fundido, onde existe uma atmosfera inerte constituída de hidrogénio e nitrogénio para prevenir a oxidação. O estanho é utilizado por causa da sua larga gama de temperaturas em fase liquida (232-2270ºC) e ao seu peso específico em comparação com o vidro. Assim o vidro flutua no estanho e espalha-se formando uma fina camada plana de 6 a 7 mm, que em seguida é conduzida pelos rolos no forno de recozimento onde é gradualmente arrefecida (para evitar a introdução de tensões residuais). A espessura final do vidro pode variar dos 2 aos 25mm simplesmente ajustando a velocidade dos rolos. A redução da velocidade dos rolos aumenta a espessura do vidro e vice-versa. Esta ultima fase de fabrico está na origem do nome deste tipo de vidro, sendo por isso habitualmente denominado por vidro recozido, que de forma comum se diz vidro simples ou base. É na última fase deste processo que este pode ser tratado termicamente para obter diferentes tipos de vidro, situação essa que vai ser descrita mais a frente neste capítulo. Como consequência do processo, as duas faces do vidro não são completamente idênticas, devido à difusão dos átomos de estanho na superfície do vidro. Isto pode ter consequências no seu 7 comportamento à colagem [4]. Foi também verificado que a resistência mecânica do lado do estanho é marginalmente menor do que o lado do ar. Isto deve-se ao contacto com os rolos na área de recozimento. Os rolos introduzem fendas na superfície que vão reduzir a sua resistência [21]. A face que esteve em contacto com o estanho é facilmente detectável quando exposta a luz ultravioleta. . 2.4. Tipos de Vidro 2.4.1. Aspetos Gerais Depois de fabricada a chapa de vidro recozido, esta pode ser transformada em novos tipos de vidro e noutras formas, para se obterem aparências e melhores desempenhos para satisfazer as exigências das obras. Para além dos processos mecânicos como o corte, furação (para efeitos de ligação), tratamento de arestas e polimento, existem também os tratamentos térmicos que permitem obter vidros de resistência mecânica superior: Vidro Temperado Vidro Termoendurecido Também podem ser obtidos vidros de elevada resistência mecânica (350 MPa) com tratamentos químicos, mas estes são pouco utilizados na construção, sendo mais direccionados para a indústria aeronáutica e de iluminação [13]. Outros tipos de vidros ou unidades de vidros muito utilizados onde não se efectuam nenhuma mudança no material são: Unidades de Isolamento (Vidro Duplo, Vidro Triplo) Vidro Laminado Vidros com Capa/Revestimento Superficial Como já referidos acima neste capítulo, os dois primeiros tipos de vidro (vidro isolante e vidro laminado) tem como função melhorar a capacidade de isolamento térmico e sonoro, como a segurança pós-fractura e resistência mecânica. Os vidros com revestimento superficial são obtidos pela deposição na superfície de compostos destinados a alterar as propriedades base do vidro, nomeadamente, o factor solar, transmissão da luz, cor ou emitância [13]. A figura 2.4 ilustra algumas destas soluções e a sua designação. 8 Figura 2.4 – Unidades ou soluções de camadas de vidro (adaptado de [4]). A segurança associada aos envidraçados poderá comportar vários aspectos que dependerão da aplicação específica, nomeadamente [13]: Risco de ferimento causado pelos fragmentos de vidro e a protecção de pessoas face ao risco de colisão no vidro. Para o risco de ferimentos causados pelos fragmentos são importantes o tipo e a dimensão dos fragmentos do vidro. No caso do risco de queda é relevante o facto de o vidro desaparecer e deixar uma abertura para o “vazio”. A segurança contra incêndios, minimizando o risco de propagação do fogo. A protecção contra o arrombamento e vandalismo. Neste caso o vidro deve permanecer no local e impedir o acesso ao interior. Protecção contra armas de fogo e explosões. 2.4.2. Têmpera do Vidro e Vidro Temperado O processo da têmpera do vidro é o método de processamento mais importante da indústria do vidro, este tem como objectivo criar um campo de tensões de compressão na superfície do vidro de forma a evitar que os defeitos, tipicamente fendas, na superfície não consigam crescer, evitando assim a sua fractura. Esse campo de tensões favoráveis é criado pelas tensões residuais deixadas no vidro após o tratamento. No tratamento térmico o vidro é aquecido e em seguida submetido a um arrefecimento brusco com jactos de ar. Esse arrefecimento brusco irá introduzir tensões de compressão na superfície do vidro e tensões de tracção no interior do vidro conforme ilustrado na figura 2.5. 9 Figura 2.5 – Tensões residuais no vidro temperado (adaptado de [22]). Como as fendas se encontram à superfície, as tensões de tracção no interior não são um problema, assim pode perceber-se que com as tensões de compressão introduzidas na superfície, as fendas só conseguirão crescer quando as tensões de tração aplicadas na superfície forem maiores que a tensão de compressão residual fornecida pelo tratamento térmico [4]. O princípio teórico deste processo é apresentado na figura 2.6. Figura 2.6 – O princípio da têmpera do vidro (adaptado de [4]). A gama de aquecimento para produzir vidro temperado é de aproximadamente 600-650ºC, cerca de 100ºC abaixo da sua temperatura de transição para liquido. Em seguida é rapidamente arrefecido por jactos de ar. Este processo introduz tensões de compressão na superfície que variam de 80MPa a 170MPa para o vidro SLSG [2,4]. Na ASTM C 1048-04 [23], é requerido que o valor das tensões introduzidas na superfície seja de no mínimo 69 MPa. A norma prEN 13474 [6,19] indica uma tensão 10 de rotura do vidro temperado de 120 MPa, valor este que é bastante superior aos 45 MPa de rotura a tracção indicados pela mesma norma para o vidro recozido. Pelo tratamento a que foi sujeito, este vidro pode resistir a diferenças de temperatura na ordem dos 200ºC (cerca de 30ºC no recozido), e apresenta também uma maior resistência ao choque/ impacto do que o vidro recozido. Em caso de rotura o vidro temperado irá fragmentar-se em pedaços de muito menor dimensão (maior pedaço <14mm [24],) do que o vidro recozido, reduzindo assim o risco de ferimento em pessoas (vidro de segurança). A Norma EN 12150-1 [25] e EN 12150 – 2 [26] recomendam valores de espessura mínima para o vidro temperado em função da dimensão do vidro. Esses valores são apresentados na tabela 2.2. Tabela 2.2 – Espessura mínima de chapa de vidro temperado em função da dimensão da chapa de vidro (adaptado de [26]). Espessura mínima de chapa de vidro temperado Dimensão máxima da chapa de vidro 4 mm 1000 x 2000 mm 5 mm 1500 x 3000 mm 6 mm 2100 x 3500 mm 8 mm 2500 x 4500 mm 10 mm 2800 x 5000 mm 12 mm 2800 x 5900 mm Uma desvantagem do vidro temperado é a impossibilidade de realizar operações de corte ou acabamento, por isso essas operações devem ser realizadas no vidro antes do tratamento térmico. [13]. Um problema que pode surgir no vidro temperado é a possibilidade da rotura espontânea do vidro. Este fenómeno acontece porque no arrefecimento brusco da têmpera, podem ficar inclusões de NiS que não têm tempo para mudarem da fase α (fase na temperatura de transição do vidro) para a fase β (estável) [13]. Este fenómeno é conhecido desde 1961 [27]. Para minimizar o risco de ocorrência de rotura espontânea os vidros temperados podem ser submetidos ao teste Heat Soak [28], este teste tem como objectivo activar a reacção de mudança de fase dos NiS e conduzir à rotura precoce de vidros que já tenham inclusões de NiS críticas. Este teste nem sempre é realizado pois encarece o custo do vidro, pois a sua percentagem de ocorrências não é muito significativa (cerca de 1,73% dos 17760 painéis de vidros analisados com problemas de NiS situados na Austrália [27]). 11 2.4.3. Vidro Termoendurecido O vidro termoendurecido [29] é obtido de forma idêntica ao vidro temperado mas com uma taxa de arrefecimento mais lenta. Assim as tensões residuais de compressão que ficam na superfície do vidro são menores, e por isso também a sua tensão de rotura é também menor. Este vidro foi desenvolvido pela indústria com o objectivo de obter um vidro com elevada resistência ao choque térmico[4]. As tensões residuais de compressão que ficam na superfície são da ordem os 30 a 60 MPa [13]. Outras fontes [2,4] apresentam uma gama de valores relativamente mais elevada, 40 a 80 MPa. Em relação ao vidro temperado onde o valor das tensões residuais tinha de ser superior a 69MPa pela norma ASTM C 1048-04 [23] para o vidro termoendurecido apresenta-se um intervalo entre 24MPa e 52 MPa. O modo de fratura do vidro termoendurecido assemelha-se bastante ao vidro recozido, apesar de o número de fragmentos ser menor (mas maiores que os fragmentos do vidro temperado, ver figura 2.7), o que não é suficiente para ser considerado um vidro de segurança. Figura 2.7 – Padrão de fractura dos diversos tipos de vidro (adaptado de [4]). A sua utilização em vidro laminado, devido à maior dimensão dos fragmentos, permite-lhe manter uma boa capacidade de resistência à carga mesmo após a fractura. [4]. Como o tempo de arrefecimento é mais lento os problemas da inclusão de NiS não são relevantes neste vidro. Como o gradiente de tensões depende da espessura do vidro, e como o vidro deve ser arrefecido de forma mais lenta, para vidros com espessuras elevadas (>12 mm) este não pode ser termoendurecido com o processo de tempera normal [4]. Por fim as operações de corte e acabamento de forma idêntica ao vidro temperado têm de ser realizadas antes do tratamento térmico. Pode dizer-se que o vidro termoendurecido é então um vidro intermédio entre o recozido e o temperado [30]. Na figura 2.8 são ilustradas as tensões residuais de compressão introduzidas na superfície de vidros sujeitos ao processo da têmpera, segundo uma distribuição normal acumulada. 12 Figura 2.8 – Tensões residuais de compressão introduzidas na superfície de vidros sujeitos a têmpera, segundo distribuição normal, acumulada (adaptado de [2]). 2.4.4. Vidro Laminado O vidro laminado consiste em duas ou mais placas de vidro coladas entre si por um filme plástico. Essas placas de vidro podem ser iguais ou diferentes em espessura e podem ser qualquer combinação de vidro recozido e vidro temperado. A inclusão de ar entre filmes é retirada pela passagem num autoclave a aproximadamente 140ºC e pressões superiores a 14bar [4]. A grande evolução deste sistema baseia-se no aumento da segurança pós-fractura que oferece, como foi dito no início deste capítulo. Isto acontece porque mesmo quando um dos vidros fractura, a pelicula mantem as placas ligadas, o que impede a queda dos fragmentos, e mantêm ainda assim uma boa capacidade de resistir a esforços, até ser feita a sua substituição [4,10]. Esta situação é tanto mais verdade quanto maior for a dimensão dos fragmentos do vidro quebrado, sendo portanto o vidro temperado a pior alternativa para um vidro laminado de segurança, e o vidro recozido a melhor alternativa. O filme interior mais comum é o polivinil butiral (PVB), e a sua espessura é de 0.38mm [4]. Os vidros à prova de bala ou os vidros de protecção contra incêndios são constituídos por sistemas de painéis laminados (como se encontra ilustrado na figura 2.4, pág. 9), sendo bastante comuns na construção. É comum utilizar vidros laminados em vidros isolantes e também por exemplo nos pára-brisas de automóveis. A figura 2.9 ilustra um vidro laminado. 13 Figura 2.9 – a) Vidro Laminado (adaptado de [31]), b) Vidro Laminado (adaptado de [32]). 2.4.5. Vidros Isolantes Uma unidade de isolamento é composta por uma combinação de duas (vidro duplo) ou mais chapas de vidros separados por um espaço de ar (ou outro gás) selado. A selagem do espaço de ar é realizada normalmente com um intercalar que define a distância entre as chapas de vidro, por duas linhas de vedação (usualmente silicone) destinadas a limitar a penetração da humidade e vapor de água, e por um desidratante colocado no intercalar, com o objectivo de absorver a humidade que fica na câmara-de-ar que ficou retida no momento de fabrico e a pequena quantidade de humidade que possa a vir infiltrar-se por difusão [13]. A figura 2.10 ilustra um exemplo de selagem de um vidro duplo. Figura 2.10 – Exemplo de selagem de um vidro duplo (adaptado de [13]). 14 A função mais importante das unidades de isolamento é o isolamento térmico, conseguindo 2 valores de transmissão térmica para vidro duplo na ordem dos 3.0 W/m K [10] que quando combinado com revestimentos especiais e a utilização de outro gás raro, conseguem atingir valores 2 2 de transmissão térmica de 1.1 W/m K para os vidros duplos e 0.7 W/m K para os vidros triplos, que 2 comparados com o vidro monolítico recozido (5.8 W/m K), comprova a sua excelente capacidade de isolamento térmico [4], ver figura 2.11. Figura 2.11 – Transmissão térmica em vidro duplo [4]. O ar na cavidade encontra-se à pressão atmosférica presente no momento do seu fabrico. É importante referir que quando a pressão na cavidade é inferior a pressão atmosférica inicial ambos os vidros são puxados para dentro, isto acontece quando os vidros são selados a baixa pressão metrológica e a temperaturas elevadas (exemplo. verão) e depois utilizados em condições de alta pressão metrológica e a baixas temperaturas (exemplo. inverno). De forma análoga, quando a pressão do ar no interior da cavidade é superior à pressão atmosférica inicial, os vidros são empurrados para fora, conforme podemos observar na figura 2.12 [10]. Figura 2.12 – Efeito provocado nos vidros devido à diferença de pressão na cavidade de ar, para unidades de isolamento (adaptado de [10]). 15 Os vidros duplos usualmente são designados pela diferença dos vários elementos que o compõem, do exterior para o interior. Por exemplo para uma chapa de vidro exterior de 6mm, cavidade de ar de 16mm e chapa de vidro interior de 4mm,a sua designação é 6-16-4. 2.5. Tipos de Fixações do Vidro Na indústria do vidro a principal preocupação quando se pensa num elemento de fixação é evitar o contacto entre esse elemento normalmente mais duro e o vidro, desviando assim cargas ou movimentos para longe do vidro. Assim a transferência de esforços entre o vidro e o outro material necessita do maior cuidado possível. Apesar de isto parecer óbvio, esta realidade ainda hoje se mantêm. Dessa forma todos os sistemas de ligação desde os primitivos suportes lineares, até ao mais recente método de fixação pontual utilizam materiais intermédios entre o vidro e o material mais duro [4]. A figura 2.13 demostra a redução gradual dos elementos de fixação, de forma a responder à necessidade crescente a nível arquitectónico da maximização da transparência no uso do vidro. De forma geral existem dois tipos de fixações, i.e. mecânicas e coladas, em alguns casos pode ser a combinação de ambos. Se a rigidez do adesivo for superior à fixação mecânica o adesivo vai suportar a maior parte da carga e a fixação mecânica apenas irá entrar em acção quando a capacidade do adesivo for excedido [4]. Nesta secção serão referidas algumas das soluções mais relevantes dos sistemas de fixação mecânicas existentes. O tipo de fixação colada é referido apenas para se tomar conhecimento da sua existência, e não será discutido nesta dissertação. Figura 2.13 – Sumário dos tipos de fixação mais comuns (adaptado de [4]). 16 2.5.1. Fixações Mecânicas As fixações mecânicas são as mais frequentes de encontrar no mercado, sendo que estas se dividem em três grupos principais (representados na figura 2.13): Suportes lineares com caixilho Fixações pontuais por aperto Fixações pontuais aparafusadas Dentro destes grupos diversas soluções são apresentadas, que variam em aspecto e em função do problema que pretendem resolver. Nesta dissertação entra-se em detalhe apenas nos suportes lineares com caixilho, pelo facto de este ser o tipo de fixação relevante para o estudo. A figura 2.14 ilustra as fixações pontuais por aperto e aparafusadas. Figura 2.14 – a) Fixações pontuais aparafusadas [33]; b) Fixações pontuais por aperto [34]). 2.5.1.1. Suportes Lineares com Caixilho Os suportes lineares são utilizados na sua maioria em construções que utilizam caixilhos como método de sustentação do vidro, como é o caso das janelas ou fachadas em cortina. A sustentação do mesmo é feita ao longo de duas das suas arestas, ou em toda a sua periferia, sendo que o peso próprio do vidro é transferido para os caixilhos através de calços de apoio em polímero (p.e. polipropileno ou poliamida) colocados estrategicamente e que tomam a função de material intermédio entre o vidro e o sistema de suporte para que estes nunca entrem em contacto direto. O sistema é por fim isolado pela colocação de juntas de borracha EPDM (borracha de etileno propileno dieno) ou então silicone. Este tipo de suporte é usualmente de alumínio, madeira ou plástico. A figura 2.15 ilustra os tipos de calço e a sua aplicação, e a utilização de um suporte linear com caixilho num vidro triplo. 17 Figura 2.15 – a) Tipos de calços [35]; b) Exemplo de suporte linear com caixilho em alumínio para vidro triplo [36]. 2.6. Acções e Metodologia de Dimensionamento 2.6.1. Aspetos Gerais A metodologia de dimensionamento para elementos de vidro não é muito diferente de outros tipos de materiais estruturais, consiste num processo iterativo onde são aplicadas regras base, métodos de cálculo analítico e teste experimental. Para isso o projectista deve assegurar que o seu projecto é capaz de resistir às acções a que vai estar sujeito e garantir a total estabilidade da estrutura (estado limite ultimo). Deve também especificar a deformação, vibrações, deslocamentos, entre outros que ache necessário, para manter a perfeita funcionalidade do projecto ou estrutura (estado limite serviço) [4]. As acções que afectam uma estrutura de vidro são as mesmas que normalmente afectam outras estruturas de construção, entre elas destacam-se: Vento Peso-Próprio Neve Tensões térmicas Explosões A principal Norma Europeia nas acções é a EN 1991-1-Todas as partes (Eurocódigo1) [37], nela são fornecidos os valores característicos para cada tipo de acção. 18 Numa primeira fase de projecto, a utilização de regras base, apesar de pouco precisas, por serem abordagens simples, mostram-se úteis por permitirem efectuar uma primeira estimativa das dimensões a utilizar e consequentemente da quantidade de material necessário. Estas regras baseiam-se na experiencia prática adquirida ao longos dos anos, na aplicação deste material [4]. Uma primeira aproximação importante é a estimativa da espessura de um elemento de vidro. Um consultor da empresa Pilkington, propôs em Colvin [38] uma série de relações que permitem calcular a espessura (h) de uma chapa de vidro em função do seu vão (L), quando apoiados continuamente em dois ou quatro lados (estando os respectivos valores apresentados na Tabela 2.3). No mesmo documento, propõe-se que no caso de se recorrer à utilização de vidros duplos, uma das chapas, deve apresentar uma espessura de acordo com o tipo de vidro de que é constituída. Tabela 2.3 – Relação vão/espessura para vidros na vertical proposta por Colvin [38] (adaptado de [4]). Tipo de vidro Máxima relação vão/espessura – Vidro na Vertical Vidro Recozido 150 Vidro Temperado 200 Vidro Laminado Recozido 150 Vidro Laminado Temperado 150 No pré-dimensionamento de elementos de vidro, os métodos com base na tensão admissível, são uma boa primeira aproximação. Este tipo de verificação tem a seguinte expressão, (2.1) Em que σE, é a tensão máxima aplicada, calculada com base no valor característico da acção, no cenário mais desfavorável e σadm, é a tensão máxima admissível, correspondente ao valor característico obtido por experimentação, e no qual é incluido um factor global de segurança. De acordo com o Haldimann et al. [4], as orientações técnicas alemãs TRLV 2006 e TRAV 2003 são bastante utilizadas para este efeito, disponibilizando tensões máximas admissíveis para cargas estáticas e uniformes em função do tipo de vidro (tabela 2.4). Outra bibliografia, sugerida pela Pilkington Glass [39] também oferece valores úteis numa primeira análise, para a tensão máxima admissível, mas neste caso baseados na duração da carga aplicada (tabela 2.5). Tabela 2.4 – Tensões admissíveis para vidros na vertical (adaptado de [4]). Tipo de Vidro Tensão admissível σadm (MPa) Vidro Vertical Vidro Recozido 18 Vidro Temperado 50 Vidro Laminado Recozido 22.5 19 Tabela 2.5 – Tensões admissíveis em função da duração da carga aplicada (adaptada de [39]). Duração da Carga Carga exemplo Vidro Recozido (MPa) Vidro Temperado (MPa) Curta Vento 28* 59 Curta – Nos bordos Vento 17.8* 59 Média Neve 10.75 22.7 Longa Peso-próprio 7 35 *Para vidro recozido com h≥10. Para espessuras menores multiplicar valor por 1,4. Assim a combinação dos efeitos, como o tamanho do elemento, as condições ambientais, a duração e o tipo de carregamento, aspectos que se sabem influenciarem de maneira diferente a tensão de rotura do vidro não são devidamente contabilizados. Todos estes aspectos são de alguma forma “incluídos” no valor recomendado para a tensão máxima admissível que contêm um coeficiente de segurança global (n). Outro aspecto importante são os limites de deformação do vidro. Estes limites podem em algumas normas estar definidos, sendo exemplo disso a Norma Francesa (NF P 78-201-4: 2006 [5]) ou estão intrinsecamente relacionados com as funções do espaço e com os requisitos definidos pelo dono de obra. De acordo com Dodd [40], deformações equivalentes a 1/50 do vão mais reduzido, quando sujeito à acção mais desfavorável do vento (no caso de fachadas), é um valor largamente aceitável, mas que é habitualmente restringido para valores mais conservativos como 1/200 ou 1/125 [40]. Esta dissertação encontra-se focada no comportamento de vidros duplos, na vertical, para resistir a acções do vento (EN 1991-1-4:2005 [41]), porque o vento é a mais relevante das acções, onde quase sempre condiciona o projecto na indústria vidraceira. Assim para efeitos de cálculo neste estudo são assumidas diferenças de pressão aplicadas perpendiculares ao plano do vidro que tem como objectivo simular a sua acção. 2.6.2. Teoria Clássica de Placas Finas 2.6.2.1. Aspetos Gerais As placas são elementos estruturais limitados por duas superfícies planas distanciadas entre si de uma grandeza designada por espessura. De acordo com o critério aplicado frequentemente para definir uma placa fina a razão de espessura para o comprimento do vão menor deve ser inferior a 1/20 (h/l). O plano equidistante das superfícies planas externas é designado por plano médio da placa. No caso das placas finas e pequenas deformações (δ<h) são consideradas válidas as chamadas hipóteses de Kirchhoff, de acordo com a Teoria Clássica das Placas Finas [42, 43], desenvolvida por Lagrange em 1811. Esta definição de placa fina é apropriada para o vidro da caixilharia, sendo por isso utilizada como base teórica para alguns dos métodos de cálculo das normas de dimensionamento do vidro [44]. A figura 2.16 representa uma placa fina. 20 Figura 2.16 – Representação de Placa Fina [42]. Os pressupostos fundamentais de Kirchhoff para placas finas, isotrópicas, homogéneas e elásticas, quando submetidas a acções normais ao plano médio, baseiam-se na geometria linear da deformação e são as seguintes [42,43,45]: O desvio do plano médio é pequeno quando comparada com a espessura da placa. A superfície média da placa é plana e indeformável. Ɛx = Ɛy = Ɛxy = 0 para Z = 0. Os pontos pertencentes à normal do plano médio da placa antes da deformação, permanecem na normal da superfície média flectida. A tensão na direcção normal ao plano médio, σz é irrelevante quando comparada com as tensões σx e σy pelo que se considera σz = 0. No entanto, quando uma placa fina é submetida a acções normais ao plano médio, a sua deformação pode exceder 50 % da sua espessura. Nesta situação os grandes deslocamentos farão com que o plano médio alongue, desenvolvendo assim uma membrana que aumenta a rigidez da placa face à teoria clássica das placas finas. Neste caso a teoria de placas finas de Kirchhoff’s para pequenos deslocamentos não é satisfeita (pelo incumprimento dos pressupostos 1) e 2)) [42]. Assim uma aproximação de geometria não-linear, que consiga ter em conta esta membrana deve ser utilizada. Von Karman’s fornece uma descrição matemática para este problema, mas pela sua complexidade e impossibilidade de cálculo manual, é frequente recorrer a aproximações de métodos computacionais, tais como o método das diferenças finitas, ou métodos de elementos finitos. A norma prEN 13474-2[6] refere o mesmo problema e oferece uma solução analítica para ele, que será explicada mais à frente. Assim a não utilização de uma análise não-linear em situações de grandes deformações, irá levar a valores sobrestimados para a deformação e tensão existente no vidro [4]. A figura 2.17 demonstra a comparação de modelo linear e não linear, para um vidro de 1676.4 x 1676.4x5.66 mm. 21 Figura 2.17 – Comparação de modelo linear e não linear de uma placa 1676.4x1676.4x5.66 mm (adaptado de [4]). A equação que rege a deformação de placas finas foi introduzida em 1811 por Lagrange [42] (2.2) . . (2.3) . O deslocamento transversal ω deve satisfazer a equação de Lagrange e as condições de fronteira sobre o contorno da placa. A equação de equilíbrio diferencial não é de fácil resolução, e por isso existem soluções analíticas para resolver casos mais simples e concretos de placas [42,43,45]. Como já foi referido algumas das normas e métodos de apoio ao dimensionamento utilizam a base teórica das placas finas para obter as suas aproximações. Estas consideram na sua maioria os vidros rectangulares com dois, três lados simplesmente apoiados e os restantes livres, ou quatro lados simplesmente apoiados como condições de fronteira [44]. Para os vidros instalados nas janelas é usual considerar que este tem como condição de fronteira a condição de simplesmente apoiado, dado o vidro poder rodar no interior da gola do vidro. Numa situação em que o vidro se encontra fixo no interior da gola do vidro tendo as suas rotações constrangidas, pode-se no limite considerar que este tem como condição de fronteira a condição de encastrado. Esta diferença na liberdade para rodar deve-se principalmente ao vedante aplicado que 22 contribui em muito na prisão da gola. Na figura 2.18 podemos observar a contribuição do vedante na prisão da gola. Para placas apoiadas com estas duas condições de fronteira existem soluções analíticas para a equação de Lagrange (2.2), como se apresenta seguidamente. Figura 2.18 – Gola dos vidros; a) Designações; b) Contribuição do vedante na prisão da gola (adaptado de [46]). 2.6.2.2. Solução de Navier para Placas Simplesmente Apoiadas Considere-se uma placa simplesmente apoiada ao longo do contorno exterior como se representa na figura 2.19. Figura 2.19 – Placa simplesmente apoiada (adaptado de [47]). Sujeita às condições de fronteira que no caso da placa simplesmente apoiada, são: (2.4) (2.5) Submetida à acção de uma carga distribuída p(x,y) a qual se pode representar através de séries trigonométricas duplas de Fourier do seguinte modo: 23 ∑ ∑ (2.6) Sendo que pmn é uma constante e m e n são números inteiros. Esta série dupla permite a representação de quaisquer casos de distribuição de carga aplicada. No caso de carga uniformemente distribuída em toda a superfície da placa (2.7) Com P0 sendo a pressão uniforme aplicada na superfície, uma solução possível para a equação de Lagrange é a chamada solução de Navier para a qual se considera ser ω(x,y) uma função que verifica simultaneamente a equação de Lagrange e as condições de fronteira. Sendo a função de deformação da placa [42,47]: ∑ ∑ (2.8) 2.6.2.3. Solução aproximada de Ritz para Placas Encastradas Admitindo que o campo de deslocamentos transversais se pode escrever do seguinte modo: ∑ (2.9) Sendo ai constantes desconhecidas e Ni funções das coordenadas x,y,z, que devem satisfazer as condições de fronteira. Uma vez escolhidas as funções N i (x, y, z) as constantes ai são determinadas de tal modo que a energia potencial Π seja mínima, isto é: (2.10) Esta minimização da energia potencial corresponde portanto a um sistema de n equações a n incógnitas. Consideremos uma placa rectangular encastrada como se representa na figura 2.20 a qual está submetida a uma carga uniformemente distribuída de intensidade po. Figura 2.20 – Placa encastrada (adaptado de [47]). 24 A placa tem dimensões 2a e 2b e as condições de fronteira são: (2.11) (2.12) A solução aproximada da equação de Lagrange, considerando a função de aproximação [47]: (2.13) Com, (2.14) Pelo que a função de deformação da placa é então [42, 43, 47]: (2.15) A solução de Ritz pode ser melhorada por consideração de mais funções de forma, sendo a solução ϖ nesse caso ̅̅̅ (2.16) 2.6.3. A Influência da Rigidez das Chapas de Vidro na Pressão do Ar na Cavidade A rigidez das chapas de vidro do vidro duplo à flexão tem uma importante influência na magnitude da variação de volume da cavidade. Essa rigidez depende principalmente da: Espessura do vidro Condições de fronteira Dimensão do vidro Resposta/comportamento da placa Ao se fazer um pano de vidro com uma espessura duas vezes maior, aumentamos o factor de rigidez em oito vezes. Um encastramento nos bordos resulta num comportamento bastante mais rígido do que quando comparado com bordos simplesmente apoiados. Pode dizer-se também que quanto menor o pano de vidro, mais rígido vai ser o seu comportamento. Quanto à resposta da placa 25 como já foi referido anteriormente, quando sujeito a grandes deformações o seu comportamento geométrico linear deixa de ser válido, devido ao aparecimento de uma “membrana “que faz aumentar a rigidez do vidro, levando assim a uma redução na deformação e na tensão de tracção efectiva [44]. 2.7. A Cavidade de Ar dos Vidros Duplos A pressão do ar na cavidade pode ser calculada através da equação dos gases perfeitos [44]. (2.17) ( ) . A lei de Boyle [48] é um caso especial da equação dos gases perfeitos, onde se assume que a temperatura permanece constante o que permite dizer que nesta situação apenas o volume e a pressão variam. A equação de Boyle vem expressa então da seguinte forma [48]: (2.18) Pelo que para a pressão final do ar contido na cavidade vem: (2.19) 5 Com Pi,ar = Pressão atmosférica = 1 * 10 Pa. 26 3. Estudo das Normas de Apoio ao Dimensionamento 3.1. Aspetos Gerais Sendo o vidro um material frágil a sua rotura acarreta danos importantes para a exploração dos edifícios, bem como para os ocupantes ou transeuntes. No entanto, a rotura de preenchimentos de vidro é normalmente localizada, não comprometendo a totalidade da fachada e o preenchimento de vidro pode ser facilmente substituído, não tendo por estas razões o mesmo grau de exigência de elementos estruturais, em que o colapso de um elemento pode conduzir à ruina de toda a estrutura. O dimensionamento dos vidros é crítico, não existindo ainda um consenso sobre o método a adotar, nem quanto aos coeficientes de segurança a adotar. Várias soluções foram apresentadas por diversos autores e normas, tendo estas, requisitos, critérios, métodos de cálculo e resultados que diferem umas das outras. Nesta dissertação optou-se por estudar três normas de referência na indústria, mas que ao mesmo tempo utilizam métodos diferentes na sua análise, com o intuito de comparar os resultados obtidos. Essas normas são: Norma Francesa, Norma ASTM e Norma Europeia, mais concretamente NF P 78-201-4: 2006 [5], ASTM E1300 [7] – 12, prEN 13474-2 [6], Estes variados métodos de dimensionamento não tem em conta todos os tipos de configurações de vidros, cargas, apoios ou a condição da superfície. Na sua maioria estão limitados a vidro simples, laminado e unidades de isolamento (vidro duplo e vidro triplo). São considerados na sua maioria os vidros rectangulares com dois, três ou quatro lados simplesmente apoiados. Face ao objectivo da dissertação, nas secções 3.1.1 a 3.1.3 referem-se os aspetos mais importantes de cada um desses métodos e qual a solução apresentada em cada norma para uma unidade de isolamento de vidro duplo, de chapas simples, rectangulares, na vertical e sujeitas à acção do vento, aplicada perpendicularmente à unidade e à altura do solo. Não sendo feita referência à categoria do terreno. 3.1.1. Norma Francesa (NF P 78-201-4: 2006) A norma francesa em conformidade com o Eurocódigo1 [37], começa por definir um coeficiente de segurança para a acção do vento de γQ = 1,5. Assim a pressão para efeitos de cálculo deve vir multiplicada por 1,5. Diz-nos de seguida que para vidros verticais a única carga a contabilizar é a pressão devido à acção do vento, devendo ser ignorado a acção do peso-próprio e da neve, por exemplo. Não foi também encontrada qualquer referência à duração da aplicação da carga. O método de avaliação desta norma baseia-se na comparação da espessura resistente equivalente do vidro dimensionado com a espessura necessária para resistir à solicitação, expressão 3.1: (3.1) 27 Onde o eR (mm) é a espessura resistente equivalente, e e1 (mm) é a espessura necessária, e o c é um factor de redução. Para o calculo de e1, quando: 1. Quando L/l é inferior a 2,5 √ (3.2) 2. Quando L/l é superior a 2,5 √ (3.3) Sendo L a dimensão do lado maior do vidro (mm), e l a dimensão do lado menor (mm). S é a área de 2 superfície do vidro (mm ) e P0 é a pressão uniforme aplicada, devido a acção do vento (Pa). Para todos os vidros exteriores com a parte superior a menos de seis metros do solo exterior o factor de redução, c = 0.9, sendo para todos os outros casos c = 1. Para a espessura resistente equivalente, eR, é necessário ter em conta o tipo de vidros utilizados (recozido, temperado, termoendurecido, etc.), assim para cada tipo de vidro existe um factor de equivalência, Ɛ3. Ver tabela 3.1. Tabela 3.1 – Factor de equivalência Ɛ3, para alguns tipos de vidro monolítico (uma só chapa de vidro) (adaptado de [5]). Ɛ3 Tipo de vidro Vidro recozido 1 Vidro termoendurecido 0,8 Vidro temperado 0,61 É também utilizado um factor de equivalência, Ɛ1 pra o tipo de unidade de isolamento utilizada, duplo ou triplo. Vidro duplo, Ɛ1 = 1,60 e vidro triplo, Ɛ1 = 2,00. Por fim a expressão 3.4 para o cálculo da espessura resistente equivalente, eR, em vidros duplos: (3.4) ei (mm) e ej (mm) são as espessuras nominais de cada chapa de vidro. Essas espessuras nominais devem ser escolhidas de acordo com a Norma Europeia, EN 572-2: 2004 [49]. A tabela 3.2 apresenta as espessuras nominais do vidro e tolerâncias de fabrico. Tabela 3.2 – Espessuras nominais do vidro e tolerâncias de fabrico (adaptado de [13]). e enom 3± 0,2 3 4 5 6 8 4± 0,2 5± 0,2 6± 0,2 8± 0,3 10± 0,3 28 1 1 12± 0,3 1 15± 0,5 1 19± 1 25± 1 2 No cálculo da espessura resistente equivalente, eR, para o factor de equivalência Ɛ3, utilizase o maior dos valores correspondente a cada chapa de vidro, isto porque para uma unidade de isolamento onde uma das chapas de vidro seja vidro recozido, resultará numa espessura de resistência inferior, que no caso de termos duas chapas de vidro temperados, ou uma temperada e a outra termoendurecido, com espessuras iguais em todos os casos. Assim se, eR ≥ e1 * c, podemos dizer que o vidro duplo resiste à carga aplicada e que o dimensionamento é portanto válido. Para o cálculo da deformação máxima utiliza-se a seguinte expressão: ( ) (3.5) Com a pressão P0 a ser dividida por 1,5 pois para efeito de deformação (estado limite serviço) considera-se o valor real da acção do vento. Sendo α uma variável em função da relação l/L, e e F a espessura equivalente da unidade, calculada da seguinte forma: (3.6) Sendo que a espessura equivalente da unidade consiste na soma das espessuras nominais de cada chapa de vidro a dividir pelo factor de equivalência, Ɛ1, correspondente à unidade de isolamento utilizada. Para a norma francesa a deformação máxima é um requisito do projecto, sendo que para vidros simplesmente apoiados em 4 lados, a deformada máxima no centro deve ser inferior a 1/60 do lado curto, e <30 mm. Na parte 1 desta norma, NF P 78-201-1-1: 2006 [50] é também referida uma deformação não superior a 1/150 do maior vão, para os suportes de apoio do vidro. A abordagem nesta norma é feita de forma prática, utilizando aproximações de base experimental, não havendo assim distinção entre pequenas ou grandes deformações (analise linear e não linear), nem existindo referências à acção do ar na cavidade de ar. O principal objectivo é verificar se o projecto de dimensionamento é válido ou não. O valor da deformação obtido é para a unidade de isolamento como conjunto, não tendo sido encontrado o valor da diferença de pressão aplicada a cada chapa de vidro, nem qualquer valor para as tensões geradas nas mesmas. 3.1.2. Norma ASTM (ASTM E1300 – 12) Esta norma oferece um procedimento para determinar a carga de resistência (LR) em unidades de isolamento na vertical com qualquer combinação de tipos de vidro, exposta a uma pressão uniforme (perpendicular ao plano do vidro) de curta ou longa duração, para uma probabilidade específica de rotura de 8/1000. Para unidades de isolamento de vidro duplo, esta 29 norma apenas se aplica a quatro lados simplesmente apoiados, e que os suportes laterais têm de ser suficientemente rígidos para não deformarem mais do que 1/175 do maior vão. A tabela 3.3 ilustra a espessura nominal e mínima para chapas de vidro segundo a norma ASTM. . Tabela 3.3 – Espessura nominal e mínima para chapas de vidro [7]. Primeiro deve-se escolher as espessuras nominais para cada uma das chapas de vidro a utilizar na unidade. Em seguida deve-se calcular para cada uma das chapas de vidro a sua carga resistente (LR1 e LR2) pelas seguintes expressões (3.7) (3.8) A carga resistente, LR (Pa) da nossa unidade será portanto a menor dos valores LR1 e LR2, sendo que qualquer deles pode representar o vidro interior ou exterior, não sendo feita distinção. Para obter os fatores do tipo de vidro (GTF) recorre-se à tabela 3.4. Tabela 3.4 – Factores do tipo de vidro para unidades de isolamento duplas, cargas de curta duração (adaptado de [7]). Nesta tabela 3.4 deve-se escolher o tipo de vidro para cada uma das chapas da unidade de vidro duplo. Este valor é representativo da probabilidade de essa chapa fracturar, numa vidro duplo, sendo que quanto menor o valor mais provável é a ocorrência da fractura. Este factor serve essencialmente para realçar a resistência superior de um vidro temperado ou termoendurecido, aumentando-lhe assim a sua capacidade de resistência, em comparação com o vidro recozido. Os valores apresentados na tabela são para acções com durações de três segundos. 30 O factor LS, repartição de carga, diz respeito à forma como é partilhada a pressão aplicada para cada chapa de vidro da unidade de isolamento de vidro duplo. (3.9) Onde: Da mesma forma o factor LS2 é: (3.10) Por fim para o cálculo do factor NFL (kPa), carga não consignada, que tem a função de introduzir a influência das dimensões das chapas de vidro quando sujeitas a uma pressão de curta duração (3s). Este factor é retirado de um gráfico. Para cada espessura nominal é facultado um gráfico semelhante ao apresentado na figura 3.1 a). Figura 3.1 – a) Gráfico de NFL, para vidro de 2,5 mm, duração de carga 3 s; b) Exemplo de cálculo de NFL. (adaptado de [7]). Neste gráfico deve traçar-se uma recta horizontal correspondente à dimensão mais curta do vidro, e uma recta vertical correspondente à mais longa do vidro. Em seguida traça-se uma recta a passar na origem e no ponto onde as rectas desenhadas anteriormente se interceptarem. Esta nova recta é a recta da relação de aspecto, AR. Por fim tira-se os dois pontos onde a recta de AR interceptar as curvas de carga, que são as que estão entre o ponto de intercepção, referente à recta vertical e horizontal desenhada inicialmente. Com esses dois pontos interpola-se para tirar o valor de NFL, para as dimensões da chapa de vidro (ver figura 3.1 b)). A norma refere ainda que para o valor de LR (o menor entre LR1 e LR2) encontrado deve ser feita uma correcção, para o tempo de carga a que o vidro é sujeito, visto que todas as contas foram 31 feitas para uma duração de carga de 3 seg. Essa correcção é feita multiplicando o valor de LR pelo retirado da tabela 3.5. Tabela 3.5 – Factores de correcção para duração de tempo de carga (adaptado de [7]). Para calcular a deformação máxima uma solução gráfica é proposta. Este método para calcular a deformação é pouco preciso por as escalas disponíveis serem pouco detalhadas, sendo por isso sugerido um método alternativo de cálculo para essa deformação. Baseado nas equações polinomiais de Dalgliesh [51] com uma curva de ajuste de Beason and Morgan [52]. ) (3.11) ( ) (3.12) ( ) (3.13) ( ) { (3.14) [ ]} (3.15) Esta equação polinomial calcula a deformação máxima no centro da chapa de vidro, em condições não lineares. Por fim pode dizer-se que esta norma baseia-se numa aproximação que tem como objectivo comprar a carga aplicada com a carga de resistência (LR) para a unidade de isolamento dimensionada, ao invés de comparar tensões efectivas com tensões admissíveis. Com 32 este método pode-se saber até que valor de carga a unidade isolamento que se dimensionou vai resistir. É referido que a norma não trata situações de não-linearidade, e que os resultados obtidos são apenas para um comportamento linear (pequenas deformações) e não é tida em conta a largura da cavidade de ar. Através do factor LS, partilha de carga, pode-se também saber qual a diferença de pressão correspondente a cada chapa de vidro, e a deformação máxima para cada chapa de vidro da unidade de isolamento. 3.1.3. Norma Europeia (prEN 13474-2: 2000) A norma europeia de apoio ao dimensionamento, baseia-se na comparação de uma tensão efectiva, σeff, com uma tensão admissível para o dimensionamento, ƒg,d : (3.16) Se esta condição se verificar o projecto é válido. Sendo a tensão efectiva obtida pelas tensões principais máximas no plano do vidro. Não é feita qualquer restrição à deformação máxima, deixando ao critério do projectista. Apenas é referido que os elementos de suporte devem ser suficientemente rígidos para não deformarem mais que 1/200 do comprimento do maior vão. Para o cálculo de ƒ g,d, tensão admissível para o dimensionamento, a norma prEN 13474-1: 1999[19] fornece a seguinte expressão: ( ) (3.17) ƒ k é o valor característico de tensão de rotura do vidro e que para o vidro recozido atinge o valor de 45 MPa, termoendurecido 70MPa, e temperado 120MPa. ƒ k v v z v 45 MPa. ϒv é o coeficiente parcial segurança que tem em conta a tensão residual de compressão devido à têmpera (=2.3 para SLSG) ϒM é o coeficiente parcial segurança que tem em conta a resistência do vidro (= 1.8 para SLSG). ϒn é o coeficiente parcial de segurança para cada país (=1 maioria dos países) ΚA segurança que tem em conta a área de vidro em causa (= A0.04) Κ segurança que tem em conta a duração do carregamento, a combinação de cargas e as condições ambientais. (para curta duração (vento) = 0,72, media duração (neve) = 0,36, permanentes (peso-próprio) = 0,27). (Valores retirados da prEN 13474-3 : 2009[53] e Haldimann et al.[4].) 33 É importante referir o detalhe utilizado no cálculo da tensão admissível. É tido em conta as dimensões do vidro, a duração do carregamento, coeficientes de segurança individuais e tensões de rotura. Para o cálculo da tensão efectiva e da deformação em vidros rectangulares, apoiadas em quatro lados, a norma começa por dizer que é possível o seu cálculo de acordo com a teoria linear para placas, mas no caso de ser necessário uma análise não linear, essa solução também é possível. Nesta análise deve-se começar por calcular a carga de dimensionamento, F d (Pa), cuja formulação e os factores envolvidos são retirados do Eurocódigo: Bases para o projecto de estruturas [54]. (3.18) v Gkj é o valor das cargas permanentes (ex. peso-próprio). Qk1 é o valor da acção variável dominante (ex. vento). γGj é o coeficiente parcial para as acções permanentes. γQ é o coeficiente parcial para a acção variável (= 1,5 para o vento). (3.19) Pelo facto de o peso próprio não ser contabilizado na análise de dimensionamento para vidros verticais, a carga de dimensionamento, Fd, resulta em multiplicar o valor da acção do vento por um coeficiente de 1,5 para o cálculo das tensões (estado limite ultimo) e sendo igual à acção do vento no cálculo das deformações (estado limite de serviço). No caso de unidades de isolamento é preciso ter em conta a interacção entre a cavidade de ar e as chapas de vidros, quando a acção do vento actua na chapa de vidro exterior. Para isso são usadas as equações seguintes: v (3.20) v (3.21) Sendo δ1 e δ2 a rigidez de cada uma das chapas de vidro, calculada por: (3.22) (3.23) Onde h1(mm) é a espessura da chapa de vidro exterior, e h2(mm) a espessura da chapa de vidro interior. O factor da unidade de isolamento, Ø, é calculado por: 34 (3.24) Onde l, é a dimensão mais curta do vidro (L é a maior dimensão), e a* (mm) o comprimento característico da unidade calculado por: ( ) (3.25) Sendo s (mm), a separação das chapas de vidro (dimensão da cavidade de ar). O coeficiente adimensional, k5, é obtido a partir de tabelas que dependem da razão de aspecto λ, com λ= l/L, e da força normalizada p*, que no caso de uma analise linear toma valor zero, mas que no caso de uma análise não linear (grandes deslocamentos) é calculada pela seguinte expressão: (3.26) Outros coeficientes adimensionais, k2, k4, são também obtidos a partir de tabelas com a mesma dependência de λ e p*, e que serão necessários para o calcula da tensão efectiva e da deformação máxima. No caso de um comportamento não linear, p* deve ser calculada individualmente para cada chapa de vidro, pois cada uma delas terá coeficientes adimensionais, k2,k4,k5, específicos. Nesse caso h corresponderá à espessura da chapa de vidro em questão (h1 e h2), da mesma maneira que Fd (Fd 1 e Fd2). Resta agora o cálculo da tensão efectiva para cada uma das chapas de vidro pela seguinte expressão: (3.27) E por último a deformação máxima para cada uma das chapas de vidro pela seguinte expressão: (3.28) Este método é baseado na teoria das placas finas, com apoios contínuos simplesmente apoiados. Dele é possível concluir quanto à validade do dimensionamento, por uma comparação de tensões efectivas (calculadas de forma individual para cada uma das chapas de vidro), com uma tensão admissível. É também possível conhecer de forma precisa a pressão aplicada a cada uma das chapas, e desta forma obter a diferença de pressão do ar na cavidade de ar. Da mesma forma é possível obter a deformação máxima para cada uma das chapas de vidro. Em caso de grandes deformações (valor da deformação é maior que a espessura do vidro), utilizar uma análise não-linear para obter novos valores de maior exactidão, para as variáveis já acima referidas. 35 3.2. Aplicação e Comparação dos Resultados Fornecidos pelas Normas em Diferentes Vidros Duplos Para comparar as normas em estudo no que diz respeito à deformação máxima, repartição da diferença de pressão aplicada e fator de segurança da unidade, efectuou-se um estudo comparativo de vários vidros duplos. Este estudo também permite comparar a influência da combinação de diferentes espessuras entre chapas de vidro na mesma unidade e como isto afecta a unidade de vidro duplo. Numa primeira análise vai escolher-se vidros duplos onde se varia a espessura da chapa de vidro interior, de seguida vai-se variar a espessura da chapa de vidro exterior e por último varia-se a largura da cavidade de ar e as dimensões das chapas de vidro. O fator de segurança é calculado tendo em conta os critérios de validação das normas em estudo, e que resulta nas seguintes equações: (3.29) (3.30) (3.31) Se o valor de FS for inferior a 1, significa que a unidade de vidro duplo não suporta a diferença de pressão aplicada segundo a norma em questão. Nos vidros duplos a estudar nas secções 3.2.1 a 3.2.3, todas chapas são de vidro recozido e possuem as dimensões de 2,5mx1,5m. O tempo de aplicação de carga é de 10 min porque é numa duração de carga de 10 min que o projecto de Norma Europeu e a Norma ASTM tem o mesmo valor para o factor de duração de carga de 0,72. A diferença de pressão aplicada a todos os vidros duplos foi de 1300Pa que corresponde a uma velocidade média do vento de aproximadamente 46,1 m/s, sendo a velocidade média do vento em Portugal de 27 m/s e 30 m/s, dependendo da zona do país. 3.2.1. Influência da Espessura da Chapa de Vidro Interior Nesta secção vão averiguar-se os valores fornecidos pelas normas para os seguintes vidros: 6-12-4, 6-12-6 e 6-12-8. Optou-se pelos vidros duplos enunciados pois o 6-12-4 é o mais utilizado na indústria, sendo este tomado como referencia. Os restantes servem para observar o efeito do aumento progressivo da espessura da chapa de vidro interior. Os resultados fornecidos pelas normas em estudo são apresentados na tabela 3.6. 36 Tabela 3.6 – Resultados fornecidos pelas normas em estudo para os diferentes vidros duplo onde é variada a espessura da chapa de vidro interior. Vidro Duplo 6-12-4 6-12-6 6-12-8 ∆Pressão Aplicada (Pa) 1300 1300 1300 NF FS 0,902 (R) 1,083 1,264 YQ = 1,5 w (mm) 28,371 17,014 11,238 FS 0,898 (R ext) 1,370 0,973 (R int) ASTM w (mm) 17,826 13,773 10,479 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 989,171 650,000 384,983 YQ = 1 ∆Pint (Pa) 310,829 650,000 915,017 EN YQ = 1,5 FS 0,772 (R ext) 1,059 0,996 (R int) w (mm) 15,504 12,168 9,865 ∆Pext (Pa) 1505,916 981,561 589,194 YQ = 1,5 ∆Pint (Pa) 443,752 968,451 1361,758 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 1003,944 654,374 392,796 YQ = 1 ∆Pint (Pa) 295,835 645,634 907,839 YQ = coeficiente de segurança da acção do vento. R int – Rotura na chapa de vidro interior; R ext – Rotura na chapa do vidro exterior; R – Rotura. Pela tabela 3.6 pode-se concluir que para as deformações máximas a Norma Francesa é a que proporciona valores mais elevados, devido à sua análise linear. Para a Norma Europeia e ASTM os valores da deformação máxima são semelhantes (ligeiramente superiores para a Norma ASTM), obtidos por uma análise não linear em ambos os casos. Pelo factor de segurança percebe-se que a Norma Europeia e a Norma ASTM entram em rotura a uma diferença de pressão mais baixa que a Norma Francesa quando as espessuras das chapas de vidro são diferentes. Esse fator pensa deverse às duas primeiras normas serem mais precisas no cálculo da repartição da diferença de pressão aplicada a cada chapa de vidro. Para a mesma espessura de chapas de vidro (6-12-6) pela melhor repartição (praticamente 50/50) da diferença de pressão aplicada, todas as normas suportam a diferença de pressão aplicada (o que não acontecia nos outros vidros pela Norma Europeia e ASTM). Logicamente também porque a espessura da chapa de vidro interior é mais elevada (em comparação com o vidro 6-12-4), mas principalmente pela melhor repartição de pressão. Esse fator é visível pela observação dos resultados para o vidro 6-12-8, onde se aumenta a espessura da chapa de vidro interior, mas pela Norma ASTM e Norma Europeia, este não suporta a diferença de pressão aplicada, que era a mesma que no vidro 6-12-6. Isto acontece porque na repartição da diferença de pressão aplicada, uma das chapas de vidro está com bastante mais carga que a outra, fator esse também observável no vidro 6-12-4. A Norma Francesa por contrário aumenta o factor de segurança, situação que demonstra a aproximação pouco precisa na consideração da repartição da diferença de pressão aplicada pelas chapas de vidro. Fica claro que pelas Norma ASTM e Norma Europeia aumentar a espessura da chapa de vidro interior não é benéfico em termos de resistência mecânica em comparação com a utilização de um vidro com ambas as chapas da mesma espessura, sendo apenas melhor pela redução da 37 deformação máxima. Vai-se em seguida averiguar a influência do aumento da espessura da chapa exterior. 3.2.2. Influência da Espessura da Chapa de Vidro Exterior Nesta secção vão averiguar-se os valores fornecidos pelas normas para os seguintes vidros: 4-12-6, 6-12-6 e 8-12-6 com as dimensões e diferença de pressão aplicada referida no início do capítulo 3.2. Escolheram-se os vidros duplos enunciados para ser possível a comparação com os valores obtidos na tabela 3.6, onde as espessuras das chapas de vidro escolhidas são as contrárias dos vidros duplos agora referidos. É efectuado um aumento progressivo da espessura da chapa do vidro exterior. Os resultados fornecidos pelas normas em estudo são apresentados na tabela 3.7. . Tabela 3.7 - Resultados fornecidos pelas normas em estudo para os diferentes vidros duplo onde é variada a espessura da chapa de vidro exterior. Vidro Duplo 4-12-6 6-12-6 8-12-6 ∆Pressão Aplicada (Pa) 1300 1300 1300 NF FS 0,902 (R) 1,083 1,264 YQ = 1,5 w (mm) 28,371 17,014 11,238 FS 0,898 (R int) 1,370 0,973 (R ext) w (mm) 17,826 13,773 10,479 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 310,829 650,000 915,017 YQ = 1 ∆Pint (Pa) 989,171 650,000 384,983 FS 0,775 (R int) 1,059 0,990 (R ext) ASTM EN w (mm) 15,453 12,168 9,938 YQ = 1,5 ∆Pext (Pa) 452,361 981,561 1375,518 YQ = 1,5 ∆Pint (Pa) 1498,792 968,451 574,117 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 301,574 654,374 917,012 ∆Pint (Pa) 999,194 645,634 382,744 YQ = coeficiente de segurança da acção do vento. R int – Rotura na chapa de vidro interior; R ext – Rotura na chapa do vidro exterior; R – Rotura. YQ = 1 Pela tabela 3.7 pode-se concluir que os valores obtidos pelas normas em estudo são em tudo semelhantes aos obtidos na tabela 3.6. Isto significa que a resistência mecânica dos vidros não sofre alterações significativas em função da colocação da chapa de maior espessura no exterior ou no interior. O que essa situação altera é aquando da espessura maior ser na chapa interior a rotura acontece nessa mesma chapa, e quando a espessura maior é na chapa exterior a rotura acontece na chapa exterior. A única diferença detetada para os valores obtidos na tabela 3.6 é na repartição da diferença de pressão pela Norma Europeia. Observando-se o vidro duplo 4-12-6 a repartição da diferença de pressão é feita em 301Pa e 999 Pa, (com YQ = 1), e para o vidro duplo 6-12-4 (apresentado na tabela 3.6) a repartição é feita em 1004 Pa e 296 Pa. Desta forma uma maior espessura na chapa de vidro interior é ligeiramente benéfico para uma melhor repartição da diferença de pressão aplicada pelas chapas de vidro (segundo a Norma Europeia). Isto também é visível pelo 38 fator de segurança no vidro duplo 6-12-8 (ver tabela 3.6) que é de 0,996 para uma diferença de pressão aplicada de 1300Pa, em comparação com o vidro duplo 8-12-6 (ver tabela 3.7), que contem um factor de segurança de 0,990 para a mesma diferença de pressão, segundo a Norma Europeia. 3.2.3. Influência da Dimensão da Cavidade de Ar Nesta secção vão averiguar-se os valores fornecidos pelas normas para os seguintes vidros: 8-10-6, 8-12-6 e 8-14-6, com as dimensões e diferença de pressão aplicada referida no início do capítulo 3.2. Foram adoptados os vidros duplos enunciados pois permitem observar a influência da dimensão da cavidade de ar. Os resultados fornecidos pelas normas em estudo são apresentados na tabela 3.8. Tabela 3.8 - Resultados fornecidos pelas normas em estudo para os diferentes vidros duplo onde é variada a dimensão da cavidade de ar. Vidro Duplo 8-10-6 8-12-6 8-14-6 ∆Pressão Aplicada (Pa) 1300 1300 1300 NF FS 1,264 1,264 1,264 YQ = 1,5 w (mm) 11,238 11,238 11,238 FS 0,973 (R ext) 0,973 (R ext) 0,973 (R ext) ASTM w (mm) 10,479 10,479 10,479 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 915,017 915,017 915,017 YQ = 1 ∆Pint (Pa) 384,983 384,983 384,983 FS 0,990 (R ext) 0,990 (R ext) 0,990(R ext) EN w (mm) 9,935 9,938 9,942 YQ = 1,5 ∆Pext (Pa) 1374,840 1375,518 1376,194 YQ = 1,5 ∆Pint (Pa) 574,853 574,117 573,382 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 916,560 917,012 917,463 YQ = 1 ∆Pint (Pa) 383,235 382,744 382,255 YQ = coeficiente de segurança da acção do vento; R ext – Rotura na chapa do vidro exterior. Ao observar a tabela 3.8 pode dizer-se que pela Norma ASTM e Norma Francesa a cavidade não tem qualquer influência nos resultados obtidos. Na norma Europeia existe uma variação na repartição da diferença de pressão aplicada, sendo esta demasiado pequena para ser relevante, mas que se deve ao factor da unidade de isolamento de Ø (a quantificação da sua influência na repartição da diferença de pressão é exemplificada em maior detalhe na secção 5.2.1) e que se pensa estar relacionada com a quantidade de volume de ar a comprimir na cavidade, que no caso de uma maior dimensão da cavidade de ar resulta numa menor eficiência da chapa de vidro exterior a comprimir esse volume de ar. 3.2.4. Influencia das Dimensões da Unidade de Vidro Duplo Nesta secção vão averiguar-se os valores fornecidos pelas normas para o vidro duplo 1212-10 com as seguintes dimensões: 2.5mx1.5m, 4mx3m e 5mx3m, e o vidro duplo 12-12-12 com as dimensões de 5mx3m e 2,5mx1,5m. A diferença de pressão aplicada é de 1300Pa e o tempo de aplicação 10 min. Os resultados fornecidos pelas normas em estudo são apresentados na tabela 3.9. 39 Tabela 3.9 - Resultados fornecidos pelas normas em estudo para o vidro duplo onde é variada as dimensões da unidade de vidro duplo. Dimensões (m) 2,5 x 1,5 4x3 5x3 5x3 2,5 x 1,5 Vidro Duplo 12-12-10 12-12-10 12-12-10 12-12-12 12-12-12 ∆Pressão Aplicada (Pa) 1300 1300 1300 1300 1300 NF FS 1,985 1,110 0,993 (R) 1,083 2,165 YQ = 1,5 w (mm) 3,946 41,585 41,920 32,614 3,364 FS 2,280 0,9801 (R ext) 0,820 (R ext) 1,121 3,290 ASTM w (mm) 3,324 26,652 33,840 27,545 2,143 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 906,306 906,306 906,306 650,000 650,000 YQ = 1 ∆Pint (Pa) 393,694 393,694 393,694 650,000 650,000 FS 1,829 0,984 (R ext) 0,838 (R ext) 1,005 2,376 EN w (mm) 3,399 22,068 28,124 24,262 2,742 YQ = 1,5 ∆Pext (Pa) 1252,583 1237,593 1237,108 978,291 1007,074 YQ = 1,5 ∆Pint (Pa) 697,410 712,207 712,730 971,713 942,926 652,194 671,383 YQ = 1 ∆Pext (Pa) 835,055 825,062 824,739 647,809 628,617 YQ = 1 ∆Pint (Pa) 464,940 474,805 475,153 YQ = coeficiente de segurança da acção do vento; R ext – Rotura na chapa do vidro exterior; R – Rotura. Observando a tabela 3.9 conclui-se que com o aumentar da dimensão das chapas, os valores fornecidos pelas normas para a diferença de pressão que a unidade pode suportar (comparação dos FS) tornam-se semelhantes. Interessante também de reparar que com o aumentar da dimensão das chapas de vidro as diferenças de pressão para cada chapa de vidro, pela Norma Europeia, tendem a aproximar-se. Isto pode dever-se à maior capacidade que a chapa de vidro exterior tem em comprimir o ar da cavidade, pois com o aumentar das dimensões do vidro, os constrangimentos nos bordos tem uma menor influência no comportamento das chapas de vidro. Esta tendência para o equilíbrio na repartição da diferença da pressão aplicada para chapas de maiores dimensões, pode ser facilmente observado quando se consideram chapas de vidro de igual espessura (ver vidro duplo 12-12-12 com dimensão 5x3m e 2,5x1,5m para a norma europeia com YQ = 1) onde a repartição é feita de forma muito mais equilibrada. Resumindo a Norma ASTM e a Norma Europeia fornecem valores para a deformação muito semelhantes, apesar da Norma ASTM fornece valores ligeiramente superiores na maioria dos casos. A norma Francesa fornece os valores mais elevados para a deformação máxima. Verificou-se que a Norma Europeia é a mais conservadora para chapas de menores espessuras com diferentes espessuras, mas que para maiores espessuras de chapa com diferentes espessuras a Norma ASTM e a Norma Europeia tomam valores muito semelhantes para a diferença de pressão máxima suportada pela unidade de vidro duplo (FS semelhantes). Quando as espessuras da chapa são iguais a norma ASTM é a menos conservadora, mas todas as normas em estudo passam a suportar uma maior diferença de pressão aplicada à unidade, em comparação com vidros duplos com chapas de diferente espessura. Isto deve-se à boa repartição da carga aplicada. A dimensão da cavidade de ar revelou-se pouco relevante à resistência mecânica da unidade de vidro duplo. Com o aumentar das dimensões das chapas a diferença de pressão que a unidade pode suportar torna-se semelhante para as normas em estudo (comparação de FS) e melhor repartida segundo a norma Europeia. 40 4. Equipamento, Procedimento Experimental e Plano de Ensaios 4.1. Introdução A componente experimental deste trabalho realizou-se no LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), no Núcleo de Acústica, Iluminação, Componentes e Instalações. Neste capítulo faz-se uma descrição da unidade de isolamento a utilizar (folha de vidro duplo), a descrição dos equipamentos utilizados, os procedimentos experimentais utilizados durante a realização dos ensaios, e o plano de ensaios realizado. Nesta componente experimental vão ser realizados ensaios onde se sujeita uma unidade de vidro duplo a diferentes valores de diferença de pressão aplicada, para se obter valores para a deformação máxima de forma a se poder averiguar as diferenças para os resultados fornecidos pelas normas e pelas análises teóricas realizadas. 4.2. Unidade de Isolamento Utilizada A unidade de isolamento utilizada nos ensaios é uma folha de vidro duplo, constituída por duas chapas de vidro recozido, ambas de 4 mm com uma cavidade de ar de 8mm a separá-las, ver figura 4.1. Sendo portanto a sua representação 4-8-4. Entre os vidros encontra-se um intercalar que garante o afastamento dos vidros, e para as duas linhas de vedação foi utilizado silicone. Por fim uma borracha em forma de U (EPDM) é utilizada para revestir os bordos do vidro, onde é colocado em seguida o perfil de alumínio, por aperto ao longo dos bordos do vidro. A borracha impede que o perfil de alumínio e o vidro entrem em contacto, e retira as folgas para uma maior rigidez e compacidade da estrutura. Quanto as dimensões da unidade de isolamento, para a área de vidro exposto foi medido: 1820 mm em altura e 745 mm em largura. Figura 4.1 – Representação da unidade de vidro duplo. 41 Na lateral direita da unidade de isolamento, foi efectuado um furo de forma a perfurar a borracha, o vedante e o intercalar, com o objectivo de colocar uma tomada de pressão no interior da cavidade de ar, para ser possível medir a diferença de pressão existente na cavidade de ar ao longo do ensaio. Esse furo, após a colocação do tubo, foi vedado de forma a manter a estanqueidade da cavidade de ar, impedindo fugas de ar, ver figura 4.2. Figura 4.2 – Tubo de borracha no interior da cavidade de ar. 4.3. Equipamentos Utilizados Para a realização dos ensaios utilizou-se os seguintes equipamentos: Câmara de pressão. Zona onde a nossa unidade de vidro duplo será encostada e devidamente fixada por parafusos de aperto, de forma a impedir fugas de ar para o exterior. A câmara pode ser utilizada para ensaiar, unidades de vidro, portas ou janelas, tanto em pressão como em depressão. A câmara contém um sensor para medir o valor da diferença de pressão existente na câmara, e o caudal de ar introduzida na mesma é feita através de ar comprimido. Computador com programa para introdução e registo de dados experimentais. O computador utilizado dispõe de um programa onde é feito a introdução dos dados experimentais, tais como a diferença de pressão a aplicar e o seu tempo de aplicação. Este mesmo programa regista para qualquer instante os valores fornecidos pelo aparelho de controlo (figura 4.3a)). 42 Aparelho de controlo. Este aparelho tem a importante função de controlar os valores introduzidos pelo utilizador, no programa para introdução e registo de dados experimentais. Este controlo é feito com a utilização de um sensor colocado no interior da câmara de pressão, que mede o valor da diferença de pressão na câmara e dessa forma requer um aumento ou diminuição do caudal de ar a ser introduzido ou retirado da câmara de pressão. Ao mesmo tempo este aparelho dispõe também de três comparadores, e dessa forma faz a leitura a todo o instante dos seus valores. Esses valores podem ser registados pelo utilizador através do programa existente no computador (figura 4.3-b)). Figura 4.3 – a) Computador com programa para introdução e registo de dados experimentais. b) Aparelho de controlo. Comparadores ligados ao aparelho de controlo. Estes comparadores estão ligados ao aparelho de controlo e são colocados no vidro interior da nossa unidade de isolamento. Com uma resolução de 0,01 mm e uma gama de 0,01 a 50mm, tem como objectivo medira a deformação do vidro interior em determinados pontos relevantes ao estudo (figura 4.4 – a)). Comparadores analógicos Utilizados para ler a deformação do vidro interior e exterior em determinados pontos relevantes ao ensaio. Com uma resolução de 0,01 mm e uma gama de 0,01 a 50mm (figura 4.4 – b)). 43 Figura 4.4 - a) Comparadores do aparelho de controlo. b) Comparador analógico. Micromanómetro Digital Foi necessária a utilização de um micromanómetro digital, de forma a registar a leitura da diferença de pressão existente na cavidade de ar da unidade de isolamento de vidro duplo utilizada. O tubo de borracha colocado no interior da cavidade de ar é então ligado ao micromanómetro digital com resolução de 1 Pa e com uma exactidão melhor do que ± 1% da leitura efectuada, ver figura 4.5. Figura 4.5 – Micromanómetro Digital utilizado (AIRFLOW PVM100). Chave Dinamométrica Para controlar o binário de aperto dos parafusos de fixação pontual utilizados nos ensaios utilizou-se uma chave dinamométrica, com um binário de aperto mínimo controlado de 6N.m. Ver figura 4.6. Figura 4.6 – Chave Dinamométrica (adaptado de [55]). 44 Utilizou-se também 12 parafusos de aperto, fita métrica, chave de parafusos, chave de fendas, fitacola entre outros. Todos os equipamentos de medição encontram-se devidamente calibrados no momento da sua utilização e dentro do período de validade dos mesmos. Para a câmara de pressão as curvas de calibração da mesma são relevantes de forma a corrigir os valores da diferença de pressão pedidos pelo utilizador para os reais valores existentes na câmara, sendo que as rectas de ajuste são: Para pressões de -3000 Pa a 0 Pa (4.1) Para pressões de 0 Pa a 3000 Pa (4.2) Sendo x a diferença de pressão requerida pelo utilizador e y a pressão corrigida existente na câmara. 4.4. Montagem Experimental Na figura 4.7, c1 a c3 são os comparadores ligados ao aparelho de controlo e de c4 a c8 são os comparadores analógicos. É importante salientar que a designação de chapa de vidro exterior (representado na fig.4.9, pág. 47) advém de este ser o vidro que na utilização real de uma janela está virado para o exterior, sendo então a chapa de vidro sujeita à acção do vento, e no nosso ensaio experimental o vidro sujeito directamente a diferença de pressão existente na câmara de pressão. O vidro interior representa assim o vidro que o utilizador pode tocar quando está no interior de casa. Figura 4.7 – Esquema representativo da montagem experimental. 45 A Figura 4.8 apresenta a montagem experimental realizada para os ensaios. Figura 4.8 – a) Montagem experimental; b) comparador c1; c) comparadores c3 e c8; d) comparador c2. 4.5. Procedimento Experimental O protocolo utilizado na montagem e realização dos ensaios experimentais foi o seguinte: 1. 2. Encosto da unidade de vidro duplo na câmara de pressão. Colocação de um comparador analógico no centro do vidro exterior (c8), ficando este portanto dentro da câmara de pressão. 3. Redimensionamento da câmara de pressão para as dimensões da nossa unidade de vidro. 4. Colocação dos apertos pontuais, distribuídos de forma equidistante. Sendo que nos bordos verticais colocam-se cinco parafusos de aperto (em cada bordo), e nos bordos horizontais coloca-se um parafuso de aperto (em cada bordo). 46 5. Procede-se ao aperto dos parafusos, com recurso à utilização de uma chave dinamométrica, para garantir o mesmo binário de aperto em cada parafuso (6 Nm). Utiliza-se tábuas de madeira para uma melhor distribuição da pressão causada pelos parafusos de aperto, e impedir o contacto directo entre os parafusos de aço e o perfil de alumínio. 6. Colocação dos comparadores do aparelho de controlo (c1 a c3), ao longo do eixo de simetria vertical do vidro interior. No ponto mais elevado, no centro e no ponto mais baixo do vidro (ver figura 4.9). 7. Colocação do comparador, c7, no eixo de simetria vertical do vidro interior, no ponto médio entre o centro do vidro e o ponto mais baixo do vidro (ver figura 4.9). 8. Colocação dos comparadores analógicos no vidro interior. No eixo de simetria horizontal, extremidades (c4,c5) e no ponto médio entre a extremidade e o centro do vidro (c6) (ver figura 4.9). Figura 4.9 – Esquema representativo da montagem experimental. Vista lateral. 9. Tubo colocado no interior da cavidade de ar, ligado ao micromanómetro digital. 10. Diferença de pressão aplicada em degraus de 250 Pa [0, 250, 500, 750]. 11. Para os comparadores c1 a c3, regista-se 5 leituras de cada comparador, utilizando o programa de computador, em cada degrau de pressão. 12. Para os comparadores analógicos, lê-se e regista-se os novos valores indicados, para cada degrau de pressão. 13. As leituras dos comparadores devem ser realizadas num intervalo de tempo de 10s+50 s, sendo que os primeiros 10s são para estabilização da pressão e registo dos comparadores c1 a c3, e os outros 50s para os restantes comparadores. 47 14. Efectua-se a média de 10 leituras no micromanómetro em cada degrau de pressão, e regista-se o valor obtido. 15. Efectua-se o reaperto dos parafusos de forma a garantir o mesmo binário de aperto para o próximo ensaio. Importante referir que os valores enunciados no ponto 10 e no ponto 13 podem sofrer alterações de acordo com o plano de ensaios descrito mais abaixo neste capítulo. 4.6. Aproximações e tratamento de dados Para os comparadores c1,c2 e c3, regista-se cinco leituras para cada um dos comparadores, esse procedimento é feito de forma a conseguir-se obter a leitura mais aproximada possível do valor de pressão pretendido, já corrigida pela recta de ajuste de calibração. Quanto aos valores lidos nos comparadores analógicos (c4 a c8), não é possível saber os valores exactos da diferença de pressão na câmara no momento da sua leitura, e por isso assumimos que esse valor de diferença de pressão é igual ao valor introduzido. A utilidade do comparador 3 (centro do vidro interior) é óbvia, sendo aí que acontece a deformação máxima. A necessidade de registar os valores fornecidos por c1 e c2 acontece porque nesses pontos o deslocamento deveria ser zero mas não é. Assim é possível subtrair à deformação absoluta medida em c3 o valor do deslocamento medido em c1 e c2 (média entre os dois), obtendo então uma deformação relativa mais próxima da realidade. De forma idêntica as leituras obtidas nos comparadores c4 e c5 servem o prepósito de serem comparadas com c1 e c2, e adicionados á média para encontrar o valor a retirar a deformação absoluta registada. Para o vidro exterior como não é possível medir com exactidão outros valores para além da deformação no centro (c8), vamos assumir que o deslocamento dos bordos é idêntico ao medido no vidro interior. Quanto aos comparadores c6 e c7, a sua função é fornecer mais pontos relevantes da sua deformação, para controlo do ensaio. 4.7. Plano de Ensaios O plano de ensaios para a folha de vidro duplo em estudo, consiste numa primeira fase em ensaios de “controlo”, onde se varia o tempo de aplicação da carga e o binário de aperto dos parafusos, de forma a observar a sua influência no comportamento da unidade - Ensaios (1), (2), (3). Numa segunda fase é testada a influência dos apoios no comportamento da unidade de vidro duplo, e para isso são realizados ensaios também em depressão, para analisar a diferença entre puxar o vidro para a borracha de vedação da câmara de pressão que confere um apoio bastante mais continuo e uniforme, e empurrar o vidro contra os apoios pontuais fornecidos pelas madeiras e parafusos de aperto - Ensaio (4). 48 Por fim a folha de vidro duplo é levada a diferenças de pressão, bastante mais elevadas que 750Pa de modo a observar o comportamento não linear do vidro e encontrar o valor da diferença de pressão máxima que a unidade de vidro pode suportar - Ensaio (5). Ensaio (1) Controlo - Ensaio com patamares de diferença de pressão positiva de 250Pa até um máximo de 750Pa com uma duração de 10s+50s para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Ensaio (2) Tempo de Carga - Ensaio com patamares de diferença de pressão positiva de 250Pa até um máximo de 750Pa com uma duração de 120s+50s para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Ensaio (3) Binário de Aperto - Ensaio com patamares de diferença de pressão positiva de 250Pa até um máximo de 750Pa com uma duração de 10s+50s para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 8Nm. Ensaio (4) Depressão - Ensaio com patamares de diferença de pressão negativa de -250Pa até um máximo de -750Pa com uma duração de 10+50seg para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Ensaio (5) Pressão Máxima - Ensaio com patamares de diferença de pressão negativa de 500 Pa, desde -1500Pa até um máximo de -4000Pa com uma duração de 10+50seg para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Para os primeiros quatro ensaios optou-se por um máximo de 750Pa, pelo fato de ser um valor de diferença de pressão, que aplicada à unidade de vidro duplo a ensaiar, segundo as normas já se obtinha uma quantidade de deformação relevante, mas que ao mesmo tempo era um valor seguro, de forma a prevenir a possibilidade de rotura do vidro duplo. Para os 4000Pa esse foi o valor máximo de diferença de pressão que foi possível aplicar na câmara de pressão. Para o binário de aperto, foram escolhidos os valores de 6Nm e 8Nm. O valor de 6Nm devese por ser o aperto mínimo controlado permitido pela chave dinamométrica, e o 8Nm foi o aperto que se considerou ser já bastante elevado, e que se fosse maior poderia automaticamente provocar a rotura do vidro. 49 50 5. Resultados e Discussão Nestas secções expõem-se os principais resultados encontrados apenas para a unidade de vidro duplo em estudo, 4-8-4, ambos de vidro recozido com uma dimensão fixa de 1820mm x 745 mm. É feito um primeiro estudo teórico e de simulação ao comportamento de placas sujeitas a diferenças de pressão uniforme e em seguida apresenta-se e discute-se os resultados obtidos experimentalmente. 5.1. Resultados Obtidos com Base na Teoria do Comportamento de Placas Para tornar possível a análise comparativa dos resultados da deformação máxima e diferença de pressão máxima admissível fornecidas pelas normas e resultados obtidos nos ensaios experimentais, foi feita uma primeira análise teórica ao comportamento de uma placa quando sujeita a uma diferença de pressão uniforme quando os seus bordos se encontram todos encastrados ou simplesmente apoiados. Fez-se também uma comparação entre o comportamento de uma placa simplesmente apoiada quando é considerada uma análise linear ou uma análise não linear. Para realizar este estudo é preciso ter conhecimento de qual o valor da diferença de pressão aplicada a cada uma das chapas do vidro duplo. Para se poder obter essas diferenças de pressão correspondentes a cada uma das chapas do vidro duplo, é preciso compreender o comportamento que o ar da cavidade tem quando o vidro duplo se encontra sujeita a uma pressão. Uma pressão uniformemente aplicada no vidro exterior resulta numa deformação desse vidro, essa deformação provoca uma redução do volume da cavidade que por sua vez leva ao aumento da pressão do ar na cavidade. Desta maneira, parte da carga aplicada é transferida pelo ar para o vidro interior. Nesta situação pode-se dizer que o ar funciona como uma “mola”. A este caso acrescenta-se o facto de o vidro interior quando empurrado pela diferença de pressão positiva também ele se deformar, mas no sentido de aumentar o volume da cavidade de ar. Percebe-se então que a diferença de pressão resultante na cavidade de ar é dependente da variação do volume da cavidade de ar. A figura 5.1 ilustra esta situação. 51 Figura 5.1 – Modelo ilustrativo da interacção das chapas de vidro na cavidade de ar, e relação de pressões. Para uma sobrepressão na superfície exterior do vidro duplo, é importante referir que quanto maior a resistência à deformação do vidro exterior, menor será a deformação para a mesma pressão aplicada, e portanto menor a variação de pressão na cavidade. Da mesma forma quanto maior a resistência à deformação do vidro interior maior a variação de pressão na cavidade. Pela equação 2.19 descrita na secção 2.7: (5.1) 5 Com Pi,ar = Pressão atmosférica = 1 * 10 Pa. Assim o único parâmetro que precisamos descobrir na equação de equilíbrio de forma a obter a pressão final na cavidade de ar é a variação que ocorre no volume da cavidade de ar devido a deformação de cada um dos vidros. Essa variação de volume provocada por cada um dos vidros pode ser obtida pelo integral duplo da função de deformação do vidro, quando sujeito a uma pressão uniforme. ∫ ∫ Sendo então as funções de deformação a utilizar as apresentadas na secção 2.6.2.2 e 2.6.2.3 Conclui-se que o volume final do ar na cavidade vem na seguinte forma: 52 (5.2) (5.3) Estas diferenças de pressão aplicadas a cada chapa do vidro duplo estão dependentes da variação de volume que ocorre na cavidade de ar, devido à deformação dos vidros da unidade (ver figura 5.1). Para se calcular o valor da diferença de pressão do ar contido na cavidade é desta forma necessário utilizar um processo iterativo. Neste processo iterativo é arbitrado o valor da diferença de pressão para cada uma das chapas de vidro da unidade de isolamento de vidro duplo, sabendo que a soma das diferenças de pressões aplicadas a cada vidro é igual à diferença de pressão aplicada à unidade (para uma pressão de 750 Pa, arbitra-se inicialmente uma pressão de 749,8 Pa para a chapa de vidro exterior e 0,2 Pa para a chapa de vidro interior). Assim através do integral duplo da função de deformação de uma placa, obtém-se a variação do volume provocada na cavidade de ar por cada chapa de vidro. Desta forma consegue-se obter o volume final da cavidade de ar, que através da lei de Boyle nos permite obter a diferença de pressão final do ar na cavidade de ar. Como a pressão na cavidade de ar é a única pressão aplicada no vidro interior, a diferença de pressão no vidro interior tem o mesmo valor da diferença de pressão do ar na cavidade (ver figura 5.1). Conclui-se então que o processo iterativo termina quando o valor da diferença de pressão para o vidro interior inicialmente arbitrado for igual ao valor encontrado para a diferença de pressão do ar na cavidade. Para cada uma das situações de condição de fronteira em estudo calculou-se então a diferença de pressão que actua em cada chapa de vidro, para uma gama de diferença de pressão aplicada de 0 Pa a 2500 Pa. Esses resultados encontram-se representados na tabela 5.1. Tabela 5.1 – Diferença de pressão existente em cada chapa de vidro, para as duas condições de fronteira e valor da diferença de pressão aplicada no vidro duplo. Bordos Encastrados ∆Paplicada ∆P Vidro (Pa) Exterior (Pa) Bordos Simplesmente Apoiados ∆P Vidro Interior (Pa) ∆Paplicada (Pa) ∆P Vidro Exterior (Pa) ∆P Vidro Interior (Pa) 0 0 0 0 0 0 250 125,6 124,4 250 126,2 123,8 500 251,4 248,6 500 252,6 247,4 750 377 373 750 378,8 371,2 1000 502,6 497,4 1000 505,2 494,8 1250 628,4 621,6 1250 631,4 618,6 1500 754 746 1500 757,6 742,4 1750 879,6 870,4 1750 883,8 866,2 2000 1005,2 994,8 2000 1010,2 989,8 2250 1131 1119 2250 1136,4 1113,6 2500 1256,6 1243,4 2500 1262,6 1237,4 Representados graficamente os valores obtidos para a chapa de vidro exterior (figura 5.2) é possível observar um comportamento linear das diferenças de pressão existentes em cada uma das chapas de vidro, pois as funções de deformação utilizadas são lineares. É interessante que em 53 ambas as condições de apoio, os valores das diferenças de pressão em cada chapa de vidro são semelhantes, apesar das grandes diferenças de deformação dos vidros (ver figura 5.3). Este facto deve-se a ambas as chapas de vidro estarem sujeitas ao mesmo constrangimento, sendo que no caso de bordos simplesmente apoiados a redução do volume da cavidade provocada pela chapa exterior é maior, mas o aumento do volume da cavidade provocado pelo vidro interior também é maior. Assim, apesar da menor deformação da chapa de vidro exterior na situação de bordos encastrados resultar numa menor redução do volume da cavidade de ar, também o aumento do volume provocado pela chapa de vidro interior é menor. Assim a variação de volume final na cavidade de ar acaba por ser semelhante nos dois casos o que leva uma diferença da pressão do ar semelhante, e consequentemente a uma diferença de pressões semelhante para a chapa de vidro exterior e interior. A diferença de pressão em cada chapa de vidro é sensivelmente metade da diferença de pressão aplicada ao vidro duplo, para chapas de vidro exterior e interior com a mesma espessura (4mm). A representação da diferença de pressão para a chapa de vidro interior é em tudo idêntica, apenas apresentando valores ligeiramente inferiores. Diferença de pressão na chapa de vidro exterior (Pa) Diferença de Pressão na Chapa de Vidro Exterior 1400 1262,6 1200 Bordos Encastrados 1000 800 Bordos S.Apoiados 600 400 200 0 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.2 – Diferença de pressão na chapa de vidro exterior, com bordos encastrados e bordos simplesmente apoiados. Utilizando os valores da tabela 5.1 nas equações 2.8 e 2.15 obtêm-se a curva da deformação máxima para cada uma das chapas de vidro da unidade de vidro duplo em função da diferença de pressão aplicada. A deformação máxima ocorre no centro do vidro e esses valores podem ser representados e comparados no gráfico da figura 5.3. Refere-se novamente que estes resultados apenas são válidos para o vidro em estudo 4-8-4 com as dimensões de 1820mmx745mm. Para chapas de vidro de espessuras diferentes a deformação e a diferença de pressão para cada chapa de vidro é diferente, conforme observado na secção 3.2. 54 Deformação máxima na chapa de vidro exterior (mm) Deformação Máxima na Chapa de Vidro Exterior 14 12,04 12 10 8,29 8 Bordos Encastrados Bordos S.Apoiados Linear Bordos S.Apoiados Não Linear 6 4 2,99 2 0 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) . Figura 5.3 – Curvas de deformação máxima na chapa de vidro exterior, em função da diferença de pressão aplicada ao vidro duplo. Na figura 5.3 também é apresentada uma curva da deformação máxima para uma chapa de vidro com bordos simplesmente apoiados, considerando um modelo – não linear. Como aproximação, esta curva foi obtida através de simulação efectuada no Solidworks Simulation Premium, para uma placa de 4 mm de espessura, com todos os bordos simplesmente apoiados, sujeita às diferenças de pressão representadas na tabela 4.1. O Solidworks é um software de CAD 3D, que dispõe do Solidworks Simulation Premium, que permite efectuar análises de elementos finitos para validação de projetos. Através desta análise não linear à placa em estudo, pode-se verificar uma diferença nos resultados face ao modelo linear. Quando uma placa deixa de ter um comportamento linear os valores obtidos são inferiores aos que seriam obtidos numa análise linear. Isto acontece devido ao efeito de “membrana” que aparece aquando a deformação máxima excede a espessura da placa, conferindo essa membrana então uma rigidez adicional à placa. Não considerar este efeito de membrana numa situação de grandes deslocamentos conduz a uma sobrestima do valor da deformação máxima. Também é possível observar que na situação de bordos simplesmente apoiados os valores da deformação máxima do modelo não linear são mais elevados do que na situação do modelo linear com bordos encastrados. A figura 5.4 ilustra a deformação máxima de uma placa de 4mm de espessura, numa análise não linear com bordos simplesmente apoiados. 55 Figura 5.4 – Representação da deformação de uma placa de 4 mm de espessura, numa análise não linear. Bordos simplesmente apoiados, com uma deformação máxima de 8,29mm. Realizaram-se várias simulações para se estimar o valor das tensões efetivas existentes numa placa de 4mm de espessura com 1820mm x 745 mm. Neste caso fez-se uma análise linear para os bordos encastrados, não sendo necessário uma análise não linear, pois o valor da sua deformação não ultrapassa a espessura da placa, e por isso os valores fornecidos pela análise linear são suficientes. Para a placa com bordos simplesmente apoiados foi feita uma análise linear e uma análise não-linear. Os resultados obtidos estão representados na figura 5.5. 30 24,8 25 19,2 20 17,3 15 10 5 Bordos Encastrados Bordos S.Apoiados Linear Bordos S.Apoiados - Não Linear 2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 750 500 250 0 0 Tensão efectiva máxima na chapa de vidro exterior (MPa) Tensão Efetiva Máxima na Chapa de Vidro Exterior Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.5 - Curvas obtidas por simulação para a tensão efectiva máxima na chapa de vidro exterior, em função da diferença de pressão aplicada ao vidro duplo. À semelhança do que aconteceu com a deformação, uma análise não linear para os bordos simplesmente apoiados, resulta numa tensão efectiva máxima inferior em comparação à tensão efectiva máxima de uma análise linear. Este facto deve-se ao alongamento do plano médio que confere uma maior rigidez à placa. Pode-se também observar pela figura 5.6 que a tensão efectiva 56 máxima de von Mises na análise de bordos encastrados (linear) é inferiores à tensão efectiva máxima de von Mises para uma análise de bordos simplesmente apoiados, apesar de no caso da análise não linear para pressões elevada estarem quase no mesmo valor, o que leva a supor que para pressões ainda mais elevadas a tensão efectiva máxima no caso de encastramento poderão ultrapassar a tensão efectiva máxima para bordos simplesmente apoiados. Figura 5.6 – Distribuição de tensões efectivas ao longo de uma placa encastrada (linear) e simplesmente apoiada (não linear) - ∆Pvidro exterior de 125,6 e 126,2 Pa respectivamente. Pela observação da figura 5.6 percebe-se que a tensão efectiva máxima numa situação de bordos encastrados acontece nos bordos, na zona de encastramento devido a impossibilidade de estes rodarem livremente o que resulta numa concentração de tensões nos bordos. No caso de bordos simplesmente apoiados observa-se que a tensão efectiva máxima acontece no centro do vidro, pois é nessa zona que as tensões principais no plano do vidro são maiores. De forma a comparar os valores fornecidos pelas várias análises realizadas considerou-se o valor máximo em estudo para a diferença de pressão aplicada de 2500 Pa, ver tabela 5.2. Tabela 5.2 – Resultados obtidos para as várias análises, a uma diferença de pressão aplicada de 2500Pa. (Pa) (mm) (MPa) Bordos Encastrados Bordos S. Apoiados - Linear Bordos S. Apoiados - Não Linear ∆Pvidro exterior ∆Pvidro interior wvidro exterior wvidro interior σvidro exterior σvidro interior 1256,6 1243,4 2,988 2,957 17,337 16,866 1262,6 1237,4 12,046 11,806 24,775 24,474 1262,6 (Adoptado valor Linear) 1237,4 (Adoptado valor Linear) 8,29 8,176 20,358 19,236 57 Para a realização da análise não linear de bordos simplesmente apoiados considerou-se os valores diferença de pressão para cada chapa de vidro obtidos pela análise linear da teoria das placas finas. Estes valores de diferença de pressão com uma análise não linear são ligeiramente diferentes (aspecto comprovado pela Norma Europeia) mas como não se dispõem de ferramentas teóricas para o seu cálculo, adoptou-se esta aproximação. 5.2. Resultados Fornecidos Pelas Normas em Estudo O vidro analisado na seção anterior será agora analisado com base nos métodos definidos nas normas, de forma a permitir uma comparação dos diferentes métodos e uma comparação com os resultados obtidos com a teoria das placas finas. 5.2.1. Diferença de Pressão nos Vidros – Normas em Estudo Seguindo-se a mesma linha de raciocínio efetuada para os resultados teóricos do comportamento de placas, começa-se por averiguar a forma como é feita a repartição da diferença de pressão aplicada no vidro duplo, para cada chapa de vidro. A Norma Francesa [5], apesar de considerar a repartição da diferença de pressão aplicada, através da inclusão do factor de equivalência Ɛ1, não oferece um resultado para esta repartição da pressão, pois o seu estudo é efetuado para a unidade como um todo, não sendo por isso representada na figura 5.7. Para a Norma Europeia [6], essa repartição da pressão é definida, sendo o valor da diferença de pressão aplicada afectada por um coeficiente de segurança relativo `a acção do vento γQ = 1,5. Para a Norma ASTM [7], a diferença de pressão para cada chapa de vidro também é realizada, não sendo no entanto referido nenhum coeficiente de segurança relativo à ação do vento. A repartição da pressão para a Norma ASTM tem em conta uma relação de espessuras das chapas de vidro. Para a Norma Europeia esta repartição é feita levando em conta as rigidezes das chapas de vidro, que são calculadas pelas espessuras das chapas de vidro, e pelo comprimento característico que tem em conta a profundidade da cavidade de ar (s (mm)) e o factor, k5, que diz respeito à variação de volume provocada pela chapa de vidro na cavidade de ar. Esta abordagem de variações de volume, provocada pelas chapas de vidro, tendo em conta a sua rigidez é semelhante à abordagem que se fez na análise realizada ∆P na chapa de vidro exterior (Pa) pela teoria das placas finas. 2000 ∆P na Chapa de Vidro Exterior - Normas 1897,7 1250 1000 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Norma ASTM Norma Europeia Diferença de pressão aplicada no vidro duplo (Pa) Figura 5.7 – Diferença de pressão a utilizar na análise de dimensionamento para a chapa de vidro exterior pela norma ASTM e norma Europeia. 58 Pela análise da figura 5.7 compreende-se que na Norma ASTM a divisão da diferença de pressão, no caso desta unidade, é feita de forma igual para ambos os vidros, dado os vidros terem a mesma espessura (factor LS, eq. 3.9 e 3.10 na secção 3.1.2). Este resultado é uma aproximação, pois se comparado com os resultados obtidos das análises em placas, tinha-se verificado que a diferença de pressão que resulta da partilha da pressão uniforme aplicada é ligeiramente superior na chapa de vidro exterior em comparação com a chapa de vidro interior. Esse facto é novamente confirmado pela Norma Europeia que para uma diferença de pressão de 2500 Pa aplicada no vidro duplo, resulta numa diferença de pressão para efeitos de cálculo de 3750 Pa, verifica-se uma diferença de pressão de 1898 Pa para a chapa de vidro exterior, enquanto na chapa de vidro interior vai existir uma diferença de pressão de 1852 Pa. Esta diferença de pressão superior na chapa de vidro exterior deve-se à dimensão da cavidade de ar. Pela equação 3.24 (pág. 35) para a profundidade da cavidade de ar da unidade de vidro duplo em estudo (8mm) obtêm-se um valor de factor da unidade de isolamento de Ø = 0,0121, que multiplicado por 1875 Pa (que seria de esperar se a repartição da pressão fosse 50/50 para cada chapa de vidro por estes terem a mesma espessura) obtêm-se o valor aproximado de 23 Pa, que é o excedente encontrado para a diferença de pressão na chapa exterior (1875 + 23 = 1898). Considere-se agora que todos os valores da nossa unidade se mantêm, mas que se reduz para 6mm a profundidade da cavidade de ar, obtêm-se 1892 Pa para a chapa de vidro exterior e 1858 Pa para a chapa de vidro interior. Se for considerado 10 mm para a profundidade da cavidade de ar a diferença de pressão é de 1903Pa para a chapa de vidro exterior e 1847Pa para o vidro interior. Um exercício rápido que pode ser feito para comparar os valores da repartição da pressão fornecidos pelas normas com os valores fornecidos pelas soluções utilizadas na análise de placas, é simplesmente retirar o coeficiente de segurança relativo a acção do vento e representa-los juntos ∆P real nachapa de vidro exterior (Pa) num gráfico, ver figura 5.8. Diferença de pressão real na Chapa de Vidro Exterior Comparativo 1400 Norma ASTM 1200 1256,6 1000 Norma Europeia com γQ = 1 800 600 Bordos S.Apoiados 400 200 0 Bordos Encastrados Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.8 – Comparação entre normas utilizadas e soluções de análise de placas, para os valores obtidos da diferença de pressão na chapa de vidro exterior. 59 Sendo possível observar-se a semelhança dos valores fornecidos pelas normas com os valores encontrados pelas análises de placas realizadas, o que desta forma permite concluir quanto à boa aproximação das normas nesta primeira fase do seu estudo, mais concretamente no cálculo da diferença de pressão correspondente aplicada em cada chapa de vidro, e que por equilíbrio de forças permite ter conhecimento do valor da diferença de pressão do ar existente na cavidade de ar (∆Pvidro interior = ∆Par na cavidade = 1243,4 Pa, e ∆Pvidro exterior = 1256,6Pa). 5.2.2. Deformação Máxima – Normas em Estudo Os resultados fornecidos pelas diferentes normas, no que diz respeito à deformação máxima, são representados na Figura 5.9, tendo em conta que na Norma Francesa é a deformação máxima da unidade, na Norma ASTM será a deformação máxima no centro da chapa de vidro exterior ou interior, pois o valor de deformação máxima é igual para ambas (na unidade em estudo). Na Norma Europeia a deformação máxima ocorre no centro da chapa de vidro exterior por ser o vidro sujeito a uma maior diferença de pressão. É importante referir que no caso da deformação máxima o valor da diferença de pressão utilizada é o seu valor real, não sendo afectado pelo coeficiente de segurança para a ação do vento (estado limite de serviço). No sentido de se ganhar sensibilidade à ordem de grandeza da diferença da deformação máxima da chapa de vidro exterior para a chapa de vidro interior pela Norma Europeia apresenta-se os seus valores na tabela 5.3. Tabela 5.3 – Deformação máxima na chapa de vidro interior e exterior, para diferentes valores de diferença de pressão, segundo a Norma Europeia. 0 w Vidro Exterior (mm) 0 1,124 2,248 3,372 4,215 5,126 5,980 6,763 7,483 8,140 8,792 w Vidro Interior (mm) 0 1,102 2,204 3,306 4,137 5,032 5,871 6,643 7,351 7,999 8,628 Deformação máxima (mm) Pressão uniforme aplicada (Pa) 250 500 750 1000 1250 1500 1750 Deformação Máxima na Chapa de Vidro Exterior - Normas 10 8,792 9 8 8,011 7 6 5 4 3 2 1 0 2000 2250 2500 Norma Francesa Norma ASTM Norma Europeia Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.9 – Valores da deformação máxima em função da diferença de pressão aplicada, para as diferentes normas em estudo. 60 Para comparar os resultados fornecidos pelas normas é apresentado um gráfico na figura 5.10 onde são incluídos os resultados das análises de placas. Os valores utilizados nas análises de Deformação máxima no na chapa de vidro exterior (mm) placas dizem respeito a chapa de vidro exterior, por ser nesse vidro onde ocorre a maior deformação. Deformação Máxima na Chapa de Vidro Exterior Comparativo 13 12,5 12 11,5 11 10,5 10 9,5 9 8,5 8 7,5 7 6,5 6 5,5 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 12,0 Norma Francesa 8,8 8,3 8,0 Norma ASTM Norma Europeia Bordos Encastrados 3,0 0 Bordos S.Apoiados - Linear Bordos S.Apoiados - Não Linear 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.10 - Comparação entre normas utilizadas e soluções de análise de placas, para a deformação máxima. Quando se olha para a curva de valores da deformação máxima obtida pela Norma ASTM e a Norma Europeia (ver figura 5.10), fica claro que os seus comportamentos são quase idênticos. Ambas utilizam uma aproximação não – linear no cálculo da deformação o que conduz a valores bastante semelhantes. A Norma Francesa parece utilizar uma forma inteligente de contornar a falta da análise não-linear. Para isso utiliza uma aproximação, que resulta numa recta com uma evolução linear mas com um declive menor que na situação de bordos simplesmente apoiados, isto conduz a valores sobrestimados para pressões baixas, mas que para valores de pressão elevada, onde o efeito de “membrana” passa a atuar, esta consegue aproximar-se dos valores fornecidos pelas soluções não-lineares (no caso do vidro duplo em estudo). Pode-se concluir que as aproximações fornecidas pelas normas em estudo são muito semelhantes e razoáveis, quando comparadas com a análise nãolinear de uma placa simplesmente apoiada. 5.2.3. Valores Limite das Normas em Estudo Quando se realiza o dimensionamento de um vidro duplo sujeito a uma diferença de pressão aplicada, conhecer o valor limite de pressão que a nossa unidade dimensionada consegue 61 suportar é de interesse fundamental. Isso pode ser feito pelas diferentes normas em estudo, apesar da diferente forma que é feita. Estes valores limite são apresentados na tabela 5.4. Sabendo o valor limite da unidade de isolamento em estudo (no caso da Norma Europeia é o valor da tensão admissível (ƒg,d), no caso da Norma ASTM é a carga de resistência (LR), e no caso da Norma Francesa é a espessura resistente equivalente (eR)) pode-se calcular o valor da diferença de pressão máxima admissível imediatamente antes de atingir o valor limite da unidade. Estes valores de diferença de pressão admitida são úteis quando comparados uns com os outros, pois desta forma consegue-se perceber se a solução encontrada é mais ou menos conservadora, para o vidro em estudo. Tabela 5.4 – Valores limite para as diferentes normas em estudo. ∆P max(Pa)* Wmax (mm)** Valor Limite Norma Europeia 1300 5,284 17,782 (MPa) Coef. Segurança Vento 1,5 Norma Francesa 1875 6,458 5,55 (mm) 1,5 1853 7,948 1853,28 (Pa) 1 Norma ASTM * ∆Pmax– Diferença de pressão admitida para a unidade (4-8-4 1820x745mm) pelas normas em estudo. ** Deformação máxima para a unidade em estudo pelas normas em estudo, para ∆P max. Sendo a Norma Europeia a mais conservadora para o vidro duplo em estudo, onde a unidade, entraria em rotura a uma diferença de pressão aplicada à unidade de vidro duplo de 1300 Pa, pois a tensão efectiva existente na chapa de vidro exterior seria superior à tensão admissível de 17,782 MPa. Para a Norma ASTM a unidade em estudo entra em rotura a uma diferença de pressão aplicada à unidade de vidro duplo é de 1853 Pa, pois a sua carga de resistência (LR) é de apenas 1853,28 Pa. O mesmo raciocínio é feito para a Norma Francesa onde a espessura resistente equivalente é de 5,55mm e esse valor é superado quando a diferença de pressão aplicada a unidade de vidro duplo é de 1875 Pa ou superior. Como o valor da diferença de pressão aplicada no caso da Norma Europeia e Francesa é multiplicada por um coeficiente de segurança de 1,5, é natural que o seu valor limite seja atingido para um valor de diferença de pressão inferior. Assim vai-se retirar o coeficiente de segurança do vento para se obter uma melhor comparação de qual dos métodos utilizado pelas normas é mais ou menos conservativo, ver tabela 5.5. Tabela 5.5 – Valores limite para as diferentes normas em estudo sem coeficientes de segurança. (Pa)* Wmax (mm)** Valor Limite Norma Europeia 2200 8,014 17,782 (MPa) Coef. Segurança Vento 1 Norma Francesa 2820 8,800 5,550 (mm) 1 1853 7,948 1853,28 (Pa) ∆Pmax 1 Norma ASTM * ∆Pmax– Diferença de pressão admitida para a unidade (4-8-4 1820x745mm) pelas normas em estudo. ** Deformação máxima para a unidade em estudo pelas normas em estudo, para ∆P max. 62 Verifica-se assim que o método utilizado pela Norma Europeia e pela Norma ASTM oferece resultados semelhantes a nível de pressão máxima, tal como acontecia na deformação máxima (ver figura 5.10), onde as suas curvas de deformação máxima estavam praticamente coincidentes. Podese dizer então que estas duas normas bastante diferentes na sua metodologia de aplicação acabam por chegar a resultados semelhantes, que apenas diferem a nível de diferença de pressão máxima admissível para a unidade de vidro em estudo devido à utilização de coeficientes de segurança distintos. Quanto à Norma Francesa a sua aproximação acaba por ser a menos conservadora, obtendo a maior diferença de pressão admissível. A figura 5.11 apresenta os valores obtidos para a tensão efectiva com a Norma Europeia utilizando um coeficiente de segurança para a acção do vento de γQ = 1.5, e um γQ = 1, nela foram adicionados também os valores obtidos pelas análises de simulação realizadas para placas de bordos encastrados e simplesmente apoiados. Tensão efectiva máxima na chapa de vidro exterior (MPa) Tensão Efectiva Máxima na Chapa de Vidro Exterior - Comparativo 35 30 Norma Europeia - γq = 1.5 (Coef. Seg. Vento) 25 19,2 20 Norma Europeia - γq = 1 Bordos Encastrados 15 10 Bordos S.Apoiados Linear 5 Bordos S.Apoiados Não linear 0 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.11 - Comparação entre normas Europeia, com e sem factor de segurança, e soluções de análise de placas, para a tensão efectiva máxima na chapa de vidro exterior. Ao observar as curvas correspondentes à análise não linear realizada para uma placa de bordos simplesmente apoiados e a curva da Norma Europeia com γQ = 1, pode reparar-se na sua semelhança e mais uma vez concluir quanto à boa precisão dos resultados fornecidos pela Norma Europeia. Obviamente que com um coeficiente de segurança para a acção do vento de 1.5, os valores da tensão efectiva máxima são bastante mais elevados, o que leva a uma solução necessariamente mais conservadora na sua aplicação. 63 5.3. Resultados Obtidos Experimentalmente Nesta secção apresentam-se os resultados dos ensaios realizados, e efectua-se uma comparação com os resultados fornecidos pela teoria das placas finas e pelas normas em estudo. O trabalho experimental foi iniciado com três ensaios de controlo ao vidro em estudo, para perceber a influência de alguns factores (tempo de aplicação da carga, binário de aperto), nos resultados experimentais. Ver secção 4.7. 5.3.1. Ensaios de Controlo Experimental Conforme referido na secção 4.7, o trabalho experimental realizado consiste numa primeira fase em ensaios de “controlo”, onde se varia o tempo de aplicação da carga e o binário de aperto dos parafusos, de forma a observar a sua influência no comportamento da unidade. Ensaios (1), (2), (3) todos em pressão (diferença de pressão aplicada ao vidro exterior positiva). Ensaio (1) Controlo - Ensaio com patamares de diferença de pressão positiva de 250Pa até um máximo de 750Pa com uma duração de 10s+50s para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Ensaio (2) Tempo de Carga - Ensaio com patamares de diferença de pressão positiva de 250Pa até um máximo de 750Pa com uma duração de 120s+50s para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Ensaio (3) Binário de Aperto - Ensaio com patamares de diferença de pressão positiva de 250Pa até um máximo de 750Pa com uma duração de 10s+50s para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 8Nm. A figura 5.12 apresenta um esquema representativo da montagem experimental. Figura 5.12 - Esquema representativo da montagem experimental. Vista lateral. 64 Os valores retirados do ensaio experimental são valores absolutos, isto porque aos bordos onde o seu deslocamento deveria ser zero, este não o é, pela deformação da borracha utilizada na vedação e também pela câmara de pressão ser formada por peças móveis às quais não são totalmente rígidas e acabam por permitir algum deslocamento da unidade como um todo. Para compensar este factor é retirado à deformação máxima no centro de ambos os vidros o valor da média do deslocamento medido nos bordos (c1,c2,c4,c5). Primeiramente são apresentados em maior detalhe os valores retirados para o ensaio (1), para se observar a metodologia de cálculo e por fim apresenta-se os resultados mais importantes dos três ensaios de forma comparativa. Na figura 5.13 apresenta os resultados obtidos no ensaio (1) pelo micromanómetro digital para o valor da diferença de pressão do ar medido na cavidade, juntamente com os resultados obtidos pela Norma Europeia e resultados obtidos pela teoria das placas finas. Dos resultados obtidos, observa-se uma diferença próxima dos 18 Pa (para uma diferença de pressão aplicada de 750Pa ao vidro duplo), em comparação com os valores teóricos e norma Europeia e uma Diferença Pressão do ar na cavidade (Pa) diferença de 22Pa em comparação com os resultados da Norma ASTM. Diferença de Pressão do Ar na Cavidade 375 400 371,2 350 353 Ensaio (1) 300 Controlo Norma Europeia 250 200 Bordos Encastrados Bordos S.Apoiados Norma ASTM 150 100 50 0 0 250 500 750 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo (Pa) Figura 5.13 – Diferença de pressão do ar medido na cavidade de ar, na realização do ensaio (1) - Controlo. Quanto aos valores medidos para a deformação máxima absoluta e relativa nas chapas de vidro exterior e interior (c8 e c3), os resultados podem ser observados na figura 5.14. Figura 5.14 – Deformação máxima absoluta e relativa na chapa de vidro exterior e interior para o ensaio (1) Controlo. 65 Em seguida fez-se o mesmo estudo para o ensaio (2) e o ensaio (3) onde são apresentados graficamente os resultados dos três ensaios de forma a poderem ser comparados, comparação onde ficam claras as suas semelhanças, ver figura 5.15 e 5.16. Diferença de pressão do ar na cavidade (Pa) Diferença de Pressão do Ar na Cavidade 420 390 360 330 300 270 240 210 180 150 120 90 60 30 0 371,2 353 Ensaio (1) - Controlo Norma Europeia Bordos Encastrados Bordos S.Apoiados 0 250 500 Ensaio (2) - Tempo de Carga Ensaio (3) - Binário de Aperto 750 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.15 – Comparação entre resultados obtidos pelos ensaios (1), (2) e (3), para a diferença de pressão do Deformação máxima relativa (mm) ar na cavidade de ar. Deformação Máxima Relativa - Chapa de Vidro Exterior 4 3,614 3,5 3 2,5 2 1,935 1,5 1 0,896 0,5 0 0 Ensaio (1) Controlo Norma Europeia Bordos Encastrados Bordos S.Apoiados Ensaio (2) Tempo de Carga Ensaio (3) Binário de Aperto 250 500 750 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.16 – Comparação entre resultados obtidos ensaio (1), (2) e (3), para a deformação máxima relativa na chapa de vidro exterior. (1) – 1,935mm; (2) – 1,875 mm; (3) – 1,923 mm. Facilmente se observa que os resultados são em tudo semelhantes nos três ensaios, o que significa que o tempo de carga e o binário de aperto não influenciam directamente os valores obtidos. O binário de aperto mínimo necessário para assegurar a estanquidade da câmara de pressão é 66 suficiente para assegurar a validade dos ensaios. Do mesmo modo assim uma maior demora na leitura dos valores experimentais, não invalida o ensaio realizado. No caso da diferença de 18Pa na diferença de pressão do ar na cavidade (verificada na figura 5.15 para os ensaios de controlo), é uma situação que claramente não é benéfica para a nossa unidade, tendo chapas de vidros de igual espessura, e portanto igual rigidez e resistência, uma pior distribuição da carga aplicada resulta num carregamento maior de um dos vidros. Se no caso teórico tínhamos 371,2 Pa para o ar na cavidade, o que resultava numa diferença de pressão de 378,8 Pa para a chapa de vidro exterior e 371,2 Pa para a chapa de vidro interior, no caso experimental com 353 Pa no ar da cavidade, resulta em 397 Pa para o vidro exterior e 353 Pa para o vidro interior. A chapa de vidro exterior está em maior carga do que o esperado, ver figura 5.17. Figura 5.17 – Diferenças de pressão nas chapas de vidro. a) Caso teórico; b) Caso experimental. Esta situação pode dever-se à falta de continuidade ao longo dos quatro bordos, pois ao empurrar o vidro contra os parafusos de aperto, o apoio não é obviamente contínuo em toda a periferia do vidro. Pensa-se assim que pelo apoio pontual limitar menos que o constrangimento continuo ao longos dos bordos, a chapa de vidro interior vai conseguir deformar um pouco mais, o que assim faz baixar a pressão do ar na cavidade de ar. Para averiguar esta situação realizou-se o ensaio (4) – Depressão. Quanto a diferença na deformação máxima esta pode estar relacionada com influência do vedante de EPDM. 5.3.2. Influência do Vedante de EPDM Observou-se nos ensaios de controlo (1) a (3), o valor inferior da deformação máxima da chapa de vidro exterior em comparação com o estimado pelas normas em estudo e análises teóricas realizadas. Esse facto deve-se à existência do vedante de EPDM em U, e a um maior ajustamento ao perfil de alumínio, que acaba por introduzir um momento flector nos bordos. Esse momento flector contraria assim a flexão livre do apoio simples reduzindo a deformação, mas introduzindo tensões extra na periferia das chapas de vidro. Este facto implica que nas experiencias o vidro se encontra numa situação de apoio intermédio entre o simplesmente apoiado e o encastrado. Foram realizadas tentativas de reduzir este fenómeno e assegura uma condição de apoio livre, mas tal verificou-se ser inviável dado que na ausência de um aperto mínimo da unidade à camara de ensaios, esta não era 67 suficientemente estanque para ser possível aplicar a diferença de pressão pretendida. A Figura 5.18 representa uma ilustração dos constrangimentos nos bordos dos vidros. Figura 5.18 – Esquema ilustrativo dos constrangimentos nos bordos dos vidros. É relevante perceber a influência do momento induzido pelo sistema de apoio do vidro e explicar estas diferenças de resultados para averiguar se elas são benéficas ou prejudiciais à nossa unidade. 5.3.3. Ensaio Experimental em Depressão Para averiguar a importância dos apoios contínuos foi realizado um ensaio em depressão (ver secção 4.7). A diferença deste ensaio para um ensaio em pressão é que sendo uma pressão negativa aplicada na chapa de vidro exterior a pressão do ar contido na cavidade será também negativa. Para efeitos de representação gráfica e facilitar a comparação, vamos assumir o módulo das pressões e das deformadas registadas, ver figura 5.19. Ensaio (4) Depressão - Ensaio com patamares de diferença de pressão negativa de -250Pa até um máximo de -750Pa com uma duração de 10+50seg para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Diferença de pressão do ar na cavidade (Pa) Diferença de Pressão do Ar na Cavidade 450 371,2 373 375 300 Ensaio (2) Depressão Norma Europeia 225 150 Bordos Encastrados Bordos S.Apoiados 75 0 0 250 500 750 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.19 – Diferença de pressão do ar na cavidade em ensaio (4) Depressão. 68 A diferença de pressão do ar na cavidade é agora satisfatória e muito semelhante ao resultado teórico e o ao resultado fornecido pela Norma Europeia (ver figura 5.19). Este facto deve-se a uma existência contínua dos apoios, pois nesta situação é a borracha de vedação da câmara de pressão que oferece o apoio, ao invés dos parafusos de aperto pontualmente distribuídos pelos bordos da unidade de isolamento. A figura 5.20 apresenta as deformações máximas relativas observadas no ensaio (4) e a figura 5.21 apresenta a deformação máxima na chapa de vidro exterior do ensaio (4), em comparação com resultados teóricos e normas em estudo. Deformação Máxima Relativa 2,28 Deformação máxima relativa (mm) 2,4 2,2 2 1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 1,98 0,59 Deformada Máxima Vidro Exterior Deformada Máxima Vidro Interior Deslocamento Médio Bordos 0 250 500 750 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.20 – Deformação Máxima relativa nas chapas de vidro exterior e interior, no ensaio (4) Depressão. Deformação máxima relativa (mm) Deformação Máxima Relativa - Chapa de Vidro Exterior 4 3,61 3,37 3,5 3 2,5 2,28 1,93 2 1,5 1 0,90 Ensaio (1) Controlo Norma Europeia Bordos Encastrados Bordos S.Apoiados Ensaio (4) Depressão 0,5 0 0 250 500 750 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.21 – Deformação Máxima na chapa de vidro exterior do ensaio (4) Depressão, em comparação com resultados teóricos e normas em estudo. Numa primeira análise à figura 5.20, verifica-se um maior deslocamento médio dos bordos. Isso acontece pois sendo a borracha de vedação da câmara de pressão mais deformável que os parafusos de aperto (aço), a unidade vai mover-se (como um todo) ligeiramente mais que anteriormente. Esta deformabilidade da borracha em comparação com os parafusos de aperto é também indutora de uma maior liberdade para a rotação. A chapa que antes podia rodar ligeiramente devido à compressão no EPDM de vedação contido entre os vidros e o alumínio pode agora rodar 69 mais pelo acrescento de liberdade conferido pela borracha de vedação da câmara de pressão. Neste caso a unidade de isolamento passa a ter um comportamento um pouco menos encastrado o que leva a um valor de deformação máxima maior que nos ensaios anteriores, conforme se pode observar na figura 5.21. Os resultados obtidos permitem observar que a liberdade conferida pelas condições de fronteiras impostas nos bordos do vidro, e a própria rigidez do vedante de EPDM tem grande influência no comportamento do mesmo. Isto, porque os valores de deformação máxima estão até agora bastante abaixo dos resultados obtidos por simulação para bordos simplesmente apoiados e para os fornecidos pelas Normas (ver figura 5.21). Possivelmente as tensões efectivas máximas também são diferentes das estimadas e apresentadas na figura 5.11 (pág. 63), situação esta que será averiguada na secção 5.3.4. 5.3.4. Rigidez da Placa e Ensaio de Pressão Máxima As condições de fronteira e a rigidez do vedante influenciam a rigidez de uma chapa de vidro, como é possível ao observar as figuras 5.3 e 5.5 (pág. 55 e 56), o que se traduz numa redução da deformação máxima e da tensão máxima efectiva. No caso dos ensaios verifica-se essa situação pela análise da figura 5.21. Agora é preciso perceber até que ponto este aumento de rigidez à flexão é positivo para o vidro duplo. Para isso é necessário quantificar o aumento de rigidez das chapas de vidro quando sujeitas às condições de fronteira experimental. Para tal utiliza-se uma aproximação que tem como objetivo simplificar a análise a realizar. Considerando que a unidade se comporta como uma placa com os quatro bordos continuamente apoiados. Pela solução de Navier (equação 2.8), e considerando o centro da placa, e apenas o primeiro termo do somatório (m=1 e n= 1) por esta ser de rápida convergência a aproximação obtida é satisfatória [43]: ( ) (5.4) Sendo a e b as dimensões da placa (1.820 m x 0,745 m), e wexp o valor da deformação máxima obtida experimentalmente. ( ) (5.5) Retiramos o valor de Deq. Sabendo que: (5.6) 70 Conclui-se que: √ (5.7) Com heq sendo a espessura equivalente da chapa de vidro, que corresponde a D eq, que é a rigidez à flexão equivalente da chapa de vidro. Para observar a importância deste aumento de rigidez “virtual”, o comportamento do vidro no domínio não linear e perceber como isso afecta a diferença de pressão do ar na cavidade e a deformação do vidro, ao mesmo tempo que testamos o seu limite máximo de resistência à rotura, efectuou-se um último ensaio (ver secção 4.7): Ensaio (5) Pressão Máxima - Ensaio com patamares de diferença de pressão negativa de 500 Pa, desde -1500Pa até um máximo de -4000Pa com uma duração de 10+50seg para cada patamar, aplicada no vidro exterior, binário de aperto em todos os parafusos de 6Nm. Sendo preciso referir que neste ensaio apenas se utilizou comparadores analógicos, um no centro da chapa de vidro interior e outro no eixo de simetria vertical, no ponto mais elevado, também na chapa de vidro interior. Este procedimento foi necessário para proteger a maior parte do equipamento de qualquer tipo de dano. Este ensaio foi levado a uma pressão máxima de -4000 Pa sem ocorrer a rotura do vidro, resultado que supera em muito o esperado e estimado pelas normas em estudo. Apresenta-se então a figura 5.22, da diferença de pressão do ar na cavidade correspondente ao ensaio (5). Diferença de Pressão do ar na cavidade (Pa) 2500 Diferença de Pressão do Ar na Cavidade 1972,07 2000 1500 1698 1000 500 0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Norma Europeia Ensaio (5) Pressão Máxima Figura 5.22 – Diferença de pressão do ar na cavidade registada no ensaio (5) Pressão Máxima. Ao observar a figura 5.22, percebe-se que com o aumento da diferença de pressão aplicada, a diferença de pressão na cavidade começa a ser menor do que o indicado pela Norma Europeia e pela análise para bordos simplesmente apoiados. Isto significa que a chapa de vidro exterior está agora ligeiramente mais rígido em relação à chapa de vidro interior. Pensa-se que isto se deve ao facto de ser a chapa de vidro exterior que está em contacto com a borracha de vedação da câmara de pressão, e que com o aumentar da diferença de pressão aplicada, é cada vez mais 71 difícil comprimir essa borracha, ficando portanto mais constringido e sujeito a mais um momento flector introduzido nos bordos a somar ao já existente devido ao vedante de EPDM que também está a aumentar devido à sua compressão cada vez maior. Isto resultada num maior constrangimento para a chapa de vidro exterior do que para a chapa de vidro interior, logo uma maior rigidez para a chapa exterior do que para a interior. A deformação máxima relativa da chapa de vidro interior para o ensaio (5) apresenta-se na figura 5.23. Deformação Máxima da Chapa de Vidro Interior - Relativa Deformação máxima relativa (mm) 14 12 11,64 10,98 8,92 10 8 7,41 6 4 4,14 5,38 6,36 Bordos Encastrados Ensaio (5) Pressão Máxima Bordos S.Apoiados - Não Linear 4,73 2 0 1500 Norma Europeia 8,24 2000 2500 3000 3500 4000 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.23 - Deformação máxima relativa da chapa de vidro interior, para o ensaio (5) Pressão Máxima. A figura 5.23 mostra que a deformação máxima registada no ensaio, foi mais uma vez inferior ao estimado pelas normas em estudo e análises teóricas realizadas. Esta situação significa que o momento flector introduzido nos bordos está a aumentar a rigidez das chapas de vidro no ensaio experimental e então pode-se dizer que a sua rigidez na prática é superior à rigidez teórica de chapas de vidro de 4 mm na situação de bordos simplesmente apoiados. Deve-se também observar que a curva de deformação máxima registada no ensaio (5) está a afastar-se ligeiramente da curva da Norma Europeia. Isto acontece como já referido, devido ao aumento de rigidez extra da chapa de vidro exterior, que causa uma redução da diferença de pressão do ar na cavidade, que por sua vez leva a uma redução na diferença de pressão existente na chapa de vidro interior, que resulta na redução da deformação máxima da chapa de vidro interior em comparação com a Norma Europeia. Importante é também dizer que seguindo a mesma lógica se a diferença de pressão no ar da cavidade está a diminuir, a diferença de pressão na chapa de vidro exterior vai ser superior em comparação com os valores teóricos esperados, aumentando assim o risco de rotura na chapa de vidro exterior. Na tabela 5.6 pode-se observar os resultados do ensaio mais pormenorizadamente e as respectivas rigidezes e espessuras equivalentes da chapa interior calculadas pelo método teórico. Tabela 5.6 – Resultados do ensaio 5, e rigidez e espessura equivalentes calculadas para a chapa de vidro interior, pelo método teórico. Par cavidade experimental (Pa) 718 931 1126 1320 1516 1698 w relativa vidro interior experimental (mm) 4,14 5,38 6,36 7,41 8,24 8,92 Deq vidro interior (N m) heq vidro interior (mm) 652,25 650,8 665,84 669,9 691,9 715,9 4,73 72 4,73 4,76 4,77 4,83 4,88 Acontece que desta maneira está-se a utilizar valores não lineares, retirados do ensaio, numa formulação que é linear, e ao mesmo tempo não nos permite contabilizar a interacção que este aumento de rigidez tem com o outro vidro, e como isso afecta a diferença de pressão do ar da cavidade em simultâneo. Para ter em conta a combinação destas situações em simultâneo, e poder ser utilizada uma análise não linear no cálculo das rigidezes e espessuras equivalentes, utilizou-se os valores fornecidos pela Norma Europeia, assim efectuou-se a estimativa das espessuras equivalentes que são necessárias a ambas as chapas de vidro de forma a obter-se simultaneamente o valor da deformação máxima na chapa de vidro interior, e a diferença de pressão do ar na cavidade, observados no ensaio (5) experimental, conseguindo também estimar a deformação máxima para a chapa de vidro exterior. Esses valores das espessuras equivalentes para ambas as chapas vidros do vidro duplo em estudo, juntamente com a diferença de pressão do ar na cavidade e a deformação máxima da chapa de vidro interior e exterior são apresentados na tabela 5.7, obtidos então pela Norma Europeia. Tabela 5.7 – Valores para aproximação experimental, das espessuras equivalentes das chapas de vidro, deformação máxima da chapa de vidro interior e diferença de pressão do ar na cavidade pela Norma Europeia. ∆P aplicada (Pa) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 heq vidro exterior (mm) 4,54 4,62 4,71 4,76 4,81 4,87 heq vidro interior (mm) 4,45 4,45 4,45 4,45 4,45 4,45 ∆Par cavidade experimental (Pa) 718 931 1126 1320 1516 1698 716,83 929,29 1125,25 1321,38 1513,94 1699,46 ∆P ar cavidade (Pa) w vidro interior experimental (mm) 4,14 5,38 6,36 7,41 8,24 8,92 w vidro interior (mm) 4,38 5,51 6,47 7,41 8,21 8,88 w vidro exterior (mm) 4,50 5,68 6,71 7,71 8,59 9,34 Diferença de pressão do ar na cavidade (Pa) Utilizando os valores desta tabela obtém-se a figura 5.24 e 5.25: 2000 Diferença de Pressão do Ar na Cavidade 1698 1500 Norma Europeia heq's 1000 Ensaio (5) Pressão Máxima 500 0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Diferença de pressão aplicada no vidro duplo (Pa) Figura 5.24 – Diferença de pressão do ar na cavidade, com recurso a norma Europeia, para as espessuras equivalentes das chapas de vidro. 73 Deformação Máxima Relativa na Chapa de Vidro Interior Deformação máxima relativa (mm) 12 10 8,92 8 8,45 6 Norma Europeia NL - heq's Ensaio (5) Pressão Máxima 4 Bordos S.Apoiados - heq 2 0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Norma Europeia Linear - heq Diferença de pressão aplicada no vidro duplo (Pa) Figura 5.25 – Deformação máxima relativa na chapa de vidro interior, para as espessuras equivalentes. Com a utilização das espessuras equivalentes estimadas, consegue-se uma melhor aproximação do comportamento da nossa unidade observado no ensaio experimental, como se pode observar pela figura 5.24 e 5.25, ficando então perceptível que na situação experimental (ensaio 5) a chapa de vidro exterior está a aumentar a sua rigidez conforme se pensava devido ao momento flector aplicado nos bordos pelo constrangimento imposto pelo vedante EPDM e borracha de vedação da câmara. Esta situação justifica então as diferenças observadas no ensaio, no que diz respeito à diferença de pressão do ar na cavidade (figura 5.22) e à deformação máxima na chapa de vidro interior (figura 5.23). Com a aproximação realizada, efectuou-se em seguida uma estimativa das tensões efectivas presentes na nossa unidade de isolamento na realização do ensaio (5) – Pressão Máxima, de forma a perceber-se o porquê de não ter ocorrido a rotura da chapa de vidro exterior quando os valores presentes eram muito acima dos permitidos pelas normas em estudo (ver tabela 5.4). Para analisar a tensão efectiva máxima da unidade é preciso analisar as tensões efectivas na chapa de vidro exterior, pois é essa chapa de vidro que vai estar sujeito às maiores diferenças de pressão. Sabendo que no ensaio (5) realizado a chapa de vidro exterior a uma diferença de pressão aplicada de 4000Pa está a uma pressão de 2300 Pa ao invés dos 2028 Pa teóricos esperados, com o recurso à Norma Europeia estima-se a diferença no valor da tensão efectiva máxima presente no ensaio experimental, apresentada na figura 5.26. 74 Tensão efectiva máxima na chapa de vidro exterior (MPa) 50 Tensão Efectiva Máxima na Chapa de Vidro Exterior 42,91 39,28 40 30 20,63 20 10 0 1500 23,45 25,72 28,61 26,19 17,28 2000 2500 3000 3500 4000 Norma Europeia, yQ = 1.5, Pressão Teórica Norma Europeia, yQ = 1.5, Pressão Ensaio (5) Norma Europeia, yQ = 1, Pressão Teórica Norma Europeia, yQ = 1, Pressão Ensaio (5) Diferença de pressão aplicada no vidro duplo(Pa) Figura 5.26 - Tensões efectivas máximas na chapa de vidro exterior, pela norma Europeia. Observando-se as curvas que dizem respeito à tensão efectiva real na chapa de vidro exterior (coeficiente da acção do vento γQ = 1) na figura 5.26, percebe-se que a diferença na tensão efectiva a -4000 Pa da situação experimental para a teórica, devido à diferença experimental na diferença de pressão na chapa de vidro exterior verificada (2300Pa e 2028Pa), é de aproximadamente 2,42 MPa. Passando assim de um valor teórico de 26,19 MPa para um valor experimental de 28,61 MPa. Este valor está acima da tensão admissível de 17,782 MPa enunciado pela norma Europeia para a chapa de vidro exterior, mas que se for retirado o coeficiente de segurança do material acaba por estar abaixo do limite de 32 MPa tendo por isso não se verificado a rotura. Mas atenção, considerar apenas a tensão efectiva máxima fornecida pela Norma Europeia pode ser um erro, pois é preciso não esquecer que para grandes pressões o momento flector aplicado pelo vedante EPDM e pela borracha de vedação, acaba por ser notório e vai criar uma zona de concentração de tensões junto aos bordos. Esta situação pode levar à rotura do vidro nessa zona mesmo para tensões efectivas inferiores à admissível indicada pela norma, conforme é alertado na tabela 2.5, pág. 20. Como já foi dito pensa-se que a rigidez adicional conferida pelo constrangimento nos bordos a que a unidade está sujeita no ensaio experimental realizado (ensaio (5)), ajuda a reduzir o valor da deformação máxima, mas que para altas pressões possa ser prejudicial à unidade, pois pode levar a concentração de tensões elevada nos bordos, que leva à rotura do vidro nesse local. Essa maior rigidez fez também com que a diferença de pressão fosse maior na chapa de vidro, onde a diferença de pressão é aplicada, do que seria no caso de uma situação de bordos simplesmente apoiados, o que faz aumentar as tensões efectivas no vidro de forma geral. É importante referir que para um correcto cálculo das tensões efectivas nos bordos, seria necessário o conhecimento do momento flector aplicado pelo vedante, de forma a ser incluído numa análise de elementos finitos. Como observação final pode dizer-se que para o caso real onde os preenchimentos de vidro, portas e janelas não estão sujeitos a tanto constrangimento a nível dos bordos, como no caso experimental realizado, o projecto de Norma Europeia oferece uma boa estimativa ao projectista. Assim um maior constrangimento dos bordos do vidro é favorável quando queremos menores deformações, mas pode torna-se prejudicial para pressões de ordem mais elevada no regime não linear. 75 76 6. Conclusões e Desenvolvimentos Futuros Neste capítulo são apresentadas as conclusões obtidas com a realização do presente estudo e também descritas as propostas para desenvolvimentos futuros, que possam acrescentar valor ao trabalho realizado. 6.1. Conclusões As chapas de vidros quando sujeitas a diferenças de pressão aplicadas uniformemente tendem a comportar-se como placas finas. É portanto com base na teoria clássica das placas finas que as normas estudadas sustentam a verificação da resistência mecânica dos vidros. No entanto esta teoria é apenas válida para pequenos deslocamentos, sendo necessário realizar uma análise não linear em situações de grandes deslocamentos. Neste trabalho foi observado a extrema importância desta análise não linear, e a importância do chamado “efeito de membrana”. A sua não contemplação para diferenças de pressão elevadas, que originam deformações superiores à espessura do vidro, resulta em sobrestimações dos resultados que podem ser quase da ordem dos 100%. Observou-se também que as condições de fronteira a que o vidro se encontra sujeito nos bordos afecta fortemente o seu comportamento, a nível de deformações e tensões efectivas. No caso de bordos encastrados os valores para as deformações e tensões efectivas são menores que no caso de bordos simplesmente apoiados. Todas as normas em estudo baseiam os seus resultados na situação de bordos simplesmente apoiados, sendo que no caso experimental realizado a unidade não se encontrava nesta situação, mas sim numa situação de apoio intermédio entre o simplesmente apoiado e o encastrado. De forma a comparar as normas em estudo, deve salientar-se que a principal diferença entre a Norma Europeia e a Norma ASTM e Francesa são as aproximações que utilizam, os coeficientes de segurança que assumem e a precisão dos resultados que fornecem. Na presente Norma Europeia, os valores fornecidos podem ser obtidos através de uma análise linear ou não linear, o que numa situação de realização de um estudo mais profundo é de grande utilidade, sendo possível calcular tensões efectivas, deformações máximas, a diferença de pressão do ar no interior da cavidade, no caso do vidro duplo, tendo em conta neste valor as espessuras da chapa e sua posição (interior ou exterior), a dimensão da cavidade de ar e as dimensões do vidro duplo. Fornece também a diferença de pressão resultante para cada um dos vidros e tensão admissível para cada dimensão e tipo de vidro pretendido (recozido, temperado, etc.). Quando os resultados fornecidos pela Norma Europeia são comparados com os resultados obtidos por uma análise de elementos finitos e pela teoria das placas finas, conseguirmos averiguar a semelhança dos resultados obtidos, o que demonstra a excelente ferramenta que é a Norma Europeia para dimensionamento de vidros quando sujeitos a diferenças de pressão aplicadas, uniformemente distribuídas. Em comparação a Norma Francesa e a Norma ASTM são mais limitativas. Essas limitações resultam principalmente do sentido prático que utilizam na sua metodologia de resolução. No caso da 77 Norma Francesa apenas sabemos qual é a deformação máxima do vidro, no caso de um vidro duplo, apenas indica a deformação máxima da unidade de isolamento e se a nossa unidade suporta ou não a carga a que está sujeito. Utiliza aproximações de fácil utilização e interpretação e rapidamente se verifica o correcto ou incorrecto dimensionamento do nosso vidro. Os resultados fornecidos para a deformação máxima acabam por ser aceitáveis quando comparados com os fornecidos pela Norma Europeia, apesar de utilizar apenas uma aproximação linear. Não tem em conta a dimensão da cavidade de ar nem a posição (interior ou exterior) das chapas de vidro na unidade de vidros duplos. Acaba por ser uma boa ferramenta para uma primeira análise. Quanto à norma ASTM, a sua necessidade de recorrer aos gráficos, e estando estes apenas disponíveis para as espessuras normalizadas, tornam a sua análise mais demorada, limitativa e susceptível a erros devido as escalas pouco detalhadas que apresentam. Existe uma preocupação com o estudo individual de cada vidro no caso dos vidros duplos, e no caso da deformação máxima uma análise não linear é tida em conta e fornece resultados em tudo semelhantes aos da Norma Europeia. A norma estima o valor da diferença de pressão máxima admitida à unidade do vidro que dimensionámos, sendo esta parte bastante prática para o utilizador, ao invés de se ter uma tensão admissível, a comparar com uma tensão efectiva máxima que permite obter a diferença da pressão máxima admitida (como na norma Europeia), situação esta que pode causar confusão ao utilizador da norma, é apenas calculada a diferença de pressão admissível máxima, que basta comparar com a pressão aplicada para saber se o dimensionamento é ou não suficiente. A Norma ASTM fornece uma boa aproximação para a influência da cavidade de ar na repartição da diferença de pressão aplicada, mas não leva em conta a dimensão dessa cavidade. Acabando por não ser tão precisa como a Norma Europeia, quando comparada com os valores fornecidos pela teoria das placas finas. No que diz respeito às soluções apresentadas pelas normas serem mais ou menos conservadoras, chegou-se a conclusão que todas elas são bastante conservadoras. Isto deve-se à existência de um coeficiente de segurança para a acção do vento e um coeficiente de segurança para o material. No caso da norma Europeia um coeficiente de segurança de 1.5 x 1.8, correspondente a acção do vento e do material em questão, que resulta num factor de segurança geral de 2.7. Esta necessidade de colocar um factor de segurança geral tão elevado existe para compensar a incerteza quanto ao número de defeitos presentes na superfície de um vidro o que logicamente afecta bastante a sua resistência a rotura. Para dimensões de vidro duplos menores, e espessuras de chapas menores as normas em estudo apresentam-se por vezes discordantes, mas quando se aumenta as espessuras dos vidros ou as dimensões dos vidros estas começam a fornecer resultados de deformação máxima e diferença de pressão máxima admissível bastante semelhantes. Resta dizer que existe ainda uma preocupação quanto ao tempo de aplicação da carga no caso da Norma Europeia e ASTM, sendo que para tempos de carga mais longos ou permanentes o seu coeficiente de segurança geral toma valores ainda mais elevados. Na comparação entre as normas em estudo, observou-se também que o aumento das espessuras de uma das chapas em relação à outra nem sempre é benéfico, isto porque em caso de espessuras semelhantes para ambas as chapas de vidro, existe uma melhor redistribuição da diferença de pressão aplicada, permitindo assim à unidade de vidro duplo, suportar maiores 78 diferenças de pressão aplicadas. Esta conclusão é verificada por todas as normas em estudo. No caso de espessuras diferentes de chapas, as normas concluem que a sua posição (exterior ou interior) é pouco relevante em termos de resistência mecânica, e que a rotura acontece quase sempre na chapa de maior espessura. As normas demonstram também que a dimensão da cavidade de ar acaba por ser também pouco relevante na análise de dimensionamento de vidros duplos. Assim percebe-se que a necessidade de um aumento da dimensão da cavidade de ar e a preferência de um vidro de maior espessura para a chapa exterior, possa estar relacionado com o melhor isolamento térmico e sonoro que proporciona. A maior espessura da chapa de vidro exterior absorve uma maior quantidade de radiação UV proveniente do exterior e a maior dimensão da cavidade de ar ajuda a diminuir a transmissão térmica por radiação para o interior. A nível de e sonoro uma chapa de vidro de maior espessura no exterior resulta numa maior reflexão acústica das ondas sonoras provenientes do exterior, de volta para o exterior. Sendo por estas razões que se dá preferência a uma maior espessura para a chapa de vidro exterior. Conforme foi verificado experimentalmente, um maior constrangimento dos bordos resulta num valor menor de deformação devido ao aumento relativo da rigidez das chapas de vidro, mas numa tensão efectiva maior na chapa de vidro exterior e uma maior concentração de tensões nos bordos da chapa de vidro. Este factor deve-se às tensões introduzidas devido ao vedante de EPDM. Este aumento relativo da rigidez das chapas de vidro foi simulado, considerando uma espessura equivalente superior à real como aproximação. Tendo em conta que na aplicação real de janelas e portas os vidros estes não se encontram simplesmente apoiados, existindo sempre algum constrangimento nos seus bordos, esta situação é mais um factor a ter em conta na realização do dimensionamento, situação que não é directamente referida nas normas em estudo, mas que acaba por ser indirectamente assegurada pelo grande factor de segurança existente. Com o estudo realizado para a unidade de isolamento de vidro duplo, foi possível compreender melhor a função do ar existente na cavidade e averiguar quanto à importância que tem na função de repartição da carga aplicada, e como esse conhecimento pode ser benéfico para o projectista, mais concretamente nas escolhas das espessuras das chapas de vidro, uma chapa de vidro exterior mais espessa que o interior ou vice-versa, chapas de igual espessura, maior dimensão da cavidade, entre outros, para obter melhores resultados no cumprimento de uma função específica. Conclui-se dizendo que para um estudo mais aprofundado da unidade a dimensionar a Norma Europeia fornece mais informação relevante para uma análise mais aprofundada, e que dessa forma, estando consciente de todas as variáveis incluídas no processo, se pode ir um pouco mais além na redução a nível de segurança, conseguindo com isso uma solução mais económica mas que deixa o projectista igualmente seguro. Para as outras normas a sua utilização é útil numa primeira análise de dimensionamento, acabando também por oferecer uma boa segurança ao projectista. 79 6.2. Desenvolvimentos Futuros Para desenvolvimentos futuros que visam melhorar os resultados obtidos encontram-se os seguintes pontos: Ao invés da utilização de uma espessura equivalente para reflectir o aumento da rigidez dos panos de vidro, estudar e quantificar o efeito do constrangimento existente localmente nos bordos dos vidros devido ao vedante. Realizar uma simulação de elementos finitos que contabilize o efeito que o vedante aplicada no vidro. Realizar um estudo comparativo entre as várias soluções e sistemas de aplicação para vidros, como por exemplo janelas com duas folhas batentes ou janelas de correr com duas folhas, para observar as principais diferenças no seu comportamento e qual a influência que os respectivos apoios têm nos vidros que contêm. Realizar um estudo semelhante ao efectuado mas para sistemas de vidro duplo, onde um dos vidros é laminado, pois esta é uma solução cada vez mais em uso. Realizar ensaios semelhantes em unidades de isolamento com outras dimensões de pano e diferentes espessuras entre vidros, de forma a ter mais resultados para comparação e observação de diferenças que possam existir. 80 Bibliografia [1] Site Universidade de Arquitectura e Urbanismo de São Paulo: http://www.fau.usp.br/deptecnologia/docs/bancovidros/vidro.htm, visitado em 02/09/2013. 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Figura A.1 – Exemplo de gráfico para obtenção de deformação máxima para chapa de vidro com os quatro lados simplesmente apoiados. 84 Anexo B - Outras Tabelas relevantes Fornecidas pela Norma Europeia 13474-2 2 Tabela B.1 – Tensões admissíveis para vidros com áreas superiores a 4m , para cargas uniformemente distribuídas, diversos tipos de vidro e duração de carga. Tabela B.2 – Coeficientes k1 para cálculo da tensão máxima. Tabela B.3 – Coeficiente k2 para cálculo da tensão efectiva. 85 Tabela B.4 – Coeficiente k4 para cálculo da deformação máxima. Tabela B.5 – Coeficiente k5 para cálculo da variação de volume. Anexo C - Outras Tabelas relevantes Fornecidas pela Norma Francesa P 78-201-4: 2006 Tabela C.1 – Dimensões limite em função da espessura nominal. 86 Anexo D - Folha de Cálculo para as Diferentes Normas em Estudo Figura D.1 – Folha de cálculo para Norma Francesa. Figura D.2 – Folha de cálculo para Norma ASTM. 87 Figura D.3 – Folha de cálculo para Norma Europeia. Anexo E - Folha de Cálculo para Obtenção da Diferença de Pressão na Cavidade por Teoria das Placas Finas. Figura E.1 – Cálculo iterativo da diferença de pressão na cavidade por teoria das placas finas, placa com bordos simplesmente apoiados. 88 Figura E.2 – Cálculo iterativo da diferença de pressão na cavidade por teoria das placas finas, placa com bordos encastrados. 89