8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA
Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007
ADEQUAÇÃO AMBIENTAL E ERGONÔMICA EM UM EMPRESA DE
TRATAMENTO TÉRMICO A BANHO DE SAL
Batiz E. C.*, Alves S. M.1, Galo O.2, Souza A. J. de3
* Instituto Superior Tupy – Sociedade Educacional de Santa Catarina. Rua Albano Schmidt 3333. Bairro Boa Vista.
CEP 89201-972. Joinville - SC, 1 Instituto Superior Tupy – Sociedade Educacional de Santa Catarina. Rua Albano
Schmidt 3333. Bairro Boa Vista. CEP 89201-972. Joinville - SC, 2 Instituto Superior Tupy – Sociedade Educacional
de Santa Catarina. Rua Albano Schmidt 3333. Bairro Boa Vista. CEP 89201-972. Joinville – SC, 3 Whirlpool. Rua
Dona Francisca 7200. Distrito Industrial. CEP 89219-900. Joinville - SC
*e-mail: [email protected]
RESUMO
O presente artigo foi realizado na área de tratamento térmico em fornos de banho de sal de uma empresa do Sul de
Brasil e tem como objetivo determinar os fatores que influenciam nas posturas dos trabalhadores e na geração de
resíduos, bem como as formas que possam em que podem ser melhoradas. Foram aplicadas diferentes técnicas para
analisar as condições de trabalho atuais entre as que se destacam o diagrama espaguete, entrevistas, questionários,
observação direta assim como a aplicação de método de análises de postura e carregamento manual de cargas. Para
analisar o processo do ponto de vista ambiental foi utilizada a ferramenta conhecida por Produção mais Limpa. Entre
as principais conclusões está o fato de que o layout existente é um dos fatores que provoca maior desconforto
postural fundamentalmente pela distância a ser percorrida em cada processo com carga motivando esforços
desnecessários, assim como pelo pouco espaço existente entre os fornos o que não permite uma movimentação livre
dos trabalhadores. Este layout também foi identificado como um dos principais causadores da geração de resíduos
sólidos e emissões gasosas. Foram propostas medidas de melhoras no layout e da utilização de novas ferramentas
que possibilitam melhorar as condições de trabalho.
PALAVRAS CHAVES
Postura, Carregamento carga, Minimização de Resíduos.
1337
INTRODUÇÃO
O ser humano desde seu surgimento foi criando condições que lhe permitisse se adaptar ao meio onde ele
desenvolvia suas atividades e foi criando ferramentas e espaços de trabalho sem talvez perceber que o que fazia
como intuito de se proteger das adversidades do clima, da região onde ele se movimentava, dos animais, etc. não era
outra coisa que adaptar aquelas condições a suas próprias capacidades. Por isso quanto mais se discute sobre as
condições de trabalho, mais claro está na mente destes autores que essas condições que nos dias atuais são motivos
de análise e discussão na comunidade científica, são praticamente intrínsecas no conceito e na vida diária do ser
humano desde do seu inicio.
Sempre que se discute o tema de condições de trabalho aflora na mente de todos, que é condições de trabalho?, quais
são os elementos que compõem as condições de trabalho? Desde o início da Ergonomia foi discutido o conceito de
condições de trabalho e foram elaborados métodos e técnicas que permitam identificar e avaliar as condições em que
o ser humano realiza suas atividades e logicamente avaliar o grau de adequação dessas condições as capacidades do
ser humano, bem como delimitar claramente o conceito de que são condições de trabalho adequadas e que são
condições de trabalho inadequadas. Será que adequadas são aquelas condições que estão adaptadas às características
psicofisiológicas do ser humano? e também que são condições adaptadas às características psicofisiológicas do ser
humano?
É claro que para todos é bem fácil identificar que quando as condições de trabalho não são adequadas, deverão
existir modificações que permitam que melhorem essas condições e que o trabalho seja realizado conservando a
saúde das pessoas expostas a essas condições e que o mesmo seja realizado com segurança e conforto. Quando isso
ocorre, pode-se falar de que as condições de trabalho estão adaptadas às características psicofisiológicas do ser
humano. Esse é o objetivo central e primordial da Ergonomia desde seu início até o momento atual.
Os elementos que distinguem as condições de trabalho são [MONTMOLLIN, 1990]:
− condições técnicas: características dos instrumentos, máquinas, ambiente do posto de trabalho, etc.;
− condições organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, conteúdo do trabalho; condições
subjetivas características do operador: saúde, idade, formação;
− condições sociais: remuneração, qualificação, vantagens sociais, segurança de emprego, em certos casos
condições de alojamento e de transporte, relações com a hierarquia, etc..
Quando esses elementos que distinguem as condições de trabalho são adequados, pode-se dizer que as condições de
trabalho também são adequadas e pode-se observar que são muitos e variados os elementos que distinguem as
condições de trabalho. Discutir de postura no trabalho, layout, contaminação ambiental e produção mais limpa é falar
de condições de trabalho, de ambiente de trabalho. Cabe se perguntar se existe alguma relação entre todos esses
elementos?
Quando o trabalhador adota uma postura confortável para realizar o trabalho o corpo humano consegue estar em
equilíbrio e, portanto a probabilidade de ocorrência de problemas é muito baixa e sua tendência é perto de zero.
Quando o homem adota uma postura forçada, várias regiões anatômicas deixam de estar em uma postura de conforto
o qual pode gerar fadiga postural, lesões por sobrecarga, transtornos músculo-esqueléticos em diferentes partes do
corpo, como por exemplo, pescoço, tronco, membros superiores, membros inferiores, etc. decorrentes de hiperextensões, hiper-flexões, hiper-rotações. Todas estas situações estão presentes infelizmente em uma grande
quantidade de atividades que são realizadas diariamente e onde estão envolvidos grandes números de trabalhadores.
Layout é o arranjo, a distribuição física do espaço de trabalho. Quando esse layout é mostrado em uma composição
visual, por exemplo, um plano, uma maquete, etc., se pode observar como estão distribuídas as áreas e as diferentes
máquinas, equipamentos, etc. Para garantir a realização de uma atividade. Com a observação direta do layout da área
ou através do plano ou maquete podem ser analisadas as seqüências das operações, as distâncias que as matériasprimas, materiais, equipamentos, produtos, o percurso das pessoas para a realização das diferentes atividades, etc.
determinando os problemas existentes e propondo medidas que melhorem o layout.
Quando os especialistas, aplicando diferentes técnicas de observação direta, observação armada, etc. analisam o
layout, além de analisar as seqüências das atividades, a distribuição dos equipamentos, etc. Também analisam a
forma em que são executadas as diferentes atividades e daí as posturas que os trabalhadores são obrigados a adotar
pelas condições de trabalho e as características dos diferentes carregamentos manuais, tanto em peso, quanto em
condições, equipamentos utilizados e outros aspectos de interesse.
Contaminação ambiental é a introdução de qualquer substância capaz de provocar danos. È a presença de um agente
físico, químico ou biológico ou a combinação deles em um ambiente em valores de concentrações que possam causar
danos ao organismo das pessoas que estão expostas por um tempo determinado as condições motivadas por esse
agente e ao meio ambiente.
A Produção mais Limpa “é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada, aplicada a
processos, produtos e serviços. Incorpora o uso mais eficiente dos recursos naturais e, conseqüentemente, minimiza
a geração de resíduos e poluição, bem como os riscos à saúde humana” [UNIDO/UNEP, 1995ª]. O programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) destaca igualmente que a PmaisL é uma estratégia de prevenção
[www.pnuma.org/industria/produccion_limpia.php].
A reciclagem dos resíduos gerados por processos industriais é louvável, porém se torna bem mais econômico e
correto evitar ou minimizar a sua geração. A prevenção à poluição, ou a sua eliminação acaba induzindo os
trabalhadores e gerentes pensarem em melhorias sistemáticas dos processos, passando a não se preocupar em
administrar e operacionalizar os resíduos ou a poluição gerada [ROMM, J. J, 1996].
É fácil entender a relação que existe entre a contaminação ambiental e a Produção mais Limpa (P+L), já que na
medida em que se tenha uma aplicação adequada da P+L, menor será a quantidade de resíduos gerados na fonte e,
por conseguinte, menor será a contaminação ambiental existente tanto interna quanto externamente.
Também até que resulta fácil entender a relação que existe entre contaminação ambiental, Produção mais Limpa e
layout já que através dele podem ser observadas as fontes que são geradoras de resíduos, mas o que é talvez difícil de
entender é como se relacionam esses três elementos com postura no trabalho e carregamento de cargas manuais.
Através do estudo de posturas podem ser analisados e melhorados os problemas de layout, de contaminação
ambiental e de produção mais limpa.
OBJETIVOS
Analisar as condições de trabalho de uma empresa de tratamento térmico a banho de sal que permitam uma
adequação ergonômica e ambiental.
Os objetivos específicos são.
−
Diagnosticar as condições atuais de trabalho nos fornos de banho de sal;
−
Determinar a correlação entre as condições de trabalho: layout, postura no trabalho, contaminação ambiental e a
produção mais limpa;
−
Propor medidas que permitam uma adequação ergonômica e ambiental.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido nas áreas de tratamento térmico em forno de banho de sal de uma entidade do
norte de Santa Catarina. Na área trabalham 9 trabalhadores que realizam as atividades em três turnos de trabalhos.
Foi escolhida uma amostra que coincide com o 100% da população, todos os homens. Ofereceram-se a participar
desta pesquisa 8 trabalhadores que representam o 88,9%.
O 87,5% da amostra está trabalhando na atividade a mais de um ano, sendo um dado significativo é que só 25%
receberam capacitação para a atividade, portanto sua habilidade e conhecimentos são ganhos no dia-a-dia.
A atividade dos trabalhadores demanda 8 horas de trabalho por dia sem revezamento, o qual implica que não existe
possibilidade de mudanças de atividade e, por conseguinte de posturas, a não ser as próprias da atividade.
Um dado que chama a atenção é que o 100% da amostra já sofreram algum tipo de sintomas de desconforto (figura
1) [BATIZ, E. C., et. al., 2006].
Queimação;
25,0%
Falta Força;
37,5%
Câimbra;
37,5%
Dores; 87,5%
Dormência;
50,0%
Fig 1: Sintomas de desconforto.
Como se pode observar da figura 1, o 87,5% (8 trabalhadores) da amostra apresentam dores em diferentes regiões do
corpo e destaca-se que o único que no apresenta dores está a só 3 meses na atividade.
Na pesquisa igualmente se constatou que, como se observa na figura 2, a região onde se concentravam as maiores
dores dos trabalhadores eram nos punhos, mãos e dedos com 87,5% da amostra, ou seja, todos os trabalhadores, com
exceção daquele que só está a muito pouco tempo na atividade e da mesma forma o 75,0% apresenta dores na região
cervical. Verificou-se que as causas das dores nessa região do corpo se devem fundamentalmente ao uso das
ferramentas para a colocação e retirada das peças dos fornos, assim como a manutenção por um tempo prolongado,
de posturas estáticas. É importante ressaltar a dor na região cervical se associam fundamentalmente a cargas
estáticas, as posturas que são mantidas pelos trabalhadores, a movimentos repetitivos e a manipulação de cargas com
os membros superiores.
Da mesma forma se observa que 4 dos 8 trabalhadores (50%) apresentam dores da região dorsal e que 5 (62,5%)
apresentam dores na região lombar devido aos esforços durante o carregamento e transportação das cargas, as
condições dos fornos e as posturas adotadas.
Região Cervical;
75,0%
Região Lombar;
62,5%
Punhos, mãos,
dedos; 87,5%
Região Dorsal;
50,0%
Fig 2: Regiões do corpo onde se concentram as maiores dores.
Para cumprir com os objetivos propostos na pesquisa os autores dividiram o trabalho em várias etapas. Em uma
primeira etapa, depois da ambientação, foi aplicada a técnica de observação direta para aprofundar no conhecimento
dos problemas existentes e entrevistas semi-estruturadas para poder definir os aspectos que deveriam ser
aprofundados. Igualmente foi elaborado e aplicado um questionário piloto para conhecer inicialmente os principais
problemas que estavam incidindo na atividade.
Em uma segunda etapa foi elaborado, a partir das experiências obtidas na etapa anterior, um questionário definitivo
que permitisse detectar todos os aspectos de interesse da presente pesquisa. O questionário foi dividido em 4 partes:
dados demográficos, ocupacionais, sobre a atividade analisada e sobre as condições ambientais.
Em uma terceira etapa foram aplicadas as técnicas de observação direta e diagrama espaguete para analisar o espaço
físico, o percurso dos trabalhadores, o percurso de produtos, a identificação dos processos, mapeamento das entradas
e saídas de produtos buscando analisar quais os processos têm mais movimentação em virtude de terem mais etapas
embutidas em suas atividades.
Em uma quarta etapa foram analisados os problemas detectados no layout e os resíduos de sais gerados durante o
processo, com as posturas que foram analisadas [BATIZ, E. C., et. al., 2006] com o objetivo de comprovar se existe
ou não uma relação direta entre esses três elementos e de existir essa relação propor um novo layout que fosse mais
coerente com as atividades que são realizadas na área. Em um estudo feito anteriormente a este trabalho foram
avaliadas 81 posturas diferentes para cada membro superior, todas elas na área de fornos, tanto durante o
aquecimento, tratamento de banho de sal e resfriamento [BATIZ, E. C., et. al., 2006]. Para o processamento da
informação foi aplicado o software que aparece na página da Internet da Osmond Ergonomics Workplace Solutions
[http://www.ergonomics.co.uk/rula/ergo/index.html]. Também foi avaliado quantitativamente o desperdício de sal
durante o processo.
Em uma quinta etapa foram analisados os resultados obtidos da aplicação das diferentes técnicas para conhecer a
existência ou não de sinergia entre a Ergonomia e os métodos que foram aplicados e a Produção Mais Limpa como
ferramenta fundamentalmente ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O processo de produção que é realizado na área objeto de estudo é por encomenda, não existindo previsão de
demanda nem também das características das peças que são recebidas para realizar tratamento térmico, então se
desconhece a forma, dimensões, peso, etc.
Para a análise do processo foram utilizados dados de produção do ano 2005 e foram considerados aqueles processos
que representam o 90% dos serviços que presta a entidade, portanto considera-se que os resultados que vão ser
apresentados neste artigo são representativos da realidade da área de fornos de tratamento a banho de sal.
Como primeiro passo do processo foram diagnosticados os principais problemas da área com a ajuda da observação
direta, das entrevistas com os funcionários e da aplicação do questionário. Igualmente foi aplicada a técnica de
diagrama espaguete (figura 3) para conhecer os diferentes percursos tanto de materiais, produtos quanto de pessoas.
Entre os principais problemas detectados estão:
a) Uma das causas de possíveis acidentes de trabalho e que já em inúmeras ocasiões tem provocado incidentes
do trabalho é o pouco espaçamento que existe entre os fornos ou entre estes e as paredes e outros
equipamentos. Esta situação provoca que esteja reduzido o espaço de circulação fundamentalmente das
pessoas e também esse espaço reduzido motiva a que os trabalhadores adotem posturas inadequadas que
posteriormente serão analisadas;
b) Os fornos e os equipamentos restantes da área estão locados de forma irregular e não apresentam nenhuma
concordância com os diferentes processos que são realizados na área, causa fundamental dos percursos
grandes e desnecessários que ocorrem atualmente e de a manipulação desnecessária por parte dos
trabalhadores de peças e equipamentos (figura 3). Essas funções aumentam a complexidade e custo
proporcionalmente ao tamanho dos lotes;
Figura 3 - Diagrama espaguete da situação atual da área
c) A altura em que estão colocados os fornos (altura chão – boca de forno) são as mais diferentes, a tal ponto
que todos os fornos existentes na área tem diferentes alturas. Segundo relato dos próprios trabalhadores e da
direção da área isso ocorreu devido a que inicialmente a área foi concebida para a docência e posteriormente
adaptada para prestar serviços a clientes;
d) As condições em que se encontra o chão devido aos derramamentos de sais além de provocar a ocorrência
de incidentes/acidentes por escorregões fundamentalmente, aumenta a resistência dos carrinhos utilizados
para a transportação de peças o que motiva a realização de forças desnecessárias que podem acarretar
problemas de saúde;
e) As posturas que os trabalhadores são obrigados a adotar pelas condições de trabalho são inadequadas e
provoca afetações a saúde dos trabalhadores, o qual ficou comprovado com a aplicação do método Rula
[BATIZ, E. C., et. al., 2006] e com os depoimentos dos trabalhadores com relação aos sintomas e as partes
Na figura 4 se observa uma das 81 posturas analisadas com o auxílio do método Rula e que são adotadas pelos
trabalhadores para colocar e retirar peças do forno com a utilização da ferramenta chamada garfo.
Figura 4 - Postura adotada para colocação e retirada das peças dos fornos
Fonte: [BATIZ, E. C., et. al., 2006]
O garfo é utilizado como ferramenta que permite que os trabalhadores fiquem o mais longe possível do forno para
minimizar os efeitos das altas temperaturas e poder realizar a alavanca necessária para manipular as peças com um
peso de até 5 kg.
Como foi dito anteriormente o método Rula foi aplicado a 81 posturas diferentes de cada membro superior para
conhecer se existia diferença fundamental em ambas as partes do corpo quando da execução da atividade ou qual dos
dois membros estava mais carregado e determinar igualmente se as posturas são ou não inadequadas para o
trabalhador.
Quando analisada a situação com relação ao membro superior direito se observa que o 100% das posturas
precisavam de mudanças ergonômicas (figura 5); o 26% estão no nível 2, o 50,6% no nível 3 e o 23,4% no nível 4
mostrando que todas as posturas são inadequadas, existindo uma relação direita entre elas e as dores manifestadas
pelos trabalhadores. Quando aplicado o Rula considerando só o membro superior esquerdo observa-se que o 27,2%
se encontram no nível 2, o 55,5% no nível 3 e o 17,3% no nível 4. Quando analisados ambos os membros se
observam que não existem diferenças significativas enquanto a avaliação postural [BATIZ, E. C., et. al., 2006].
55,5%
60,0
50,6%
50,0
40,0
26,0%
27,2%
23,4%
30,0
17,7%
20,0
10,0
0,0
Nivel 2
Nível 3
Nivel 4
Direito
26,0
50,6
23,4
Esquerdo
27,2
55,5
17,7
f)
Figura 5 – Resultados da avaliação das postura utilizando o método Rula
Derramamento dos sais que são utilizados no processo em praticamente qualquer canto do local e encima
dos carrinhos de transportação devido a vários fatores:
−
Características das ferramentas utilizadas para a colocação e retirada das peças no forno quando o peso
delas não ultrapassa os 5 kg;
−
Método de trabalho inadequado na retirada das peças;
−
Manutenção de uma postura estática por um período de tempo superior ao permitido fisicamente pelos
trabalhadores na retiradas das peças dos fornos a banho de sal;
− Grandes distâncias de percurso das peças (condições do layout atual);
Interessante foi para os autores de este trabalho detectar que motivado pelos fatores antes colocados existe uma perda
de sal pelo derramamento deste produto quando as peças são retiradas dos fornos. Os autores dedicaram-se a se
aprofundar quais eram atualmente as quantidades de desperdícios de sais e as formas em que poderia ser diminuído.
Os fatores antes ditos motivam que as peças não permaneçam o tempo necessário acima da boca dos fornos para
escorregar todo o sal e evitar assim o derramamento no chão e nos carrinhos de transportação fundamentalmente.
Com as condições atuais estão se perdendo 175 kg de sal mês (2100 kg/ano). A despesa relativa à deposição destes
sais em um aterro sanitário é de R$ 1.600,00/mês e deve ser considerado que o custo relativo à compra de sais é de
R$ 4.800,00/mês, assim o custo total dos sais é acrescido em aproximadamente 33%. Então, como se pode resolver
este problema tão simples e a sua vez tão complexo do ponto de vista do que os sais podem ocasionar ao meio
ambiente e a saúde dos trabalhadores?.
O problema, como já se falou anteriormente, pode ser resolvido de forma simples, ou seja, reduzindo os resíduos na
fonte geradora, em outras palavras aplicando Produção Mais Limpa. E qual é a fonte geradora de resíduos?. Também
é uma pergunta fácil de responder: o processo de retirada das peças dos fornos a banho de sal. Como seria então?.
Veja-se que as causas podem ser resumidas em duas: a primeira relacionada com os problemas sérios do layout atual
e a segunda relacionado com os sérios problemas de posturas motivados pelas ferramentas, a altura dos fornos e a
necessidade de escorregar a sal dentro dos fornos. Então novamente pode se questionar que resolvendo o problema
dos resíduos, das posturas e do layout, se estará resolvendo os problemas existentes na área de tratamento térmico a
banho de sal.
Para resolver estes problemas foram propostas as seguintes medidas:
a) Um novo layout de forma a diminuir o movimento das peças, agrupando os fornos por processo;
b) Colocar todos os fornos a uma mesma altura, de tal forma que altura da boca coincida com a altura do
cotovelo do percentil 5;
c) Desenhar a implantar um gabarito que permita pendurar um maior número de peças aproveitando mais a
capacidade dos fornos. Esse gabarito vai a trazer com que o peso total das peças seja entre 25 e 30 kg, peso
que não poderá ser manipulado manualmente;
d) Instalação de uma talha elétrica que permita manipular a distância as peças para serem colocadas e retiradas
dos fornos. Essa medida, além de resolver os problemas de posturas e carregamento de cargas, permitira que
as peças depois de extraídas dos fornos, escorreguem todo o sal, evitando dessa forma a geração de
resíduos.
Com isto se pode verificar que existe uma forte relação entre contaminação ambiental, Produção Mais Limpa, layout
e postura. Os problemas de contaminação ambiental e de produção de resíduos estão dados pelo layout existente na
área e pelas posturas que os trabalhadores são obrigados a adotar para a realização das atividades.
CONCLUSÕES
Conclui-se que a área analisada apresentava sérios problemas de contaminação ambiental motivado pelos resíduos
que gerava, problemas de layout relacionados com a disposição dos equipamentos e posturas inadequadas adotadas
pelos trabalhadores devido às condições de trabalho, todo o qual precisava de uma intervenção que permitisse
detectar os problemas e propor medidas que eliminem ou minimizem os riscos laborais.
Uma conclusão importante que os autores do presente trabalho chegaram é que existe uma forte sinergia entre os
aspectos que são tratados pela Ergonomia e a Segurança e Saúde no Trabalho e a Produção Mais Limpa. Ambas
trabalham em diminuir as situações de contaminação e ambas trabalham por melhorar as condições de trabalho e a
gestão ambiental; ambas têm como foco gerenciar adequadamente os resíduos e de minimizar sua geração.
REFERÊNCIAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Montmollin M. L’ergonomie. Paris: La Découverte, 125 p., 1990.
UNIDO/UNEP. Manual (a). Cleaner Production Assesment Manual. Part One. Introduction to Cleaner
Production. Draft, 30 June 1995a.
Programa de las Naciones Unidas para el Medio Ambiente - PNUMA. Producción limpia. Oficina Regional
para América Latina y el Caribe. Em: www.pnuma.org/industria/produccion_limpia.php. Acessado em: 23-032007.
Romm, J. J. Um passo além da qualidade: como aumentar seus lucros e produtividade através de uma
administração ecológica. São Paulo: Futura, 1996.
Batiz, E. C.; Gallo, O.; Souza, A. J. As condições de postura no trabalho em área de tratamento térmico: um
estudo de caso em uma empresa em Joinville. Anais ABERGO, 2006. Curitiba, 2006.
Osmond Ergonomics Workplace Solutions. Software Rula – Rapid Upper Limb Assessment. Em:
http://www.ergonomics.co.uk/rula/ergo/index.html. Acessado 22/05/2006.
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