CONTRIBUIÇÕES DE UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO PARA O CURSO DE
FONOAUDIOLOGIA, E VICE-VERSA, E PARA A INTEGRAÇÃO ENTRE
ALUNOS DA DISCIPLINA: PERCEPÇÃO DISCENTE
Temática: Teorias e Metodologias de Ensino
*
Sandra Regina Gimeniz-Paschoal, **Rita Aparecida de Oliveira e ***Edinalva
Neves Nascimento: UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”), Faculdade de Filosofia e Ciências, Câmpus de Marília, SP.
RESUMO
Graduandos de cursos com estrutura curricular compreendendo várias
disciplinas comumente reivindicam maior integração nas atividades
curriculares. Considerando tal reivindicação, dentre outras, foi reformulada uma
disciplina adotando-se com sucesso a estratégia de ensino "Prática de
Vivência" (interações com crianças em suas residências, relato em diários com
feedbacks escritos e reflexões em aula). Mas, diante de dificuldades
operacionais, a estratégia foi reformulada (incluindo visitas quinzenais e não
semanais; em duplas e trios, antes individuais) e reaplicada, necessitando
reavaliações. Assim, este estudo visou verificar as percepções discentes
acerca da contribuição da estratégia para o seu curso, e vice-versa, e para a
integração com os colegas. Participaram 30 discentes da disciplina
"Psicomotricidade Aplicada" do curso de Fonoaudiologia de uma universidade
pública do Estado de São Paulo. No relatório final da disciplina, dentre várias
questões, perguntou-se acerca das referidas contribuições. As respostas foram
classificadas em categorias. Quanto à contribuição das disciplinas para a
estratégia, 3 discentes responderam que todas as disciplinas do curso
contribuíram, 21 indicaram algumas e 6 não responderam. A disciplina citada
com maior freqüência foi "Desenvolvimento da Linguagem" (10 indicações).
Não responderam ao questionamento 6 alunos. Quanto à contribuição da
estratégia para as disciplinas, 5 alunos responderam que todas as disciplinas
do curso foram beneficiadas, 2 relataram que todos os estágios, 14 citaram
algumas disciplinas, 5 alguns estágios e 6 não responderam. A disciplina citada
com maior freqüência foi "Fonoaudiologia Educacional” (5 indicações). Quanto
à integração entre alunos, 23 indicaram que houveram pontos positivos
(discussão da vivência, troca de idéias, etc.), 5 apontaram pontos negativos
(dificuldade de conciliar horários, etc.) e 10 não responderam. Concluiu-se que
os discentes perceberam contribuições recíprocas entre a estratégia e o curso,
*
Professora Assistente Doutora do Curso de Fonoaudiologia e do Curso de Pós Graduação em Educação
da UNESP de Marília, e-mail: [email protected]
**
Doutoranda do Curso de Pós Graduação em Educação da UNESP de Marília, e-mail:
[email protected]
***
Mestranda do Curso de Pós Graduação em Educação da UNESP de Marília, e-mail:
[email protected]
2
bem como uma integração positiva com os colegas, mostrando a adequação
das reformulações e a necessidade de continuidade de aplicação da estratégia.
Palavras-chave: graduação, estratégia de ensino, fonoaudiologia.
INTRODUÇÃO
A preocupação com as questões educacionais do ensino superior em
nosso país tem sido comum.
De acordo com Moraes (1998), a universidade tende a apresentar como
característica uma universalidade de campo, ou seja, permitir que estudantes e
professores acessem diversos campos, realizem atividades extracurriculares,
façam parcerias com instituições, intercâmbios, entre outras, para se obter
uma formação global do estudante. Um estudante que só lê livros e faz cursos
direcionados à solução de problemas presentes e locais dificilmente aprenderá
algo que possa ajudá-lo a identificar e resolver problemas futuros. Se ele
aprender apenas aplicação de técnicas especializadas, nunca aprenderá como
solucionar problemas.
Para Feurwerker (2000), entretanto, nas universidades ainda faltam
currículos integrados e implantação de metodologias ativas de ensinoaprendizagem e devem ser introduzido na prática multiprofissional para os
estudantes os cenários dos serviços e da comunidade para que eles enfrentem
problemas reais desde o início de sua formação .
Em cursos da área da saúde as preocupações são ainda mais
presentes, em razão da natureza das atividades que os profissionais irão
desempenhar posteriormente.
Castanho (2002), realizou entrevista com 11 professores da área da
saúde e, entre outras questões, questionou sobre as técnicas de ensino
utilizadas por eles. Os professores realizavam aulas expositivas, utilizavam
atividades de leitura com apostilas próprias ou livros básicos e alguns
utilizavam trabalhos em grupo. Alguns falaram que a prática deveria estar
presente desde o primeiro ano dos estudos superiores, mas muitos não
3
apresentaram esta atividade didática frente aos alunos. Concluiu que a
formação generalista é a mais indicada, sendo importante a busca de
correlação entre a teoria e prática.
A preocupação com as questões educacionais no ensino de
graduação em fonoaudiologia não foge à regra e tem sido permeado por uma
série de reflexões nos últimos anos.
A pesquisa realizada por Pereira e Pires (1993) na PUC_SP entre 1984
e 1988 teve o objetivo de conhecer a formação que o curso de fonoaudiologia
proporcionava.
Foram
realizadas
entrevistas
com
10
profissionais
fonoaudiólogos que formaram-se na Instituição. Concluiu que era muito grande
a diferença entre a formação universitária e a realidade de trabalho que existia
fora dela; que quatro anos era pouco tempo para se conhecer a fonoaudiologia;
que os professores não estabeleciam relações entre a disciplina que lecionam
com a área da fonoaudiologia e que ocorria falta de integração entre teoria e
prática.
O fonoaudiólogo desenvolve sua atuação basicamente em
interação com pessoas, das mais diferentes faixas etárias. As disciplinas e
estágios profissionalizantes cumprem um papel importante no desenvolvimento
destas habilidades. É comum, entretanto, tais habilidades serem mais
trabalhadas no último ano de formação, quanto têm geralmente acúmulo de
tarefas e responsabilidades, como tem sido sinalizado, sobretudo, para o
processo de supervisão de atividades clínicas, com várias habilidades sendo
apontadas como necessárias (SASSI et.al., 1999; ROSAL et al.;1999). Assim,
seria importante que no seu Curso de Graduação, o aluno de fonoaudiologia
pudesse treinar habilidades desta natureza em disciplinas que ocorrem em
anos anteriores ao desenvolvimento maciço dos estágios curriculares.
O desafio neste processo de mudança é passar de uma prática
tradicional em que o aluno, nos primeiros anos do curso de graduação, é um
sujeito passivo para uma prática em que o estudante seja ativo, crítico/reflexivo
de sua aprendizagem, capaz de superar desafios, resolver problemas, tendo o
professor como facilitador e orientador desse processo.
Neste contexto, os impactos diretos e indiretos das mudanças das
políticas públicas e das iniciativas inovadoras no campo da educação parecem
despertar nos alunos de fonoaudiologia anseios de desfrutarem de novas
4
situações
de
ensino,
mais
enriquecedora
e
favorecedoras
do
seu
desenvolvimento. Porém, mesmo que seus posicionamentos possam ser
valiosos para a reorganização de atividades das quais participam durante sua
formação (MAGOLO e GIMENIZ-PASCHOAL, 1998a), nem sempre são
ouvidos ou estimulados a analisar como percebem as diferentes situações de
ensino formal que vivenciam e se estas favorecem de alguma forma o seu
desenvolvimento.
Movimentações também têm ocorrido por parte de docentes no
sentido de refletir sobre sua atuação (MOURA e OLIVA, 1997; MAGOLO &
GIMENIZ-PASCHOAL, 1998b) e analisar mais profundamente aspectos do
processo de ensino e aprendizagem, o que seria altamente desejável,
sobretudo tendo em vista efetividade do ensino (SOUZA FILHO, 1996;
PASQUALI e ALVES, 1999), mas geralmente não ocorre uma mobilização
coletiva para um empreendimento que envolva um curso como um todo.
A despeito deste cenário de mobilizações, dificuldades têm sido
sentidas para a reorganização dos currículos dos cursos.
A
reconhecida
estrutura
tradicional
de
transmissão
de
conhecimento é um dos obstáculos. São escassos os subsídios pedagógicos
nos cursos preparatórios de professores para refletirem sobre este modelo de
formação. Geralmente os professores aprenderam seu “oficio” desta forma e o
reproduzem. A adoção de novas metodologias implica em lidar com resultados
desconhecidos que são postergados em relação ao que já se conhece.
Na busca de alternativas para este panorama, encontrou-se na
literatura as propostas de Drachenberg e Dolci (1996), denominadas “Projeto
Alude” e a “Prática de Vivência” que se tratava da descrição e análise de
experiências de ensino das citadas autoras, das quais a própria autora havia
participado enquanto aluna de graduação. Entretanto, das duas estratégias
arroladas, a segunda pareceu mais adequada aos propósitos de mudança na
disciplina “Psicomotricidade Aplicada”, e, portanto escolhida.
A estratégia “Prática de Vivência” descrita por Drachenberg e
Dolci (1996) tem suas principais características dispostas no Quadro 1:
5
QUADRO 1: Distribuição das principais características da estratégia “Prática de Vivência”
descrita por Drachenberg & Dolci (1996).
- Foi planejada para o ensino em psicologia.
- Volta-se para o desenvolvimento de conhecimentos e também de habilidade de atitudes
necessárias ao futuro profissional.
- Aluno vive ao mesmo tempo processo de aprendizagem e de avaliação.
- Envolve visitas semanais à residência de pessoas mais desfavorecidas.
- São necessárias interações com uma criança e seus familiares.
- O total de atividades é para ser desenvolvido durante um semestre letivo.
- São conjuntos de atividades encadeados entre si e com dificuldades progressivamente mais
complexas (tanto quanto à técnica quanto à forma de interação).
- Cada conjunto tem uma folha de informação com instruções detalhadas de como proceder, bem
como uma folha introdutória com todo o processo em linhas gerais.
- O aluno deve desenvolver cada conjunto de atividades antes de passar para o conjunto
seguinte.
- Integra num mesmo conjunto a interação e o posterior relato por escrito da mesma.
- Cada relato é comentado em detalhes pelo docente antes de passar para o próximo conjunto.
- Pode contar com o auxílio de monitores.
- Discussões sobre teoria e prática são feitas em sala de aula.
- Oferece oportunidade de desenvolver atuação educacional e preventiva.
- O aluno pode ir identificando teorias e técnicas e sua adequação a diferentes situações.
- Aprende-se técnicas, mas devolve-se algo para as pessoas.
Como
pode-se
observar
no
QUADRO
1,
as
principais
características da estratégia “Prática de Vivência” abrangem um conjunto de
atividades de campo cuidadosamente planejados, encadeados entre si, com
dificuldades progressivamente complexas, envolvendo o aprendizado de
conteúdos da disciplina e de habilidades importantes para a atuação
profissional, interações com pessoas e o posterior relato das mesmas. Os
alunos participam ativamente, recebem constantes instruções e feedbacks para
suas atividades, exercitam a reflexão na e sobre a ação e a expressão oral e
escrita sobre a experiência.
Tomando por base as características acima arroladas e as necessidades
de alteração da disciplina, foi possível identificar as possibilidades de
adaptação da estratégia para ser testada quando do oferecimento da disciplina
“Psicomotricidade Aplicada”. Tais possibilidades foram dispostas no QUADRO
2:
QUADRO 2: Distribuição dos indicadores de possibilidades de adaptação da estratégia “Prática
de Vivência”, descrita por Drachenberg & Dolci (1996), para a disciplina
“Psicomotricidade Aplicada”.
6
- Foi indicada pelas próprias autoras como sugestão para outras disciplinas de outros Cursos,
não importando área do conhecimento (mas especial para quem trabalha com psicologia e
educação, particularmente em disciplinas como psicologia do desenvolvimento, da criança,
institucional e afins).
- É estratégia já testada, com sucesso (foi oferecida pelas próprias autoras, com reformulações,
por 4 anos seguidos, junto a diferentes séries e disciplinas do Curso).
- A prática de vivência se refere à experiência em disciplina da graduação.
- Facilita a integração da teoria com a prática.
- Diferente do que comumente se encontra na literatura pedagógica, descreve o complexo de
forma simples.
- Explicita as tarefas a serem feitas, desde implantação até avaliação da mesma, de forma fácil e
com sugestões.
- Propicia condições para participação ativa do aluno e ensino que leva à emergência de
comportamentos típicos do profissional reflexivo.
- Favorece o desenvolvimento dos processos de “aprender a aprender” e “aprender fazendo”.
- Direciona a atuação para os extratos da comunidade que são em maior número e menos
assistido, especialmente crianças e seus familiares.
- Experiência enriquecedora para professor, aluno e população.
Pode-se notar no QUADRO 2 que, dentre várias possibilidades, a
estratégia é especialmente indicada para disciplinas da natureza da que é aqui
focalizada, pode ser desenvolvida em um semestre letivo, envolvendo uma
abordagem ativa de ensino-aprendizagem, que facilita a integração entre teoria
e prática e abrange uma população especial para os propósitos da disciplina no
interior do Curso de Fonoaudiologia.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo, que faz parte de um trabalho mais
amplo, foi verificar as percepções dos discentes acerca da contribuição da
estratégia “Prática de Vivência”, em sua segunda versão de aplicação, para o
seu curso de graduação, e vice-versa, e para a interação com os colegas que
realizaram as vivências.
MÉTODO
Ambiente: o estudo foi realizado junto ao Curso de Fonoaudiologia de uma
universidade pública do Estado de São Paulo.
Disciplina: foi alvo de estudo a disciplina obrigatória “Psicomotricidade
Aplicada”, prevista para o primeiro semestre do 3º ano do Curso de
7
Fonoaudiologia. A ementa estabelecida para esta disciplina, desde a criação do
Curso, prevê conhecimentos teóricos da área e especialmente os vivenciais.
Participantes: participaram todos os 30 alunos matriculados na disciplina,
distribuídos em 12 duplas e três trios.
Procedimentos: análise das descrições dos alunos no relatório final da
disciplina (o qual encerrou o diário de registros das atividades). Neste relatório
os alunos refletiram e responderam a diversas questões avaliativas sobre a
estratégia "Prática de Vivência". As respostas por escrito dos graduandos
foram organizadas, classificadas em categorias e dispostas em figuras e
tabelas.
RESULTADOS
As percepções dos alunos quanto às disciplinas do curso de
Fonoaudiologia que contribuíram para a “Prática de Vivência” podem ser vistas
na Figura 1. Observa-se que, dentre os alunos que responderam ao
questionamento (24 ou 80%), três indicaram que todas as disciplinas
contribuíram e 21 relataram que algumas forneceram contribuições.
25
21
20
15
10
5
6
3
0
Todas as
disciplinas
Algumas disciplinas
Não responderam
Figura 1: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes referentes às
disciplinas do curso de Fonoaudiologia que foram percebidas como tendo
contribuído com a estratégia “Prática de Vivência” (N=30).
Estes resultados mostrados na Figura 1 sugerem a potencialidade da
estratégia de ensino para aproveitar e integrar conhecimentos de outras
8
disciplinas do curso para a realização de uma atividade prática com crianças e
suas famílias.
As disciplinas citadas pontualmente como contribuintes para a
“Prática de Vivência” podem ser vistas na Tabela 1. Nota-se que foram mais
freqüentes
as
disciplinas
“Desenvolvimento
da
Linguagem”
(com
10
indicações), “Psicomotricidade” e “Distúrbio da Fluência” (ambas com cinco
indicações).
Embora não tenha ocorrido unanimidade quanto à indicação das
disciplinas que contribuíram para a “Prática de Vivência”, a diversidade delas
aponta para a versatilidade de conhecimentos que podem ser integrados à
experiência que a estratégia de ensino possibilita, favorecendo tanto uma
integração horizontal (com as disciplinas do mesmo ano em que o aluno estava
cursando) como uma integração vertical (disciplinas já cursadas pelos alunos
em anos anteriores).
Tabela 1: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes de acordo com
as disciplinas do curso de Fonoaudiologia que foram percebidas como tendo
contribuído para a estratégia de ensino “Prática de Vivência” (N=21).
DISCIPLINAS
Desenvolvimento da Linguagem
Psicomotricidade
Distúrbio da Fluência
Psicologia do Desenvolvimento I
Disciplinas da área da Psicologia
Fonoaudiologia Aplicada I
Psicologia do Desenvolvimento II
Avaliação da Fala e da Linguagem
Fonoaudiologia Educacional
Audiologia
Motricidade Oral
Voz
Articulação
Fonoaudiologia Aplicada III
TOTAL
FREQUÊNCIAS ABSOLUTAS
10
5
5
4
3
3
2
2
2
1
1
1
1
1
41
As percepções dos alunos quanto à contribuição da estratégia
“Prática de Vivência” para as outras disciplinas e estágios do mesmo curso de
graduação podem ser vistas na Figura 2. Observa-se que dentre os
respondentes (24 alunos ou 80% do total de participantes), cinco indicaram
contribuições para todas as disciplinas, 2 para todos os estágios, 14 apontaram
9
o benefício da estratégia de ensino para algumas disiciplinas e 3 para alguns
estágios.
16
14
12
10
8
6
4
2
0
14
6
5
3
2
Todas as
disciplinas
Todos os
estágios
Alguns
estágios
Algumas
disciplinas
Não
responderam
Figura 2: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes referentes às
disciplinas e estágios do curso de Fonoaudiologia que foram percebidas como
tendo recebido contribuições da estratégia “Prática de Vivência” (N=30).
Os resultados da Figura 2, tal como na Figura 1, apontam a
pertinência da estratégia de ensino para favorecer a integração dos
conhecimentos
e
experiências
vivenciadas
com
as
outras
atividades
curriculares do curso de graduação que estavam cursando. Além disso,
comparando-se os resultados percebidos pelos alunos quanto à contribuição
do curso para a estratégia e da estratégia para o curso, nota-se que neste
último caso a percepção da contribuição de totalidade foi mais freqüente (três
indicações na Figura 1 e sete indicações na Figura 2), sendo o inverso para as
contribuições parciais, talvez sugerindo a possibilidade de uma ampla
contribuição da estratégia para a formação dos graduandos com maior
integração de conhecimentos.
As disciplinas e estágios do curso citados pontualmente como
beneficiados com a “Prática de Vivência” podem ser vistos na Tabela 2. As
disciplinas tiveram freqüências de indicação muito próximas, sendo as
primeiras
em
ordem
de
predominância
a
disciplina
”Fonoaudiologia
10
Edcuacional” com cinco indicaçãoes e a disciplina “Distúrbios da Fluência” com
quatro indicações.
Constata-se na Tabela 2 que, a despeito de serem relatados um
número menor e menos diversificado de disciplinas do que anteriormente
mostrado na Tabela 1, foram ainda diversas as disciplinas e estágios do curso
de Fonoaudiologia que foram percebidas como sendo beneficiadas pela
estratégia de ensino adotada, confirmando a potencialidade de integração de
conhecimentos da estratégia.
Tabela 2: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes de acordo com
as disciplinas e estágios do curso de Fonaudiologia que foram percebidos com
recebendo contribuições da estratégia “Prática de Vivência” (N=17).
DISCIPLINAS E ESTÀGIOS
Fonoaudiologia Educacional
Distúrbio da Fluência
Desenvolvimento da Linguagem
Estágios de Linguagem
Fonoaudiologia Aplicada I
Avaliação da Fala e Linguagem
Avaliação e Diagnóstico Fonoaudiológico
Avaliação da Linguagem Escrita
TOTAL
FREQUÊNCIAS ABSOLUTAS
5
4
3
3
3
3
2
1
24
Na Figura 3 constam as indicações dos discentes em resposta ao
questionamento de perceberem pontos positivos para a integração com o
colega em que realizou as atividades propostas na estratégia. Verfica-se 23
alunos apontaram pontos positivos. Portanto, a grande maioria dos discentes
indicou adequação da estratégia para promover a integração entre discentes,
um aspecto importante p7ara a formação dos alunos, uma vez que muito
provavelmente realizarão atividades profissionais integrando-se cm outras
pessoas.
Pode-se visualizar na Tabela 3 as especificações dos pontos positivos
apontados pelos discentes. Predominaram a discussão das atividades
realizadas, com nove indicações, e a troca de idéias entre os parceiros, com 6
indicações. Nota-se, entretanto, que foram os aspectos positivos foram em
11
grande número e diversificados, sinalizando a potencialidade da estratégia para
a integração entre discentes.
25
23
20
15
10
7
5
0
Apontaram pontos positivos
Não responderam
Figura 3: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes referentes aos
pontos positivos que foram percebidos ao realizarem as atividades da “Prática
de Vivência” em duplas ou trios (N=30).
Tabela 3: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes de acordo com
os pontos positivos percebidos ao realizar a “Prática de Vivência” em duplas ou
trios (N=23).
PONTOS POSITIVOS
Possibilitou discutir as atividades a serem realizadas e os fatos ocorridos
durante as vivências
Trocar idéias
Discutir o material teórico
Discutir o desenvolvimento da criança
Trocar conhecimentos
A observação e a realização de atividades em dupla é mais rica
Revezar os relatos no caderno
Uma aluna complementava a observação feita pela outra
Dividir as experiências
Compartilhar as dificuldades
Trabalhar em conjunto com a criança
Elaborar as atividades em conjunto
O relato ficou mais minucioso
Já estavam acostumadas a realizar trabalhos juntas
Dividir o trabalho manual
TOTAL
FREQUÊNCIAS
ABSOLUTAS
9
6
4
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
36
12
A Figura 4 contém as informações fornecidas pelos discentes quando
questionados sobre os pontos negativos da estratégia. Foram obtidas apenas
cinco indicações de aspectos negativos. Tal resultado se mostra coerente com
o apontado na Figura 3 e confirma a adequação da estratégia para a
integração entre alunos.
16
15
14
12
10
10
8
5
6
4
2
0
Não apontaram
pontos negativos
Apontaram
pontos negativos
Não responderam
Figura 4: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes referentes aos
pontos negativos que foram percebidos ao realizarem as atividades da “Prática
de Vivência” em duplas ou trios (N=30).
As especificações dos pontos negativos para a integração entre
discentes pode ser vista na Tabela 4. Com maior freqüente foi citada a
dificuldade de conciliar horários entre os colegas, com quatro indicações, e
problemas pessoais dos alunos, com 3 indicações. Tais resultados mostram
que as reduzidas inadequações percebidas se voltaram mais para aspectos de
âmbito pessoal e não ligados estritamente às características intrínsecas da
própria estratégia.
Considerando-se os não respondentes, pareceu também necessário
incentivar os discentes a participarem mais ativamente da apreciação do
processo vivenciado, exercitando a reflexão sobre a ação.
13
Tabela 4: distribuição das freqüências absolutas de indicações dos discentes de acordo com
os pontos negativos que foram percebidos ao realizarem a “Prática de Vivência”
em duplas ou trios (N=23).
PONTOS NEGATIVOS
FREQUÊNCIAS
ABSOLUTAS
Conciliação dos horários entre as alunas
Problemas pessoais
Depender da outra aluna para que a vivência fosse bem sucedida
TOTAL
4
3
1
8
CONCLUSÕES
Concluiu-se
que
os
graduandos
perceberam
a
disciplina
“Psicomtricidade Aplicada” e a estratégia “Prática de Vivência” nela incluída
com reformulações, como uma importante fonte para o integração entre as
disciplinas do curso de Fonoaudiologia e vice-versa, bem como para a
integração positiva entre os colegas de curso que compartilharam a realização
das atividades propostas. A referida estratégia, portanto, mostrou-se valiosa,
fortalecendo a necessidade de continuidade da sua aplicação e sendo uma
sugestão para outras disciplinas de cursos de graduação em fonoaudiologia ou
de outras áreas do conhecimento.
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contribuições de uma estratégia de ensino para o curso