Consumidor
O Estado do Maranhão - São Luís, 21 de fevereiro de 2015 - sábado
7
Com alta dos juros, compra da casa
própria deve ser melhor planejada
Consumidor que é cliente da Caixa Econômica Federal foi o mais prejudicado com a elevação das taxas de juros
para o financiamento imobiliário, em vigor há pouco mais de um mês, segundo a Proteste; consultor dá dicas
Arquivo
S
ÃO PAULO - O aumento
das taxas de juros do financiamento imobiliário
pela Caixa Econômica Federal
para os financiamentos feitos depois do dia 19 de janeiro vem
preocupando em quem se planejou para realizar este sonho
ainda este ano. Contudo, antes
de o consumidor entrar em pânico, é necessário entender o que
está acontecendo, sendo que os
financiamentos do programa
Minha Casa, Minha Vida e do
Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) não foram afetados com essa alta nas taxas de juros. Na realidade, foram alteradas apenas as taxas nas operações com recursos da poupança,
só valendo para quem tem renda acima de R$ 5,4 mil.
O consumidor que é cliente
da Caixa Econômica Federal foi
o mais prejudicado com a elevação das taxas de juros para o financiamento imobiliário, avaliou a Proteste Associação de
Consumidores.
A alta do Custo Efetivo Total
(CET) foi maior para os imóveis
financiados pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI),
que envolve financiamentos com
valores superiores a R$ 750 mil
para São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Distrito Federal,
ou R$ 650 mil para os demais estados. Os juros aumentaram
principalmente para quem é
cliente do banco, ou seja, que tem
qualquer tipo de relacionamento com a instituição financeira.
Então, como fica para quem
quer comprar a casa própria es-
Ao optar pelo financiamento da casa própria, o consumidor deve ficar atento não só às taxas de juros, mas ao planejamento financeiro
te ano? Na avaliação do educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira, se essa já for uma
decisão, o melhor negócio sempre é comprar à vista, pois não
paga juros e também tem a vantagem de conseguir um bom
desconto na maioria das vezes.
“Mas, mesmo assim, alguns cui-
Simulação da Proteste
apontou diferenças de
custo de até R$ 137 mil
Comparativo teve por
base financiamento
imobiliário com novas
taxas para dois perfis
A Proteste Associação de Consumidores simulou valores de financiamento imobiliário com as
novas taxas para dois perfis e
comparou com o último estudo,
feito em 2014. A diferença pode
ser de R$ 137.591,05 para um
imóvel de R$ 800 mil, financiado
pelo o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) para o consumidor
sem nenhum tipo de relacionamento com o banco (taxa balcão). No estudo anterior, o valor
pago no término do financiamento era de R$ 1.370.251,58.
Com a elevação dos juros, o valor passa a ser de R$ 1.507.842,63.
E para um imóvel de R$ 400
mil financiado pelo Sistema de
Financiamento Habitacional
(SFH), para o consumidor com
relacionamento e conta salário
na instituição financeira, o valor
do financiamento foi de R$
748.053,91 no estudo anterior. Se
for aplicada a elevação dos juros,
sairá por R$ 767.449,48. Uma diferença de R$ 19.395,57.
Para os imóveis financiados pelo SFH, até R$ 750 mil, em SP, RJ,
MG e DF e até RS 650 mil para os
demais estados, a taxa de juros sofre alteração para os consumidores que têm relacionamento com
a Caixa e permanece a mesma para quem não é cliente do banco.
dados são necessários, principalmente em relação aos gastos extras, que são consideráveis, com
taxas cartoriais e bancárias, além
de itens como mudança, condomínio e mobília. As famílias não
pensam nestes pontos e aí que
se endividam”, alerta.
Entretanto, ele lembra que
pagar à vista não é a realidade
para a maioria dos brasileiros,
como segunda opção recomendo um consórcio para quem
não tem urgência em mudar e
tem disponibilidade de uma
verba de investimento mensal.
“Neste caso se pagará menos e
se tiver sorte poderá ser sorteado e ganhar a casa rapidamente, além de também poder eco-
Dicas
- Antes de se decidir pela compra do imóvel, avalie todos os custos.
Além das taxas de juros, não se esqueça de avaliar o Custo Efetivo Total (CET), pois esta é a melhor forma de saber qual financiamento é o
mais vantajoso. Quanto menor o CET, mais baixo será o custo do financiamento. Os bancos são obrigados a informar o CET, inclusive nos anúncios.
- Financiar um imóvel não é uma decisão simples. Não apenas por se
tratar de uma dívida de longo prazo, mas por ser um processo complexo e burocrático.
- Na hora de fazer as contas, não esqueça que a compra de um imóvel
tem outros custos, além do financiamento. Reserve recursos para pagar as certidões (registros) e os impostos. Além disso, será preciso pagar o Imposto de Bens Imóveis (ITBI) ao município onde está a propriedade. Só depois será possível dar entrada na nova escritura.
- Se possível, use o saldo do FGTS como entrada, diminuindo o valor financiado. Lembre-se de quanto maior a entrada, menor será o seu financiamento.
- Se puder, poupe por um ano o valor equivalente ao que pagaria no financiamento. É uma boa experiência de poupança, que ainda pode aumentar o valor dado de entrada.
- Periodicamente, saque seu FGTS
e amortize parte do saldo devedor. Faça o mesmo com qualquer renda extra, como férias
e 13º salário. Tente não prolongar a dívida, pois pode não
valer a pena.
nomizar para dar um lance com
economias extras”, ressalta.
Compromisso - Reinaldo Domingos afirma que, depois destas opções, vem o financiamento, que também é uma opção de
compra interessante, o grande
problema é que, ao comprar
uma casa financiada, se firma-
rá um compromisso mensal. A
dica para poupar é fazer uma estimativa dos gastos totais, avaliar quanto falta para atingir o
montante e diagnosticar quanto pode ser posto de lado por
mês para fazer face às despesas.
Também é fundamental ter
em mente, segundo Reinaldo
Domingos, que com o financiamento se estará contraindo uma
dívida de valor, que deverá ser
honrada mensalmente e que
existem os juros que, somados
ao longo do contrato, podem
significar o pagamento de duas
até três casas.
No caso de pagar aluguel, o financiamento pode ser uma ótima alternativa, deixando de pagar esse valor sem retorno futuro
para pagar a prestação de algo
que será seu. Se a pessoa não pagar aluguel, uma ótima alternativa é guardar o valor da prestação do financiamento, em qualquer tipo de investimento conservador, assim, em sete ou oito
anos poderá comprar a casa à vista e não pagar juros. É preciso entender que o dinheiro aplicado
rende juros, enquanto que o financiamento se paga juros.
Segundo o especialista, um
grande problema enfrentado
para a realização do sonho de
uma casa própria são as dívidas
sem valor, aquelas contraídas
nas compras de produtos e serviços que muitas vezes não
agregam valor. Estas acabam
desequilibrando o orçamento
financeiro mensal e com isso
perde o foco no bem de valor
que é a casa.
Download

Com alta dos juros, compra da casa própria deve ser melhor