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Quarta-feira
11 de novembro de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia
ENERGIA
Aneel discute como usar
sobra da bandeira tarifária
JOÃO MATTOS/JC
Ideia é que o saldo seja utilizado para gerar desconto maior na conta
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu audiência pública para permitir que
as sobras de arrecadação da
bandeira tarifária possam ser
usadas para gerar um desconto maior nas contas de luz nos
próximos reajustes tarifários das
distribuidoras. Pela proposta,
esse saldo remanescente da Conta de Bandeiras Tarifárias passaria a ser corrigido pela Selic, resultando em um impacto mais
relevante nos próximos processos tarifários.
Mesmo com a redução do
preço da bandeira vermelha de
R$ 5,50 por 100 killowatts-hora
consumidos para R$ 4,50 desde
setembro, no momento a arrecadação da bandeira vermelha é
maior do que a necessária para
cobrir os custos com a compra
de energia mais cara das usinas térmicas.
Pelas regras do regime das
bandeiras tarifárias, os valores
pagos a mais nesse momento
pelos consumidores deverão ser
compensados nos próximos reajustes anuais das contas de luz.
Com a correção pela Selic, a compensação do saldo remanescente
de 2015 será mais vantajosa para
os usuários de energia elétrica.
Até o fim do ano, a Aneel
também deverá deliberar sobre
os valores das bandeiras tarifárias para o ano de 2016. Existe
ainda uma proposta para se estabelecerem patamares intermediários para as bandeiras.
Ontem, a Aneel o edital para
o leilão A-1 de 2015 marcado para
1 de dezembro, voltado para a
contratação de energia de empreendimentos já existentes. O
início do fornecimento será em
janeiro de 2016 e o certame contará com contratos de um, três e
cinco anos.
Protocolo para novo gasoduto será assinado hoje
Será assinado hoje, em Uruguaiana, o protocolo de integração energética entre o Brasil e a
Província de Corrientes, da Argentina, visando a construção de
um novo gasoduto ligando cinco
países da América do Sul: Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil.
Em agosto, o assunto já havia
sido tema de reunião na Secretaria de Minas e Energia, quando
ficou acertada a assinatura do
termo. Na ocasião, o grupo deliberou que a obra deverá partir
da cidade de Yacuíba, localizada
a três quilômetros da fronteira
dos territórios boliviano e argentino. Em seguida, passa pelo Paraguai, Corrientes, e, nesse ponto, uma bifurcação apontaria o
gasoduto para o Uruguai e para a
Fronteira-Oeste gaúcha. Trata-se
da primeira vez em que a ideia é
colocada em pauta, e não há prazo para início e término das pesquisas de viabilidade. A partir
da assinatura do documento, as
instituições financeiras internacionais serão procuradas para financiar os estudos. A ideia pode
solucionar o problema de falta de
combustível da AES Uruguaiana.
De acordo com o secretário estadual de Minas e Energia,
Lucas Redecker, tudo dependerá do custo envolvido, de quanto o Brasil arcaria nesse total,
da projeção de preço do gás e,
principalmente, da capacidade de fornecimento. Tais questões serão avaliadas no estudo
técnico. “Nos termos e moldes
do transporte de gás que chega
a Uruguaiana hoje, não nos serve. O estudo terá que apresentar
condições de fornecimento constante de longo prazo e sem variações. Se tiver bom fluxo, talvez
possamos distribuir para outros
pontos do Estado”, explica.
Segundo o prefeito de Uruguaiana, Luiz Augusto Schneider
(PSDB), a obra seria uma solução “firme” para a termelétrica
da cidade. “Pensamos no gasoduto como uma possibilidade de
fornecimento para uma série de
atividades industriais, criando
condições diferenciadas para a
atração de empresas à Fronteira-Oeste”, afirma. Além disso, em
um segundo momento, será avaliada a possibilidade de expandir
o empreendimento por outras regiões do Rio Grande do Sul.
Francisco Romário assume a presidência da CGTEE
O engenheiro eletricista
Francisco Romário Wojcicki tomou posse ontem como presidente da Eletrobras CGTEE. Vindo
do Ministério de Minas e Energia
(MME), substitui Sereno Chaise,
que desde 2006 exercia o cargo
de presidente.
Segundo Romário, a sua indicação renova e aumenta seu
empenho em assegurar ambiente propício a recuperação financeira da empresa, em assegurar
ações em defesa do carvão mineral, recurso considerado importante para o Estado e para o País.
Na sua opinião, assegurar novos
investimentos, participações em
leilões futuros, expansão da em-
CGTEE/DIVULGAÇÃO/JC
Romário destaca a relevância
da geração termelétrica no País
presa e ampliação do parque gerador, com estratégia, regras claras e efetivas, são fundamentais.
Romário frisa que no cenário a atual a geração termelétrica terá relevante destaque para o
fortalecimento da segurança do
Sistema Interligado Nacional. “É
neste cenário favorável que surgirão novas oportunidades de
expansão do nosso parque gerador e para uma maior participação do carvão na geração de
base do Setor Elétrico Nacional,
principalmente ao lembrarmos
que o aproveitamento do potencial hidráulico existente no Brasil
tende, nos próximos anos, ao seu
limite”, completa.
Regime cobre os custos com a compra de energia mais cara das usinas
Para o fornecimento de fontes hidrelétricas, o preço de referência do leilão será de R$ 149,00
por megawatt-hora (MW/h). Para
termelétricas com contratos de
um ano (até o fim de 2016), o preço será de R$ 167,00 por MW/h.
Quanto às térmicas com contratos de três anos (até o fim de
2018), o preço será de R$ 137,00
por MW/h. E para as térmicas
contratadas por cinco anos (até
o fim de 2020), o preço será de
R$ 112,00 por MW/h.
COMBUSTÍVEIS
Venda de etanol em outubro atinge
recorde de 1,7 bilhões de litros
As vendas de etanol hidratado pelas unidades produtoras
da região Centro-Sul em outubro
somaram 2,74 bilhões de litros
(+27%), dos quais 272,92 milhões
de litros direcionados à exportação e 2,47 bilhões de litros ao
mercado interno. Os dados foram
divulgados ontem pela União
da Indústria de Cana-de-açúcar
(Unica).
O mercado doméstico de hidratado continua aquecido. Em
outubro deste ano, o volume comercializado pelos produtores
do Centro-Sul atingiu o recorde
de 1,7 bilhão de litros, apresentando crescimento de 36,04%
frente aos 1,25 bilhão de litros registrados em igual mês de 2014.
“O volume de hidratado
vendido em outubro é o maior
já registrado no Centro-Sul, superando em mais de 5% o recorde anterior, de 1,61 bilhão de
litros, observado em setembro
de 2010”, destacou o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
As vendas internas de anidro, por sua vez, totalizaram
763,34 milhões de litros em outubro deste ano, contra 824,47
milhões de litros apurados no
mesmo período do último ano.
No acumulado de abril até o fim
de outubro, as vendas de etanol alcançaram 17,77 bilhões de
litros, sendo 16,54 bilhões de litros destinados ao abastecimento
doméstico e 1,23 bilhão de litros
ao mercado internacional. O volume total comercializado neste
ano apresenta um crescimento
de 25,36% em relação aos 14,18
bilhões de litros comercializados até o mesmo período da safra passada.
Segundo a Unica, o volume
de cana-de-açúcar processado
pelas usinas e destilarias do Centro-Sul do Brasil alcançou 38,38
milhões de toneladas na segunda quinzena de outubro, volume 11,35% maior na comparação
com as 34,47 milhões de toneladas observadas em igual período
de 2014. No acumulado da safra
2015/2016, iniciada em abril, até
1 de novembro, o processamento
de cana na principal região produtora do País somou 518,82 milhões de toneladas, 0,68% mais
ante as 515,32 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo do ciclo anterior.
Conforme Rodrigues, “no
ano passado, a seca reduziu a
quantidade de cana-de-açúcar
disponível paramoagem, antecipando o fim da safra”. “Neste ano, a maior oferta de matéria-prima deve fazer com que
a moagem avance até dezembro na maior parte das unidades produtoras.”
No último ano, 47 unidades
produtoras haviam encerrado
a safra antes de 1 de novembro,
enquanto que em 2015 apenas 15
empresas finalizaram o processamento até tal data.
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