Falando de imagem
Marcelo Valle1
Mas por que fotografar?
Em quê o uso da fotografia poderá nos ajudar alcançar os objetivos da escola? Algumas
possíveis respostas:
• É uma forma de comunicação universal;
• Desperta o interesse espontâneo em crianças, jovens e adultos;
• Registra imagens carregadas de sentido e significado;
• É, hoje, uma tecnologia cada vez mais popular, de fácil acesso;
• Serve como ponte entre diversas áreas de conhecimento;
• Permite uma leitura crítica dos fatos, podendo demonstrar ou enunciar pontos de
vistas particulares;
• Exercita a diversidade de olhares sobre fatos importantes em nossas vidas, assim
como sobre eventos cotidianos;
• Permite a criação de “mapas visuais” das comunidades e das escolas;
• Mostra a continuidade e a ruptura, aquilo que fica e/ou muda na transformação
histórica do tempo e do espaço, servindo para mostrar quem fomos e quem somos;
• Estimula a troca de experiências e qualifica o contato com diferentes pessoas e
lugares.
Enfim...
A fotografia é a parte visível de uma realidade que se encontra em constante movimento.
Fotografar, portanto, é fazer um recorte do espaço e um instante do tempo, atribuindo valor
ao que registramos.
1
Jornalista e fotógrafo.
Histórias de luz
A fotografia, claro, não surgiu de uma hora para outra. Ela nasceu do acúmulo de
conhecimentos de diversos povos, de diferentes épocas e lugares. Os chineses e os gregos, por
exemplo, já conheciam alguns princípios da ótica, baseados, sobretudo, na observação da
natureza. Ótica, vale lembrar, é a parte da física que estuda a luz, os espelhos e as lentes.
Em termos etimológicos, a palavra fotografia é a junção de dois radicais gregos: photos, que
significa luz; e graphos, que significa escrever. Assim, o princípio básico do ato de fotografar –
ou seja, de “escrever com luz” – é sempre o mesmo, seja ela analógica ou digital: a
sensibilização de uma superfície pela ação direta da luz.
O filósofo grego Aristóteles já descrevia alguns fenômenos óticos que mais tarde viriam a ser
utilizados na fabricação da “Câmara Escura” – invento que muitos consideram como o
precursor das atuais máquinas fotográficas. A Câmara Escura nada mais é do que um
compartimento fechado (uma caixa, por exemplo) com uma pequena abertura que permite a
entrada de luz. A luz, ao entrar pela abertura, projeta na parede oposta ao orifício a imagem
daquilo que está fora da caixa. Vejamos a figura abaixo:
Algumas substâncias são sensíveis à luz, sofrendo algum tipo de alteração quando expostas;
por isso, são chamadas de fotossensíveis. O desenvolvimento da física, da química e da
biologia permitiu que a imagem formada no fundo da Câmara Escura fosse fixada através de
diferentes processos, dando origem a fotografia como conhecemos hoje.
A luz é essencial não só para que todo processo aconteça, mas também para o próprio
resultado da foto. Sua intensidade, direção e tipo vão dar diferentes efeitos na foto,
determinando sua expressão plástica, como volume, textura, profundidade, sombras. Ela cria o
“clima” da foto.
Tipos de Luz:
- Luz natural: que vem do sol ou de algum corpo celeste, como a lua.
- Luz artificial: produzida intencionalmente, vinda de lâmpadas, refletores, flashes e até
mesmo tochas ou velas.
- Luz ambiente: que pode ser a mistura de luzes artificiais e luz natural, como um quarto
iluminado por uma janela e uma lâmpada.
Dicas para usar luz natural
A luz do sol varia com o horário podendo ser mais “dura” ou mais “suave”, variando também
sua forma de incidência, dando volume e texturas diferentes.
A luz pode ser direta (“dura”), num dia de céu aberto, gerando sombras bem marcadas, curtas
e contrastadas. Não é indicada para retratos, pois deixa muitas sombras no rosto.
A luz difusa, como num dia nublado, é mais suave, se distribuindo mais igualmente, dando um
tom mais sutil e uniforme. Mais favorável para retratos. As luzes do começo da manhã e do
final da tarde são mais suaves, incidindo lateralmente, formando sombras longas e dando mais
volume e textura.
Observação: recomenda-se o uso do tripé quando a iluminação está fraca. Se não tiver um
tripé podemos apoiar em objeto que dê estabilidade, como uma cadeira, mesa ou até mesmo
uma árvore.
A posição do fotógrafo em relação à fonte de luz também é muito importante:
• Se a fonte de luz principal está vindo de suas costas a cena estará “bem iluminada”.
Foto: Marcelo Valle
• Se a fonte de luz estiver vindo em direção à câmera, iluminando o objeto que queremos
fotografar por trás, chamamos de contra-luz (o objeto fotografado está entre o fotógrafo e
a fonte principal de luz). Isso permite uma foto da silhueta, assunto ou objeto principal fica
escuro e o fundo fica iluminado.
Foto: Dyego Rodrigues
O assunto, o fotógrafo e a tecnologia
“... para aqueles que podem ver, a existência se passa num rolo de imagens que se
desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou
moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposição de
significado) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens
traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais
tentamos abarcar e compreender nossa existência. As imagens que formam nosso
mundo são símbolos, sinais, mensagens e alegorias. Ou talvez sejam apenas
presenças vazias que completamos com o
nosso
desejo,
experiência,
questionamento e remorso. Qualquer que seja o caso, as imagens , assim como as
palavras, são a matéria de que somos feitos.”
Alberto Manguel, ”Lendo Imagens: Uma História de amor e ódio”
O cotidiano é uma narrativa em que, dia a dia, vamos moldando nossa história num desenrolar
de imagens. Toda fotografia tem sua origem na necessidade ou no desejo de alguém. Assim,
ela é essencialmente uma imagem que “nasce” de uma escolha, através de um recorte no
espaço e de um instante no tempo.
Para o fotógrafo e pesquisador Bóris Kossoy, três elementos são essenciais para a realização de
uma fotografia: o assunto, o fotógrafo e a tecnologia. O produto final é a fotografia, que nada
mais é do que o resultado da escolha de um assunto (num determinado espaço/tempo),
utilizando recursos tecnológicos (máquina).
O assunto: tema escolhido, o referente fragmento do mundo exterior (natural, social, etc.).
“O que” se vai fotografar.
“Quase”” tudo pode ser fotografado, o homem e sua vida sobree a terra (suas atividades), a
natureza e suas manifestações,
ões, o ínfimo e o grandioso. A fotografia,
f
desde sua “invenção”,
“invenção”
vem sendo utilizada das mais diferentes maneiras, na medicina, na indústria, no comércio, nas
artes, nas ciências sociais, na comunicação, sobretudo
sobretudo na família, no registro dos momentos
importantes de nossas vidas.
O fotógrafo:: o autor do registro, agente e personagem do processo. “Quem” vai fotografar.
O fotógrafo é aquele que faz a escolha, seleciona um momento do real, com seu respectivo
tratamento estético (faz a organização visual dos detalhes). Ele é alguém que tem uma visão
de mundo, uma história, uma ideologia, uma bagagem cultural. Sendo assim, toda essa
ess carga
vai influenciar no momento de sua fotografia.
fotografia. Ele pode estar fotografando para si, como forma
de expressão pessoal ou a serviço de alguém (uma
(
revista ou empresa, por exemplo),
exemplo) o que de
alguma forma vai também influenciar na fotografia.
A tecnologia:: materiais fotossensíveis, equipamentos e técnicas
técnicas empregados para a
obtenção do registro, diretamente pela ação da luz. “Com que” vai fotografar.
Independentemente da fotografia ser obtida através de um processo analógico (com filme) ou
digital, o princípio básico continua o mesmo: o realce de uma
uma superfície pela ação direta da
luz. Os resultados de uma fotografia vão sempre depender de uma equação em que se
controla o tempo de exposição e a quantidade de luz que chega até essa superfície sensível.
C
ecendo suas limitações podemos definir
Conhecer o seu equipamento é fundamental. Conhecendo
melhor a forma como podemos usá-lo:
usá
“Não se decepcione, nem tudo o que vemos é fotografável, ou seja, pode ser
plasticamente traduzido de forma eficiente através da linguagem fotográfica.”
Milton Guram, “Linguagem fotográfica
tográfica e informação”
A máquina
As máquinas fotográficas são dispositivos que servem para “capturar” imagens. Existem
muitos tipos diferentes de máquinas fotográficas, mas todas funcionam basicamente da
mesma forma, ao apertarmos um botão, “click”, uma janela se abre permitindo que a luz
chegue até o filme ou outra superfície sensível (CCD/CMOS). O princípio é o mesmo da câmara
escura, o que muda é a sua composição, podendo ter mais mecanismos que permitem maior
controle sobre o tempo de exposição e a quantidade de luz que chega até “filme”.
Os principais elementos são:
ode ser um visor direto,
• Visor:: é a “janela” por onde se olha na hora de tirar a foto. Pode
um reflex ou LCD.
• Disparador:: é o botão que faz o “click”, funciona como uma espécie de gatilho abrindo
o obturador.
• Obturador: é o mecanismo que permite a chegada da luz até o “filme”, funciona como
uma espécie de “cortina” que se abre e fecha em um determinado espaço de tempo.
Quanto mais tempo ele ficar aberta mais luz chega ao filme e vice-versa.
Botão de seleção da velocidade do obturador
Dicas:
A velocidade do obturador ou tempo de exposição, em fotografia, está diretamente
relacionada com a quantidade de tempo que o obturador da máquina (câmera fotográfica)
leva para abrir e fechar, deixando passar a luz que irá sensibilizar a película fotográfica ou o
sensor digital CCD/CMOS e formar a imagem.
É fácil perceber que, se deixarmos a máquina a receber luz (com o obturador) durante 10
segundos, só vai ficar uma imagem estática e bem definida se nada no cenário que estamos
fotografando se movimentar durante este tempo. Quanto menor o tempo de exposição,
menos luz é absorvida no interior da máquina, maior a abertura do diafragma necessária para
se obter uma exposição correta.
O tempo de exposição é normalmente dado no formato 1 / x, em que X representa uma fração
de tempo em segundos. Os valores comuns são: 1/8000 s-1/4000 s-1/2000 s-1/1000 s-1/500 s1/250 s-1/125 s-1/60 s-1/30 s-1/15 s-1/8 s-1/4 s-1/2 s-1 s.
• Diafragma: é o mecanismo que controla a quantidade ou intensidade dos raios de luz
que chegam até o filme. Funciona como uma espécie de anel que abre e fecha
controlando a abertura que permite a entrada da luz que passa através das lentes.
Dicas:
O diafragma fotográfico é o dispositivo que regula a abertura de um sistema óptico.
É composto por um conjunto de finas lâminas justapostas que se localiza dentro da objetiva, e
que permitem a regulagem da intensidade de luz que irá sair na material foto-sensível.
O valor do diafragma se dá através de números, conhecidos como números x ou x-stop, e
seguem um padrão numérico universal. Esta escala inicia-se em 1, 1.4, 2, 2.8, 4, 5.6, 8, 11, 16,
22, 32, 44, 64 etc, sendo que, quanto menor for o número x, maior a quantidade que luz que
ele permite passar e, quanto maior o número x, menor a quantidade de luz que passará pelo
diafragma.
Cada número maior, ou seja, mais fechado, representa a metade da luz que a abertura
anterior permite passar, assim como a cada número menor, ou seja, mais aberto, permite a
entrada do dobro de luz.
•
Regulagem manual: algumas câmeras permitem a regulagem manual do
obturador e do diafragma. Assim podemos controlar a exposição que
queremos, podemos fazer combinações entre as velocidades do obturador e
as aberturas do diafragma e obter o mesmo resultado na exposição.
• Regulagem automática: a própria câmera faz a regulagem dos tempos e da abertura.
Geralmente têm desenhos ilustrando o programa que possuem de acordo com a
situação a ser registrada. (esporte, retrato, noturna, etc).
Dicas:
A luz varia muito de um ambiente para o outro, por exemplo, dentro de uma sala ou fora dela.
Assim, temos que de alguma forma controlar nossas câmeras para responderem a essa
variação de luz. Esse é o papel da abertura do diafragma e as velocidades do obturador, que
devem também variar. Quando o diafragma está muito aberto, nem toda a imagem parecerá
completamente nítida; a nitidez situa-se numa faixa conhecida como profundidade de campo
(área da imagem que estará em foco), e que depende do ponto para onde se foca. Quanto
menor for a abertura, maior será a profundidade de campo; de modo que, se fotografamos
uma cena que têm planos próximos e fundos distantes, e pretendemos que tudo fique nítido, é
preciso que a abertura seja pequena.
Se a abertura for pequena, e o ambiente estiver pouco iluminado, a velocidade do obturador
terá de ser mais baixa. Isto influencia a forma pela qual as imagens em movimento ficam
registradas na imagem: se a velocidade não for suficientemente rápida, a fotografia ficará
“tremida”. Com velocidades lentas, não se pode manter completamente segura nas mãos a
máquina fotográfica, com velocidade mais demorada do que 1/60s (para a objetiva normal), é
indicado o uso do tripé.
As objetivas
As objetivas são as lentes por onde passam e direcionam a luz que chega ao “filme”. Existem
diferentes tipos de lentes: grande-angulares, normais, teleobjetivas, objetivas de foco variável
(zoom).
- Grande angular: tem esse nome porque amplia nosso campo de visão. Uma
característica marcante é a tendência de causar distorções dos planos, sensação de
prolongamento, onde objetos ou pessoas que estejam mais próximos a elas apareçam
maiores do que aquilo que estiver mais distante.
Dicas:
As lentes “grandes angulares” são mais usadas quando o espaço onde estamos
fotografando é “apertado” e queremos mostrá-lo, por exemplo, no interior de
uma casa. Podemos também utilizá-las para mostrar a amplidão de uma
paisagem ou de um lugar. Lembrando que ela tem uma importante
característica: distorcem os objetos que estão no primeiro plano, ou seja, mais
próximos da câmera.
- Normal: Possuem características muito próximas de alcance da visão do ser humano.
O campo de visão desta objetiva é da ordem de 50°.
- Teleobjetiva: Servem basicamente para observar ou fotografar objetos que estão
distantes, dando a impressão de aproximação achatando os planos da imagem.
Dicas:
Essas lentes são utilizadas quando não podemos nos aproximar muito do
objeto: esporte, animais, detalhes distantes, lutas, etc. Dão a impressão de
estarem achatando os planos da imagem, perdendo profundidade. São
utilizadas também para retratos.
Com uma teleobjetiva, a instabilidade da câmara é mais notável do que com
uma grande-angular, por isso, quanto maior for a objetiva, maior será a
velocidade de obturador necessária. Além de "congelar" a ação, a velocidade
do obturador permite criar efeitos que sugerem movimentos, ou efeitos
especiais com o zoom.
Atenção: cuidado com o foco!
Dizemos que uma foto está em foco quando ela está nítida; ou seja, não está “embaçada”.
Algumas câmeras possuem um anel de foco que pode ser ajustado manualmente, em outras, o
foco é automático (auto-focus). Nessas câmeras é preciso tomar cuidado, pois elas procuram
fazer o foco na área que está mais iluminada. Se o fundo estiver mais claro ela irá focalizar lá,
desfocando os planos anteriores. Focar, enfim, é ajustar a nitidez da imagem.
Composição e enquadramento
Uma composição é qualquer reunião de elementos isolados que, quando unidos, resultam em
um todo destacado das partes. Normalmente,
Normalmente a composição é uma manifestação constante
em cada uma das formas de expressão artísticas. Ela pode ser descrita de acordo com seu
ritmo, proporção,
rção, harmonia, entre outras características.
Uma composição é a construção a partir da relação entre os elementos. Seja musical, pictórica
ou, entre outras, gráfica.
As fotografias, assim como os quadros em pintura, têm o formato de um retângulo. O
chamado
do retângulo áureo. Em fotografia, a composição pode ser entendida como a disposição
dos elementos plásticos dentro desse “retângulo” ou quadro, conferindo significado a uma
cena. Buscando o equilíbrio entre os elementos.
Esses elementos plásticos são: linhas,
linhas, formas, luz, superfície, tonalidades, perspectiva,
contraste.
Um dos aspectos mais importantes
portantes é o enquadramento. A escolha
escolha do momento: o tão falado
RECORTE DO ESPAÇO E UM INSTANTE NO TEMPO. Os planos: A realidade que vivemos tem
três dimensões: largura,
rgura, altura e profundidade. As fotografias possuem apenas duas
dimensões, largura e altura. Podemos com o uso de linhas e outros elementos da imagem criar
a impressão de profundidade.
Os Planos determinam o distanciamento da câmera em relação ao objeto fotografado,
levando-se em conta a organização dos elementos dentro do enquadramento realizado. Uma
mesma fotografia pode conter vários planos, sendo classificada por aquele que é responsável
por suas características principais. Primeiro plano é o que está mais próximo da câmera, e,
assim, vamos “entrando” na foto.
Dicas:
- Decida qual é o centro de interesse
- Escolha um fundo conveniente, evite fundos confusos
- Altere o ângulo de tomada se necessário
- Decida como deve ser o enquadramento - horizontal ou vertical
- Decida qual porção da cena deve ser incluída na foto, evite assuntos não
relacionados com o assunto principal
Quando fazemos uma fotografia, a primeira coisa que buscamos é enquadrar aquilo que
queremos pelo visor da câmera. Ali escolhemos o que vai entrar ou vai ficar de fora da foto.
Quando enquadramos e compomos devemos saber o que vale estar dentro ou fora da
composição. Alguns elementos desnecessários podem “poluir” a foto, atrapalhando seu
significado.
Um simples enquadramento pode mudar o significado da cena, podendo diminuir ou acentuar
sensações.
Foto horizontal: dá a impressão de espaço aberto
Foto vertical: passa a sensação de profundidade
É importante trabalhar com as linhas presentes na imagem
Linhas em “L” passam a idéia de estabilidade
Linhas em “S” têm mais fluidez
Linhas alongadas conduzem o olhar para o ponto de convergência
Linha do horizonte: linha de referência, dependendo da posição, as proporções entre os
elementos se alteram
Último recado
A Câmara Viajante
Que pode a câmara fotográfica?
Não pode nada.
Conta só o que viu.
Não pode mudar o que viu.
Não tem responsabilidade no que viu.
A câmara, entretanto,
Ajuda a ver e rever, a multi-ver
O real nu, cru, triste, sujo.
Desvenda, espalha, universaliza.
A imagem que ela captou e distribui.
Obriga a sentir,
A, criticamente, julgar,
A querer bem ou a protestar,
A desejar mudança.
A câmara hoje passeia contigo pela Mata Atlântica.
No que resta - ainda esplendor - da Mata Atlântica
Apesar do declínio histórico, do massacre
De formas latejantes de viço e beleza.
Mostra o que ficou e amanhã - quem sabe? - acabará
Na infinita desolação da terra assassinada.
E pergunta: "Podemos deixar
Que uma faixa imensa do Brasil se esterilize,
Vire deserto, ossuário, tumba da natureza?"
Este livro-câmara é anseio de salvar
O que ainda pode ser salvo,
O que precisa ser salvo
Sem esperar pelo ano 2 mil.
Carlos Drummond de Andrade, “Mata Atlântica”
Bibliografia:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Mata Atlântica (fotos de Luiz Cláudio Marigo, texto de Alceo
Magnani). R. de Janeiro: Chase Banco Lar/AC&M, 1984.
GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. 2ª ed revista e ampliada. Rio de Janeiro:
Gama Filho, 1999.
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo: Cia das Letras,
2001.
ZUANETTI, Rose; REAL, Elizabeth; MARTINS, Nelson ET AL. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o
trabalho. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002.
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Apostila de Fotografia