XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL:
REALIDADE E PERSPECTIVAS
Simone Sehnem (Univali)
[email protected]
Lucila Maria de Souza Campos (Univali)
[email protected]
O objetivo deste artigo consiste em apresentar dados estatísticos
relacionados à evolução da produção de leite no Brasil e do consumo
interno e exportações. Por meio destes números, efetuar uma análise
da produção de leite no Brasil, com ênnfase nas perspectivas de
produção para o Sul. Trata-se de um estudo teórico-empírico, que foi
viabilizado por meio do uso de dados secundários, disponibilizados
pela Agência de Gestão Estratégica vinculada ao Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento e pelo Centro de Socioeconomia
e Planejamento Agrícola. Constatou-se que a evolução do quadro de
produção no período de 1990 a 2008 está na ordem de 87,59% de
crescimento, com perspectivas de manter neste ano o mesmo volume
produzido em 2008, que foi de 27,2 bilhões de litros. No que se refere
ao consumo houve crescimento do volume consumido. Todavia, houve
ciclos de pequenas quedas e ápices, havendo uma projeção de consumo
para 2009 de 139,3 litros/habitante/ano. Isto representa 0,38
litros/dia/habitante. No que se refere às exportações no ano de 2008 o
saldo da balança comercial de lácteos, foi positivo em US$ 327,7
milhões. Nesse período, as exportações totalizaram 148,6 mil
toneladas e US$ 540,8 milhões, o que representou um aumento de
43,5% em volume e 80,9% em valor frente ao total exportado em 2007.
Portanto, constata-se que o volume consumido pelos brasileiros ainda
é pequeno, havendo possibilidades de crescimento significativas e há
condições estruturais para expansão da atividade no Brasil.
Palavras-chaves: Agronegócio. Produção. Leite.
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Produção de Leite no Brasil: Realidade e Perspectivas
1. Introdução
Conforme a Agência de Gestão Estratégia (2008) o agronegócio brasileiro tem grande
potencial de crescimento. O mercado interno é expressivo para todos os produtos que
compõem o rol da produção brasileira e o mercado internacional tem apresentado acentuado
crescimento do consumo. Ademais, o Brasil possui as características naturais, de apresentar as
mais diferentes condições climáticas ao longo do ano, extensões territoriais amplas e
condições de produção favoráveis, que lhe fornecem uma vantagem competitiva superior em
relação a outros países. Por outro lado, países super-populosos terão dificuldades de atender
às demandas devido ao esgotamento de suas áreas agricultáveis. As dificuldades de reposição
de estoques mundiais; o acentuado aumento do consumo especialmente de grãos como milho,
soja e trigo; o processo de urbanização em curso no mundo, criam condições favoráveis aos
países como o Brasil, que têm imenso potencial de produção e tecnologia disponível. A
disponibilidade de recursos naturais no Brasil é fator de competitividade.
Além disso, a Agência de Gestão Estratégica (2008) destaca que os produtos mais dinâmicos
do agronegócio brasileiro deverão ser a soja, milho, trigo, carnes, etanol, farelo de soja, óleo
de soja e leite. Esses produtos indicam elevado potencial de crescimento para os próximos
anos. Dairy Products (2008) corrobora nesse sentido ao destacar que a produção de leite e
derivados sempre foi de grande importância econômica, apesar de, ter estado por muito tempo
voltada apenas para o mercado doméstico. Sobretudo, o Brasil detém posição de destaque em
todos os segmentos da cadeia produtiva de lácteos e possui o 3º maior rebanho de gado
leiteiro do mundo. Este consiste em 20,9 milhões de cabeças, o que gera uma produção de
mais de 25 bilhões de litros anuais de leite de vaca, o que lhe permite ocupar a 6ª posição
mundial e é o 3º maior produtor mundial de queijo, sendo que, neste mercado, dominam a
União Européia e Estados Unidos, ambos responsáveis por mais de 75% da produção do
planeta.
Igualmente, o Brasil é o 9º no ranking dos países produtores de manteiga e a 4ª colocação no
segmento de leite em pó, o que corresponde a uma participação relativa de 13,9% no total
mundial deste último item. Segundo a Agência de Gestão Estratégica (2008) o leite é um dos
produtos que apresenta elevadas possibilidades de crescimento. A produção deverá crescer a
uma taxa anual de 2,75%, o que corresponde a uma produção de 36,9 bilhões de litros de leite
cru no ano de 2019. O consumo deverá crescer a uma taxa de 2,23% ao ano nos próximos
anos. Essa taxa é bem superior à observada para o crescimento da população brasileira.
Todavia, a Dairy Products (2008) destaca que esses resultados do Brasil ainda são decorrentes
de uma produtividade média por animal relativamente baixa, quando comparada com os
indicadores de outros importantes países produtores, o que denota o potencial de
desenvolvimento do setor no Brasil.
Esta atividade é desenvolvida em todas as regiões do país, mas 72,8% do total produzido em
2006 estiveram concentrados em apenas 6 estados. Minas Gerais é o principal pólo de
produção, responsável por 22,9% do rebanho e 27,9% do leite. Na segunda posição encontrase o Paraná, seguido pelo Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo e Santa Catarina, que,
agrupados foram responsáveis por 44,9% da produção total de 2006 (DAIRY PRODUCTS,
2008).
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Além de suprir a demanda interna, o Brasil apresenta participação no comércio internacional
de lácteos. Porém, a União Européia, a Nova Zelândia, a Austrália e os Estados Unidos
concentram 73,6% do valor das exportações mundiais de todo o segmento lácteo (DAIRY
PRODUCTS, 2008). Nesse sentido, Heiden (2008) reitera que as ações voltadas à ampliação
do mercado externo devem se intensificar em 2009. Apesar dos preços internacionais dos
produtos lácteos, apresentarem baixas significativas em relação aos preços praticados no
início do ano, a exportação ainda é a melhor alternativa para enxugar o excedente da
produção. Outro fator que deve ganhar importância em 2009 e que está diretamente
relacionado a preço é a maior valorização da qualidade da matéria-prima, principalmente no
que diz respeito à CCS – Contagem de Células Somáticas e CCB –Contagem de Células
Bacterianas. Considerando os preços de referência do Conseleite/SC (2008), a diferença entre
os preços do leite padrão e do leite acima do padrão é 15% e a diferença entre os preços do
leite padrão e do leite abaixo de padrão é de 9%. Nestes percentuais está considerado um
prêmio de 5% para os produtores que entregarem maior quantidade de leite. Porém, mesmo
para os que entregam menor quantidade, o diferencial de preço imputado à qualidade é muito
significativo. Em outubro de 2008 os preços de referência para o leite abaixo de padrão foi de
R$0,48, o leite padrão foi remunerado a R$0,53 e o acima do padrão R$0,61 por litro
comercializado.
Um das maneiras de operacionalizar essa melhoria substancial da qualidade consiste na
implementação efetiva da Portaria 51 – que regulamenta as técnicas de produção, identidade,
qualidade, coleta e transporte do leite; e, segundo Heiden (2008) a viabilização do sistema de
pagamento em conformidade com a qualidade do leite, é apenas uma questão de tempo. Para
o produtor, o prêmio por qualidade pode significar um bom incremento na sua renda.
Partindo dessas evidências, tem-se como propósito analisar da produção, consumo e
exportação de leite no Brasil, com ênfase nas perspectivas de produção para a região sul do
Brasil.
2. Análise da Produção e Consumo do Leite
O Gráfico 01 apresenta a evolução da produção anual de leite no Brasil no período de 1990 a
2009.
Fonte: Interleite, 2009
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Gráfico 01: Evolução da produção anual de leite no Brasil no período de 1990 a
2009
Verifica-se que houve uma ascendência gradativa na produção de leite no Brasil no período
de 1990 a 2009, perfazendo um índice relativo de 87,59% de crescimento. Todavia, houve
pequenas quedas na produção em 1993, decorrente de condições climáticas que afetaram esta
atividade produtiva. Na seqüência, a Tabela 01 apresenta a produção brasileira de leite por
estado no período de 2000 a 2007.
Estado
Brasil
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
Paraná
Goiás
Santa Catarina
São Paulo
Bahia
Rondônia
Outros Estados
2000
19.767,2
5.865,5
2.102,0
1.799,2
2.193,8
1.003,1
1.861,4
724,9
422,3
3.795,0
2001
20.510,0
5.981,2
2.222,1
1.889,6
2.321,7
1.076,1
1.783,0
739,1
475,6
4.021,5
2002
21.642,8
6.177,4
2.329,6
1.985,3
2.483,4
1.192,7
1.745,9
752,0
644,1
4.332,4
2003
22.253,9
6.319,9
2.305,8
2.141,5
2.523,0
1.332,3
1.785,2
795,0
558,7
4.492,6
2004
23.474,7
6.628,9
2.364,9
2.394,5
2.358,4
1.486,7
1.739,4
842,5
646,4
4.832,9
2005
24.571,5
6.908,7
2.467,6
2.518,9
2.648,6
1.555,6
1.744,2
890,2
692,4
5.145,3
2006
24.620,9
7.094,1
2.625,1
2.703,6
2.613,6
1.709,8
1.744,0
905,8
637,4
4.587,5
2007
26.133,9
7.275,2
2.943,7
2.701,0
2.638,6
1.865,6
1.627,4
965,8
708,3
5.408,3
Fonte: IBGE, 2008
Tabela 01: Produção brasileira de leite por estados no período de 2000 a 2007 (milhões de litros)
A partir da Tabela 01 é possível constatar que a produção catarinense foi a que mais cresceu
nos últimos anos. De 2000 a 2007 o volume de leite produzido aumentou 85,98%, enquanto a
produção nacional aumentou apenas 32,21% no período. Destaca-se também no ranking de
produção o estado de Rondônia com um acréscimo de 67,72%, seguido pelo Paraná com
50,12%. Porém, houve queda no volume produzido no estado de São Paulo, perfazendo um
percentual de 12,57% de volume de leite a menos ofertado ao mercado no período analisado.
Em seguida, o Gráfico 02 ilustra o crescimento da produção de leite em nível de Mercosul.
Crescimento da Produção de Leite
Argentina
25,00
Brasil
Paraguai
Uruguai
20,00
15,00
1996/1995
1997/1996
10,00
5,00
1998/1997
1999/1998
2000/1999
0,00
-5,00
2001/2000
2002/2001
2003/2002
-10,00
2004/2003
-15,00
2005/2004
2006/2005
-20,00
-25,00
-30,00
2007/2006
2008/2007
2009/2008
FAO, CNA
Fonte: Interleite,Fonte:
2009
CBCL
Gráfico 02: Elaboração:
Crescimento
da produção de leite em nível de Mercosul
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Quando comparamos a evolução do crescimento da produção de leite no Brasil, aos países
pertencentes ao Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai, constata-se que o quadro
evolutivo brasileiro é ascendente e apresenta uma variabilidade menor, se comparado aos seus
parceiros. A Argentina apresenta o maior pico de produção e o Paraguai o maior déficit em
termos de produção. Logo após o Gráfico 3 apresenta a produção de leite nos países do
Mercosul e a região Sul do Brasil.
Gráfico 3: Produção de leite nos países do Mercosul e a região Sul do Brasil
A partir do gráfico 3 é possível evidenciar que o Uruguai e o Paraguai mantiveram a sua
produção de leite em volumes constantes no período de 1995 a 2006. A região sul do Brasil
apresentou uma gradativa ascendência no volume produzido. Na Argentina houve pequenas
oscilações no que se refere ao volume produzido e o Brasil considerado na íntegra (todas as
regiões) apresentou o melhor desempenho, mantendo o crescimento ao longo dos anos. Na
seqüência, o Gráfico 04 ilustra a evolução do consumo de leite aparente no Brasil no período
de 1990 a 2008.
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Fonte: Interleite, 2009
Gráfico 04: Evolução do consumo de leite aparente no Brasil no período de 1990 a
2008
Constata-se no Gráfico 4 que a evolução do consumo de leite no Brasil no período de 1990 a
2009 apresenta pequenas oscilações, sendo que os últimos 3 anos apresentaram recordes de
consumo. Além disso, as perspectivas para 2009 evidenciam que esse patamar deverá ser
mantido, no que diz respeito ao consumo interno de leite, havendo uma projeção de consumo
de 139,3 litros por habitante.
A Tabela 02 apresenta o volume em Kg de produtos lácteos exportados e importados em 2008
e a representatividade em dólares.
Janeiro a Dezembro
2008
Leites UHT
Leite em pó integral
Exportação
5.857.642
86.642.852
Volume (Kg)
Importação
3.141.385
22.024.250
Leite em pó desnatado
Leite em pó semidesnatado
Leite evaporado
Leite condensado
Cremes de leite
Iogurtes
Soro de leite
421.086
50.620
7.110.925
936.000
2.721.870
37.797.734
197.700
1.870.586
7.998
0
0
2.142
159.604
38.373.855
Iogurtes
Soro de leite
1.870.586
7.998
159.604
38.373.855
3.854.276
6.924.890
142.347.254
5.917.790
1.158.218
4.575.150
77.481.529
154.295
Manteigas
Queijos
Sub-total 1
Leite modificado
Saldo
2.716.257
60.618.602
-6.689.839
-885.380
Exportação
10.811.127
376.545.685
Valor (US$)
Importação
1.852.605
87.099.257
Saldo
8.958.522
289.446.428
1.857.209
237.152
27.338.796
4.731.402
-25.481.587
-4.494.250
2.721.870
37.797.734
195.558
1.710.982
38.365.857
1.710.982
38.365.857
2.696.058
2.349.740
64.865.725
5.763.495
4.576.447
69.007.686
407.575
3.129.371
34.117
0
0
8.225
777.018
56.307.697
4.576.447
69.007.686
399.350
2.352.353
-56.273.580
3.129.371
34.117
777.018
56.307.697
2.352.353
-56.273.580
12.673.019
29.988.405
509.267.793
30.903.785
3.960.632
29.518.123
211.593.755
264.160
8.712.387
470.282
297.674.038
30.639.625
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Doce de leite
Sub-total 2
Total
297.900
6.215.690
148.562.944
650.136
804.431
78.285.960
-352.236
5.411.259
70.276.984
708.472
31.612.257
540.880.050
1.287.283
1.551.443
213.145.198
-578.811
30.060.814
327.734.852
Fonte: MDIC apud Milkpoint (2009)
Tabela 02: Produtos lácteos exportados e importados em 2008
Dentre os itens lácteos exportados em 2008, aquele que teve maior representatividade foi o
leite em pó integral, perfazendo um volume de 82.642.852 Kg, o que representa 55,6% do
total. Quanto ao valor, esse produto representou 69,6% do total exportado, perfazendo US$
376,5 milhões. Conforme o Milkpoint (2009) o principal comprador de leite do Brasil foi à
Venezuela que adquiriu 72,3% do volume exportado, o que corresponde a US$ 280 milhões.
Esse numerário corresponde a 52% do valor total exportado pelo Brasil em 2008.
Todavia, nesse mesmo segmentou houve uma importação de 22.024.250 kg o que resultou em
um saldo de 60.618.602 Kg. Analisando o acumulado do ano, as importações totalizaram 78,3
mil toneladas a US$ 213,1 milhões, o que representou aumento de 22% em volume e 41% em
valor, em relação às compras externas feitas em 2007 destaca o Milkpoint (2009). Constata-se
também que o principal produto importado foi o soro de leite, com 38,4 mil toneladas (49%
do volume total) e US$ 56,3 milhões (26,4% do valor total). Nesse sentido, Milkpoint (2009)
salienta que se comparado às importações de soro de leite em 2007, houve um aumento de
30,3% no volume e 6,4% no valor. O principal fornecedor de soro de leite para o Brasil foi a
Argentina (44,4% do volume total importado). O leite em pó integral foi o segundo principal
produto importado, no que se refere ao volume. As compras externas de leite em pó
totalizaram 22 mil toneladas em 2008, somando US$ 87,1 milhões - o que representa um
aumento de 19,5% no volume das compras realizadas em 2007, e 52,3% no valor. A
Argentina também é a maior fornecedora de leite em pó integral ao Brasil. Foram compradas
em 2008 17,3 mil toneladas do produto - 78,6% do total.
No total geral, constata-se que no ano de 2008 o saldo da balança comercial de lácteos, foi
positivo em US$ 327,7 milhões. Nesse período, as exportações totalizaram 148,6 mil
toneladas e US$ 540,8 milhões, o que representou um aumento de 43,5% em volume e 80,9%
em valor frente ao total exportado em 2007.
Na seqüência, o Gráfico 05 apresenta as maiores empresas de laticínios rankiadas até 2007.
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Fonte
Maiores empresas de Laticínios 2007
2.000.000
1.800.000
1.600.000
recepção (mil litros)
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
Fonte: Interleite, 2009
GRUPO VIGOR
NILZA
ALIMENTOS
DANONE
FRIMESA
BATÁVIA
CCL
LÍDER
ALIMENTOS
CENTROLEITE
CONFEPAR
EMBARÉ
LATICÍNIOS
MORRINHOS
BOM GOSTO
PARMALAT
ITAMBÉ
ELEGÊ
DPA (3)
0
empresas
Gráfico 05: Maiores empresas laticínios de 2007
O Gráfico 05 evidencia que foram 16 as maiores empresas receptoras de leite até o ano de
2007. Fica perceptível de que a DPA é a maior empresa processadora láctea no Brasil, sendo
que industrializou em 2007 1.800.000 milhões de litros de leite. Na segunda posição no
ranking encontra-se a Elegê, seguida pela Itambé e pela Parmalat. Todavia, é importante
inferir que esse cenário tende a mudar, principalmente porque a CCGL – Cooperativa Central
Gaúcha Ltda implantou uma planta industrial em Cruz Alta/RS com capacidade de
industrialização diária de 1 milhão de litros e que iniciou suas atividades no mês de outubro
de 2008. A Aurolat – Indústria de Lácteos Aurora, instalada em Pinhalzinho/SC possui
capacidade de processamento diário de 600 mil litros/dia e que iniciou as suas atividades em
julho de 2008. A Cedrense está em processo de implantação de uma planta industrial em
Nova Itaberada/SC com capacidade de processamento diário de 1,5 milhões de litros.
Portanto, conforme destaca Agência de Gestão Estratégica (2008), o potencial produtivo e a
competitividade dos países do Brasil é inquestionável. Todavia, ainda apresenta uma cadeia
produtiva com fragilidades, decorrentes das distorções do mercado internacional de lácteos,
que se configuram no principal obstáculo para expressar o nosso potencial. E ainda, um
sistema de produção que requer maior eficiência e maior produtividade, para tornar o país
competitivo face aos maiores produtores mundiais.
3. Projeções de Produção, Exportação e Consumo de Leite
O Gráfico 06 apresenta uma projeção de perspectivas de crescimento da Produção de Leite no
Brasil no período de 2008/09 a 2018/19.
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Fonte: adaptado do AGE/MAPA, 2008
Gráfico 06: Perspectivas de crescimento da Produção de Leite no Brasil
A projeção efetuada pela Agência de Gestão Estratégica (2008) evidencia que existe uma
perspectiva de aumentar o volume produzido ano a ano, representado um crescimento relativo
no período de 2007/08 a 2018/19 de 98,38%, o que significa praticamente dobrar a produção
atual. Em seguida o Gráfico 07 apresenta a perspectiva de crescimento das exportações em
milhões de litros.
Fonte: adaptado do AGE/MAPA, 2008
Gráfico 07: Perspectivas de Crescimento das Exportações de leite (em milhões de litros)
No que se refere às exportações fica evidenciado que existe a perspectiva de praticamente
dobrar o volume exportado, havendo a projeção de crescer na ordem de 98,38%. Logo após, o
Gráfico 08 apresenta o volume de consumo de leite estimado para os próximos anos.
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Gráfico 08: Perspectivas de consumo de leite no Brasil (em milhões de litros)
Fonte: AGE/MAPA, 2009
O Gráfico 08 evidencia que existe uma perspectiva de aumento do consumo de leite por
habitante por ano. Portanto, existe a perspectiva de no horizonte dos próximos10 anos
estimular o consumo de leite para uma demanda 27,07% superior a atual. Desse modo,
estima-se um consumo aproximado de 177,28 litros por habitante/ano. Isso significa que na
média cada brasileiro irá consumir na média 0,49 litros de leite por dia.
4. Considerações Finais
Constata-se que o volume de leite produzido no Brasil teve crescimento na ordem de 32,21%
no período de 2000 a 2007, sendo que Santa Catarina foi o Estado que teve uma expansão
mais significativa da atividade, na proporção de 85% no mesmo período. Conforme o
AGE/MAPA (2008) existe uma perspectiva de aumentar a produção de leite ano a ano, no
período de 2007/08 a 2018/19 na ordem de 98,38%. Todavia, há de se considerar as incertezas
que estão presentes no ambiente e no cenário econômico, principalmente aquelas relacionadas
a recessão mundial, o protecionismo dos países e as mudanças climáticas
No que se refere ao consumo de leite no Brasil no período de 1990 a 2009 apresenta pequenas
oscilações, sendo que os últimos 3 anos apresentaram recordes de consumo. As perspectivas
para 2009 projetam um consumo de 139,3 litros por habitante. Todavia, esse volume ainda é
pequeno, e conforme, AGE/MAPA (2008) o consumo deverá crescer a uma taxa de 2,23% ao
ano nos próximos anos em nível de país.
Quanto à exportação de lácteos constata-se que no ano de 2008 o saldo da balança comercial
de lácteos, foi positivo em US$ 327,7 milhões. Nesse período, as exportações totalizaram
148,6 mil toneladas e US$ 540,8 milhões, o que representou um aumento de 43,5% em
volume e 80,9% em valor frente ao total exportado em 2007.
Além disso, conforme salienta Lanznaster (2009) o Brasil, e em especial a região sul possui
potencial de expansão da produção de leite. Todavia, deverá investir em sistemas de produção
com custo baixo e com qualidade. Uma das alternativas é a produção via sistema Voisin – a
base de pasto. O Leite produzido pelo método Voisin tem vários aspectos do leite orgânico,
sendo um tipo de leite com controle rígido no método de produção. Esse método de produção
é usado como padrão para produção de leite na Nova Zelândia, um dos maiores exportadores
de leite.
Outrossim, Lanznaster (2009) destaca a possibilidade do sul do Brasil partir para o
atendimento de nichos de mercado, como por exemplo, o leite orgânico, que é o produto da
pecuária leiteira orgânica, que se baseia nas premissas de ser uma exploração
economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. Nesse sentido, a Apex
(2004) apresenta que Leite Orgânico apresenta um crescimento de 25% ao ano no mundo; de
que os orgânicos representam aproximadamente 20% do consumo no mundo; que 1% do leite
produzido no Brasil é orgânico; e, que 100 milhões de US$ foi o movimento do Brasil em
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XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
2004 no mercado mundial de orgânicos. Nesse sentido, a Aurora já está desenvolvendo um
Projeto alusivo a produção de leite orgânico que engloba 75 produtores com perspectivas de
englobar 150 até o término de 2009. Para aderir ao sistema é efetuado o diagnóstico da
propriedade no que se refere a solo, água, produção de leite e de pasto. Mas ainda existe um
longo processo a ser desenvolvido, haja vista que existe uma variação grande de sólidos
totais.
Portanto, a atividade leiteira pode ter considerada promissora nos próximos anos para o
Brasil, e em especial para Santa Catarina, em virtude das condições climáticas, estruturais e
da presença de propriedades agrícolas familiares, que buscarão nesse setor do agronegócio,
fonte de renda e desenvolvimento. Mas, necessário de faz pensar na evolução do setor em
termos de genética, qualidade do leite e inovações radicais para se diferenciar perante outros
pólos de produção de leite, a exemplo de Minas Gerais. Nesse sentido, o papel das
agroindústria – para fomentar os produtores e do estado – para criar políticas públicas
condizentes com a realidade do setor e para estimular a expansão são fatores preponderantes
para que Santa Catarina e o sul do Brasil se destaquem nessa atividade e se tornem excelência
em nível mundial, contribuindo de modo mais representativo nas exportações.
Referências
AGE/MAPA – Agência de Gestão Estratégica/Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Disponível
em: < http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em 26 abr. 2009.
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Acesso em 26 abr. 2009.
CONSELEITE/SC - Conselho Paritário Produtores Indústrias de Leite do Estado de Santa Catarina, 2008.
DAIRY PRODUCTS. Leite e derivados. In: Agronegócio brasileiro: características, desempenho, produtos e
mercados. São Paulo, 2008.
HEIDEN, Francisco C. Leite: Produção catarinense é a que mais cresceu entre os grandes produtores. 2008.
CEPA – Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola. Informativo agropecuário. Disponível em:
<http://cepa.epagri.sc.gov.br>. Acesso em 26 abr. 2009.
INTERLEITE SUL 2009. 1º Simpósio sobre Produção Competitiva de leite: região sul. Chapecó/SC. 26 a 28
mar. 2009. CD.
LANZNASTER, Mario. Competitividade do leite Visão da Aurora. In: INTERLEITE SUL 2009. 1º Simpósio
sobre Produção Competitiva de leite: região sul. Chapecó/SC. 26 a 28 mar. 2009. CD.
MILKPOINT. Balança comercial de lácteos registra novo recorde em 2008. Disponível em:
http://wm.agripoint.com.br/imagens/banco/15912.gif. Acesso em 29 abr. 2009.
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produção de leite no brasil: realidade e perspectivas