34
2.5 Tecnologia empregada
Nesta seção, inicialmente, serão expostas as nomenclaturas empregadas nas peças
componentes das formas e escoramento em madeira, conforme a bibliografia
descreve. A seguir, será descrita a tecnologia utilizada pelas obras visitadas para a
realização dessa dissertação, na cidade do Rio de Janeiro. Posteriormente, será
descrita a tecnologia de ponta, utilizada principalmente por fabricantes estrangeiros.
Por fim, uma resenha dos principais fabricantes nacionais e estrangeiros.
2.5.1 Tecnologia de formas de madeira convencionais
De acordo com MOLITERNO (1989) genericamente designa-se por escoramento
toda a estrutura provisória, removível posteriormente e/ou perdida na terra ou no
concreto quanto utilizada para sustentação de um trecho de maciço de solo, ou junto
a uma construção existente (edifício, torre de transmissão elétrica, tubulação, etc.),
para permitir a execução de uma escavação adjacente e demais trabalhos correlatos,
geralmente localizados abaixo do nível do terreno natural.
Como essa fase de execução exige rapidez, que, por sua vez, se condiciona a
facilidade de manipulação dos elementos componentes, não resta dúvida que as
vigas, estroncas e pranchas de madeira, constituem as peças mais adequadas ao
desempenho dos serviços de escoramento.
AZEREDO (1977) faz uma descrição das denominações dadas às diversas peças
que compõem as formas e seu escoramento. O autor lembra que tais técnicas são
variadas e dependem, em geral, dos mestres carpinteiros:
a) painéis – superfícies planas, de dimensões várias (ver figura 8 e 10),
formadas de tábuas, ligadas, geralmente, por sarrafos ou por placas de
madeira compensada. Os painéis formas os pisos das lajes e as faces das
vigas pilares, paredes e fundações.
35
Figura 8 – Fonte: AZEREDO (1977)
b) travessas – peças de ligação das tábuas dos painéis de viga, pilares paredes e
fundações (figuras 9 e 10) são feitas de caibros. Como medida de economia,
elas são, em geral, utilizadas como elementos das gravatas, podendo ser
pregadas de chato (deitadas) ou de cutelo (aprumadas, de espelho);
c) travessões – peças de suporte empregadas somente nos escoramentos dos
painéis de laje (figuras 8 e 9). São em geral feitas de caibros e trabalham
como vigas contínuas apoiadas nas guias;
d) guias – Peças de suporte dos travessões (figuras 8 e 9); trabalham como
vigas contínuas apoiando-se sobre os pés-direitos. São feitas, em geral de
caibros. As tábuas podem também ser usadas como guias, trabalhando de
cutelo, isto é, na direção de maior resistência. Neste caso, os travessões são
suprimidos;
e) faces (painéis) das vigas – Painéis que formam os lados das formas das
vigas (figuras 8 e 10), cujas faces são ligadas por travessas verticais, em
geral pregadas de cutelo (face mais estreita da peça);
36
Figura 9 – Fonte: AZEREDO (1977)
f) fundos das vigas – painéis que constituem a parte inferior das formas das
vigas (figuras 9 e 10), com travessas geralmente pregadas de cutelo;
g) travessas de apoio – peças fixadas sobre as travessas verticais das faces da
viga (figuras 9 e 10), destinadas a servir de apoio para as extremidades dos
painéis das lajes e das respectivas peças de suporte (travessões e guias);
h) cantoneiras (chanfrados ou meio fio) – pequenas peças triangulares
pregadas nos ângulos internos das formas (figura 11, 13), destinadas a evitar
as quinas vivas dos pilares, etc.;
i) gravatas – peças que ligam os painéis de formas dos pilares, colunas e vigas,
destinadas a reforçar estas formas, para que resistam aos esforços que nelas
atuam na ocasião do lançamento do concreto;
j) montantes – peças destinadas a reforçar as gravatas dos pilares, feitas em
geral de caibros;
k) pés-direitos – suportes das formas das lajes (figuras 8 e 9), cujas cargas
recebem por intermédio das guias;
l) pontaletes – suportes das formas das vigas (figuras 8 e 9), as quais sobre eles
se apóiam por meio de caibros curtos. Num mesmo pavimento o
comprimento dos pontaletes varia com a altura da viga;
37
Figura 10 – Fonte: AZEREDO (1977)
m) escoras (mãos-francesas) – peças inclinadas, trabalhando à compressão
(figura 14) empregadas para impedir o deslocamento dos painéis laterais de
formas, escadas, etc.;
n) chapuzes – pequenas peças feitas de sarrafos (figuras 10 e 11), geralmente
empregadas como suporte e reforço de pregação das peças de escoramento,
ou como apoio dos extremos das escoras;
o) talas – peças idênticas aos chapuzes, destinadas à ligação e à emenda das
peças de escoramento (figuras 8, 9, 10), são em geral, empregadas nas
emendas de pés-direitos e pontaletes e na ligação dessas peças com as guias e
travessas;
p) cunhas – peças prismativas, geralmente usadas aos pares (figura A), com a
dupla finalidade de forçar o contato íntimo entre os escoramentos das
38
formas, para que não haja deslocamento durante o lançamento do concreto, e
a facilitar, posteriormente, a retirada destes elementos;
Figura 11– Fonte: AZEREDO (1977)
q) calços – peças de madeira sobre os quais se apóiam os pontaletes e pésdireitos, por intermédio de cunhas (figura 8). Mediante a superposição de
calços e variação do encaixe das cunhas, podem ser eliminadas as pequenas
diferenças de comprimentos dos pés-direitos e pontaletes de um mesmo
escoramento;
r) espaçadores – pequenas peças feitas de sarrafos ou caibros, empregadas nas
formas de paredes e fundações de vigas, para manter a distância interna entre
os painéis;
s) janelas – aberturas localizadas nas bases das formas dos pilares e paredes ou
junto ao fundo das vigas de grande altura, destinadas a facilitar-lhes a
limpeza imediatamente antes do lançamento do concreto;
39
Figura 12– Fonte: AZEREDO (1977)
t) travamento – ligação transversal das peças de escoramento que trabalham à
flambagem (carga de topo), destinada a subdividir-lhes o comprimento e
aumentar-lhes a resistência;
u) contraventamento – ligação destinada a evitar qualquer deslocamento das
formas, assegurando a indeformabilidade do conjunto. Consiste na ligação
das formas entre si, por meio de sarrafos e caibros, formando triângulos.
Figura 13– Fonte: AZEREDO (1977)
40
2.5.2 Tipo de equipamento utilizado
A descrição abaixo foi elaborada com a finalidade de proporcionar maior clareza
quanto as nomenclaturas típicas dos equipamentos empregados, que serão
mostrados nos itens seguintes. Como não existem referências bibliográficas sobre as
tecnologias mais recentes - até o momento dessa dissertação -, a descrição abaixo,
em conjunto com as figuras, foi extraída dos catálogos dos fabricantes mencionados
adiante.
2.5.2.1 Equipamento utilizado comumente utilizado no Rio de Janeiro
O tipo de equipamento mais utilizado no Rio de Janeiro e na maioria dos outros
estados (segundo informações dos fabricantes), é o convencional formado por:
a) Escoramento vertical – estrutura que efetivamente sustenta a laje a ser
concretada. O tipo de equipamento utilizado nesta etapa pode ser:
• Quadros tubulares – encaixam-se uns sobre os outros e nivelam-se
mediante sapatas ajustáveis (ver figura 15);
• Escoras metálicas – também chamadas pontaletes, são utilizadas mais
comumente
para
escorar
vigas.
Também
são
utilizadas
como
reescoramento, etapa após a desformagem do concreto (ver figura 14).
Como opção também se utiliza escoras de madeira na periferia da
construção, sob a forma de um quadro de madeira. Quando utilizada esta
configuração são chamadas garfos (ver capítulo 6, item 6.2.3.1).
• Suportes – são peças montadas no topo das torres ou escoras (ver figura
2). É neles que se apóia o escoramento horizontal (ver item b).
• Vigas metálicas – utilizadas para o fechamento radial da forma de pilar
(figura 14). Impede que a forma se abra durante a concretagem
41
b) Escoramento horizontal – responsável pela estruturação das formas de laje ,
pode ser composto por:
•
Vigas metálicas ou de madeira – São dispostas sobre o escoramento
vertical, encaixando-se sobre os suportes (ver figura 15). Em sua
montagem, as vigas são dispostas em duas camadas: as vigas principais
(também chamadas guias) e as vigas secundárias (também chamadas
barrotes). As vigas secundárias são montadas sobre as vigas principais, de
forma a se formar um assoalho, onde se fixará a forma de concreto.
c) Formas – responsáveis pela moldagem do concreto, podem ser:
•
Formas de compensado plastificado – são utilizadas tanto nos pilares
quanto na laje. Os painéis de forma (figuras 14 e 15) são fornecidos sob a
forma de pranchas, medindo 2,2 x 1,6m e são posteriormente cortados na
medida para a área destinada à formagem. As formas dos pilares devem
ser estruturadas com reforços de madeira (chamados barrotes) e vigas
metálicas dispostas horizontalmente de forma a impedir o vazamento do
concreto. Nas formas de laje, os painéis geralmente são colocados
inteiros, e cortados somente nas bordas de junção com as vigas.
•
Formas mistas - São painéis de forma modulados, com estrutura em
metal (geralmente aço) e face formante de madeira. Sua configuração
permite serem encaixados um ao lado do outro e não necessitam de ajuste
por parte da carpintaria. São utilizados principalmente na formagem de
lajes.
42
Forma para pilar,
confeccionada em
madeira compensada
Vigas metálicas
para sustentação
dos painéis de
forma
Forma para viga
de concreto,
confeccionada em
madeira
compensada
Escoras metálicas reguláveis,
responsáveis pela sustentação das
formas de vigas. Também são
usadas para o reescoramento,
após a desforma (retirada da
forma) da laje.
Figura 14 – Exemplo de formas e escoramento convencional.
Fonte: ilustração da JAHU IND. E COM. LTDA (RJ)
43
Painel de forma.
Geralmente folha de
madeira compensada,
recoberta de material
desmoldante
Quadros tubulares ou
andaimes. São responsáveis
pelo escoramento da
estrutura de forma da laje.
Vigas metálicas. Também
chamada na obra de longarina. Na
posição que estão são chamadas de
vigas secundárias ou barrotes
Vigas metálicas. Nesta
posição são chamadas vigas
principais ou guias.
Existem também vigas
confeccionadas em madeira
Suportes reguláveis. Tem o
formato de bandeja com uma
coluna rosqueável. São
responsáveis pela sustentação
das vigas metálicas.
Figura 15 – Exemplo de escoramento convencional para lajes de concreto.
Fonte: Ilustração da JAHU IND. E COM. LTDA (RJ).
44
2.5.2.2Tipo de equipamento moderno utilizado para escoramento.
Os fabricantes internacionais – principalmente os europeus – oferecem
equipamentos que facilitam manuseio, montagem e transporte, por serem leves e
modulados. Alguns fabricantes oferecem dispositivos mecanizados para a
montagem de forma, como poderá ser visto mais adiante.
d) Escoramento vertical – estrutura que efetivamente sustenta a laje a ser
concretada. O tipo de equipamento utilizado nesta etapa pode ser:
• Escoras metálicas – Permitem receber grande carga – até 6 toneladas – e
são confeccionadas em alumínio e são levíssimas. Transformam-se em
estrutura monolítica (bloco único) mediante a adoção de paralelogramos
de alumínios encaixados em suas laterais, dispensando o uso de quadros
de andaimes.
• Suportes – são peças montadas no topo das torres ou escoras (ver figura
17). É neles que se apóia o escoramento horizontal. Um tipo de suporte
utilizado
recentemente
se
denomina,
comercialmente,
cabeça
descendente, termo traduzido da denominação em língua inglesa drop
head. Este tipo de suporte possui uma trava que, mediante golpes de
martelo, desce alguns centímetros, liberando a pressão exercida pela laje,
permitindo a retirada de todo o escoramento horizontal.
e) Escoramento horizontal – Responsável pela estruturação das formas de laje
•
Vigas metálicas – confeccionadas em alumínio (figura 17), tem
comprimento reduzido e são muito leves e de fácil manuseio. Encaixamse sobre os suportes de forma rígida e não necessitam de vigas
secundárias, que já fazem parte estrutural das formas mistas.
45
f) Formas – Responsáveis pela moldagem do concreto:
•
Formas mistas - São painéis de forma modulados, com estrutura em
metal (alumínio ou aço) e face formante de madeira (figura 16). Sua
configuração permite
serem encaixados um ao lado do outro e não
necessitam de ajuste por parte da carpintaria. São utilizados
principalmente na formagem de lajes e sua conformação elimina a
necessidade de vigas de apoio secundárias.
g) Elevador de formas:
• Dispositivo de elevação para painéis de forma (figura 18), composto por
braços pantográficos. O mecanismo dispensa o trabalho braçal para a
colocação dos painéis de forma sobre as vigas, diminuindo o risco de quedas
da estrutura.
Face formante de
madeira compensada
Estrutura em alumínio ou aço,
de formato modular
Figura 16 – Exemplo de forma mista, composta de estrutura em alumínio e face
formante em madeira compensada.
Fonte: PERI (Alemanha).
46
Suporte sob forma
de drop head
(cabeça
descendente)
Escora de grande
capacidade em
alumínio
Palets, para
acomodação de
equipamento para
serem içados por
guindaste
Viga (longarina)
de alumínio, com
formato modular.
Painel de forma
mista, com
estrutura em
alumínio
Assoalho formado
pelos painéis de
forma mista, onde
será despejado o
concreto
Figura 17 – Exemplo de um equipamento moderno de escoramento, com estrutura
metálica inteiramente feita de alumínio e painéis de forma mista, modular.
Fonte: PERI (Alemanha).
47
Figura 18 – Elevador de painéis de formas.
Fonte: Thyssen-Hunnebeck - Alemanha
Download

2-5 Tecnologia empregada