XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
MELHORIA NA GESTÃO DE
MATERIAIS RECICLÁVEIS EM
CENTROS DE TRIAGEM, A PARTIR DE
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
Adelino Carlos Maccarini (UTFPR)
[email protected]
João Bosco Ladislau de Andrade (UFAM)
[email protected]
Este trabalho foi realizado na Associação de Catadores de Pato
Branco, onde foi sugerido um processo de triagem diferente do que os
envolvidos estavam trabalhando até então. Propõem-se mudar os
métodos atuais por tecnologias apropriadas, fááceis de serem
instaladas e com custos compatíveis, resultando a partir destas, em
diminuições consideráveis nos tempos de triagem e movimentação dos
materiais.
Para que isto ocorra, serão propostos alguns métodos que propiciam
não só a minimização de esforços humanos, mas também a otimização
do tempo e translado da coleta. Nos galpões de triagem, propõem-se
processos de triagem simples, economicamente viáveis, fáceis de
implantar e com pouca manutenção. Na comercialização, será
proposta a reutilização, pré-industrialização ou industrialização total
dos materiais triados, a fim de agregar mais valor aos produtos finais.
Também foi realizado um estudo de redução e desperdício de tempos,
tanto na triagem quanto no transporte de lixo seletivo, com a
implantação de um processo em que se buscou a otimização, com
vistas a uma futura instalação de produção enxuta no sistema,
superando as precárias condições não só financeiras, mas também
culturais, sociais e logísticas do sistema.
Palavras-chaves: Catadores, triagem de recicláveis, resíduos sólidos,
lixo, gerenciamento integrado de resíduos sólidos, tecnologias
apropriadas
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1. Introdução
Devido ao aumento na geração de produtos descartáveis que surgem a cada dia na vida do
homem, se torna imprescindível criar formas de gerenciamento mais eficientes e eficazes,
com destino adequado aos resíduos que dali se originam.
A questão da reciclagem de materiais é uma das que perpassam tanto pelo modo de produção
contemporâneo (com elevados índices de consumo e geração de resíduos), quanto pelos
custos de processamento, envolvidos no enfrentamento ambiental deste assunto, ou seja, as
tecnologias disponíveis em diversos lugares do mundo, são caras, com processos também
caros, o que invulta desta forma, no aumento dos custos de coleta, triagem e processamento
dos materiais possíveis de serem reciclados, incidindo no preço final do produto. Desta forma,
a competição aliada à falta de tecnologias apropriadas, requerem mudanças significativas no
contexto empresarial.
Mas, devido ao crescente aumento dos centros urbanos e o conseqüente aumento da demanda
por frentes de trabalho, surgem bolsões marginalizados de pobreza, geralmente formados por
pessoas desqualificadas, que são trazidas aos grandes centros na ilusão de se conseguir
emprego e trabalho. Para amenizar este problema, tentando se inserir no mercado de trabalho,
o que resta muitas vezes, são serviços autônomos, os quais não necessitam de preparo
qualificado e permitem a independência na escolha do que fazer ou quando trabalhar. Uma
destas profissões é a de catador de materiais recicláveis, atividade que, elucida CEMPRE
(2007), no Brasil cresce de forma exponencial.
Esta situação demonstra a necessidade urgente em se implantar métodos mais eficientes de
gerenciamento dos resíduos passíveis de serem reciclados - o lixo seco - em que os catadores
são envolvidos. Desta maneira, aborda Dias (1991), para melhorar ainda mais o processo
como um todo, precisa-se englobar primeiramente além da educação ambiental, também a
conscientização da população da cidade quanto à produção e separação de lixo em suas
próprias casas. Deve-se também, implementar métodos mecanizados e automatizados para
melhorar a logística, desde o sistema de coleta, transporte, triagem, enfardamento
(prensagem) e a expedição dos materiais. Desta forma, o fluxo de materiais será mais coerente
e sensato possível, evitando-se perder tempo com operações que não agregam valor aos
produtos triados. Assim, a produtividade e as condições ergonômicas e de saúde dos
trabalhadores envolvidos, tendem a melhorar. Por fim, como cita Calderoni (1998), se na
comercialização dos materiais incidisse incremento de melhores valores, com a instalação de
indústrias afins ou de balcões de negócios, aumentar-se-ia o lucro, que é a base para o
equilíbrio econômico da estrutura instalada. Este processo todo, conforme Tchobanoglous et
al. (1993) e Monteiro (2001), seria o princípio para a implantação do gerenciamento integrado
de resíduos.
2. Objetivos
a) Propor a instalação de novo leiaute na Associação de Catadores de Recicláveis de Pato
Branco, para melhoramento do fluxo de materiais e transporte interno, envolvendo os
setores de recepção, triagem, prensagem/enfardamento e expedição. Avaliar a partir dali, o
desempenho, as economias em tempo e os custos de mudanças decorrentes da implantação
do novo método;
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b) Comparar o método usual com o novo método, mostrando aos catadores as vantagens, não
só econômicas, ergonômicas e sanitárias, em conseqüência da melhora desta mudança;
c) Mostrar que pode haver o aumento de renda para a Associação de Catadores e de cada
catador, a partir do reaproveitamento de alguns materiais e com a instalação de indústrias
para processar e beneficiar outros materiais, agregando desta forma, mais valor aos
produtos triados;
d) Mostrar a visão do lucro no trabalho realizado, como forma de manter principalmente o
sustento do catador, de sua família e também no funcionamento da própria Associação.
3. Materiais e métodos
3.1. Relatos quanto à situação atual
A Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Pato Branco, onde o estudo foi
realizado, tem sua sede no bairro da Pedreira em Pato Branco (com aproximadamente 360m2
de área construída, é um galpão com formato retangular, sem adequações próprias ao método
de triagem), e conta com 14 catadores e um gerente que é mantido pela Prefeitura Municipal.
Os catadores desta associação fazem a triagem dos materiais recicláveis, recolhidos
diariamente entre os bairros da cidade, com um caminhão e motorista da Prefeitura e dois
catadores, vinculados à Associação. Cada bairro tem um dia da semana específico para a
coleta. Após transportados para o galpão os materiais são descarregados no chão das
dependências do mesmo, triados, prensados e vendidos em fardos para empresas que
trabalham no ramo do reprocessamento destes materiais. Toda a renda da comercialização dos
materiais é dividida entre os próprios catadores.
3.1.1. Detalhamento da triagem da situação atual
Depois de coletados os materiais, nos bairros da cidade, (em média de 1,2 toneladas por dia),
eles são transportados para o galpão (aproximadamente a oito quilômetros de distância,
dependendo de qual bairro que ocorreu a coleta). O caminhão estaciona na entrada de
materiais que fica localizada na frente do galpão (Figura 2). Após descarregados (Figura 1) e
amontoados no chão, os materiais são levados às mesas (Figura 3 ), separados pelos catadores
por tipo e características, e colocados nas bolsas de ráfia, que ficam presas às bordas das
mesas. Em seguida, depois de preenchidas, estas bolsas são transportadas manualmente até
a prensa, de onde os materiais serão enfardados para estocagem e a posterior expedição.
Figura 1 - Materiais nas dependências do galpão para serem triados (situação atual), interrompendo o trânsito de
pessoas e materiais.
3
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Toda a renda da comercialização dos materiais vendidos é dividida entre os próprios
catadores.
Na Figura 2, observa-se a grande quantidade de fluxos cruzados e a passagem por entre outros
setores ao transportar materiais.
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15,45
0,15
0,15
5,00
0,15
WC e
vestiário
Feminino
Cozinha
WC e
vestiário
masculino
Escritório
20,00
Espaço reservado para depósito de materiais
enfardados
Mesa para
triagem
Mesa para
triagem
23,45
Área onde
estão sendo
depositados
os materiais
a serem
triados
Mesa para
triagem
0,15
ENTRADA DE
MATERIAIS
3,50
1,10
Mesa para triagem
Prensa
para
papéis,
plásticos
e latas
Espaço reservado para depósito de materiais enfardados
Espaço reservado
para depósito de
alguns materiais já
separados
3,00
0,15
3,00
0,15
10,00
SAÍDA DE
MATERIAIS
Estacionamento do
caminhão para o
descarregamento
2,80
4,60
3,60
2,70
1,75
Figura 2. Planta baixa representando a situação atual do galpão de triagem da Associação de Catadores de Pato
Branco.
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Recipiente para
rejeito
MESA DE TRIAGEM
CATADOR 2
BOLSAS DE RÁFIA PARA
ACONDICIONAR OS
MATERIAIS TRIADOS
CAIXA DE
REPOSIÇÃO DE
MATEIRIAIS
CATADOR 1
Figura 3 – Detalhes da mesa de triagem da situação atual.
Na Tabela 1, a partir de dados coletados pelo autor, percebe-se o tempo utilizado para efetuar
cada atividade. A descarga do material utiliza 24 minutos, às quais são correspondentes à
média de duas descargas diárias de 12 minutos. Na descarga são utilizados três trabalhadores,
que neste caso, utiliza-se um total de 72minXcatador para a atividade. O tempo total para o
transporte dos materiais até as mesas é de 32 minutos. Este tempo, na prática, é um pouco
maior, porque um dos catadores tem que ficar sempre atento à falta de materiais nas mesas.
Na triagem utilizou-se 8,5 horas, que é o expediente de trabalho no galpão da Associação. O
total de tempo utilizado no transporte interno de bolsas é de 46 minutos. Na prensa gasta-se
5,8 horas por dia com um trabalhador. O translado até o estoque é de 40 minutos. Os fardos
ficam em média por 20 dias esperando formar volume para serem vendidos, em que se utiliza
até quatro horas para carregar o caminhão (com quatro operários).
CÓDIGO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
SETOR
Entrada de materiais
Depósito no chão
Transporte para as mesas de triagem
Triagem
Transporte interno
Prensagem
Translado até o estoque
Estocagem
Expedição de materiais
TEMPO
24 minutos
32 minutos
8,5 horas
46 minutos
5,8 horas
40 minutos
20 dias
4 horas
Tabela 1 - Código de cada setor do galpão na situação atual e tempos utilizados.
Para melhor visualizar os processos da situação atual, foi realizado um diagrama de
precedência, indicado por Slack (2007) e mostrado na Figura 4:
1
2
3
4
5
6
7
8
9
24
minutos
32
minutos
8,5
horas
46
minutos
5,8
horas
40
minutos
20
dias
4
horas
Figura 4 - Diagrama de precedências dos processos da situação atual.
A Tabela a seguir mostra algumas outras atividades que foram observadas, com os tempos
para a realização de cada uma. Mostra ainda condições para possíveis mudanças e alterações
nos tempos de procedimentos.
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Atividades
Tempo
normal
Tempo que deveria
ser
Retirada de montes de papelão que estavam condicionados no
chão, para serem levados até a prensa
Catadora tem que se virar e acondicionar materiais nos
recipientes que estão atrás da mesa de catação
Chacoalhar a sacola para verificar se não existem mais materiais
em seu interior
Acondicionar qualquer material dentro da bolsa de ráfia, com a
bolsa já está preenchida
Largar a operação de triagem para abrir a bolsa de ráfia que se
fecha
Retirada de uma espiral de um caderno
Transportar quatro bolsas de ráfia cheias (com sacos plásticos),
da mesa de triagem até a prensa a uma distância de 11 metros
Limpeza da mesa após a retirada de cada leva de materiais
Translado de cada bolsa de materiais já separados, de um lugar
para outro a uma distância de seis metros
Varrição do chão, após a retirada de uma certa quantidade de
materiais da leira, oito vezes por dia
Amarração de fardo de frascos de plásticos após a prensagem
53 (s)
segundos
3s
Eliminável
6s
2 segundos e mínima
torção da coluna
Eliminável
3s
Eliminável
6s
Eliminável
41 s
12 s
9 segundos
12 segundos para transportar
20 bolsas utilizando carrinho
34 s
11 s
Eliminável
Eliminável
26 s
O mesmo tempo, mas
duas vezes por dia
2 minutos
8 minutos
Tabela 2 - Algumas atividades que foram observadas e quantificados seus tempos, com condições de possíveis
mudanças e alterações nos tempos de procedimentos. Adaptado de Tubino (2007).
3.1.2. Quanto à triagem no galpão
A triagem consiste em separar na mesa, cada tipo de material. Estes materiais são agrupados
em família de produtos, proposto por Slack (2001), como por exemplo, papéis, vidros,
plásticos e metais. Cada produto por sua vez, é separado em partes devido às exigências de
mercado, conforme relatado a seguir:
a) papéis: são separados em papel misto, papel branco, papelão e embalagens de leite longa
vida. Os papéis mistos são os jornais, revistas, papéis de embrulho, recortes que não sejam
brancos, caixinhas de remédio e outras caixinhas de produtos domésticos, como a de pastas de
dentes, por exemplo. Os papéis brancos são as folhas A4, cadernos, livros e que ainda não
foram sujos, molhados ou contaminados com o lixo orgânico. Os papelões são as caixas de
papelões propriamente ditas, e as embalagens de leite longa vida ou similares, são aquelas
com a tecnologia Tetra Pak, em que são formadas por diversas camadas, onde uma delas é
folha de alumínio, outra papel e outra plástico;
b) plásticos: são separados em PEBD (poliestireno de baixa densidade) cristal, PEBD sacolas
(o cristal é o saquinho de plástico transparente e as sacolas, por eles assim chamadas, são as
provindas principalmente de sacolas de supermercados); PEAD (poliestireno de alta
densidade) branco, PEAD colorido (o PEAD branco e colorido são todos os recipientes de
produtos como amaciantes de roupa, alvejantes e similares); recipientes de PET (polietileno
tereftalato) cristal e colorido (o PET é formado principalmente por embalagens de
refrigerantes); PS (poliestireno) que são os copinhos de café; PP (polipropileno) que são os
copinhos de iogurte e similares
c) metais: são separados em latas de alumínio (de bebidas), alumínio grosso (fios, panelas e
recipientes com grande espessura), latas de aço (folhas de “flandres”), latas de produtos
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químicos (latas de tinta, inseticidas e similares) e cobre (fios e peças de cobre, bronze ou
latão);
d) vidros: são separados em recipientes reutilizáveis e não reutilizáveis. Os reutilizáveis são
os vidros de conservas, as garrafas e garrafões de vinho, garrafas de cerveja e as garrafas de
“Jamel”. Os não reutilizáveis são aquelas garrafas que não tem mercado de venda, ou que
estão quebradas. Estas são vendidas em forma de cacos de vidro.
Após triados, os papéis, plásticos e latas, são levados até a prensa para enfardá-los,
diminuindo desta forma o volume para facilitar o transporte até as fábricas de reciclagem. Os
vidros, fios metálicos, barras metálicas e de plástico, isopor, entre outros, não são prensados
devido às características dos mesmos. Os papelões são previamente separados, devido ao
grande volume formado por eles, e levados diretamente para a prensa, sem passar pelas
mesas.
O método de alimentação dos materiais nas mesas é realizado da seguinte forma: um dos
catadores, que fica responsável por esta tarefa, por meio de uma caixa de papelão, recolhe o
material do chão, conforme mostrado anteriormente na Figura 5, preenche com materiais
seletivos e deixa a caixa deitada em cima da mesa para quem for triá-los. Esta caixa fica
virada (disponível em posição mais privilegiada) para os catadores que estarão fazendo a
triagem, e dificilmente direcionada para o catador que abastece as mesas, dificultando assim a
visualização para o carregamento de mais materiais. Enfim, todas as vezes que faltam
materiais, o responsável pela triagem solicita ao encarregado alimentar as caixas, o que
recorre em perda de tempo e parada das atividades.
Os catadores até então trabalham em condições precárias, pois perante o acúmulo dos
materiais recicláveis devido à lentidão na separação, formavam-se leiras enormes de lixo a
separar no meio do corredor, atrapalhando o transporte, fluxo de materiais e pessoas,
conforme a Figura 5. Isto causa, além de odores desagradáveis, também a ocorrência e
proliferação de vetores, como ratos, moscas e baratas. Esta triagem é deficitária, demorada e
cansativa, deixando os catadores com dores nas costas e na coluna, conforme relato dos
mesmos.
3.2. O que se pode ganhar com a venda de materiais recicláveis em Pato Branco e no
Brasil
Estudos realizados por Maccarini e Hernández (1997), apud Maccarini (2007), mostraram que
em 1997, a cidade de Pato Branco produzia 32 toneladas de lixo por dia. Hoje, com
aproximadamente 66.700 habitantes (IBGE, 2007), supõe-se produzir em torno de 55
toneladas de lixo por dia, de acordo com interpolações e estimativas realizadas por Maccarini
(2007). O mesmo autor publicou os dados da caracterização qualitativa destes resíduos,
mostrada na Tabela 3, de onde se pode tirar algumas considerações:
Se todo o lixo no Brasil fosse triado e vendido, poder-se-ia, além de movimentar a indústria
da reciclagem, garimpar mais de R$ 8 bilhões por ano, daquilo que é jogado fora.
Na cidade de Pato Branco, se todo o material seletivo encontrado dentre os resíduos sólidos
domiciliares, fosse separado e comercializado, poder-se-ia render diariamente aos catadores a
quantia de aproximadamente R$ 9.000,00. Anualmente, entrariam no orçamento dos
catadores mais de R$ 3 milhões. Esta seria uma boa quantia de dinheiro sendo injetado na
economia da cidade, já que os catadores iriam gastá-lo na própria cidade ou no entorno dela.
Apesar de que, para se obter estes valores foram desconsiderados os custos de transporte,
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divulgação, triagem, processamento, entre outros custos indiretos. Leva-se em consideração
que estes valores são apenas relativos à comercialização direta do material bruto, sem
industrializá-lo. Desta forma, poder-se-ia render ainda mais aos cofres da cidade, se fossem
instaladas indústrias de beneficiamento.
Estes dados se tornam relevantes, a partir do momento que se estima que, na atividade de
gerenciamento destes resíduos, seriam criados mais de 300 empregos diretos, principalmente
para pessoas de baixa renda ou desqualificadas. Por outro lado, para fins de comparação, no
ano de 2007, envolvendo todos os setores, conforme Ipardes (2007), foram criados 1103
empregos no município estudado.
Preço
médio
R$/ton (*)
Papelão
Papel branco
Latas aço
Alumínio
Vidro incolor
Plástico rígido
345,00
340,00
252,00
3.160,00
108,00
557,00
PET
Plástico filme
860,00
475,00
Caracterização
de cada material
(%) (**)
6,6
7,2
3,0
0,45
2,8
3,3
3,5
9,1
Total por dia
Total por ano
Valores relativos à
comercialização diária
para Pato Branco
Valores relativos à
comercialização diária
para o Brasil
R$ 1.252,35
R$ 1.346,40
R$ 415,80
R$ 782,10
R$ 166,32
R$ 1.010,96
R$ 3.187.800,00
R$ 3.427.200,00
R$ 1.058.400,00
R$ 1.990.800,00
R$ 423.360,00
R$ 2.573.340,00
R$ 1.655,50
R$ 2.377,38
R$ 9.006,80
R$ 3.287.482,00
R$ 4.214.000,00
R$ 6.051.500,00
R$ 22.926.400,00
R$ 8.368.136.000,00
Fontes: (*) Cempre (2007); (**) Maccarini (2007).
Tabela 3. Valores que poderão ser obtidos a partir da comercialização de todos os recicláveis encontrados
diariamente na cidade de Pato Branco e no Brasil.
Pato Branco, com Índice de Gini de 0,57 e taxa de pobreza de 14,63%, informada por
IPARDES (2007), equivalem a 3071 famílias vivendo com renda familiar de até meio salário
mínimo. Se os valores da venda dos recicláveis, anteriormente citados fossem revertidos para
estas famílias de baixa renda, que seriam empregadas no processo, (correspondendo a quase
10% das famílias beneficiadas), caberia a cada uma, aproximadamente R$ 10 mil por ano.
3.3. Criação e implementação de novas tecnologias para melhoria no processo de
triagem
Diante do novo leiaute proposto, foram sugeridas algumas mudanças técnicas para agilizar
ainda mais o processo como um todo. Em estudos preliminares foram pensados e estudados
diversos métodos, gerando conceitos como por exemplo, para a triagem, uma esteira
motorizada ou a triagem por peneiras giratórias. Na escolha do conceito final, os critérios
decisivos foram facilidade de instalação e redução de custos tanto na instalação do novo
leiaute, quanto na fabricação de sistemas com novas tecnologias.
Todas estas melhorias explicadas a seguir, são importantes e proporcionam a otimização nos
tempos de trabalho e diminuição no desgaste dos trabalhadores. Mas a melhoria mais
significativa proposta neste trabalho, é a instalação do cesto para acondicionar os materiais a
serem triados, conforme Figura 5. Na Figura 6, estão as vistas frontal, superior e lateral do
cesto e da mesa de triagem proposta, em que a numeração indicada coincide com as
numerações dos materiais da Tabela 4.
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Este cesto coletor é um aparato para que os materiais a serem triados fiquem armazenados e
estejam em uma posição de fácil manuseio pelo catador. Assemelha-se aos cestos em que
armazenam palhas de aço em supermercados. É fabricado a partir de uma grade de aço que
preferencialmente deverá ser construída com barras de aço de 8mm, separadas paralelamente
a uma distância de 100mm umas das outras (Figura 6) e no sentido de inclinação do cesto,
para facilitar o deslizamento por gravidade dos sacos até a mesa. O quadro é fabricado em
tubos quadrados de aço, com 30mm X 20mm, espessura de 3mm. Suas dimensões são de um
metro de altura e largura variável, de acordo com as dimensões do galpão, (no caso 20
metros), onde irá ser instalado e deverá suportar um peso médio de 210 kg/m³, que é a
densidade média do lixo seletivo de acordo com dados levantados Maccarini & Hernández
(2007). As dimensões serão compatíveis com o peso de materiais a suportar e a altura do
galpão. Esta altura, não deverá ultrapassar 2,5 metros e não deverá encostar-se ao teto do
galpão. A altura máxima de 2,5m é para facilitar o processo de carregamento do cesto, já que
a recarga é realizada pela parte superior do mesmo.
Fica localizado acima da mesa de triagem, junto à parede do galpão, apoiado em uma viga de
concreto, (Figura 5), para facilitar o processo de alimentação de materiais por gravidade.
Em conjunto com este cesto, deverá ser trabalhado com uma mesa de triagem e um sistema de
sustentação de bolsas de ráfia (que ficam abertas para o condicionamento dos materiais
separados, diferente do atual em que o catador tinha que abrir a bolsa para acondicionar o
material em seu interior), como demonstrado a seguir na vista superior da Figura 6, em que
cada extremidade das bolsas fica presa por pregos para não se soltarem. Devido à grande
diversidade de materiais a separar (mais de 20), este suporte tem compartimentos suficientes
para que possam acondicionar todos os diferentes recicláveis. Tem a vantagem de deixar as
bolsas permanentemente abertas para acondicionar os produtos, economizando-se tempo por
não precisar largar a operação de triagem para abrir as mesmas. Este método dispõe de
condições de separação mais otimizada em relação às atuais mesas utilizadas pelos catadores,
pois as bolsas estão dispostas de tal forma que os produtos que são mais incidentes, podem
ficar mais próximos dos demais que ocorrem em menor quantidade.
O processo proposto para utilização do cesto é a seguinte: os materiais são retirados do
caminhão, previamente estacionado em uma rampa, jogados manualmente dentro do cesto
para que em seguida os catadores possam realizar a triagem. Os catadores ficam na disposição
de frente ao cesto e recolhem os materiais que estão à sua frente, rasgam os sacos de plástico
que contém os materiais recicláveis, separam cada tipo específico (papéis, plásticos, latas,
vidros, etc.) e colocam nas devidas bolsas que estão estrategicamente dispostas ao lado dos
catadores.
Dentre as novas tecnologias a se implementar, além das já mencionadas, pode-se utilizar o
sistema Kanban, relatado por Lorenzen (2007), a partir de uma haste de madeira instalada
junto às bolsas de ráfia. Esta haste, de aproximadamente 25mm X 25mm de seção transversal
e um metro de comprimento deverá ter em sua extremidade superior, um prego ou material
pontiagudo. Ela será utilizada pelo catador que estiver realizando a triagem e quando uma
bolsa estiver já preenchida com algum material. Se a bolsa, preenchida for de sacos plásticos,
o catador deverá inserir na ponta da haste um saco plástico, se no entanto for de papel, deverá
inserir um pedaço de papel, e assim por diante para outros materiais (menos para os vidros e
latas, que são difíceis de afixar na ponta da haste e ocorrem em menor volume). Este
procedimento facilitará a visualização do catador responsável para recolher as bolsas cheias,
sem precisar que o chamem e nem que ele tenha que, freqüentemente de forma desnecessária,
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conferir o interior das bolsas para verificar se estão ou não preenchidas. Desta forma,
economiza-se mais tempo, pelo fato de deixar este último catador livre para realizar outras
tarefas em paralelo.
Figura 5. Catadores triando os materiais na mesa e cesto (suspenso na parede) da situação proposta.
Altura máxima 2,5 m
barras de aço de 8mm de diâmetro
cesto para
armazenar
os materiais
para triagem
triagem
Sistema kanban para a
indicação de troca de bolsas
1,0 m
mesa de triagem
piso
Vista frontal do cesto
Vista lateral do cesto
> 0,5 m
3 1 1
5 4 4
20
6
2
catador
9 7 7
11A 8
8
Recipientes
11B 10 9
para
15 14B 14A acondicionar
18 17 16 os materiais
triados
13
papelão
19
Vista superior do cesto
Figura 6 - Vistas frontal, superior e lateral do cesto e mesa de triagem propostos.
Número de
prioridade
1
2
3
4
5
MATERIAIS
Plástico filme cristal
Embalagens de leite Tetra Pack
PS - copinhos de café
Plástico filme sacolas
PP - copinhos de iogurte
Número de
MATERIAIS
prioridade
12
Latas de alumínio
13
Recipientes de PET colorido
14 A
Garrafas de vinho e conserva
14 B
Garrafas de Jamel
15
Embalagens de conservas e garrafões
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6
7
8
9
10
11 A
11 B
Recipientes de PET cristal
Papel misto
Papel branco
PEAD colorido
PEAD branco
Latas de aço
Latas de produtos químicos
16
17
18
19
20
Fios/panelas de alumínio
Outros metais (Cobre)
Cacos de vidro
PVC
REJEITOS
Tabela 4 - Indicações numéricas de cada material que é separado pelos catadores.
4. Análise e discussão dos resultados
Os resultados da pesagem estão indicados na Tabela 5. Percebe-se pela mesma Tabela que o
método proposto foi 26,3% mais eficiente, em peso de materiais triados, do que a média das
três mesas da situação atual. Em relação à que teve o pior desempenho dos três grupos, a
situação proposta teve um resultado de 45,3% superior, em peso. Em relação aos ganhos em
Reais, a mesa da situação proposta também foi superior à média das três outras mesas.
A seguir serão apresentadas as principais características do cesto e a importância em sua
instalação:
a) Agiliza o processo de triagem. Em estudos preliminares, realizados por Maccarini &
Hernández (2007), este cesto chega a proporcionar um rendimento de até 45,3% em peso de
materiais triados;
b) Evita que os materiais sejam depositados no espaço central do galpão, deixando-o livre para
o transporte interno de materiais e de pessoas;
c) Propicia um ambiente de trabalho mais limpo, ventilado e com aparência mais agradável,
evitando a proliferação de vetores;
d) Possibilita que os primeiros materiais que entram, sejam os primeiros a serem triados
(PEPS), o que evita, desta forma, a decomposição de eventuais materiais putrescíveis que
geralmente acompanham o lixo seco;
e) Melhora a ergonomia na triagem;
f) Facilita a visualização de falta ou excesso de materiais a serem triados;
g) Possibilita a utilização do espaço vertical do galpão;
h) A disponibilidade dos produtos em frente aos catadores, possibilita que eles não precisem
se virar em demasia para alcançar as bolsas para acondicionar os materiais, fazendo com
que desta forma, eles tenham menos fadiga, dores de coluna ou lombares;
i) A disposição das bolsas para acondicionar os materiais triados em volta do catador gera a
possibilidade de serem utilizadas banquetas para que, durante um certo período de tempo, o
catador possa trabalhar sentado;
j) É um aparato simples e barato aproximadamente R$ 500,00 por metro linear. Ao todo, no
galpão, serão utilizados 17 metros.
4.1. Freqüência de atividades
Para referenciar melhor este item, cada material existente foi pesado e quantificado
unitariamente, isto porque, para se ter como referência, além da freqüência de atividades para
a triagem realizada de cada material, também o peso e volume movimentado. Esta freqüência,
bem como o peso médio coletado por catador, peso médio de cada material, entre outras
informações, serão mostradas mais adiante na Tabela 5. A metodologia de pesagem utilizada
foi a pesagem em fardos e a posterior contagem unitária de cada produto, em separado. A
seguir estão indicados os pesos unitários de cada material:
Peso médio
Peso
Quantidade média
Quantidade de
Freqüência de
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coletado/dia para médio por aproximada de embalagens
embalagens
movimentos de cada
catador para cada
cada dois
unidade
separadas por dia (dois
separadas por dia,
catadores (kg/dia) (g/unid)
catadores) (unid/dia)
por catador (unid/dia) material realizado por dia
Papel misto
Papel branco
Embal. de leite Tetra Pack
Plástico filme cristal (PEBD)
Plástico filme sacolas(PEBD)
PEAD branco
PEAD colorido
Recipientes de PET cristal
Recip. de PET colorido
PS copinhos de café
PP copinhos de iogurte
Latinhas de alumínio
Latas de aço e prod. quím.
Garrafas de vinho e outros
Embal. de conserva
REJEITO
29,3
38,9
34,3
19,7
17,7
8,8
12,4
38,0
4,6
4,5
3,3
4,6
14,2
8,5
2,4
46
2,3
13
2,9
3,3
31
31
56
56
0,8
0,8
16
73
850
480
17.000
2.600
6.800
5.400
290
400
680
82
5600
4100
290
200
10
5
Total aproximado
8500
1300
3400
2700
145
200
340
41
2800
2050
145
100
5
3
200
170
810
850
675
90
125
210
26
700
510
32
67
7
3
4.500
Tabela 5 - Caracterizações quantitativas e qualitativas detalhadas para cada material, a partir da triagem realizada
pelos catadores
5. Conclusões e recomendações
Além das vantagens já relatadas anteriormente em relação à triagem convencional, que foi de
até 45,3% mais eficiente em peso de materiais triados; a melhora na logística de
deslocamentos dos materiais no galpão; maior limpeza e eliminação de cheiro e vetores,
existem outros pontos que devem ser melhorados, como:
a) Melhoria no método de descarga de materiais;
b) Diminuição de tempo no processo de prensagem e amarração dos fardos;
c) Melhoria no processo de transporte até a prensa de bolsas e de montes de papelão que são
acondicionados no chão. Se fosse disponibilizado um carrinho, ou se a prensa ficasse mais
próxima, este mesmo tempo poderia ser gasto para transportar muito mais bolsas. Para
descarregar os materiais para a prensa, esta operação também poderia ser facilitada pela
instalação de uma plataforma tipo funil, encaixada na boca da prensa;
d) Existem muitas perdas de tempo por transporte de materiais sem que agregue valor aos
produtos como, por exemplo, na retirada do material do chão para acondicioná-los em
caixas para colocá-los em cima da mesa, para depois outra catadora rasgar sacola por sacola
e por fim, triar o material e condicioná-los em seus devidos recipientes (em sacos de ráfia);
e) Perde-se em média de 3s (segundos) na hora da triagem, quando a catadora tem que
acondicionar qualquer material dentro do saco de ráfia, e este saco já está cheio, tendo que
compactá-lo manualmente. Por outro lado, em média, perde-se 5s em largar a operação de
triagem para abrir a bolsa de ráfia que se fecha devido ao fato de estar ainda vazia, para
depois acondicionar o material dentro e 3s na operação em que a catadora tem que se virar
e acondicionar materiais nos recipientes que estão atrás da mesa de catação;
f) Perde-se um minuto na operação de limpeza da mesa após a retirada de cada leva de
materiais e 26s, na operação de varrição do chão, após a retirada de uma certa quantidade
de materiais da leira. Este procedimento poderia ser reduzido;
Como se pode observar, estes tempos gastos são relativos a uma operação apenas. Tem que
ser avaliado quantas operações no dia são realizadas, ou seja, a soma de todos estes tempos,
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pelo fato de serem repetitivos, representam muito tempo em relação ao processo total. Em
muitas atividades dever-se-ia diminuir o tempo de operação, ou até eliminá-los.
Poderiam ser realizadas em tempos menores algumas outras operações como, por exemplo,
transporte dos materiais, varrição, retirada dos fardos da prensa, retirada de grampos das
folhas de papéis, retirada de espirais das apostilas e cadernos, entre outras. Estes tempos
foram avaliados e registrados para que no futuro as mudanças sejam implementadas.
A partir da instalação do cesto suspenso na parede, a passagem pelos corredores ficou mais
descongestionada, evitando-se desta forma, perdas desnecessárias de tempo ao caminhar por
cima do lixo ou ter que desviá-los.
5.1. Alguns resultados esperados para um futuro próximo
Contribuição para a elevação do nível de renda dos catadores e suas famílias, a partir, não
somente da venda dos recicláveis, mas também com a agregação de valor, com a
implementação de tecnologias viáveis de melhoria do produto final; organização formal dos
catadores em associações ou cooperativas com a criação de novos postos de trabalho para
catadores na cidade; valorização dos catadores como profissionais e; melhoria das técnicas de
separação, gestão e comercialização.
Aos produtos triados poderá se agregar mais valor se eles estiverem limpos, devidamente
prensados e pré ou totalmente industrializados. Neste último caso, é possível a instalação de
pequenas indústrias de beneficiamento dos materiais, inclusive, com recursos do BNDES e
Ministério do Meio Ambiente, conforme informado por BNDES (2007). Outra alternativa
para agregar mais valor ao produto triado, é a confecção de pequenos objetos artesanais.
A condição para estruturarem-se em cooperativas, é uma situação que cria, devido às
características do grupo, uma situação delicada. Por um lado eles poderão se estruturar
melhor, vender os produtos por preços melhores, angariar fundos de fomento de organizações
diversas, entre outras vantagens. No entanto, foi perguntado a alguns deles o que esperam de
uma cooperativa. Alguns têm idéia de que uma cooperativa irá resolver de imediato os
problemas financeiros em que estão passando, outros pensam que poderão receber salário sem
precisar demandar muito esforço. Outros já acham que, com a cooperativa, a Prefeitura
Municipal ou a comunidade irá comprar uma casa para cada um e doá-las para quem for
filiado. Outros pensam que, com a cooperativa, poderão ganhar cestas básicas todas as
semanas. Outros entretanto, se assustam e acham que, com a cooperativa, a Prefeitura não fará
mais a assistência social e deixarão de receber o chamado “Bolsa Família” mantido pelo
Governo Federal. Muitos não estão cientes que uma cooperativa poderá ter sim, seus
benefícios, mas demandará mais esforço de todos, pois, além da diretoria que deverão formar,
uma empresa será criada e deverá ser gerenciada constantemente.
Agradecimentos
Aos catadores da Associação de Catadores de Pato Branco, à CAPES e à FUNDAÇÃO
ARAUCÁRIA.
6. Referências
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento do Econômico e Social. Índices de reciclagem no mundo.
Acessado no dia 16 de novembro de 2007, na página www.bndes.gov.br/images/img_catadores.jpg.
CEMPRE. Compromisso empresarial para a reciclagem. Mais um posto avançado do CEMPRE no mundo.
2006. Acessado no dia 31 de outubro de 2007 na página http://www.cempre.org.br.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 3.ed. São Paulo, Gaia, 1991.
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IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@, população/projeção da população 2007, Rio
de Janeiro, 2007. Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acessado em 08/10/2007.
IPARDES- Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Perfil municipal de Pato Branco.
2007. Acessado no dia 10 de dezembro de 2007, na página
http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?Municipio=85500.
LORENZEN, R. J. Lean Manufacturing Glossary, six sigma and lean. Disponível no site http://www.remy.dk.
Acessado em 22 de outubro de 2007
MACCARINI, A. C. Balanço do potencial energético de resíduos sólidos domiciliares, a partir da coleta
seletiva efetuada por catadores. São Carlos. 96p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo (USP), 1998.
MACCARINI, A. C. & HERNÁNDEZ, R. H. Melhoria no processo de triagem de materiais recicláveis a
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XI Jornada de Iniciação Científica (JIC). UTFPR Pato Branco, 02 a 05 de outubro de 2007.
MONTEIRO, J. H. P. et alli. Manual de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Coordenação técnica de
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Operations management. 3rd ed. Pearson Education Limited.
Harlow, United Kingdom, 2001.
TCHOBANOGLOUS, G. et al. Integrated solid waste management: engineering principles and management
issues. 978p. EUA, McGraw-Hill, 1993.
TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.
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melhoria na gestão de materiais recicláveis em centros de triagem