SOCIEDADE & AMBIENTE
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A História das coisas - 3ª parte
Transcrevemos neste espaço a continuação do texto do
filme "A História das coisas", 3ª parte:
"S abi a q ue
es s as to xi n as
se vão acu mu lan do ao lo ngo
da cadei a a limen tar e s e con cen tram n os n os s os corp os ?
S ab e qu a l é o al i me n t o d o
to po da cadei a ali men tar com
ní vel mai s elevado de qu ímicos
tó xi co s? O leit e ma terno.
Is so significa que os menores membros das nossas sociedades, os no ssos bebês, recebem as maiores doses de químicos tóxicos das suas vidas a partir do leite das suas mães. Não
acha que é uma incrível violação?
A amamentação deveri a ser o
mais importante ato humano de
nutri ção. Devia ser algo sagrado
e seguro. A amamentação continua a ser o melhor e as mães
devem amamentar, mas nós devíamos proteger esse at o! Eles
(ind icand o as co rporações /g overnos ) devi am prot egê-lo. Eu
pens ava que estavam zel ando
pelos nossos interesses! As pessoas que mais sofrem com estses produtos químicos são os trabalhadores das fábri cas, muitos
são mulheres em idade reprodutiva que trabalham com toxinas
que afetam a gestação, carcinogênicos e muito mais. Agora eu
pergun to: que tipo de mul her,
em idade reprodutiva, trabalharia num emprego desses, exposta a essas toxi nas, a não ser uma
mulh er s em out ra al tern ativa?
Essa é uma das 'maravilhas'desse
sist ema. A erosão d os ecossi stemas e economias locais, aqui
(ind ican do o tercei ro mundo ),
garante um fl uxo constante de
pes so as sem alt ern ati vas. No
mundo, há 200.000 pessoas por
dia se deslocando de ambientes
que as sustentaram ao longo de
gerações, para cid ades , o nde
muitas vivem em bairros de lata,
à procura de emprego, por mais
tóxico que seja. Não só os recursos são desp erdiçad os ao longo
desse sistema, mas também pessoas. Co mu nidades int eiras que
são desfeitas. S im, as toxinas entram e saem. Muitas delas saem
das fábri cas em produtos, e muitas mais que saem como subprodutos ou poluição, e estamos falando de muita polui ção. Nos Estados Unid os , as indústrias admitem liberar mais de 1.800.000 kg
de químicos tóxicos por ano. Deve
ser mu ito mais, porque ist o é o
qu e el es admi tem. Trata-se de
out ro l imite, p orqu e quem q uer
ver e respirar 1.800.000 kg de químicos tóxicos por ano? En tão o
que eles fazem? Mud am as fábricas poluidoras para o estrangeiro,
para p olui r out ros paí ses. Mas,
surpresa! Grande parte dessa poluição volta para nós trazida pelo
vento. E o que acontece depois
de todos esses recursos naturais
serem transformados em produtos? Pass am por aqui , p ara a distri buição, o que sign ifica vender
todo o lixo contaminado com toxi nas o mais rapidamente possível.
Aqu i, o objeti vo é manter os preços bai xos, com as pessoas comprando os produtos em constante moviment o. Como eles mantêm os preços baixos? Pagam salários baixos aos trabalhadores das
llojas e restringem o acesso aos
se guros de saú de se mpre q ue
podem. Tudo s e resume em exteriorizar os custos. O verdadeiro
custo de produção não se reflete
no preço. Em outras pal avras, não
pagamos aquilo que compramos.
Ou tro dia estive pensando nisso.
Ia a caminho do trabalho e queria
ouvir as notícias, por isso entrei
numa loja para comprar um rádio.
Encont rei um pequeno rádio verd e e en gra ça do , qu e cu st ava
$4.9 9 d ólares. Na f ila do cai xa
pensei: Como $4.99 podem refl et ir o cus to d a prod ução e
transpo rte deste rádi o at é ele
chegar nas minhas mãos? O metal deve ter si do extraído na África do Sul, o petról eo, provavelment e do Iraque, o plástico, produzido na China, e, talvez , montado por uma criança de 15 anos
numa fábrica do México. $4.99
não p aga nem o alu guel do espaço ocupado na pratelei ra nem
parte do salário do empregado
que me at endeu ou as viagens
de navio e caminhão que o rádio fez. Foi assim que percebi não
ter pago o valor do rádio. E ntão, quem pagou? Essas pessoas (indicando o terceiro mu ndo)
pagaram com a perda do espaço dos s eus recurs os natu rais.
Estas (ind icando a fábrica) pagaram com a perda do ar puro,
com o au men t o d e do en ças
como asma e cân cer. As crianças do Congo pagaram com o
seu futuro, pois 30% delas abandonam a escola para trabalhar
nas minas de coltan, um metal
que us amos em aparelhos eletrônicos baratos e descartáveis.
Essas pessoas pagaram por não
terem direito ao seguro de saúde. Ao longo desse sist ema, pessoas contri buíram para que eu
co mp ras se o rádio po r $4 .99.
Mas essas contribuições não são
regi stradas por nenhum contabil ista. É isso que eu quero d izer com 'ext eriorizar o verdadeiro cust o d e prod ução' . E is so
leva-nos até a s eta dourada do
co nsumo. O coração do sist ema, o motor que o imp ulsiona.
É tão iimport an te qu e proteger
esta seta se tornou p rioridade
daqueles dois su jeit os (o governo e as corporações)".
Diego Coimbra - Direto ria d a AIPAN
(Continua na pr óx im a ediç ão)
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2011 / COIMBRA, Diego da Silva A história das coisas 3ª parte