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AnimArte reúne teatro e ecologia
Sofia Espírito Santo é uma portuguesa que foi voluntária do Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa, enquanto
estudava arquitectura paisagista. Também fez um curso na Escola Superior de Teatro e Cinema (antigo
Conservatório Nacional de Lisboa) e resolveu juntar essas duas paixões em um grande projeto o AnimArte, que
nasceu em 2004 e é feito por 23 crianças para outras crianças. Conheça nesta entrevista parte da realidade das
artes cênicas infantil de Portugal.
Desabafo de Mãe - Como surgiu o AnimArte?
Sofia Espírito Santo - Enquanto estudante de Arquitectura Paisagista fui voluntária do Jardim Botânico da
Ajuda (www.jardimbotanicodajuda.com) e apaixonei-me pelo espaço. Ao escrever uma peça com um intuito
ambiental resultou de uma vontade de aliar os dois lados da minha formação: artística e ambiental. No entanto
não queria dar "lições ambientais" puras, ou seja, não queria que as crianças ao assistirem o espectáculo
estivessem a ver professores em cena. Então surgiu a idéia dos actores serem crianças já que se entendem
melhor entre elas. Foi-me autorizado apresentar os espectáculos no referido Jardim e essa passou a ser a nossa
sede onde, actualmente, temos até uma sala.
2. Quais as principais mensagens que as produções do Animarte passam às crianças?
Sofia - Nosso repertório é ainda curto. Temos os espectáculos: "Alice no Jardim das Maravilhas" (uma
adaptação das obras de Lewis Carrol: "Alice no País das Maravilhas" e "Alice do Outro Lado do Espelho") que nos
fala da importância dos Jardins Botânicos, da reciclagem, do porquê das plantas terem um nome em latim, as
funções das diferentes partes das plantas, etc.
"Robin dos Jardins" (uma adaptação da lenda de "Robin dos Bosques") que nos fala do perigo dos incêndios
florestais e da problemática do abandono dos animais no Verão. Estes dois espectáculos foram concebidos para
serem apresentados ao ar livre, no Jardim Botânico da Ajuda. No entanto, qualquer um deles foi já adaptado
para palco, de modo a poder ser apresentado na época da meia estação, em que há o perigo de chuva. Visto na
altura do Natal termos bastantes solicitações sobre espectáculos natalícios adaptámos uma outra obra:"Um
Outro Conto... de Natal!" (da obra de Charles Dickens "Cântico de Natal") na qual tentámos recriar a cidade de
Londres há 160 anos atrás, sob o ponto de vista das crianças. Tentámos apelar à dádiva de roupas e brinquedos
para crianças necessitadas. Nestes espectáculos o preço era mais reduzido para quem levasse um brinquedo em
bom estado de conservação. Qualquer um destes espectáculos é acompanhado por muita música e dança. Estes
espectáculos foram vistos por crianças de todas as idades, até pelas de 80 anos! E na verdade orgulhamo-nos
de dizer que todas elas adoraram.
3. Qual é a participação das crianças no Animarte, ou seja, além de atuar, elas também opinam no
roteiro, cenografia e música?
Sofia - No primeiro espectáculo ("Alice no Jardim das Maravilhas") as crianças limitaram-se a ser actores. No
entanto, com o aumento da responsabilidade, elas também se tornaram: ponto, contra-regra, responsáveis de
guarda-roupa, responsáveis de adereços, etc., e vão rodando estas funções entre si. No último espectáculo
("Robin dos Jardins"), a estrutura da peça estava criada, alguns diálogos também, mas noutras partes as
crianças foram separadas em grupos e foi-lhes pedido que improvisassem sobre determinada parte do
espectáculo. Todos em conjunto decidimos quais as partes mais divertidas que deveriam integrar o espectáculo,
o que foi feito com muitas satisfação para todos. Quanto ao resto, guarda-roupa, selecção final de músicas, etc.,
nada é decidido completamente sem lhes ser pedida a opinião.
4. Como as crianças lidam com essa questão da consciência ecológica?
Sofia - Os jovens actores gostam bastante de se sentirem "os professores" por uma hora. E assimilam muito
bem a mensagem. No final de cada época todos preenchem uma ficha com questões sobre o espectáculo e
sabem responder bem às questões que lhes são colocadas. O público sai sempre a comentar aquilo que vai
passar a fazer, ou aquilo de errado que vê a passar-se à sua volta.
5. A sensação dos brasileiros é que, na Europa, as mães têm mais consciência da cultura do que no
Brasil. Isso é real?
Sofia - Não sei... Na realidade em Portugal as pessoas consideram caro pagar 5,00€ para verem um
espectáculo de teatro infantil, mas não vacilam em gastar muito mais para poderem ir assistir a um jogo de
futebol, por exemplo. No entanto, as famílias também gostam de sair à rua e levar as crianças a passear pelo
que quando as duas situações se associam o resultado é bastante positivo. Mas na realidade em Portugal as
pessoas perderam um pouco o hábito de ir ao teatro. Nos últimos anos, em Lisboa, têm encerrado bastantes
teatros, resultado precisamente da falta de público. Posso dizer que este Natal não estamos em cena em
nenhum teatro (optámos por fazer espectáculos para empresas particulares) precisamente por não termos
nenhum espaço disponível.
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04-01-2007
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6. Em Portugal, qual é a relação das crianças com o teatro? Elas se familiarizam com essa arte a
partir de que idade?
Sofia - Só este ano é que passou a ser obrigatório as crianças na escola terem Expressão Dramática durante o
1º ciclo (entre os 6 e os 10 anos de idade). Pelo que não há um hábito instalado de querer assistir a teatro. Mas
penso poder arriscar dizer que todas as crianças em todo o Mundo gostam de bons espectáculos teatrais.
7. Na opinião de vocês, qual é a qualidade do teatro infantil em Portugal?
Sofia - Na minha opinião é fraca. Há muito boas companhias de teatro infantil, mas também há outras que se
formam sem qualquer estrutura e resolvem "brincar aos teatros". É constante termos clientes que antes de
comprarem espectáculos nossos preferem vir assistir ao vivo (e não se satisfazem com o DVD que lhes
enviamos) por estarem cansados de serem enganados por outras companhias muito pouco profissionais.
Algumas das quais formam-se sem serem sequer constituídas por profissionais desta área, simplesmente para
tentarem ganhar algum dinheiro.
8. Qual é a produção do Animarte que mais fez sucesso junto à platéia infantil?
Sofia - Na realidade é um pouco difícil de dizer por todas elas serem bastante diferentes e também terem
estado diferente tempo em cena. O espectáculo da «Alice no Jardim das Maravilhas» foi aquele que mais público
teve por ter estado em cena em Lisboa durante 6 meses, e já ter feito vários espectáculos fora. O espectáculo
do «Robin dos Jardins» apesar de ainda só ter estado 2 meses em cena é aquele que as escolas mais escrevem
a contar que gostaram muito da abordagem feita ao tema. O espectáculo do «Um Outro Conto... de Natal!» é
aquele que mais gente tem emocionado. Todos eles têm atingido o seu objectivo: esgotado os espaços em que
têm estado. E isso já sucedeu inúmeras vezes. Habitualmente no último dia temos de fazer dois espectáculos
seguidos por o primeiro estar tão cheio.
9. Pensam em se apresentar em outros países? Quais e quando?
Sofia - Gostávamos muito de apresentar os nossos espectáculos à comunidade portuguesa em França,
principalmente junto de Paris, que é bastante numerosa. Mas sem apoios nada feito! O Brasil era também um
objectivo, num dos festivais de teatro infantil, e devido à língua. No entanto, os gastos são bastante elevados
pelo que pensamos não passar de um sonho. Qualquer outro país seria bastante interessante mas a barreira
linguística é sempre uma barreira a ter em consideração.
10. Como ser um voluntário do Grupo Animarte? Com as empresas interessadas podem patrocinar o
Grupo?
Sofia - Se estiverem interessados em colaborar conosco basta contactarem-nos via telefone (214 531 277) ou
e-mail ([email protected]). Caso alguma criança queira integrar o Grupo terá de aguardar por uma
audição. As nossas audições são sempre bastante divulgadas na comunicação social. Visitando o nosso site
estão também sempre muito bem informados, visto este ser constante e frequentemente actualizado.
Uma mensagem do Grupo Animarte a seus fãs... Um grande beijo para todos e não deixem de apreciar a
arte de representar!
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Portuguesa fala sobre - Grupo de Teatro Infantil AnimArte