Edição 11 - Abril de 2015
Parceria comercial entre Brasil e Estados Unidos
pode impulsionar agronegócio em 2015
A relação entre Brasil e Estados Unidos esteve em
evidência no mês passado, com encontros que confirmam a vontade de ambas as nações de reestabelecer um vínculo mais estreito.
Após 7ª Cúpula das Américas, onde se reuniu com
o presidente americano, Barack Obama, a presidente Dilma Rousseff confirmou sua visita aos Estados Unidos. A visita deverá ocorrer no dia 30 de
junho deste ano.
A confirmação da missão presidencial não foi o
único sinal de aproximação. No dia 19 de março, o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e o Departamento de Comércio
dos Estados Unidos (DoC) assinaram um memorando de facilitação de comércio. Entre outras ações,
o memorando incentiva maior comunicação entre
os setores públicos e privados de ambos os países
por meio da criação de grupos de trabalho. Esses
grupos têm como objetivo principal impulsionar o
fluxo de comércio bilateral.
Outra ação de aproximação comercial entre os dois
governos ocorreu na 7ª Reunião do Comitê Consultivo Agrícola do Brasil-EUA no dia 31 de março. A
reunião contou com a presença de representantes
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês). Além
de estimular o diálogo e a cooperação entre os
dois países em temas relacionados à agropecuária,
o Comitê também oferece as condições favoráveis
para as negociações de acesso a mercados.
Alguns dos assuntos que fizeram parte da agenda
da reunião foram: certificação para a exportação
brasileira de frutas, hortaliças e carne suína; acesso ao mercado americano para bovinos vivos, seus
embriões e sêmens; e a abertura dos mercados
(brasileiro e americano) para a carne bovina in natura.
Acredita-se que essa aproximação entre Brasil e Estados Unidos tenha trazido avanços nas negociações
para a abertura dos mercados para a carne bovina in
natura. Segundo o USDA, o Brasil é o maior exportador mundial e segundo maior produtor de carne
bovina. Em 2014, o país exportou 2.030 toneladas
equivalentes de carcaça (tec), ou 27% do total produzido (7.384 tec). A tec é a medida frequentemente usada nas análises relacionadas à produção de
carne bovina. Já os EUA, o maior consumidor mundial de carne bovina, deverá consumir 10.944 tec
em 2015. Estima-se que 11% desse volume, 1.225
tec, será importado de outros países.
Exportações Brasileiras
de Carne Bovina (2014)
CARNE BOVINA in natura
CARNE BOVINA
INDUSTRIALIZADA
MIUDEZAS DE CARNE
BOVINA
Destino
Valor
(U$$
milhões)
Volume
(toneladas)
EUA
0,1
27
Mundo
5.794,3
1.228.144
Participação
EUA
0,0%
0,0%
EUA
224,0
21.218
Mundo
Participação
EUA
EUA
620,2
101.003
36,1%
21,0%
5,1
834
Mundo
734,5
215.899
Participação
EUA
0,7%
0,4%
Fonte: Agrostat/MAPA
Elaboração: SRI/CNA
Em 2014, o Brasil exportou carne bovina in natura
para 96 países, tendo como principais destinos Rússia, Hong Kong e Venezuela.
Comércio do agronegócio – Em 2014, o Brasil exportou para os EUA cerca de US$ 7 bilhões em produtos
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produção de carne.
do agronegócio. A previsão de aquecimento da economia americana em 2015, combinada à desvalorização do real, oferecem grandes perspectivas para
o agronegócio brasileiro. O setor de carnes pode se
beneficiar significativamente desse cenário, já que a
queda dos preços da soja e do milho, muito utilizados
nas rações para animais, tende a diminuir o custo da
A carne bovina industrializada foi o décimo produto
do agronegócio do Brasil mais exportado para os EUA.
Perto de 36% do valor total desse produto exportado
pelo Brasil refere-se às vendas para o mercado norte-americano.
Saldo do Agronegócio é de US$ 14,6 bilhões no
primeiro trimestre de 2015
pelo Brasil neste primeiro trimestre. Oito, dos dez principais produtos da pauta de exportação do país, são do
agronegócio. Juntos, esses oito produtos somaram US$
10,7 bilhões em exportações nos três primeiros meses
do ano.
A balança comercial do agronegócio fechou o primeiro trimestre de 2015 com superávit de US$ 14,6
bilhões, como mostra o gráfico abaixo. A desvalorização do real em 2015 deve continuar a impulsionar
as exportações brasileiras no ano. O agronegócio
dominou a lista dos principais produtos exportados
Saldo comercial brasileiro (1º trimestre de cada ano)
Fonte: Agrostat/MAPA
Elaboração: SRI/CNA
A soja continua sendo o produto de maior valor de exportação do agronegócio brasileiro, somando US$ 2,6
bilhões no primeiro trimestre deste ano. Mas houve
queda de 43% no seu valor exportado, em comparação com o primeiro trimestre de 2014. A colheita
do grão está atrasada devido ao atraso do plantio no
ano passado. Além disso, o embarque da soja foi afetado pela greve dos caminhoneiros. A situação deve
se normalizar no próximo mês, mantendo a previsão
de aumento na colheita em 2015. No entanto, as exportações de óleo de soja, produto que pode ser armazenado nos portos, aumentaram tanto em volume
quanto em valor, chegando a mais de US$ 1,0 bilhão
exportado no período.
de açúcar (US$ 1,51 bilhão) e celulose (US$ 1,22 bilhão) foram estimuladas pela desvalorização do real.
Os produtores de açúcar aproveitaram a oportunidade para vender seus estoques, que serão recompostos
pela próxima colheita. O setor de carnes congeladas
também esteve em destaque na pauta de exportação
brasileira do primeiro trimestre deste ano. Foram exportados US$ 920 milhões em pedaços e miudezas de
carne de frango, e US$ 840 milhões em carnes desossadas de bovino. Por fim, o Brasil exportou US$ 930 milhões em milho em grãos no acumulado do ano.
Há uma expectativa de crescimento do comércio global de milho para a safra 2014/2015 com aumento das
importações de países como a Indonésia, China, Irã, Argélia, Peru e Colômbia. Espera-se que esse acréscimo
Assim como o café (US$ 1,56 bilhão), as exportações
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compense em parte a redução das importações do
México, que obteve uma colheita maior do produto.
É o que destaca o último Relatório de Estimativas de
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Oferta e Demanda Agrícola Mundial do Departamento
de Agricultura dos EUA (USDA), contendo dados fundamentais para o mercado agrícola.
Principais exportações
(Janeiro a março de 2015)
Produtos
Valor
(US$ bilhões)
Participação do valor
Variação do valor
(2014-2015)
Volume
(milhões de
toneladas)
1. Minério de ferro
3,85
9,0%
-30,6%
69,39
2. Petróleo em bruto
2,72
6,3%
-5,8%
8,53
3. Soja
2,59
6,1%
-43,0%
6,55
4. Café não torrado
1,56
3,6%
40,4%
0,49
5. Outros açúcares de cana
1,51
3,5%
-10,2%
4,38
6. Celulose
1,22
2,9%
6,4%
2,80
7. Bagaços de óleo de soja
1,08
2,5%
13,6%
2,58
8. Milho em grãos
0,93
2,2%
3,0%
4,97
9. Pedaços e miudezas, comestíveis de carne de
frango, congelados
0,92
2,1%
-3,3%
0,54
10. Carnes desossadas de bovino, congeladas
0,84
2,0%
-26,3%
0,21
Oito maiores do agronegócio
10,65
24,9%
-14,3%
22,50
Demais produtos do agronegócio
7,78
18,2%
-0,2%
7,67
Dois maiores não agrícolas
6,57
15,4%
-22,2%
77,91
Demais produtos não agrícolas
17,78
41,6%
-12,0%
25,22
Exportações totais do Brasil
42,78
100%
-13,7%
133,30
Fonte: Aliceweb/ MDIC
Elaboração: SRI/CNA
Outro fator que também pode impulsionar as exportações de grãos é o aumento da demanda da China,
ao anunciar que aproximadamente US$ 25 bilhões
serão gastos em armazenagem de grãos e outras
commodities, até o final deste ano. Sendo a China o
principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, o aumento de sua capacidade de armazenagem
de grãos poderá estimular as exportações do setor nos
próximos meses.
Camex reduz tarifas de importação
Segundo Resolução da Camex nº 23, de 09 de abril de 2015, devido ao desabastecimento ocorrido no mercado interno, a alíquota para importações de avelãs sem casca (NCM 0802.22.00), foi reduzida de 6% para
2%. Além disso, foi estabelecida uma quota de importação de 2.500 toneladas para esse produto. Essas
alterações irão vigorar de 09 de abril de 2015 a 5 de outubro de 2015.
Outra Resolução da Camex, nº 18, de 31 de março de 2015, incluiu duas exceções à Tarifa Externa Comum
(TEC). A resolução reduz a 0% as tarifas de importação para café em cápsulas e para máquinas para a preparação destes.
CNA é nomeada para o Conselho da Camex
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA) passará a integrar o Conselho Consultivo do
Setor Privado (Conex), um dos principais órgãos da
Câmara de Comércio Exterior (Camex) responsável
por formular as políticas de comércio exterior do
governo federal. Uma das funções do Conex é assessorar a Camex com propostas de interesse do setor
produtivo.
Além da CNA, fazem parte do Conselho o MAPA, o
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e o
Ministério do Desenvolvimento Agrário. O representante da CNA no conselho será o Presidente da Confederação, João Martins da Silva Júnior.
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Eucalipto transgênico pode favorecer
as exportações brasileiras
No dia 09 de abril, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberou a comercialização do eucalipto transgênico brasileiro.
O eucalipto, desenvolvido pela empresa brasileira FuturaGene Brasil, pode aumentar a produtividade em 20%, em comparação com a cultura convencional.
Além disso, a nova cultura se desenvolve até um ano mais rápido que o eucalipto convencional, cujo ciclo produtivo leva aproximadamente sete anos. No
médio prazo, isso significa mais oportunidades para impulsionar o setor florestal.
O eucalipto tem uma importância econômica relevante para o Brasil. Essas árvores são comumente
usadas na produção da pasta de celulose, utilizada na fabricação de papel, carvão mineral e madeira. No acumulado dos três primeiros meses de 2015, a celulose se consagrou como o sexto produto
mais exportado pelo Brasil, com aumento de 20% no seu volume de exportações. A celulose de fibra
curta, proveniente do eucalipto, é a principal variedade de celulose exportada pelo Brasil.
Brasil assina Acordos de Cooperação e Facilitação de
Investimentos (ACFI) com Angola e Moçambique
Com Angola, a corrente de comércio geral somou US$
1,3 bilhão no ano passado. Esse valor representa queda de 0,75% em relação a 2013. No agronegócio, as
exportações brasileiras somaram US$ 841,2 milhões.
Dois Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) foram assinados pelo Brasil no continente africano, nas últimas semanas. As parcerias,
firmadas com Moçambique e Angola, buscam aumentar as oportunidades de negócios, estimulando
a transferência de tecnologia e a cooperação para capacitação de mão-de-obra.
Os acordos terão como base de sustentação a governança institucional, as agendas temáticas para
cooperação e facilitação dos investimentos, os mecanismos para mitigação de riscos e a prevenção de
controvérsias.
A maior parte dos investimentos brasileiros no continente africano é direcionada para setores como os da
construção civil, mineração, petróleo e serviços. Um
fator que atrai muitos investidores é a possibilidade
de se beneficiar dos Acordos ACP (África-Caribe-Pacífico) da União Europeia com as ex-colônias que permite exportar para o mercado europeu em condições
privilegiadas.
Em 2014, o fluxo de comércio entre Brasil e Moçambique foi de US$ 63,9 milhões. No que diz respeito
ao comércio de produtos do agronegócio, o Brasil exportou US$ 34,5 milhões para aquele país. Esse valor
representa queda de 26,3%, em comparação com os
números de 2013. Já as importações brasileiras de
produtos do agronegócio moçambicano, somaram
US$ 1,9 milhão.
No âmbito do agronegócio, alguns investimentos
chamam a atenção. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) vem trabalhando numa
série de projetos que visam estimular a cooperação
técnica por meio da transferência de know-how e
tecnologia brasileira para o continente africano. Em
Gana, por exemplo, a EMBRAPA trabalha em projetos
de desenvolvimento da indústria de etanol. No Sene-
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zação das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2014, 68,2% da força de trabalho,
em Angola, e 79,5%, em Moçambique, eram do setor
agrícola.
gal, a empresa fornece assistência para o setor arrozeiro. Na Tanzânia, o auxílio é à indústria de laticínios.
Além disso, segundo a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o governo brasileiro tem procurado apoiar
os países africanos produtores de algodão – principalmente Benin, Burkina Faso, Chade, e Mali – nos seus
esforços para desenvolver o setor cotonicultor.
A assinatura dos Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos aproxima ainda mais o Brasil
do continente africano. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
essas parcerias podem também motivar acordos com
outros países da região.
O setor agropecuário é de extrema importância para
os países do continente. Segundo dados da Organi-
México apresenta oportunidades
para o agronegócio brasileiro
As relações comerciais entre o Brasil e o México cresceram significativamente na última década e a corrente de comércio, entre os dois países, superou US$
9 bilhões em 2014. Historicamente, o comércio está
concentrado nos produtos industriais, principalmente do setor automotivo. No entanto, o agronegócio
tem obtido mais espaço na pauta do comércio bilateral, com aumento nas exportações e importações
do setor.
mo ano. No entanto, as exportações de milho brasileiro para o México somaram apenas US$ 30 milhões,
ou 1,5% do total importado pelo México. As vendas
brasileiras desse produto para o México são afetadas
não só pelas altas tarifas, que podem chegar a 20%,
mas também pela competição dos Estados Unidos,
grande produtor de milho e parceiro comercial do
México.
As carnes de bovinos desossadas
também registram alto valor
de importação pelo México,
somando US$ 843 milhões em
2013. Porém, não há registros de
importação mexicana desse produto proveniente do
Brasil. Um dos inibidores de vendas pode ser a tarifa
de 20% para importação dessas carnes brasileiras.
O intercâmbio comercial do agronegócio entre o
Brasil e o México cresceu 61,2% na última década,
chegando a US$ 627 milhões em 2014. Apesar do aumento, o México foi apenas o 29º maior comprador
de produtos do agronegócio brasileiro, com participação de 0,6% na receita de exportação.
Naquele ano, os principais produtos do agronegócio
brasileiro exportados para o México foram: café verde (US$ 106,5 milhões), couros e peles (US$ 99,9 milhões), carne de frango in natura (US$ 36,6 milhões),
soja em grãos (US$ 34,4 milhões) e demais madeiras
e manufaturas de madeiras (US$ 33,6 milhões).
Outro produto brasileiro que possui grande potencial
de comércio com o México, mas que não tem registrado vendas, é o algodão não cardado. O México importou US$ 456 milhões desse produto em 2013. No
entanto, também não há registros de importação mexicana do Brasil, que exportou mais de US$ 1 bilhão
desse produto para o mundo, em 2013. No México,
as tarifas de importação impostas sobre o algodão
não cardado chegam a 10%.
No entanto, há outros produtos dos quais o México é
grande importador, e o Brasil grande exportador, mas
que não registram comércio entre os dois países. Isso
ocorre, entre vários motivos, devido à incidência de
altas tarifas que são proibitivas às exportações brasileiras. Alguns produtos brasileiros, como as carnes e
os queijos, por exemplo, enfrentam barreiras tarifárias que variam entre 125% e 234%.
O potencial de comércio de alguns produtos do
agronegócio brasileiro com o México pode ser concretizado por intermédio da ampliação de acordos
comerciais entre os dois países e pelo estímulo às
negociações de protocolos sanitários e fitossanitários
que viabilizem o acesso dos produtos do agronegócio
brasileiro ao mercado mexicano.
O milho é um dos produtos mais importados pelo
México, com US$ 2 bilhões em compras em 2013.
Esse produto é, também, um dos mais exportados do
Brasil para o mundo, somando US$ 6 bilhões no mes5
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Fim do regime de quotas para lácteos
na União Europeia
Após três décadas, chega ao fim o sistema de distribuição de quotas para produção de leite na União Europeia (UE). Esse sistema entrou em vigor em 1984
para eliminar excedentes de produção para o leite de
vaca. Se algum produtor ultrapassasse a sua quota, e
se a quota nacional também fosse excedida, aquele
produtor tinha que pagar uma taxa. Pouco a pouco, o
sistema ajudou a equilibrar a produção leiteira da UE.
gando mais de 300 mil pessoas. Alemanha e Irlanda
compartilham da mesma opinião do Comissário. Em
comunicado, a Associação Nacional dos agricultores
da Alemanha comemorou a nova fase ao indicar que
€ 15 bilhões foram gastos por agricultores alemães,
nos últimos anos, para bancar custos e comprar taxas
de quotas. A Associação de Agricultores da Irlanda,
por sua vez, estima criação de 9,5 mil novos postos de
trabalho e receita anual de € 1,3 bi em exportações.
A principal alegação para o fim do regime foi o aumento considerável no consumo de produtos lácteos
nos últimos anos no mercado mundial. Mesmo com
o regime de quotas, o volume de leite exportado pela
UE aumentou 45% nos últimos cinco anos. Já o volume de produtos lácteos aumentou 95%.
Se, por um lado, há otimismo e perspectiva de crescimento, por outro, milhares de agricultores de países
como Hungria, República Checa, Bulgária e Romênia
temem ver suas produções e exportações reduzidas
por não terem condições de competir com a Alemanha e os Países Baixos. O European Milk Board, federação que representa os agricultores de 13 Estados-Membros, alerta para a possibilidade de perda de
poder de mercado e quedas nos preços, provocadas
pelo excesso de produção.
Desde primeiro de abril, agricultores dos 28 Estados-Membros do bloco têm liberdade para determinar o
ritmo e a quantidade de produção doméstica. O Comissário europeu para Agricultura e Desenvolvimento Rural, Phil Hogan, declarou que uma geração de
produtores de leite terá de se adaptar às novas circunstâncias, com certa instabilidade. Com o fim das
quotas, a Comissão Europeia estima que a produção
de leite aumente significativamente nos próximos
anos. Estima-se que a oferta cresça 4,2% na Irlanda,
0,8% nos Países Baixos e 0,7% na Alemanha.
A Federação teme ainda que grandes conglomerados
ditem as regras do mercado de tal forma que alguns
agricultores não teriam condições de alcançar preço
capaz de cobrir os custos de produção. A Federação
propõe a criação de um “programa de responsabilidade de mercado” para ser usado caso haja crise no
setor. Na prática, se a oferta de leite for muito alta,
o programa bonificaria aqueles produtores que reduzirem voluntariamente as suas produções. Por outro
lado, cobraria taxas de quem aumentar a produção.
Hogan, porém, defende a ideia de que esses mesmos
fatores serão estímulos para o crescimento econômico e a criação de novos empregos no setor, que representa 15% da produção agrícola total da UE e empre-
Boletim do Agronegócio Internacional
é elaborado pela Superintendência
de Relações Internacionais.
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CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL
SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF
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