Discurso Prof. Odette Ferreira
Homenagem FFUL 4 De Dezembro 2014 (V2)
Exma. Senhora Dra. Maria Cavaco Silva,
Exmo. Senhor Ministro da Saúde, Dr. Paulo Macedo,
Exma. Senhora Dra. Maria de Belém Roseira,
Exmo. Senhor Diretor Geral da Saúde, Dr. Francisco George
Exma. Senhora Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde,
Exma. Senhora Dra. Clara Carneiro, consultora da Presidência da Républica,
Exmo. Senhor Presidente do INFARMED,
Exma. Senhora Diretora da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa,
Exmo. Senhor Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos,
Exmo. Senhor Presidente da Associação Nacional das Farmácias,
Exmo. Senhor Presidente da APIFARMA,
Exmo. Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia,
Distintas autoridades presentes, amigos e colegas,
Tenho de começar por agradecer a todos os que hoje aqui se juntaram para, em conjunto recordarmos
vivências comuns, projetos concretizados e sonhos partilhados.
Confesso que já não esperava esta cerimónia, depois de tanto reconhecimento de que tenho sido alvo.
Sendo na minha Faculdade, deixa-me particularmente feliz, porque esta é e sempre foi a minha casa.
Uma casa a que dediquei a minha vida, que me viu desenvolver, onde vivi boas e menos boas horas, mas
que acima de tudo me ajudou a construir lá fora, um movimento de realizações com base no que tinha
aprendido, aqui dentro. Talvez hoje fiquem surpreendidos com as minhas palavras diferentes. Mais
próximas, menos institucionais, mais perto do que eu sou dentro de mim. Talvez porque hoje faz sentido
demonstrar a minha gratidão de uma forma diferente.
Começo por dirigir, neste momento um agradecimento reconhecido à Dra. Maria Cavaco Silva pela sua
presença. Honra-me por aqui estar, representado o seu ilustre cargo. Mas acima de tudo vejo aqui a
amiga, a mãe e sogra de duas das minhas alunas e colaboradoras que sempre estimei e que também vi
crescer. É nesse registo que hoje aqui a cumprimento, com a estima que só dedicamos aos amigos.
Uma palavra de especial reconhecimento ao Senhor Ministro da Saúde, que no meio da sua vida agitada
aceitou este convite. Como tem aceitado tantos outros a mim dirigidos.
Este é um agradecimento sentido, porque é sabido o quanto admiro a sua firmeza, seriedade e
honestidade. Podemos estar mais ou menos de acordo com a ação política, mas enquanto cidadãos,
membros atuantes de uma democracia viva e saudável, não podemos deixar nunca de desejar ter
homens e mulheres que na governação, lutem pela sua Pátria.
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O Senhor Ministro é um exemplo de tudo isto, e tê-lo aqui para mim é uma honra. E já adquiri a
possibilidade e a liberdade de dizer o que sinto, sem que isso crie nenhum embaraço ou
constrangimento. Já vivi o suficiente para saber que o que importa são as pessoas. Elas é que mudam o
Mundo.
Senhora Dra. Maria de Belém Roseira, minha querida amiga,
O seu envolvimento neste projeto, pois sei que a ideia partiu de si, deixa-me sem palavras. Não que me
surpreende. A Senhora associa qualidades a princípios que fazem de si um ser humano absolutamente
notável. Creio que, em breve, será sobre si que um livro destes fará sentido. A Senhora foi das mulheres
mais brilhantes que conheci, mais distinta, que democratizou a cultura através de um discurso simples,
sistemático, e profundo. Fez-nos perceber que a cultura é exatamente uma forma de não nos sentirmos
o centro do Mundo mas apenas, parte dele.
A senhora vive em mim, em muitas recordações, em raros instantes de saudade pelo muito que vivemos
e que por vezes, ainda gostava de voltar a viver. Devo-lhe a confiança, a delicadeza no relacionamento a
amizade na atitude. Mas, todos, lhe devemos neste País muito mais do que isto. E espero que, a história
também sobre si se faça, um dia.
Agradeço, igualmente a presença da minha querida Amiga Dra. Maria Barroso, que ao longo dos anos foi
sempre acompanhando a minha vida, e juntas tivemos desde muito cedo oportunidade de privar.
Entre outras coisas, une-nos o Colégio Moderno, uma instituição de ensino a quem todos devemos
muito, eu em particular. Foi lá que fiz a introdução ao conhecimento, conformei em liberdade uma
forma de refletir sobre o Mundo, desenvolvi as minhas aptidões como Mulher determinada e Livre. E,
não menos importante, aprendi a importância do rigor, do amor ao trabalho e da dedicação ao meu
País. Obrigada Maria Barroso por tudo isto e pelo que fica por dizer.
Dirijo agora uma palavra de gratidão à Diretora da minha Faculdade, Prof. Doutora Matilde Fonseca e
Castro. Por ter imaginado esta Homenagem, por a ter viabilizado, por ter feito possível este momento
que ficará para sempre registado na minha memória.
A Matilde é uma Mulher admirável, uma Força da Natureza, e é a prova de como a discrição pode fazer
mover montanhas. Em si abraço toda a Família da Faculdade de Farmácia. A eles, que conheço um por
um, aos presentes, aos ausentes, aos que já partiram, deixo o meu eterno reconhecimento.
Quero agradecer à Jornalista Sandra Nobre por ter tido a paciência de me cativar para que eu fosse
capaz de lhe falar sobre a minha vida pessoal. Nunca gostei de partilhar os meus sentimentos mais
íntimos, a minhas vivências boas ou más, sobretudo porque fui educada a ser contida no sofrimento e
pouco expansiva na felicidade. Lutadora sim, sempre.
Claro que tive todo o tipo de momentos que todos os seres humanos têm. Mas guardei-os sempre para
mim, arrumei-os na minha bagagem e encaro-os como uma parte do que sou porque, somos o
somatório de tudo o que nos acontece.
Com a Sandra foi possível, muitas tardes, libertar uma parte destas memórias. No final, acho que o livro
ficou bem e está o que eu esperaria que estivesse: simples e despretensioso.
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Agradeço a todas as entidades que tiveram a generosidade de apoiar a realização deste livro. Para mim
não são patrocinadores simples. São ex-alunos, alguns, amigos de longa data, outros e fazem parte de
um tecido muito importante na saúde e no medicamento em Portugal. Obrigada à Novartis, MSD, Gilead
e Fundação Astra Zeneca.
Com especial gratidão dirijo uma palavra à Ordem dos Farmacêuticos, na pessoa do nosso Bastonário,
por tanto que se empenhou na publicação do livro e nesta Cerimónia, pelo carinho que colocou neste
projeto.
À Dra. Assunção Sá da Bandeira, da B.A.C, uma senhora que tive o grato prazer de conhecer e que
agradeço ter arriscado em fazer desta, a primeira de muitas obras sobre Mulheres Portuguesas.
Um agradecimento também à Associação Nacional de Farmácias, instituição com quem sempre
trabalhei, com quem desenvolvi o Programa Troca de Seringas.
Foram e são gente com quem se pode contar. As Farmácias são um importantíssimo espaço de saúde,
representam uma rede de proximidade insubstituível e que levou 40 anos a concretizar um modelo
exigente, eficiente e que é reconhecido pelos Portugueses.
Permitam que este reconhecimento, se estenda num abraço, muito apertado, ao seu atual Presidente
Paulo Duarte, ao meu querido aluno e colaborador de uma vida, incansável trabalhador. Foste e és uma
pessoa especial. Tens a força necessária, construirás este caminho com sabedoria, porque além de todas
as tuas virtudes és um homem bom, tens princípios e és um líder agregador.
Ao Grupo com quem trabalhei na Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA sem excepção, mas com
particular destaque ao Grupo Clinico, dedico uma palavra especial de sentido reconhecimento.
E não esqueço a confiança, que o então Ministro da Saúde, Dr. Arlindo Carvalho depositou em mim ao
ter-me convocado para esta missão.
Ao meu grupo na Faculdade, a minha família alargada, agradeço o terem estado sempre comigo. Nem
sempre foi fácil, imagino. Sou exigente, determinada, muito pragmática e por vezes, posso ter parecido
menos carinhosa. Mas a minha forma de mostrar o tanto que gosto de todos vós, é nunca vos ter
deixado sós, é estar hoje aqui. E amanhã, e sempre.
Á minha família, na pessoa do meu neto, e das minhas filhas deixo uma palavra de carinho. Sou uma avó
feliz por ter um neto farmacêutico, mas acima de tudo pelas suas qualidades como ser humano. Nunca
fui de muitas palavras, mas ele sabe o quão importante para mim é, e o orgulho que tenho nele. Sempre
procurei transmitir-lhe que na vida há caminhos mais curtos e mais fáceis. Mas não são caminhos, são
apenas atalhos. E, raramente nos conduzem ao destino que queremos para nós.
A todos vós amigos diversos, companheiros de uma vida, dedico as minhas palavras finais. Não posso
citar um a um, mas sobre todos paira o meu abraço, os dias de festa, os dias de tristeza, a força e o
carinho que sempre me deram. Fui sempre uma Mulher muito Feliz.
Amei e fui amada, construi relações eternas, vivi com uma missão fundamentada em princípios e
convicções. Nunca nada me fez falta, e sou abençoada por ter conseguido sempre separar o
fundamental do assessório. Fui afortunada na família que tive, na educação que recebi, no companheiro
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que Deus me deu. E tive o enorme privilégio de partilhar 14 anos da minha vida com um fiel amigo que
trago sempre em mim: o Afonso.
Todos os dias me levanto e penso que não temos idade, temos vida. E mesmo estando sempre
preparados para partir e chegar, devemos fundamentar a nossa existência numa obra, em marcar o
espaço onde passamos, porque essa é a obrigação divina de todo o ser humano.
Se hoje recomeçasse a minha vida, não quereria que ela fosse, em nada, diferente. Todas as pedras, por
vezes montanhas, que tive de ultrapassar fizeram de mim o que me tornei. Percebi que a Força não
provem da capacidade física, mas sim de uma vontade indomável.
Vivi sempre em Paz comigo, com o conforto da doçura daqueles que me rodeiam e na que está
escondida em tantos outros, anónimos, a quem a vida não tratou da melhor forma e com que tive a
bênção de me cruzar. Percebi que, em cada ser humano há uma centelha de luz e é nessa luz que
residem as coisas simples.
Termino com uma palavra especial aos alunos da Faculdade de Farmácia de Lisboa. Na pessoa do seu
Presidente, agradeço todo o empenho que sei que colocaram nesta homenagem.
A vossa Associação de Estudantes foi, é e será uma escola de líderes, de homens e mulheres que vão
ajudar Portugal na sua missão. Foi sempre para vós que trabalhámos nesta Faculdade. São vocês que
motivam a mudança e enriquecem as nossas vidas, de diversidade, de energia, de bondade e de
emoção.
São vocês os herdeiros do legado de tantas gerações. Esta é a vossa faculdade. O vosso local de chegada
e partida. Eternamente. Porque temos todos de nos tornar na mudança que queremos ver. Um País
normal, uma vida simples com ideias novas que nos projetem no futuro.
A todos o meu obrigada, vindo do coração, por me terem deixado fazer parte da vossa vida.
Maria Odette Santos Ferreira
4 Dezembro de 2014
Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.
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