Principais Doenças do Cafeeiro
Doenças Fúngicas
Ferrugem do café (Hemileia vastatrix Berk. & Br).
- Importante em regiões de altitudes médias entre
400-600m (perdas de produção).
Agente causal: Hemileia vastatrix
Ocorrência: todo mundo.
No Brasil foi encontrada em Itabuna - BA, em 1970
(vinda da África através de correntes aéreas).
1971: constatada em todos os estados cafeicultores
do Brasil e, mais tarde no Paraguai.
Perdas significativas na produção: até 50% em anos
de alta carga no café arábica.
Sintomas Gerais
- Aparecem nas folhas na forma de pústulas, de cor
alaranjada.
Face inferior: essas pústulas são formadas de
uredósporos do fungo.
Faces superiores: manchas cloróticas, de formato
coincidente com as pústulas da página inferior.
- Ocorre desfolhas precoces, precisando de até dois
ciclos de cultivos para a recuperação, período
acompanhado de baixa produção.
Sintomas iniciais: varia em função da temperatura,
suscetibilidade da planta e idade das folhas,
ocorrendo, em média, entre 7 a 15 dias após a
penetração do fungo e infecção dos tecidos das
folhas.
- Aparecimento da esporulação na face inferior das
folhas ocorre geralmente uma semana mais
tarde.
- Folhas adultas: a colonização é dificultada pelas
características dos tecidos no limbo foliar.
- Lavouras: o sintoma mais característico é a
desfolha das plantas (abscisão), o que pode
retardar o desenvolvimento e definhar as
plantas, comprometendo, assim, a produção.
- Desfolha antes do florescimento: interfere no
desenvolvimento dos botões florais e na
frutificação.
- Desfolha durante o desenvolvimento dos
frutos: poderá ocorrer à formação de grãos
anormais e defeituosos.
Etiologia
-
Hemileia
vastatrix
é
parasita
obrigatório
(sobrevivência se dá somente em tecidos vivos, não
havendo vida saprofítica de solo).
Produz dois tipos de esporos:
uredósporos
teliósporos
Disseminação:
- área para outra: vento;
- planta para planta: a água (agente mais
eficiente).
EX:
Uma
gota
caindo
numa
lesão
libera
imediatamente os uredósporos que podem se
elevar até 30 cm da lesão.
Germinação do uredósporos: desenvolve-se tanto
em ar úmido quanto em água (presença de água na
forma líquida, uma condição muito favorável ao
processo).
- Temperatura: 24ºC é ótima para esta fase.
- A germinação e penetração devem se processar
imediatamente após a inoculação, porque, uma vez
molhado, o esporo perde sua viabilidade se for
novamente seco.
- Produção de um ou mais pró-micélios (poros
situados
geralmente
na
extremidade
do
uredósporo).
- O pró-micélio é incapaz de penetrar diretamente
pela
cutícula;
desenvolve-se
sobre
a
folha,
ramificando-se até encontrar um estômato, por
onde penetra para a câmara subestomática, através
da formação de um órgão especial chamado
apressório.
Germinação
dos
esporos:
ocorre
melhor
à
temperatura na faixa 21 a 23ºC, devendo haver
presença de água no estado líquido e ausência de
luz
EX: sistema adensado apresenta condições mais
favoráveis à ferrugem em relação ao plantio
tradicional.
Durante o ciclo produtivo anual do café, há
períodos mais ou menos favoráveis à ferrugem.
Inverno e primavera: devido às condições climáticas
e a menor suscetibilidade das folhas à penetração
do fungo, a doença se mantém sobre controle.
Dezembro: este quadro se inverte e a ferrugem
inicia a infestação nas folhas novas.
- Janeiro: a infecção evolui geometricamente
atingindo a infestação máxima no outono (se não
for feito o controle).
- Este quadro pode variar de acordo com o ano e a
região cafeeira.
- A maior presença de inóculo da safra anterior
poderá aumentar a infestação no ciclo produtivo.
Controle - Deve observar o efeito da carga
pendente
sobre
o
grau
de
ataque
de Hemileia vastatrix.
- Porque a desfolha provocada pelo patógeno
repercute de maneira direta na produção do ano
seguinte, reduzindo a níveis baixos ou muito
baixos os rendimentos na produção.
- Anos de alta produção (maior enfolhamento), a
doença evolui rapidamente, podendo atingir
níveis superiores a 50% de infecção.
-
Anos de baixa safra (baixo enfolhamento), a
doença atinge níveis mais baixos.
- Recomendação de se efetuar uma pulverização
quando a infecção tiver atingido 20 ou 30%.
Controle da ferrugem:
- Variedades resistentes
- Fungicidas protetores e/ou sistêmicos.
Alguns
fatores
analisados
para
efetuar
recomendações de controle:
- Período mais favorável à doença: dezembro a
abril;
- Carga pendente: afetará a suscetibilidade da
planta;
Clima: poderá mudar o período crítico de
infestação;
Percentual de infestação;
Densidade de plantio;
Nível tecnológico do produtor.
Fungicidas preventivos: são quase sempre a base de
cobre.
- Existem diversas formulações comerciais, além de
caldas
que
podem
ser
preparadas
propriedade.
Ex: calda bordalesa, o fungicida mais antigo.
na
- Os fungicidas cúpricos devem ser aplicados a
partir de novembro-dezembro até março-abril,
com intervalo de 30 a 45 dias.
-
O início das aplicações deve ser feito logo no
início do ataque, com no máximo 5% de folhas
atingidas (amostrar 12 pl/ha).
- Número de aplicações: depende da carga da
lavoura, podendo ser quatro em lavouras de carga
alta até duas quando a carga é baixa.
Não se deve exceder o número de 4 aplicações,
pois pode haver desequilíbrios com ácaros e bicho
mineiro.
- Vantagem : baixo preço.
- Desvantagem: é a necessidade de maior número
de aplicações, o que pode ser mais difícil se a
lavoura for adensada.
- Além disto, eles não podem ser usados se a
doença já se encontra instalada (mais de 5% de
folhas atacadas).
Fungicidas sistêmicos foliares: pertencem ao grupo
dos triazóis e tem a capacidade de serem
absorvidos pelas folhas, translocar e eliminar o
fungo (atuam preventivamente), podendo ser
aplicados mesmo quando a doença se encontra
instalada.
- Pulverização: ocorrer quando no máximo 20 %
das folhas estão atacadas (amostrar 12 pl/ha), o
que ocorre por volta de janeiro-fevereiro.
Uma segunda aplicação pode ser necessária cerca
de 45 a 60 dias após a primeira.
Fungicidas granulados sistêmicos
-Formulação granulada para aplicação via solo
(triazóis).
- Aplicados geralmente através de matracas
próximos às raízes do cafeeiro.
- No solo são absorvidos pelas raízes e se
translocam por toda a planta, protegendo-a do
ataque da ferrugem.
- Devem ser aplicados preventivamente em
novembro-dezembro para que possa haver tempo
para o produto translocar, estando ativo no
período mais favorável a ferrugem.
Vantagens: o longo período residual e a facilidade
de aplicação, principalmente em lavouras muito
fechadas.
Desvantagens: são o alto custo e a necessidade de
umidade no solo para serem absorvidos e
translocados.
- Eles não permitem o manejo da doença, sendo
aplicados mesmo naqueles anos em que a
doença poderia não ser problemática.
- Conforme as condições climáticas do ano pode
ser necessária uma pulverização suplementar com
sistêmicos foliares para complementar o efeito dos
fungicidas granulados.
Frequente utilização de fungicidas:
- à seleção de fungos patogênicos resistentes.
- Utilização de fungicidas mais potentes e de doses
maiores gera contaminações de ambientes (águas,
solos, ar) e deixando até resíduos em alimentos.
- Contaminação por fungicidas, seja ela direta ou
indireta, provoca sérios danos à saúde dos seres
humanos.
Cercospora ou Mancha-de-olho-pardo
Agente causal: Cercospora coffeicola
- Ocorre nas condições de viveiros e na fase inicial
de transplantio no campo, quando as lavouras
são localizadas em solos com baixa fertilidade,
causando intensa desfolha.
EX: Café Conilon
- Cercospora coffeicola: sua intensidade é muito
variável, em função dos clones que formam as
variedades e das condições climáticas, tendo maior
importância na fase de viveiro, em que as plantas
muitas vezes não se desenvolvem.
- Alta intensidade, pode ocorrer perdas elevadas nas
mudas, pois provoca desfolha e “atrasa” sua saída
para o campo.
Sintomas - Os principais sintomas são manchas
circulares , de coloração parda com centro branco
("olho de pombo"), circundado por um halo
amarelado.
Frutos: as manchas são amarronzadas e aparecem
durante a fase de maturação na parte exposta ao sol,
estendendo-se no sentido polar do fruto.
- Grãos: tornam-se chochos e caem antes da
colheita.
-Ocorre ainda o apressamento da maturação dos
frutos.
- A doença predispõe, ainda, o cafeeiro à "Seca dos
Ponteiros".
Etiologia
- Agente causador: Cercospora coffeicola.
- Ordem Moniliales
- Família Dematiaceae
- Produz conídios septados e agrupados nas lesões,
de ambos as faces da folha, sendo facilmente
disseminados para outras folhas ou plantas
vizinhas.
- Tubo germinativo do fungo penetra nas folhas
através das aberturas naturais, principalmente na
face superior das folhas ou diretamente pela
cutícula.
- Frutos: quando ocorre a infecção, o fungo
coloniza os tecidos e pode atingir as sementes.
Disseminação do Patógeno
- folha para folha pelo vento.
Perpetuação da doença: através de conídios
(esporos assexuados) vivendo no solo e em plantas
atacadas.
-Infecções
são
nutricionais???
favorecidas
por
fatores
- Aplicação de nitrogênio e fósforo aumentam a
incidência da doença, enquanto o potássio diminui
levemente.
-Plantas com deficiência de magnésio favorecem o
desenvolvimento do patógeno.
- Faltam, entretanto, mais experimentos que
correlacionem estes fatores à doença, no cafeeiro.
- Pode-se afirmar, contudo, que plantas bem
nutridas em NPK, resistem mais à doença.
Controle – se verifica em viveiros e em campo.
Viveiro: substratos ricos diminuem a incidência da
enfermidade.
Fungicida
- Adubos foliares podem ser adicionados.
-A aplicação de cobre em viveiro parece reduzir o
tamanho das mudas que vão para o campo em
comparação com as que não recebem o cobre.
Campo:
- Cafezais adultos: aplicar fungicida
-O controle deve coincidir com a fase de prématuração dos frutos.
Mancha-manteigosa (Colletotrichum spp.)
Sintomas
Folhas: ocorrem pequenas manchas de aspectos
oleoso, de bordas bem definidas, normalmente
com 1 a 3 mm de diâmetro, que podem coalescer e
necrosar os tecidos do limbo foliar.
Ramos: os sintomas necróticos podem evoluir no
sentido descendente, ocorrendo lesões nos nós.
Frutos: quando infectados apresentam lesões
deprimidas, as quais podem ocasionar a sua queda
de maneira prematura.
- Em estádio avançado da doença, ocorre a seca
dos ramos e, conseqüentemente, a morte das
plantas .
Outros sintomas:
- escurecimento e morte das estípulas dos nós nos
ramos, manchas irregulares necróticas próximas às
margens das folhas e queda destas.
-aparecimento de manchas marrons no caule verde
que podem levar, em alguns casos, à morte da
planta.
- Gemas e nos botões florais: podem aparecer
lesões necróticas, que também atingem os frutos
na fase de chumbinho, provocando a sua queda
prematura.
Mancha de Phoma (Phoma spp.)
Sintomas
- Flores, no pedúnculo dos frutos e nos frutinhos:
causa lesões escuras, mumificações e queda de
chumbinhos,
superbrotamento
causado
pela
morte das extremidades dos ramos e formação de
grande número de ramos laterais.
-Frutos novos: as lesões são escuras, deprimidas e
de aspecto úmido.
Nas folhas: geralmente a doença vem em forma de
manchas (necrose) de cor escura e comumente
aparece nas bordas encurvando-as.
Nos galhos: começa pelas bases dos ramos (onde o
ramo se encontra com o caule) e os ramos atacados
ficam com depressões escuras e fundas.
Condições
favoráveis –
ocorre com
maior
severidade sob condições de temperatura entre
16ºC e 20ºC, associada a ventos frios e chuvas
finas e freqüentes.
Disseminação: ocorre por respingos de água.
- Viveiros: o excesso de irrigação é muito favorável
à doença.
Controle
-Químico: Folicur 250 PM, Benlate, Rovral, Aliette,
Brestan PM, Hokko Su Zu 200.
- Medidas Preventivas: lavoura com quebra-vento
e adubações equilibradas.
OBS: Evitar ao máximo instalar as lavouras em
áreas onde ocorrem ventos fortes e frios, que
favorecem a doença (é fundamental a utilização de
quebra-ventos).
- Viveiros: evitar locais muito sombreados, bem
como o excesso de adubações nitrogenadas.
Mancha
de
Ascochyta
(Ascochyta
coffeae)
- Encontra-se associada a outras enfermidades do
cafeeiro, particularmente à Phoma.
Sintomas:
- Folhas mais velhas: lesões escuras e com anéis
concêntricos;
- Causa a queda prematura de folhas, frutos e seca
dos ramos.
OBS: As condições de ambiente favoráveis à
infecção são semelhantes àquelas descritas para
Phoma, assim como o controle químico e medidas
preventivas.
Roselineose
ou
“mal
dos
quatro
anos” (Rosellinia spp.)
- Podridão das raízes ou “mal dos quatro anos”.
Ocorrência: praticamente em todas as regiões
produtoras, principalmente em plantas novas,
cultivadas em áreas recém-desbravadas e onde
ocorre o desmatamento.
Sintomas: Aparece em reboleiras, geralmente
próximo a troncos de árvores em decomposição.
Sintomas
–
Plantas
infectadas:
sintomas
de
clorose
(amarelecimento), murcha e queda das folhas,
com conseqüente seca dos ramos.
- Frutos: não se desenvolvem e ficam chochos.
Raízes:
próximo
à
região
do
colo,
ficam
escurecidas, ocorrendo a desorganização da casca.
- Observados filamentos (micélio) esbranquiçados
(rizomorfas do fungo), que vão escurecendo
progressivamente,
ramificação.
observando-se
“nós”
na
Sob a casca: formam-se estrias de cor negra e
ramificações das rizomorfas bem escuras, que
invadem o lenho das plantas.
- Cortes transversais das raízes: aparecem como
pontuações escuras, sendo importantes formas de
sobrevivência do fungo.
Etiologia
Agente causal: gênero Rosellinia, sendo relatadas
para o cafeeiro as espécies R. bunodes Sacc. e R.
pepo Pat.
Controle – medidas preventivas, já que as plantas
infectadas, quando identificadas pelos sintomas,
não sobrevivem.
Medidas de exclusão: são importantes, devendose realizar a remoção de tocos, raízes e troncos de
árvores após derrubadas.
- Reboleiras: recomenda-se o isolamento das
plantas e a aplicação de cal, para acelerar a
decomposição da matéria orgânica.
- Este procedimento de calagem deve ser feito
também nas reboleiras no início das chuvas.
- As plantas doentes devem ser erradicadas e,
preferencialmente, queimadas no próprio local.
OBS: Recomenda-se evitar, sempre que possível, o
plantio de café em áreas recém-desmatadas, já
que nessas áreas há maior risco da presença do
patógeno.
Rhizoctoniose - Thanatephorus cucumeris (Frank)
Donk (Rhizoctonia solani Kühn)
- Conhecida como podridão de colo, tombamento
e mal do colo, assume uma grande importância
econômica em viveiros e sementeiras, reduzindo o
número e a vigor das plantas.
Campo: em local de plantio definitivo, pode afetar
muda até um ano após o plantio, atrasando o
desenvolvimento
normal
das
plantas.
Sintomas
- Pré-emergência: ao taque do fungo causa a
morte da plântula antes desta atingir a superfície
do solo.
- Canteiro: observam-se falhas, em reboleiras,
evidenciando o desenvolvimento anormal da
germinação.
- Pós-emergência:
os
principais
sintomas
aparecem na região do caule próximo ao solo onde
são formadas lesões com 1 a 3 cm de extensão,
que
circundam
o
caule,
promovendo
um
estrangulamento e paralisação da circulação de
seiva, ocasionando a murcha e posterior morte.
- Alta umidade: pode-se observar um bolor
cinzento sobre a lesão, formado pelo micélio do
fungo.
- A partir do segundo par de folhas, o caule tornase lenhoso, sendo menos suscetível à infecção.
Mudas: durante a estação das chuvas, a lesão
volta a se desenvolver, abrangendo uma extensão
5 a 10 cm, afetando a casca, formando uma
cicatriz na parte superior, como um calo, o que
leva a muda a quebrar-se facilmente sob a ação do
vento.
- Apresentam: sintomas reflexos na parte aérea,
com seca dos ponteiros, ramos e folhas e, até
mesmo, morte da planta até a idade de 2 a 3 anos.
Etiologia
- Causada pelo deuteromiceto Rizoctonia solani,
que tem como estádio perfeito o basidiomiceto
Thanatephorus cucumeris.
- Habitante do solo, com grande capacidade
saprofítica, podendo sobreviver durante longos
períodos em restos de cultura ou de um ano para
outro na forma de escleródios.
- Aparecimento da doença: é favorecido por solos
infestados, pela reutilização de sementeiras, pelo
excesso de umidade (chuvas contínuas, irrigação
excessiva ou local mal drenado) e pelo excesso de
sombra no viveiro.
- Campo: o ataque é severo durante a primavera e
verão, devido à abundância de chuvas e às altas
temperaturas.
Controle
- Medidas auxiliares de controle: devem-se
eliminar as condições favoráveis à doença,
evitando excesso de umidade e sombra nas
sementeiras.
- Tombamento: deve-se imediatamente suspender
a irrigação, isolar as reboleiras e, no caso de
sementeiras, eliminarem toda a área afetada.
Químico: Iniciar as pulverizações nas reboleiras e,
se necessário, em todos os canteiros, com
fungicidas
dicarboximidas
repetindo-se
as
pulverizações após quinze dias.
- Os tratamentos normais, com fungicidas cúpricos
e ditiocarbamatos, usados contra cercosporiose,
também ajudam no controle desta doença.
O controle é feito no viveiro através de certas
práticas:
- desinfecção da areia do germinador (não
reutilizá-la) e da terra do substrato;
- evitar excesso de umidade e sombra;
- facilitar a drenagem do germinador;
- suspender a irrigação ao aparecimento dos
primeiros sintomas;
- eliminar a área afetada no caso de sementeiras;
efetuar imersão de plântulas em solução fungicida
antes do transplante.
- Campo: não há controle quando a doença se
manifesta no campo.
Fusariose (Fusarium spp.)
A fusariose ou murcha vascular do cafeeiro é
causada pelo fungo Fusarium spp. e ataca o
sistema vascular (vasos condutores de seiva do
cafeeiro).
Sintomas
-Viveiro: as plântulas ficam com manchas escuras
no hipocótilo (caule inicial), a extremidade deste
pode morrer e ficar escura com a aparência de um
palito de fósforo queimado.
- Mudas: os sintomas são lesões necróticas claras
ou escuras que circundam o caule a partir do nível
do solo e evoluem em direção ao ápice, às vezes,
secando e matando a muda.
Campo: o sintoma característico é o murchamento
e a morte do terço superior das plantas, ficando a
parte inferior ainda verde.
- Pode ocorre seca de ponteiros e engrossamento
do caule na região do colo (próximo ao solo).
- Geralmente os sintomas aparecem em plantas
isoladas.
Disseminação e condições favoráveis
- na areia do germinador,
- na terra do substrato
- no solo da lavoura.
- por mudas aparentemente sadias, cujos sintomas
só aparecerão futuramente no campo.
- por semente.
- Plantas adultas: é possível a entrada do fungo
através de lesões nas raízes, como as provocadas
por nematóides, podendo até haver associação
entre estes dois patógenos.
- Principal forma de disseminação da doença: a
falta de cuidados na produção de mudas.
- O fungo também prefere solos ácidos.
- Muitas vezes o solo da lavoura não está ácido na
média (demonstrado na análise de solo), mas
apresenta manchas de solo ácido, onde podem
aparecer plantas com o sintoma.
Prejuízos
-maior ocorre no viveiro pelo retardamento no
crescimento e eliminação de mudas.
- Se a infestação for muito grande, o lote todo de
mudas pode ser perdido.
- No campo pode ocorrer morte de plantas adultas,
reduzindo o stand.
Controle
-Viveiro:
utilizar
areia
fina
e
lavada
nos
germinadores (esterilizá-la com água quente a 70ºC)
e não reutilizá-la a areia;
- As sementes devem ser sadias, oriundas de
campos de sementes fiscalizadas, isentos de plantas
com murcha vascular;
- Tratar a água com hipoclorito de sódio quando a
mesma for proveniente de rios;
- Efetuar tratamento de semente com fungicidas
sistêmicos;
- Corrigir o pH do substrato com calcário;
- Desinfectar a terra do substrato;
- Arrancar e queimar do germinador as plântulas
com suspeita da doença.
OBS: Após esta operação, o operador deve
esterilizar as mãos com solução de água e
hipoclorito de sódio;
- Antes do transplante, mergulhar as plântulas
durante três minutos em solução com Tecto 600 a
0,1 %.
- Canteiros: pulverizar com Tecto 600 a 0,1 %, dirigir
o jato na direção do caule.
- O controle da doença pode ser observado pela
eliminação dos tecidos necrosados do caule, que
secam e se desprendem, aparecendo por baixo
tecido sadio;
- Mudas que não responderem ao controle químico
devem ser queimadas ou enterradas.
- Na lavoura pode-se fazer o tratamento químico
somente das plantas atacadas, utilizando Tecto 600
a 0,3%, dirigindo o jato na direção do caule.
- Efetuar análise e correção do solo com calcário
separadamente nas manchas onde é maior o
número de plantas com sintomas.
- As plantas que não tiverem chance de recuperação
devem ser arrancadas, colocando-se cal virgem no
local das mesmas.
Antracnose-dos-frutos-verdes
ou Coffea Berry Disease – CBD
- Doença, quarentenária para o Brasil, e que é
conhecida como Coffea Berry Disease (CBD).
- A doença foi relatada pela primeira vez em 1992 no
Quênia.
-
No
continente
confirmada.
americano
ainda
não
foi
Etiologia – O agente etiológico foi inicialmente
descrito como Colletotrichum coffeanum.
- Proposta de alteração do nome do fungo
para Colletotrichum kahawae.
Sintomas:
-Frutos verdes: são lesões negras deprimidas, que
podem ocorrer em qualquer parte do fruto,
podendo
coalescer
e
cobrir
todo
fruto,
desenvolvendo-se na superfície, em condições de
alta umidade, massa de conídios de coloração
rosada.
- Os frutos doentes podem cair prematuramente
ou ficar mumificados nos ramos.
- Frutos
verdes,
podem
formar-se
lesões
corticóides (scab), que podem ou não apresentar
acérvulos do fungo.
-Suscetibilidade dos frutos ao CBD depende das
condições
climáticas
favoráveis,
ocorrendo
geralmente a infecção entre a 8ª e a 12ª semanas,
não ocorrendo praticamente infecção após a 25ª
semana, voltando os frutos a serem novamente
infectados
maturação.
nas
fases
de
pré-maturação
e
Traqueimicose ou murcha-do-cafeeiro (Coffea Wilt
Disease – CWD)
-Notificada em 1927 na República Centro-Africana
em Coffea excelsa,
- 1937 e 1939, a doença disseminou-se no Coffea
canephora e Coffea liberica, nas plantações de
Camarões, Guiné, Costa do Marfim e República
Democrática do Congo, onde mais de 40% das
plantações foram infectadas.
Etiologia - Agente
etiológico:
fungo
Gibberella
xylarioides strictu sensu Heim & Saccas.
- Estádio anamórfico (assexuado ou imperfeito):
Fusarium xylarioides Steyaert.
Doenças Bacterianas
Requeima
do
cafeeiro
(Xylella
fastidiosa)
Surgiu: café arábica no município de Macaubal – SP,
em 1992 - “atrofia dos ramos do cafeeiro”,
- Todas as regiões brasileira produtoras de café.
- Todas as cultivares de Coffea arábica e também as
espécies Coffea canephora, Coffea dewevrei, Coffea
eugenioides, Coffea kapakata, Coffea racemosa e
Coffea
stenophylla,
interespecíficos.
bem
como
os
híbridos
Etiologia
Agente etiológico: Xylella fastidiosa
Descrição: bactéria fastidiosa, Gram-negativa, que
tem células do tipo bastonete e parede celular
enrugada, sendo limitada aos vasos do xilema das
plantas.
- Difícil de cultivar in vitro, exige meios de cultura
específicos, como o BCYE, PD3 e PW, onde tem
crescimento muito lento.
Sintomas
- Associada ao depauperamento generalizado das
plantas.
Sintomas mais comuns: enrolamento e a requeima
do bordo das folhas.
- Plantas doentes: apresentam tamanho reduzido,
malformação das folhas, enrolamento dos bordos
das folhas, encurtamento dos entrenós e clorose
nas folhas.
-Estádios avançados da doença: as plantas podem
apresentar seca dos ramos.
OBS: estes sintomas sugerem que o mecanismo
envolvido esteja relacionado com a disfunção do
sistema de transporte de água e nutrientes da
planta.
Cafeeiro: a bactéria foi encontrada nos vasos do
xilema das plantas doentes, geralmente encontramse tiloses, células bacterianas e goma bloqueando
esses vasos, além do desbalanço hormonal.
Epidemiologia
Disseminação:
principalmente
por
meio
de
material propagativo infectado e por insetos
vetores, dos quais se destacam as cigarrinhas da
família Cicadellidae, já sendo identificadas mais de
11 espécies vetoras.
OBS: presenças da bactéria em todas as regiões
produtoras de café do Brasil e as grandes
variabilidades genéticas das estirpes sugerem
que X. fastidiosa já se encontra em associação e
convivendo com o cafeeiro há muito tempo, mas a
manisfestação dos sintomas aparecem quando as
plantas estão sob condições de estresse ou com
desequilíbrios nutricionais.
Controle – A medida de controle recomendada é
manter as plantas com bom vigor vegetativo,
através do manejo adequado e recomendado para
o cafeeiro, com destaque para a produção de
mudas em viveiros protegidos.
-Devem-se prevenir os fatores de estresse nas
plantas e que as predispõem às doenças e pragas.
- Uso
de
matéria
orgânica
e
adubações
equilibradas, bem como o controle do déficit
hídrico.
- A poda de condução e a recepa das plantas (tipo
de poda drástica do cafeeiro indicada quando as
plantas perderam completamente sua ramagem
lateral baixa(saia)) são também recomendadas,
principalmente quando as lavouras apresentam
muitas plantas debilitadas.
Mancha-aureolada
- Pseudomonas syringae pv. garcae
- Doença bacteriana constatada pela primeira vez
em 1955 na região de Garça, no Estado de São
Paulo.
- Ocorre principalmente nas regiões mais frias, no
Paraná, em São Paulo, no sul de Minas Gerais e no
Mato Grosso do Sul, sem causar problemas nas
demais regiões cafeeiras.
Sintomas
- A doença incide sobre folhas, rosetas, frutos novos
e ramos do cafeeiro, atingindo mudas no viveiro e
plantas no campo.
- Folhas: sintomas necróticos do tipo mancha, de
coloração pardo-escura, com 0,5-2,0 cm de
diâmetro e centro necrótico, circundada por um
halo amarelado.
- As lesões distribuem-se por toda a superfície foliar,
sendo mais freqüentes nas bordas das folhas, por
onde a bactéria encontra maior facilidade de
penetração, através de ferimentos causados por
danos mecânicos.
- A mancha é constituída de tecido seco e
quebradiço, que freqüentemente se dilacera e cai,
deixando uma perfuração no seu lugar.
- Com a coalescência dos halos amarelados,
formam-se grandes áreas necrosadas, que resultam
na queda prematura das folhas.
- A doença incide também sobre ramos, causando
requeima, e sobre frutos novos na fase de
chumbinho, causando necrose.
- Lavouras novas (até 3-4 anos de idade): são mais
atingidas, ocorrendo desfolha, seca de ponteiros,
superbrotamento
e
retardamento
no
desenvolvimento das plantas.
- Viveiros: as mudas atingidas sofrem desfolha e o
ponteiro morre, chegando a causar a morte das
plantas.
Etiologia
Agente
etiológico:
Pseudomonas
syringae pv. garcae
- Penetra por ferimentos causados por danos
mecânicos através da agitação das folhas pelo
vento, lesões causadas por insetos ou por outras
doenças.
Ocorrência: corre em períodos frios, quando a
queda de temperatura vem associada à chuva fina,
sendo maior o ataque no período de julho a
setembro.
Viveiros: ocorre no final do inverno e na primavera,
quando tem início a retirada da cobertura das
mudas, ficando estas muito sujeitas à variação de
temperatura.
.
Controle
-Deve iniciar na fase de viveiro, com a escolha do
local de instalação, que deve estar protegido de
ventos frios.
- Quando a doença se manifestar, recomendam-se
duas aplicações de fungicidas cúpricos (0,3%) a
cada duas semanas, associados ou não a
antibióticos, como Distreptine 20 e Agrimicina 20,
na concentração de 0,2%.
- Ataque severo nas mudas: recomenda-se efetuar
a poda à altura do terceiro par de folhas,
eliminando-se assim as pontas danificadas e os
focos principais.
- Campo: o controle deve ser preventivo, através da
instalação de quebra ventos na fase de formação
do cafezal e adotando-se pulverizações adicionais
de
fungicidas
cúpricos
aparecimento da bacteriose.
quando
ocorrer
o
Doenças Viróticas
Mancha-anular dos frutos
- Bitancourt (1938; 1939) fez o primeiro relato da
mancha-anular em folhas de cafeeiro no Estado
de São Paulo.
A doença está associada ao ácaro plano,
Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) (Acari:
Tenuipalpidae), que é considerado uma espécie
polífaga, ocorrendo em mais de 100 espécies de
plantas, dentre elas o cafeeiro, em que foi
associado com a mancha-anular, causada por um
vírus do grupo Rhabdovirus.
Em 1987, a doença foi registrada no Espírito Santo,
mas com sintomas diferentes dos relatados na
literatura, com lesões pequenas, passando de
amarelas e necróticas ao longo das nervuras.
Sintomas
- Folha: manchas cloróticas nas folhas, geralmente
em forma de anéis concêntricos que se espalham
junto às nervuras, amarelecendo gradualmente e
provocando a queda prematura das folhas e,
conseqüentemente, a desfolha gradativa das
plantas.
- A desfolha ocorre geralmente do tronco para a
parte externa da planta, sendo este sintoma
chamado pelos agricultores de “planta oca”.
- Frutos:
os
sintomas
da
mancha-anular
caracterizam-se por lesões circulares deprimidas,
que chegam a provocar a deformação do
pericarpo.
- Os frutos perdem a qualidade para bebida, e os
grãos ficam predispostos à infecção de outros
patogenos,
como
é
o
caso
do
fungo
C.
gloeosporioides, que é encontrado em condições
saprofíticas no cafeeiro.
Manejo da doença – controle do ácaro com
adoção de estratégias que incluam vários métodos
para auxiliar na redução do vetor, como controle
biológico,
cultural,
variedades
resistentes
e
químicos, neste caso com a racionalização do uso
de inseticidas / acaricidas.
Doenças Causadas por Nematóides
Doenças
Causadas
por
Nematóides
- O cafeeiro é atacado por várias espécies de
nematóides. As mais freqüentes são Meloidogyne
incognita, M. exigua, M. coffeicola e Pratylenchus.
- A espécie mais importante no Brasil é M.
incognita, que ocorre com maior gravidade em
regiões de solos arenoso, em São Paulo, no Paraná
e algumas áreas do Sul de Minas.
- Meloidogyne incognita: afeta drasticamente o
sistema radicular do cafeeiro, causando necrose e
rachaduras, com aspecto de cortiça, reduzindo a
absorção de água e nutrientes pela planta.
- Causam acentuada redução e o enfraquecimento
das plantas tornando-as antieconômicas; muitas
plantas chegam a morrer.
- M. incognita tem muitas plantas hospedeiras,
como algodão, batata, fumo, feijão, soja, girassol,
sorgo, milho, beldroega, guanxuma, mentrasto,
maria pretinha, falsa serralha e capim pé-degalinha, o que dificulta o emprego de rotação de
culturas.
- M. exigua é uma espécie menos agressiva, que
causa pequenas galhas nas raízes do cafeeiro,
reduzindo a produção, sem, contudo causar
depauperamento acentuado da lavoura.
Disseminação
- enxurradas,
- uso de implementos agrícolas
- irrigação com água coletada em encosta de
cafezais infestados.
-A
erradicação
da
praga
é
considerada
praticamente impossível.
- Porém, pode-se reduzir a sua incidência e ser
necessário saber conviver com o problema.
Controle
-uso de mudas sadias.
- Viveiros: expurgo do substrato, deve-se localizálos longe de lavouras ou águas infestadas,
protegendo-os contra as enxurradas, evitando-se o
trânsito de pessoas vindas de áreas infestadas e
usando-se
sempre
contaminadas.
terras
de
áreas
não
- Em áreas infestadas por M. exigua, dependendo
do grau de ataque, a convivência pode ser
tolerada, a curto e médio prazo, através do uso de
melhores adubações, principalmente com adubo
orgânico, e de tratos na lavoura.
- Em áreas na qual o café foi arrancado, o solo
deve ser revolvido para a sua maior exposição ao
sol e mantido de seis meses a um ano sem plantio
de café ou de culturas hospedeiras.
-Uso de matéria orgânica em solos carentes:
promover condições favoráveis à multiplicação de
inimigos naturais;
- utilizar práticas agrícolas que movimentem
pouco o solo como o uso de herbicidas ao invés de
capinas e evitar o trânsito na área em dias
chuvosos.
- O uso de nematicidas, para proteger plantios
novos pode ser feito, usando-se granulados
sistêmicos como o Aldicarb, Carbofuran, Terracur e
Nemacur.
- Os nematicidas, no campo, devem ser aplicados
no início da estação chuvosa, quando o sistema
radicular entra em franca absorção de água e
nutrientes pela emissão de radicelas.
- A eficiência do produto aumentará, coincidindo
também,
com
as
melhores
condições
de
temperatura e umidade para a eclosão de larvas
de segundo estádio no solo, já que estas são as
mais sensíveis à ação nematicida que aquelas no
interior de raízes ou dos ovos.
- Lavouras adultas, é impraticável, sob o ponto de
vista
econômica,
realizar
aplicações
de
nematicidas, por ser preciso tratar grande volume
de solo e, ainda, por já estarem às raízes primárias
do cafeeiro, na maioria dos casos, bastante
comprometidas, com difícil recuperação.
Doenças Abióticas
Mortes das raízes e seca dos ramos ou ponteiros
(die-back)
Causas associadas a esses sintomas: têm recebido
mais atenção são a deficiência de nutrientes,
deficiência hídrica, altas temperaturas, umidade
excessiva do solo, ventos frios e presença dos
fungos Colletotrichum spp. e Phoma spp.
- Está também relacionadas aos desequilíbrios
hormonais
e
distúrbios
na
demanda
e/ou
disponibilidade de nutrientes para a produção de
frutos, principalmente os fotoassimilados como os
carboidratos.
- A morte das raízes é um problema conhecido
desde a década de 1930 em que cafeeiros com alta
carga de frutos podem apresentar seca de
ponteiros e que está é precedida pela morte das
raízes das plantas.
- Após um surto de seca de ponteiros ocasionado
por sobrecarga de frutos e a não regeneração das
raízes
absorventes,
profundas,
o
principalmente
cafeeiro
perde
o
as
mais
equilíbrio
morfofisiológico e a sua capacidade produtiva.
Práticas
de
Manejo
de
Doenças
Nas condições da cafeicultura brasileira a doença
mais grave:
- Ferrugem (Hemileia vastatrix),
- Cercosporiose (Cescospora coffeicola)
- Seca de ramos (Phoma e Ascochyta).
Menor importância:
- Bacteriose
Mancha
Aureolada
do
Café
(
Pseudomonas garcae)
- Leprose (Citrus leprosis vírus - CiLV-C), é
transmitido pelo ácaro Brevipalpus phoenicis
virose).
- Amarelinho
fastidiosa).
do
cafeeiro
(bactéria
Xylella
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Principais doenças do Cafeeiro