Pá g . 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 mercado Safra norte-americana de soja é estimada em 85,7 milhões de toneladas Montante está ainda mais próximo da quantidade colhida do ano passado, de 82 milhões de toneladas, quando o Meio-Oeste foi devastado pela pior seca em 50 anos; já em relação ao milho, notícia é de safra cheia Da Redação – Ao divulgar no último dia 12 a previsão para a safra de soja deste ano nos Estados Unidos, o departamento de agricultura daquele país (Usda) confirmou a notícia que estava sendo aguardada com expectativa pelo mercado: a seca que assola há dois meses o Meio-Oeste já produziu estragos irreversíveis. Com isso, a projeção anunciada em agosto, em torno de 88 milhões de toneladas, foi reduzida para 85,7 milhões em setembro e há indicativos de que poderá cair ainda mais. Com isso, o Usda valida o número anunciado no dia 23 de agosto pelo Crop Tour Pro Farm, ao redor de 85,9 milhões de toneladas, reconhecendo os danos causados pelo clima. FASE CRÍTICA - No final de agosto, um grupo formado por cooperados, técnicos e convidados da Cocamar visitou propriedades no estado de Illinois e constatou a preocupação de produtores em relação ao clima seco, até então com cerca de 40 dias sem Lavoura de soja da região de Champaign, no estado de Illinois, onde a produtividade já foi bastante prejudicada pela seca chuvas, em meio a um calor intenso, sendo que as lavouras se encontravam em sua fase mais crítica, de enchimento de grãos. Em contato com a cooperativa Topt Light Grain, que possui 1,2 mil associados na região de Champaign, os brasileiros foram informados que a expectativa já era de uma forte quebra de produtividade. Entre os convidados da Cocamar estava o engenheiro agrônomo Henrique de Biasi, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Londrina. "Há um déficit hídrico elevado em pleno período de enchimento de grãos", comenta Biasi. Segundo ele, a lavoura teve até agora um bom desenvolvimento, mas o potencial produtivo está diminuindo devido a falta de umidade. "Se não chover logo, a situação vai piorar", acrescenta, dizendo ser difícil, por enquanto, fazer uma estimativa. Mas mencionou que se um quadro de déficit hídrico semelhante ocorresse no Brasil durante a fase de granação da soja, a safra estaria liquidada. Mercado sustentado O relatório do Usda trouxe a informação que os produtores queriam ouvir: o atual cenário de quebra da safra americana assegura sustentação ao mercado de soja, embora o mesmo departamento tenha revisto para cima a expectativa para a safra brasileira 2013/14, de 85 para 88 milhões de toneladas. Num contexto mais amplo, o Usda manteve praticamente estável sua projeção para a produção mundial, em 281,7 milhões de toneladas (apenas 60 mil toneladas a menos que o esperado em agosto). De qualquer maneira, trata-se de um aumento de 14,2 milhões de toneladas em relação à safra passada. Assim, de acordo com o departamento, os estoques ao fim da safra 2013/14 seriam elevados em 10 milhões de toneladas, a 71,54 milhões. “Se um quadro de déficit hídrico semelhante ocorresse no Brasil, a safra estaria liquidada” HENRIQUE DE BIASI, agrônomo da Embrapa Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 3 Agricultor vê situação complicada Com a experiência de produzir soja há 26 anos em Terra Boa e há 10 em Querência do Norte, no Paraná, Valdomiro Peres Júnior, um dos produtores de soja que participaram da viagem aos EUA promovida pela Cocamar, diz que, pelo visto, as lavouras de soja apresentam comprometimento em sua produtividade, resultado do longo período sem chuvas. "Diferente dos nossos solos, que não retêm umidade, no Meio-Oeste dos Estados Unidos os solos permitem umidade por mais tempo, o que favorece a cultura, mas o momento atual é crítico porque as plantas necessitam de bastante água para o enchimento de grãos, e não está chovendo". Jason Goodner, gerente da cooperativa Topt Light Grain, que espera uma produtividade média de 362 sacas de milho por alqueire este ano, mesmo sob seca Atraso na comercialização Um detalhe na viagem aos Estados Unidos chamou a atenção do superintendente de Operações da Cocamar, Arquimedes Alexandrino: o atraso na comercialização da safra deste ano, fenômeno que se observa tanto nos EUA quanto no Brasil, respectivamente o primeiro e o segundo maior produtor mundial da oleaginosa. Alexandrino lembra que na visita à cooperativa Topt Light Grain, em Seymour, os brasileiros souberam que apenas 38% do milho e 25% da soja foram comercializados antecipadamente pelos produtores, sendo que, de acordo com o histórico, ao menos metade da safra já deveria ter sido vendida. "No Brasil também os produtores estão segurando a comercialização, de um lado porque a cotação do milho está baixa e, de outro, porque certamente apostam em novas altas para a soja." OFERTA - O problema é que isto pode ter um efeito negativo, observa o superintendente, explicando que se os sojicultores decidirem, em determinado momento, efetivar a comercialização, a oferta maciça da commodity poderá contribuir para derrubar o preço. A explicação dos técnicos da consultoria AGProfessional para essa demora é que os produtores norte-americanos estariam capitalizados em razão de vários anos seguidos de preços bons para as commodities e se colocam agora numa posição cômoda frente ao mercado, sem enfrentar pressão e segurando as vendas ao aguardo de novas altas. Com atraso da lavoura, frio passa a preocupar Também integrando o grupo da Cocamar, o professor Antônio Luiz Fancelli, consultor da cooperativa e docente da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), diz que a variabilidade do estado das lavouras é grande, mas, de um modo geral, elas apresentam bom desenvolvimento. Fancelli considera que, pelo menos até o momento, não é possível ainda ter uma noção precisa em relação a perdas, embora acredite que elas já existam. Ele, no entanto, chama atenção para a possibilidade de uma mudança rápida do clima em setembro, com a chegada do frio e até das primeiras geadas. O clima, pelo menos, mostra sinais de semelhança com o ocorrido em 1996 e 1998, quando houve geadas precoces. “Se isto acontecer, o risco de a soja ser atingida é grande e perdas serão inevitáveis", pontua. Em relação ao milho, uma ducha fria O relatório do Usda jogou uma ducha fria no mercado internacional de milho. De acordo com o governo, os americanos devem colher 351,64 milhões de toneladas do grão neste ano, 2 milhões a mais que o estimado em agosto. Trata-se de um aumento de 77,8 milhões de toneladas em relação à safra do ano passado, devastada pela seca. O número surpreendeu o mercado, que esperava um corte para 346,6 milhões de toneladas. Com isso, o USDA projeta estoques americanos de passagem em 47,11 milhões de toneladas, volume 2,7 vezes maior do que o remanescente de 2012/13. Segundo o Usda, a produção mundial de milho deve totalizar 956,67 milhões de toneladas. Embora ligeiramente in- ferior à estimativa de agosto, trata-se de um acréscimo de 96,6 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior. Na viagem da Cocamar, integrantes observaram que a cultura, em alguns lugares, apresenta danos, mas seu ciclo já estava adiantado e a conclusão é que as perdas serão menores que na comparação com a soja. Pá g . 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 opiniões Manobras políticas ameaçam a agricultura CESARIO RAMALHO DA SILVA, presidente da Sociedade Rural Brasileira Nos últimos tempos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se enfraqueceu. Perdeu autonomia, função estratégica, poder político e recursos, deixando o setor produtivo órfão e sem acesso ao centro nervoso do governo. De imediato, é uma absoluta incongruência, já que a agricultura é a atividade de maior força econômica do País, Mas, paradoxalmente, é a mais fraca politicamente. Além disso, temos um ministro com período de mandato contado, em razão das eleições de 2014. Mais grave ainda é o uso do Mapa para fins partidários, num claríssimo exemplo de esbulho do dinheiro público, somado ao contingenciamento de recursos no seguro rural e também da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A Embrapa também sofre com cortes e com as amarras institucionais que cerceiam seu poder de decisão e atuação. A falta de liberdade orçamentária que aplaca a instituição dilapida sua competitividade. A busca pela inovação - pilar das nações desenvolvidas - exige impreterivelmente capital, planejamento e velocidade. Por sua importância e complexidade, num Brasil cujo agronegócio é o carro-chefe da economia, o ministério responsável por esse setor não pode ficar à mercê de interesses políticos particulares. O Mapa tem de continuar sendo dos produtores, permanecendo como uma trincheira do setor. Como vimos e continuamos observando nas ruas, a sociedade brasileira não suporta mais o conluio particular subjugando o interesse coletivo na administração pública, e o Mapa é apenas um exemplo, entre tantos outros. O Brasil é o país mais caro para produzir “Mais grave ainda é o uso do Mapa para fins partidários, num claríssimo exemplo de esbulho do dinheiro público ANTONIO LUZ, economista do Sistema Farsul em programas de incentivo são isentos de impostos, é preciso alertar que há tributação das peças, aumentando o valor do proUm estudo encomendado ao Instituto Brasileiro do Planeja- duto final. Em um trator, a tributação do aço chega a 34,12%; do mento Tributário (IBPT) pelo Sistema Farsul revela que o peso sistema hidráulico, 33,42%; da suspensão, 32,91%; e dos pneus, da carga tributária no custo de produção do setor agropecuário 32,55%. do Brasil é o mais alto do mundo. Na Argentina, o valor chega a 277,87 dólares/hectare; nos Estados Unidos, a 555,52 dóla- O veículo de passeio do produtor pode ser tributado, mas o trares/hectare; e, no Brasil, a 779,23 dólares/hectare. tor não. É um bem de capital, que gera renda. Na safra 2012/13, nas quatro culturas – trigo, milho,soja e arroz – o produtor gaúcho pagou R$ 3,3 bilhões em impostos apenas para a produção. Isto acontece nos outros Estados, obviamente. Por isso, a proposta que se defende é uma nova forma de tributar. Não se pode tributar no momento da produção até o escoamento. Isso deveria ocorrer apenas sobre a renda do produtor. Apesar dos programas federais alegarem que tratores incluídos Dados do IBPT revelam que o preço comercial de um trator 105 cv, 12 marchas 4x4 é de R$ 121 mil. O preço sem impostos seria de R$ 85 mil – economia de R$ 36 mil ao produtor. No caso de uma colheitadeira 175, o preço do mercado é de R$ 311 mil. Sem impostos, chegaria a R$ 227 mil, gerando uma economia de R$ 84 mil. O mesmo se aplica à carga tributária de plantadeiras, ureia, fertilizantes e defensivos agrícolas. O produtor faz sua parte, o governo não Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 5 JUSTINO CORREIA FILHO, téc. Agropecuário Crea/PR:3808/ TD, UNICAMPO, Bela Vista do Paraíso-PR O agronegócio vem, ao longo dos anos, confirmando a sua importância significativa na composição do PIB brasileiro, salvando seguidamente o discurso otimista do governo de plantão. A safra 2012/2013 alcançou 186,1 milhões de toneladas de grãos, volume suficiente para atender o mercado interno, havendo sobra para exportação e saldo positivo na balança comercial. O resultado é bom, digno de comemoração! Mas, poderia ser melhor, não fosse nossa infraestrutura e logística ineficiente, que tira competitividade dos produtos exportados, limitando o ganho do campo. O produtor rural brasileiro é dedicado e eficiente, dentro da propriedade. Basta observar o crescimento da produtividade. Esse desempenho deve ser creditado, em grande parte, exclusivamente ao homem do campo, que segue investindo em novas tecnologias, sem que tenha uma política agrícola digna da importância do setor. Nesse contexto, basta lembrar o discurso do governo federal quando do lançamento do plano safra 2013/2014 em junho passado. Com toda a pompa, foram anunciados recursos da ordem de R$ 700 milhões para serem utilizados como subvenção ao seguro rural, instituto mitigador de riscos da atividade. No entanto, o plantio da safra de verão se aproxima, sem que os valores anunciados tenham sido disponibilizados em sua totalidade, para contratação do seguro. Ficamos mais uma vez apenas no discurso por parte do governo federal, e todo o risco da atividade recai sobre o produtor, que irá plantar com significativo aumento do investimento em relação a safra passada, devido principalmente ao custo maior com mão de obra e insumos. Pá g . 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 café Geada abre caminho para produtores investirem na modernização de cafezais Sem quererem deixar a atividade, ao contrário, objetivo deles é fazer o replantio e adaptar o espaçamento das plantas para mecanizar as lavouras “Quem é realmente cafeicultor, tem raízes, permanece na atividade. Esta é uma região propícia para café e mesmo com os preços atuais, dá resultado, responde se for bem trabalhado” esta é uma tendência, segundo afirma o engenheiro agrônomo Francisco Ubiratã Aires, o Bira, especialista em café da Cocamar. E garante: dos 82.300 hectares cultivados no Paraná, pelo menos em 90% é possível fazer a adaptação para entrar com a colhedora. Com a mecanização, a maior profissionalização e os produtores buscando aumentar a produtividade para SENTIRAM - O cafeicultor Dirceu Scerbo, dono de 218 hectares em Terra Nova, distrito de São Jerônimo da Serra, a 80km de Londrina, tem 73 hectares ocupados com 390 mil pés em diversos espaçamentos e idades. Ele é um dos que estão renovando o cafezal. “As lavouras mais velhas vinham de uma produção grande na última safra e sentiram muito com a geada”, afirma. Dirceu e Antonio vão arrancar cafezais mais antigos e recomeçar de acordo com um novo padrão Por isso, Dirceu decidiu aproveitar o momento para arrancar 120 mil pés e replantar a lavoura sistematizando os talhões para a mecanização. O produtor diz que já vinha buscando adequar as demais áreas de forma a permitir a entrada da máquina e o último plantio, feito há dois anos, já obedeceu ao novo padrão. BOM NEGÓCIO - Dirceu ressalta que toda cultura tem seus altos e baixos e que o produtor deve aproveitar as fases ruins para se preparar e tirar o melhor resultado nos bons momentos. p DIRCEU SCERBO Marly Aires I São Jerônimo da Serra - O momento atual de preços baixos e a sequência de fortes geadas neste ano que queimou parte dos cafezais paranaenses, estão sendo vistos por tradicionais cafeicultores como uma oportunidade para renovar o cafezal. Com isso, eles pretendem passar a conduzir a cultura de acordo com um novo modelo, apropriado à mecanização. Devido a crescente falta de mão de obra, diluir custos, Bira vê que o atual momento poderá até mesmo levar ao renascimento da cafeicultura no Paraná, dentro de um novo padrão. Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 7 p Para ele, a cultura é uma boa opção de cultivo, principalmente em se tratando de uma pequena propriedade. “Com dois ou três alqueires de café, uma família consegue sobreviver”, comenta. PRODUÇÃO - Em suas terras, cerca de 250 mil pés foram menos atingidos pela geada e devem produzir ainda 800 sacas beneficiadas no ano que vem. “Se tudo tivesse corrido bem, deveríamos produzir umas 3 mil sacas beneficiadas”. Sua produtividade média é de 35 sacas beneficiadas por hectare. Em São Jerônimo da Serra há 1,4 mil hectares de café, dos quais 1,1 mil em produção, com média de 32 sacas beneficiadas por hectare. Esta é a segunda mais importante área de café no Paraná, cuja média é de 22 sacas/ha. Família Gobbo vai renovar 36 hectares Outro cafeicultor que está renovando seu cafezal é Antonio Gobbo, cuja família possui mais de 500 mil pés em 73 hectares em São Jerônimo da Serra. A produtividade média é de 30 sacas beneficiadas por hectare. Com a chegada das chuvas, o produtor começou a arrancar e a replantar praticamente metade da área atual, entre 250 a 300 mil pés, em 36 hectares, especialmente os talhões mais antigos, que já vinham reduzindo produtividade e que deveriam ser esqueletados este ano. “Vamos aproveitar para arrancar e começar do zero, já adaptado à mecanização”, diz Antonio, acrescentando que em algumas áreas estava com dificuldade de entrar com a máquina. REPETINDO - Na parte a ser renovada estão cafezais plan- 82.300 hectares é a área cultivada com café no Paraná, das quais 90%, pelo menos, poderiam ser mecanizados tados em 1975. “Já estávamos com as mudas feitas quando veio a geada. Na época, também aproveitamos para arrancar e plantar tudo de novo.” Os novos plantios vão se somar aos 45 mil pés cultivados em 2011, já dentro do novo padrão. O restante da área foi adaptado para possibilitar a entrada da máquina. “A mecanização é que está viabilizando a cafeicultura. Temos que buscar opções, seja com a máquina, nas áreas maiores, ou com o cultivo em pequenas espaços onde a própria família possa conduzir. Mas em qualquer situação é fundamental ter produtividade e qualidade”, afirma Antonio. Ele ressalta que o preço agora está ruim, mas vai mudar. “E quem tiver produção é que vai ganhar”, destaca. 1.400 hectares são ocupados pela cafeicultura em São Jerônimo da Serra, o 2º mais importante polo produtor do Estado Pá g . 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 café Cafeicultores se unem e compram colheitadeira Somando cerca de 100 hectares de café, 12 produtores de São Jerônimo da Serra, Santa Cecília do Pavão e Nova Santa Bárbara se juntaram em uma associação para comprar uma mini colheitadeira de café, modelo Eletron TDI, financiada, no final do ano passado. O valor pago foi de R$ 519 mil. O equipamento tem capacidade para colher de 80 a 100 sacas por hora, quando o talhão é adequado e apresenta boa produção. O período de negociações e os prazos necessários para agendamento na indústria fizeram com que a máquina só chegasse aos produtores no final de junho. Como na sequência veio uma fase de chuvas, isso acabou atrasando a colheita, mas todos já usaram a máquina este ano. Com as variedades que o grupo cultiva, é possível escalonar a colheita, item que será melhor planejado agora com os novos plantios e com um prazo maior para a colheita. Como todos são pequenos produtores, nenhum tinha condições de comprar sozinho o equipa- mento. Em conjunto, isso se tornou viável, com a previsão de pagar em pouco tempo o investimento devido ao custo benefício e ao uso frequente, compartilhado por todos. Há ainda a possibilidade de prestar serviços para outros produtores, diluindo ainda mais os custos, conforme afirma An- tonio Gobbo, um dos produtores que participam da associação. A experiência que o cafeicultor teve com aluguel de uma colheitadeira, durante anos, mostrou que esta era a saída. “A mecanização é que vai viabilizar a cafeicultura daqui para frente. E com os produtores se unindo, foi possível para a gente mesmo comprar a nossa máquina”, diz Antonio. A Associação dos Produtores de São Jerônimo da Serra – Aprosserra, existe há anos e já foi usada antes para a compra, em conjunto, de vários maquinários destinados a lidar com a produção de verduras e feijão. A experiência serviu de base para o novo empreendimento. O equipamento pode colher de 80 a 100 sacas por hora se o talhão estiver adequado e apresentar boa produção Pá g . 1 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 cooperativa Núcleos femininos inserem mulher de forma participativa na propriedade Um total de 550 integrantes reúne-se em suas cidades para discutir assuntos relacionados aos negócios da família, cooperativismo e crescimento profissional Cleber França I Região - No cenário agrícola atual a mulher desempenha um papel cada vez mais importante ao lado do marido na administração da propriedade. Neste contexto se encaixam os núcleos femininos organizados pela Cocamar e que foram criados justamente com o objetivo de inserir a mulher de forma mais participativa na atividade. Uma das participantes, a cooperada Yara Barbosa Cavicchiolli, de São Jorge do Ivaí, conta que está ao lado do marido Euclides Cavicchiolli, em tudo. “Plantamos 90 alqueires no município e região. Vou atrás de financiamentos, a escolha das variedades e insumos. O núcleo feminino da cooperativa sempre nos ajudou muito”, conta Yara, destacando que sempre há palestras, viagens técnicas e eventos em que ela é convidada a participar. “É uma forma de valorizar a gente”. VOCAÇÃO - A agricultora Edna Moreno Gabriel, esposa do cooperado Valdecir Gabriel, conta que vocação para a lavoura ela sempre teve, tanto é que, desde os 12 anos, ajudava a pai a cuidar das terras da família, na Estrada do Pacote. “Nessa época a gente tinha pasto em 10 alqueires e plantava milho em outros dois. Meu pai já tinha um trator, um Davis, e sobrava para mim arar a terra”, recorda-se. Edna conta que teve que se mudar para cidade aos 15 anos e, três anos depois, se casou. Com o marido sendo agricultor, voltou para a roça. “O Valdecir trabalhava com trator, um Valmet, para o pai dele. Como o serviço não podia parar, de vez em quando eu assumia o serviço.” CRESCIMENTO - Atualmente, além de continuar guiando tratores, ela ajuda a puxar a safra até a cooperativa, conduzindo um caminhão. Por fim, ainda arruma tempo para cuidar da casa, dar atenção dois filhos (Giani e Jean) e aos quatro netos (Matheus, Andrei, Caique e Cassiano) e participar do núcleo feminino da Co- camar, o que segundo ela, tem contribuído para o seu crescimento profissional. “Faço parte há seis anos e estou muito contente. A coordenação sempre traz boas palestras, o que ajuda os cooperados. Além disso, é um momento de descontração onde fazemos muitas amizades, sem contar as viagens, que são excelentes”, acrescenta. Envolvimento da mulher, como de toda a família, é uma prioridade na cooperativa, que, além de manter núcleos nas cidades, organiza uma série de eventos durante o ano Yara: “É uma forma de valorizar a gente” Ao todo, 23 mulheres participam do núcleo. A responsável Silvia Regina Tavares Modesto, informa que, uma vez por mês, elas se reúnem para assistir palestras técnicas relacionadas a assuntos como produtividade e comercialização das safras. Algo que se tornou tradição entre as participantes é o voluntarismo e o trabalho social. “Sempre que há um evento beneficente para ajudar idosos, crianças ou entidades assistenciais, o pessoal convida as integrantes do núcleo”, finaliza. São 550 participantes O primeiro núcleo feminino da Cocamar surgiu em 2005 na cidade de Floresta, perto de Maringá. Oito anos depois, já são 25 grupos e 550 ativas participantes. Em média há, no total, 100 palestras ou cursos durante o ano, sem contar as viagens técnicas, eventos diversos e encontros de casais. Dentre os principais temas abordados, estão: liderança, oratória, comunicação, infor- Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 11 mática, administração rural, motivação, autoestima e qualidade de vida. “O principal objetivo do núcleo é promover e articular a participação feminina na cooperativa e na comunidade local, de acordo com os princípios e valores cooperativistas”, explica a coordenadora de Relação com o Cooperado, Cecília Adriana da Silva. “As mulheres estão ganhando espaço na sociedade em geral e o mesmo acontece no cooperativismo. A Cocamar reconhece a importância da participação destas mulheres na dinâmica e no dia a dia das propriedades, e estimula sempre a presença delas na cooperativa, assim como a participação destas na gestão da propriedade rural”. Edna: participante há seis anos DR. CAMARGO - Com cerca de 180 participantes, o município de Doutor Camargo, a 30km de Maringá, sediou no último dia 12, na Casa da Cultura, o seu 1º Encontro de Mulheres Rurais, que reuniu também representantes de Ivatuba e Paiçandu. A Cocamar foi uma das empresas organizadoras e a programação constou de palestras, no período da tarde, sobre temas variados. De acordo com o gerente da unidade local da cooperativa, José Depieri Conti, o evento agradou as presentes, por seu conteúdo esclarecedor, e a ideia é realizá-lo, a partir de agora, todos os anos. Pá g . 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 inverno Milho enfrentou de tudo, mas ainda rendeu Mesmo sob diversos problemas climáticos, média de produtividade na área de ação da Cocamar foi de 170 sacas por alqueire, 16% a menos que a do ano passado Cleber França I Região - Na safra de inverno deste ano, tudo o que poderia haver de problema climático, aconteceu. Houve excesso de chuva, estiagem, ventos fortes, enchentes e, para completar, três geadas. ano totalizou 726 mil toneladas, o segundo maior volume de todos os tempos, pouco abaixo do recorde de 750 mil em 2012. A produtividade em Sertaneja acompanhou a média da Cocamar de 170 sacas por alqueire. “Mas tivemos extremos, ou seja, produtividade próxima de 300 sacas e também de apenas 30 sacas por alqueire”, observa o gerente de produção da Cocamar no município, Jaime Alves Junior. bra de um trator. Em Rancho Alegre, a média ficou na casa das 210 sacas por alqueire – contra 240 do ano anterior. Houve produtor que plantou mais cedo que chegou a produzir 320 sacas. MENOR - Em algumas regiões do Noroeste do Estado, a média foi de 183 sacas por alqueire. “Além de uma seca durante o ciclo, tivemos uma enchente que comprometeu a produtividade em áreas próximas ao Rio Ivaí, sem contar as três geadas. Em comparação com o ano passado a produtividade foi 20% menor”, calcula o gerente de p Em Primeiro de Maio, o agricultor Carlos Roberto Silveira fez a média LÍDERES - Os principais municípios de 150 sacas em cada um dos seus produtores de milho foram Serta- 42 alqueires. “No total, colhi 3.360 Apesar de tudo isso, a produtivi- neja (11.425 alqueires), São Jorge do sacas a menos que o ano passado”, dade do milho de segunda safra na Ivaí (10.660 alqueires) e Sertanópo- lamenta, justificando o uso de um híregião da Cocamar foi considerada lis (9.114 alqueires). “Setenta por brido que não se adequou à região, à regular. A média ficou em torno de cento dos plantios foram feitos com falta de chuvas e problemas enfrentados durante o plantio, como a que170 sacas por alqueire, uma redu- híbridos superprecoces e 30% ção de 16% em comparação com entre precoce e semiprecoce”, inigual período do ano anterior, forma o coor- denador de culturas quando a média chegou a 200 anuais da cooperativa, Emerson sacas. Nunes, lembrando que, no geral, os produtores investiram na culNa Cocamar, o recebimento deste tura. Média de produtividade variou bastante entre as regiões; houve quem colheu 320 sacas por alqueire, enquanto outros, não mais que 30 Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 3 p Movimento intenso de caminhões no pátio de triagem da cooperativa em Maringá, que recebeu 726 mil toneladas, a segunda maior safra de sua história produção da Cocamar em Paraíso do Norte, Cristiano Luiz Bergamasco. Mesmo em meio a tantos problemas climáticos, o cooperado José Márcio Virtuli, que planta 20 alqueires na Água Clara, naquele municí- pio, colheu bem. “Fiz a média de 240 sacas por alqueire. Quem plantou mais cedo fez uma média melhor. O mesmo vale para quem plantou em terra roxa, pois as plantas aguentaram mais o período de estiagem no começo”, explica Virtuli. Perda no trigo foi grande O trigo foi o maior prejudicado com as geadas nesta safra de inverno, com cerca de 60% de perdas de média na região da Cocamar. Em algumas localidades os estragos chegaram a 80%, conforme se observou nos municípios de Rolândia, Arapongas, Serrinha, Tamarana, Congonhinhas e São Jerônimo da Serra. “Em relação ao ano passado, a produção vai diminuir cerca de 40%, isto porque, mesmo com as perdas, houve um aumento de 35% de área semeada”, comenta o coordenador técnico de culturas anuais, Emerson Nunes. Segundo Nunes, outro fato chama a atenção. A qualidade do trigo que sobrou após as geadas está bastante prejudicada, cerca de 40%, apresentam qualidade inferior. A média de produtividade, neste ano não deve passar de 44 sacas por alqueire, frente às 103 obtidas em 2012. Pá g . 1 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 safra 2013/14 Caprichar ao máximo Em contagem regressiva para o início da semeadura, produtores da região investem para que seus resultados sejam os melhores possíveis Marly Aires I Região - Com a aquisição de uma moderna plantadeira Semeato de 11 linhas, o cooperado Sílvio Pereira da Conceição Silva, cuja família cultiva 120 alqueires de soja em Maringá, espera melhorar ainda mais a qualidade de plantio, começando bem a safra 2013/14. “A cada ano procuramos melhorar sempre, porque a base para se ter resultado é fazer um trabalho bem feito”, afirma. Ainda em final da colheita de trigo, mas com tudo programado e adqui- rido com antecedência, para evitar imprevistos, a família está com tudo pronto para iniciar o plantio próximo ao dia 15 de outubro, assim que tiver condições ideais de umidade. Silvio conta que vai plantar as variedades VMax e Potência, utilizando de 500 a 600 quilos de adubo 10x12x08 por alqueire. “Se realmente houver quebra da safra norte-americana, vamos ter preços ainda melhores do que os que já temos. Mais do que nunca, temos que caprichar”, diz. Ânimo redobrado As modernas máquinas do cooperado Luiz Pio Lonardoni já foram revisadas e estão prontas para entrar em campo a partir do início de outubro. Ele vai cultivar 110 alqueires, a maior parte arrendada, em Rolândia. “Deu condições, entramos plantando”, afirma. As variedades selecionadas são VTop, que Luiz vai usar na maior parte da área, informando que irá experimentar duas novas: Syn 1163 e Tornado, que viu em um dia de campo da Cocamar. Na adubação ele está aplicando 600 quilos de 06x24x12 NA EXPECTATIVA - Adiantando toda as operações possíveis, Volnei Marcon de Souza, que planta com o irmão 104 alqueires de soja na região do Guerra em Maringá, está na expectativa para iniciar a próxima safra. Normalizando as chuvas, a partir do final de setembro, começa a plantar. A variedade escolhida é VMax. Vai fazer uma adubação de base com 500 quilos de 02x17x10 por alqueire, com um pouco de nitrogênio para ajudar no arranque inicial e após a germinação, usar cloreto de potássio na cobertura. Para que a soja tenha condições de manifestar todo seu potencial produtivo, o investimento neste ano foi em um pulverizador autopropelido visando a qualidade de aplicação de inseticidas, fungicidas e herbicidas, visando o controle efetivo de pragas, doenças e plantas daninhas. “É claro que sempre dependemos do clima para produzir, mas podemos investir em tecnologia, seguir as recomendações técnicas e fazer o nosso melhor, tentando minimizar os efeitos do clima”, comenta. Pensando em fazer um contrato de venda no mercado futuro, para cobrir os custos de produção, Volnei está acompanhando o que acon- na base, com micronutrientes, mais adubação foliar. “Seguindo a recomendação técnica, vou dar uma reforçada no nitrogênio e no potássio, principalmente no enchimento de grãos, para obter uma produção maior”, ressalta. Produtor altamente tecnificado, Luiz colheu na safra passada 150 sacas por alqueire de média, chegando a 170 sacas em algumas áreas. “Nunca faço nada ‘meia boca’. Para ter resultado, tem que caprichar. E, com as perspectivas de mercado, a gente tra- balha ainda mais animado”, sorri. Silvio investiu na compra de uma semeadeira de 11 linhas: “A cada ano, procuramos melhorar sempre” tece nos EUA, através da Cocamar, para decidir quando comercializar. “Vamos trabalhar para ter o melhor resultado possível. E se o clima e o mercado ajudar, perfeito”, afirma. Na última safra suas médias foram de 145 sacas de soja e 255 sacas de milho por alqueire. “Nunca faço nada ‘meia boca’. Para ter resultado, tem que caprichar. E, com as perspectivas de mercado, a gente trabalha ainda mais animado” LUIZ PIO LONARDONI, de Rolândia Pá g . 1 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 família do campo Os Vendramin cresceram na região de Paranavaí Marly Aires I Paranavaí - O primeiro contato da família Vendramin com Paranavaí foi em 1950, quando Antonio, um dos filhos do casal Vergílio e Izabel, passou por ali com a finalidade de avaliar as terras da região e atuar como corretor para agricultores de Flórida Paulista (SP), interessados em investir no Paraná. Um ano depois, o próprio Antonio Vendramin (que faleceu em 1975) comprou os primeiros 10 alqueires da família no Paraná, se estabelecendo com a esposa Luíza e os filhos Antonio Plácido e Vergílio Neto. Seus irmãos, Paulo e Paschoal, acompanhados das Lúcia e Ângela, vieram nos anos seguintes (com a morte de Lúcia, em 1965, Paulo se casou com Maria Aparecida). Junto vieram os filhos de Paulo: Lúcio, João e Neide, e de Paschoal: Luciano, José Clair, Oswaldo e Hélio. no Estado de São Paulo e comprando 25 com café plantado em Alto Paraná. MÁQUINA - Além de derrubar a mata e plantar café com os irmãos, Antonio, um empreendedor nato, continuou a atuar como corretor de imóveis e ainda montou em 1952 uma máquina para beneficiar café e arroz, vendida em 1956. Por isso, quando em 1955 a geada queimou o café no toco, ano que faria a primeira colheita, a família conseguiu se manter sem grandes problemas. CAFÉ - Em 1956 a família adquiriu a Fazenda Santa Luíza, de 140 alqueires de mata, que permaneceu intocada por um bom tempo. Só em 1971, com o incentivo do governo federal, é que foram plantados 45 mil pés de café em 15 alqueires. Na propriedade eles preservados 45 alqueires de mata nativa. Em 1958 Antonio montou uma serraria em Piracema, distrito de Paranavaí, em sociedade com os primos Borin, um ano depois, outra em Guairaçá, com irmãos e primos. Na década de 1970, as “O café sempre foi nosso alicerce serrarias foram transferidas para o Mato Grosso do Sul. LOTEAMENTO - Na década de 1960 foram feitos vários investimentos pela família, que expandiu suas fronteiras: em 1961 foi adquirida a Fazenda Bela Manhã, em Guairaçá, em 1964 a Fazenda Arara em Paranavaí e, entre 1967 e 1968, as fazendas Araraquara e Paraná, em Paranavaí. Também em 1960 eles começaram um novo negócio, a Sociedade Comercial Imobiliária Ibirapuera, para Na Nova fronteira loteamento de uma das fazendas. O bairro hoje é considerado central, o Jardim Ibirapuera. A família chegou a ter, também, uma fábrica de colchões. Em 1966 começaram os investimentos no Mato Grosso do Sul, terras que foram vendidas na sequência para compra da Fazenda Iguaçu, em Itaqueraí em 1968, e Fazenda Flor de Maio, em Naviraí, em 1970. e a alavanca das demais atividades” Antonio Plácido Vendramin Integrantes atuais da família e, ao lado, Vergílio e Izabel; em 1955, o casal acompanhou os filhos que haviam se mudado para o Paraná Antonio, com espírito empreendedor, desenvolveu vários negócios Outra fazenda comprada em 1979, em Paranatinga, ficou na história. Com mato para todo lado, a única forma de chegar era cruzando o Rio Batovi, que tinha mais de 40 metros de largura. Para conhecer, os Vendramin foram de bote, mas para transportar todo maquinário e mudança, a família teve que construir uma balsa na barranca do rio. p Para completar a mudança, os pais, Vergílio e Izabel e as irmãs Amélia e Maria, só se mudaram em 1955, vendendo 20 alqueires que tinham Família investiu no café mas, com visão de futuro, apostou também em vários outros empreendimentos, ao longo das décadas Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 7 Do café à citricultura No início, o principal negócio da família era café e madeira. “O café sempre foi nosso alicerce e a alavanca das demais atividades”, afirma Antonio Plácido Vendramin, filho de Antonio. Tanto que em 1961 a família montou uma máquina de café, em sociedade com amigos, que funcionou até 1968. A cultura foi erradicada em 1975. O pasto no fundo da propriedade começou a ganhar destaque nos negócios da família a partir de 1972. O gado misto do início foi todo transformado em Nelore, se tornando uma atividade importante nas fazendas da família no Paraná e Mato Grosso do Sul. Mais tarde, passaram a investir em cana de açúcar no Estado vizinho. A citricultura foi outro marco na vida dos Vendramin. Eles começaram a investir na atividade em 1986, quando cederam sete alqueires para o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) montar um campo experimental, antes da liberação do plantio comercial da cultura no Paraná, em 1989. Com isso, participou ativamente dos movimentos em defesa da citricultura no Paraná. A expansão dos plantios de laranja nas fazendas só se deu a partir de 1991. Conforme a cidade ia crescendo em direção à vala, os prefeitos, neste período, iam O Estádio Municipal Waldemiro Wagner construindo a infraestrutura necessária e aterrando, mas por muito tempo os últimos 700 metros ficaram parados, de 1964 a 1992. “Era uma terra de ninguém, abandonada, era o buracão”, diz. Hoje o local abriga o Es- O “barulho” que deu certo Em 1989 houve a divisão da sociedade. Até então, todos os núcleos da família trabalhavam juntos. A sociedade acabou, mas todos continuaram uns ajudando aos outros. Antigamente, entre os anos de 1980 a 1990, as festas de Natal, aniversário e outras datas especiais juntavam mais de 80 pessoas da família por quatro dias ou mais. “Era uma festança. Vinha gente de todo lado e ficávamos vários dias juntos, na chácara”, conta Marilza Vendramin, nora de Paulo. O buracão que virou estádio Uma semana depois de a família chegar a Paranavaí, em 1952, quando o município ainda era distrito de Mandaguari, houve uma tromba d’ água de quatro horas de chuva pesada que abriu uma vala enorme na cidade. Com mais de 1.400 metros de extensão, ia desde onde hoje é o terminal rodoviário até o córrego Paranavaí. “Dava medo, e com o tempo só foi aumentando a profundidade”, conta Antonio Plácido Vendramin, ressaltando que o buraco era tão grande que começou a ser aterrado em 1953 e só terminou em 1992. Juntos e separados tádio Municipal Waldemiro Wagner. “O buraco foi aproveitado para fazer as arquibancadas, mesmo assim, fala-se que foram jogados mais de 15 mil caminhões de terra no local”, comenta Marilza Vendramin. A construção do estádio é uma história à parte. A família sempre teve uma relação bem estreita com a política e o esporte na cidade. Antonio Plácido Vendramin comenta que na época havia o projeto para construção do estádio, mas nenhum prazo estabelecido e quando se falava a respeito, a resposta era sempre: “estamos vendo”. Para dar um “empurrãozinho” na obra, Antonio montou uma estratégia que deu certo. Levou várias máquinas para preparo de solo da família até próximo ao buracão e ligou para o jornalista de maior audiência na rádio, na época, Armando Trindade Fonseca e fez um barulho dizendo que as obras no estádio estavam começando. Após conferir a presença das máquinas no local, o jornalista ligou ao vivo para o prefeito Rubens Felippe dando o fato como certo, ao que este não negou, dando início efetivamente à obra. Dos cinco filhos de Vergílio e Izabel foram gerados 36 netos, 67 bisnetos e 35 tataranetos, somando toda família mais de 250 pessoas. O início A saga da família no Brasil tem início em 1889, quando Giuseppe Vendramin veio da Itália para o Brasil tentar superar as dificuldades que a família enfrentava. No navio conheceu Maria Borin, com quem se casou mais tarde, já que foram trabalhar em lavouras de café na mesma cidade, em Itatiba (SP). Dessa união nasceu Vergílio. 250 é o número atual de integrantes da família O “Bateau Mouche” Jogar futebol e torcer para o Atlético Clube Paranavaí está no sangue dos Vendramin. Vários integrantes jogaram nos campinhos nas fazendas, chegaram a formar time e houve até alguns que atuaram como amadores. Quando jovem, na época em que as partidas de futebol eram a grande atração nas comunidades, Paulo Vendramin não só jogava, mas era o encarregado de passar com o caminhão nas colônias para pegar o time que ia jogar fora de casa e também alguns torcedores. Cada grupo tinha o seu campinho e no final do jogo já combinava onde seria o próximo. Mantendo a tradição, a família comprou um ônibus, o “Bateau Mouche”, onde juntava os amigos e viajava por todo o Paraná acompanhando os jogos do time da cidade. “Teve ano de rodarmos mais de 10 mil quilômetros. Era a maior festa. Como resultado dessas viagens, deu até casamento”, conta Antonio Plácido Vendramin. Pá g . 1 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 oportunidade Integração é tema de encontro durante a Expo-Prudente Evento foi organizado pela Cocamar e a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste); para presidente da cooperativa, sistema pode impulsionar a atividade agropecuária Com a participação de cerca de 250 participantes, entre pecuaristas e produtores do município e região, o evento contou com a presença do presidente da cooperativa, Luiz Lourenço, e dos especialistas Geraldo Moreli, do Instituto Emater, que falou sobre “Estratégias de produção e comercialização de carne de novilho precoce”, e Sérgio José Alves, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que apresentou as vantagens da ILPF. POTENCIAL - Reconhecido como um dos principais defensores do sistema de integração no país, Lourenço lembrou que, espalhados por várias regiões do Brasil, há cerca de 200 milhões de hectares de pastos degradados que podem ser incorporados de forma sustentável à produção de alimentos. Só o noroeste do Paraná, o sul do Mato Grosso do Sul e o oeste paulista, onde está inserida a região de Presidente Prudente, oferecem aproximadamente 7 milhões de hectares de pastagens nessa situação, com baixa produtividade. “Temos diante de nós uma grande oportunidade de virar o jogo”, enfatizou Lourenço, explicando que a Foto: Douglas Eduardo de Mattos Da Redação - Durante a Expo-Prudente 2013, realizada no início de setembro em Presidente Prudente (SP), a Cocamar promoveu em parceria com a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), no Recinto de Exposições Jacob Tosello, um encontro sobre o tema “Integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF)”. Luiz Lourenço: “Temos diante de nós uma grande oportunidade para virar o jogo” integração prevê a reforma dos pastos com o cultivo de soja no verão, a partir do plantio direto, mexendo o mínimo no solo. “A soja vai oferecer uma renda para financiar a pecuária”, disse. Por esse modelo, a propriedade é revitalizada, uma vez que, no outono seguinte, faz o plantio de capim braquiária que, já no inverno, produzirá forragem em abundância para alimentar e engordar o gado, podendo-se ampliar o número de cabe- Sistema já conta com 42,6 mil hectares atendidos pela cooperativa O programa de integração lavoura, pecuária e floresta vem crescendo em ritmo rápido, nos últimos anos, na região da Cocamar. Somente nos últimos quatro anos, o montante de hectares atendidos pela cooperativa em sua região e proximidades saltou de 9.337 hectares (ciclo 2010/11) para os atuais 42.669 hectares (programados para a safra 2013/14). Ou seja, foi ampliado em quase cinco vezes, como resultado da adesão de um grande número de produtores cujas propriedades estão localizadas em solos arenosos e eram destinadas exclusivamente à pecuária. De acordo com o engenheiro agrônomo Rafael Franciscatti dos Reis, coordenador técnico de ILPF na Cocamar, o trabalho intenso de difusão desse modelo, por parte da cooperativa, está conseguindo sensibilizar proprietários de áreas degradadas, mostrando-lhes que quem investe nesse sistema, utilizando toda a tecnologia preconizada e seguindo a orientação dos técnicos, reduz as possibilidades de insucesso em sua atividade. ças por hectare. Fechando o ciclo, a braquiária é dessecada na primavera para proteger o solo, o qual será destinado novamente para o cultivo de soja. O presidente da Cocamar disse que em Rancharia, a 70km de Presidente Prudente, a Fazenda Ybiete-Porã é considerada uma das referências em ILPF no Brasil, com uma pecuária altamente produtiva que se soma à produção de soja, com exce- lentes resultados. Ele destacou que a ILPF vem crescendo rapidamente, nos últimos anos, na região da Cocamar, e que há recursos a custos subsidiados oferecidos pelo programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) do governo federal. A Cocamar atua desde meados deste ano com uma unidade de atendimento em Presidente Prudente, a primeira fora do Estado do Paraná. Jornal de Serviço Cocamar Se te mbro 2013 - Pág. 20 especial ESTADOS UNIDOS • Família é a base da agricultura do país • Tudo bem organizado e altamente produtivo • Máquinas ultramodernas invadem o campo • Uma feira de tecnologias que lembra ficção científica O Jornal Cocamar acompanhou um grupo organizado pela cooperativa, composto por produtores, técnicos e convidados que, no final de agosto, viajou ao Meio-Oeste dos Estados Unidos. Lá, visitou propriedades, cooperativa, centro de pesquisa da Monsanto e também a 60ª edição da Farm Progress Show, uma das maiores feiras de tecnologias agrícolas do planeta Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 1 Rogério Recco – Conhecer um pouco da agricultura dos Estados Unidos vale cada centavo investido. Para o produtor brasileiro, é uma aula de profissionalismo, organização, tecnologias e produtividade. Há vários anos consecutivos a Cocamar promove, sempre no mês de agosto, uma incursão pelo MeioOeste daquele país, onde o grupo – geralmente formado de cooperados, técnicos e convidados – mantém contato com produtores, cooperativas, unidades de pesquisa e visita uma das feiras de tecnologias agrícolas mais importantes do mundo, a Farm Progress Show. Neste ano a viagem que ocorreu entre os dias 24 de agosto a 2 de setembro, concentrou-se no estado de Illinois, ao norte, o segundo mais importante produtor de grãos do Meio-Oeste. A cada dois anos, a feira acontece em Decatur, cidade que reveza a realização anual com Boone, no vizinho Iowa. A família faz tudo sozinha Depois da chegada a Chicago, a delegação da Cocamar seguiu na manhã do dia 26 para o sul do estado de Illinois onde, na região de Champaign, conheceu a propriedade da família Fischer. De cara, a visita impressionou e permitiu conhecer um pouco da realidade dos agricultores norte-americanos. Eles cultivam 600 hectares, sendo metade milho e metade soja usada em sistema de rotação. Fischer citou que a maior parte das lavouras teve que ser plantada fora do prazo recomendado, bem depois de 15 de maio, a data limite, por causa do excesso de chuvas. "Ficamos totalmente fora de época", acrescentou. Ele disse que, devido a exiguidade de tempo, foi obrigado a acelerar o plantio, completando-o em apenas seis dias quando, em épocas normais, gastaria 20. Em sua explanação, o produtor comentou que apenas ele, de 42 anos, e o pai, de 65, trabalham na gestão dos negócios e nas atividades nas lavouras. Não há empregados e também não se pode contar com assistência técnica para as máquinas, porque isto custa muito caro. Todos foram levados para ver o barracão onde as máquinas são guardadas p Jeff Fischer estava preocupado com a seca e o forte calor em pleno período de enchimento de grãos, mas explicou que as lavouras são inteiramente seguradas. O seguro cobre 85% da produtividade do milho e 50% da soja, considerando a média dos 5 últimos anos de produtividade normal (excluindo os anos ruins, como 2012). Isto assegura que ele terá rentabilidade mesmo se não colher um grão sequer. Bem-estruturada, a primeira fazenda a receber os brasileiros está situada nos arredores de Champaing, a 222km de Chicago Pá g . 2 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 especial/estados unidos Acima, Jeff Fischer (centro) com o produtor Flávio Haruki Kobata e o agrônomo Antonio Ramires, de Floresta, município próximo a Maringá. Para Flávio, que foi campeão de produtividade de soja na região de Maringá em concurso promovido este ano pela Cocamar, só a visita a essa propriedade “valeu a viagem”. Ao lado, o barracão de máquinas da fazenda, onde também é feita a manutenção das mesmas: observe a estrutura da construção e a limpeza. Nas outras fotos, a confortável residência e a estrutura de armazenamento. Nos Estados Unidos, os produtores residem em suas propriedades, sendo que as próprias famílias cuidam de tudo no empreendimento rural, pois não têm empregados e nem mesmo podem contar com mecânicos p e onde o próprio Jeff, sozinho, faz a manutenção das mesmas. Chama atenção a qualidade da construção, a limpeza e, claro, o tamanho dos tratores e colhedeiras. Ao ser perguntado sobre os híbridos de milho tolerantes à seca, que passou a utilizar no ano passado, Fischer respondeu: "Apesar de ter sido uma safra muito castigada pelo clima seco, a produtividade desses materiais foi boa". Enquanto um híbrido não tole- rante produziu determinada quantidade, o outro rendeu dez vezes mais – acrescentou. Os Fischer são donos da propriedade há 42 anos, onde também produzem sementes de milho. O produtor salientou que, habitualmente, vende 50 por cento de sua produção antecipadamente, mas este não vendeu nada ainda, porque as cotações vinham abaixo das do ano passado. Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 3 p CONFINAMENTO - Na Wood and Woos Farm, o grupo da Cocamar foi recebido pelos proprietários Rony e Louis Wood. A fazenda opera o maior confinamento de gado do estado de Illinois, sendo mais de 1.800 cabeças anualmente. Eles também cultivam 405 hectares de milho e soja. O milho colhido é mantido para alimentar o gado. Pá g . 2 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 especial/estados unidos TURISMO RURAL – Entre uma visita técnica e outra, os integrantes da comitiva fizeram uma parada, para almoço e descanso, na Hardy´s Reindeer Farm, uma pequena e agradável propriedade da região de Champaing, cujos proprietários lançaram mão da criatividade e investiram, como principal marca, nas próprias tradições do Velho Oeste norte-americano. O restaurante mais se parecia com um saloon e ali foi servido um prato típico: feijão acridoce com purê de batatas, carne bovina e um bolo de milho, acompanhado de chá gelado. Como sobremesa, torta de maçã. Os visitantes foram surpreendidos por uma criação de renas, trazidas do Alasca – que, com sua enorme galhada à cabeça, são animais dóceis, para serem alimentados à mão. Construções antigas, como a de um posto de combustíveis, também chamaram a atenção, mas os visitantes se divertiram também ao presenciar o lançamento de abóboras a longa distância, disparadas por um canhão de ar comprimido. Com tudo isso, a propriedade é um sucesso, recebendo turistas de várias partes dos Estados Unidos e também do exterior. Nos finais do ano, o faturamento fica por conta da venda de árvores de Natal, cultivadas ali. Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 5 GORDON - Em visita a mais uma fazenda, a Bernie Gordon Centennial, que é produtora de sementes de milho e se estende por 810 hectares, a delegação observou maquinários de alta tecnologia. O produtor disse que, não raro, consegue média superior a 400 sacas de milho por alqueire. De uma família que é dona das terras há mais de um século, ele minimizou os efeitos da seca sobre as culturas de milho e soja, dizendo que “poderá ter alguma perda sim” Perdas nas lavouras variam Em visita na manhã de 27 de agosto à cooperativa Topt Light Grain Cooperative, em Seymour, o grupo da Cocamar soube que a previsão é de safra sem muitos danos no milho, mas bastante prejudicada na soja. A Topt Light possui 1,2 mil cooperados com área média de 1 mil hectares. Em safras normais, a entidade recebe cerca de 12 milhões de sacas de milho e soja. A expectativa é de que a média de produtividade fique em 95 sacas por alqueire. Em condições normais, seriam ao menos 160 sacas por alqueire. Para o milho, são esperadas 362 sacas por alqueire, em média. O panorama varia bastante de uma região para outra e, quanto ao milho, havia otimismo. Sobre a expectativa de produtividade dos agricultores, a cooperativa tinha acabado de fazer um minucioso levantamento, verificando 100 propriedades de sua área de atuação. Em algumas dessas propriedades, há quem aposte ainda em conseguir a média de 448 sacas de milho por alqueire. No ano passado, os produtores da Topt Light fecharam um dos piores anos da história com 307 362 sacas por alqueire. Presente no grupo, o presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Florindo Dalberto, avalia que os produtores estão em meio a muitas incertezas. "De qualquer forma, os números são muito ruins", cita. Já o pesquisador Sérgio José Alves, da mesma instituição, avalia que há danos irreversíveis. Para o professor Antonio Luiz Fancelli, da Esalq/USP, que atua como consultor de produtividade da Cocamar, os produtores norteamericanos demonstram que ainda continuam muito dependentes do clima. sacas de milho por alqueire é a expectativa de produtividade p Atuando apenas na recepção, padronização e comercia- lização de soja e milho, a cooperativa destina parte do milho recebido para uma planta de etanol da qual seus associados são proprietários. Pá g . 2 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 especial/estados unidos DANOS - Participando da viagem, o presidente do Iapar, Florindo Dalberto, ressaltou que “os números da safra americana são muito ruins” e, na foto ao lado, o pesquisador da mesma instituição, Sérgio José Alves (ao lado do coordenador comercial de pecuária da Cocamar, Clóvis Aparecido Domingues), avaliou que há perdas irreversíveis tanto no milho quanto na soja Solos do Meio-Oeste estão perdendo nutrientes A afirmação feita no dia 28 pelo consultor brasileiro Amilcar Centeno, durante palestra em Champaign, de que os produtores norte-americanos do Meio-Oeste não estão fazendo a reposição adequada de nutrientes no solo, surpreendeu o grupo da Cocamar. Com mais de 30 anos de experiência, Centeno já atuou em importantes companhias do setor, entre as quais a John Deere, e colabora com o site Notícias Agrícolas. Para o professor Cássio Tormena, especialista em solos do departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que integrou a comitiva, isto é uma realidade, apesar de muitos não se darem conta. Segundo Tormena, enquanto os produtores brasileiros estão construindo a fertilidade dos solos em suas propriedades, a situação é um pouco diferente em relação a seus colegas norte-americanos. Além disso, ele citou que nas extensas planícies do Meio-Oeste, o solo precisa ser drenado para eliminar o excesso de água, mas a superfície é rica em matéria orgânica (entre 5 e 6 por cento) - com cerca de um metro de espessura - e há bom nível de ferti- lidade natural. De acordo com o professor, o agricultor norteamericano pode estar esgotando gradativamente a fertilidade do solo em alguns nutrientes, mas lembrou que, de qualquer forma, eles contam com fertilidade natural e alta capacidade de retenção de água. No Brasil, de maneira geral os solos agricultáveis são naturalmente mais pobres, com modestos teores de matéria orgânica. CONTAMINAÇÃO - Entretanto, como o lençol freático é próximo da superfície, os produtores do Meio-Oeste enfrentam um dilema: a lixiviação de nutrientes, fator que somado à necessidade de drenagem quando ocorre encharcamento, impacta fortemente nos rios, contaminando-os. Centeno comentou em sua palestra que os níveis de fósforo e potássio estão caindo, o que obriga os agricultores a investirem cada vez mais em fertilizantes, mas sem conseguir recuperar fertilidade. O efeito disso, conforme mencionou Centeno, é que 47 por cento dos rios apresentam excesso de fósforo e 53 por cento uma quantidade além da conta de nitrogênio. PLANTIO CONVENCIONAL Outra informação citada por Centeno que, segundo Tormena, merece destaque, é que só 10 por cento dos agricultores norte-americanos fazem plantio direto e os restantes 90 por cento, convencional. Isto porque a janela para o plantio é curta e ocorre logo após o inverno. A exemplo do que aconteceu neste ano, os produtores de diversas regiões tiveram que revolver o solo a superfície para aquecê-lo e conseguir plantar. A uma temperatura inferior a 10 graus centígrados, as sementes não germinam. Detalhe da palestra em Champaign e, ao lado, o prof. Cássio Tormena, da UEM, que participou da viagem BRASIL X EUA Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 7 Amilcar Centeno apresentou algumas informações e comparativos ao grupo da Cocamar que revelam o crescimento da importância do Brasil frente aos EUA e no agronegócio mundial: • O saldo da balança comercial do Brasil é maior que o dos Estados Unidos. De 2006 a 2010, nós crescemos 123 por cento em exportações, enquanto os EUA, só 92 por cento; • O Brasil cultiva 69 milhões de hectares e os EUA, 165 milhões. O valor da produção do agronegócio brasileiro é de US$ 122 bilhões e, do pais norte-americano, US$ 352 bilhões; • O agronegócio brasileiro é bem menos dependente que o dos EUA. Importa só US$ 11 bilhões, em média, contra US$ 102 bilhões do outro país; • O Cerrado brasileiro é maior que todo o MeioOeste dos Estados Unidos. O Cerrado está para a alimentação do mundo, no século 21, o que o Meio-Oeste foi no século 20, segundo a FAO; • O Meio-Oeste é composto por 12 estados e responde por 90 por cento de todo o milho produzido nos Estados Unidos. São 35 milhões de hectares e uma produção ao redor de 300 milhões de toneladas. De 1965 a 2010, os EUA ampliaram a produtividade de milho de 4 para 8 toneladas por hectare; • No Brasil, são 27 milhões de hectares cultivados com milhões uma produção de cerca de 72 milhões de toneladas; p • A China é o país que mais subsidia a agricultura em todo o mundo: são US$ 147 bilhões por ano, seguida de União Europeia (US$ 101bi), EUA (US$ 25,5 bilhões), Rússia (US$ 15,5) e Brasil (US$ 7,1). Tudo organizado e seguro No Meio-Oeste dos EUA, os agricultores moram nas propriedades, onde geralmente vivem em uma confortável residência, cercada por ajardinamento, barracão para oficina e guarda de tratores, silos e galpão. É tudo bem organizado, com a grama bem aparada, flores e a pintura das instalações renovada constantemente. Nas propriedades, observa-se que não há preocupação alguma com a segurança. Tudo é aberto, sem portões ou cercas. A despreocupação é tamanha que, não raro, as famílias garantem nunca trancar as portas das casas. Correspondências e encomendas são deixadas nas entradas das fazendas. Ficam ali até que o morador venha recolher. Ninguém mexe. Nos períodos de muito frio, quando é preciso ir à cidade fazer compras, os produtores deixam os veículos ligados, nos estacionamentos, para manter o aquecimento funcionando. As máquinas são muito grandes, possantes e sofisticadas, para que os fazendeiros consigam executar rapidamente os serviços. Como muitos deles são idosos e não têm auxiliares, compram tratores já atrelados a equipamentos, para que não precisem fazer força. As estradas rurais são pavimentadas e os pátios das fazendas, quase sempre, estão com uma grossa camada de concreto. Os fazendeiros têm a cultura de fazerem seguro de tudo. É comum não usarem fungicida na cultura da soja. Da mesma forma, não fazem plantio direto, pois, quase sempre, no início do plantio, o solo está muito frio ou até mesmo congelado. Eles reviram o solo para aquecê-lo sob a exposição ao sol. Os norte-americanos produzem apenas uma safra no ano, enquanto os brasileiros dos Estados do Centro-Oeste e do Sul, colhem duas. Pá g . 2 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 especial/estados unidos Na Monsanto, brasileiros veem avanços na cultura do milho Formado em agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós (Esalq), o piracicabano Walter Trevisan trabalha há 42 anos na Monsanto. Foi ele quem recepcionou na manhã do dia 29 em Dekalb, região de Chicago, o grupo da Cocamar. Amigo pessoal do prof. Antônio Luiz Fancelli, que integra a delegação, Trevisan trabalha com resistência à seca de milho na África. Ele informou que a Monsanto possui 25 estações de melhoramento nos EUA, que atuam desde 1930. Atualmente, em suas unidades, a empresa faz uma avaliação prévia dos híbridos antes de plantar, descartando as que apresentam algum tipo de problema. "Com as novas tecnologias, o progresso nessa área vai muito rápido daqui para a frente", afirmou o especialista. O problema, segundo ele, é que isto poderá acabar com a grande variabilidade do milho pelo mundo. Prevenida, a Monsanto já possui, de acordo com Trevisan, mais de 25 mil variedades guardadas em seus laboratórios. PRODUTIVIDADE - Os visitantes ficaram impressionados quando Trevisan afirmou que a meta para 2030 é chegar a uma produtividade média de 18 toneladas por hectare nos Estados Unidos. Sobre os híbridos de milho resistentes a seca, ele disse que tais materiais proporcionam "uma tranquilidade adicional de pelo menos dez dias" em comparação aos híbridos convencionais. Esse período, acrescenta, pode fazer uma grande diferença na produtividade. "O resultado aparece melhor em regiões mais secas", disse. A partir da esquerda: Florindo Dalberto, presidente do Iapar, Cássio Tormena, prof. da UEM, Walter Trevisan, especialista da Monsanto, Antonio Luiz Fancelli, prof. da Esalq/USP e consultor da Cocamar, Arquimedes Alexandrino, superintendente de Operações da Cocamar, e Sérgio José Alves, especialista do Iapar, em visita ao centro de pesquisa da Monsanto, em Dekalb, com detalhe na foto abaixo EVOLUÇÃO - Mesmo os híbridos não resistentes já estão bem evoluídos no país, de acordo com o especialista. O ano de 2012 serviu de exemplo: mesmo com a pior seca em 50 anos, em que a agricultura ficou exposta há mais de 40 dias sem chuvas e sob temperaturas muito altas, a produtividade média das lavouras de milho foi de 340 sacas por alqueire. Não raro, houve quem conseguiu colher ao redor de 500 sacas por alqueire. Sobre o Brasil, ele disse que também têm havido muitos progressos. A grande preocupação é com a África, onde a produtividade, de apenas uma tonelada de milho por hectare, vem diminuindo. "Temos lá um grande horizonte a desenvolver", finalizou. Os integrantes da comitiva conversaram também, na Monsanto, com a brasileira Ana Paula Dias, especialista em patologia, que os acompanhou em visita a campos demonstrativos. Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 9 A visita à 60ª Farm Progress Show Em um dos pontos culminantes da viagem, cooperados, técnicos e convidados da Cocamar se depararam durante a 60ª edição da Farm Progress Show, realizada de 27 a 29 de agosto em Ducatur, com uma constatação: a agricultura está ganhando ares de ficção científica. MÁQUINAS - Os visitantes se sentiram atraídos, principalmente, pelo tamanho das máquinas, diferentes do que existe no Brasil. Entre as curiosidades, um distribuidor de adubo líquido, tratores com rodados de esteira, articulados com esteira de borracha, plantadeira articulada só para semente, plataforma de milho para facilitar o transporte e muita outras. VARIEDADE - O evento exibiu todo o potencial da alta tecnologia na área de sementes, fertilizantes, agroquímicos, irrigação, maquinários agrícolas, estruturas e construções rurais, carros, caminhões e produtos diversos. Entre os expositores, desde as principais empresa multinacionais de insumos e maquinários até pequenas companhias regionais com suas inovações e produtos. PRECISÃO - Dentre os estandes mais apreciados pelos brasileiros, o grande destaque ficou mesmo por conta das máquinas agrícolas, principalmente pelo porte e tecnologia. Os produtores conheceram os mais potentes e modernos tratores, pulverizadores e colhedeiras, com porte muito superior aos encontrados no Brasil. Outros equipamentos e sistemas que despertaram gran-de interesse foram os de agricultura de precisão, amplamente utilizados pelos americanos, os quais garantem um trato ideal no manejo de fertilizantes e um plantio com grande uniformidade. Na área de sementes e biotecnologia, todas as grandes multinacionais do setor, como Monsanto, Bayer, Pioneer e Syngenta estavam representadas, com estandes apresentando o que possuem de mais avançado em cultivares de milho e soja principalmente, além de suas biotecnologias utilizadas no controle de pragas, doenças e resistência a herbicidas e a seca. “A gente tem uma ideia de como eles estão avançados e também do quanto precisamos evoluir”, comentou Gerson Bortoli, cooperado em Umuarama. Diferente dos agricultores do Meio-Oeste norte-americano, que cultivam solo extremamente fértil, Bortoli aprendeu a dominar a superfície arenosa e, no último ano, foi campeão de produtividade de soja em sua região. “Foi importante ver o que futuramente vai chegar ao Brasil”, afirmou Juliano Varaschini, produtor do município de Ivatuba, perto de Maringá. Para Nazareno Maróstica, de Doutor Camargo, a realidade entre os dois países é muito diferente, mas disse ser preciso ir ver como os norte-americanos trabalham para extrair o máximo de lições e tentar acompanhar. “Com suas tecnologias modernas, eles procuram ser cada vez mais competitivos”, afirmou. p A área de estandes da feira ocupa 12 hectares e outros 360 hectares para demonstração de máquinas em ação. Durante os três dias, mais de 100 mil pessoas passaram por ali, oriundas de 40 países, com destaque para brasileiros e argentinos. A feira é a maior do agronegócio dos Estados Unidos da América (EUA) e uma das mais importantes do gênero, no mundo. São 715 expositores, entre eles as maiores multinacionais do setor. Um total de 63 integrantes, entre cooperados, técnicos e convidados, compôs a delegação da Cocamar que, anualmente, promove viagem técnica aos Estados Unidos. Na foto, a chegada a Decatur, que sedia a cada dois anos a feira – uma das mais importantes em tecnologias para o agronegócio em todo o mundo. Em 2014, evento será em Boone, no estado de Iowa Pá g . 3 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Se t e m b ro 2 0 1 3 especial/estados unidos p César Formighieri, agropecuarista de Umuarama, lamentou que o Brasil demore a incorporar as tecnologias que vão sendo di- fundidas nos Estados Unidos, porque elas chegam muito caro no Brasil. Participantes falam sobre o que mais gostaram Cooperados que viajaram pela primeira vez aos Estados Unidos, voltaram bastante impressionados com o que viram. Juliano Varaschini, de Ivatuba, disse que a ida à Farm Progress Show permitiu ter uma ideia dos produtos e novas tecnologias que futuramente estarão chegando ao Brasil. Conhecer a Bolsa de Chicago - a meca da comercialização de soja e milho no mundo, culturas com as quais trabalha - "foi também uma experiência muito boa", que atendeu suas expectativas. FARM - A maior parte dos integrantes do grupo era de Umuarama e entre eles estava o agropecuarista Gérson Bórtoli, que viajou em companhia da esposa Neli e do filho Hugo. De acordo com Bórtoli, que esteve nos EUA pela segunda vez (a primeira foi no ano passado), o ponto alto da excursão foi a visita à Farm Progress Show. "A gente teve a oportunidade de ver o que há de mais avançado em tecnologia para o agronegócio no mundo", frisou. No roteiro pelo Illinois, ele disse ter observado que, com relação à produtividade de soja, o Brasil não está muito atrás, diferente do que se vê quando o assunto é o milho. INTERCÂMBIO - Vinícius Su-rek, campeão de produtividade de soja na região de Londrina, afirmou que a via- Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 1 gem foi "um aprendizado em todos os sentidos". Nos Estados Unidos pela primeira vez, ele disse esperar ter a oportunidade de fazer mais intercâmbios assim, que o ajudam a "ampliar horizontes". O coordenador técnico de culturas anuais da Cocamar, agrônomo Emerson Nunes, e o agrônomo Renato Watanabe, da Unidade Maringá, estiveram entre os colaboradores que participaram do grupo. Pelo segundo ano consecutivo nos Estados Unidos, Nunes lembra que desta vez, mesmo com a seca de mais de 40 dias e o calor forte que encontraram, as lavouras estão bem melhores que as observadas no ano passado. Já Watanabe citou que uma das características do produtor norte-americano é ser um profissional bem esclarecido, que busca estar informado sobre tudo o que se relaciona ao seu meio. Outra, é ter uma autonomia muito grande, sendo que os próprios produtores fazem a manutenção de suas máquinas, uma vez que custa caro contratar esse serviço. É uma regra, também, morarem em suas propriedades e executarem todos os serviços, pois não há empregados. Por fim, costumam acompanhar atentamente tudo o que se passa na agricultura brasileira, em especial no CentroOeste. E recebem pelos seus produtos um valor praticamente igual ao da Bolsa de Chicago - sem as variações de distância do porto, comoves vê no Brasil. p LEITE E TURISMO RURAL O gerente estadual do Instituto Emater, Diniz Dias Doliveira, que é agrônomo há 32 anos, foi um dos convidados da Cocamar a compor o grupo na viagem aos Estados Unidos. De acordo com Doliveira, uma das propriedades visitadas que o impressionou foi a especializada em produção de leite na região de Chicago. Ali são obtidos cerca de 24 mil litros por dia, com aproveitamento racional da alimentação, para uma média ao redor de 30 litros/ dia por cabeça. Pá g . 3 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 especial/estados unidos p Ele disse ter gostado bastante, também, da fazenda de apenas 30 hectares situada nos arredores de Champaign que sobrevive principalmente do turismo rural. Conforme o gerente estadual do Instituto Emater, os proprietários são bem sucedidos nessa proposta, viabilizando um negócio rentável. DESTAQUE - Doliveira destacou também o curioso silo aberto da cooperativa Topt Light Grain, onde o milho é despejado e fica ali coberto, por algum tempo. Isto também chamou a atenção dos integrantes do grupo, que fizeram muitas perguntas sobre o seu funcionamento. A explicação é que o cereal ali guardado passa por um sistema de aeração e a retirada de todo o ar, não sofrendo perdas mesmo sendo guardado assim, em espaço tão rústico e simples. Utilitários e até um Camaro conversível fizeram parte das atrações da Farm Progress Show que, tradicionalmente, expõe máquinas antigas, mostrando a trajetória de desenvolvimento das tecnologias. A primeira feira com essa configuração foi realizada em 1953 SHOW RURAL - Resguardadas as proporções, Doliveira comparou a Farm Progress Show à realização do Show Rural em Cascavel (PR), que considera de alta qualidade. "Na Farm, é de encher os olhos a quantidade de atrações em tecnologias e a impecável organização geral, mas em Cascavel temos também uma mostra de excelência para o agronegócio brasileiro e internacional", completou. Jornal de Serviço Cocamar Se te mbro 2013 - Pág. 33 almanaque EM FLORAÍ - Recentemente na cidade, onde anunciou obras, o governador Beto Richa foi presenteado com uma caixa de suco de laranja “Purity” pelo prefeito Fausto Eduardo Herradon, o vice-prefeito Maurílio Marangoni e a presidente da Câmara Municipal, Edna Contin. Floraí mantém uma atividade agropecuária diversificada, produzindo soja, milho, pomares de laranja e cana-de-açúcar, entre outras culturas. Ao receber o presente, o governador disse que “Purity” é o suco preferido de sua família. Na foto, à esquerda, o gerente de produção da unidade local da cooperativa, Claudinei Donizete Marcondes. EM SÃO JORGE DO IVAÍ - O cooperado Fábio Deganutti (o segundo na foto, a partir da esquerda) comemorou o final da safra de milho, em sua propriedade, no último dia 14, com um churrasco ao fogo de chão. Na foto, ao seu lado, o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, o diretor-secretário Divanir Higino da Silva e o gerente da unidade local da cooperativa, Cleber Lúcio Davi Vilar. (Colaboração: Lourenço Gonçalves) GRATIDÃO – No dia 14 de setembro, a coordenadora do núcleo feminino de Maringá, Maria Rufato, organizou em parceria com a Unidade Maringá um jantar comemorativo reunindo integrantes e convidados. A finalidade foi agradecer o empenho de cada participante nas conquistas das metas que haviam sido estabelecidas para o primeiro semestre. Pá g . 3 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 receita Um irresistível bolo verde de laranja Quando os netos chegam de surpresa ou aquela visita não programada, a produtora Maria do Rocio Vendramin, esposa do cooperado José Clair Vendramin, de Paranavaí, não se aperta: premia a todos com uma receita que é certeza de sucesso. “O preparo é muito fácil”, afirma Maria, que ensina a fazer. INGREDIENTES • 4 ovos • 1 caixa de mistura para bolo de laranja • 1 gelatina de limão Reaproveitar e transformar, o passatempo de seu Geraldo Acostumado a trabalhar desde muito cedo, o produtor Geraldo Firmano, 83 anos, de Alvorada do Sul, não se acostumou a ficar parado depois de aposentar-se. Ele conta que desde os 15 dias de vida a mãe o levava com ela para a roça. Ficava numa bacia, debaixo de um pé de café. Sempre gostou de inventar coisas, aproveitando peças velhas. Com discos de plantadeiras, produz machadinhas e, utilizando facões velhos de cortar cana, traçador ou mola de porta de enrolar, faz facas de todo tipo e tamanho, objetos que comercializa. • 1 copo de iogurte natural • 1 copo (medida do iogurte) de óleo • 1 colher (sopa) de fermento em pó COBERTURA: • 1 lata de leite condensado • Caldo de três limões Taiti PREPARO Bata todos os ingredientes no liquidificador até obter uma massa homogênea. Coloque em forma untada e enfarinhada e leve parta assar. Desenforne. Misture bem os ingredientes da cobertura e passe sobre o bolo depois de frio. Recentemente seu Geraldo plantou dois pés de cabaça no sítio. Com os frutos maduros, “crescidos em meio à quiçaça”, como ele diz, conseguiu obter cabaças com os formatos mais estranhos, que transformou em moringas ou em objetos de arte. Produtor aposentado, que não consegue ficar parado correção do solo Se t e m b ro 2 0 1 3 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 5 Cooperado pode pagar calcário em três anos na Cocamar Objetivo é reforçar o investimento na produtividade da lavoura, em busca do melhor resultado Corrigir corretamente o solo é medida básica e indispensável para que o produtor invista, a custo baixo, no aumento da produtividade da cultura de verão que, mais uma vez, promete ser remuneradora. Com uma nova redução da safra norte-americana, o mercado continua firme. Assim, para que os produtores cooperados possam investir na correção do solo em suas propriedades e, com isso, oferecer condições básicas para incrementar a produtividade das lavouras, a Cocamar está financiando a aquisição de calcário com plano de pagamento em três anos. IMPRESCINDÍVEL - Campanhas como essas são promovidas todos os anos pela cooperativa, uma vez que os solos de sua região, predominantemente ácidos, exigem que os produtores não descuidem da correção. "O calcário é um corretivo imprescindível", afirma o engenheiro agrônomo Emerson Nunes, coordenador técnico de culturas anuais. Sua deficiência nortox pode impedir que as variedades de grãos, por exemplo, desenvolvam todo o seu potencial produtivo. Segundo ele, entre outros benefícios, a calagem promove a correção do pH do solo e a neutralização dos teores de alumínio, melhorando o aproveitamento dos nutrientes do solo e da adubação com NPK. Além disso, fornece cálcio e magnésio às plantas, favorecendo a distribuição do sistema radicular em profundidade, assegurando melhor resistência aos veranicos. CUIDADOS - O coordenador comercial de Insumos, Geraldo Amarildo Ganaza, lembra que a correção com calcário é um investimento indispensável mas que exige atenção por parte do agricultor no sentido de que o solo receba a dosagem certa, nem a menos e nem a mais. Para isso, ele não pode deixar de fazer uma amostragem do solo, enviando-a para laboratórios confiáveis. "Vale a pena buscar a orientação de um agrônomo ou técnico da Cocamar para fazer bem feito", cita Ganaza, enfatizando que o produtor está Corretivo é insumo indispensável, segundo o agrônomo Emerson Nunes, coordenador técnico de culturas anuais, da cooperativa diante de um momento especial na agricultura e vale a pena investir para produzir mais. "Os cooperados têm investido em tecnologias e bons materiais para produzirem bem e uma correta calagem traz reflexos imediatos na produtividade", afirma. O coordenador insiste que os produtores atentem para a correção, que pode ser feita sem correria após a colheita do milho, preocupando-se em adquirir um calcário de qualidade. E acres- centa: "Investir no aumento da produtividade, aos preços praticados atualmente, vale qualquer esforço. PROVIDÊNCIAS - A orientação dele é que os cooperados tomem providências imediatamente e procurem suas unidades operacionais para fazer a aquisição de calcário, "aproveitando um plano de financiamento concedido pela Cocamar e que oferece condições vantajosas", finaliza. Tecnologias avançadas à disposição da agricultura moderna Os desafios atuais e futuros da agricultura estão basicamente voltados a criar métodos avançados e eficientes para o aumento da produção de alimentos e energia renovável, sem esgotar os recursos naturais. Este desafio também faz parte da missão da Nortox, empresa brasileira de 59 anos que, há três, iniciou a diversificação das suas atividades com a inclusão da Linha de Nutrição Vegetal. Hoje, a Nortox é uma empresa de Proteção de Plantas e Produção Vegetal. Originalmente, as culturas possuem um potencial genético de produção. Quanto mais adversidades ocorrem - sejam fatores bióticos ou abióticos - mais haverá distanciamento entre a produtividade final e o potencial genético de produção da cultura. Entre as vantagens em se utilizar o Portfólio Nortox de Nutrição Vegetal está a de propiciar à planta condições ideais para que ela se desenvolva normalmente em todo o seu ciclo, fazendo com que suporte melhor os períodos de estresse, diminuindo a distância entre a produtividade final e o potencial produtivo genético. A Linha da Nortox Nutrição Vegetal é composta por Bioativadores e Indutores de Resistência, Complexos Nutricionais, Adjuvantes e Equalizadores de Caldas, totali- zando 25 itens no portfólio. São produtos com a assinatura Nortox de qualidade e confiança. Conheça alguns desses produtos: BIOATIVADORES • Nobrico Star - (Maior vigor e arranque inicial da cultura) • Aminolom Foliar 24% - (Fonte de energia adicional para a planta) COMPLEXOS NUTRICIONAIS • Manganês Full NTX - (Manganês concentrado, com adição de enxofre, mais aditivo especial, compatível com glifosato) • Complex Bagual NTX -(Complexo nutricional balanceado com manganês, zinco, boro, cobre, enxofre, mais aditivo especial, compatível com glifosato • Nitrofix NTX - (Fonte de N, com alto poder de adesividade, melhor retenção e absorção da calda sobre a folha, proporcionando uma cobertura uniforme por toda a planta) • Protac NTX - (Manganês, enxofre e zinco com alto poder para equalizar caldas) • Potássio Full NTX - (Melhor qualidade do produto final e maior peso de frutos) Pá g . 3 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Se t e m b ro 2 0 1 3 categoria Cocamar conta com mais de 100 agrônomos Profissionais trabalham em serviços a campo e na gestão, oferecendo suporte para que a cooperativa dissemine, constantemente, novidades tecnológicas para o aprimoramento da agricultura regional Cleber França I Maringá - No dia 12 de outro é comemorado o Dia do Engenheiro Agrônomo, profissional que atua em diferentes áreas do agronegócio, não apenas na orientação aos produtores, mas também na geração de tecnologias. Mais de uma centena deles prestam serviços à cooperativa, compreendendo atividades de campo e gestão. “Eles são responsáveis por levar as informações mais atuais aos cooperados, permitindo a estes tomar as melhores decisões para a rentabilidade de seus negócios. Em suma, são a linha de frente, fundamentais para fortalecer o relacionamento da cooperativa junto aos produtores, contribuindo para o avanço tecnológico do campo”, comenta o gerente de produção agrícola da Cocamar, Leandro Cezar Teixeira. Segundo ele, com o trabalho de seus agrônomos, a São a linha de frente, fundamentais para fortalecer o relacionamento da cooperativa junto aos produtores, contribuindo para o avanço tecnológico do campo” LEANDRO CEZAR TEIXEIRA, gerente de Produção Agrícola da Cocamar cooperativa tem trazido muitas inovações à agricultura regional, como a implantação, na década de 90, da cafeicultura em sistema adensado, o cultivo de canola, o desenvolvimento da integração lavoura-pecuária, o cultivo mecanizado de café, o consórcio milho e braquiária, a agricultura de precisão, enfim. “Por outro lado, trabalha-se no aumento da produtividade das lavouras, na constante introdução de novidades para que os produtores se mantenham competitivos em seus negócios, outras alternativas de explo- ração econômica“, acrescenta Teixeira. UNICAMPO - Além de sua equipe própria, a Cocamar mantém uma parceria de mais de 20 anos com a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Agronomia, a Unicampo. Ao todo, 43 profissionais, entre engenheiros e técnicos, reforçam o atendimento aos cooperados. De acordo com o gerente administrativo da Unicampo, José Willame da Silva, a cooperativa atua em todo o território nacional e possui clientes na região do Mercosul. Seu qua- Rafael Herrig Furlaneto, 28 anos, é graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e, em 2008, ingressou como trainee na cooperativa Corol, em Rolândia. “Assim que a Cocamar arrendou entrepostos daquela cooperativa, para oferecer apoio aos cooperados, passei a fazer parte de sua equipe. Logo depois fui transferido para a Unidade Maringá, onde estou até hoje. Sou muito feliz trabalhando aqui, uma cooperativa sólida e que garante todo o suporte para o colaborador crescer profissionalmente. “Ser engenheiro agrônomo é o que eu sempre quis, uma profissão gratificante, pois a gente trabalha com a produção de alimentos” Além de orientar o produtor nas diferentes fases de sua lavoura, agrônomo leva informações e novidades que o mantêm competitivo em seus negócios dro conta com 1,5 mil profissionais ativos, em média, prestando serviços para empresas agroquímicas, instituições financeiras, seguradoras, revendas, órgãos públicos, produtores rurais entre outros 43 profissionais da Unicampo reforçam a equipe de agrônomos da cooperativa