Roteiro de Estudo - 1º Trimestre
Disciplina: Geografia – 3ª Série - 2015
Professor: Eduardo
O que devo saber:
A atividade agropecuária.
Agricultura Intensiva e extensiva.
Estrutura Fundiária no Brasil.
O sistema de plantation.
A questão da reforma agrária no Brasil.
Relações de trabalho no campo.
Violência no campo.
Racismo Explícito.
Racismo nos EUA.
O apartheid.
Diversidade cultural, choque entre culturas e etnocentrismo.
Civilização ocidental.
Racismo no Brasil.
A questão indígena e dos afrodescendentes.
De quais materiais precisos para estudar:
Anotações das aulas no caderno;
Dicionário.
Exercícios corrigidos no caderno.
Como devo estudar:
Reler o conteúdo indicado acima e refazer os exercícios, notas de aula.
Fazer uma síntese do conteúdo. Não copie os textos, não faça recorte e cole ao escrevê-lo. O
objetivo é que você escreva sobre o tema utilizando o conhecimento adquirido.
Refletir sobre o que está estudando, analisando as imagens contidas no livro didático
Atividade.
Exercícios.
1) Por que podemos afirmar que o racismo no Brasil é do tipo velado?
2) o que é o etnocentrismo? Dê exemplos.
3) Por que o racismo é um erro do ponto de vista moral e do ponto de vista biológico?
4) O que é a Ku Klux Klan e quais seus objetivos.
5) Diferencie o modo de combater o racismo utilizado por Luther King da forma utilizada por Malcon X.
6) O que foi o sistema do Apartheid?
7) Quais eram os objetivos do Apartheid?
8) Quais as dificuldades para a implantação da reforma agrária no Brasil?
9) Diferencie a mão de obra familiar, o assalariado, o meeiro e o arrendatário no campo.
10) O que foi a Revolução Verde?
 Leia o texto abaixo e registre as suas principais ideias
Reforma Agrária
A reforma agrária tem por objetivo proporcionar a redistribuição das propriedades rurais, ou seja, efetuar a
distribuição da terra para a realização de sua função social. Esse processo é realizado pelo Estado, que
compra ou desapropria terras de grandes latifundiários (proprietários de grandes extensões de terra, cuja
maior parte aproveitável não é utilizada) e distribui lotes de terras para famílias camponesas.
Conforme o Estatuto da Terra, criado em 1964, o Estado tem a obrigação de garantir o direito ao acesso à
terra para quem nela vive e trabalha. No entanto, esse estatuto não é posto em prática, visto que várias
famílias camponesas são expulsas do campo, tendo suas propriedades adquiridas por grandes latifundiários.
No Brasil, historicamente há uma distribuição desigual de terras. Esse problema teve início em 1530, com a
criação das capitanias hereditárias e do sistema de sesmarias (distribuição de terra pela Coroa portuguesa a
quem tivesse condições de produzir, tendo que pagar para a Coroa um sexto da produção). Essa política de
aquisição da terra formou vários latifúndios. Em 1822, com a independência do Brasil, a demarcação de
imóveis rurais ocorreu através da lei do mais forte, resultando em grande violência e concentração de terras
para poucos proprietários, sendo esse problema prolongado até os dias atuais.
A realização da reforma agrária no Brasil é lenta e enfrenta várias barreiras, entre elas podemos destacar a
resistência dos grandes proprietários rurais (latifundiários), dificuldades jurídicas, além do elevado custo de
manutenção das famílias assentadas, pois essas famílias que recebem lotes de terras da reforma agrária
necessitam de financiamentos com juros baixos para a compra de adubos, sementes e máquinas, os
assentamentos necessitam de infraestrutura, entre outros aspectos. Porém, é de extrema importância a
realização da reforma agrária no país, proporcionando terra para a população trabalhar, aumentando a
produção agrícola, redução das desigualdades sociais, democratização da estrutura fundiária, etc.
Nesse contexto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) exerce grande pressão para a
distribuição de terras, sendo a ocupação de propriedades consideradas improdutivas sua principal
manifestação.
As propriedades rurais destinadas para a reforma agrária podem ser obtidas pela União de duas formas:
expropriação e compra. A expropriação é a modalidade original para a obtenção de terras para a reforma.
Está prevista na Lei 8.629/93, que diz: “a propriedade rural que não cumprir a função social é passível de
desapropriação”. Quem estabelece se uma propriedade cumpre sua função social prevista na lei é o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que a partir de índices de produtividade
predeterminados avalia se a terra é produtiva ou não.
A outra forma de aquisição da propriedade rural para fins de reforma agrária é a compra direta de terras de
seus proprietários. Conforme dados do INCRA, de 2003 a 2009, o Governo do Brasil comprou mais de 40
milhões de hectares para realizar a reforma, enquanto a expropriação atingiu apenas 3 milhões de hectares.
A obtenção de terras através da compra é muito criticada, pois a União, ao pagar pelo imóvel rural,
proporciona as condições para permitir a reconversão do dinheiro retido na terra em dinheiro disponível para
os capitalistas-proprietários de terra.
Conforme dados do INCRA, o Brasil destinou mais de 80 milhões de hectares para fins da reforma agrária,
realizando o assentamento de, aproximadamente, 920 mil pessoas.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Os problemas sociais no campo brasileiro
Os problemas no campo brasileiro se arrastam há centenas de anos. A distribuição desigual de terras
desencadeia uma série de conflitos no meio rural. Essa questão teve início durante a década de 1530, com a
criação das capitanias hereditárias e o sistema de sesmarias, no qual a Coroa portuguesa distribuía terrenos
para quem tivesse condições para produzir, desde que fosse pago um sexto da produção para a Coroa.
Com isso, poucas pessoas adquiriram grandes extensões de terra, estabelecendo diversos latifúndios no
país. Algumas famílias concentraram grandes propriedades rurais, e os camponeses passaram a trabalhar
como empregados para os detentores de terra. Contudo, a violência no campo se intensificou com a
independência do Brasil, em 1822, quando a demarcação de imóveis rurais ocorreu através da lei do mais
forte, provocando vários assassinatos.
Outro artifício muito utilizado e que desencadeia uma série de conflitos é a grilagem. Esse método é
destinado à falsificação de documentos de posse da terra, em que os grileiros colocam documentos falsos
em caixas fechadas com grilos até que os papéis fiquem com aparência de envelhecidos. Posteriormente, o
imóvel é vendido por meio desse documento falso, ocasionando a expulsão do proprietário, que
normalmente é um pequeno agricultor.
Além desses fatores que beneficiam os grandes detentores de terra, outro problema é a atual organização da
produção agrícola. A mecanização e a utilização massiva de tecnologia no campo têm forçado os pequenos
produtores a venderem suas propriedades e trabalharem como empregados ou migrarem para as cidades,
visto que muitos deles não conseguem mecanizar sua produção, fato que resulta no baixo rendimento, o que
os coloca em desvantagem no mercado.
Diante desse cenário de concentração fundiária, vários movimentos sociais foram criados com o intuito de
reverter esse quadro. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por exemplo, reivindica a
realização da reforma agrária, ocupando latifúndios como forma de pressionar o governo. No entanto, essas
ocupações nem sempre são solucionadas de forma pacífica, desencadeando conflitos no campo.
Outros problemas no campo são a utilização de mão de obra infantil e a exploração do trabalhador. Apesar
da abolição da escravatura ter ocorrido em 1888, o Brasil ainda registra denúncias de trabalho escravo.
Proprietários de algumas fazendas contratam funcionários, que são obrigados a custear a viagem,
alimentação, estadia, etc. Sendo assim, o trabalhador, antes mesmo de iniciar as atividades, já está
endividado, sendo obrigado a trabalhar para quitar todo o “investimento” do patrão.
Portanto, é necessário que políticas públicas sejam desenvolvidas para solucionar esses problemas, de
forma a reduzir a desigualdade no campo, fiscalizar as condições de trabalho, além de oferecer subsídios
para os pequenos produtores rurais.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Democracia Racial
No Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem mais do que a formação de classes sociais
distintas por sua condição material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país ficou marcado pela
questão do racismo e, especificamente, pela exclusão dos negros. Mais que uma simples herança de nosso
passado, essa problemática racial toca o nosso dia a dia de diferentes formas.
Em nossa cultura poderíamos enumerar o vasto número de piadas e termos que mostram como a distinção
racial é algo corrente em nosso cotidiano. Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se
sentem deslocados. Parece ter sido dito algum tipo de termo extremista. Talvez chegamos a pensar que
alguém só é negro quando tem pele “muito escura”. Com certeza, esse tipo de estranhamento e pensamento
não é misteriosamente inexplicável. O desconforto, na verdade, denuncia nossa indefinição mediante a ideia
da diversidade racial.
É bem verdade que o conceito de raça em si é inconsistente, já que do ponto de vista científico nenhum
indivíduo da mesma espécie possui características biológicas (ou psicológicas) singulares. Porém, o saber
racional nem sempre controla nossos valores e práticas culturais. A fenotipia do indivíduo acaba formando
uma série de distinções que surgem no movimento de experiências históricas que se configuraram ao longo
dos anos. Seja no Brasil ou em qualquer sociedade, os valores da nossa cultura não reproduzem
integralmente as ideias da nossa ciência.
Dessa maneira, é no passado onde podemos levantar as questões sobre como o brasileiro lida com a
questão racial. A escravidão africana instituída em solo brasileiro, mesmo sendo justificada por preceitos de
ordem religiosa, perpetuou uma ideia corrente onde as tarefas braçais e subalternas são de responsabilidade
dos negros. O branco, europeu e civilizado, tinha como papel, no ambiente colonial, liderar e conduzir as
ações a serem desenvolvidas. Em outras palavras, uns (brancos) nasceram para o mando, e outros (negros)
para a obediência.
No entanto, também devemos levar em consideração que o nosso racismo veio acompanhado de seu
contraditório: a miscigenação. Colocada por uns como uma estratégia de ocupação, a miscigenação
questiona se realmente somos ou não pertencentes a uma cultura racista. Para outros, o mestiço
definitivamente comprova que o enlace sexual entre os diferentes atesta que nosso país não é racista. Surge
então o mito da chamada democracia racial.
Sistematizado na obra “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, o conceito de democracia racial coloca
a escravidão para fora da simples ótica da dominação. A condição do escravo, nessa obra, é historicamente
articulada com relatos e dados onde os escravos vivem situações diferentes do trabalho compulsório nas
casas e lavouras. De fato, muitos escravos viveram situações em que desfrutavam de certo conforto material
ou ocupavam posições de confiança e prestígio na hierarquia da sociedade colonial. Os próprios documentos
utilizados na obra de Freyre apontam essa tendência.
Porém, a miscigenação não exclui os preconceitos. Nossa última constituição coloca a discriminação racial
como um crime inafiançável. Entre nossas discussões proferimos, ao mesmo tempo, horror ao racismo e
admitimos publicamente que o Brasil é um país racista. Tal contradição indica que nosso racismo é velado e,
nem por isso, pulsante. Queremos ter um discurso sobre o negro, mas não vemos a urgência de algum tipo
de mobilização a favor da resolução desse problema.
Ultimamente, os sistemas de cotas e a criação de um ministério voltado para essa única questão
demonstram o tamanho do nosso problema. Ainda aceitamos distinguir o negro do moreno, em uma
aquarela de tons onde o último ocupa uma situação melhor que a do primeiro. Desta maneira, criamos a
estranha situação onde “todos os outros podem ser racistas, menos eu... é claro!”. Isso nos indica que o
alcance da democracia é um assunto tão difícil e complexo como a nossa relação com o negro no Brasil.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Download

Geografia - Colégio Santo Ivo