Departamento de Educação
OS IMPACTOS DO USO DAS TECNOLOGIAS TOUCH
SCREEN NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Alunas: Ana Carolina da Silva Pereira, Grazielle Frota, Daniele Vitorino
Orientadoras: Zena Eisenberg e Rosália Duarte
Introdução
O presente trabalho trata de um tema muito discutido atualmente no contexto
educacional, porém ainda pouco estudado: o uso de tecnologias touch screen por
crianças pequenas. Nossa pergunta central de pesquisa é: que uso a criança faz de
aparelhos com tecnologia touch screen e qual o impacto que estes podem ter em seu
desenvolvimento?
A tecnologia touch parece permitir um uso precoce de aplicativos dantes
inacessíveis às crianças devido à necessidade de um conhecimento específico: o uso de
teclado e/ou mouse. Mais ainda, é nossa hipótese de estudo que a tecnologia touch traz
uma revolução para o mundo infantil, permitindo às crianças acesso precoce a
aplicativos de jogos, desenhos, leitura e escrita, filmes/desenhos e a redes sociais.
Interessa-nos saber então quais aplicativos a criança utiliza e o que eles permitem que
ela faça ou aprenda a fazer. A partir dessas indagações, iniciamos nossa investigação
com a aplicação de um questionário em uma escola particular no município do Rio de
Janeiro que atende a crianças de 2 a 5 anos de idade.
Primeiramente realizamos uma revisão bibliográfica com temas ligados à
pesquisa. Neste levantamento decidimos que a faixa etária analisada deveria ser de 2 a 5
anos de idade (por ser justamente a idade em que as crianças ainda não foram
alfabetizadas. A maior parte das pesquisas encontradas (por exemplo, Cohen, 2011;
Barbosa, 2013; Chen, 2010; e Sehaba, 2003) estão voltadas para o uso das tecnologias
touch screen no processo de reabilitação de crianças com deficiência ou focando em
uma análise dos aplicativos existentes. Após a revisão bibliográfica, utilizamos como
base Cohen (2011), que contribuiu no aspecto qualitativo e nas perguntas que
impulsionariam o trabalho. A pesquisa de Cohen trata de uma análise qualitativa dos
aplicativos utilizados pelas crianças e o que elas aprendem no acesso a estes aplicativos.
Nosso segundo passo foi aplicar um questionário com o objetivo de fazer um
levantamento inicial do uso das tecnologias touch screen no contexto infantil. A partir
dele, fizemos uma análise quantitativa e um cruzamento de dados encontrados na
aplicação do teste. Em um terceiro momento, faremos uma análise qualitativa dos
aplicativos mais acessados pelas crianças e, posteriormente, a observação de uma
criança pequena utilizando um aparelho de touch screen.
Metodologia
Elaboramos um questionário para ser preenchido pelo responsável na própria
escola. O questionário é composto por quatorze perguntas de múltipla escolha e
discursivas. As perguntas buscam informações a respeito das características do acesso
das crianças às tecnologias, da frequência e locais de uso e da quantidade de aparelhos
presentes na residência, entre outras. Nosso objetivo era entender onde, como e quando
a criança usa a tecnologia, qual o acesso que ela tem aos aparelhos e aos aplicativos e se
alguém faz a mediação do uso.
Os participantes foram 89 responsáveis por crianças de 2 a 5 anos, recrutados em
uma escola particular do Rio de Janeiro.
As respostas aos questionários foram tabuladas em Excel análises descritivas
foram produzidas a partir do SPSS.
Conclusões
As análises dos questionários confirmaram o nosso pressuposto de que as
crianças estão começando a interagir com o touch screen ainda bem pequenas: 68% dos
respondentes declararam que as crianças começaram a utilizar os tablets e/ou celulares
entre os dois e três anos de idade.
Quanto à autonomia no uso, 54% das crianças utilizam os aparelhos touch
screen sem qualquer supervisão, enquanto 46% utilizam supervisão. Na maioria dos
casos, os pais são os maiores responsáveis por essa mediação (56%). Contudo, se
analisarmos mais detalhadamente, a mãe (33%) é quem mais supervisiona os pequenos,
enquanto o pai é citado em apenas 4% dos casos.
Nessa relação entre os pais e as crianças pensamos inicialmente haver algum
tipo de influência da escolaridade dos responsáveis com o fato da criança utilizar ou não
os aparelhos; entretanto, as análises não confirmam esta hipótese. Dentre os “primeiros”
responsáveis que possuem o ensino médio completo, pudemos observar que 45% deles
supervisionam o uso de suas crianças, enquanto 51% deixam as crianças utilizarem a
tecnologia sozinhas. A relação não é diferente para os “segundos” responsáveis, dentre
os quais apenas 31% supervisionam os pequenos, enquanto 59% os deixam sem
supervisão. Quanto à finalidade dos aplicativos baixados pelos responsáveis, 47% dos
respondentes declaram baixar os aplicativos apenas para entretenimento das crianças.
Em contraposição, 35% declaram baixar tanto para fins educacionais quanto para o
entretenimento da criança.
Diante dos dados expressos nos questionários, pudemos observar que as
crianças, ainda muito pequenas, estão de fato sendo inseridas no mundo das tecnologias
touch screen. Para alguns, o aparelho com touch screen funciona apenas como uma
forma de distrair os pequenos, enquanto para outros vemos a utilização do aparelho
como uma forma de auxílio no processo de aprendizagem. A próxima etapa de pesquisa
será esboçar os impactos do uso das mídias digitais de touch screen no desenvolvimento
na criança pelo diálogo que estabelece com a leitura e escrita (desenho e outros), além
de outras habilidades. Como já dissemos, há que se levar em consideração a facilidade
que o touch oferece, posto que o lápis ou semelhante exige da criança um
desenvolvimento motor alcançado com certa dificuldade e mais gradativo.
Referências Bibliográficas
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BARBOSA, Débora Nice Ferrari. et.al. Aprendizagem com Mobilidade: experiências
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http://www.abed.org.br/congresso2013/cd/151.pdf >. Acesso em: 06 de Ab. 2014.
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SEHABA, Karim. et.al. Interactive system by observation andanalysis of behavior for
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<http://liris.cnrs.fr/~ksehaba/AAATE'05_Sehaba.pdf.>. Acesso em: 06 de Ab. 2014.
COHEN, Michael. Young children Apps e Ipad. Prepared by Michael Cohen Group
LLC. Disponível em: <http://mcgrc.com/wp-content/uploads/2012/06/ipad-study-coverpage-report-mcg-info_new-online.pdf.> Acesso em: 06 de Ab. 2014.
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