UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM MBA GERÊNCIA DA
PRODUÇÃO
BRÁULIO ALCIR DE BONA
CUSTOS VARIÁVEIS NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE CARVÃO
MINERAL: UMA PROPOSTA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
CRICIÚMA, MAIO DE 2005
BRÁULIO ALCIR DE BONA
CUSTOS VARIÁVEIS NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE CARVÃO
MINERAL: UMA PROPOSTA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
Monografia apresentada à Diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul
Catarinense –UNESC, para a obtenção do título de
especialista em MBA Gerência da Produção.
Orientadora: Profª. MSc. Ellen White Baiense
Concenço.
CRICIÚMA, MAIO DE 2005
Dedico à minha esposa Aparecida Karina, que me
incentivou durante toda esta trajetória e muito
contribuiu para que atingisse este objetivo.
Aos meus pais Ana e José De Bona, que sempre
aplaudiram minhas iniciativas acadêmicas.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, aos Mestres que dedicaram seu tempo para
que me tornasse um profissional mais qualificado.
Agradeço minha orientadora Profª. MSc. Ellen White Baiense Concenço
por suas importantíssimas contribuições que tanto valorizaram o tema desta
monografia.
Agradeço especialmente aos meus pais e irmãos pelo apoio e incentivo
em todos os momentos de minha vida.
Finalmente, à minha querida esposa Aparecida Karina, nenhuma palavra
seria suficiente para demonstrar meus agradecimentos.
RESUMO
Este trabalho discute a redução dos custos no processo de extração de carvão
mineral de subsolo, tendo como principal objetivo a redução dos custos variáveis
através da remuneração variável da mão-de-obra. Para alcançar este objetivo, foi
proposto um modelo de remuneração variável. A formulação deste modelo
fundamentou-se teoricamente através da revisão de literaturas referentes a evolução
das empresas, custos (introdução, conceituação e classificação), mão-de-obra
(introdução e remuneração variável) e carvão mineral (história, tipos, usos e
mineração). O modelo proposto foi estruturado à partir da identificação dos itens de
composição dos custos variáveis nas etapas do processo produtivo, bem como a
influência da mão-de-obra na composição dos mesmos; culminando com a
apresentação de um modelo de remuneração variável aplicável à extração de carvão
mineral de subsolo.
Palavras-chave: Custo. Carvão mineral. Remuneração variável.
ABSTRACT
This work discusses the reduction of the costs in the process of extraction of mineral
coal of underground, tends as main objective the reduction of the variable costs
through the complemental remuneration of the labor. To reach this I aim at, a model
of variable remuneration was proposed. The formulation of this model was based
theoretically through the revision of literatures regarding evolution of the companies,
costs (introduction, concepts and classification), labor (introduction and variable
remuneration) and mineral coal (history, types, uses and mining). The proposed
model the was structured starting from the identification of the items of composition of
the variable costs in the stages of the productive process, as well as the influence of
the labor in the composition of the same ones; culminating with the presentation of a
model of applicable variable remuneration to the extraction of mineral coal of
underground.
Word-key: Costs. Mineral coal. Variable remuneration.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Representação gráfica dos custos quanto à apuração.................................. 24
Figura 2: Representação gráfica dos custos quanto à formação.................................. 26
Figura 3: Lavra mecanizada com conjuntos mecanizados ........................................... 49
Quadro 1: Vantagens e fatores condicionantes da participação nos lucros ................. 32
Quadro 2: Vantagens e fatores condicionantes da remuneração por resultados ......... 34
Quadro 3: Exemplo de estabelecimento de metas ....................................................... 60
Quadro 4: Levantamento de dados para composição do indicador.............................. 61
Quadro 5: Fórmula para composição do indicador....................................................... 62
Quadro 6: Levantamento de dados para composição do indicador.............................. 62
Quadro 7: Fórmula para composição do indicador....................................................... 62
Quadro 8: Critérios para divisão do ganho ................................................................... 64
Quadro 9: Elementos para composição da análise ...................................................... 65
Quadro 10: Análise dos resultados............................................................................... 65
Quadro 11: Divisão do ganho ....................................................................................... 66
Quadro 12 : Síntese do modelo proposto ..................................................................... 67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1.1 Justificativa ........................................................................................................... 11
1.2 Tema e Problema .................................................................................................. 12
1.3 Objetivos ............................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO EMPÍRICO TEÓRICA.............................................................. 14
2.1 A Evolução das Empresas ................................................................................... 14
2.2 Custos ................................................................................................................... 16
2.2.1 Aspectos Conceituais ....................................................................................... 18
2.2.1.1 Gasto................................................................................................................ 19
2.2.1.2 Desembolso .................................................................................................... 19
2.2.1.3 Custo de Fabricação....................................................................................... 19
2.2.1.4 Despesa ........................................................................................................... 20
2.2.1.5 Perda e Desperdício ....................................................................................... 20
2.2.2 Classificação dos Custos ................................................................................. 22
2.2.2.1 Classificação quanto à Função ..................................................................... 22
2.2.2.2 Classificação quanto à Apuração ................................................................. 23
2.2.2.3 Classificação quanto à Formação................................................................. 24
2.3 Mão-de-obra .......................................................................................................... 27
2.3.1 A Importância da Gestão da Remuneração em um Ambiente de Mudanças 29
2.3.2 Remuneração Variável ...................................................................................... 30
2.3.3 Tipos de Remuneração Variável....................................................................... 31
2.3.3.1 Participação nos Lucros ................................................................................ 31
2.3.3.2 Remuneração por Resultados ....................................................................... 33
2.3.4 Fatores Críticos de Sucesso............................................................................. 34
2.3.5 Componentes de um Modelo de Remuneração Variável ............................... 35
2.3.5.1 Fatores Determinantes ................................................................................... 36
2.3.5.2 Indicadores de Desempenho ......................................................................... 36
2.3.5.3 Formas de Recompensa ................................................................................ 37
3 CARVÃO MINERAL.................................................................................................. 39
3.1 O carvão na história ............................................................................................. 39
3.2 O carvão no Brasil ................................................................................................ 41
3.3 Tipos e usos de carvão mineral .......................................................................... 42
3.4 Mineração do Carvão ........................................................................................... 44
3.4.1 Lavra ................................................................................................................... 44
3.4.2 Itens de Composição dos custos Variáveis nas Etapas do Processo de
Produção ..................................................................................................................... 50
3.4.2.1 Primeira Etapa: Escoramento........................................................................ 50
3.4.2.2 Segunda Etapa: Corte .................................................................................... 51
3.4.2.3 Terceira Etapa: Furação ................................................................................. 52
3.4.2.4 Quarta Etapa: Desmonte ................................................................................ 52
3.4.2.5 Quinta Etapa: Carregamento ......................................................................... 52
3.4.2.6 Sexta Etapa: Transporte................................................................................. 53
3.4.2.7 Sétima Etapa: Alimentação............................................................................ 54
3.4.3 Influência da Mão-de-obra na Composição dos Custos Variáveis................ 54
4 PROPOSTA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL NO PROCESSO DE LAVRA
MECANIZADA.............................................................................................................. 58
4.1 Definição da Equipe de Trabalho ........................................................................ 58
4.2 Definição de Objetivos e Metas ........................................................................... 59
4.3 Composição dos Indicadores de Desempenho ................................................. 60
4.4 Forma de Recompensa ....................................................................................... 64
4.5 Análise dos Resultados ....................................................................................... 64
4.6 Divisão do Ganho ................................................................................................. 66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 70
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
Durante a vida acadêmica, através dos conteúdos técnicos que compõem
as disciplinas do curso de Administração de Empresas, sempre se ouve e lê-se que
as empresas necessitam obrigatoriamente minimizar custos e maximizar lucros
através da otimização de seus processos para continuarem, obviamente, aliadas a
outros fatores como, por exemplo: mercadológicos, econômicos e políticos;
sobrevivendo em um mercado cada vez mais competitivo. Paralelamente ao estudo
acadêmico surgem oportunidades de compreender na prática, através do exercício
de atividades profissionais em empresas, o quão importante e válido é este conceito.
A experiência profissional também proporciona identificar alternativas
interessantes e ainda pouco exploradas para minimizar custos e maximizar lucros de
forma consistente e duradoura. Uma destas alternativas pode ser a utilização de
mecanismos em que a mão-de-obra tenha uma participação mais efetiva e integrada
no processo, ultrapassando a barreira da tradicional relação entre empregador e
empregado.
Assim, espera-se que esta pesquisa proporcione a descoberta de
alternativas que possam ser implementadas na prática e que culminem em
empresas mais fortes com mão-de-obra mais integrada e motivada.
12
1.2 Tema e Problema
A atividade de extração de carvão mineral no Brasil, devido a suas
características específicas, resulta em um processo de produção complexo, com
custos elevados, exigindo das empresas uma busca constante de alternativas que
proporcionem melhorias contínuas. Neste contexto, a redução dos custos torna-se
um elemento decisivo para garantir a sua continuidade no mercado.
Nas
etapas
do
processo
produtivo
existem
custos
variáveis
representativos, compostos por itens relevantes como: bits, brocas, cabos elétricos,
dinamite, mangueiras, óleo hidráulico e pneus. Estes itens são consumidos em
grande quantidade e possuem preço unitário de compra elevado, combinação esta
que ratifica a importância da necessidade da otimização do uso dos mesmos.
Outro elemento que compõe o processo produtivo e que possui
participação decisiva é a mão-de-obra, pois a forma como a mesma, representada
fundamentalmente pelos operadores e ajudantes das máquinas, executa as
operações, reflete substancialmente no consumo dos itens relevantes para a
composição dos custos variáveis. Portanto, diante deste contexto, identifica-se a
necessidade da busca de uma alternativa que permita a redução dos custos,
utilizando-se a mão-de-obra como principal elemento.
Diante disso, levanta-se o seguinte problema de pesquisa: como reduzir
custos variáveis no processo de extração de carvão mineral de subsolo através da
remuneração variável da mão-de-obra?
13
1.3 Objetivos
O objetivo geral consiste em analisar a possibilidade de redução dos
custos variáveis no processo de extração de carvão mineral de subsolo através da
remuneração variável da mão-de-obra.
Os objetivos específicos são os seguintes:
 Explicitar a importância do gerenciamento de custos variáveis como
instrumento para otimização do processo produtivo;
 Avaliar a influência da mão-de-obra nos custos industriais variáveis;
 Propor a implantação de um sistema que permita a redução dos custos
variáveis através da remuneração variável da mão-de-obra.
14
2 FUNDAMENTAÇÃO EMPÍRICO-TEÓRICA
As empresas ao longo da história, principalmente em decorrência da
crescente competitividade, tiveram que rever conceitos e quebrar paradigmas no que
se refere à gestão de seus processos produtivos.
Diante deste cenário de mudanças, surge a necessidade de conhecer os
conceitos dos itens que compõem este trabalho monográfico, bem como sua
evolução e abrangência, que, portanto serão apresentados a seguir.
2.1 A Evolução das Empresas
A utilização de bens e serviços pelo homem tem origem desde o início da
civilização onde cada indivíduo através da extração dos recursos que a natureza
oferecia conseguia o necessário para o seu sustento e de sua família. Com o passar
do tempo, tal processo evoluiu para o sistema de trocas (escambo) originando as
grandes organizações comerciais. Porém, o fator que gerou profundas alterações na
utilização de bens e serviços pelo homem foi o descobrimento das máquinas que
proporcionaram a agilização da produção e que resultou na Revolução Industrial.
Bornia (2002, p. 26) comenta que nas primeiras décadas da Revolução
Industrial, a produção ocorria de forma praticamente artesanal. O mercado
encontrava-se ainda inexplorado, em franca expansão. O grande aumento de
produtividade conseguido com a produção mecanizada, substituindo a produção
15
artesanal, garantia uma posição extremamente confortável às empresas que
estavam em processo de crescimento.
A partir da segunda década do Século XX, observa Bornia (2002, p. 26),
com o advento da administração científica de Taylor e da linha de produção de Ford,
a lógica de produção modificou-se, havendo enormes melhorias na produtividade
industrial, devido principalmente à padronização dos produtos e peças. Isto foi
possível porque a demanda do mercado era superior à produção e, assim, os
produtos padronizados sempre encontravam mercado consumidor.
De acordo com Bornia (2002, p. 26), à medida que a oferta de produtos
começou a superar a procura, o aumento da concorrência fez com que a
padronização fosse diminuindo cada vez mais e novos modelos foram sendo
introduzidos
no
mercado
de
maneira
cada
vez
mais
rápida,
reduzindo
significativamente a vida útil dos produtos. Gradativamente, a produção não se
realizava mais em linhas rígidas, passando a necessitar de flexibilidade para a
introdução de novos modelos e freqüentes alterações nos produtos. Outra restrição
imposta pela competição foi a queda contínua dos preços de venda, significando que
os índices de imperfeições e ineficiências deveriam ser reduzidas continuamente.
Para obter êxito em uma situação mercadológica de alta competitividade,
que é o que prevalece atualmente, a empresa precisa produzir eficientemente e isto
implica necessariamente em um controle efetivo das atividades produtivas, que
proporcione avaliar seu desempenho e intervir rapidamente para correção e melhoria
dos processos.
Uma das principais diferenças entre a empresa atual e a antiga é a
constante procura de melhoria em suas atividades, induzida por um mercado cada
vez mais repleto de concorrentes com alto nível de competência.
16
Portanto, diante deste cenário dinâmico e competitivo em que as
empresas estão inseridas, surge cada vez mais a necessidade de um gerenciamento
eficaz dos custos que são um elemento fundamental para sua sobrevivência e que
serão abordados, para melhor compreensão, na seqüência deste trabalho.
2.2 Custos
Bornia (2002, p.35) comenta que a contabilidade de custos surgiu com o
aparecimento das empresas industriais (revolução industrial), tendo por objetivo
calcular os custos dos produtos fabricados. Antes disso, os artigos normalmente
eram produzidos por artesãos que raramente constituíam pessoas jurídicas. Devido
às empresas da época exercerem atividades predominantemente comerciais,
utilizavam a contabilidade financeira para avaliação do patrimônio e apuração do
resultado do período, ou seja, para atender às questões legais e requisitos fiscais.
Dutra (2003, p. 29) sintetiza a origem dos custos, citando que:
Os sistemas simples, que eram controlados pelo próprio proprietário,
transformaram-se e evoluíram, dificultando seu controle e ao mesmo tempo
demandando técnicas gerenciais mais avançadas, originando os sistemas
de controle de custos.
Com o crescimento das empresas e o conseqüente aumento da
complexidade do sistema produtivo, constatou-se que as informações fornecidas
pela contabilidade de custos poderiam ser úteis, podendo ter função de ferramenta
de auxílio gerencial, extrapolando a mera determinação contábil do resultado do
período.
17
As informações de custos podem ajudar a gerência da empresa
basicamente de duas maneiras: auxiliando o controle e as tomadas de decisões. No
que se refere ao controle, os custos podem, por exemplo, indicar onde podem estar
ocorrendo problemas ou situações não-previstas, por meio de comparações e
orçamentos. Informações de custos são também muito úteis para fornecer subsídios
a diversos processos decisórios importantes à administração das empresas.
(BORNIA, 2002).
Megliorini (2001, p.2) cita que além de atingir os objetivos de
determinação do lucro, controle das operações e tomada de decisões, as
informações da contabilidade de custos atendem:
a) À determinação dos custos dos insumos aplicados na produção;
b) À determinação dos custos das diversas áreas que compõem uma
organização;
c) À redução dos custos dos insumos aplicados na produção ou nas
diversas áreas que compõem uma organização;
d) Ao controle das operações e das atividades;
e) À administração, auxiliando-a para tomar decisões ou resolver
problemas especiais;
f) À redução de desperdícios de materiais, tempo ocioso, etc;
g) À elaboração de orçamentos.
De acordo com Megliorini (2001, p.2), a contabilidade de custos também
auxilia na solução de problemas relacionados:
a) Ao preço de venda;
b) À contribuição de cada produto ou linha de produtos para o lucro da
empresa;
18
c) Ao preço mínimo de determinado produto em situações especiais;
d) Ao nível mínimo de atividade em que o negócio passa a ser viável;
e) A outros problemas especiais.
Faz-se oportuno o comentário de Johnson (1996, p. 190):
O ambiente bem mais competitivo, a partir dos anos 80, tem profundas
implicações sobre os sistemas de gerência de custos. O conhecimento exato
dos custos dos produtos, o perfeito controle dos custos e a coerente
medição do desempenho se tornaram mais importantes do que no passado.
Nem toda firma pretende competir como produtor de baixo custo, mas
mesmo as firmas optando por uma estratégia diferenciada, através de
serviços ou itens especiais valorizados por seus clientes, precisam ter a
certeza de que o adicional de preço dos serviços e itens especiais mais do
que cobriu o custo adicional para proporcionar tais bens.
Assim, de acordo com Bornia (2002, p.36), de mero apêndice da
contabilidade financeira, a contabilidade de custos passou a desempenhar um
importante papel como sistema de informações gerenciais, obtendo lugar de
destaque nas empresas. Cabe ressaltar que o ambiente concorrencial em que as
empresas estão inseridas muda continuamente, modificando constantemente a
quantidade e a qualidade das informações demandadas pelas empresas. Isto faz
com que haja permanente e rápido aprimoramento nos procedimentos da
contabilidade de custos.
2.2.1 Aspectos Conceituais
Os estudos e trabalhos sobre custos utilizam conceitos que podem ser
distorcidos se não forem adequadamente explicitados. Portanto, faz-se necessário o
detalhamento de alguns conceitos principais que serão abordados na seqüência do
trabalho.
19
2.2.1.1 Gasto
Dutra (2003, p. 33) define gasto como sendo o valor pago ou assumido
para obter a propriedade de um bem, incluindo ou não a elaboração e a
comercialização, considerando as diversas quantidades adquiridas, elaboradas ou
comercializadas. Já Bornia (2002, p. 39) define gastos como sendo o valor dos
insumos adquiridos pela empresa, independentemente de terem sido utilizados ou
não.
2.2.1.2 Desembolso
Bruni (2004, p. 26) cita que o desembolso consiste no pagamento de um
bem ou serviço, independentemente de quando o produto foi ou será consumido.
Por sua vez, Bornia (2002, p. 39) o define como sendo o ato do pagamento e que
pode ocorrer em momento diferente do gasto. Por exemplo, ser for efetuada uma
compra de material com 60 dias de prazo para o pagamento, o gasto ocorre
imediatamente, mas o desembolso só ocorrerá dois meses depois.
2.2.1.3 Custo de Fabricação
20
Para Bornia (2002, p. 39), custo de fabricação é o valor dos insumos
usados na fabricação dos produtos da empresa. Sendo exemplos desses insumos:
materiais, trabalho humano, energia elétrica, máquinas e equipamentos, entre outros.
Conclui dizendo que o custo de fabricação diferencia-se do gasto pelo fato de que
este último refere-se aos insumos adquiridos enquanto que o custo está relacionado
com os insumos efetivamente utilizados.
2.2.1.4 Despesa
Dutra (2003, p.33) sintetiza despesa como sendo a parcela do gasto que
ocorre desligada das atividades de elaboração dos bens e serviços. Complementa
dizendo que se trata dos gastos incorridos durante as operações de comercialização.
Da mesma forma Bornia (2002, p.40), utilizando palavras semelhantes,
define despesa como sendo o valor dos insumos consumidos com o funcionamento
da empresa e não identificados com a fabricação. São as atividades fora do âmbito
da fabricação. A despesa geralmente é dividida em administrativa, comercial e
financeira. Portanto, as despesas são diferenciadas dos custos de fabricação pelo
fato de estarem relacionadas com a administração da empresa.
2.2.1.5 Perda e Desperdício
21
Para Dutra (2003, p. 34), a perda é um gasto involuntário e anormal que
ocorre sem intenção de obtenção de receita. Portanto, o gasto normal de matériaprima excedente no processo produtivo, embora não integre o produto final, é um
custo, pois se trata do esforço compreendido com o objetivo de alcançar receitas. E
conclui seu raciocínio citando que a matéria-prima e outros itens perdidos em
acidentes, tais como inundações e incêndios, se constituem em perda e não em
custo.
Bornia (2002, p. 41), utilizando-se de uma linguagem mais técnica,
comenta que a perda normalmente é vista, na literatura contábil, como o valor dos
insumos consumidos de forma anormal e que são separadas dos custos, não sendo
incorporadas nos estoques. Observa também que na literatura da engenharia de
produção, muitas vezes, esse termo significa o trabalho que aumenta os gastos e
não agrega valor ao produto, nem do ponto de vista do consumidor, nem do
empresário.
Diante da necessidade de compreensão do termo desperdício, é oportuno
o comentário de Bornia (2002, p. 41):
Desperdício é o esforço econômico que não agrega valor ao produto da
empresa nem serve suportar diretamente o trabalho efetivo. Esse conceito é
mais abrangente do que o anterior, pois, além das perdas anormais,
engloba, também, as ineficiências normais do processo. Se, por exemplo,
um processo trabalha comumente com um índice de 1% de peças
defeituosas e, em um dado período, 5% dos itens produzidos forem
defeituosos, a perda anormal equivale a 4%, enquanto os desperdícios
totalizam 5%.
Portanto, diante do detalhamento dos principais conceitos utilizados nos
estudos e trabalhos sobre custos apresentados anteriormente, e que foi
proporcionado através do uso de bibliografias, percebe-se claramente as grandes
diferenças de significado entre eles.
22
2.2.2 Classificação dos Custos
Os custos podem ser classificados de várias formas, para que através das
mesmas possa gerar informações para atender a necessidades específicas. Diante
disso, na seqüência do trabalho serão apresentadas as principais classificações dos
custos com o intuito de proporcionar uma melhor compreensão referente ao assunto
em questão.
2.2.2.1 Classificação quanto à Função
De acordo com Dutra (2003, p. 65), esta classificação possibilita o
controle dos custos aplicados a cada uma das funções de um organograma e,
conseqüentemente, o estabelecimento das diferenças entre o realizado e o previsto
dentro de um orçamento. Dutra (2003, p. 38) indica que a classificação quanto à
função pode ser dividida em:
a) Custos de produção: são os que ocorrem nos setores de produção e
necessários apenas à fabricação dos produtos e à execução dos
serviços, que são: matérias-primas, mão-de-obra e outros custos
indispensáveis à elaboração;
b) Custos
administrativos:
são
os
necessários
à
administração,
programação e controle, e indispensáveis à execução das políticas e
da programação das atividades das empresas, como, por exemplo, os
23
custos de administração do pessoal, de transportes, de restaurante, de
vigilância e outros;
c) Custos de comercialização: são os necessários à movimentação,
controle e distribuição dos produtos, desde sua compra e pagamento
aos fornecedores até a distribuição e recebimento dos clientes, como,
por exemplo: embalagens de expedição, fretes, aluguéis de depósitos
e lojas, propaganda e comissões.
2.2.2.2 Classificação quanto à Apuração
Bornia (2002, p. 43) observa que outra classificação importante para
tomadas de decisões é a que separa os custos em diretos e indiretos, de acordo
com a facilidade de identificação dos mesmos com um produto, processo, centro de
trabalho ou qualquer outro objeto. A esse respeito, Dutra (2003, p. 41) afirma que:
Até o advento da classificação de custos quanto à apuração, todos os
estudos e análises de custos eram desenvolvidos nas empresas em função
do resultado global, sem possibilidade de ser avaliada a participação de
cada produto ou de cada órgão específico neste resultado global. Não era
possível definir o produto mais ou menos vantajoso, ou o órgão mais ou
menos eficiente para o resultado da empresa. As conclusões eram obtidas
sempr
edef
or
magener
al
i
z
ada,dot
i
po“
aempr
esaéboa”ou“
aempr
esaé
r
ui
m”
.
Referente à diferenciação entre custo direto e indireto, Megliorini (2001, p.
9) sintetiza de forma clara dizendo que a regra básica para essa classificação é a
seguinte: se for possível identificar a quantidade do elemento de custo aplicada no
produto, o custo será direto. Se não for possível identificar a quantidade aplicada no
produto, o custo será indireto.
24
Na figura 1, que será apresentada a seguir, observa-se a síntese da
classificação dos custos quanto à apuração.
Classificação dos custos
quanto à apuração
Diretos
Matérias-primas
Mão-de-obra direta
Outros gastos diretos
Indiretos
Mão-de-obra indireta
Aluguel, depreciação
Materiais indiretos
Fig. 1: Representação gráfica dos custos quanto à apuração
Fonte: Leone (1981).
Portanto, elementos de custo como, por exemplo, matérias-primas e mãode-obra direta são considerados diretos pelo fato de ser possível mensurar as
quantidades dos mesmos que são aplicadas ao produto. Já os elementos de custo
como mão-de-obra indireta, aluguel e depreciação, por exemplo, são classificados
quanto à apuração como custos indiretos, uma vez que não é possível identificar a
quantidade que é aplicada ao produto.
2.2.2.3 Classificação quanto à Formação
Nesta classificação, os custos são estudados em função das variações
que podem ocorrer na quantidade produzida pela empresa em determinado período.
Serão abordadas, portanto as definições de custos fixos e variáveis.
25
Bruni (2004, p. 32) define custos fixos como sendo os que, em
determinado período de tempo e em certa capacidade instalada, não variam, qualquer
que seja o volume de atividade da empresa, ou seja, existem mesmo que não haja
produção. Ele define custos variáveis como aqueles cujo valor total altera-se em
função das atividades da empresa, ou seja, quanto maior a produção, maiores serão
os custos variáveis. Obviamente, constata-se que quanto menor for a produção,
menor será o custo variável.
Dutra (2003, p. 49) cita que o custo variável pode ser classificado em
função de seu comportamento, de três formas distintas:
a) Constante: é o custo variável cuja oscilação ocorre na mesma proporção
da variação do volume da atividade;
b) Progressivo: é o custo variável cujo acréscimo ocorre em proporções
maiores à medida que aumenta a variação positiva do volume de
atividade, a partir de um nível máximo definido como ideal; é como se o
grau de dificuldade aumentasse à medida que a produção crescesse,
requerendo proporcionalmente mais recursos;
c) Regressivo: é o custo variável cujo crescimento é proporcionalmente
menor à medida em que aumenta a variação positiva do volume de
atividade.
Pode-se, através da figura 2, visualizar a clara diferença entre os custos
fixos e variáveis. Os fixos se mantêm estáveis, independente de alterações no
volume de produção e os variáveis, por sua vez, variam em função da quantidade
produzida.
26
Valor
Custos variáveis
Custos fixos
Volume de produção
Fig . 2: Representação gráfica dos custos quanto à formação
Fonte: Bornia (2002)
Além de classificar os custos em fixos e variáveis, há outras duas
classificações, chamadas de custos semivariáveis e custos semifixos que de acordo
com Megliorini (2001, p. 15) são assim definidos:
a) Custos semivariáveis: são aqueles que possuem em seu valor uma
parcela fixa e outra variável. Isto é, têm um comportamento de custo
fixo até certo momento e depois se comportam como custo variável.
Esse caso ocorre com um elemento de custo que faz parte da estrutura
da empresa (custo fixo) o qual, a partir de um certo volume de
produção, passa a ter seu custo aumentado (comportamento de custo
variável). Tem-se, como exemplo, a energia elétrica e a água. Se não
houver utilização desses insumos ou se o consumo ficar abaixo de um
mínimo estipulado pela companhia de energia e de água, paga-se
apenas uma taxa fixa (custo fixo). Conforme a utilização desses
elementos, o valor da conta se eleva (custo variável);
b) Custos semifixos: são aqueles elementos de custos classificados como
fixos, que se alteram em decorrência de mudança na capacidade de
27
produção instalada. No exemplo utilizado para os custos fixos, sendo a
produção localizada entre zero e 10.000 kg de produto, esses custos
ocorrerão na mesma intensidade. Caso haja crescimento do negócio, e
se expande a capacidade, passando para 15.000 kg, poderá haver a
necessidade de alugar mais outro galpão, adquirir novas máquinas,
contratar novos funcionários, entre outras. Os custos fixos diante da
nova capacidade serão maiores. Se ocorrer outro aumento da
capacidade, o processo se repete. Como se vê, os custos fixos
crescem em patamares. O oposto também ocorre, ou seja, reduzindo a
capacidade de produção, tais custos também serão reduzidos em
patamares.
Portanto, diante das informações explicitadas, percebe-se que são muito
significativas as diferenças entre os principais conceitos utilizados nos estudos e
trabalhos sobre custos, justificando-se com isso a necessidade de compreendê-las.
Quanto à classificação dos custos, observa-se que são várias as possibilidades
existentes, para que desta forma se atenda as mais diversas necessidades
gerenciais.
2.3 Mão-de-obra
A mão-de-obra se constitui em um dos elementos mais importantes de
qualquer empresa, pois mesmo que se imagine uma que tenha o mais elevado nível
de automatização possível, ela sempre terá que comprar, transportar, armazenar
28
materiais, especificar máquinas, mantê-las, substituí-las e conservá-las. Além disso,
produtos finais deverão ser distribuídos, vendidos e cobrados. Portanto, sempre
haverá participação decisiva da mão-de-obra no dia-a-dia de qualquer empresa.
As relações entre empregado e empregador, respeitados quesitos legais
contidos fundamentalmente na Consolidação das Leis do Trabalho e nos acordos
sindicais específicos de cada categoria, são livres. Cabe a ambos iniciar e terminar
um contrato de trabalho sempre que julgarem necessário seja por motivos de ordem
mercadológica, profissional ou até mesmo pessoal.
A tarefa do empregador, porém, não é tão simples assim e não obedece a
conceitos tão frios como pode parecer à primeira vista, principalmente pelo fato de
não restringir-se aos aspectos legais, ou seja, o comportamento da empresa diante
de questões pertinentes aos empregados pode gerar um impacto desastroso a longo
prazo, podendo causar diante do mercado prejuízos importantes que poderiam
refletir-se nos resultados financeiros da empresa.
Admite-se que numa sociedade constituída segundo os padrões atuais, o
empregado atua estimulado pelos seguintes fatores principais: ambição e orgulho
profissional, necessidade de reconhecimento social e compensação financeira. Os
dois primeiros são fatores ambientais e exercem grande influência sobre o bem estar
individual; envolvem a necessidade de auto-afirmação, o sentimento de perspectiva,
reconhecimento por um serviço bem feito, integração e aceitação no grupo. A
compensação financeira refere-se às varias modalidades de remuneração que a
empresa oferece como retribuição pelo trabalho produzido. (Zimpeck, 1990).
Evidentemente que a longo prazo,os resultados obtidos por uma empresa
que não oferece elementos de ambiente satisfatórios não será o melhor. Mas,
também, é fato que a remuneração representa o ponto mais sensível do empregado.
29
Faz-se oportuno o comentário de Zimpeck (1990, p.15):
Portanto, vários objetivos deveriam ser cumpridos ao mesmo tempo, para
atender aos reclamos da problemática salarial. É preciso compensar
adequadamente pelos qualificativos de cada um e pelo seu desempenho,
estimular, obter reconhecimento e confiança, oferecer oportunidade,
promover tratamento eqüitativo, comunicar, tudo em consonância com os
melhores objetivos da empresa.
Portanto, diante das informações expostas, pode-se perceber claramente
que a relação entre empregado e empregador está repleta de questões complexas,
destacando-se principalmente as referentes à remuneração.
2.3.1 A Importância da Gestão da Remuneração em um Ambiente de
Mudanças
Sendo a mão-de-obra um elemento que pode ser decisivo para a
sobrevivência de uma empresa diante do atual cenário mercadológico e sabendo-se
que a remuneração, caracterizada principalmente pelo salário, é um fator
fundamental na relação entre empregado e empregador; a importância que a gestão
salarial vem adquirindo no cenário competitivo conduz as empresas à uma busca
contínua para identificar os principais resultados esperados e suas características
essenciais.
Sem dúvida, a identificação desses aspectos conduz as empresas a uma
reflexão entorno da utilização da gestão salarial, enquanto veículo da troca de
informações e de um processo em que a capacitação contínua, a divulgação e
compartilhamento de valores e o comprometimento sejam sempre estimulados,
como elementos capazes de auxiliar as empresas a se perpetuarem no mercado.
30
Segundo Zimpeck (1990, p. 14):
A administração de salários está se constituindo em componente vital das
peças que estimulam o crescimento e o progresso da organização. Aliando
fatores de controle financeiro ao atendimento eqüitativo das necessidades
humanas das equipes de trabalho, a administração de salários é instrumento
que provê meios para a obtenção de melhor produtividade, controles de
custos adequados e melhor satisfação profissional.
Uma vez explicitada a importância da remuneração em seus aspectos
gerais, destaca-se a remuneração variável, como alternativa para empregador e
empregado convergirem esforços no intuito de estabelecerem objetivos, cujos
resultados alcançados sejam satisfatórios para ambos.
2.3.2 Remuneração Variável
A adoção de formas de remuneração vinculadas ao desempenho é uma
prática crescente em todo o mundo, cuja origem remonta ao início do século
passado, quando se evidenciava o pagamento por produtividade ou peça produzida.
O pagamento por peça produzida começou a ser implantado nas linhas de
montagem, onde uma mão-de-obra com baixa qualificação executava tarefas fáceis
e repetitivas. O objetivo era conseguir o máximo de rendimento desta mão-de-obra.
Hoje, porém, vivencia-se um novo contexto onde a natureza do trabalho
ganhou muito mais complexidade. Na maioria das atividades, ficou mais difícil definir
e apurar o resultado de determinado trabalho e vinculá-lo a uma contribuição
individual. Diante deste cenário, as empresas estão buscando alternativas de
remuneração mais sofisticadas e adequadas, abandonando gradativamente o
pagamento por peça.
31
Desde o início de sua utilização até os dias atuais, o objetivo principal da
remuneração variável, embora existam muitas derivações, continua sendo o que
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1996,p.84)
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A recompensa proporcionada à mão-de-obra vinculada ao esforço por ela
realizado para se obter determinado resultado é uma das principais razões para
utilização da remuneração variável. Por isso, quanto mais claro for este vínculo,
melhores serão os ganhos, tanto para empresa quanto para o funcionário.
2.3.3 Tipos de Remuneração Variável
De forma geral, a remuneração variável pode ser classificada em dois
grandes grupos, que são descritos a seguir, cujos princípios serão úteis para a
continuidade deste estudo.
2.3.3.1 Participação nos Lucros
A participação nos lucros é uma modalidade de remuneração variável que
tem como parâmetro os resultados globais da empresa. Uma vez atingido
32
determinado nível de resultado estabelecido previamente, acontece então a divisão
dos lucros aos funcionários através de uma fórmula matemática.
Cabe observar que como os resultados globais da empresa podem sofrer
interferências de forças externas ao controle dos funcionários, o vínculo entre o
esforço individual ou coletivo e a recompensa nem sempre é claro. Isto pode gerar
um enfraquecimento no seu papel de instrumento de estímulo e motivação.
A participação nos lucros tem sido usada há décadas por muitas empresas,
especialmente em seus níveis hierárquicos mais altos.
No quadro a seguir pode-se observar as vantagens e os fatores
condicionantes da participação nos lucros.
Vantagens
 Aumenta, entre os
Fatores condicionantes
funcionários, a
compreensão da natureza do negócio
 Reforça a importância de convergência
de esforços
 Leva a uma visão mais abrangente do
negócio e dos sistemas
 Reduz resistência a mudanças
 Aumenta a pressão dos funcionários
por sistemas de gestão mais eficazes
 Percentual
da
representada
remuneração
pela
participação
total
nos
lucros deve ser suficiente para estimular
esforços e para representar risco de
perda
 Transparência
na
divulgação
dos
resultados
 Visão mais clara do vínculo entre ações
individuais, ações grupais, resultados
setoriais, resultados globais e influências
externas
Quadro 1: Vantagens e fatores condicionantes da participação nos lucros.
Fonte: Coopers (1996, p. 85).
Não restam dúvidas de que a participação nos lucros pode ser uma
alternativa de remuneração variável bastante interessante para os envolvidos, desde
que haja uma análise detalhada das vantagens e fatores condicionantes para que
efetivamente se alcance os resultados esperados.
33
2.3.3.2 Remuneração por Resultados
A remuneração por resultados se diferencia da participação nos lucros,
principalmente pelo fato de combinar um sistema de bônus com a prática da
administração
participativa
e
de
se
utilizar
de
critérios
que
permitem
estabelecimentos de metas específicas para indivíduos ou grupos.
Com relação às regras para a distribuição do bônus, a remuneração por
resultados segue o mesmo princípio da participação nos lucros, ou seja, os
pagamentos do bônus são vinculados ao atendimento de metas previamente
negociadas. Estabelece-se, também, de comum acordo entre empresa e empregado
critérios que através de uma fórmula matemática possam traduzir os resultados
alcançados em prêmios para os indivíduos ou grupos.
Esta forma de remuneração tem sido empregada há décadas. Exemplos
bastante comuns são as bonificações para equipes de vendas. A utilização da
remuneração por resultados ganhou recentemente um grande impulso devido à sua
capacidade de apoiar e reforçar algumas práticas cada vez mais presentes nas
empresas, como por exemplo: administração participativa, orientação para
resultados e trabalhos em grupo.
No quadro a seguir pode-se observar as vantagens e os fatores
condicionantes da remuneração por resultados.
34
Vantagens
 Reforça
a
cultura
Fatores condicionantes
participativa
e
trabalho em grupo
 Melhora a coordenação do trabalho
 Leva a uma visão mais abrangente do
negócio e dos sistemas
 Incentiva a busca de inovações de
produtos, processos e gestão
 Estruturas
organizacionais
(células, minifábricas, etc.) para que o
vínculo entre ação e resultado seja claro
 Sistemas
de
medição
simples,
transparentes e eficazes
 Atitude gerencial favorável à participação
e ao trabalho em grupo
 Reduz resistência a mudanças
 Grupos maduros e capacitados
 Aumenta a pressão dos funcionários
 Objetivos factíveis
por sistemas de gestão mais eficazes
pequenas
 Cultura e sistemas que permitam aos
operários participar da gestão
Quadro 2: Vantagens e fatores condicionantes da remuneração por resultados.
Fonte: Coopers (1996, p. 85).
Uma vez compreendida a remuneração variável, bem como suas
principais classificações, faz-se necessário apontar os fatores críticos de sucesso
para a implantação de um sistema de remuneração variável.
2.3.4 Fatores Críticos de Sucesso
Antes de implantar um sistema de remuneração variável, seja ele a
participação nos lucros ou a remuneração por resultados, é importante conhecer os
fatores críticos de sucesso para garantir que os resultados esperados sejam
alcançados. Portanto, serão detalhados cada um destes fatores tendo como
referência os comentários de Coopers (1996, p. 86 e 87):
 Convergência com a orientação estratégica da empresa: Na
construção do sistema de remuneração variável, deverão ser
definidos indicadores e metas de desempenho, sendo fundamental
35
que os mesmos sejam convergentes com as diretrizes e os
objetivos estratégicos da empresa.
 Simplicidade e flexibilidade: O sistema de remuneração é um
sistema de apoio, sendo que sua construção e manutenção são
atividades-meios e não atividades-fins. Portanto, é importante que o
sistema seja simples de manter e também simples de usar.
 Clareza e objetividade: Os indicadores e metas de desempenho
devem estar claramente definidos para todos os envolvidos no
processo.
Assim, verifica-se que a remuneração variável oferece vantagens tanto à
empresa quanto aos empregados. Entretanto, é fundamental a construção detalhada
do modelo a ser implantado, uma vez que as regras devem ser claras, simples,
objetivas e revestidas de certa formalidade.
2.3.5 Componentes de um Modelo de Remuneração Variável
Um modelo de remuneração variável necessita de alguns componentes
essenciais para sua implantação. De acordo com Coopers (1996, p. 87 e 88), os
fatores determinantes devem ser levantados, bem como os indicadores de
desempenho e as formas de recompensa. Estas etapas são descritas na seqüência
deste trabalho a partir de estudos realizados pelo referido autor.
36
2.3.5.1 Fatores Determinantes
Fatores determinantes são as condições que levam a empresa a atingir
seus objetivos e estão classificados em:
a) Gestão sistêmica de recursos: está relacionada à capacidade de
coordenação dos recursos de modo que atenda aos objetivos da
empresa. Envolve a capacidade gerencial da empresa, formada a
partir de sua experiência na administração da mão-de-obra, valores
e estruturas;
b) Comportamento organizacional: está relacionado à forma como os
funcionários da empresa se comportam individualmente ou em
grupos diante de questões referentes ao trabalho, tais como:
trabalho em equipe, melhoria de processos, resolução de
problemas e enfoque dado às questões relacionadas à qualidade;
c) Metas e objetivos: está relacionado à determinação e formalização
de expectativas de resultados. Por exemplo: as metas de
produtividade, lucratividade, satisfação dos clientes e melhoria da
qualidade.
2.3.5.2 Indicadores de Desempenho
37
Indicadores de desempenho são os sinais que demonstram para os
indivíduos e grupos como suas ações estão gerando impacto sobre a empresa.
Podem ser classificados em:
a) Quantitativos: são os indicadores que refletem diretamente os
resultados através de números;
b) Qualitativos: são os indicadores que retratam resultados com um
grau de subjetividade maior;
c) Comportamentais: são os indicadores utilizados para análise das
atitudes e posturas de indivíduos e grupos.
2.3.5.3 Formas de Recompensa
Formas de recompensa são as diversas maneiras de reconhecimento do
desempenho, ou seja, as formas de recompensar a mão-de-obra pelos resultados
alcançados através do esforço por ela realizado. Neste trabalho, uma das formas de
recompensa apresentada é a participação nos lucros que se trata de uma
modalidade de remuneração variável que tem como parâmetro os resultados globais
da empresa. Também é abordada a forma de recompensa denominada
remuneração por resultados, que se caracteriza pelo fato combinar um sistema de
bônus com a prática da administração participativa e de se utilizar de critérios que
permitem o estabelecimento de metas específicas para indivíduos ou grupos.
38
Portanto, as questões referentes à mão-de-obra são abordadas,
principalmente no que se refere à remuneração variável. Porém, faz-se necessário o
detalhamento de outro elemento fundamental para o desenvolvimento deste trabalho.
Trata-se do carvão mineral, que será apresentado a seguir.
39
3 CARVÃO MINERAL
3.1 O Carvão na História
A história da carvão confunde-se com o desenvolvimento do homem. Na
pré-história, o fogo era considerado algo produzido pelos deuses, até que os
primitivos observaram que as florestas transformavam-se em pedras negras após
serem incendiadas por um raio, e que estes resíduos também eram inflamáveis. Era
o carvão vegetal, que proporcionou mais conforto e facilidade aos homens das
cavernas. Já no período neolítico, uma nova descoberta: minerais negros colocados
para proteger as fogueiras eram reduzidos a metal quando colocados em contato
com a lenha carbonizada. Vieram as idades do cobre, do bronze e do ferro, e o
homem foi utilizando o calor do carvão mineral para tornar moldáveis as matériasprimas que eram utilizadas para fabricação de suas ferramentas.
Na Europa, os registros mais antigos sobre o assunto datam do século XII,
especificamente no que se refere a utilização do carvão como fonte de aquecimento
doméstico na Inglaterra.
Nos fins do século XVII, a Revolução industrial eclodiu na Europa, e o
carvão mineral assumiu um papel de muita importância como fonte de geração de
energia.
Aos poucos, as forças hidráulica, animal e humana eram substituídas pelo
poder energético do carvão mineral. A Grã-Bretanha foi pioneira desta revolução
industrial devido às suas ricas reservas de carvão e minério de ferro e à qualidade
40
de seus minerais.
O carvão foi determinante neste processo, ajudando a
movimentar máquinas produtoras de bens e de transporte. A Revolução Industrial
não conheceu fronteiras, espalhou-se pela Europa Central, tendo a Alemanha como
principal seguidora. Nesta época, a produção de bens aconteceu em quantidade
infinitamente superior ao passado. Um exemplo disto se observa no período entre
1850 e 1910, onde a produção de ferro e carvão aumentou vinte e seis vezes.
De grande utilização no século XIX e no início do século XX, o carvão
mineral gradativamente foi sendo substituído pelo petróleo. Mesmo assim ainda hoje
o seu uso continua sendo expressivo, principalmente em países como Estados
Unidos da América, China e Rússia. O principal motivo do uso do carvão mineral nos
dias atuais é o fato de que se trata do recurso não renovável mais abundante no
globo terrestre, sendo encontrado em quantidades significativas nos quatro
continentes e representando 75% dos recursos mundiais identificados como fonte de
energia fóssil. O petróleo vem a seguir representando 13% e o gás natural, 12%.
Para que haja melhor compreensão do assunto em questão, faz-se
necessária uma definição sucinta sobre o que é o carvão mineral. Para isto,
apresenta-se um trecho do texto contido no livro: Perfil Analítico do Carvão (1987, p.
11):
O carvão pode ser definido, sucintamente, como sendo uma rocha
sedimentar combustível, formada a partir de determinados vegetais, que
sofreram soterramento e compactação em bacias originalmente pouco
profundas. Fatores como a pressão, a temperatura, a tectônica e o seu
tempo de atuação, determinaram a carbonificação gradativa da matéria
vegetal original, que sofreu modificações significativas com a perda de
oxigênio e água e enriquecimento em carbono.
Após ser explicitada a história do carvão no âmbito mundial bem como
sua definição será apresentada na seqüência do trabalho a história do carvão no
Brasil.
41
3.2 O carvão no Brasil
Com visão essencialmente mercantilista, Portugal procurava no Brasil
colônia apenas gemas e metais preciosos, não se interessando por insumos que
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brasileiro permaneceu intocável durante muitos anos.
A descoberta do carvão mineral no Brasil acontece por volta de 1795,
quando ainda nos governos imperiais, muitos naturalistas europeus e norteamericanos vieram ao país, e vários deles dedicaram-se ao estudo da geologia e
recursos naturais, incluindo o carvão mineral. Trabalhos analíticos pioneiros sobre o
carvão mineral brasileiro foram desenvolvidos nesta época através do envio de
várias amostras para o exterior. Ao final do Segundo Império surge um esboço de
organizações responsáveis pelos estudos dos recursos naturais brasileiros, que
seriam aperfeiçoados até as primeiras décadas da República.
O período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, não representou um
grande impulso para a mineração de carvão no Brasil. Somente durante a Segunda
Guerra Mundial, mais precisamente após 1939 é que houve uma política voltada
para a extração do carvão nacional, em função das necessidades da época e
também devido aos problemas com relação ao abastecimento de petróleo a nível
mundial. Houve então um crescimento significativo da demanda de carvão mineral
para suprir as necessidades de geração de energia elétrica, atender a indústria, a
navegação e as ferrovias. Nesta época, o Brasil esteve prestes a presenciar ao
colapso de atividades vitais para sua estrutura econômica e coube ao carvão mineral
42
nacional servir de suporte para a sustentação da condição até então vigente no país,
evitando maiores conseqüências em função do cenário mundial conturbado do
momento.
O carvão com características metalúrgicas assumiu uma posição de
destaque no cenário nacional a partir da instalação da Companhia Siderúrgica
Nacional no ano de 1945. A partir daí, por três décadas, o carvão mineral
permaneceu em segundo plano em função da normalização do comércio de petróleo
a nível mundial. Porém, com o avento da crise do petróleo em 1973, o carvão
começou a despontar novamente no cenário nacional. No início da década de 1980
houve um incremento significativo na pesquisa, na produção e também a nível
tecnológico, em parte devido ao Plano de Mobilização Energética (PME), implantado
pelo governo federal e que atuou no sentido de incentivar os diversos programas de
desenvolvimento de setor carbonífero nacional.
3.3 Tipos e Usos do Carvão Mineral
As definições dos tipos comerciais e industriais dos carvões produzidos
no Brasil estão regulamentadas pela Portaria CNP/DIPLAN nº 100, de 1º de Abril de
1987 e são citadas por Müller (1987, p. 14 e 15) nos seguintes termos:
a) Carvão pré-lavado: “
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b) Carvão metalúrgico: “
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43
fabricação do coque usado na siderurgia, cuja obtenção se dá a partir
da coqueificação, que é o fenômeno sofrido pelo carvão quando
submetido a temperaturas elevadas. Cabe salientar que as jazidas de
carvão metalúrgico até então conhecidas e que estavam localizadas no
Estado de Santa Catarina já foram totalmente exploradas.
c) Carvão energético: “
Éocar
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O maior uso para o carvão brasileiro, em função de suas características, é
o de geração de eletricidade a partir de sua queima em usinas termoelétricas. Este
fato se baseia nas imensas reservas, apropriadas para esta finalidade, encontradas
principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Além do uso na siderurgia e na geração de eletricidade, o carvão mineral
pode ser utilizado também para: aquecimento doméstico, geração de vapor industrial,
geração de calor em fornos e fornalhas na indústria do cimento, vidro, cerâmica,
secagem de minerais e grãos agrícolas, geração de produtos como amônia e
alcatrão, servir de componente na fabricação de filtros, participar como matériaprima no processo de produção de cerâmica vermelha (tijolos e telhas) e fundição.
Além disso, as cinzas resultantes do processo de queima do carvão mineral podem
ser utilizadas como matéria-prima na formulação que compõe a fabricação do
cimento. Entretanto, para isso, o carvão precisa ser extraído e beneficiado por meio
da mineração; processo este que será detalhado na continuidade deste trabalho
monográfico.
44
3.4 Mineração do Carvão
A atividade de mineração do carvão no Brasil está concentrada
atualmente nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e é composta por
duas etapas distintas denominadas lavra e beneficiamento.
3.4.1 Lavra
A atividade de lavra consiste em um conjunto de operações seqüenciais
cujo objetivo é a extração das camadas de carvão para posteriormente serem
processadas na usina de beneficiamento.
Em função da localização da camada de carvão, a lavra pode ser
desenvolvida de duas formas: a céu aberto e subterrânea.
A primeira ocorre quando a camada de carvão está próxima à superfície,
bastando simplesmente que seja removido o solo através de máquinas (tratores e
escavadeiras) até que seja atingida a camada de carvão, para que este possa ser
extraído utilizado-se das mesmas máquinas.
Atualmente em Santa Catarina não existem disponíveis camadas de
carvão que permitem a lavra à céu aberto, até porque em função de ser o processo
de menor custo, as camadas que existiam no Estado com esta característica foram
as primeiras a serem exploradas.
45
A segunda, subterrânea, é empregada quando da impossibilidade da
utilização da lavra à céu aberto em função da profundidade da camada de carvão.
Isso implica, entre outros aspectos, na abertura de poços ou planos inclinados de
acesso para a extração do minério, transporte de materiais e mão-de-obra e
ventilação. Portanto, trata-se de um processo complexo que demanda muitos
investimentos financeiros, além de amplo conhecimento técnico.
Para a execução da lavra subterrânea da camada de carvão, podem ser
utilizados dois métodos distintos:
a) Método de lavra por frente larga ou “
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método, a camada de carvão deve se apresentar em condições
geológicas específicas, o que não é comum no Brasil. Portando, em
função disto, neste trabalho não haverá um detalhamento sobre o
mesmo.
b) Método de lavra por câmaras e pilares: Este consiste, basicamente, na
abertura de um eixo principal de transporte, que pode ser formado por
duas ou mais galerias paralelas e perpendicularmente a este são
traçados os painéis de produção, onde são abertas galerias de
produção (ou câmaras). Entre estas são deixados pilares, que são
tecnicamente dimensionados um função das características geológicas
e do tamanho das camadas, superiores à do carvão, que se estendem
até a superfície. A principal função dos pilares é proporcionar maior
segurança à mão-de-obra, que está trabalhando no subsolo, além de
impedir que haja acomodação de camadas que poderiam culminar em
rachaduras ou crateras na superfície e que causam impactos
46
ambientais graves, principalmente no que refere aos mananciais
hídricos.
Na mineração subterrânea de carvão no Brasil, o método de câmaras e
pilares é o mais utilizado, apresentando diversas formas, entre as quais a lavra
manual, caracterizada pela utilização direta da mão-de-obra para extração e o
carregamento do carvão nas frentes de serviço em subsolo, com o auxílio de
ferramentas rudimentares, como picaretas e pás, além de pequenos vagões para o
transporte do carvão até a superfície, que circulavam em trilhos e eram movidos a
tração humana.
A lavra manual está atualmente extinta, tendo evoluído para a lavra
mecanizada, que proporcionou ao processo de produção um incremento significativo
no que se refere principalmente à produtividade. Também proporcionou importantes
mudanças quanto à mão-de-obra, ou seja, transformou o mineiro, de um simples
trabalhador braçal com baixíssima qualificação profissional, em um profissional
especializado, que trabalha com máquinas complexas de alta produtividade.
A lavra mecanizada pode ser caracterizada de duas formas: lavra
semimecanizada
com
carregadeiras
e
lavra
mecanizada
com
conjuntos
mecanizados. Na primeira, o carregamento e o transporte do carvão desmontado
nas frentes de serviço é executado por carregadeiras. Estas máquinas são movidas
por motores elétricos ou motores a óleo diesel e possuem uma caçamba frontal para
coletar e transportar o carvão até uma correia, que o conduz até a superfície. Já o
sistema de lavra mecanizada com conjuntos mecanizados, por sua vez, é
empregado no Brasil, apenas no Estado de Santa Catarina, e consiste na abertura
de um eixo principal e a partir deste são traçados painéis com sete a nove galerias
paralelas, intercaladas com pilares quadrados.
47
As operações, nesta modalidade, formam um ciclo bem definido, na
seguinte seqüência:
a) Escoramento: o objetivo desta operação é proporcionar uma condição
de total segurança, a toda mão-de-obra que está no subsolo, através
da contenção de
pacotes de rochas frágeis que estão acima da
camada de carvão. Este processo é executado por um operador e um
ajudante de uma máquina denominada perfuratriz de teto. Inicialmente
esta máquina realiza furos no teto da mina através da utilização de
ferramentas específicas denominadas brocas e bits. Após a execução
dos furos, esta máquina introduz nos mesmos parafusos de aço, com
tamanhos que variam de acordo com as características do teto,
juntamente com um composto químico de secagem ultra-rápida em
forma de bisnaga, comumente conhecido como resina. A função da
resina é fixar o parafuso no teto da mina;
b) Corte: o objetivo desta operação é facilitar o desmonte, através da
execução de um corte na camada de carvão por toda a largura da
galeria. Este processo é executado por um operador e um ajudante de
uma máquina denominada cortadeira. Esta possui uma lança com
aproximadamente três metros de comprimento, que comporta uma
corrente revestida com ferramentas cortantes, chamadas bits;
c) Perfuração: o objetivo desta operação é executar furos horizontais na
camada de carvão para que posteriormente sejam introduzidos os
explosivos. Este processo é executado por um operador e um ajudante
de uma máquina denominada perfuratriz de frente. Esta realiza furos
48
na camada de carvão através da utilização de ferramentas específicas
denominadas bits;
d) Desmonte: o objetivo desta operação é fragmentar a camada de carvão
para que possa ser posteriormente carregado e transportado. Esta
operação, que é executada por um profissional denominado detonador,
inicia-se com o preenchimento dos furos, realizados pela perfuratriz de
frente, com explosivos e finaliza-se com a sua detonação;
e) Carregamento: o objetivo desta operação é coletar todo o volume de
material gerado pelo desmonte. Este processo é executado por um
oper
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na denomi
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car
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egadorque se
desloca sobre esteiras);
f) Transporte: o objetivo desta operação é receber todo o material
colet
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raté o alimentador. Este processo é
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eal
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nadenomi
nada“
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hut
l
e-car
”
,que é conduzida
por um operador;
g) Alimentação: o objetivo desta operação é receber todo o material
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ado pel
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sc
hut
l
e-car
”
,f
r
agment
á-lo e despejá-lo em uma
correia transportadora para que possa chegar até a superfície. Este
processo é realizado por uma máquina denominada alimentador.
Na figura a seguir pode-se observar de forma clara todas as operações,
que compõem a lavra mecanizada com conjuntos mecanizados, detalhadas
anteriormente.
49
Lavra Mecanizada com Conjuntos Mecanizados
9
10
1
2
3
11
4
12
5
13
Figura 3: Lavra Mecanizada com Conjuntos Mecanizados
Fonte: Carbonífera Metropolitana S/A
Legenda:
1 e 8 –Escoramento com perfuratriz de teto
2 –Corte com cortadeira
3 –Furação com perfuratriz de frente
4 –Frente preparada para desmonte
5 –Frente desmontada
6 e 9 –Carregamento com Loader
7, 10 e 12 –Transporte com Schutle-car
11 –Alimentação com alimentador
13 –Centro de força
6
7
8
50
Em cada uma das etapas do referido processo de produção, há custos
envolvidos. Porém, diante dos objetivos propostos neste trabalho, são descritos nos
itens que seguem apenas os variáveis envolvidos na mineração do carvão através
da lavra mecanizada com conjuntos mecanizados.
3.4.2 Itens de Composição dos Custos Variáveis nas Etapas do Processo de
Produção
As etapas do processo de produção são as que foram detalhadas
anteriormente e que inicia-se com o escoramento e finaliza-se com a alimentação.
Dentro de cada etapa serão citados os itens possuem peso significativo nos custos
variáveis em função de terem valor unitário de compra bastante elevado e por serem
consumidos em grande quantidade durante o processo de produção.
3.4.2.1 Primeira Etapa: Escoramento
Esta etapa compreende os seguintes itens:
a) Brocas e bits de perfuração: todo o processo de perfuração do teto
ocorre através da utilização destes materiais, que são muito exigidos
em função da característica da própria atividade, que se resume em
perfuração de rochas. Portanto, isto significa que existe um consumo
51
bastante expressivo dos mesmos que, aliado aos seus valores
monetários individuais elevados, influenciam significativamente nos
custos desta etapa;
b) Óleo hidráulico e mangueiras: a máquina perfuratriz de teto é composta
por um complexo sistema hidráulico, que serve para movimentar todo o
mecanismo que executa o processo de furação. Este sistema
hidráulico é formado basicamente por mangueiras inundadas por óleo
hidráulico.
Devido
ao
grande
número
de
mangueiras,
conseqüentemente são necessários muitos litros deste óleo. A grande
quantidade destes itens, aliada a preços unitários elevados, também
configuram uma combinação de impacto significativo nos custos
variáveis;
c) Pneus e seus acessórios (aros, câmaras de ar): as condições para
deslocamento da perfuratriz de teto no subsolo são bastante
desfavoráveis, em função do ambiente para locomoção ser bastante
irregular. Este cenário compromete muito a durabilidade dos pneus e
seus acessórios.
3.4.2.2 Segunda Etapa: Corte
Nesta etapa destacam-se os bits, que são as ferramentas que a
cortadeira utiliza para realizar o corte na camada de carvão, e o óleo hidráulico e
52
mangueiras. A cortadeira também possui um complexo sistema hidráulico,
resultando em uma condição idêntica à da perfuratriz de teto.
3.4.2.3 Terceira Etapa: Furação
Para a execução desta atividade, a perfuratriz de frente também utiliza
bits e brocas aliados a um grande sistema hidráulico formado por mangueiras e óleo
hidráulico. Como se pode observar, forma-se mais uma vez um cenário já detalhado
nas etapas anteriores.
3.4.2.4 Quarta Etapa: Desmonte
Para a realização do desmonte, o detonador utiliza o dinamite com
acessórios de iniciação da explosão. Estes materiais juntos representam um dos
maiores desembolsos de todo o processo de produção, merecendo, portanto,
atenção bastante especial no que se refere ao seu consumo.
3.4.2.5 Quinta Etapa: Carregamento
53
Destacam-se nesta etapa a esteira do loader e o óleo hidráulico e
mangueiras. O loader, diferentemente da perfuratriz de teto, da perfuratriz de frente
e da cortadeira, utiliza esteiras para se deslocar, substituindo os pneus. Quanto ao
óleo hidráulico e às mangueiras, o loader age de modo semelhante às outras
máquinas.
3.4.2.6 Sexta Etapa: Transporte
Os itens relevantes nesta etapa são:
a) Pneus e seus acessórios (aros, câmaras de ar): um dos responsáveis
por uma grande parcela na composição dos custos variáveis desta
etapa é o pneu e seus acessórios, utilizados pelo schutle-car, que
consiste em uma máquina que percorre as maiores distâncias no
subsolo. Este fato aliado à condição de que a mesma transporta
aproximadamente nove toneladas de carvão bruto por viagem em um
trajeto irregular, proporciona uma situação de trabalho extrema no que
se refere ao consumo destes itens;
b) Cabos elétricos: são de valor unitário de compra muito alto e merecem
atenção especial em função do deslocamento contínuo e longo do
schutle-car.
Cabe observar que todas as outras máquinas utilizadas no processo de
produção também são movidas a eletricidade e, portanto, possuem cabos elétricos.
54
Mas, devido principalmente às mesmas realizarem trajetos menores, seus cabos não
são tão exigidos quanto os do schutle-car.
3.4.2.7 Sétima Etapa: Alimentação
Esta etapa compreende os seguintes itens:
a) Dente do britador: é uma ferramenta do alimentador que possui alta
resistência, cuja função é fragmentar o carvão bruto antes de lançá-lo
na correia transportadora;
b) Óleo hidráulico e mangueiras: no que se refere a estes itens, o
alimentador é semelhante às outras máquinas.
Assim, percebe-se que em cada etapa do processo de produção existem
itens que são fundamentais na composição dos custos variáveis. Mas, além da
identificação dos itens, é necessário que se compreenda a influência da mão-deobra, pois se trata de um elemento decisivo, como pode-se observar nos itens
seguintes.
3.4.3 Influência da Mão-de-obra na Composição dos Custos Variáveis
A mão-de-obra no processo de extração de carvão mineral exerce uma
influência muito forte no que se refere à composição dos custos variáveis. Este fato
55
se deve fundamentalmente pelas características do processo de produção e das
máquinas utilizadas no mesmo. Portanto, faz-se necessário um detalhamento da
influência da mão-de-obra sobre cada item de custo variável citado anteriormente,
para que se possa compreender toda a dinâmica da relação entre a mão-de-obra e o
processo produtivo e como isso interfere nos custos. Somente não será detalhada
sua relação com o dente do britador, pelo fato do alimentador ser uma máquina que
não possui operadores durante a execução da operação.
Diante da necessidade explicitada, apresenta-se na seqüência deste
trabalho o comportamento, em consumo dos seguintes itens: óleo hidráulico, brocas,
bits, dinamites, acessórios para desmonte, esteira do loader, pneus, aros, câmaras
de ar e cabos elétricos.
O consumo de óleo hidráulico acontece devido basicamente a
vazamentos nas mangueiras e seus acessórios. Os vazamentos são gerados
principalmente pelo caimento de pedras do teto da mina sobre os circuitos
hidráulicos das máquinas, causando rupturas ou deixando componentes frouxos. A
eliminação total do consumo de óleo hidráulico é praticamente impossível devido a
sua origem.
Porém, uma combinação de ações preventivas e corretivas por parte dos
operadores e ajudantes das máquinas certamente impactam diretamente no custo
variável dos processos. Cabe ressaltar que é de competência dos operadores e
ajudantes a detecção e imediata eliminação, seja através de sua própria ação ou
solicitação a um mecânico, de qualquer vazamento nas máquinas de sua
responsabilidade.
As brocas e bits são materiais que, para terem durabilidade, necessitam
que os operadores das máquinas executem os processos em conformidade com as
56
normas técnicas específicas de cada produto. O não cumprimento deste
procedimento resulta em desgaste prematuro, quebras, perdas de produção e
finalmente aumento dos custos variáveis.
Os dinamites e acessórios para desmonte são empregados pelo
detonador, que tem o dever de utilizar quantidades adequadas da forma adequada.
O não cumprimento deste procedimento resulta em consumo excessivo dos
materiais ou ineficiência no processo de desmonte.
A esteira do loader é composta por elementos que sofrem desgastes
prematuros, quando o operador não aplica os procedimentos para execução da
atividade integralmente.
Os pneus, aros e câmaras de ar dependem da conduta dos operadores.
Esta é decisiva para a vida útil destes materiais. O não cumprimento das normas
técnicas no que se refere à calibragem e ao limite máximo de carga adequada para
as condições de trabalho das máquinas proporcionam desgaste prematuro destes
materiais e conseqüente interrupção da atividade para que os mesmos possam ser
substituídos.
Como já foi citado, as máquinas do processo de produção são movidas a
eletricidade, possuindo longos cabos elétricos, que necessitam de cuidados
especiais no seu manuseio. Aos operadores e ajudantes das máquinas é delegada
esta responsabilidade. A execução de procedimentos de forma adequada por parte
dos mesmos resulta em maior durabilidade dos cabos elétricos. Assim, além de
proporcionar a otimização dos recursos financeiros despendidos, reduzem-se as
perdas por interrupção no processo produtivo.
Desta
maneira,
verifica-se
que
a
forma
como
a
mão-de-obra,
representada fundamentalmente pelos operadores e ajudantes das máquinas,
57
executa as operações reflete substancialmente no consumo dos itens relevantes
para a composição dos custos variáveis. Diante deste contexto, identifica-se a
necessidade da busca de uma alternativa que permita a redução dos custos,
utilizando-se a mão-de-obra como principal elemento.
Portanto, para atender a esta necessidade, fazendo uso das informações
anteriormente citadas, sugere-se um modelo de remuneração variável para o
processo de extração de carvão mineral no subsolo através da utilização do método
de lavra mecanizada com conjuntos mecanizados.
58
4 PROPOSTA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL NO PROCESSO DE LAVRA
MECANIZADA
A forma de recompensa que será adotada para a composição do modelo
de remuneração variável é por resultados. Objetiva-se demonstrar a aplicabilidade
prática dos conceitos até então explicitados. Os valores empregados são hipotéticos,
porém revelam objetivamente, a partir de informações reais, a situação que se
pretende demonstrar, que é a vantagem do emprego da remuneração variável por
empresas que utilizam o método de lavra mecanizada com conjunto mecanizado.
A lógica do modelo está fundamentada nos nove anos de pesquisa
durante os serviços prestados pelo autor deste trabalho a uma empresa do setor
carbonífero do Estado de Santa Catarina, período no qual as informações foram
coletadas para fins de estudo e proposição de melhorias no setor.
Para a aplicação desta proposta, foram definidas etapas relevantes, as
quais representam uma seqüência lógica de ações para implementação da
remuneração variável. A primeira tarefa consiste em definir a equipe de trabalho. A
esta cabe definir objetivos e metas, indicadores de desempenho, forma de
recompensa, analisar os resultados e propor a divisão dos ganhos.
4.1 Definição da Equipe de Trabalho
59
Para implementar o modelo faz-se necessária a composição de uma
equipe de trabalho multifuncional que tenha profundo conhecimento do processo
produtivo e que represente os interesses da empresa. Esta equipe pode ter a
seguinte composição:
 Responsável pelo setor produtivo: engenheiro de minas;
 Responsável pelo setor de manutenção: engenheiro mecânico;
 Analista de custos: administrador;
 Responsável pelo departamento de recursos humanos: técnico;
 Supervisor de produção: técnico;
 Supervisor de manutenção: técnico;
 Operador de máquina escolhido por seus pares.
4.2 Definição de Objetivos e Metas
 Objetivo: reduzir custos variáveis através da remuneração variável da
mão-de-obra.
 Meta: reduzir os itens de custos variáveis como no exemplo
demonstrado no quadro 3. O estabelecimento de metas deve estar
fundamentado em diagnósticos precisos e reais, que permitam a
detecção do potencial de redução dos custos variáveis, para que sejam
fixados valores exeqüíveis, que sem dúvida contribuem positivamente
como elemento de motivação para o sucesso do modelo proposto.
60
Itens
Percentuais
Bits e brocas de perfuração
5%
Óleo hidráulico
10%
Mangueira e acessórios
10%
Pneu e acessórios
5%
Bits de cortadeira
5%
Dinamite e acessórios
3%
Esteira do loader
3%
Cabo elétrico
5%
Quadro 3 –Exemplo de estabelecimento de metas.
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
4.3 Composição dos Indicadores de Desempenho
Nesta etapa é necessário que sejam realizados levantamentos históricos
dos indicadores quantitativos que servirão de parâmetro para análise comparativa,
ou seja, serão os elementos de referência para avaliação dos resultados do modelo
proposto. A precisão destes indicadores é que permitirá uma análise precisa dos
resultados.
Assim, sabendo-se que o ambiente de produção no processo de extração
de carvão mineral no subsolo é instável, porém conhecido, é necessário que para
cada condição de lavra sejam definidos indicadores com valores específicos. Tomese como exemplo o trajeto a ser percorrido pelo schutle-car, que pode ser plano ou
com ondulações e inclinações acentuadas, caracterizando claramente condições
diferenciadas para a execução da mesma atividade e que reflete significativamente
61
no custo da operação. Portanto, há necessidade de que sejam apurados valores
diferenciados para os indicadores em cada condição de trabalho.
Serão apresentados a seguir indicadores específicos de cada item de
custo variável que servirão como referencial para a apuração dos resultados do
modelo proposto. Cabe ressaltar que os números que irão compor os indicadores
são hipotéticos, servindo apenas para exemplificar o modelo.
Para a composição do indicador é necessário que se levantem dados que
irão compor uma fórmula matemática, como poderá ser observado nos exemplos
que serão utilizados na seqüência do trabalho.
Os itens que serão apresentados a seguir e que receberão indicadores
específicos, são os mesmos que já foram citados em etapas anteriores.
a) Bits e brocas de perfuração: Para estes itens é sugerido que se utilize
o indicador “
reais gastos para cada metro linear furado (R$/M.L.F.)”
,
pois através do mesmo vincula-se o consumo do item à produção da
máquina, tornando com isso o indicador bastante confiável. No quadro
4 pode-se observar um exemplo de levantamento de dados para a
composição do indicador.
Item
 Unidades de bits de cortadeira consumidas em
Quantidade
 200
Janeiro
 Preço unitário de compra do bits de perfuratriz de
 R$10,00
frente
 M.L.F. pelas perfuratrizes de frente no mês de
 20.000
Janeiro
Quadro 4: Levantamento de dados para composição do indicador
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
62
Uma vez efetuado o levantamento, aplicam-se os dados na fórmula
apontados no quadro 5, resultando finalmente no indicador desejado.
Fórmula = (nº de bits consumidos x preço unitário de compra) / M.L.F.
 Indicador = (200 x R$ 10,00) / 20.000
 Indicador = R$ 0,10 / M.L.F.
Quadro 5: Fórmula para composição do indicador
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
b) Óleo hidráulico: Para perfuratrizes de teto e de frente é sugerido que
também se utilize o indicador “
reais gastos para cada metro linear
furado (R$ / M.L.F.)”
. Para loader, schutle-car e alimentador o
indicador mais adequado é o que vincula o consumo do item à
tonelada de carvão movimentada por cada máquina. Portanto, tem-se
R$ / tonelada de carvão bruto. No quadro 6 pode-se observar um
exemplo de levantamento de dados para a composição do indicador.
Item
 Litros de óleo hidráulico consumidos pelo
Quantidade
 1.000
schutle-car no mês de Janeiro
 Preço unitário de compra do óleo hidráulico
 R$ 2,00
 Toneladas de carvão bruto transportadas
 10.000
pelo schutle-car no mês de Janeiro
Quadro 6: Levantamento de dados para composição do indicador
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
Uma vez efetuado o levantamento, aplicam-se os dados na fórmula
representada no quadro 7, resultando finalmente no indicador desejado.
Fórmula = (nº de litros consumidos x preço unitário de compra) / tonelada de
carvão bruto
 Indicador = (1.000 x R$ 2,00) / 10.000
 Indicador = R$ 0,20 / tonelada de carvão bruto
Quadro 7: Fórmula para composição do indicador
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
63
Para cortadeiras a linha de raciocínio é a mesma, apenas substituindo-se
a tonelada de carvão bruto pelo número de cortes realizados pela máquina;
c) Mangueira e acessórios: Para estes itens também se utiliza o critério
de vincular o consumo do item a produção da máquina, de forma
idêntica ao item óleo hidráulico;
d) Pneu e acessórios: Para o schutle-car permanece o indicador “
R$ /
tonelada de carvão bruto”e para a perfuratriz de teto se estabelece um
novo indicador, substituindo-se os metros lineares furados pelas horas
trabalhadas da máquina;
e) Bits de cortadeira: Para este item o indicador mais adequado é o que
vincula o consumo do item ao número de cortes realizados pela
cortadeira, ou seja, “
R$ / cortes”
;
f) Dinamite e acessórios: O desmonte deve ser avaliado pelo indicador
“
R$ / tonelada de carvão bruto”
;
g) Esteira do loader: Como o loader é uma máquina que movimenta
carvão bruto, fica claro que o indicador para este item deve ser o que
vincula o seu consumo à quantidade de carvão bruto movimentado
pela máquina, ou seja, “
R$ / tonelada de carvão bruto”
;
h) Cabo elétrico: Para mensurar o item cabo elétrico do schutle-car a
sugestão é que mais uma vez se vincule o consumo do item à
quantidade de carvão movimentada pela máquina, estabelecendo-se
com i
sso,oi
ndi
cador“
R$/t
onel
adadec
ar
v
ãobr
ut
o”
.
64
4.4 Forma de Recompensa
Uma vez estabelecidos os indicadores de desempenho e seus respectivos
parâmetros para análise comparativa, faz-se necessário que a equipe de trabalho
defina o critério da partilha dos resultados positivos, que devem ser alcançados com
a implantação do modelo.
A sugestão é que cada real, que comprovadamente represente através
dos indicadores de desempenho anteriormente citados redução dos custos variáveis,
seja dividido entre a empresa e a mão-de-obra envolvida.
Além disso, recomenda-se prudência quanto à parcela que ficará para a
empresa, a qual não deve ser superior a 50%, para que não seja criada uma
condição que possa tornar a mão-de-obra envolvida desmotivada. O quadro 8
apresenta um exemplo de critério de divisão de ganho.
CRITÉRIO DE DIVISÃO DO GANHO
 40% será para a empresa
 60% para a mão-de-obra envolvida
Quadro 8: Critério de divisão de ganho
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
4.5 Análise dos Resultados
Nesta etapa é feita a análise comparativa entre o indicador de
desempenho, que representa a situação atual após a implantação do modelo
65
proposto, e a situação anterior. Se a diferença for maior que zero, significa que
houve redução de custos. Assim, diante da confirmação da redução, transforma-se a
mesma em valores monetários.
Para que seja efetuada a análise dos resultados é necessário que se
identifique todos os elementos que a compõem, de forma que a mesma possa
retratar fielmente a realidade. Além disso, faz-se oportuna a apresentação de um
exemplo para fixar o desdobramento citado anteriormente. O quadro 9 demonstra
um exemplo de identificação dos elementos para composição da análise.
Item
Especificação
 Item de custo variável
 óleo hidráulico
 Máquina envolvida
 perfuratriz de frente
 Período da análise
 mês de Janeiro
 Metros lineares furados no período da
 20.000
análise
 Indicador de desempenho referente ao
 R$ 0,5 / M.L.F.
período da análise
 Parâmetro para análise comparativa
 R$ 0,7 / M.L.F.
Quadro 9: Elementos para composição da análise
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
O quadro 10, por sua vez, exemplifica a análise dos resultados com base
nos elementos identificados anteriormente.
Item
Especificação
 Situação atual
 R$ 0,5 / M.L.F.
 Situação anterior
 R$ 0,7 / M.L.F.
 Redução de custo
 R$ 0,2 / M.L.F. x 20.000 M.L.F.
 Redução de custo
 R$ 4.000,00
Quadro 10: Análise dos resultados
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
66
4.6 Divisão do Ganho
Esta etapa consiste na partilha da redução de custo entre a empresa e a
mão-de-obra envolvida através do critério de divisão de ganho previamente definido.
A parcela que cabe à mão-de-obra deve ser dividida entre os envolvidos, resultando
em uma remuneração adicional individual. No quadro 11 temos um exemplo da
divisão do ganho utilizando a análise dos resultados já apresentada:
Item
Especificação
 40% para a empresa
 R$ 1.600,00
 60% para a mão-de-obra envolvida
 R$ 2.400,00
 Número de pessoas envolvidas
 10
 Remuneração
adicional
para
cada
 R$ 240,00
pessoa envolvida
Quadro 11: Divisão do ganho
Fonte: Dados hipotéticos para fins de exemplificação
Deste modo, verifica-se que o modelo proposto está subdividido em seis
etapas, as quais iniciam com a definição da equipe de trabalho e culminam com a
divisão do ganho, tanto para a empresa como para os colaboradores envolvidos. O
referido modelo foi estruturado com intuito de demonstrar a possibilidade de redução
dos custos variáveis, explicitando para a empresa que os resultados podem ser
alcançados através do emprego da remuneração variável. Portanto, o mesmo tornase uma ferramenta muito importante para a otimização do processo produtivo, além
de proporcionar uma relação de parceria muito forte entre empresa e mão-de-obra,
onde ambos se beneficiam.
67
Para maior clareza sobre o que se pretende, apresenta-se o quadro 12, o
qual sintetiza o modelo proposto, permitindo a visualização da seqüência das
variáveis que o compõem, bem como suas descrições.
Ordem
1
Variáveis
 Etapas do processo de
produção
2
 Composição dos custos
variáveis
3
 Relação entre mão-de-obra
e custos variáveis
4
 Equipe de trabalho
Descrição
 Detalhamento para explicitar suas
características específicas
 Seleção dos itens mais significativos nas
etapas do processo de produção
 Detecção de como a mão-de-obra
interfere em cada item de custo variável
 Definição da equipe para implementação
do modelo
5
 Objetivos e metas
 Definição que se pretende alcançar
6
 Indicadores de desempenho
 Identificação dos indicadores específicos
para cada item de custo variável
7
 Forma de recompensa
 Definição do critério de divisão de ganho
entre empresa e mão-de-obra
8
 Análise dos resultados
 Identificação dos elementos para a
composição da análise
 Análise
9
 Divisão do ganho
 Identificação da parcela que cabe à
empresa
 Identificação da parcela que cabe à mãode-obra envolvida
 Definição da remuneração adicional para
cada participante
Quadro 12: Síntese do modelo proposto
Fonte: Modelo Proposto
68
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As constantes exigências do mercado fazem com que as empresas
busquem insistentemente aperfeiçoar seus métodos de trabalho, para poderem
disponibilizar produtos e serviços com qualidade e preços competitivos. Neste
cenário também estão inseridas as empresas carboníferas.
Portanto, diante deste contexto é que foi estruturado este trabalho, com o
intuito de discutir a redução dos custos no processo de extração de carvão mineral
de subsolo, tendo como principal objetivo a redução dos custos variáveis através da
remuneração variável da mão-de-obra. Para alcançá-lo, foi proposto um modelo de
remuneração variável. A formulação deste fundamentou-se teoricamente através da
revisão de literaturas referentes à evolução das empresas, custos e mão-de-obra.
O modelo proposto foi estruturado a partir da identificação dos itens de
composição dos custos variáveis nas etapas do processo produtivo, bem como a
influência da mão-de-obra no consumo dos mesmos; culminando com a
apresentação de um processo de remuneração variável aplicável à atividade de
extração de carvão mineral de subsolo através da lavra mecanizada com conjuntos
mecanizados.
Esta proposta sinaliza uma alternativa que as empresas carboníferas
podem adotar para minimizarem seus custos de produção. A aplicabilidade do
modelo se dá a partir de ajustes em função das características de cada empresa,
tornando-se viável quando da necessidade de redução dos custos variáveis, o que é
a busca de toda entidade com fins lucrativos.
69
Diante disso, recomenda-se às empresas, que insistentemente busquem
ferramentas que proporcionem a melhoria contínua de seus processos, sempre
aumentando o grau de satisfação de seus funcionários. Além disso, é importante
destacar que do nível de qualidade desta parceria pode resultar o sucesso ou
fracasso de qualquer empreendimento.
Por fim, cabe afirmar que este trabalho proporcionou a oportunidade de
aprofundar conhecimentos sobre o processo de extração de carvão mineral e
principalmente desenvolver questionamentos e confirmar impressões sobre os
custos variáveis e a mão-de-obra, que são dois elementos fundamentais deste
processo e que estão estreitamente ligados em função das características do
mesmo, culminando no modelo proposto e recomendado diante do estudo realizado.
70
REFERÊNCIAS
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Porto Alegre: Bookman, 2002. 203 p.
BRUNI, Adriano Leal. Gestão de Custos e Formação de Preços: com aplicação na
calculadora HP 12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2004. 551 p.
CARBONÍFERA METROPOLITANA. Método de Mineração. Disponível em
http://www.carboniferametropolitana.com.br/defalt.htm. Acessado em 12/abr/05.
COOPERS & LYBRAND. Remuneração Estratégica. São Paulo: Atlas, 1996. 208 p.
DUTRA, René Gomes. Custos: Uma Abordagem Prática. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2003. 394 p.
JOHNSON, H. Thomas; KAPLAN, Robert S. A Relevância da Contabilidade de
Custos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1996. 239 p.
LEONE, George S. Guerra. Custos: Planejamento, Implantação e Controle. São
Paulo: Atlas, 1981.
MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Makron Books, 2001. 193 p.
MÜLLER, Antônio Alberto et al. Perfil Analítico do Carvão. Porto Alegre: DNPM,
1987. 140 p.
ZIMPECK, Beverly Glen. Administração de salários. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1990.
346 p.
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CUSTOS VARIÁVEIS NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE CARVÃO