Condutor - Outubro de 2002
CONDUTOR
Número 95
Órgão Representativo do Centro de Engenharia Elétrica
O Curso
Cooperativo
Tire as últimas dúvidas sobre
o formato do curso cooperativo
e como funciona o sistema
quadrimestral do coop antes da
escolha de ênfase.
A Revolução de 1932 e a
Escola Politécnica
Projeto
Mapcom
Conheça o projeto de
Mapeamento de Competências,
uma iniciativa da Associação de
Engenheiros Politénicos que
cadastra os politécnicos depois
de formados, criando uma rede
de contatos com aqueles que já
estudaram na nossa escola,
independentemente de onde
estejam, para quando precisarmos encontrar alguém da
poli no mercado de trabalho.
Copa elétrica
Saiba mais sobre a participação da Poli na Revolução
Constitucionalista, as conseqüências para a Escola e como aqueles
politécnicos ajudaram na luta contra um governo ditatorial sem
constituição, o inimigo da liberdade, e pagando até com a vida a
afronta ao governo de Getúlio Vargas.
Nada é tão
novo...
...nada é tão
velho
Outubro de 2002
III Valvulada
Saiba como foi a III
Valvulada na tempestade do
dia 20 de setembro, veja as
fotos das bandas que tocaram
e leia detalhes do nosso festival
de bandas da elétrica, que
aconteceu mesmo debaixo de
chuva. Quem ficou para
conferir não se arrependeu.
Nesta edição:
Informa
CEE
Curso Cooperativo
Mapcom
Valvulada
Poli na Revolução de 32
OR
Ska
UT
D
IN
Como está a copa elétrica?
Veja na nossa sessão de esportes
e confira quais os times que irão
disputar as finais e depois
participe da premiação no dia
11 às 18h, junto com a festa de
inauguração da churrasqueira no
CEE.
Depois de duas edições com
bandas de décadas passadas, um
artigo sobre algumas bandas que
vêm tomando espaço no cenário
musical nos últimos anos, e
consquistando o gosto das novas
gerações de ouvintes de música
no mundo.
Um estilo que influênciou
tanto a música moderna não
poderia passar sem um artigo no
Indutor. Algumas linhas sobre o
Ska, ritmo jamaicano que deixou
muitas marcas nos mais variados
estilos e influênciou muitas
bandas de nossa geração.
1
R
BandasUNovas
TO
IND
OR
Copa elétrica
UT
IND
Isolante
2
Condutor - Outubro de 2002
Sim, temos finalmente mais
uma edição do condutor. E
novamente
gostaria
de
agradecer a todos que enviaram
o texto e viabilizaram mais uma
edição do nosso jornal. Nesta
edição, temos uma matéria
muito interessante que trata
sobre a participação da Poli na
revolução de 1932; apesar dos
efeitos dessa revolução terem
ficado aquém das expectativas
dos paulistas, muitos deram suas
vidas num momento pós-golpe
acreditando nos ideais pelos
quais lutavam. Para o pessoal do
segundo ano, o artigo sobre o
curso Cooperativo é muito
interessante de ser lido antes da
escolha de ênfase. No mais,
tenham uma boa leitura, e
espero que vocês gostem desta
edição.
Prof. Orsini
80 anos
O
professor
Orsini
completou 80 anos do dia 10
de setembro desse ano. A data
foi comerada com uma modesta
festa na lanchonete da elétrica,
que, por melhor que fosse, não
há
festa
que
consiga
homenagear esse professor e a
importância que ele tem para a
engenharia elétrica no Brasil.
Expediente
Informa
Finalmente a churrasqueira
está pronta
CEE
Será realizada durante os
meses de outubro e novembro
ação beneficente em prol do
Grendacc - Grupo Em Defesa
da Criança com Câncer. O CEC,
o CAFB - C.A. Farmácia e
Bioquímica e o CEE participarão
da coleta de doações e da
grande festa 29/11, sexta:
“Forró
Beneficente
do
Grendacc”. Informações com a
Joaninha, da Far mácia:
[email protected].
JDF
Reuniões
estudantis do
IEEE
Finalmente temos uma churrasqueira para os alunos da
engenharia elétrica e engenharia de computação utilizarem. Depois
de mais de um ano de novelas, finalmente conseguimos fazer este
projeto se tornar realidade. Para poder usar a churrasqueira, deverá
ser feita reserva (só para evitar conflito entre usuários) com a
Luana.
Agradecimento
War II
Agradeço a todos os alunos,
professores e funcionários pela
ajuda que recebi nessa hora tão
difícil que passei. Que as suas
alegrias sejam tão grandes quanto
a bondade que vocês me
ofereceram na hora em que eu
mais precisei.
Para quem gosta deste
velho jogo de estratégia, o
centrinho tem a disposição um
jogo de WAR II dos alunos.
Mate a saudade desse bom
jogo que depois de tanto
tempo ainda é apreciado por
muitos. Mas venha com
tempo de sobra, porque quem
joga sabe que uma partida
demora.
Muito Obrigado.
Reinaldo Comerço
Aconteceu neste fim de
semana na Universidade Federal
de Juiz de Fora-MG a primeira
RNR-Reunião
Nacional
de“Ramos Estudantis do IEEE”,
entre os dias 26 e 29 de
setembro, da qual participaram
estudantes de todo o Brasil e
inclusive alunos da Poli
membros do IEEE. Na próxima
semana acontecerá em Bogotá
(Col) a VI Reunião Regional de
Ramos da Região 9 (América
Latina). Maiores detalhes sobre
a atividade do IEEE podem ser
obtidos com André Ribeiro
"Magrão"([email protected]),
Damião ([email protected]) ou
Paulo
Alexandre
Calil
([email protected]).
JDF
Tiragem: 3000 exemplares
O CONDUTOR é um espaço livre para
opiniões e pensamentos de todos os
Editor
Claudio
“Salsicha”
Cervelin
(4!
alunos e professores. A equipe de
Rogério “Koshas” Yonemura (4! Energia)
Energia)
edição e o CEE não se responsabilizam
pelo conteúdo e/ou teor dos artigos
Revisão
Dalmo Guedes “Hobbit” de
assinados
neste veículo, cabendo os
Luana Wilke Moreira (1o. Letras)
Oliveira (4! Sistemas)
ônus aos autores dos textos.
CONDUTOR 95-Outubro/2002
Evento
Beneficente
CEE
Editorial
Isolante
Centro de Engenharia Elétrica
AssociaÁ„o dos Alunos de Engenharia ElÈtrica
Gestão: ATENSÃO 2002 Presidente: Marcelo “Boituva” Vieira de Moraes Vice-Presidente: Renata Fontes Leite
“Renata Loira” Tesoureiro: Leonardo “Milhouse” Nantes Secretária Geral: Renata Duarte Mendes“Renata Noel”
Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 158 - Cidade Universitária – SP – CEP: 05508-900
Tel: 3091-5451 na internet: www.cee.poli.usp.br e-mail:[email protected]
cONDUTOR
[email protected]
Colabore com o
Visite o
CONDUTOR ONLINE
:
na
Internet:
http://cee.poli.usp.br/novocee/
condutor/
Notícias, Condutores Antigos
Condutor - Outubro de 2002
3
O Curso Cooperativo de Computação na Poli
Diego M Dela Corte, representante de classe do Coop2004
e-mail: [email protected]
A vida é feita de muitas
escolhas. Depois de escolher a
Poli e depois de escolher a
elétrica, o segundo-anista ainda
tem que escolher a ênfase
dentro da elétrica. Bom, os
bixos da elétrica devem estar
cansados de saber disso.
O mais importante na hora
da decisão é ir atrás do que se
gosta, e não de uma tendência
do mercado. É impossível prever
como o mundo estará daqui a
três, quatro anos, mas se o
formando sai da faculdade sendo
bom naquilo que faz (e
gostando!),
aumenta
a
probabilidade de uma maior
satisfação pessoal e uma melhor
colocação no mercado de
trabalho.
Um exemplo do porquê as
escolhas não podem ser feitas
pela “moda” do momento. Há
alguns anos a tendência era a
computação e, portanto, este
era o curso mais concorrido
dentro da elétrica. Mas com o
desaquecimento do mercado, a
falência de inúmeras empresas
pontocom e outros fatores
fizeram o interesse pelas ênfases
de computação diminuir. Nos
últimos anos a grande
coqueluche da elétrica foi a
ênfase de telecomunicações.
Com a grave crise que
assola este setor
atualmente,
acredito
que este
interesse
p o d e
a c a b a r
diminuindo.
M i n h a
missão aqui não é
dizer qual curso é melhor
ou
pior, porque eu considero todos
os cursos da Poli bons
(principalmente na elétrica) e a
opção é simplesmente por um
gosto pessoal. Inclusive para os
que querem computação, a
escolha entre semestral e
cooperativo vai depender do
seu estilo de vida. Nenhuma
delas tem mais status, nenhuma
delas é melhor.
Com currículos bastante
semelhantes, os
c u r s o s
semestral e
quadrimestral de
Engenharia
de Computação diferem,
principalmente,
na
agenda
escolar. Sim, o
Coop tem aula
nas férias, em
janeiro, julho.... Mas
acredite, mesmo quem é do
semestral começa a estagiar em
algum momento e também
acaba “perdendo” as férias. E
é bom se convencer, as férias
vão ficando cada vez mais
escassas para os alunos de
qualquer ênfase...
A diferença do cooperativo
é a maior organização e
estruturação das tarefas. Após os
quatro módulos de estágio
previstos no curso, o engenheiro
de computação do quadrimestral
sai com uma grande experiência
para o mercado de trabalho e o
mais importante: muitos, muitos
contatos.
Imagine os contatos que você
fará nas empresas onde fará seus
estágios. Agora some com os
contatos entre os colegas, porque
a turma do Coop é mais unida, e
certamente de lá sairão alguns
CIOs (ou até um CEO). Bastante
interessante, hein?!
Portanto, segundo-anista,
quando chegar a hora da opção,
faça a decisão baseado em VOCÊ,
não no mercado nem no glamour
de alguma ênfase.
Você exercerá a profissão de engenheiro?
Engº Geraldo Burani
Coordenador do Programa Bolsa de Estudos da AEP
A AEP – Associação dos
Engenheiros Politécnicos vêm
pesquisando há muito tempo
como os politécnicos estão
posicionados no mercado de
trabalho. Constatou que do seu
quadro associativo – cerca de
21.000 politécnicos:
-30,6% são diretores/
sócios/ proprietários de
empresa;
-11,6% são consultores/
profissionais liberais;
-10,0% são gerentes de
divisão / departamento.
Sendo que um terço dos
politécnicos não exercem a
profissão de
engenheiro por
diversos motivos:
entraram para o
m e r c a d o
financeiro,
dirigem negócios familiares,
gerenciam departamentos de
vendas/marketing
ou
escolheram outra profissão.
Atualmente o número de
recém-formados que exercem
funções de administradores,
economistas, profissionais de
marketing/
vendas vêm
crescendo!
Diante da
realidade de
m u i t o s
politécnicos competirem por
uma vaga no mercado de
trabalho não somente com
engenheiros
de
outras
faculdades,
mas
com
administradores e economistas da
FEA, FGV e até publicitários da
ESPM, a AEP se mobilizou para
auxiliar os novos politécnicos na
difícil decisão de definir o início
de suas carreiras, oferecendo a
todos os for mandos o
mapeamento de competências (Projeto POLI
MAPCOM). Através deste
instrumento será mais fácil
descobrir e desenvolver suas
habilidades e talentos...seja qual
for sua opção!
4
Condutor - Outubro de 2002
Música debaixo de chuva
André Ribeiro - 4o. Controle
Aislan Foina - 3o. Sistemas
do público que, fiel ao evento,
aproveitou todo o potencial e se
divertiu à beça mesmo tomando
gotas na nuca.
O palco foi montado
pontualmente duas horas após
o previsto, às 20:30, com
aprovação
da
instalação do
equipamento que
s e g u i u
todas as
regras de
segurança
previstas
no IEEE
STD 666
de como
f a z e r
gambiarras
Flor de Vinil
( v i d e
podreira na vertente musical isolante, ou melhor fita crepe).
Poucos BOOMs ocorreram,
podre atual.
A festa foi regada a muita houve um blackout local que
cerveja e muita água... Muita atingiu apenas a região oeste do
água mesmo(choveu pra estado, e a tão esperada queima
caralho!-vide isolante), ficamos de ... amplificadores no meio do
impressionados com a presença show. Sensacional, foi um
A terceira edição do mais
tradicional encontro de bandas
da elétrica contou com a
presença de mais de 7 bandas
da engenharia elétrica dos mais
variados estilos, indo desde
alanis até o que tem de mais
MonkeyBrain
espetáculo, tinha fumaça para
todos os lados!
Desconsiderando os detalhes
técnicos, todos os objetivos
foram atingidos, apesar dos
erros de paralaxe, o show teve
seu começo, meio,chuva,
meio,chuva.
meio,
chuva,começo chuva, fim, meio
chuva e finalmente acabou,
Acreditamos que os sons
emitidos e a baba escorrendo são
sinais de aprovação.
Gostaríamos se agradecer a
todos os participantes e aos
valentes
e
corajosos
espectadores que resistiram ao
tempo e à água, enfrentando a
natureza para assistir ao maior
Rapantes
pontualmente as 5 da manhã,
com o bis triplo da banda final.
As impressões do evento
foram variadas. Segundo um dos
participante escolhido aleatoriamente para responder
nossa pergunta, o festival foi
praticamente um woodstock,
porém, segundo membros da
equipe técnica diversas
afirmações não compreessíveis
foram feitas, seguindo abaixo
uma delas:
O que o senhor achou do
evento?
“-zzzzzzz...”
De qual banda o senhor mais
gostou?
- zzzzzzzzzz...”
O senhor está acordado?!?
- Uh? Zzzzzzzzzzzzz
e melhor festival de bandas que
o CEE organiza.
O Nobre Entrevistado
Condutor - Outubro de 2002
5
Os participantes da brava expedição contra a chuva
Aislan Gomide Foina - 3o. Sistemas
saber que não dá certo) e
abrindo caminho para que as
outras bandas não tivessem tanto
receio de tocar e poder realizar
mais uma edição da valvulada,
que vem a três anos resisitindo
à chuvas (sim,
a primeira e a
s e g u n d a
valvulada
f o r a m
marcadas pela
chuva no dia
do evento,
tanto que na
primeira
valvulada
tivemos que
recolher o
equipamento
às pressas pois
Fugindo da Seca
a lona que
elétrica do palco se tornou cobria o palco rompeu com a
praticamente inviável até as chuva). Um destaque que não
20h30 (o início estava marcado pode passar em branco, é a
para as 18h). O que dizer então banda Flor de Vinil, que tinha
da primeira banda, os Rapantes, como vocalista uma mulher, esse
que arriscou estrear combinando ser tão desconhecido pelos
eletricidade e água (não precisa politécnicos, que desperta lendas
ser formado em Potência pra e mistérios na mente daqueles
Todo grande feito demanda
a presença de heróis, e não tem
como pensar de outra forma
quando se pensa em um festival
de bandas no meio da chuva tão
forte que a montagem da parte
que fazem parte dessa escola.
Mas falando sério, muitos
gostaram
dessa
banda,
Tequila con Bolachitas
principalmente os fãs de Alanis
Morissete (obviamente a banda
tocou covers dela). Tivemos
QSoul
Cova Rasa
Rapantes) e as duas últimas
(Fugindo
da
seca
e
MonkeyBrain) agradaram aos
também bandas de rock clássico
tocando estilo Deep Purple e
Dire Straits representados pela
banda Tequila con Bolachitas. E
o que seria de um festival de
bandas da poli sem bandas punk
tocando? A primeira banda (Os
adeptos do estilo.Teve também
uma banda de Trash (que contou
com a participação do Magrão
e o Zoca), O
Cova Rasa,
t o c a n d o
m ú s i c a s
próprias
e
covers
do
Sepultura. E
claro,
não
poderíamos
deixar de citar
a QSoul, a
única banda
com um estilo
não manjado
na elétrica,
trazendo
variedade à valvulada ao tocar
Soul Music. Enfim, a III Valvulada
foi um evento muito legal, pena
que muita gente perdeu esse
grande evento, mas contamos
com a sua presença na IV
Valvulada no ano que vem.
6
Condutor - Outubro de 2002
Heróis Politécnicos na Revoluçã o
Carlos “Caê / Óla” Paiola – 4o. Controle
[email protected]
Granadas de mão, capacetes, munição de
infantaria, mapas e binóculos, máscaras antigases, bombas aéreas, morteiros leves e
pesados, lança-chamas: uma nova super
produção hollywoodiana?
Não. Escola Politécnica,
1932.
Assim descrevia a
Revista Politécnica os
acontecimentos da época: “A
9 de julho de 1932
irrompeu neste estado um
grande movimento armado,
animado do mais puro
idealismo,
sob
as
aclamações calorosas de
crianças, de moços e de
velhos, sublevação heróica,
com o incondicional apoio
de ricos e pobres, homens e
mulheres. E a nossa Escola,
através de todo o seu corpo
docente e discente, unânime
e coesa, apressou-se em
hipotecar completa e
irrestrita solidariedade ao
movimento
assim
deflagrado.”
E assim foi
feito. A Politécnica entregavase de corpo e alma ao
movimento constitucionalista, engajando-se na
política e na construção de armas e outros
artefatos úteis à guerra, contra a ditadura de
Getúlio Vargas.
Durante os cansativos três meses do
conflito a rotina da Escola transformou-se.
Laboratórios eram utilizados para o estudo e
fabricação de perigosos explosivos, mesmo
sem o conhecimento perfeito de seu
velocidade, produzia-se tremendo ruído,
semelhante ao de uma metralhadora.
Mas nem todos conseguiram conter-se
diante da situação. Alguns alunos chegaram a
se alistar como soldados rasos
em vez de se engajar nas
atividades da Escola. Por
iniciativa do grêmio foi
organizado o batalhão
“Caçadores de Piratininga”,
do qual o primeiro pelotão era
formado por politécnicos. Há
registro de que eles se
rebelaram e desobedeceram
as ordens da comissão de
professores da escola, que de
posse de uma requisição do
Q.G., tencionava impedir a
sua partida para o front,
alegando que seus serviços
seriam mais úteis no Serviço
de Engenharia da Força
Pública do estado.
Ao lado de outros 135
mil paulistas, os politécnicos
lutaram incansavelmente.
Mas, no dia dois de outubro,
sem armas, sem munição e
O Pelotão Caçadores de Piratininga
sem o apoio de outros
estados, São Paulo foi
iminência de uma explosão fatal, obrigado a render-se às forças de Vargas.
demonstrando puro idealismo e coragem. Entretanto, embora derrotada em armas, a
Vários projetos ousados foram realizados sob revolução paulista conquistou todos seus
a supervisão da Politécnica, como a blindagem objetivos, já que no mesmo dia em que
de trens, veículos terrestres leves e até de uma rebentou o conflito, cedendo à pressão, Getúlio
nomeou
uma
lancha, utilizada para
comissão
de
patrulhar a fronteira
constitucionalização,
com Minas Gerais.
iniciando assim o
Foram
fabricadas
franco declínio do
ainda bombas de
m o v i m e n t o
fumaça, munições
tenentista.
para
fuzis
e
Não posso deixar
metralhadoras (a
de citar ao menos um
Escola chegou a
destes
“Heróis
adaptar máquinas
Politécnicos”,
de parafusos para
engrandecendo meus
tal atividade) e
escritos com seu
lança-chamas,
nome: Clineu Braga
“interessante
de
Magalhães,
arma vomitadora
componente
do
de longa língua
memorável batalhão
de
fogo
à
“14 de Julho”, morto
temperatura de
em combate. Eis o
1700o C”, segundo
relato da Revista
discurso de Alfredo
Um dos blindados construídos na Poli
Politécnica. Outro
Giglio, quando da
engenhoso recurso fabricado foi a matraca, inauguração do monumento em memória aos
aparelho que era composto por uma lâmina politécnicos
mortos
na
Revolução
metálica em contato com uma roda Constitucionalista: “A mocidade acadêmica
dentada; girando a roda em grande tomou parte em todas as fases da Revolução
comportamento e dos acidentes que poderiam
ser provocados. Muitas vezes os politécnicos
tiveram que resolver problemas com os quais
nunca sonharam confrontar-se, sempre à
Condutor - Outubro de 2002
o de 1932
de 32, e continua ativamente no resguardo
das cousas paulistas que se prendam
intimamente aos feitos sagrados daquela
epopéia. Aqui estamos diante dos feitos mais
eloqüentes de nossa guerra, aqui vemos o
dinamismo do paulista na mágica
improvisada do alcance técnico de nossa
engenharia, no tocante ao prolongamento
de uma guerra feita quase sem outra ajuda
que o armamento da inteligência...”
Devíamos nos espelhar nestes bravos,
deixar nosso comodismo de lado e lutar por
aquilo em que acreditamos. Pra quê
estudamos? Apenas para ganhar dinheiro e
adquirir certo status? Eu não quero acreditar
nisso. A Escola Politécnica antigamente
formava, não só engenheiros altamente capazes
de resolver problemas, problemas esses que
poderiam custar a sua própria vida, mas
também
pessoas
cientes
de
sua
responsabilidade como agentes modificadores
da sociedade, que tinham coragem de se
levantar de suas salas de aula, de largar os seus
laboratórios e aplicar todo o conhecimento
adquirido em prol de ideais revolucionários.
Aonde foi parar este espírito? Morreu na
Revolução de 1932?
Tenho orgulho de ser paulista, tenho
orgulho de estudar engenharia e tenho orgulho
de ser Politécnico, sei do meu valor e não me
acho melhor ou pior que ninguém. Apenas
sei de minhas responsabilidades, e, por isso,
darei o quanto sou naquilo que fizer; é o mesmo
que espero de cada um de vocês. Que
possamos nunca desistir de nossos ideais, de
nossa guerra diária, só assim seremos dignos
de ser chamados colegas dos politécnicos de
32 e de cada grande pessoa que marcou esta
Escola.
7
ORAÇÃO ANTE A ÚLTIMA TRINCHEIRA
Guilherme de Almeida
“Agora é o silêncio
É o silêncio que faz a última chamada
É o silêncio que responde:
— Presente” !
Depois será a grande asa tutelar de São
Paulo — asa que é dia e noite e sangue e estrela
e mapa — descendo, petrificada, sobre um
sono que é vigília.
E aqui ficareis, Heróis-Mártires plantados,
firmes: — para, sempre, neste santificado
torrão de chão paulista.
Para receber-vos, feriu-se ele da máxima
de entre as únicas feridas, na terra, que nunca
se cicatrizam, porque delas uma imensa coisa
emerge e impõe-se que as eterniza.
Só para o alicerce, a lavra, a sepultura, e a
trincheira se tem o direito de ferir a terra.
E, mais legítima que a ferida do alicerce,
que se eterniza na casa, a dar teto para o amor,
a família, a honra, a paz.
Mais legítima que a ferida da lavra, que se
eterniza na árvore a dar lenho para o leito, a
mesa, o cabo da enxada, a coronha do fuzil;
mais legítima que a ferida da sepultura, que se
eterniza no mármore a dar imagem para a
saudade, o consolo, a benção, a inspiração,
mais legítima que essas feridas é a ferida da
trincheira, que se eterniza na Pátria a dar a
pura razão de ser da casa, da árvore e do
mármore.
Este cavado trapo de terra — corpo místico
de São Paulo, em que ora existis,
consubstanciados, mais que corte de alicerce,
sulco de lavra, cova de sepultura, é rasgão de
trincheira.
E esta, perene que povoais, é a nossa
última trincheira.
Esta é a trincheira que não se rendeu,
a que deu à terra o seu suor,
a que deu à terra a sua lágrima,
a que deu à terra o seu sangue!
Esta é a trincheira que não se rendeu,
a que é nossa bandeira gravada no chão,
pelo branco do nosso Ideal,
pelo negro do nosso Luto,
pelo vermelho do nosso Coração.
Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que, atenta, nos vigia;
a que, invicta, nos defende;
a que, eterna, nos glorifica!
Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que não transigiu,
a que não esqueceu,
a que não perdoou!
Esta é a trincheira que não se rendeu:
Aqui a vossa presença, que é relíquia,
transfigura e consagra num altar,
para o vôo, até Deus da nossa fé!
E, pois, ante este altar, alma de joelho,
a voz rogamos:
— Soldados santos de 32,
sem armas em vossos ombros, velai por
nós!;
sem balas na cartucheira, velai por nós!;
sem pão em vosso bornal, velai por nós!;
sem água em vosso cantil, velai por
nós!;
sem galões de ouro no braço, velai por
nós!;
sem medalhas sobre o cáqui, velai por
nós!;
sem mancha no pensamento, velai por
nós!;
sem medo no coração, velai por nós!;
sem sangue já pelas veias, velai por nós!;
sem lágrimas ainda nos olhos, velai por
nós!;
sem sopro mais entre os lábios, velai
por nós!;
sem nada a não ser vós mesmos, velai
por nós!;
sem nada senão São Paulo, velai por nós!
INDUTOR
Resenhas e impressões sobre música, cinema, literatura, esportes, enfim, sobre qualquer coisa.
8
Condutor - Outubro de 2002
SKA para quem gosta
Mario Linestevão de Barros - GAE
Talvez nunca os jazzistas da
Jamaica um dia sequer teriam
imaginado
a
repercussão que o
ritmo inventado
por eles teria sobre
a música. Se você
algum dia já ouviu
falar sobre Bob
Marley,
ou
qualquer banda de
reggae, ou até mais
recentemente
sobre Reel Big
Fish, ou se você
gostava daquela
música
do
O f f s p r i n g
“Smash”, você
com certeza já
ouviu parte do legado deixado por esses
músicos. A Jamaica dos anos 50 e 60
foi muito próspera de bons músicos,
influenciados pela música negra norteamericana, principalmente o jazz e o
rhythm’n’blues. Pela própria mutação
musical que qualquer estilo passa, a
música jamaicana sofreu uma grande
mudança aliando o som das big bands
à percussão africana. Isso resultou o
Ska. Uma das grandes bandas
jamaicanas foram os Skatalites. Bob
Marley chegou a gravar com eles. Ao
final dos 60 houve uma queda na
produção das bandas de ska ao mesmo
tempo que surgia um novo estilo, o rock
steady, mais tarde batizado de reggae.
Nos anos 70
e 80 o ska
ressurgiu
na
Inglaterra
misturado ao
punk
rock,
mistura que até
hoje se mantém
fir me. Bandas
como Specials,
Bad Manners e
Madness foram
os
grandes
expoentes da
época.
O
interessante
dessa sinestesia
foi o cunho
político surgido nas letras. Nessa época
surge o “Ska contra o racismo”, tema
freqüentemente abordado por esse
pessoal.
Da Inglaterra, o ska foi
para os EUA.
Bandas como
Toasters,
H e p c a t ,
Mudsharks são
nomes
que
d e r a m
continuidade ao
que estava sendo
feito lá. Mas o
ska tomou
uma
notoriedade tão
forte
que
permitiu que
bandas com influências de outros estilos
também incorporassem o ska, assim
como o punk o fez nos 80. Daí vieram
Reel Big Fish, Save Ferris, Spring
Heeled Jack, Five Iron Frenzy, Less
than Jake, Voodoo Glow Skulls, e
muitas outras, sem contar as bandas que
se influenciaram do ska e que todos já
ouviram falar como Sugar Ray,
Sublime, No Doubt, Offspring, etc.
No Brasil, talvez a banda que mais
tenha divulgado o ska foram Os
Paralamas do Sucesso, desde seu início
até os últimos álbuns. Bandas como
Titãs, Raimundos, Charlie Brown Jr.
e Skank já utilizaram dessa influência.
Mas o ska meio que tomou face como
um movimento a partir dos anos 90
com
as
bandas
Skuba,
Skamoondongos, por exemplo. A
partir daí, mais uma vez, a molecada
que curtia um som alternativo, assim
como foi na Inglaterra nos 80, começou
a ouvir e produzir um ska de qualidade
misturado com outros estilos,
principalmente o hardcore. Dessa
geração temos bandas muito boas e que
se destacam na cena como Sapo Banjo,
Randal Grave, Os Thompsons,
Supersaiajeans, King Kong de Conga,
Pinrudes e Homesick. O que nos resta
fazer é valorizar e curtir o que está
sendo feito
aqui. São
pessoas que
fazem o que
g o s t a m
mesmo sem
ter apoio
algum, tudo
o que essas
b a n d a s
fazem parte
do próprio
bolso. Tudo
isso somente
pelo prazer
de tocar.
Quem
quiser saber
mais sobre as bandas aqui citadas, é
muito fácil achar conteúdo na internet.
As bandas nacionais citadas no final
possuem homepages próprias
contendo mp3 e material multimídia
bastante interessante.
*Este texto foi baseado em uma
edição especial da ShowBizz
Condutor - Outubro de 2002
9
Bandas (nem tão) novas que você deveria conhecer
Thiago da Silva Cavazzana - 3o. Cooperativo
Nas duas últimas edições do Condutor,
estavam presentes matérias sobre duas
bandas dos anos 60 e 70. Nada contra
essas bandas, mas, como vivemos do
presente, acho mais importante
conhecermos as bandas que produzem
trabalhos de alguma relevância hoje.
Abaixo, faço uma lista das bandas
promissoras que surgiram neste ano ou de
bandas que já tem alguns anos de estrada,
mas que provavelmente atingiram seu ápice
de trabalho neste ano.
The Vines – Desde o fim do grunge,
todo ano se procura pelo novo Nirvana.
Os australianos do The Vines ocupam o
posto em 2002. O vocalista Craig Nicholls
é o maior Kurt Cobain wannabe já surgido
desde então. Do disco, Highly Evolved, as
músicas mais lentas são fracas, mas as
pesadas são ótimas, com guitarras
barulhentas e refrões grudentos. Destaque
para ‘Get Free’, ‘The Outtathaway!’,
‘1969’ e a faixa título. Outras
referências: Nirvana, Stone Temple Pilots.
Wilco – A banda está na ativa desde
1994 e é um dos pilares do chamado
alt.country americano. Musicas leves e
complexas são características desta banda,
que podia ser muito bem a banda do Neil
Young desde o ‘Harvest Moon’. Jeff Tweedy
e sua banda são também responsáveis por
uma das melhores histórias de amor à música
dos últimos anos, ao romper com a
gravadora após esta os ter mandado regravar
o disco que, para ela, era suicídio comercial.
Após este rompimento, o disco resultante é
a obra-prima ‘Yankee Hotel Foxtrot’. Difícil
indicar só algumas músicas, mas ‘I’m trying
to break your heart’, ‘Kamera’ e ‘Heavy
Metal Drummer’ vão servir. Outras
referências: Calexico, Neil Young.
estiveram até no Brasil, tocando no RiR3,
quando ficaram mais conhecidos pela banda
cujo baixista tocou sem roupa. Naquele
tempo eles vinham aparados pelo ótimo
disco ‘Rated R’, de 2000. Para 2002, eles
lançaram ‘Songs for the Deaf’, que vem
respaldado pelo Dave Grohl (Nirvana, Foo
Fighters) tocando bateria em TODAS as
faixas. Só por isso já valeria conferir, mas
‘I ain’t worth a dollar, but I feel like a
millionaire’, ‘No one knows’ e ‘Another
Love Song’ são motivos a mais. Outras
referências: ...and you will know us by
the trail of dead, At the Drive-In.
R
O
T
U
D
IN
The Hives – Banda sueca pertencente
a uma onda de bandas nórdicas surgidas
ultimamente, com um pé nos anos 60 e o
outro no punk-rock, os caras são uma lição
E
de estilo, tocando arrumadinhos em cima
do palco. O disco deles é de 2000, nenhuma
musica tem mais de três minutos e meio,
mas só este ano surgiu para o mundo. ‘Die,
All Right!’, ‘Hate to say I told you so’ e ‘The
Hives Declaire Guerre Nucleaire’ são as
musicas que voce precisa ouvir. Outras
referências: The (International) Noise
Conspiracy, The Hellacopters.
E S P O R T E S
Queens of the Stone Age – Esses já
Ash – Trio irlandês que faz
provavelmente o melhor power-pop do
mundo hoje. Guitarras enlouquecidas, com
o vocalista quase berrando por cima da
massa sonora. O último disco deles – ‘Free
All Angels’ – é de 2001, mas eu só o
descobri este ano. As letras muitas vezes
são meio bobas, só que, juntas à melodia
criam pop-songs perfeitas. ‘Walking
Barefoot’ é uma das melhores canções
sobre o verão já escritas. ‘Cherry Bomb’,
‘Nicole’ e ‘There’s a star’ também devem
ser conferidas. Outras referências: JJ72,
Teenage Fanclub.
E S P O R T E S
SE SP P OO RR T TE SE
FINAIS DA COPA ELÉTRICA ANTECIPAM
E S P O R T E S
E S P O R T E S
E S P O R T E S
E S P O R T E S
CHURRASCO DE INAUGURAÇÃO!!
Aconteceram nas últimas semanas as
quartas-de-finais e semifinais da Copa
Elétrica 2002, a mais emocionante dos
últimos tempos.Nas quartas-de-finais, 3
goleadas: do Aedes à Caçadora sobre
osComputoscos (11 a 3), do Fusil em cima
do Sai que é Sua Ojima(7 a 1) e do
Tentáculos em cima do Parax (9 a 1). Só
o Uspernadipau penaram no seu jogo: os
Smurfs perderam por 5 a 4, com um gol
noúltimo minuto.Nas semifinais, o
confronto entre os campeões Fusil (2001)
eTentáculos (2000) resultou num
surpreendente 10 a 1 para oTentáculos,
depois de um primeiro tempo que terminou
em 1 a 0.Já o AedesxUspernadipau foi um
jogo equilibradíssimo: 4 a 4, e2 a 0 na
decisão por penaltis.As finais acontecerão
na próxima terça (dia 8) e quarta(dia 9),
antecipando a Festa de Inauguração da
Churrasqueirado CEE, na qual será feita a
premiação dos times vencedores.
S
10
ISOLANTE
Condutor - Outubro de 2002
De mal com a vida...
Hipocrisia
Sim, apenas uma palavra.... hipocrisia. Quantas vezes você
já se deparou com pessoas que fingem que nem te conhece
pelos corredores de nossa faculdade, ou mesmo você que
finge que não conhece.... será você uma pessoa um pouco
tímida? Ou apenas mais um hipócrita que fala apenas quando
interessa ao seu próprio umbigo?
Situação complicada não é verdade? De difícil
explicação , mas que gira em torno de você que simplesmente
vive em qualquer que seja a região.
Não sou eu, mero ser medíocre, que irá resolver seus problemas, mas que isso as
vezes causa situações inusitadas, isso causa..... você que só fala com aquele nerd na
véspera de prova pra saber se ele tem alguma dica , ou simplesmente pra fazer o
trouxa te explicar toda a matéria antes da prova, afinal você matou todas as aulas
pra ficar jogando sinuca, vendo tv, etc.... e depois da bela demonstração de
solidariedade de seu “querido nerd de plantão” , você até que tira uma nota razoável
naquela prova que “estudou” de véspera, e para agradecer seu “amigo” simplesmente o
ignora pelos corredores. Seu hipócrita!!
São esses os mesmos que zoam com os outros dentro das salas de aulas durante o
semestre, se achando os tais, não sendo meras crianças idiotas que tem tudo o que
querem de mão beijada.... você agora poderia dizer que talvez eu que seria esse ser
zoado que estaria querendo se mostrar ou fazer papel de coitado, mas pelo contrário,
nunca tive esse tipo de problema, sou mal humorado demais para levar desaforo pra
casa... muito menos gozação (opss..)
E falando em ignorar, e aquela mina que te deu um fora e que agora finge que
nem te vê mais quando cruza com você porae, e que talvez até mesmo você esteja
agindo da mesma forma agora..... será hipocrisia da parte de ambos? Ou apenas uma
“troca de gentilezas” (para não dizer c* doce).
Nessas horas de ficar analisando a realidade que nos cerca que me pergunto,
qual será a lógica disso tudo? Vai saber, afinal o ser humano é que existe de mais
facetado nesse mundo, onde a pessoa que você conhece pode agir de maneira mais
estranho ao seus olhos, do que aquele estranho(a) que acabou de conhecer...
Você agir como um hipócrita, ou simplesmente ser você mesmo, ou será que
cometi um erro ao digitar isso, será você mesmo esse hipócrita? Ou será que sou mais
um hipócrita em escrever algumas atitudes que eu mesmo cometo e que considero como
uma hipocrisia?
Poderia escrever um livro de lixo como esse pequeno texto hipócrita, mas acho
que já me confundi todo com essa merda hipócrita que é a realidade que nos cerca de
maneira idiota. :P
Moral da estória 1: esse cara que tá escrevendo essa merda é um hipócrita!
Moral da estória 2: cara, que merda de texto!
Moral da estória 3: pra que discutir hipocrisia? Você nem sabe o que significa
isso mesmo
Moral da estória 4: Por que esse texto tá aqui afinal?
Moral da estória 5: Ainda sem mulher?
A
R
T
E
D
O
D
E
S
O
C
U
P
A
D
O
Condutor - Outubro de 2002
11
!#$&*%$#
!#$&*%$#
!#$&*%$#
!#$&*%$#
O Direito do Foda-se
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões
que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos do povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será
esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
“Pra caralho”, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que “Pra caralho”?
“Pra caralho” tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é
quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do “Pra caralho”, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso
“Nem fodendo!”. O “Não, não e não!” e tampouco o nada
eficaz e já sem nenhuma credibilidade “Não, absolutamente não!” o substituem. O “Nem fodendo” é
irretorquével, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de
maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir
surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo “Marquinhos, presta
atenção, filho querido, NEM FODENDO!”. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar
com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o “porra nenhuma!” atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição
de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar
que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão
com um “É PhD porra nenhuma!”, ou “ele
redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!”. O “porra nenhuma”, como vocês podem ver, nos provê sensações de
incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os
clássicos “aspone”, “chepone”, “repone” e, mais recentemente, o “prepone” - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um “Puta-que-pariu!”, ou seu correlato “Putaque-o-pariu!”, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um
“puta-que-o-pariu!” dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para
se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso “vai tomar no cu!”? E sua maravilhosa e reforçadora derivação “vai tomar no
olho do seu cu!”. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do
suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
“Chega! Vai tomar no olho do seu cu!”. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de
vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de
maior poder de definição do
Português Vulgar: “Fodeu!”. E sua derivação mais avassaladora ainda:
“Fodeu de vez!”.Você conhece definição mais exata, pungente e
arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável
de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez
proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior
de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo
bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve
uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você
fala? “Fodeu de vez!”. Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é
inversamente proporcional à quantidade de “foda-se!” que ela fala. Existe algo mais libertário do
que o conceito do “foda-se!”? O “foda-se!” aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta. “Não quer sair comigo? Então foda-se!”. “Vai querer decidir essa
merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!”. O direito ao “foda-se!” deveria estar assegurado na Constituição
Federal.
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se.
Millôr Fernandes
12
Condutor - Outubro de 2002
Lixeira
do Hobbit
Conclusão do ano 2002
Faça como o *******, copie a conclusão abaixo e garanta já a sua
nota de relatório e passe de todos os laboratórios para o resto de
seus dia na Poli. Resultados testados e comprovados no laboratório
de controle, aprovados pela equipe de desocupados do Isolante!
-Um site de caricaturas
http://www.caricaturas.com.br
-Morto Magician (2mb) - Indicacao do Anderson
(Sistemao)
http://images.countingdown.com/images/theater2/
264343/media/264343_fl_l.swf
-Teste de masculinidade - Indicacao Lenin (GAE)
http://www.b3ta.com/femaleorshemale/
-Manual da H.O.M.E.M (Honrada Organizacao Mundial
de Especialistas em Mulheres)
http://www.geocities.com/ccneves/homem.htm
-Para quem gosta de animacoes
http://www.pocketmovies.net
-Coisas escondidas em softwares, os famosos Easter
Eggs
http://www.eeggs.com/
-Olha que idiotice
http://www.beijoneles.com
-De nota para fotos
http://www.cocadapreta.com.br
-Cemiterio virtual
http://www.cemetery.org/
-Veja a hora que voce morrerß
http://www.deathclock.com/
-Site oficial das Rouge (Popstars)
http://www.somosrouge.aol.com.br
Phrases Phantásticas 2002
As mais votadas
1
“Me avisa se vier um tronco aí atrás”
B2 (Christian) - 5o. Computação, em pé e de costas, no jipe do passeio do Macuco, tirando as fotos da galera
2
“A primeira vez, eu fiquei com vontade de salsichão”
Luiz Faro - 5o. Computação, comentando as preferências por comida alemã
Difícil é fornicar sobre os apoios na rede
3
“Que seja na minha bunda”
Bruno Bom - 3o. Sistemas, orientando o melhor local de propaganda eleitoral na USP
“Você é praticamente meu cunhado”
Lia - Irmã do Thiago(5o. Computação), falando para o B2 (sim, ele de novo), revelando ao mundo o relacionamento íntimo de seu irmão e o amigo
“Todo mundo vai dar e vai faltar”
Gabi - Futsal Feminino, comentando a vaquinha para a inscrição nos Jogos da Liga
“Ai, eu adoro essa lingüicinha vermelha, a única coisa que atrapalha é a pelinha”
Gama- GAE, depois de ter posto a linguiça na boca
“Eu tenho experiência no PUTUSP”
Bruno Bom (sim, ele consegue)- 3o. Sistemas, mostrando a sua intimidade com a área
“Hoje a gente tava de quatro e demoramos umas duas horas”
Rodolfo Augusto - 4o. Sistemas, sobre o tempo que levou para terminar um jogo
“O do Perônio é mais razoável... mais eu ainda acho grande”
Goiano - GAE, incomodado com o tamanho, querendo um menor para usar
Download

A Revolução de 1932 e a Escola Politécnica Nada é tão novo