Análise da Variabilidade Média Mensal de Variáveis
Meteorológicas na Floresta Nacional de Caxiuanã/PA de 20002004.
Hildo G. G. C. Nunes1, Priscilla N. Barreto1, Adriano M. L. de Sousa1, Rafael C. Ferreira1,
Sergio R. Q. dos Santos2, Ronaldo S. Rodrigues2, Rommel B. C. da Silva3.
1
Programa The Large Biosfera-Atmosfera in Amazônia – LBA – Museu Paraense Emílio
Goeldi – MPEG – Av. Perimetral, 1901 – Sala LBA –Terra Firme – Belém – PA – Brasil, email: [email protected]
2
Projeto Cenários – Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG – Belém – PA,
3
Doutorando em Biometeorologia – Universidade de São Paulo – USP, São Paulo.
ABSTRACT
The present study examined the mean monthly weather variables between the years
2000 to 2004 with data from a tower installed in Caxiuanã National Forest of Melgaço-PA
order to study the behavior of the variability of monthly meteorological variables and thus
have a better understanding of the local climate. We observed that the total annual rainfall
was 1887,91mm, with two very different the first of January to April is called "the rainy
season" and the second running from August to November called "dry period" and average air
temperature of 26,15°C.
Key-words: Climate, meteorological variables.
1 – INTRODUÇÃO
A floresta tropical Amazônica é um dos mais importantes sistemas ecológicos da
Terra. Acredita-se que a degradação desta imensa área verde acarretará certamente em
alterações microclimáticas que poderão causar mudanças irreversíveis no clima regional e até
global (Costa, 2000). O clima desta região é uma combinação de vários fatores, ou seja, o tipo
de vegetação, condições de umidade do ar e da superfície, umidade e tipo de solo, entre outras
variáveis. Devido a esses fatores, têm uma variação de clima de uma região para outra de
acordo com a época do ano e hora do dia, destacando-se também, entre outros fatores, o
deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (Hastenrath e Heller, 1977). As
condições climáticas invariavelmente condicionam a vida de animais e plantas na superfície
terrestre e por isso torna-se evidente desenvolver um melhor entendimento da ação do homem
no meio físico e suas conseqüências na manutenção da vida terrestre, tendo em vista a
importância do clima no desenvolvimento de diversas atividades humanas (Costa, 2000), por
isso, vários estudos vêm sendo realizados com ajuda de incentivadores como o programa de
grande escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) que é uma iniciativa internacional
de pesquisa liderada pelo Brasil, planejado para gerar novos conhecimentos, necessários à
compreensão do funcionamento climatológico, ecológico, biogeoquímico e hidrológico da
Amazônia, do impacto das mudanças dos usos da terra nesse funcionamento, e das interações
entre a Amazônia e o sistema biogeofísico global da terra, e dentre suas principais atividades,
encontra-se a realização de pesquisas em torres micrometeorológicas (site LBA, 2010).
Contudo o objetivo deste trabalho é fazer a análise de algumas variáveis meteorológicas e
verificar suas influências no clima da região.
2 – MATERIAIS E MÉTODOS
Caxiuanã está localizada no leste do Estado do Pará (01º 42’ 30” S, 51º 31’ 45” W; 60
m de altitude), a cerca de 400 Km a oeste de Belém (Souza Filho et al. 2005), no município de
Melgaço (Figura 1). A região é composta de floresta primária de terra firme em excelente
estado de conservação, apresentando um dossel de 35 metros de altura média e é administrada
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), a qual se trata de uma área preservada,
possuindo alguns dos ecossistemas naturais mais representativos da região amazônica como a
floresta de terra firme, igapó e várzea (Silva, 2008). Nessa área se realizam pesquisas
científicas em diversas áreas de conhecimento, inclusive na área climática, que atua fazendo o
monitoramento climático da região, inclusive o ciclo do carbono. Os objetivos do
monitoramento climático, no atual cenário das mudanças climáticas globais, é investigar
como as florestas reagem a essas mudanças ocasionadas em curto prazo quando comparadas
às mudanças climáticas naturais, que são da ordem secular. A coleta dos dados é realizada
periodicamente e através dos dados registrados a cada 30 minutos, se obtém suporte para o
monitoramento climático da região. Os dados são referentes ao período de 2000 a 2004, onde
foram tratadas em planilha do Excel e analisadas as variáveis meteorológicas e sua influência
no clima da região.
Figura 1: Localização da Flona de Caxiuanã. Fonte: Silva (2008).
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores das variáveis meteorológicas, Temperatura Máxima (Tmax), Temperatura Média
(Tmed), Temperatura Mínima (Tmin) e Umidade Relativa (UR) são elevadas e mostram pouca
variação sazonal. O total mensal de Precipitação evidência dois períodos bastante distintos: O
primeiro denominado de “período chuvoso” que corresponde de janeiro a abril demonstrou
uma predominância de ventos de SE e o segundo, de “período seco”, compreendendo de
agosto a novembro demonstrou uma predominância de ventos de NE. Em virtude do elevado
estado de UR, a Tmed da região é bastante amena, ou seja, agradável com 26,15ºC, Pressão
Atmosférica (PATM) de 1009,76 mb, Velocidade do Vento médio (VMED) de 1,69 m/s e
Velocidade do Vento máximo (VMAX) de 1,79 m/s (Tabela 1). No período chuvoso a Tmax
foi de 34,97°C em janeiro ficando acima da média anual, já no período seco o mês de
dezembro atingiu o valor de Tmax (37,10°C), já com relação à Tar, para o período chuvoso e
seco, os índices foram de 25,72ºC (abril), e 27,26ºC (novembro) respectivamente. Com
relação à Tmín do ar, janeiro ficou com media de 20,18ºC, já para o período seco o mês de
agosto apresentou um valor médio de 20,53ºC, mas o menor valor de Tmin foi dezembro com
18,8ºC (Figura 2), mês que antecede o período chuvoso.
Tabela 1: Média Mensal de algumas variáveis meteorológicas de 2000 a 2004.
MESES TMAX(ºc) TMIN(ºc) TMED(ºc) PRP UR(%) DV(º) VMED(m/s) VMAX(m/s) PATM(mb)
34,97
20,18
25,61
245,20 89,67 122,54
1,64
1,72
1009,93
JAN
FEV
33,43
20,80
24,74
252,84 89,47 143,88
1,60
1,73
1010,21
MAR
32,98
21,71
25,30
260,24 89,04 125,76
1,56
1,61
1009,52
ABR
34,21
21,87
25,72
225,48 91,75 131,78
1,43
1,50
1009,19
MAI
33,70
21,67
25,95
208,44 90,26 118,05
1,55
1,65
1009,69
JUN
33,53
21,45
25,85
195,47 86,80
96,04
1,68
1,77
1011,04
JUL
34,10
21,38
26,17
92,84
87,97 110,13
1,66
1,77
1011,31
AGO
36,49
20,53
26,57
44,40
80,19
83,17
1,82
1,96
1011,12
SET
35,92
21,09
26,71
70,76
79,81
71,19
1,83
1,96
1010,23
OUT
35,23
21,22
26,92
94,04
82,69
58,53
1,84
1,97
1008,18
NOV
36,86
21,33
27,26
45,00
83,85
69,13
1,79
1,92
1007,61
DEZ
37,10
18,80
26,95
153,20 82,19
83,16
1,84
1,97
1009,17
157,33 86,14 101,11
1,69
1,79
1009,76
TOTAL
MÉDIA
1887,91
34,88
21,00
26,15
Figura 2: Variação Média Mensal da Tar de 2000 a 2004.
Figura 3: Total mensal da PRP e variação média mensal da UR no período de 2000 a 2004.
O total de Precipitação Anual no período de 00/04 foi de 1887,91mm, no período seco
tivemos um total de 254,20mm (13,46% do total anual), no período chuvoso de 983,76mm
(52,11% do total anual). No período de transição (da seca p/ a chuvosa) obteve-se um total de
649,95mm (34,43% do total anual). Observa-se também que, tanto o chuvoso quanto o seco, a
UR não apresenta muita variação sazonal, no chuvoso a URmédia varia de 89 a 92% com
destaque para abril com média de 91,75%, no período seco a UR variou de 79 a 84% com
destaque para setembro com média de 79,81%. No trimestre que vai de setembro a outubro
houve um aumento da UR, pois este período antecede o período chuvoso e a UR que vinha
caindo começa a elevar-se novamente, demonstrando que ocorre aumento no índice de vapor
d’água na atmosfera (Figura 3).
4 – CONCLUSÕES
Durante o período de estudo ocorreu maior variabilidade térmica no período chuvoso,
a UR se comportou elevada durante todo o ano, com valores maiores no período chuvoso. A
pluviometria apresentou grande variabilidade, influenciando de forma decisiva nos outros
elementos meteorológicos e na sazonalidade local, a pressão atmosférica é bastante elevada, a
predominância do vento no período chuvoso é de SE quanto que no período seco é de NE, tais
predominâncias podem estar associadas às correntes de ar descendentes associadas às
atividades convectivas e as brisas fluviais como observado por Nogueira et al. (2005) em
estudo de rajadas noturnas em Caxiuanã.
5 – AGRADECIMENTOS
Os autores do trabalho agradecem ao Programa LBA pelos dados utilizados
provenientes da torre micrometeorológica de Caxiuanã/PA e ao MPEG pelo espaço cedido ao
LBA, em especial o autor Hildo agradece pela bolsa concedida pela Fundação Djalma Batista,
e os demais autores agradecem pelas bolsas concedidas pelo CNPq e Projeto Cenários.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, J. P. R.; LOUREIRRO, R. S. Variabilidade média mensal de variávies
meteorológicas em Caxiuanã. Área de floresta tropical da Amazônia. In: XI CONGRESSO
BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 2000, Rio de Janeiro - RJ. CD-ROM, 2000.
HASTENRATH, S.; HELLER, J. Dynamics of Climatic Hazards in Northeast Brazil.
Quarterly Journal of the Royal Meteorogical Society, V.103; n. 435, p. 77-92, 1977.
Large
Biosphere-Atmosphere
in
Amazonia
(LBA
2009).
Disponível
em:
http://lba.inpa.gov.br/lba/. Acessado em 13/05/2010.
NOGUEIRA, D. S.; SÁ, L. D. DE A.; COHEN, J. C. P. Rajadas noturnas acima da Floresta
de Caxiuanã, PA, durante a estação seca. Revista Ciência e Natura, UFSM, Ed. Especial, p.
95-100, Dez. 2005. Silva, L. M. (2008). Caracterização de regimes de umidade em regiões tropicais: comparação
entre floresta e savana. 135 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Curso de
Pós-Graduação do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará, Universidade
Federal do Pará (UFPA), Belém. 
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