Qual financiamento de automóvel escolher? - Jornal O Globo
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Qual financiamento de automóvel
escolher?
Analisar gastos com manutenção do veículo é mais importante que
pesquisar juros, alertam especialistas
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DANIEL HAIDAR (EMAIL)
Publicado: 25/03/13 - 11h53
A cabeleireira Gabriela Gomes: planejamento para arcar com as despesas do automóvel
próprio (Márcio Alves )
RIO - Com a aposta de economistas num aumento da taxa básica de juros,
a Selic, nos próximos meses, quem pensa em comprar um carro se
pergunta se esta é a hora adequada para contratar um financiamento. De
acordo com a última sondagem do Banco Central, analistas apostam que a
Selic sairá dos atuais 7,25% ao ano para 8,25% até o fim de 2013.
Algumas das opções disponíveis para financiar a compra de um veículo
novo ou usado, como leasing e crédito direto ao consumidor (CDC),
possuem taxas prefixadas, mas especialistas alertam aos interessados: mais
importante do que pesquisar juros baixos é avaliar a real necessidade e o
custo de manutenção do veículo.
Uma das justificativas é que as próprias instituições financeiras elevaram
os juros do financiamento antes de a Selic efetivamente mudar de patamar,
na opinião do economista Samy Dana, professor da Fundação Getulio
Vargas. Ainda assim, Osmar Pinho, diretor de Empréstimos do Bradesco,
lembra que, se a Selic subir, os novos empréstimos sairão ainda mais
caros.
Segundo especialistas, é preciso abandonar a velha prática de observar
apenas se o valor da prestação cabe no orçamento. Jurandir Macedo,
consultor em Finanças Pessoais e professor da UFSC, recomenda que o
consumidor leve em conta todos os custos envolvidos na aquisição e
manutenção do veículo: gastos com gasolina, estacionamento, seguro,
revisão anual e IPVA. Uma sugestão para o interessado é tentar poupar
esse custo total do automóvel por seis meses antes de partir para a compra.
Analistas avaliam ainda que o montante de gastos não deve ultrapassar o
patamar de 20% da renda mensal.
— Se não conseguir poupar e não couber no orçamento, não vale comprar
o carro, porque pode ser uma fria — disse Macedo.
Para evitar abusos, especialistas alertam que o consumidor precisa ficar
atento a cobranças de taxas de abertura de crédito ou outros encargos
operacionais, que podem ser conferidos no site do Banco Central.
Correntistas costumam ter isenção dessas cobranças na contratação de
crédito nos bancos em que são clientes.
O CDC, opção mais popular para quem compra automóvel financiado, é
oferecido com prazo de até 60 meses para pagamento, mas é difícil obter
um financiamento do valor integral do veículo. Segundo Pinho, o mais
comum é a exigência de um valor de entrada proporcional a 20% do preço.
O arrendamento mercantil (leasing) desponta como alternativa com juros
menores ao CDC. Esta modalidade de financiamento funciona como o
pagamento de um aluguel pelo período contratado, com a opção de compra
do veículo. Para a aquisição ser concretizada, é preciso desembolsar um
http://oglobo.globo.com/economia/qual-financiamento-de-automovel-escolher-7937892 28/3/2013
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valor residual durante ou após as parcelas do empréstimo. Outra diferença
em relação ao CDC é que só costuma ser oferecido desconto para quitar a
dívida com antecedência após 24 meses de pagamentos. O parcelamento
pode ser feito em até 60 meses.
Outra opção popular é a compra por consórcio, uma espécie de poupança
forçada. O cliente forma um condomínio com outros poupadores, e uma
taxa é cobrada mensalmente até a quitação da dívida. Não há incidência de
juros, mas é difícil obter prazos inferiores a 60 meses, e a operação
depende um pouco de sorte. O contratante só recebe a carta de crédito para
comprar o carro quando for sorteado ou após o pagamento de todas as
parcelas. Enquanto isso, o valor das mensalidades pode ser reajustado, a
depender do comportamento do preço do veículo novo ou usado no
mercado. A referência é a tabela Fipe, divulgada todo mês.
Inadimplência alta
A principal crítica ao consórcio é que, no caso de não ser sorteado no
começo do pagamento, o dinheiro poderia ser aplicado em algum tipo de
investimento para propiciar uma compra à vista. Dana, da FGV, destaca
que o mesmo valor desembolsado no consórcio poderia ser aplicado em
títulos prefixados do Tesouro Direto, por exemplo. Simulação feita pelo
professor mostra que prefixados como as Letras do Tesouro Nacional
(LTNs) com vencimento em janeiro de 2016 oferecem rentabilidade média
líquida de 0,58% com a taxa Selic a 7,25%, o que permitiria terminar um
investimento em 36 meses com R$ 31.610 se forem depositados R$ 770,91
por mês. Já um contrato de consórcio para comprar um carro desse valor
exigiria o pagamento mensal de R$ 938,35, segundo simulação com as
mesmas condições e o mesmo prazo. O exercício aponta ainda um valor de
parcela mensal de R$ 1.078,53 para quem opta pelo leasing e de R$
1.171,53 no caso do CDC.
Só que, mesmo com tantas opções de crédito, ainda há quem sofra para
obter aprovação de crédito no banco. As financeiras ficaram mais
rigorosas depois que a inadimplência de veículos acelerou no ano passado
e chegou a 7,23% em junho. Em janeiro a taxa caiu para 6,44% em janeiro,
mas ainda permanece alta.
— Antigamente aprovavam crédito para qualquer um mesmo vendo que o
cliente não tinha tanta condição. Na média, hoje aprovam entre 25 e 30
pedidos, de cada cem — diz Nicolas Tinga, economista-chefe da
Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e
Investimento (Acrefi).
Há praticamente um ano a cabeleireira e microempresária Gabriela Gomes,
de 23 anos, tenta conseguir financiamento para comprar o carro dos
sonhos. Ela se planejou para que as despesas com manutenção e
empréstimo não ocupem mais que a metade do seu orçamento. Enquanto
não consegue aprovação, poupa mais dinheiro para a entrada.
— O problema é que só consegui até agora 10% de entrada.
Antônio Neves, sócio da agência Upcar, reclama das financeiras:
— Financiamento para carro usado está difícil. A pessoa precisa dar
entrada grande, e a taxa de juro mensal chega a 2%.
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