MAYARA ANA DA CUNHA
ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS
RECÉM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DO
VALE DO ITAJAÍ
ITAJAÍ (SC)
2015
UNIVALI
NOME DO ACADÊMICO
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC
Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE
Curso de Mestrado Acadêmico em Educação
MAYARA ANA DA CUNHA
ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS
RECÉM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DO
VALE DO ITAJAÍ
Pesquisa apresentada ao colegiado do PPGE para a
defesa, requisito parcial à obtenção do grau de
Mestre em Educação – área de concentração:
Educação (Linha de Pesquisa Práticas Docentes e
Formação Profissional e Grupo de Pesquisa
Educação e Trabalho).
Orientadora: Dra. Tania Regina Raitz
ITAJAÍ (SC)
2015
2
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra a todos os egressos recém-formados de enfermagem que participaram
desta pesquisa, pelos seus relatos de vida, por me fazerem acreditar na força e no poder do
jovem dentro da sociedade.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Nossa Senhora Aparecida que através do poder de seu manto azul
me fez chegar até o fim desta jornada, és a força que rege meus dias.
Aos familiares: a base de tudo, meus pais João Pedro e Aricléia por acreditarem na
minha força e me darem, todo, mas todo o apoio necessário para a realização deste
momento. Aos familiares que sofreram com minha ausência durante todo este tempo,
principalmente minha irmã Sabrina e meus avós: Maria Albino, Maria Pedrini e Albino
Bona. Em memorian meu avô Pedro Cunha que está muito orgulhoso neste momento. A
família Cunha por sempre me acolher em todos os momentos.
Ao meu amor André Kersten e sua família, com muita paciência soube aguardar os
momentos de ausência e transformar os de presença em grande alegria para ambos, me
fazendo sorrir quando eu acreditava que não poderia mais.
Quando olhamos o significado da palavra orientadora, vimos que é aquela que
orienta, dirige ou guia. Muito obrigada a minha orientadora Tania Regina Raitz por me
orientar, me dirigir e guiar durante todo este tempo do mestrado. Admiro profundamente há
30 meses, por sua disponibilidade desde a primeira troca de e-mail, por compartilhar sua
inteligência e organização, sem falar em todas as conversas e conselhos trocados. Também
agradeço a todos os eventos aos quais me desta força para realizar e encaminhar trabalhos.
Muito obrigada, orientadora.
Aos mestres do Programa de Mestrado Acadêmico em Educação da Universidade
do Vale do Itajaí, principalmente a professora Valéria Silva Ferreira por todas as suas
contribuições dadas para minha formação como mestre, por serem exemplo de como fazer
o diferencial na educação. A professora que prontamente atendeu nossa solicitação para ser
membro da banca Ana Luísa Petersen Cogo, muito obrigada por todas as contribuições
dadas a este estudo.
As minhas eternas mestres desde as primeiras aulas na graduação em enfermagem.
Enfermeira Águeda Wendhausen por contribuir com este trabalho incutindo o desejo da
realização deste mestrado desde a graduação e ajudando sempre e como podia.
A
Enfemeira Maria Denise Mesadri, por ser sempre exemplo de profissional e mulher, um
4
verdadeiro espelho para qualquer profissional que sonhe cursar enfermagem, obrigada por
tudo!
Aos meus colegas de classe, pela troca de experiência vivida neste mestrado, todos
anseios compartilhado e textos discutidos. Obrigada a vocês e lhes desejo um ótimo final de
mestrado, em especial minha colega Vanessa Melo Rading.
Também, agradeço as instituições Unimed Joinville, Universidade do Vale do Itajaí
(CER II Univali) e Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen que fazem parte da
minha vida diariamente pela compreensão deste momento e a todos os colegas que fizeram
parte deste momento, em especial minha Celia Santos, Priscila Kich, Michele Caurio e
Caroline Nascimento.
Enfim, a Instituição Univali e a todos seus colaboradores para fazerem com que este
sonho se fizesse possível, em especial a Mariana e a Tania, por todos os socorros
solicitados.
Muito, mas muito Obrigada.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA..................................................................................
10
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS.....................................................................................
16
2.1 Revisitando a literatura: breves reflexões....................................................................
16
2.1.1 A enfermagem e o mercado de trabalho: do passado à atualidade...........................
19
2.1.2 O Desafio do jovem enfermeiro na transição acadêmica/laboral no mundo
contemporâneo. ..................................................................................................................
27
2.1.3 Inserção profissional e mercado de trabalho na sociedade atual: satisfação com a
profissão escolhida. ............................................................................................................ 29
3 Metodologia.....................................................................................................................
32
3.1 Abordagem do estudo..................................................................................................
32
3.2 Cenário do estudo.........................................................................................................
33
3.3. Informantes do estudo.................................................................................................
34
3.4 Procedimentos de coleta de dados..............................................................................
35
3.5. Dificuldades encontradas no campo de coleta de dados............................................
36
3.6. Análise de dados.........................................................................................................
38
3.7. Aspectos bioéticos......................................................................................................
39
4 ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS
RECEM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVALI...............
40
4.1 Perfil detalhado das entrevistadas.............................................................................
40
4.2 Satisfação com a profissão/escolha do curso..............................................................
45
4.2.1 Satisfação com a profissão/escolha do curso.........................................................
45
4.2.2 Condições de Trabalho...........................................................................................
49
4.2.3 Ambientes insalubres..............................................................................................
51
4.3 Eixo 2: Inserção e permanência no mercado de trabalho.........................................
54
4.3.1 Dificuldades de inserção e permanência na área de atuação..................................
54
4.3.2 Formação e trabalho................................................................................................
57
4.4 Eixo 3: Os 4 (quatro) pilares (saberes) do curso em Enfermagem............................
60
4.4.1 Pesquisa..................................................................................................................
63
6
4.4.2 Assistência..............................................................................................................
64
4.4.3 Gerência..................................................................................................................
65
4.4.4 Ensino......................................................................................................................
67
4.5. Eixo 4: Projetos profissionais na área de atuação: presente e futuro. .....................
68
4.5.1Expectativa profissional...........................................................................................
68
4.5.2 Relacionamento Multiprofissional..........................................................................
70
4.5.3 Força feminina da Enfermagem ou questões de gênero.........................................
72
4.5.4 Desafios da Profissão..............................................................................................
73
4.5.5. Formação continuada............................................................................................
76
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................
79
REFERÊNCIAS.................................................................................................................
84
APÊNDICES....................................................................................................................... 91
7
RESUMO: Esta dissertação de Mestrado em Educação tem como objetivo compreender o
processo de inserção profissional de enfermeiros recém-formados do curso de Enfermagem
da Universidade do Vale do Itajaí-SC, bem como analisar se estes estão preparados para
enfrentar o mercado de trabalho. A pesquisa se insere na linha de pesquisa Práticas
Docentes e Formação Profissional e faz parte do Grupo de Pesquisa Educação e Trabalho
do programa de Pós-Graduação em Educação. A revisão da literatura sobre a temática
mostra, por meio de autores como Bardagi (2005), Barbosa (2011), Guimarães (2006),
Colenci (2012), Camarano (2006), Geovanini (2005), Puschel (2009), SECAF (2007), entre
outros, que todo semestre jovens trabalhadores são lançados ao mercado de trabalho, alguns
temerosos quanto à imensa responsabilidade do profissional de enfermagem. Muitas são as
dúvidas e angústias vividas por estes profissionais quanto a sua atuação no mercado de
trabalho após sua formação. Ainda durante o curso vivem esta ansiedade, muitas vezes, por
falta de trabalho, pois nem todos que se formam conseguem se inserir em sua área
profissional. Esta pesquisa teve como metodologia a abordagem qualitativa, em que foram
entrevistados nove (9) jovens egressos do curso de enfermagem e o tratamento dos dados se
deu por meio da contribuição da análise de conteúdo. Os resultados mostram as
características do perfil das entrevistadas: a maioria é solteira, sem filhos, ganham de 1 a 5
Salários Mínimos, entraram no mercado de trabalho por meio de processo seletivo. A
análise de conteúdo levou em consideração os eixos: Eixo 1- Satisfação com a profissão e a
escolha do curso e Condições de trabalho. Eixo 2- Dificuldades para inserção e
permanência na área de atuação, relação formação e trabalho. Eixo 3- Os quatro (4) pilares
da enfermagem. Eixo 4- Expectativa profissional, relacionamento multiprofissional e
desafios da profissão e formação continuada. Quanto à satisfação com a profissão escolhida
percebeu-se que grande parte dos egressos do curso de enfermagem da Univali está feliz
por ter concluído sua formação, entretanto, descontente com alguns desafios que as mesmas
vêm enfrentando como a falta de recursos humanos e materiais, a desvalorização da
profissão e os baixos salários. Já em relação à dificuldade para inserção no mercado de
trabalho ou área de atuação os egressos não tiveram dificuldades para se inserir, pois
muitos já faziam parte do quadro de colaboradores das instituições. Nos quatro (4) pilares
da enfermagem observou-se que a assistência permanece como sendo a mais vivida pelo
egresso, diferente do ensino e da pesquisa. Por sua vez, quanto à expectativa profissional
dessas enfermeiras há um sentimento positivo com relação a sua vida profissional, alguns
pensam em seguir a carreira acadêmica, enquanto outras nem pensam em deixar a
assistência.
Palavras-chave: Inserção Profissional; Educação e trabalho; Mercado de Trabalho;
Egressos da Enfermagem.
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ABSTRACT
The aims of this Master's degree dissertation in Education are to understand the
professional integration process of recent graduates of the Nursing course at the University
of Vale do Itajaí-SC, and to examine whether they are adequately prepared for the job
market. This research is part of the line of research Educational Practice and Training, and
of the Education and Work Research Group of the Master’s degree program. A literature
review showed, through authors like Bardagi (2005), Barbosa (2011), Guimarães (2006),
Colenci (2012), Camarano (2006), Geovanini (2005), Puschel (2009), SECAF (2007), that
each semester, young workers are thrown into the job market, some fearful about the
immense responsibility of becoming a nursing professional. These professionals have many
doubts and anxieties concerning their professional practice after their training. Even while
still on the course, they have anxieties about finding a job, as not all those who complete
the training will find jobs in their chose professional area. This research used a qualitative
approach, in which nine (9) young graduates of the nursing course were interviewed. The
data were analyzed using content analysis. The results show the profile characteristics of
the interviewees: most are single, without children, and earn from 1 to 5 times the
minimum wage; they entered the job market though a selection process. The content
analysis took into account several axes: Axis 1 - Satisfaction with the profession and the
choice of the course, and with the working conditions. Axis 2 - Difficulties entering and
remaining in the area of practice, and the relationship between training and work. Axis 3 –
The four pillars of nursing. Axis 4 – Professional expectations, multidisciplinary
relationships, and challenges of the profession and professional development. Regarding
satisfaction with the chosen profession, it was observed that most of the Univali nursing
graduates are happy to have completed their training. However, they are unhappy about
some of the challenges they face, such as the lack of human and material resources, the lack
of value attributed to the profession, and the low wages. In terms of difficulties entering the
job market, or a specific area of practice, the graduates did not have difficulty finding jobs,
as many were already employees of the institutions where they worked. In relation to the
four pillars of nursing, it was observed that healthcare is still the one most experienced by
the graduates, as opposed to teaching and research. In regard to professional expectations,
there was a positive feeling in regard to their professional lives, some are thinking of
following an academic career, while others are not even considering leaving healthcare.
Keywords: Professional Career; Education and work; Job Market; Nursing Graduates.
9
1. INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
A inserção profissional pode ser o motivo de preocupação para muitos jovens
brasileiros, uma vez que se constitui num momento crucial da trajetória de qualquer
profissional. Em revisita a literatura Guimarães (2006) nos alerta da mudança no perfil do
mercado de trabalho, dizendo que é um momento de muita incerteza para o jovem
trabalhador, já que muitos não possuem experiência alguma e têm que competir com
pessoas de níveis diferentes. Em uma pesquisa sobre jovens e a inserção do mercado de
trabalho, Guimarães (2006) esclarece,
Um segundo achado aparentemente desafiador vem da comparação entre os aqui
denominados “jovens-adultos” e “adultos”. À primeira vista, os primeiros
pareceriam capazes de lograr uma inserção bem mais favorável no mercado que
os segundos, o que desafiaria a idéia inicial de que entre os 30 e 45 anos os
indivíduos viveriam o momento áureo de inserção no mercado. Isso porque os
“jovens-adultos” parecem ter maior capacidade de se manterem em empregos
formais e protegidos que os “adultos”. Todavia, se considerarmos o conjunto das
classes de trajetórias e os rendimentos médios nas mesmas, a interpretação
possível pode tomar outro rumo. A consolidação da posição no mercado de
trabalho dá aos adultos a chance de estabelecerem-se como autônomos, gerindo
um negócio próprio ou de manterem-se fora do circuito do trabalho formalmente
registrado, auferindo, em ambos os casos, um rendimento substancialmente mais
elevado que a média e que o auferido por ‘jovens’ adultos em trajetórias
similares. Isso denota a clara diferença em termos de comando das condições da
própria inserção no trabalho, mais provável entre os que se encontram na
plenitude da sua inserção que entre os que negociam a persistência no mercado,
mesmo se em condições mais favoráveis, num emprego registrado.
Na passagem que vimos se observa que o jovem, neste caso, o egresso recémformado, além de toda a mudança que sofre durante este período de transição (sociedade,
amigos e família), depara-se com um processo de individualização em relação aos demais,
tornando-se agora seu próprio eixo. Em vista das transformações do mercado de trabalho
durante estas últimas décadas, o jovem se vê tendo que tomar suas próprias decisões e, às
vezes, arrisca-se neste mercado sem o pleno conhecimento da profundidade da profissão
escolhida.
10
Neste sentido, Guimarães (2006), relata ainda que cada vez mais o mercado de
trabalho parece estruturado de forma a ameaçar os trabalhadores jovens com a reprodução
duradoura da instabilidade e a recorrência do desemprego. O diploma de um curso superior
não representa mais a garantia de trabalho. Nos dias de hoje a educação de um curso
superior é em sua maioria generalista, sendo necessário o egresso realizar cursos para
formação especializada.
Variguine et. al (2010, p. 81), nos traz uma perspectiva profissional dos recémgraduados que “acabam por trabalhar numa área bastante diversa daquela em que se
formaram. Na busca incessante por um posto de trabalho, há, inclusive, pessoas que
buscam uma atividade laboral que exija menor qualificação do que possuem”.
Vislumbra-se na pesquisa realizada por Variguine et al (2010) com psicólogos, que
muitos problemas são comuns a diversas áreas, portanto, na área da saúde isto não é
diferente, seus principais achados contemplam: grande parte do conteúdo dos cursos é de
cunho teórico e não prático, o que dificulta a aplicação do conhecimento na vida
profissional. Além disso, muitos professores orientam o aluno para o desenvolvimento da
carreira acadêmica, e não para as possibilidades de trabalho ofertadas no mercado. Os
cursos possuem poucas matérias direcionadas aos campos práticos de trabalho e de inserção
profissional.
Como profissional da área (enfermeira) percebe-se também a necessidade do
entendimento dos quatro pilares que o jovem enfermeiro deve basear sua atuação: ensino,
pesquisa, assistência e gerencia. Os 4 (quatro) pilares vistos no Curso de Graduação em
Enfermagem estão baseados no artigo 6º da RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 3, DE 7 DE
NOVEMBRO DE 2001 (BRASIL, 2001) que institui Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Enfermagem. Assim, nas Ciências da Enfermagem incluem-se:
a) Fundamentos de Enfermagem: os conteúdos técnicos, metodológicos e os
meios e instrumentos inerentes ao trabalho do Enfermeiro e da Enfermagem em
nível individual e coletivo;
b) Assistência de Enfermagem: os conteúdos (teóricos e práticos) que compõem
a assistência de Enfermagem em nível individual e coletivo prestada à criança,
ao adolescente, ao adulto, à mulher e ao idoso, considerando os determinantes
socioculturais, econômicos e ecológicos do processo saúde-doença, bem como
11
os princípios éticos, legais e humanísticos inerentes ao cuidado de
Enfermagem;
c) Administração de Enfermagem: os conteúdos (teóricos e práticos) da
administração do processo de trabalho de enfermagem e da assistência de
enfermagem; e
d) Ensino de Enfermagem: os conteúdos pertinentes à capacitação pedagógica
do enfermeiro, independente da Licenciatura em Enfermagem.
Da mesma forma, tem-se como preocupação se estes enfermeiros conseguem ter
percepção crítica sobre o ambiente para atuar dentro dos 4 (quatro) pilares. Sou enfermeira
profissional da área da saúde, dita como profissional da saúde. Nesta perspectiva, entendese que um profissional nesta área deve ter condições de analisar criticamente as relações
existentes em uma sociedade para compreender e “fazer saúde”, refletindo sobre as
diferentes perspectivas do ser humano que atravessa o corpo e é composto de uma rede que
em faz parte: o bem estar, a moradia, a educação, as condições de trabalho e o saneamento
básico.
Para compreender melhor as relações que se entrecruzam entre saúde, educação e
trabalho o Mestrado Acadêmico em Educação tem contribuído muito para o entendimento
da complexidade humana que não ocorre somente em sala de aula. Desta forma, educação é
um bem para todos e um dever da nação, como a Saúde que faz do profissional um
completo realizador das necessidades de seu paciente e amplia, não só sua visão, como sua
área de atuação.
Durante a graduação, como bolsista de projetos voltados ao Sistema Único de
Saúde, Qualidade de Vida e Conselhos Gestores em Saúde, já tinha essa compreensão de
que toda a escolha profissional que se faz impacta na vida daquela pessoa que atende, do
mesmo jeito a interdisciplinaridade (Educação, Saúde e Trabalho) deve estar integrada à
vida da população.
Com a conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, no ano de 2010,
ingressei no ambiente hospitalar, senti que ainda não estava totalmente preparada para o
mercado de trabalho e que há necessidade de um bom acompanhamento para o jovem
egresso ou recém-formado. Vários colegas de profissão acabaram perdendo a oportunidade
12
de um emprego na área por não apresentarem o perfil esperado para o cargo, por exemplo:
facilidade de trabalhar em equipe, resolubilidade nos problemas da instituição,
conhecimento técnico científico, busca por melhores condições de trabalho – novas ideias,
aplicação dos protocolos da instituição, entre outros. Esses fatores me instigaram a estudar
e aprofundar o tema, portanto, foram surgindo alguns de meus questionamentos: como se
apresenta o mercado de trabalho para o enfermeiro? Existe um acompanhamento deste
enfermeiro após sua inserção profissional? Quais são as dificuldades e desafios que o
enfermeiro enfrenta após sua inserção profissional? E como se configura a realidade da
profissão, condições de salário e de trabalho?
Diante da falta de visibilidade desses enfrentamentos, da angústia sentida pela
pesquisadora e percebida pelos novos colegas de profissão lançados ao mercado de
trabalho, traz-se essa problemática com o objetivo de encontrar respostas mais claras e que
possam contribuir para uma melhor inserção no mercado de trabalho do jovem enfermeiro.
Quando entrei em uma instituição hospitalar em 2011 muitos eram os meus
questionamentos e preocupações, pois senti que colegas que se formaram na mesma
instituição a qual eu havia estudado, não tiveram o mesmo desempenho esperado para o
cargo, sendo ambos recém-formados, isto me levou a pensar em pesquisar sobre este tema.
Quais as principais dificuldades que estes meus colegas tiveram com relação ao mercado de
trabalho, vindos todos da mesma instituição de ensino?
Trabalhei nesta época em Hospital Particular da Região de Joinville, assim que
entrei na instituição fui prontamente acolhida pelas chefias e orientada com feedback
positivo ou de orientação por cada ato, dito ou feito, ou não dito e não feito, o que levara a
um crescimento pessoal e profissional diário. Outro aspecto significativo foi o contato
direto com os técnicos diariamente o que fez com que cada dia fosse um dia de pleno
aprendizado de uma maneira organizada de expor a posição do enfermeiro diante de sua
equipe.
Como era recém-formada passei por um processo rigoroso de seleção, foram 2
(duas) provas, 1 (uma) semana de curso, 150 (cento e cinquenta) perguntas pessoais e
entrevistas com a enfermeira chefe e a supervisora, além da psicóloga da instituição. Neste
momento, senti a vulnerabilidade do ser humano recém-formado: o que falar? Como se
portar? O que não falar? Minha roupa estava adequada e cabelo? Será que iam gostar de
13
mim? O currículo estava bom? E apesar de todos os meus questionamentos, veio àquela
velha frase: em uma semana lhe damos um retorno.
Neste processo a angústia tomou conta, será que ligo ou espero me ligar? Um lado
dizia, liga, você tem que saber, você tem que trabalhar lá! O Outro lado dizia, não seja
oferecida, se eles quiserem irão te chamar... Nessa hora tentava recordar quantos dias tinha
uma semana, como era extensa.... Então em fevereiro de 2011 fora chamada para trabalhar
num hospital de referência do município de Joinville. Fiquei orgulhosa e muitos eram os
agradecimentos, mal sabia que naquele momento eu iria me apaixonar pela Enfermagem.
Portanto, após sentir essa vulnerabilidade do recém-formado, acredito que essa
investigação contribuíra para que os enfermeiros recém-formados com contratos iniciais ou
nem tanto no mercado de trabalho para que saibam que não estão sozinhos. Ao mesmo
tempo, é um objeto de estudo que se justifica científica e socialmente, uma vez que se trata
de uma preocupação nacional e internacional de muitos gestores, pesquisadores e
educadores que vêm se debruçando sobre a inserção profissional ou transição acadêmica e
laboral.
Portanto, nessa investigação tem-se como problema central o questionamento:
Como ocorre o processo de inserção profissional de enfermeiros recém-formados (egressos)
do curso de Enfermagem da Univali? Estes egressos enfermeiros estão realmente
preparados como enfermeiros para se inserir no mercado de trabalho?
Assim, o objetivo geral que norteia esse trabalho é compreender o processo de
inserção profissional de enfermeiros recém-formados (egressos) do curso de Enfermagem
da Univali e analisar se estão preparados para atuar no mercado de trabalho. Os objetivos
específicos são configurados desta forma: a) Identificar os principais desafios e as
dificuldades (de ocupação, primeiro emprego, de inserção); b) Analisar os desafios dos
egressos do curso de enfermagem na relação que estabelecem com a educação
(conhecimentos adquiridos, impacto da formação, teoria e prática e os 4 pilares) e trabalho
(área de atuação, condições de trabalho e satisfação profissional).
O trabalho está organizado conforme segue: o primeiro capítulo apresenta a revisão
da literatura dos principais contextos vivenciados por enfermeiros ao longo das últimas
décadas, discute também sobre o desafio do jovem enfermeiro na passagem acadêmica ao
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mundo laboral na atualidade e traz reflexões acerca da inserção profissional de acordo com
a satisfação da profissão escolhida.
No segundo capítulo, expõe-se a abordagem metodológica, os procedimentos no
percurso da investigação, dando visibilidade à pesquisa de campo, como foi realizada a
coleta de dados, a caracterização o perfil dos sujeitos investigados, como não poderia
deixar de constar também as principais dificuldades encontradas na pesquisa de campo,
sistematização e a análise de conteúdo no tratamento dos dados.
O terceiro capítulo traz a análise de todo o material coletado e os resultados das
informações obtidas na investigação, os principais eixos e subcategorias encontrados nesta
pesquisa. Eixo 1- Satisfação com a profissão e a escolha do curso e Condições de trabalho.
Eixo 2- Dificuldades para inserção e permanência na área de atuação, relação formação e
trabalho. Eixo 3- Os quatro (4) pilares da enfermagem. Eixo 4- Expectativa profissional,
relacionamento multiprofissional e desafios da profissão e formação continuada.
Finalmente, apresentam-se as considerações finais e as indicações para próximas
pesquisas.
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2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Revisitando a literatura: breves reflexões
Este capítulo foi elaborado com a intenção de trazer estudos na área (dissertações,
teses, capítulos de livros, artigos em revistas) que contribuíram para compreender melhor
sobre a temática desenvolvida e abrir um leque maior para aprofundamento do objeto de
estudo. Rodrigues (2000) retrata que as escolas de enfermagem brasileiras em sua trajetória
sempre tentaram adequar-se ao mercado de trabalho e esta atitude passiva abdicou
definitivamente da possibilidade de mediação da escola à transformação da sociedade. Para
Barbosa et al (2011), o novo paradigma de saúde exige profissionais capacitados que
atendam às demandas da população, bem como dos serviços de saúde. É importante
destacar que, por parte dos estudantes da área de enfermagem (enfermeiros ou técnicos de
enfermagem), ainda existe uma grande confusão entre a profissão escolhida e as
características do curso e do mercado de trabalho.
Ainda, com relação à temática, Silva et al (2012) relembra que o mercado de
trabalho em saúde enfrenta problemas particulares e desequilíbrios em sua força de
trabalho, o que afeta diferentemente as regiões de um mesmo país. Esses problemas estão
relacionados, nas Américas, a quantidade adequada e capacidade do pessoal, de acordo com
as necessidades do país; à escassez e os deslocamentos dos trabalhadores de saúde que
superam, em muitos casos, a capacidade dos países de garantir níveis mínimos de atenção,
muitas vezes, nas zonas ou atividades que mais necessitam.
Barbosa et al (2011) diz que a maior força de trabalhadores na área da saúde é da
enfermagem, representado por cerca de 50% desta. O autor vê ainda a participação da
enfermagem como imprescindível na consecução das metas institucionais, a partir das
reformulações propostas, tanto no setor público, como privado. Com relação ao ensino das
escolas de enfermagem no país Sena, Seixas e Silva (2007, APUD, SILVA et al, 2012)
salientam que apesar do expressivo quantitativo da força de trabalho de Enfermagem, em
número absoluto, do ampliado número de escolas nas últimas décadas, no país, a
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concentração e a disponibilidade de profissionais de enfermagem por habitante são bastante
desiguais e insuficientes em algumas regiões. Isto ocorre em função das escolas de
enfermagem se situarem nas regiões de maior densidade populacional e de maior
concentração de renda do país, reafirmando as desigualdades regionais. Silva et al (2012),
revela que os piores índices estão nas regiões Norte e Nordeste e os melhores índices nas
regiões Sul e Sudeste,
O ensino de enfermagem no país passou por várias fases de desenvolvimento ao
longo dos anos, tendo como reflexo de cada mudança o contexto histórico da
enfermagem e da sociedade brasileira. Consequentemente, o perfil de enfermeiros
apresenta significativas mudanças em decorrência das transformações no quadro
político-econômico-social da educação e da saúde no Brasil e no mundo (ITO at
al, 2006).
Barbosa et al (2011) nos chama a atenção de que o mercado de trabalho prefere
profissionais que já tenham o conhecimento e que venham com conhecimento aplicável a
ser consumido no momento da sua produção, sem que se façam investimentos institucionais
no processo de capacitação. A investigação que realizou Peres (2007) trouxe nas análises
que as expectativas das competências gerenciais do enfermeiro, apontadas pelos gerentes de
enfermagem entrevistados são: 1) nas dificuldades em fornecer suporte institucional à
aprendizagem e educação permanente do enfermeiro e equipe, com exceção dos
treinamentos em serviço oferecidos para adaptar o funcionário à cultura organizacional; 2)
na ênfase ao ‘saber fazer’ que prioriza a dimensão técnica no trabalho gerencial do
enfermeiro em detrimento do ‘saber ser’ e ‘saber conviver’, o que dificulta o exercício das
competências gerenciais nas dimensões ética, comunicativa, política e do desenvolvimento
da cidadania; 3) nas limitações percebidas como dificultadoras da atuação do enfermeiro
como mero cumpridor das exigências do mercado de trabalho.
Ito et al (2006), reforça ainda que a ocupação dos espaços deve ser planejada,
realizada e avaliada por profissionais competentes na dimensão ética, técnica, estética e
política, comprometidos socialmente com o exercício da cidadania. O enfermeiro
pretendido constrói a cada instante, juntamente com os professores e profissionais do
campo de ação, a história da enfermagem.
As Diretrizes Curriculares Nacionais trazem reformulações quanto à organização
do curso de Enfermagem e, ao não indicarem um currículo mínimo, permitem
17
conceber, executar e avaliar o próprio projeto pedagógico do curso com a efetiva
participação dos atores envolvidos. Ficou evidenciada a necessidade de uma
trajetória acadêmica de formação sólida e que isso depende da organização
curricular e dos papéis do aluno, do professor e do enfermeiro do campo no
contexto formativo, tidos como atores facilitadores ou limitadores desse processo.
É importante se pensar a formação em Enfermagem como um cenário em seu
contexto: compromisso com a formação de um perfil adequado, de qualidade e
produção de conhecimento de acordo com as necessidades de saúde da
população, identificando a importância da relação do currículo do curso
sintonizado com as Diretrizes Curriculares Nacionais. (KAISER; SERBIM,
2009).
Puschel, Inácio e Pucci (2009) em pesquisa com egressos de enfermagem da Escola
de Enfermagem da USP, explicam que a inserção do mercado de trabalho para o enfermeiro
leva-se em conta uma média de 3 (três) meses e o vínculo principal destes enfermeiros são
as instituições hospitalares. Ressaltam, ainda, que existe a tendência da rotatividade no
primeiro emprego, que pode ser ocasionada pela busca por uma especialização ou melhores
oportunidades de emprego. No estudo de Santos e Sana (2003, p 633), sobre a inserção dos
egressos no mercado de trabalho, podemos perceber essa problemática,
A inserção dos egressos do curso no mercado de trabalho se deu rapidamente
após a conclusão do curso, muitos tendo já experimentado mais de um emprego.
O encontro da oportunidade de emprego se deu principalmente através de colegas
da própria faculdade. O acesso foi precedido de concurso público para a maioria
dos respondentes, nos quais obtiveram bom resultado. Os processos seletivos
empregaram mais de uma modalidade de testagem, sendo a prova escrita o
recurso mais frequente.
Por sua vez, Puschel, Inácio e Pucci (2009) nos exemplificam algumas das
facilidades e dificuldades de inserção no mercado de trabalho encontradas em estudo
realizado. Quanto às facilidades da inserção os autores mencionam uma boa rede social, o
reconhecimento do nome da faculdade que cursou e a realização de cursos de pósgraduação. No que diz respeito às dificuldades são elas, não ter cursos de pós-graduação,
falta de prática profissional durante a graduação e não dominar língua estrangeira.
Mattosinho et al (2010) revela outra importante dificuldade de inserção e
manutenção no mercado de trabalho em enfermagem, a pouca idade. Para o autor, constituise em um obstáculo enfrentado pelos egressos no início de suas atividades profissionais.
Reforça que o recém-formado deve, por meio de situações cotidianas, compartilhar seu
conhecimento, demonstrando autonomia e segurança para que seja aceito no seu atual local
18
de trabalho. Erdman et al (2009, p. 638) retratam a enfermagem como um profissão que
“[...] tem caminhado, por meio de estudos e pesquisas, para a formação de um corpo teórico
próprio que a visibilize e projete como ciência. As pesquisas e os campos de atuação na
enfermagem têm crescido substancialmente nos últimos anos, abrindo perspectivas de
conhecimento em múltiplas direções e espaços”.
Entretanto, Santos e Sana (2003) corroboram com a ideia de que há poucos estudos
sobre egressos de cursos de enfermagem quando procuraram para a pesquisa em junho de
2002 na base de dados LILACS, a partir das palavras-chave - ensino, egressos e
enfermagem, apenas 4 trabalhos foram encontrados. Para que tudo isso seja possível,
Erdman et al (2009), em pesquisa realizada traz autores como Bertolozi (1996) e Machado
(1999) que salientam ser necessário que a Enfermagem seja reconhecida como uma das
profissões essenciais da saúde. Portanto, que haja uma agenda política específica que
expresse os saberes da profissão, o saber específico, para que no interior do mercado de
trabalho, a categoria consiga participar mais efetivamente das diferentes iniciativas que
dizem respeito a saúde, ampliando a visibilidade do saber ser e do fazer em enfermagem.
Todo semestre jovens trabalhadores são lançados ao mercado de trabalho, alguns
temerosos quanto à imensa responsabilidade do profissional de enfermagem. Como
profissional da área de enfermagem percebe-se a necessidade do entendimento dos quatro
pilares que o enfermeiro egresso deve basear sua atuação: ensino, pesquisa, assistência e
gerencia. Um dos questionamentos é se os enfermeiros egressos estão realmente preparados
para o mercado de trabalho, em função da formação recebida pelas diversas escolas de
enfermagem. Se os conhecimentos recebidos estão sendo aplicados na area de atuação e
como tem sido a utilização. Também há uma preocupação nas investigações se estes
enfermeiros conseguem ter uma percepção crítica sobre o ambiente para atuar dentro dos
quatro pilares. Então surgiu a seguinte pergunta: Quais os desafios e as dificuldades
enfrentadas pelos egressos do curso de Enfermagem para sua inserção profissional?
2.1.1 A enfermagem e o mercado de trabalho: do passado a atualidade.
A formação de enfermeiros teve início com a criação pelo governo da Escola
Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, no Rio de Janeiro, junto ao Hospital dos
19
Alienados do Ministério dos Negócios do Interior. Esta é de fato a primeira escola de
enfermagem brasileira, pelo Decreto Federal nº 791 de 27 de setembro de 1890 e
denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (VERELLA; PIERANTONI,
2008).
Em 1922, é criada junto ao Hospital de Assistência ao Departamento Nacional de
Saúde Pública, A Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública
(atual escola Anna Nery). Constava com o modelo de ensino Nigthingale e foi a primeira
escola do Brasil integrada à Universidade. Nesta época criou-se a distinção entre os dois
cursos: curso de enfermagem (duração 36 meses) e o auxiliar de enfermagem (duração de
18 meses) (VERELLA; PIERANTONI, 2008).
Coberlini (2007, p. 175), relembra o surgimento das teorias de Enfermagem (essas
surgem nos EUA, mais fortemente, a partir da década de 1950). Sobre o assunto o autor
expõe que “é o enfoque da construção do corpo de conhecimentos específicos da
Enfermagem, expresso por uma terminologia variada como: a natureza específica da
Enfermagem, a formalização dos conceitos e teorias, a construção de marcos teóricos de
referência, de modelos etc”, nos Estados Unidos da América, e no qual enfermeiras
brasileiras encontraram um espaço para se projetar, sair de uma prática artesanal, um
intelectual “amador” para um universal, como se com isso tudo se resolvesse.
A sequente industrialização nesta época (décadas de 1940 a 1950, do século XX)
delineou e marcou o início de uma ascensão na área hospitalar. A assistência hospitalar
cresceu como uma tentativa de diminuir as tensões sociais por parte dos trabalhadores
assegurados pelo sistema de seguridade social (NOBREGA-THERRIEN, 2007). Um
levantamento realizado por Almeida citado por Nobrega-Therrien (2007) demonstrava que
9,5% das enfermeiras trabalhavam em hospitais em 1943. Já autores como Santos e Sanna
também referenciados por Nobrega-Therrien (2007), no estudo que realizaram
comprovaram que 68,8% das ocupações eram hospitalares. Também nesta época as
enfermeiras abrem um novo espaço, um novo caminho, a teorização do cuidado, agregando
nas teorias outras áreas do conhecimento como a Psicologia, Antropologia e Sociologia.
Sendo assim, não era mais somente o indivíduo, o contexto de vida do paciente, como a
família, a cultura, seu ambiente, a espiritualidade (COBERLINI, 2008, p.175).
20
A necessidade de se qualificar veio da concepção da Enfermagem como sendo uma
ocupação ou uma semiprofissão. Ehrnreich e English dois autores citados por NobregaTherrien (2007) evidenciam que para constituir uma profissão há necessidade do
reconhecimento da sociedade, mais especificamente da classe dominante, para se criar e se
manter uma profissão; não simplesmente um grupo de expertos se proclamarem como tais.
Por outro lado, teóricos como Goode (1969); Simpson e Simpson (1969) e Katz (1969) se
preocuparam em diferenciar uma profissão de uma semiprofissão, reconhecendo os
seguintes fatores: falta de autonomia; ênfases em níveis hierárquicos; pessoal sujeito a
numerosas regras; necessidade de um tempo mais curto de formação; ocupação em sua
maioria de mulheres; tendência a trabalhar mais com o coração do que com a mente;
atenção a indivíduos que desejam trabalhar mais com pessoas (NOBREGA-THERRRIEN,
2007). Para Barreira (1999, p. 90),
Faz-se necessário compreender que se a enfermagem, enquanto prática social, é
condicionada pelo contexto onde atua, ela também exerce influência na sociedade
em que se insere, segundo as forças sociais em jogo no campo da saúde e, além
disso, que sobre as determinações históricas recorta-se a ação coletiva de homens
e mulheres e a ação de pessoas que ocupam posições estratégicas, em dado
momento ou situação, pois a aceitação de que o indivíduo só pode atuar dentro
das condições determinadas pela organização econômica da sociedade e pelo
poder político, não elimina a força de certas personalidades nem a
imprevisibilidade das opções individuais.
Varella e Pierantoni (2008) nos levam a refletir que o serviço de saúde não depende
só do trabalho humano, mas depende também da qualificação da força de trabalho.
Entende-se que, ao contrário, de uma indústria e da incorporação tecnológica não pode ser
substituída pela mão de obra, o inverso, amplia a base técnica e demanda novas ocupações.
Isto coloca a enfermagem em uma situação diferenciada no mercado de trabalho em geral,
onde se verifica uma relação conflituosa em outras áreas, entre a inovação tecnológica
versus desemprego. Os autores encontraram aspectos interessantes a serem expostos nesta
dissertação quanto a investigação que realizaram sobre a configuração do enfermeiro, que
vem de encontro aos resultados que se pretende neste estudo: a) A maior força de trabalho
na enfermagem é feminina, os autores remetem ao fato de estar associado a natureza da
própria profissão, o cuidado; b) grande parte dos enfermeiros pensa em realizar ou estava
realizando pós graduação, os autores acreditam que devido a seletividade do mercado de
21
trabalho as pessoas procuram por melhores condições de empregabilidade e esperança de
um aumento salarial e c) demonstram ainda um cenário favorável para a empregabilidade,
já que somente 1% respondeu desemprego.
No presente trabalho presta-se uma pequena homenagem para algumas enfermeiras
que se destacaram na história da enfermagem aos quais posteriormente serão nomeadas as
participantes do estudo, utilizaremos o livro Secaf e Costa, 2007, as Pioneiras da
Enfermagem:
Pioneira das Pioneiras: Edith Magalhães Fraenkel – Enfermeira – nasceu em 9
(nove) de maio de 1989 no Rio de Janeiro, graduou-se em Enfermagem nos Estados Unidos
em 1925, sendo professora de enfermagem na Escola Anna Nery. Esteve à frente em 1925
da Associação Nacional das Enfermeiras Diplomadas do Brasil (ANEDB), hoje se nomeia
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), também da revista de enfermagem que fez
surgir em 1932 ANNAES de Enfermagem (hoje REBEn). Essa enfermeira criou o
Conselho de Enfermagem com objetivo de fiscalizar todos os assuntos concernentes ao
ensino e a prática de enfermagem.
Enfermeira Modelar: Rachael S. Haddock Lobo – Enfermeira – nasceu na última
década do século XIX e casou-se com um pretendente desejado por sua família, anos
depois se desquitou e permaneceu por oito anos num convento de freiras, saiu de lá com o
propósito de se dedicar a enfermagem. Frequentou uma escola de enfermagem em Paris e
1924 voltou ao Brasil. Contribuiu para a Enfermagem afirmando nos primeiros ANAES de
Enfermagem que “a verdadeira Enfermeira, deve preencher a enfermagem dos três eus, o
eu moral, o eu espiritual e o eu físico – objetivação do ideal profissional. Neste complexo
de requisitos, que só uma enfermeira instruída e altamente cultivada pode realizar está a
Nova Era da enfermagem de que será arauto esta publicação entre nós”. Infelizmente,
Rachel faleceu em 1933.
Locomotiva: Hilda Anna Krisch – Enfermeira – nasceu em 1900 na cidade de
Joinville SC, ao estagiar em Blumenau foi aconselhada a estudar Biologia em São Paulo.
Conheceu a Enfermagem e decidiu frequentar o curso oferecido pelo Hospital Samaritano.
Realizou seus estudos na Escola Anna Nery também e foi escolhida para uma bolsa na
Universidade de Columbia, Nova Iorque. Em 1938 foi escolhida por Edith Magalhães para
assumir a presidência da associação, gerando algumas mudanças produtivas (biblioteca,
22
advogada para assessorar a Associação e um mensageiro para efetuar as cobranças nas
anuidades). Por ser Enfermeira Federal foi designada a atender algum dos três estados do
Sul, Santa Catarina foi a sua escolha, aqui participou da construção e planejamento de
hospitais, organização dos serviços de enfermagem, entre outros. Na década de 50, Hilda
se aposentou da enfermagem e dedicou-se ao museu de Imigração e Colonização de
Joinville.
Grande Mestra de 1940: Zaira Cintra Vidal – Enfermeira – nasceu em 1903 em Rio
de Janeiro, desde jovem decidiu que iria estudar, assim ingressou na rigorosa escola de
Enfermagem Anna Nery e destacou-se recebendo uma bolsa de Estudos nos Estados
Unidos. Ao retornar, foi nomeada chefe da divisão de Ensino da Escola Anna Nery. Porém,
a década de 1940 foi intensa: auxiliou na organização de hospitais e dirigiu serviços de
enfermagem; devido a Segunda Guerra Mundial alertou autoridades sobre a necessidade de
preparar o pessoal para os Primeiros Socorros, assim foi convidada a cumprir esta tarefa;
ocupou duas vezes o cargo de presidência da ANEDB; conheceu outros países e nesta nova
oportunidade em especializar-se conheceu enfermeiras das associativas de Enfermagem
Americana trazendo aprendizados que recriaram a ANEDB (passou a chamar-se ABED).
Zaira também foi convocada ir para o Sul do país, região que atuou em diversos cargos,
também foi a primeira a preocupar-se com a carreira do enfermeiro, realizando uma
solicitação do Presidente da República ao separar a carreira de Enfermeiro da Auxiliar de
Enfermagem e pleiteou a aposentadoria para os 25 anos.
Polivalente: Haydée Guanais Dourado – nasceu na Bahia – Família de protestantes
humildes que conheceu uma “missão norte-americana de protestantes”, em que teve a
oportunidade de estudar, sua mãe também era professora. Estudou inglês durante cinco
anos e seguiu os passos de sua irmã que estudava na escola Anna Nery. Após concluir o
curso empenhou-se em estudar sua pós-graduação no exterior, ao voltar ao Brasil tornou-se
instrutora técnica de universidades; fez novo curso de Ciências Políticas e Sociais,
defendeu a reintegração da ABED, fez curso de Jornalismo para defender sua profissão
tornando-se diretora da REBEn. Em seus editorias discutiu a lei do exercício legal da
profissão, a luta da enfermagem quanto ao profissional liberal, estabelecimento de um
currículo mínimo de graduação, classificação de cargos, entre outros.
23
Ritmo Intenso: Waleska Paixão- nasceu em Petrópolis – se graduou em Magistério e
logo entrou na Enfermagem em 1939, após concluir o curso Escola de Enfermagem Carlos
Chagas, concomitantemente, fez cursos de Filosofia, Sociologia e Moral, no Instituto
Superior de Cultura Católica. Em 1943 estudou administração e ensino em Nova Iorque.
Waleska foi responsável, após o III Congresso de Enfermagem, de montar um código de
ética para os enfermeiros. Também publicou o livro “Páginas de História da Enfermagem”.
No final dos anos 50 auxiliou na fusão das enfermeiras e das obstetrizes (não aceito pelas
últimas, sua luta continuou). Após a aposentadoria engajou em obras sociais na região do
Sergipe, revolucionando comunidade em geral, atraindo voluntários para fixar-se em Santa
Rosa de Lima (extrema pobreza).
Pesquisadora - Olga Verderese – Piracibada – Sempre quis enfermagem, entretanto,
sua família era contra, teve a oportunidade de trabalhar quando surgiu a Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo. Fez sua graduação de 1944-47, foi aluna da
segunda turma, foi convidada por Haydée a montar o Serviço de Enfermagem da Bahia,
após instalado esse serviço teve divergências com o reitor. De volta a São Paulo (1950),
juntamente com sua irmã, recebeu a incumbência de organizar Escola de Enfermagem de
Porto Alegre. Quando se estabilizou realizou pós-graduação em Nova York e colaborou
com uma pesquisadora trazendo, após, esta experiência ao Brasil. Olga recebeu auxílio do
Instituto Rockfeller para financiamento destas pesquisas. Em 1985 lançou a Força de
Trabalho em Enfermagem.
Gente que cuida de Gente - Wanda Horta – Belém- não tendo idade para ingressar
na faculdade de medicina fez o curso de Voluntários Socorristas e resolveu trabalhar
enquanto estudava para o vestibular. Portanto, seu primeiro emprego foi no Posto de
Puericultura da Legião Brasileira de Assistência, ganhou uma bolsa de estudos para cursar a
Escola de Enfermagem na USP. Depois de formada dedicou-se a trabalhar com a
assistência no Amazonas e Curitiba. Após 10 anos resolveu tornar-se docente da Escola de
Enfermagem. Wanda pode dar corpo a essa tentativa de construir conceitos e valores
fazendo surgir a Teoria de Enfermagem e Metodologia do Processo de Enfermagem
(baseada na teoria das necessidades humanas de Maslow).
Além dessas, a maior precursora foi Florence Nightingale, considerada fundadora
da enfermagem Moderna em todo o mundo. Para Florence a Enfermagem era uma arte que
24
requeria treinamento organizado, prático e científico conforme anuncia Costa (2009).
Florence Nightingale contrariou o destino de uma mulher da alta sociedade britânica, à qual
a educação e a profissão estavam vedadas, abrindo caminho para uma nova representação
social da mulher e profissionalização da enfermagem. Soube aliar à sua vasta e abrangente
educação de base a sabedoria prática e técnica, tendo um considerável conhecimento de
outras realidades geográficas e sociais (Alemanha, França, Grécia e Egipto) que lhe
permitiram as bases para a reorganização dos serviços de saúde (LOPES, SANTOS, 2010).
Na guerra da Criméia, em 1854, Florence Nightingale é convidada pelo Ministro da
Guerra, da Inglaterra, para trabalhar junto aos soldados feridos na guerra e que morriam em
grande número nos hospitais militares, chamando atenção das autoridades inglesas.
Florence desenvolveu dois livros “Notas sobre Hospitais” e “Notas sobre Enfermagem”, em
que a arte da enfermagem consistia em cuidar, tanto dos humanos sadios, como dos
doentes, entendendo como ações interligadas da Enfermagem o triângulo cuidar-educarpesquisar (GEOVANINI, et al, 2005).
Além de escrever livros fundou a primeira escola de Enfermagem Nightingale –
Hospital Saint Thomas e revolucionou hospitais da época fundando O Modelo
Nightinleano. Lopes e Santos (2010) retratam que nos primeiros anos a Escola Nightingale
distinguia-se por: – ser independente, mas fisicamente ligada ao hospital; – atribuir total
autoridade à matrona do hospital sobre as enfermeiras estagiárias; – disponibilizar “lar”
para as estagiárias residirem; – ter como “professores” das estagiárias os funcionários do
hospital (Irmãs e médicos); – submeter as estagiárias à avaliação das Irmãs e matrona do
hospital; – atribuir um pequeno salário às estagiárias, durante a formação; – estabelecer um
contrato com as estagiárias que as obrigava a, depois da formação, aceitarem um lugar num
hospital à escolha do Nightingale’s Fund. A política desta Instituição era enviar grupos de
enfermeiras formadas para outros hospitais, com o objetivo de divulgar o sistema de
formação de Florence Nightingale. Segundo Geovanini et al (2005) eram divididas em
Ladies que sucediam de classe social mais elevada e desempenhavam funções intelectuais
(administração, supervisão, direção e controle dos serviços de saúde) e as nurses que
pertenciam aos níveis sociais mais baixos e desenvolviam o trabalho de enfermagem.
Gomes et al (2007) divide a História da Enfermagem em Fases: na primeira fase,
tendo como precursora Florence Nightingale, o foco da investigação de Enfermagem
25
centrou-se em “O QUE FAZER?” Na segunda, tentando conquistar o domínio técnico, a
Enfermagem procurou definir “COMO FAZER?” Na terceira, a Enfermagem empenhou-se
em fundamentar suas ações. Para tanto, baseou-se em princípios científicos e investigou
“POR QUE FAZER?” Atualmente, dedica-se à pesquisa científica na tentativa de construir
uma resposta para a questão “QUAL O SABER PRÓPRIO DA ENFERMAGEM?”. No
entanto, cabe destacar que no processo histórico tais fases não se sucederam de forma
linear, originando marcos. Na realidade, elas se sobrepuseram e ainda se sobrepõem.
Backes (2013) relata que este modelo nightingaleano chegou ao Brasil pelo diretor
da Cruz Vermelha que acreditou ser este o profissional necessário para a estratégia
sanitarista do governo brasileiro e solicitou a criação de serviço semelhante, no Brasil. Já
Carvalho (1972, APUD, FERTIG, 2000) relata que este modelo foi instalado em São Paulo,
resultando no “Hospital Evangélico", com um corpo de enfermeiras inglesas oriundas de
escolas orientadas por Florence Nightingale. O curso de enfermagem iniciado neste
hospital, em 1901, era ministrado em inglês para estudantes recrutadas de famílias do Sul
do país, tendo como objetivo preparar pessoal para a instituição. A partir desta primeira
organização de Florence no Brasil foram implementadas novas escolas neste modelo.
Fertig (2000) relembra outro ponto importante do feito de Nightingale, o destaque da
mulher na sociedade da época, já que Nightingale rompeu com os preconceitos desse
período que faziam da mulher a prisioneira do lar. Também coloca as enfermeiras em
destaque no ensino da enfermagem como responsabilidade das enfermeiras. Gomes et al
(2007), menciona que a Teoria Ambientalista foi outro legado importante de Florence
Nightingale. Esta, na verdade, se orientava por princípios relacionados ao ambiente físico,
psicológico e social, que eram essenciais para o bem-estar e recuperação dos pacientes
internados. O controle do ambiente surge como o conceito principal nos escritos de
Florence, considerando as condições e influências externas que afetam a vida e o
desenvolvimento do organismo, capazes de anteceder, eliminar ou contribuir para a saúde,
doença e morte. Salienta-se a necessidade de troca de ar e de luz solar nos quartos dos
hospitais, o destino adequado dos esgotos, bem como a importância de uma alimentação
saudável.
26
2.1.2 O Desafio do jovem enfermeiro na transição acadêmica/laboral no mundo
contemporâneo.
No Brasil, a questão da juventude entrou na agenda, tanto das políticas públicas,
quanto dos estudos populacionais pelo temor de uma explosão demográfica. Primeiro, pela
sua magnitude: 47 milhões tinham de 15 (quinze) a 29 (vinte e nove) anos em 2000. Esse
número é resultado de uma característica particular da dinâmica demográfica brasileira dos
anos 1970 e 1980, chamada de “onda jovem”. Além disso, o aumento da fecundidade na
adolescência, em curso desde os anos 1970, também contribuiu para acentuar esse temor
(CAMARANO; MELO, 2006, p.13).
Não existe um consenso na literatura sobre qual evento marca a entrada do
indivíduo no mundo adulto: independência econômica, saída da casa dos pais ou
constituição de família. Também não se tem consenso sobre qual processo define a
formação de família: casamento, parentalidade e/ou saída de casa. Essa última dúvida se
acentua com a tendência crescente de dissociação entre sexualidade e casamento e entre
casamento e parentalidade. Os modelos tradicionais de transição, consolidados após a
Segunda Guerra, consideram uma linearidade no desenvolvimento do curso da vida, na qual
uma dada sequência unidirecional de eventos e etapas ordena o caminho de um indivíduo,
da infância à velhice. No processo de transição para a vida adulta, essa trajetória é
composta pela saída da escola, ingresso no mercado de trabalho, saída da casa dos pais,
formação de um novo domicílio pelo casamento e nascimento do primeiro filho. A
observação dessa sequência na sociedade do pós-guerra respondia a uma dinâmica,
propiciada pelo crescimento econômico e do nível de emprego, que foi colocada à prova
com as mudanças, entre outras, no mundo do trabalho, nos arranjos familiares e na
nupcialidade.
Mannheim (1982, p. 44), por sua vez, contextualiza melhor a realidade social da
juventude. Considera-a como uma das fontes primordiais da identidade social no mundo
27
moderno, ao lado da experiência da classe social. Contudo, acabará também por naturalizar
a juventude, considerando a “unidade de geração” como realidade social possível de
emergir pelo compartilhar coletivo de uma experiência “natural”, a juventude – enquanto a
consciência de classe é um possível produto social de uma experiência igualmente social, a
posição na estrutura de classes.
Concordamos com uma das definições de Jovem, a de Agulló-Tomás (1997, apud,
MELO E BORGES, 2007), na qual o jovem é aquele indivíduo que, tendo superado a fase
da adolescência (através do término das mudanças corporais da puberdade, da aquisição de
maturidade sexual, da resolução de crises de identidade, da consolidação do crescimento
físico e da personalidade, da maior independência intelectual, etc.), adquiriu condições
necessárias, porém insuficientes, para o desempenho das funções de um adulto, uma vez
que somente será reconhecido socialmente como tal quando possuir um emprego
relativamente estável e seguro, ou seja, quando a sua inserção no mercado de trabalho tiver
ocorrido de forma plena, após o enfrentamento dos obstáculos socioeconômicos da
sociedade em que vive e aqueles advindos da sua relação com o mundo do trabalho.
As potencialidades adquiridas pelos jovens ao longo de suas vidas, bem como as
oportunidades e obstáculos que experimentam nessa fase podem influenciar a sua passagem
para a vida adulta, com consequências também sobre o lugar que ocuparão na escala social
e econômica no futuro (CAMARANO; MELO, 2006, p.13).
As mudanças observadas no processo de transição podem ser explicadas, de modo
geral, por duas ordens de fatores, que acontecem nas esferas da escola, do trabalho e da
família. A primeira, de ordem pública, envolve o aumento da escolarização e as
dificuldades crescentes de inserção profissional dos jovens. Os jovens passaram a ficar
mais tempo na escola para ampliar suas chances de inserção em um mercado de trabalho
mais exigente. Exigente, inclusive, de experiência profissional, o que não se pode esperar
encontrar em um jovem que busca a sua primeira experiência de emprego (CAMARANO;
MELO, 2006, p.17).
Deve-se levar em conta que o espaço de transição entre escola/universidade e
trabalho/emprego é estruturado por complexos jogos de atores sociais que se estendem em
contextos históricos e institucionais determinados, mas que possuem funcionamento
próprio. A questão de saber se os jovens podem ou não ser atores estratégicos da sua
28
inserção profissional é uma pergunta central na investigação de suas trajetórias
(OLIVEIRA, 2012).
Para Melo e Borges (2007, p. 378), alguns jovens frustram-se em suas expectativas
de ingresso e de estabilidade rápida no mercado de trabalho após a graduação. Eles
precisam, então, reformular seus projetos de ida, adotando outras trajetórias, tais como a
opção de um novo curso universitário ou de uma pós-graduação, o retardamento da
constituição de nova família, a aceitação de um emprego de menor remuneração para a
aquisição da experiência na profissão, a ocupação de um emprego em uma área diferente de
sua formação ou a busca de trabalho em outras cidades ou países (ARAÚJO; SARRIERA,
2004, apud MELO; BORGES, 2007).
Sendo assim, Oliveira (2012) complementa que a transição da escola/universidade ao
trabalho/emprego não pode ser compreendida apenas por meio de mecanismos econômicos de
análise de mercado. É necessário considerar que tal processo decorre das interações diversas e
complexas vividas pelas pessoas individualmente e influenciada pelos grupos dos quais
participam e mecanismos institucionais que orientam o processo.
2.1.3 Inserção profissional e mercado de trabalho: Satisfação com a profissão
escolhida.
Bem- estar subjetivo (BES) é um campo da psicologia que tenta entender avaliações
de suas vidas das pessoas. Estas avaliações podem ser primariamente cognitivas (por
exemplo, satisfação com a vida ou a satisfação conjugal ) ou pode consistir na frequência
com que as pessoas experimentam emoções agradáveis (por exemplo , alegria, medida pela
experiência técnica de amostragem ) e emoção desagradável (por exemplo , depressão) .
Pesquisadores da área se esforçam para entender não apenas os estados clínicos
indesejáveis, mas também diferenças entre as pessoas em níveis positivos de bem-estar a
longo prazo (IENER; SUH; OISHI, 1997). Chow (2005), revela que estudos internacionais
avaliarem que aspectos como idade, saúde física, morar com os pais ou sozinhos e a
personalidade, são determinantes na vida de estudantes do secundário.
Bardagi et al (2006) relatam a dificuldade da satisfação profissional que é um
conceito multifacetado e engloba aspectos pessoais, vocacionais e contextuais da realidade
29
do trabalho. Super, Savickas e Super (1996, apud BARDAGI et al, 2006) definem que a
satisfação profissional do indivíduo resulta da percepção de que o trabalho é uma expressão
do seu autoconceito, ou seja, de que é possível, através do exercício profissional, expressar
os próprios valores, interesses e características de personalidade. Nesse sentido, em um
contexto de formação profissional como o período universitário, satisfação pode ser
entendida como um sentimento de identificação, ajustamento à área de formação em termos
de bem-estar e comprometimento.
As poucas pesquisas nacionais que investigam satisfação de vida em universitários
detêm-se, em sua maioria, na qualidade/satisfação de vida em alunos de uma área ou curso
específico (ALMEIDA; PINTO; ALMEIDA, 2006; OLIVEIRA, 1999; SAUPE et al.,
2004). No estudo de Saupe et al. (2004) com estudantes de enfermagem, por exemplo, 64%
dos alunos estavam satisfeitos com sua qualidade de vida, mas 39% dos participantes
referiram sofrer com algum problema de saúde, físico e emocional (BARDAGI; HUTZ,
2010).
Revisando a literatura pudemos detectar estudos que tiveram por objetivo analisar a
Satisfação no Trabalho do Enfermeiro, relacionada com variáveis como sexo, idade,
experiência profissional, área da atuação prática, tempo de serviço e “feedback”. Apesar de
esses estudos terem tido por base abordagens metodológicas distintas existe certo consenso
sobre o sentimento do enfermeiro em relação ao seu trabalho. Portanto, o enfermeiro parece
estar mais satisfeito com os aspectos intrínsecos de seu trabalho, tais como reconhecimento,
responsabilidade e autonomia (DEL CURA E RODRIGUES, 1999).
Os extrínsecos que apareceram como maiores causadores de insatisfação foram
nível salarial, a qualidade da supervisão, o relacionamento com a equipe de trabalho e as
condições de trabalho (KELLY, 1985; CAMPBELL, 1986; HALE, 1986). Por outro lado,
alguns estudos revelaram que mudanças organizacionais como a formação de uma
Associação de Enfermeiros e a possibilidade de oferecimento de uma assistência integral ao
paciente, aumentam a Satisfação no Trabalho (DAHLGREN, 1986; UNTER, 1986;
BLENKARN et al., 1988), (DEL CURA E RODRIGUES 1999).
Em se tratando do trabalho de enfermagem desempenhado, especialmente, no
cenário hospitalar, há referência de que este é diferenciado dos demais trabalhos porque é
contínuo, desgastante, exaustivo e desenvolvido a partir de uma relação interpessoal muito
30
próxima com o paciente sob seus cuidados. Conforme Silva et al (2009) também é capaz de
proporcionar sentimentos como alegria, satisfação e prazer aos trabalhadores, sem os quais
seria praticamente impossível exercer a profissão.
31
3. METODOLOGIA: PESQUISA DE CAMPO, INSTRUMENTOS DE COLETA
DE DADOS, CONTEXTO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO.
3.1 Abordagem do estudo:
Tratou-se de um estudo com enfoque qualitativo que analisou a inserção
profissional dos egressos recém-formados do curso de enfermagem. Para Sampieri,
Callado, Lucio (2013, p. 376), uma pesquisa com abordagem qualitativa visa compreender
e aprofundar os fenômenos que são explorados a partir da perspectiva dos participantes em
um ambiente natural e em relação ao contexto. É utilizada quando buscamos compreender a
perspectiva dos participantes, sobre fenômenos que nos rodeiam, isto é, a forma como os
participantes percebem subjetivamente sua realidade.
Flick (2004) relata que a pesquisa qualitativa exige muito das pessoas envolvidas, já
que é necessário um maior envolvimento entre o pesquisado e o pesquisador. Sendo assim,
os métodos qualitativos não podem ser considerados independentes do processo de
pesquisa e do assunto em estudo, consistem ainda na escolha de métodos e teorias
oportunas, no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas.
Já Trivinõs relata em seu livro que alguns autores entendem a pesquisa qualitativa
como uma "expressão genérica". Isto significa, por um lado, que ela compreende atividades
de investigação que podem ser denominadas específicas. E, por outro, que todas elas podem
ser caracterizadas por traços comuns. Esta é uma ideia fundamental que pode ajudar a ter
uma visão mais clara do que pode chegar a realizar um pesquisador que tem por objetivo
atingir uma interpretação da realidade do ângulo qualitativo (TRIVIÑOS, 1987).
O tipo de pesquisa escolhido é o exploratório que segundo Sampieri, Callado, Lucio
(2013, p 101), visam examinar um tema ou problema pouco estudado, sobre qual muitos
têm dúvida ou que não foi abordado antes. Este tipo de estudo serve para nos tornar
familiarizados com fenômenos relativamente desconhecidos, obter a informação sobre
realizar uma pesquisa mais completa com um contexto particular e pesquisar novos
problemas. O tipo exploratório foi escolhido por não ter sido realizada pesquisa na
Universidade anteriormente e focado em dois problemas emergentes: a saída do egresso
para o mercado de trabalho e a situação atual do mercado de trabalho.
32
3.2 Cenário do estudo
O contexto da pesquisa é a cidade de Itajaí que é uma cidade portuária, localizada na
região do Vale do Itajaí, a 94 km da capital do Estado de Santa Catarina. Destaca-se pela
função de Centro Portuário do Estado. É considerado município polo da Microrregião do
Vale do Itajaí e congrega 11 (onze) municípios. Tendo uma concentração demográfica
predominantemente urbana sua população é de aproximadamente 170.000 habitantes. O
Curso de Enfermagem da UNIVALI privilegia a formação do enfermeiro generalista,
qualificado para o exercício da enfermagem com rigor técnico científico e ético,
competente no assistir/cuidar de forma integral o ser humano, a família, a coletividade e a
natureza, na administração e liderança, de tomar decisões com responsabilidade social e
com compromisso com a educação permanente (UNIVALI, 2014).
A forma de ingresso no curso de Enfermagem é semestral, com carga horária de
4.005 horas, com duração de 10 semestres, ocorre por meio de Processo Seletivo Especial
Univali, Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, Prouni – Universidade para todos,
Transferência e Vestibular ACAFE - Associação Catarinense das Fundações Educacionais
(UNIVALI, 2014).
Com uma trajetória de excelência no ensino e extensão consolidada em seus 34
(trinta e quatro) anos de história, o Curso de Enfermagem tem buscado ampliar suas
perspectivas incluindo a pesquisa e a extensão como princípios educativos. Na extensão sua
atuação tem sido contínua desde o ano de 1983, com ações voltadas à saúde da mulher,
criança e adolescente/escolar e suas famílias, com ênfase na promoção da saúde e busca da
cidadania (UNIVALI, 2014).
Ainda conforme o documento da Univali (2014) o enfermeiro é o profissional
qualificado para o exercício da enfermagem sob a perspectiva da eco formação, com base
no rigor técnico-científico e ético para assistir e cuidar do ser humano de forma integral,
inter e transdisciplinar, no processo saúde-doença, em nível individual e coletivo,
comprometido, social, ética e criticamente com o ensino, a pesquisa e a extensão.
33
3.3. Informantes do estudo
Os informantes são egressos recém-formados do curso de Enfermagem da turma de
junho de 2013, da Universidade do Vale do Itajaí. Deste grupo que corresponde a 27 (vinte
e sete) alunos (as) egressos recém-formados conseguiu-se realizar um total de 9 (nove)
entrevistas, chegando aos 30% de egressos entrevistados. O acesso aos participantes da
pesquisa se deu pelo cadastro de matrícula e fichas de egressos do curso de enfermagem,
obtidas na Secretaria do curso da Univali. Após este acesso encaminhou-se convite de
participação voluntária aos egressos recém-formados para responderem a entrevista, após
teve-se retorno imediato de 3 (três) entrevistados. Realizadas as entrevistas com esses
seguiu-se a escolha dos demais participantes por meio de indicação dos que já tinham sido
entrevistados.
A amostra da pesquisa se deu por meio de amostras não probabilísticas, como
reforçam Sampieri, Callado e Lucio (2013) este tipo de a amostra não ocorre de forma
mecânica, nem baseada em fórmulas de probabilidade, mas depende do processo de tomada
de decisão de um pesquisador, as amostras selecionadas obedecem a outros critérios da
pesquisa.
Essa técnica é uma forma de amostra não probabilística utilizada em pesquisas
sociais, em que os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes, que por
sua vez indicam novos participantes e assim sucessivamente, até que fosse alcançado o
objetivo proposto (o “ponto de saturação”). Esse ponto é atingido quando os novos
entrevistados passam a repetir os conteúdos já obtidos em entrevistas anteriores, sem
acrescentar novas informações relevantes à pesquisa (WHA, 1994, apud BALDIN,
MUNHOZ, 2011). Portanto, a snowball (“Bola de Neve”) é uma técnica de amostragem
que utiliza cadeias de referência, uma espécie de rede conforme afirmam Baldin e Munhoz
(2011).
34
3.4 Procedimentos de coleta de dados
A primeira fase da pesquisa desenvolveu-se com a coleta de dados para
caracterização do perfil do egresso recém-formado, tendo a finalidade de conhecer melhor
os participantes do estudo. O questionário do perfil (apêndice 3) foi entregue aos egressos
recém-formados no dia da entrevista semi-estruturada, desta etapa participaram os 9 (nove)
egressos. A caracterização deste perfil é um complemento da pesquisa para saber mais
sobre a vida deste egresso durante a faculdade, em sua vida pessoal e a busca inicial no
mercado de trabalho.
A segunda fase realizou-se contato por telefone e e-mail para marcar com os
egressos as entrevistas semiestruturadas compostas por um roteiro que se encontra anexo
(amostra de no mínimo 30% dos egressos de julho de 2013) conforme o apêndice 4. O
critério utilizado de inclusão foi que o egresso tivesse se formado em julho de 2013, sendo
como critério de exclusão utilizado os egressos de outras turmas já formadas pela
Universidade do Vale do Itajaí. As entrevistas semiestruturadas usadas como coleta de
dados, segundo Sampieri, Callado e Lucio (2013), se baseiam em um roteiro de assuntos ou
perguntas, nesse caso, o entrevistador tem a liberdade de elaborar perguntas para conceituar
melhor os termos ou obter mais informação sobre os temas desejados.
Estes autores reforçam que na entrevista, com as perguntas e repostas consegue-se
uma comunicação, e ao mesmo tempo, a construção de significados a respeito de um tema.
A tendência da entrevista qualitativa é de ser mais intima, flexível e aberta. Cresweel
(2009, APUD, SAMPIERI, CALLADO E LUCIO, 2013), ponderam que as entrevistas
qualitativas devem ser abertas, sem categorias pré-estabelecidas, para que os participantes
expressem da melhor maneira suas experiências, sem serem influenciados pela visão do
pesquisador ou pelos resultados de outros estudos. Já Leopardi (2002) expõe que essas têm
a vantagem essencial que são os atores sociais mesmo que proporcionam os dados relativos
a suas condutas, opiniões, desejos e expectativas, tema que pela própria natureza é
impossível perceber de fora. Ninguém melhor que a própria pessoa envolvida para falar
daquilo que pensa e sente do que tem experimentado.
35
3.5. Dificuldades encontradas no campo de coleta de dados
Quando se realiza uma investigação, além de gostar de ler e pesquisar deve-se ter
disponibilidade para tal. Uma questão de tempo, dois anos e seis meses, este é o tempo que
temos para “viver e respirar” uma dissertação. Questão de tempo. Tempo? Algo que um
enfermeiro não tem! Reflexão necessária para falar das dificuldades que foi realizar essa
pesquisa.
A disponibilidade dos enfermeiros foi um dos principais desafios para a
realização desta dissertação, pois acertar o tempo livre da pesquisadora com o entrevistado
(a), dos 27 (vinte e sete) alunos (as) fez-se o contato somente com 9 (nove). Estes
conseguiram responder o questionário e realizar a entrevista semiestruturada. As entrevistas
foram realizadas pela própria orientanda e duraram em torno de 30 minutos (chegando a 20
minutos uma entrevistada e 1 hora e dez minutos outra entrevistada). Portanto, foram
gravadas em gravador de fita e digital. Após a pesquisadora fez a transcrição do material
coletado e em seguida se investiu na sistematização dos dados e a análise de conteúdo.
De início houve muitas dificuldades nos encontros e também na comunicação com
os egressos, por exemplo, foram encaminhados diversos e-mails e realizadas diversas
ligações, entretanto, não obtive retorno dos mesmos, que marcavam as entrevistas e não
compareciam. Em síntese, foi possível com os 9 (nove) recém-formados. O tempo de
aplicação dos questionários do perfil e as entrevistas realizadas somaram uma média de 6
(seis) meses para a coleta dos 9 (nove) entrevistadas. Várias entrevistas levaram em torno
de 2 meses para realização. Houveram poucos e-mails retornados e quando solicitamos
somente o questionário do perfil, este também foi recusado.
Outra dificuldade encontrada pela orientanda foi permanecer imparcial quando o
entrevistado relatava alguma situação vivida recentemente, como enfermeira, a orientanda
passa ou já passou por várias destas situações e para abster-se de comentários ou
julgamentos, foi necessário manter o controle pessoal e rigor científico para não participar
da entrevista como um entrevistado e sim demonstrar o que é esperado como pesquisadora.
Do grupo de egressos recém-formados (27 alunos) do curso de enfermagem da
Univali do ano de 2013 foi realizado um total de 9 (nove) entrevistas como já mencionado,
somente 9 (nove) colegas egressos que abriram suas portas e suas mentes para contribuir
com este trabalho e que conseguiram um tempo em suas agendas atribuladas para
36
responderem vários questionamentos sobre seus anseios, sua profissão, seus medos [...]
Talvez agora inicie a parte mais descontraída desta dissertação:

Todos os egressos que foram entrevistados estavam com suas agendas
atribuladas, como no início de qualquer profissão os horários disponibilizados são os
mais diversificados possíveis, desde as 23h30min horas em uma sala do pronto
socorro, 4h da manhã em outra sala de outro pronto socorro, às 9h na biblioteca da
Univali. Portanto, no geral, as entrevistas aconteceram dentro do horário de trabalho
do egresso, pois além de sua ocupação no mercado de trabalho, o egresso busca pela
atualização dentro da área e reveza entre o mercado de trabalho e a família.

Dificuldades para agendar as entrevistas: marca e esquece, marca e
desmarca, ou marca e quando a pesquisadora chega ao local o entrevistado não
estava. Em um dos casos teve-se que ir quatro vezes ao mesmo local ou esperar das
20h as 23h na frente na casa do egresso.

Após a formatura muitos realizam o sonho de casar e constituir família,
em nossa pesquisa isto não podia ter sido diferente. Um dos egressos casou durante o
período das entrevistas, cada vez que ligávamos pra marcar estava ocupado
escolhendo os itens do casamento, depois da lua de mel (sim, ligamos na lua de mel,
como adivinhar?) conseguimos realizar a entrevista.

Dois egressos entrevistados estavam realizando pós-graduação fora do
estado na época das entrevistas, a cada 15 (quinze) dias viajavam e retornavam na
segunda-feira, foram uns bons dois meses para conseguir essas entrevistas.

Quando se finalizavam as entrevistas e desligava-se o gravador os
entrevistados falavam sem vergonha, sem constrangimento, ficavam desinibidos para
falar de seus principais medos e anseios, assim tínhamos que perguntar: Você
poderia repetir isso com o gravador ligado? Muitos aceitavam, mas continuavam
contidos após a ligar o aparelho, já outros conseguiram falar o que pensavam e o que
sentiam naquele momento.
37
3.6. Análise de dados
Sobre a etapa da Análise de Dados, Sampieri, Callado e Lucio (2013) mencionam
aspectos relevantes da análise qualitativa: dar estrutura aos dados, organizando-os em
categorias, temas e padrões; descrever as experiências das pessoas estudadas sob sua ótica,
em sua linguagem e com suas expressões; relacionar os resultados da análise com a teoria
fundamentada ou construir teorias. Franco (2005) assim explica que a Análise de Conteúdo
assenta-se nos pressupostos de uma concepção crítica e dinâmica da linguagem aqui
entendida como uma construção real de toda a sociedade e como expressão da existência
humana.
Já Bardin (1977, p. 31) reforça que a Análise de Conteúdo é um conjunto de
técnicas de análise das comunicações, que não se trata de um instrumento, mas marcado por
uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito amplo: as
comunicações. Desta forma, utilizamos a Organização da Análise como proposta por
Bardin (1977), que possui diferentes fases de Análise de Conteúdo, que se organiza em três
polos cronológico: 1) Pré-análise; 2) Exploração do material; 3) o tratamento dos
resultados, inferência e a interpretação. Na pesquisa, a análise aconteceu de tal forma:
1. Pré-análise com leitura exaustiva das entrevistas;
2. Codificação das falas em eixos e categorias pré-estabelecidas, retiradas dos
principais textos que fazem parte da revisão da literatura, que se
transformaram nos eixos estruturais desta pesquisa Eixo 1- Satisfação com a
profissão e a escolha do curso e Condições de trabalho. Eixo 2Dificuldades para inserção e permanência na área de atuação,
relação
educação e trabalho ou formação e trabalho. Eixo 3- Os quatro (4) pilares da
enfermagem.
Eixo
4-
Expectativa
profissional,
relacionamento
multiprofissional e desafios da profissão e formação continuada .
3. Condensaram-se todas as unidades de registro em categorias dentro dos
eixos em um mesmo documento para facilitar a análise. O nome dos
egressos foi modificado para garantir o anonimato, sendo escolhidos nomes
de enfermeiras que fizeram parte da historia da enfermagem (apêndice 6).
38
4. Após esta etapa, seguiu-se com a discussão dos dados. Para discussão
utilizou-se outros estudos que tinham relação com o tema.
5. As considerações finais e sugestão de novas pesquisas vieram como última
etapa, condensando as principais informações e visões, tanto da aluna do
mestrado quanto da orientadora.
3.7. Aspectos Éticos
Quanto aos aspectos éticos da pesquisa após aprovação do comitê de ética foi
entregue os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE 01) aos
participantes que o preencheram. Dessa maneira, se garantiu o anonimato quanto à
identidade dos enfermeiros que aparecerem nos documentos estudados, conforme solicitado
na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Univali (APENDICE
02), em que ficam garantidos todos os direitos dos entrevistados, tais como a garantia dos
dados somente para este estudo, a possibilidade sobre os participantes a desistirem a
qualquer momento, a participação é voluntária, sem custo ou lucro para o egresso, as
gravações serão armazenadas por cinco anos e após serão destruídas e o contato frequente
com o pesquisador.
39
4. ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS
RECEM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVALI
Apresenta-se nesse capítulo os resultados encontrados na pesquisa de campo, a
partir da sistematização dos dados e análise de conteúdo das entrevistas realizadas com as 9
(nove) entrevistadas. Esse procedimento foi fundamental acerca do objeto de estudo que se
constitui na análise do processo de inserção profissional dos egressos recém-formados, do
curso de Enfermagem, da Universidade do Vale do Itajaí. Para tanto, foram distribuídos em
perfil do egresso, eixos e categorias:
 Perfil dos egressos: esta subcategoria contém o perfil de cada um dos
entrevistados.
 Eixo 1: Satisfação com a profissão Categorias: Satisfação com
profissão/escolha do curso, condições de trabalho e Ambientes insalubres.
 Eixo 2: Inserção e permanência no mercado de trabalho. Categorias:
Dificuldades para inserção e permanência na área de atuação, Formação e
trabalho.
 Eixo 3: Os quatro (4) pilares da enfermagem - se os conhecimentos
adquiridos no curso com relação aos 4 pilares estão sendo aplicados na área
de atuação –Categorias: Ensino, Pesquisa, Assistência e Gerência.
 Eixo 4: Projetos profissionais na área de atuação: presente e futuro.
Categorias: Expectativa profissional, relacionamento multiprofissional e
desafios da profissão e formação continuada, Questões de gênero na
enfermagem: força feminina.
Neste primeiro momento, encontramos abaixo o perfil das egressas entrevistadas,
definido em suas particularidades.
4.1. Perfil detalhado das entrevistadas
Edith, 33 anos, sexo feminino, cor branca, possui filhos, recebe de 5 (cinco) a 10 (dez)
salários mínimos, reside em Balneário Camboriú-SC. Quando se examina a questão da
40
inserção na profissão de enfermeira ela nos conta que já trabalhava na área, relata manter-se
atualizada por meio da internet e e-mail, quase sempre frequenta encontros e congressos.
Durante a sua faculdade Edith teve mais afinidade com a assistência e menos afinidade com
a gerência. Ela acredita que seu curso na faculdade estava mais voltado para o Ensino e
menos para a pesquisa. Pretende trabalhar na assistência, no entanto, está realizando pósgraduação em Ensino. A inserção profissional ocorreu sem problemas, pois já está
empregada, conseguiu emprego através de internet/e-mail, diz preferir trabalhar na
assistência de enfermagem.
Rachel, 23 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe também como Edith
de 5 (cinco) a 10 (dez) salários mínimos, reside em Itajaí. Sua experiência de inserção na
enfermagem ocorreu por iniciativa pessoal, narra que procura se manter atualizada por
meio da internet e e-mails, também quase sempre frequenta encontros e congressos.
Durante a sua faculdade Rachel teve mais afinidade com a gerência e menos com a
pesquisa. Ela acredita que seu curso de faculdade está mais voltado para a assistência,
sendo menos para o ensino. Pretende trabalhar na pesquisa, no entanto, está realizando pósgraduação em gerência. Rachel tem dificuldades para se inserir na profissão, dizendo estar
desempregada, prefere trabalhar na pesquisa de enfermagem.
Hilda, 24 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe como as outras recémformadas de 5 (cinco) a 10 (dez) salários mínimos, reside em Balneário Camboriú-SC. Sua
experiência de inserção na área da enfermagem aconteceu como Rachel por iniciativa
pessoal, como as demais relata manter-se atualizada por meio de internet e e-mails, já as
vezes frequenta encontros e congressos. Durante a sua faculdade a entrevistada diz que
teve mais afinidade com a assistência e menos com o ensino. Ela acredita que seu curso na
faculdade estava mais voltado para a assistência e menos para o ensino. Pretende trabalhar
na assistência, porém, não está realizando pós-graduação. Já está empregada, por isso não
apresenta dificuldade de inserção profissional, este emprego conseguiu por meio da
internet/e-mail, relata que prefere trabalhar na assistência de enfermagem. Nesse sentido,
disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através do estágio.
41
Zaira, 26 anos, sexo feminino, cor parda, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5 (cinco)
salários mínimos, reside em Balneário Camboriú-SC, como Edith e Hilda. A experiência de
Zaira quanto sua inserção na enfermagem foi tranquila, pois durante a faculdade já estava
trabalhando na área, como as demais relata manter-se atualizada por meio da internet e emails, nunca frequenta encontros e congressos. Durante a sua faculdade Zaira teve mais
afinidade com a assistência e menos com a pesquisa. Ela acredita que seu curso de
faculdade está mais voltado para a assistência e menos para a pesquisa. Pretende trabalhar
na assistência, no entanto, está realizando pós-graduação em outro ramo. Sobre sua
inserção profissional já estava empregada, por isso pressupõem-se que não teve
dificuldades, conseguiu emprego através de promoção, relata que prefere trabalhar na
assistência de enfermagem, disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de
trabalho através do estágio como também menciona Hilda.
Haydée, 28 anos, sexo feminino, cor negra, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5 (cinco)
salários mínimos como a Zaira reside em Balneário Camboriú-SC. Sobre a inserção na
enfermagem já trabalhava na área, como as outras entrevistadas também diz se manter
atualizada por meio da internet e e-mails, sempre que pode frequenta encontros e
congressos. Durante a sua faculdade Haydée teve mais afinidade com a assistência e
acredita que seu curso estava mais voltado para a assistência e menos para a gerência. Tem
como pretensão trabalhar na gerência, no momento não está realizando pós-graduação. Sua
experiência de inserção no mercado foi tranquila, já está empregada, conseguiu emprego
através de promoção como a Zaira, conta que seu curso possibilitou a inserção no mercado
de trabalho através do estágio como as demais.
Olga, 28 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe de 5 (cinco) a 10 (dez)
salários mínimos, reside em Porto Belo-SC. Sua inserção profissional na área da
enfermagem ocorreu por estímulo dos colegas, conhecidos e familiares. A entrevistada
relata manter-se atualizada por meio da internet e e-mails como as outras. Menciona que às
vezes frequenta encontros e congressos também. Durante a época da faculdade Olga diz
que teve mais afinidade com a assistência e menos com o ensino. Ela acredita que seu curso
de enfermagem estava mais associado à pesquisa e menos à assistência. Pretende trabalhar
42
na assistência e no momento não está realizando pós-graduação. Sobre sua inserção
profissional já estava trabalhando (empregada), conseguiu ocupação através de
internet/email, disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho por meio
da internet/email.
Wanda, a sétima entrevistada, tem 38 anos, sexo feminino, cor negra, possui filhos, recebe
de 5 (cinco) a 10 (dez) salários mínimos, reside em Itajaí-SC. A experiência que teve é que
já estava inserida na área da enfermagem, por isso não teve dificuldades, conta que procura
se manter-se atualizada por meio da internet e por e-mail como as outras colegas, somente
as vezes frequenta encontros e congressos. No período da faculdade teve mais afinidade
com a assistência e menos com a pesquisa. Dessa forma, acredita que o curso que
frequentou na Universidade era mais associado à gerência e menos voltado para o ensino.
Pretende trabalhar na assistência, no entanto, ainda não realizou pós-graduação. Sobre a
questão da inserção profissional já estava empregada no momento da entrevista, desta
forma, nota-se que não teve dificuldade para se inserir no mercado de trabalho e conseguiu
essa ocupação por meio de promoção, relata que prefere trabalhar na assistência de
enfermagem, disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através de
concurso público.
Florence, 23 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5
(cinco) salários mínimos, reside em Itapema-SC. A experiência na área da enfermagem foi
por meio do estímulo dos colegas, conhecidos e familiares, expõe que procura manter-se
atualizada como as demais colegas por meio da internet e e-mails, as vezes frequenta
encontros e congressos como Wanda. Quando cursou a faculdade Florence tinha mais
afinidade com a assistência e menos afinidade com a gerência. Em sua opinião o curso de
enfermagem estava mais voltado à pesquisa e menos à assistência. Nesse sentido, ainda
pretende trabalhar na assistência, entretanto, ainda não realizou pós-graduação. Já está
empregada ou inserida no mercado de trabalho e este fato se deu por meio do contato com
amigos/vizinhos, relata que prefere trabalhar na assistência de enfermagem, disse que seu
curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através de estágio como também
falaram outras colegas.
43
Waleska, 27 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5
(cinco) salários mínimos, reside em Itajaí-SC. Já trabalhava na área ou estava inserida no
mercado de trabalho, não tendo dificuldade de inserção profissional, como a maioria de
suas colegas procura se manter atualizada por meio da internet e e-mails. Disse que quase
sempre frequenta encontros e congressos, não sendo diferente de outras entrevistadas que
também mencionaram esse fato. Quando frequentou a Universidade e o curso de
enfermagem Waleska teve mais afinidade com a assistência e menos com a pesquisa. Nesse
sentido, mencionou que o curso estava mais ligado à gerência e menos à pesquisa. A
entrevistada tem a intenção de trabalhar no ensino, contudo, está realizando pós-graduação
na assistência. Já está inserida no mercado e conseguiu esse emprego por meio da
internet/email, relata que prefere trabalhar na assistência de enfermagem, anunciou que seu
curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através de internet/email.
Algumas considerações comparativas sobre o perfil das entrevistadas:
 Verificamos que todas as entrevistadas são mulheres tem entre 23 a 38 anos,
sendo a grande maioria de cor branca, seis (6) entrevistadas e somente três
(3) dessas intitularam-se pardas ou negras.

A maioria (77%) não possuem filhos e dizem ter renda entre 5 (cinco) a 10
(dez) SM. Quanto a residência vivem nas cidades de Balneário Camboriú,
Itajaí, Porto Belo e Itapema. Verifica-se que grande parte delas já conhecia
ou trabalhava na área da enfermagem.
 Em outro questionamento de como os egressos obtém as informações
necessárias para atuar na área, é unânime o uso da internet/email em 100%
dos casos.
 Sobre a qualificação profissional, no geral, participam às vezes dos eventos
ocorridos como pós-graduação. Questionadas sobre sua inserção no mercado
de trabalho, 77% tem buscado se inserir no mercado de trabalho ou estar
empregada.
 O mecanismo mais visível de inserção no mercado de trabalho ocorre,
conforme 55,5%, pela internet/email, as entrevistadas Zaira, Wanda e
44
Haydée já trabalhavam na instituição em outros cargos e foram promovidas
após seleção das instituições.
 Quando questionadas sobre por qual meio o curso favoreceu a inserção
profissional vimos que foi por meio do estágio para cinco entrevistadas.
4.2 Satisfação com a profissão
No primeiro eixo iremos trabalhar com os sentimentos de pertencimento na
Enfermagem, num primeiro momento, surgiram três categorias marcantes: a Satisfação com
profissão/escolha do curso, as Condições de Trabalho e Ambientes Insalubres. A categoria
de Ambientes Insalubres emergiu da pesquisa de campo pela necessidade de verificar que a
maioria dos egressos trabalha, em seus primeiros empregos, em ambientes insalubres como
os hospitais.
4.2.1 Satisfação com a profissão/escolha do curso
As entrevistadas foram questionadas para dar notas de zero a dez com relação à
satisfação com a profissão escolhida e a atuação como enfermeiras. Quando conferidas as
respostas percebeu-se que todas elas tiveram notas positivas acima de 7 (sete), a maioria
nota oito. Nota-se que nenhuma das notas chegou a dez, as entrevistadas relataram que os
principais motivos que não deram a nota máxima foram: a desvalorização da profissão, os
baixos salários e distinção do ensino/prática. Como mencionado por Edith “É 8....tem a
questão do mercado de trabalho acho que desvaloriza um pouco a enfermagem”, já Zaira
menciona sobre o salário “ Eu gostaria que estivesse melhor acho que 8 ou 7 a 8 em
relação ao salário” e, por fim, Hilda diz “Acho que 8,0 digo, assim eu gosto bastante do
que eu faço é cansativo, mas acho que a gente escolhe, faz estágio, sabe que não vai ser
fácil . Interessante refletir sobre esses sentimentos, Oguisso et all (2001), em sua pesquisa
descobriu que os resultados levantados permitem concluir que os sentimentos da grande
parte dos alunos em relação ao curso de graduação de enfermagem da EEUSP é de
satisfação, dizem isso por conseguirem concluir essa etapa e assim pretendem exercer a
profissão.
45
Para algumas entrevistadas a formatura era um sonho e o ser enfermeira fazia parte
dos seus planos ou projetos de vida, como por exemplo, Haydée e Waleska que já tinham a
formação de técnica de enfermagem. Para Wanda o sonho da formatura chegou, mas o
emprego como enfermeira ainda não, pois é concursada na prefeitura e sua remuneração
como técnica de enfermagem ultrapassa o valor médio dos hospitais da região, fazendo com
que ela aplique os conhecimentos dentro do seu posto de trabalho. Seguem os depoimentos,
No momento eu sempre quis ser enfermeira entendeu? Então é uma conquista
assim que eu tive na minha vida pessoal, particular em todos os sentidos me sinto
bastante realizada, assim eu de repente ainda não sou 9 por questões
institucionais e porque eu ainda.....o fato de ser técnica não quer dizer que eu
saiba tudo, ninguém sabe tudo né....então assim eu pontuo 8. Como te falei me
sinto realizada, pessoalmente bem realizada, to bem feliz e contente e eu acho
que isso que citei a solução dos problemas eu acredito na melhora, ao mesmo
tempo sou positiva com relação a isso de acreditar sou muito persistente então
eu penso que isso faz parte a gente amadurece em muitas outras coisas no
momento que a gente tem desafios assim então eu sinto que apesar de ser difícil
as vezes mas que tu acaba amadurecendo, que uma próxima situação tu já sabe
como agir, lidar (Haydeé).
Uma coisa assim, melhor do que eu imaginava na verdade, eu trabalhei como
técnica durante a faculdade na graduação, eu trabalhava a noite, fazia faculdade
de dia. Pra eu entrar na pediatria foi um sonho realizado, porque eu gosto de
pediatria, hoje eu to fazendo pós em pediatria, uma área que eu quero continuar.
Claro que a gente tem inúmeras dificuldades porque a gente naquilo que a gente
vai fazer, então a gente tem que estudar muito mais, pra conseguir dar conta,
mas eu estou bem contente, bem feliz mesmo nessa área (Waleska).
Locke retrata que são incorporados elementos de natureza cognitiva e afetiva,
permitindo que a pessoa emita um julgamento em que estão integradas as razões mais ou
menos objetivas. Por outro lado, a comparação entre o que se consegue obter na atividade
profissional com aquilo que dela era esperado é apontado também como um fator de
influência na satisfação com o trabalho (LOCKE, 1969, apud, ALVES, AZEVEDO E
GONÇALVES, 2014). Wanda relata,
[...] eu estaria satisfeita se estivesse atuando como enfermeira, mas isso não
significa que eu não esteja satisfeita. De 0 a 10 eu poderia dizer que é oito, só o
fato de eu já ter aprendido, o conhecimento ninguém tira da gente pra vida toda,
tem certos momento que eu vejo que o meu potencial melhorou muito, mesmo
atuando como técnica depois que eu fiz a graduação, querendo ou não eu
consigo sempre buscar e usar aquele conhecimento graduação para aplicar no
meu setor mesmo (Wanda).
46
No depoimento de Wanda pode-se verificar que é uma profissional que busca a
estabilidade no mercado de trabalho, não deixando seu cargo já concursado por aventurarse no mercado de trabalho. Nesse aspecto, concorda-se com Lemos (2007) que a inclinação
profissional para a estabilidade e manutenção do estilo de vida é típica de pessoas que
buscam atividades profissionais que lhes permitam sentirem-se seguras e lhes
proporcionem estabilidade, bem como lhes possibilitem conciliar suas necessidades
pessoais, familiares e profissionais. Para Zaira e Hilda os colegas de profissão
influenciaram na nota, profissionais da mesma área, em diferentes situações, agindo de
formas diferentes e não estabelecido na universidade,
Olha acho que esta na média, eu gostaria que estivesse melhor acho que 8 ou 7 a
8 em relação ao salário principalmente em relação aos próprios colegas a
formação eu acho que é muito diferente de uma universidade para outra deveria
ser mais homogênea que todos trabalhem pelo menos na teoria para ser tudo
meio parecido né, talvez a forma de fazer é um pouco diferente, mas eu vejo que
é muito....cada colega que formou um lugar diferente, trabalha de uma forma
diferente, tem uma visão completamente diferente ou não viram algumas coisas
que a gente viu (Zaira).
Acho que 8,0 digo... assim eu gosto bastante do que eu faço é cansativo, mas
acho que a gente escolhe, faz estágio, sabe que não vai ser fácil.....so que ainda
né....não decepcionei mas assim que eu vejo são profissionais da mesma área,
tipo atuando de uma forma que não tem lógica, entendeu, tipo fazendo coisas que
não....que a gente sabe que não cabe a profissão, então porque a....não to
falando pelo lado de não é minha função, é tua função eles não fazem e deixar
desejar entendeu.....isso é o que me não desmotiva porque acho que o meu fazer,
cada um tem que fazer o seu entendeu...(Hilda)
Florence, Olga e Edith nos rementem a pensar sobre as experiências vividas pelo
recém-formado diante da desvalorização do mercado de trabalho, também do medo e o
receio das atitudes dos primeiros dias e das dificuldades vividas nas primeiras experiências,
Florence eu gosto da assistência, esse é um desafio, trabalhar com psiquiatria é
um desafio, porque tu como profissional, como pessoa já tem uma barreira na
tua frente, enquanto profissional, menor, mais ou menos tu sabe o que cada um
vai te, mas enquanto profissional tu vai...tu também tem, tem o receio, também
tem medo, também tem...(Florence).
Eu já....já estou trabalhando como enfermeira, No pronto socorro do Hospital x
fazendo uma experiência nova assim to aprendendo muito e encontrando
bastante dificuldades também com novas experiências né....mas ta sendo bem
gostoso.....(Olga).
47
...eu acho que satisfação com a profissão? É 8....tem a questão do mercado de
trabalho acho que desvaloriza um pouco a enfermagem....(Edith)
Pode-se destacar também que o enfermeiro tem um importante papel na equipe, sem
do que seu posicionamento pode resultar no comportamento do grupo de trabalho. Santos e
Castro (2008) mencionam que a liderança contribui para que o envolvimento, satisfação e
motivação transformem a atividade profissional dos membros da equipe de enfermagem
numa atividade prazerosa, pois a jornada de trabalho e a remuneração são fatores relevantes
para o descontentamento dos profissionais. Portanto, o comportamento do líder gera um
reflexo no desempenho do grupo de trabalho, já que esta equipe se espelha no modelo que
acredita ou percebe como necessário para a execução de suas práticas de atendimento à
clientela. Ao observar o comportamento desta equipe, em contrapartida, é possível inferir o
estilo de liderança exercido pelo enfermeiro gerente, pois o cotidiano de trabalho da
enfermagem determina o momento certo de o líder adotar comportamentos e atitudes
diversas a fim de envolver e comprometer sua equipe.
Para Gentil (2009) não é de hoje a desvalorização da enfermagem, isto é devido à
falta de marketing pessoal dos enfermeiros, pois para o enfermeiro é muito difícil criar uma
imagem que seja um reflexo de sua qualidade. Não que o enfermeiro não possua
qualidades; ele tem consciência delas, mas porque tem inculcado de forma até inconsciente
que seu trabalho é caridade, abnegação, portanto, não é passível de ser divulgado e muito
menos como marketing pessoal. Perante o que foi expresso pelos egressos viu-se que o
enfermeiro idealiza sua profissão, porém quando estes se confrontam com a realidade de
carências, deficiências e lutas de classe (da categoria) acabam se frustrando. A falta de
reconhecimento da profissão faz com que nem se chegue a realizar o marketing pessoal.
Portanto, vemos
os egressos recém-formados com um misto de alegria, por terem
alcançado o sonho da esperada formatura e a inserção da profissional, mas
descontentamento quando se deparam com a realidade fora da graduação. Em sua maioria,
sentem-se satisfeitos por já estarem inclusos no mercado de trabalho e com a possibilidade
de fazer a diferença.
48
4.2.2 Condições de Trabalho
Em relação às condições de trabalho observou-se que muitas instituições não
possuem um local adequado de trabalho como os referenciados na faculdade, sendo assim,
os novos enfermeiros se veem obrigados a se expor nestas condições (falta de materiais,
profissionais, leitos, etc), conforme narra uma entrevistada,
Hoje o que vocês tem curiosidade de saber, que vocês acham que eu devia fazer,
se eu fazia com a minha equipe, não era repassada com as outras equipes, tinha
um problema de comunicação, então o que a gente conseguia fazer era isso
assim, era, como é pronto socorro, muita muvuca, então depende, aquelas
atividades em sala de espera, aquela coisa, é muito difícil, apreender a atenção
deles, e a gente, não tem aval da administração, não tem pra fazer isso entende,
porque é pouco funcionário, a gente não dá conta, é o apaga fogo...Imagina tu
atende o P.S. que é ambulatório, que é...Eu trabalhava no P.S. que atendia tanto
a demanda de ambulância, SAMU, Bombeiros e o que chegar de outra cidade,
porque a gente atende Bombinhas, Porto Belo, vem tudo para cá primeiro,
desemboca aqui primeiro, depois a gente faz o encaminhamento pras
especialidades Ruth ou Marieta. Então a atendia as ambulâncias e atendia o
ambulatório no verão, pra tu ter noção, a gente atendia mais de 100 pessoas no
plantão de 12h, tu não muito que sabe, eu sei que é uma falta de organização
mesmo, a gente, a administração mudou algumas vezes, a mesma empresa, mas o
administrador mudou algumas vezes), é o período de transição no total, ainda
não definiram, um gerente, ainda não definiram o papel do administrador, não
definiram nem a saúde que eles querem, o modelo que eles querem, então é o
apaga fogo diário (Florence)
Florence nos leva a refletir como é exigente o mundo real, nos traz as dificuldades
de gerenciar o seu serviço, além de toda a sobrecarga de trabalho, ela realiza plantões
noturnos. Para Silva, Rotemberg e Fischer (2011), no Brasil, os profissionais de
enfermagem têm reconhecidamente longas jornadas de trabalho. Os plantões de 12 (doze)
horas seguidos por 36 ou 60 horas de descanso permitem que esses profissionais se
dediquem a mais de uma atividade produtiva. Nesse grupo profissional as longas jornadas
podem levar à exaustão e fadiga, podendo afetar a assistência aos pacientes,
No meu ponto de vista, na verdade eu ainda nem fui a procura, porque eu vejo
que a principal dificuldade é com relação ao salário, ao baixo salário que o
mercado está nos oferecendo hoje em dia, como eu sou técnica efetiva, o meu
salario, o meu piso salarial como técnica é bem maior que se eu for atuar num
hospital, numa rede privada de repente como enfermeira (Wanda).
49
Longas jornadas de trabalho podem variar em intensidade, pausas e frequências de
repetição. Quanto piores as condições de trabalho em termos psicossociais e de carga de
trabalho, mais prejudicial tende a ser a jornada. A importância do conjunto de estudos neste
tema é destacada pela inexistência de um limite para a extensão da jornada de trabalho que
seja seguro à saúde (SILVA, ROTEMBERG E FISCHER, 2011). Olga relata sobre a
sobrecarga de trabalho, assumindo a posição de outros profissionais da equipe, muitas
vezes, o enfermeiro apresenta essa dificuldade de delegar e aguardar a finalização das
tarefas delegadas, desempenhando-as,
(hoje) Tem escrituraria se bem que assim agora que eu tenho, mas quando eu
vim pra enfermeira de manha, nesse período eu não tinha era tudo eu, era muito
mais corrido porque eu tinha que cuidar de todos os exames que estavam
marcado e que não foi, é claro que alguma ou outra coisa eu mesma tenho que
fazer assim, prefiro eu fazer do que ta pedindo pra uma outra pessoa fazer,
algum assim que vejo prioridade né, que é um caso mais especial dependendo
gravidade a gente já sabe eu mesma já vou atrás e já agilizo tudo (Olga).
O tempo que seria destinado ao descanso geralmente não é destinado ao repouso,
mas sim a outras atividades, sejam domésticas, sejam profissionais, nem sempre
possibilitam que o trabalhador considere suas necessidades de lazer e descanso, como
mostram nossos resultados. Além disso, em função da predominância feminina, a jornada
de trabalho profissional se adiciona ao trabalho doméstico, compondo a chamada jornada
total ou carga total de trabalho (SILVA, ROTEMBERG E FISCHER, 2011),
Aqui em Santa Catarina a gente tem campo para trabalhar, tem bastantes
profissional, é pouco investida. Vim de um congresso internacional sobre
segurança do paciente, teve muitos palestrantes dos EUA que mostrou coisas
simples, que não tem muito custo, mas o Brasil não investe. Ta faltando isso, pra
enfermagem correr atrás, aprender mais o que os outros de fora sabem e, nem
tanto de fora, SP ou RG, eles tem muito, bastante tecnologia que Santa Catarina
não tem ou está começando. Compraram um robô para cirurgia robótica, não sei
pra qual hospital foi, mas tá onde está o profissional pra usar esse robô, CME
para limpar, não adianta trazer tecnologia, senão tem pessoal qualificado para
trabalhar. Se a Univali tivesse mais pós-graduação e mestrado chamaria o
profissional daqui para se qualificar mais (Rachel).
Com relação a este termo, cabe aos enfermeiros recém-formados lutarem por
melhores condições de trabalho, como em muitos lugares pesquisados há uma concordância
entre os egressos da falta de recursos humanos e materiais.
50
4.2.3 Ambientes insalubres
Das 9 (nove) entrevistadas 6 (seis) trabalham em hospitais da região de Santa
Catarina, uma em laboratório e duas delas fazem estágios da pós-graduação também em
hospitais de São Paulo. Este dado serve para nos lembrar de que os ambientes insalubres
sempre tiveram presentes na vivência do enfermeiro. Estes ambientes são campos de
trabalho para enfermagem desde a época que Florence Nightingale organizava-os em suas
estruturas. Para Lopes e Santos (2010), Florence deu à enfermagem o estatuto
socioprofissional que lhe faltava e o seu percurso revolucionário de profundo impacto na
saúde e na reorganização dos serviços de saúde, a nível mundial.
Em 1998, Bellato e Carvalho já colocavam a enfermagem como parte integrante
dessa instituição, também sofreu o mesmo processo de aumento na complexidade de suas
atividades e, consequente diversificação dos seus executores em várias categorias. Com o
incremento na demanda das necessidades de saúde da população, bem como o
fortalecimento do conhecimento científico nessa área, as especializações também passam a
fazer parte da formação das trabalhadoras na área da enfermagem, principalmente da
enfermeira, sendo que esta profissional passa a liderar a denominada (equipe de
enfermagem). A estrutura de trabalho dessa equipe, a exemplo dos demais setores das
instituições de saúde, passa a se desenvolver dentro dos chamados moldes funcionalistas.
O cotidiano da Enfermagem é permeado de emanações odorantes, as quais quando
percebidas torna-se alvo de atenção, especialmente àquelas de caráter considerado
desagradável ou incômodo e às de indicativo de risco iminente de infecções (WOSNY,
ERDMANN, 2004).
Para Gomes (2007) Florence revolucionou o ambiente hospitalar ao programar
melhores condições sanitárias e de tratamento dos feridos, conseguiu reduzir de 47,2% para
2,2% a taxa de mortalidade entre os soldados, num período de apenas seis meses. Haddad e
Santos (2011), complementam de que a visão de Florence objetivava priorizar o
fornecimento de um ambiente estimulador do desenvolvimento da saúde para o paciente.
Ela acreditava que isso faria um diferencial na recuperação dos doentes, e são esses
preceitos que sustentam a Teoria Ambientalista. Um ambiente bem estruturado deixa o
51
egresso recém-formado mais seguro para desenvolver-se profissionalmente, Haydée se
deparou com várias dificuldades neste seu primeiro emprego como enfermeira como podese ver em seu depoimento,
É a gente tem se deparado assim com bastante situações, problemas
institucionais mesmo assim de gente então....ta sendo assim ta com bastante
dificuldade é....com recursos humanos , a estrutura física não ajuda, então a
gente tem encontrado bastante dificuldade em relação a isso sabe....mas com
relação a atuação de enfermeira, ao serviço, a assistência assim bem estruturada
assim. (Haydée).
Diferentemente do depoimento de Haydeé, os quais ocorrem problemas estruturais
em seu ambiente de trabalho, podendo tornar o egresso recém-formado inseguro e até fazêlo desistir da profissão. Silva, Matsuda e Waidman (2012), pesquisaram a percepção de
trabalhadores de um serviço de urgência público em relação à qualidade da estrutura local,
seus entrevistados relataram que há disponibilidade de materiais em quantidade e qualidade
apropriadas à realização do trabalho. Trata-se de um fato importante, pois possibilita aos
profissionais executar suas atividades de forma contínua e segura. No setor de urgência, a
importância da adequação dos materiais é potencializada, tendo em vista que o tempo é um
fator determinante no atendimento e a falta de um insumo pode acarretar danos
irreversíveis ao paciente.
A habilidade de promover os ajustes e intervenções nas ações entre os atores sociais
é um processo que necessita da compreensão do fenômeno em voga para o
desenvolvimento da capacidade de negociação gerencial (PROCHNOW, 2007). Muitas
vezes o egresso recém-formado ainda não conta com esta habilidade, sendo assim, nota-se a
diferença entre dois hospitais da região, um público e outro privado, e os detalhes de
organização e gerência de ambos descritos pelos egressos, demonstrando que o
acompanhamento da instituição para o jovem egresso de enfermagem pode ser como
contam duas entrevistadas,
Quando vim pro horário da manhã, eu comecei a trabalhar e eu fui criando
minha rotina entendeu, meu jeito entendeu, porque ninguém me explicou nada,
eu mesmo criei minha rotina sozinha, porque não era daquele setor, era pronto
socorro, mas era de outro convenio particular, não era o mesmo do SUS, ate
então não tinha trabalhado no SUS. Colocaram oh....tu vai começar tal dia de
manha, mas ninguém ensinou nada, eu tive que criar minha rotina. Olha no
momento assim não porque a gente ta com....mudando assim alem da mudança
52
da própria estrutura aqui no hospital, falta de funcionários, sempre tem então a
gente acaba fazendo meio assim dia a dia, como posso falar que minha a gente ta
resolvendo assim resolvendo problemas, o atendimento (Olga).
A gente trabalha lá com uma equipe multi (disciplinar) também presente sabe
então também sou responsável isso é bem bom a gente trabalha com vários
setores relacionados do hospital Y então a gente tem muito de é contra
referenciar na verdade é dentro da mesma empresa mas as informações são
repassadas formalmente, a gente faz é SAE a gente aplica SAE, todas as escalas
a gente faz é acho que a maior dificuldade assim foi bem relacionado mesmo
equipe, saber como eles iam aceitar, ou você saber como lidar com algumas
situações né (Zaira).
Silva, Matsuda e Waidman (2012) assinalam que a previsão de recursos humanos,
no serviço de urgência, está relacionada à quantidade e à complexidade dos atendimentos
oferecidos, os quais não são fixos e nem previsíveis. O clima de instabilidade constitui uma
característica marcante desse serviço e faz com que o dimensionamento de profissionais
neste setor seja desafiante e demanda revisões constantes. No depoimento, a seguir, Olga
relata a importância dos recursos humanos neste serviço hospitalar (principalmente quando
se trata do setor de urgência e emergência),
Como posso falar também, é que os técnicos são todos novos da manha, saíram,
assim com bastantes dificuldades de ter técnicos pra trabalhar no pronto
socorro, você sempre participa.....pronto socorro assim, a própria gerencia do
hospital fala que não tem técnicos no mercado....e que não vem fazer prova, não
vem realizar, mas estou com todos novos assim sempre trocando, entra um fica
pouco tempo já saem, não trabalham mais, como to mais antiga e os outros
novos, não to tendo dificuldades, to tendo assim que adaptar, adaptar a nossa
realidade (OLGA).
A rotina do setor de emergência, com suas peculiaridades já apontadas
anteriormente, exige que o profissional desenvolva habilidades técnicas e cognitivas para
que seja capaz de lidar com o inesperado, apresentando agilidade e segurança em seu
desempenho (SILVA, MATSUDA E WAIDMAN, 2012).
O contexto do trabalho em saúde, por vezes desfavorável, tanto para os
profissionais, quanto para a população atendida, reflete as mudanças decorrentes da
implementação de políticas que privilegiam o atendimento às exigências de um modelo
econômico expropriador dos direitos, do prazer e da criatividade do trabalhador, resultando
em um quadro preocupante (NUNES et all, 2006). Muitas vezes, o egresso recém-formado,
53
tem que lidar com situações não vivenciadas durante a graduação, levando-o a uma situação
de instabilidade e insegurança.
Wosny e Erdmann (2004), dizem que o hospital é considerado uma instituição de
importância similar a outras organizações caracterizadas como de necessidade social, tais
como as escolas, as igrejas, os presídios e os asilos. É um ambiente que requer um olhar
especial dado à peculiaridade e preciosidade de suas atividades, a maioria destinada ao
cuidado do ser humano em situações de transição e fragilidade: o nascer, o adoecer e o
morrer.
Nunes et all (2006) complementa a necessidade da realização do trabalho na saúde
que implica uma relação muito próxima entre os profissionais e os usuários, exigindo
elevada capacidade de percepção, compreensão e compartilhamento das demandas que se
apresentam como necessidades, nem sempre explicitadas.
4.3 Eixo 2: Inserção e permanência no mercado de trabalho
Este eixo está dividido em duas categorias: na primeira categoria iremos analisar as
dificuldades de inserção e permanência do enfermeiro no mercado de trabalho. Na segunda,
categoria Formação e Trabalho apresenta-se a situação de trabalho deles atualmente e se os
conhecimentos adquiridos na faculdade são aplicáveis ao mercado de trabalho.
4.3.1 Dificuldades de inserção e permanência na área de atuação.
Esta categoria apresenta a análise de conteúdo sobre as dificuldades de inserção e
permanência na área de atuação. Portanto, seis (6) das nove (9) entrevistadas disseram que
não tiveram dificuldade para inserção no mercado de trabalho, algumas já trabalhavam na
instituição em outros cargos e foram promovidas e/ou passaram por processos seletivos
dentro da própria empresa. Puschel, Inácio e Pucci (2009) trazem como principais formas
de egresso o processo seletivo, seguido pelo concurso público, também a indicação de
colegas para conseguirem o terceiro emprego foi por meio de convite do empregador (9%).
Percebe-se o quanto é importante a rede social no momento da inserção no mercado
de trabalho. Segundo Mattosinho (2010) um facilitador é o fato de o primeiro emprego
54
ocorrer na instituição na qual o enfermeiro já teve uma experiência, seja como aluno ou
como estagiário, pois já conhece as técnicas, as rotinas e os profissionais que lá atuam,
reduzindo o estresse do novo emprego, o medo do desconhecido, a insegurança, facilitando
a inserção profissional. Florence, Waleska, Olga, Haydée e Zaira narram como ocorreu a
inserção no mercado de trabalho:
Foi uma vaga que abriu daí a empresa entrou e assumiu o hospital, é uma
empresa nova, e aí quando eles assumiram eles estavam selecionando os
currículos, aí eu peguei e deixei o currículo alí. Deixei o currículo, umas duas
semanas eles me chamaram eu ainda não era formada, fiz um mês e pouco de
estágio ali, fiquei um mês ali para conhecer fluxo, rotina e tal. Depois eles me
admitiram, tem um ano ali, é pronto socorro, um hospital, onde era o hospital
era pronto socorro (Florence).
Deixei o currículo, fiz entrevista, passei por diversos profissionais no hospital,
entrei numa vaga de P.S. e agora eu to na clinica médica, até que não foi tão
difícil como eu imaginava (Waleska).
É eu fiz uma prova, de seleção já trabalhava na instituição e então foi assim um
cargo de promoção, então foi promovida...(Haydée)
Não, não porque eu já era técnica e trabalhava nesse mesmo hospital, então me
formei e realizei a prova e em seguida estando com o COREN na mão passei a
ser enfermeira (Olga).
Então já trabalho desde a formatura, trabalhava na mesma empresa, foi em
agosto no mês de setembro, é na verdade trabalhava na Unimed como técnica de
enfermagem eu me formei em agosto e em outubro fui promovida porque não
tinha vaga, na verdade ai eu fiquei acompanhando os enfermeiros nos setores
antes mesmo de eu me formar, é pra aprender a rotina , pois a intenção já era me
promover na verdade assim que me formasse (Zaira).
Quanto às dificuldades relacionadas ao mercado de trabalho os autores Puschel,
Inácio e Pucci (2009) em seu estudo assinalam: falta de experiência prática por ser recémformada, pouca oferta de emprego para grande número de formados, não ter contatos ou
indicação (3,48%), falta de experiências anteriores de emprego. Já no que se refere às
características pessoais apontam: não se sair bem em processos seletivos, pouca idade, ser
imaturo, falta de tempo para cumprir jornada de trabalho, ter preferência por área de
atuação e por localização, ter senso crítico e gênero. Florence foi uma entrevistada que
disse ter encontrado dificuldades para permanência no emprego devido a pouca idade,
Hilda e Rachel concordam que a falta de experiência é um motivo para a pouca
55
permanência destes profissionais, questão essa que pode decidir até mesmo a inserção deste
profissional, seguem depoimentos,
Desafio: a pouca idade, você ser recém-formada, a equipe uma equipe que já ta
a alguns anos, profissional antigo é muito problemático, ele é difícil de lidar de
aceitar ( Florence).
Eu acho que eu tive maior dificuldade é a falta de experiência mesmo, prática
que tu só aprende no dia a dia, porque a teoria a gente pega na faculdade, mas
acho que a prática que é a que mais me falta (Hilda).
Até agora dentro das grandes dificuldades que a enfermagem tem, questão de
horas de trabalho, piso salarial, tudo isso, acho que eu acabei escolhendo uma
área específica que é o CC que eu to adorando, CC, recuperação anestésica,
CME e eu acho assim, que a profissão é difícil. Quem não continua estudando,
não devia nem conseguir entrar no mercado de trabalho, cada vez é mais
puxado, mais coisas aparecem e o erro tá aí, por isso a enfermagem é tão
desvalorizada, pela falta de consciência das pessoas, elas são da faculdade,
pensando em entrar no mercado de trabalho, pensando que assim vão conseguir
crescer mais. A faculdade a gente consegue apenas 20%do que a gente precisa,
por enquanto está sendo muito bom, to conseguindo atingir todos os objetivos
que eu coloquei, até assim, antes que eu pensava. A questão do mercado de
trabalho, pra quem não tem experiência é difícil, poucos hospitais pegam
pessoas sem experiência, quando tu colocas especialização, cursos de qualidade
em teu currículo fica mais fácil do que a pessoa que saí daqui sem experiência e
começa trabalhar, pega um local que não busca pela qualidade do serviço, busca
suprir o que tem lá e vai levando, acaba ficando naquela coisa, não busca uma
especialização, não busca nada, por isso que a enfermagem está do jeito que tá
(Rachel).
Haydée e Zaira concordam que o apoio de superiores, como a gerencia ou
enfermeiros mais experientes, nestes primeiros meses, auxiliam o desempenho do jovem
egresso, tornando mais confiante em suas decisões,
Tenho bastante auxilio assim sabe, eu....como eu disse a gente é muito
nova....tenho experiência técnica, mas não tenho experiência de enfermeira,
então pra mim as coisas aconteceram muito rápido....eu né...trabalhei no período
da tarde e assumi uma parte do pronto socorro, parte dos internados né....fiquei
um mês lá então assim fui desenvolvendo e menos de um mês eu já estava de
manha assumindo a assistência geral do pronto socorro então fiquei tipo 2 meses
desses 8 meses e fazem 2 meses depois eu já assumi a noite assim sem ter muito
é.....não é questão de respaldo como você falou é da questão de liderança a noite
é mais trancado mas assim eu tenho tido bastante ajuda assim, tem uma
enfermeira já que atua bastante anos, bastante....um que tem uma vasta
experiência, e ela me ajuda bastante, eu gosto muito dela particularmente,
profissionalmente, me inspiro muito nela, então discuto assim minha assistência
com ela, há como poderia ser, o que você acha que eu to.....estou indo muito pela
questão da experiência da pessoa que ela é.....então tenho ajuda assim bastante,
estou bem respaldada.....se precisar eu sei onde posso ir, com quem eu posso
contar, eu acredito que isso tem também me motivado bastante viu....o fato de ter
essa pessoa para me direcionar o meu trabalho..... ...(Haydée).
56
Ele me dão esse subsídio, acho que é isso que facilita sabe esses treinamentos,
essas conversas eles tem eu não fiz parte no anos passado mas esse ano vai ter
eles tem curso de liderança que é muito bom.....Chefia e Liderança, é muito bom
eu acho tudo isso que falta na faculdade na verdade a gente fica voltado pra
assistência né verdade é pouco procedimento que a gente faz é mais relacionado
a isso (Zaira).
Acerca dessa problemática Mattosinho (2010) contribui lembrando que a
inexperiência profissional e a deficiente habilidade instrumental, associadas ao fato de ser
jovem, trazem para o enfermeiro um desafio maior; o de lidar com os recursos humanos da
instituição. Isso porque ele ocupa um espaço de liderança dentro da equipe de enfermagem,
ocasionando um descontentamento aos profissionais mais antigos e
experientes, que,
muitas vezes, mostram-se resistentes à idéia de ter como líder uma pessoa mais jovem e
sem experiência prática.
4.3.2 Formação e trabalho
As escolas formadoras têm dificuldades em desenvolver a aprendizagem vinculada
a ações reais da prática. O ensino é preconizado por ações no ideal, marcado pelo
descompasso entre o proposto e o que será vivenciado na prática assistencial. Há
incompatibilidade entre formação e prática profissional pautada em investimentos
pedagógicos desvinculados da realidade do desenvolvimento do aluno (DELLAQUA,
2004, apud, COLENCI E BERTI, 2012). Concorda-se com GALLEGUILLOS,
OLIVEIRA (2001) que a enfermagem tem reproduzido o ensino médico, inclusive quanto à
grade curricular, procurando desenvolver-se para acompanhar a tecnologia existente e
organizando-se de maneira a propiciar condições de funcionamento das instituições
hospitalares nas diversas especializações.
Sabe-se que a universidade em que todas as entrevistadas se formaram atualmente é
uma universidade comunitária (UNIVALI). No geral, a grande parte das entrevistadas em
seus depoimentos falou muito bem da universidade e da base ofertada pela mesma ou de
sua formação, como é o caso de Florence e Wanda,
57
Tudo, em qualquer lugar que a gente começa a trabalhar, tudo muito novo, então
tipo, o aprendizado é muito grande, a faculdade te dá uma base, uma base muito
boa, muito conteúdo, mas a gente se depara com situações, problemas diários
que a saúde vem enfrentando todos os dias. Então assim, eu não tive grande
dificuldade de me inserir na equipe, da minha equipe de trabalho, até porque é
só um enfermeiro, o resto é técnico, em cada período fica um só (Florence).
Ajudou e ajuda muito, muita coisa que hoje eu procuro, em casa, no meu setor de
trabalho, no meu dia a dia, graças a minha graduação, o conhecimento que eu
tive na graduação eu consigo até melhorar meu trabalho, bem mais do que
antes, nem compara o que era antes...(Wanda).
A inserção no mercado de trabalho e o cumprimento dos papéis que esta relação
exige aconteceriam de maneira mais natural. Nesse sentido, pode-se dizer que há a
formação ideal na graduação, entretanto, esta não acontece em sua totalidade na aplicação
prática. Quando o profissional se insere no mercado de trabalho deverá ter uma nova
formação, ou uma nova construção e estruturação de conhecimentos, a partir de conceitos
criados por sua experiência isolada, a formação proposta pela instituição de ensino e as
experiências vividas durante o curso, além da cultura e da filosofia da nova instituição que
esse profissional se insere (COLENCI E BERTI, 2012). Zaira relata sobre a importância do
professor em seus estágios para poder dividir dúvidas e responsabilidades e agora está no
mercado de trabalho,
Eu senti falta realmente na faculdade, na faculdade a gente, talvez nos estágios
sim com o professor no lado te ajuda a resolver, mas a gente não esta
diretamente relacionada a equipe. Eu tava na verdade muito ansiosa, porque não
que me achasse que já estava preparada, mas eu tinha uma ansiedade né? Sentia
na verdade preparada, achava quando eu já podia assim que me formei, logo que
me formei eu queria logo começar sabe? Como eu já estava acompanhando
alguma delas é.....mas de dificuldade foi também, como eu era técnica de
enfermagem eu senti isso não conta a saber o que fazer, mas de colega vem e diz
assim: ZAIRA* tu não precisa trocar fralda, podes chamar o técnico para vir
fazer, mas gente o enfermeiro pode também pode trocar fralda, sabe isso me
incomoda sabe essa comparação tu não é mais técnica, eu sei que não sou mais
técnica mas também posso fazer isso (Zaira).
Colenci e Berti (2012) falam sobre a necessidade de construção do conhecimento,
de modo a tornar o enfermeiro profissional crítico, apto a discutir e propor mudanças,
deixando de ser uma profissão que ainda mostra sinais de dificuldades em se estabelecer,
tanto no setor da saúde, quanto na sociedade de modo geral. Hilda e Edith nos relembram
58
sobre o significado da busca constante do conhecimento para uma boa inserção no mercado
de trabalho,
Tem muita coisa pra mudar ainda, a gente que vê que na faculdade é tudo muito
lindo, só que eu acho que tem muita coisa pra mudar e parte do enfermeiro não
dá...se for esperar pro teu reconhecimento, tu tem cada um tem que
desempenhar bem a sua parte, acho que falta isso bastante ter muito enfermeiro
que deixa muito a desejar ou por falta de conhecimento por falta de vontade ou
porque já trabalhou muitos anos e ta cansado daquela rotina que tu trabalha
cansativo, são várias horas de trabalho então eu espero que a categoria enfim se
um pouco mais entendeu e luto pelo certo e cada um faça sua parte, mas cada um
desempenhe bem seu trabalho, acho que é isso...(Hilda).
A questão do conhecimento mesmo, a gente nunca sabe tudo, todos os dias você
aprende algo e também essa questão de lidar com o outro e ninguém é igual, a
gente tem que saber driblar essas diferenças do ser humano, então isso é uma
coisa que acho que a gente aprende todos os dias e leva pra nossa vida (Edith).
Galleguillos e Oliveira (2001) reforçam a discussão mencionando que as questões
de saúde pública nunca foram priorizadas, dizem que temos formados enfermeiros que
atendam às necessidades do mercado de trabalho e dos grupos dominantes. Nesse sentido,
Olga retrata sobre as dificuldades encontradas na prática da enfermagem e a desistência de
colegas que decidiram rumar para outras profissões:
Como assim na faculdade tu estuda uma coisa, chega na prática pra trabalhar é
outra totalmente diferente, totalmente, por isso muitos colegas que desistiram
colegas enfermeiros que se formaram, foram trabalhar, até vieram aqui, teu caso
que me recordo bem, veio trabalhar aqui e desistiu, não é isso que eu quero, tipo
na faculdade eles te mostram uma coisa e a realidade na prática de trabalhar é
outra, eu já conhecia porque eu era técnica mas essa colega acabou, nossa ela
vinha e chorava, ficou totalmente frustada e foi trabalhar de secretaria, desistiu
da profissão, não, não quero isso, não é isso, chorava eu falava que isso é ser
enfermeira, não, não, não quero isso pra minha vida, e acabou desistindo....
Nesta perspectiva, Secaf e Rodrigues (1998) salientam que os estudos de egressos
e/ou evadidos de suas profissões, mesmo naquelas altamente concorridas e com
possibilidade de realização econômico-financeira, mostram que há quem as abandone à
procura de algo que lhes dê algum outro tipo de satisfação. No caso desta colega de Olga,
Secaf e Rodrigues (1998), na pesquisa que realizaram com egressos, reforçam que
perceberam que alguns têm pouca identificação com a enfermagem, pois se desligaram em
pleno processo de consciência da incongruência entre o que se esperava e o que encontrou
59
na profissão. Também ocorre que o processo educacional amplia os horizontes dos egressos
recém-formados, mesmo que estes já estejam atuando como técnicos em Enfermagem e
estejam na frente de trabalho, como é o caso de Haydée:
Eu era técnica de enfermagem ... de liderança com certeza é uma diferença antes
porque assim meu olhar era voltado pro setor que eu estava na escala de
atribuição entendeu, e agora não, o meu olhar é voltado todo pra unidade, sou
responsável por uma. Então ampliou, tive que ampliar meu olhar.
Portanto, senão fosse o conhecimento adquirido na universidade Haydée não estaria
utilizando em seu cotidiano de trabalho. Isso conforme Secaf e Rodrigues (1998) mostra a
importância dos docentes, ou seja, a formação contribui para que gostem do seu trabalho,
que busquem atualização e aprimoramento constantes, que tenham orgulho da sua profissão
para transmitir aos futuros enfermeiros, ajudando para que sejam mais confiantes, menos
submissos e que venham a ocupar o lugar de respeito que lhes é de direito. Observou-se que
algumas vezes a pessoa não prossegue na profissão, pois não apresenta afinidade com o
curso.
4.4 Eixo 3: Os 4 (quatro) pilares (saberes) do curso em Enfermagem
Neste eixo apresentam-se as habilidades necessárias e os campos de trabalho
disponíveis para que o enfermeiro atinja sua totalidade como profissional.. Dividimos em
quatro categorias os saberes necessários: Ensino, Assistência, Pesquisa e Gerência. As
Diretrizes Curriculares definem, ainda, que a formação do enfermeiro tem por objetivo
dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes
competências e habilidades gerais: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação,
liderança, administração e gerenciamento e educação permanente (ITO, 2006).
O grande desafio na formação do enfermeiro é transpor o que é determinado pela
nova LDB e pelas Novas Diretrizes Curriculares ao formar profissionais que superem o
domínio teórico-prático exigido pelo mercado de trabalho, enquanto agentes inovadores e
transformadores da realidade, inseridos e valorizados no mundo do trabalho (ITO, 2006).
Art. 5º RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 3, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2001 institui as
60
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. A formação do
enfermeiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o
exercício das seguintes competências e habilidades específicas:
I – atuar profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas
Dimensões, em suas expressões e fases evolutivas;
II – incorporar a ciência/arte do cuidar como instrumento de
interpretação profissional;
III – estabelecer novas relações com o contexto social, reconhecendo a
estrutura e as formas de organização social, suas transformações e expressões;
IV – desenvolver formação técnico-científica que confira qualidade ao
exercício profissional;
V – compreender a política de saúde no contexto das políticas sociais,
reconhecendo os perfis epidemiológicos das populações;
VI – reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e atuar
de forma a garantir a integralidade da assistência, entendida como conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e
coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do
sistema;
VII – atuar nos programas de assistência integral à saúde da criança, do
adolescente, da mulher, do adulto e do idoso;
VIII – ser capaz de diagnosticar e solucionar problemas de saúde, de
comunicar-se, de tomar decisões, de intervir no processo de trabalho, de trabalhar
em equipe e de enfrentar situações em constante mudança;
IX – reconhecer as relações de trabalho e sua influência na saúde;
X – atuar como sujeito no processo de formação de recursos humanos;
XI – responder às especificidades regionais de saúde através de
intervenções planejadas estrategicamente, em níveis de promoção, prevenção e
reabilitação à saúde, dando atenção integral à saúde dos indivíduos, das famílias e
das comunidades;
XII – reconhecer-se como coordenador do trabalho da equipe de
enfermagem;
XIII – assumir o compromisso ético, humanístico e social com o
trabalho multiprofissional em saúde.
XIV – promover estilos de vida saudáveis, conciliando as necessidades
tanto dos seus clientes/pacientes quanto às de sua comunidade, atuando como
agente de transformação social;
XV – usar adequadamente novas tecnologias, tanto de informação e
comunicação, quanto de ponta para o cuidar de enfermagem;
XVI – atuar nos diferentes cenários da prática profissional, considerando
os pressupostos dos modelos clínico e epidemiológico;
XVII – identificar as necessidades individuais e coletivas de saúde da
população, seus condicionantes e determinantes;
XIII – intervir no processo de saúde-doença, responsabilizando-se pela
qualidade da assistência/cuidado de enfermagem em seus diferentes níveis de
atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, proteção e reabilitação à
saúde, na perspectiva da integralidade da assistência;
XIX – coordenar o processo de cuidar em enfermagem, considerando
contextos e demandas de saúde;
XX – prestar cuidados de enfermagem compatíveis com as diferentes
necessidades apresentadas pelo indivíduo, pela família e pelos diferentes grupos
da comunidade;
61
XXI – compatibilizar as características profissionais dos agentes da
equip e de enfermagem às diferentes demandas dos usuários;
XXII – integrar as ações de enfermagem às ações multiprofissionais;
XXIII – gerenciar o processo de trabalho em enfermagem com
princípios de Ética e de Bioética, com resolutividade tanto em nível individual
como coletivo em todos os âmbitos de atuação profissional;
XXIV – planejar, implementar e participar dos programas de formação e
qualificação contínua dos trabalhadores de enfermagem e de saúde;
XXV – planejar e implementar programas de educação e promoção à
saúde, considerando a especificidade dos diferentes grupos sociais e dos distintos
processos de vida, saúde, trabalho e adoecimento;
XXVI – desenvolver, participar e aplicar pesquisas e/ou outras formas de
produção de conhecimento que objetivem a qualificação da prática profissional;
XXVII – respeitar os princípios éticos, legais e humanísticos da
profissão;
XXIII – interferir na dinâmica de trabalho institucional, reconhecendo-se
como agente desse processo;
XXIX – utilizar os instrumentos que garantam a qualidade do cuidado de
enfermagem e da assistência à saúde;
XXX – participar da composição das estruturas consultivas e
deliberativas do sistema de saúde;
XXXI – assessorar órgãos, empresas e instituições em projetos de saúde;
XXXII - cuidar da própria saúde física e mental e buscar seu bem-estar
como cidadão e como enfermeiro; e
XXXIII - reconhecer o papel social do enfermeiro para atuar em
atividades de política e planejamento em saúde.
O curso de graduação deve possibilitar ao futuro enfermeiro sua instrumentalização
para a intervenção na realidade, favorecendo a organização/ reorganização do trabalho. O
perfil de profissional exigido requer habilidades cognitivas (saber) e operacionais (saber
fazer), sustentadas pela ética e comprometimento (saber ser). Segundo a autora, a
construção, a gestão dos processos e a formação de sujeitos é um grande desafio (ITO,
2006). Discute-se neste tópico separada e brevemente os quatro (4) pilares que regem a
profissão e se espera que o profissional enfermeiro formado atue: no ensino, na pesquisa, na
assistência e na gerência. O trabalho de enfermagem como instrumento do processo de
trabalho em saúde, subdivide-se ainda em vários processos de trabalho como cuidar/assistir,
administrar/gerenciar, pesquisar e ensinar. Dentre esses, o cuidar e o gerenciar são os
processos mais evidenciados no trabalho do enfermeiro (PERES, CIAMPONE, 2006).
Waleska, uma das enfermeiras entrevistadas, relata que percebeu que desempenha os quatro
(4) pilares dentro de seu emprego sem perceber,
A gente acaba fazendo sem perceber, agora que tu falou dos quatro pilares a
gente vê no dia a dia, a gente faz a gerencia, ensino a gente tem um monte de
técnico novo então a gente ta sempre nessa parte do ensino, a assistência não é
62
tanto quanto a gente queria, que hoje por exemplo, tenho 30 crianças, então a
gente elenca os pacientes prioritários e vai passando visita, mas não é sempre
que a gente consegue (WALESKA).
A seguir, discute-se os 4 (quatro) pilares e os conceitos que se espera de um egresso
recém formado generalista:
4.4.1 Pesquisa
Observa-se nas entrevistas que os entrevistados estão realizando mais a assistência
do que os demais pilares, o pilar menos utilizado no momento é a pesquisa. A falta de
tempo para o ensino e para a pesquisa é discutida por algumas entrevistadas, como Hilda e
Haydée,
Assim tem que pesquisar pra poder ensinar. Como diz o ditado...A assistência é
voltado pra assistência...a minha atuação...atuação aqui dentro (HAYDEÉ,).
E acho que sim, eu acho que as 4 áreas algumas mais, outras menos, eu ainda
acho que a área da pesquisa, ainda é o que ta me faltando, mas tenho pouco
tempo de trabalho aqui também, mas acho que ensino, meio que tu vai
praticando todo dia, porque todo dia tu da uma orientação, tanto pra técnico
quanto pro paciente, então acho que tu vai exercendo todo dia, assistência
sempre, e a gerencia acaba entrando junto, acho o que ainda entra menos é a
pesquisa, então assim é......(HILDA).
Eu me refiro assim na questão da pesquisa assim com orientações por próprio
colaborador mesmo...que assim. Estou com uma equipe toda nova. Agente tem
discutido muitas questões juntos, clinica do paciente (quando o tempo permite) a
gente tem procurado fazer. Então que entra ensino e pesquisa a gente acabam
fazendo as duas coisas (HAYDEÉ).
A partir dos depoimentos podemos inferir que com frequência a pesquisa acaba
exigindo muito mais dos profissionais, o principal motivo para a não realização da pesquisa
é a falta de apoio das instituições, sendo que o profissional que se identificar com este pilar
terá que fazê-lo fora do seu horário de trabalho. Em concordância com Amaral e Nunes
(2009) reflete-se que a pesquisa científica exige do indivíduo um conjunto de atitudes
proativas, que possibilita seu amadurecimento pessoal, intelectual e profissional, na medida
em que o impele a exercitar a interpretação, a compreensão e a buscar soluções para os
problemas. Entendida dessa forma, tanto a elaboração de um trabalho de conclusão de
curso, como, também, toda produção acadêmica desempenham funções importantes. Isso
63
requer a aplicação de conceitos acumulados, a solução de situações-problemas e a
capacidade de planejar, organizar e operacionalizar um estudo específico sobre
determinado tema, eliminando a simples reprodução do já visto e aprendido, rumo à
produção efetiva do conhecimento.
4.4.2 Assistência
O Pilar mais discutido foi o da Assistência ao paciente, até porque o jovem egresso
de enfermagem em seu primeiro emprego acaba conseguindo sua vaga, principalmente em
hospitais, como é o caso de seis das nove entrevistadas. Geovanini et all (2005), diz que o
trabalho em enfermagem transcende as ações eminentemente técnicas, administrativas ou
assistenciais e que os profissionais de Enfermagem têm sua formação voltada quase que
exclusivamente para o aspecto assistencial, tal fato se explica na tentativa dos trabalhadores
de enfermagem preencherem espaços de atuação delegados por outros profissionais à
Enfermagem ou não ocupados por outros profissionais.
Sabe-se que a abordagem da complexidade admite que em qualquer contexto em
que o cuidado se processe, o cuidador deve exercitar, sobretudo, antes de prestar o cuidado
ao outro, o cuidado de si mesmo, na sua sistemicidade/totalidade. Isso significa a busca de
integração da dimensão física, mental e espiritual para alcançar uma harmonia relativa entre
o cuidado de si e o cuidado do outro, cuidando e sentindo-se cuidado por si e pelo outro
(BAGGIO, MONTICELLI, ERDMANN, 2009).
O cuidado de enfermagem em todos os seus processos de trabalho é mediado por
uma prática clínica que expressa à apreensão dos fenômenos da saúde e da doença, tanto ao
nível do sujeito como singularidade, quanto em sua coletividade (VEIRIA, SILVEIRA E
FRANCO, 2011). Para Florence em seu depoimento a assistência está presente em todos os
outros cuidados,
... a assistência era o real, o que pega né, assistência é o que tu mais faz, aí tu faz
o teu serviço, previsão, provisão de material, tu faz o pedido da farmácia,
armazena as coisas, a esterilização de material, ve se tem material suficiente,
leva pra autoclave, porque não tem ninguém que faça isso, a CME nossa é os que
trabalham no P.S.
64
O cuidador de enfermagem se expressa não somente no cuidado tátil, entre o
paciente e o enfermeiro, mas também na gerência e na organização do setor. Cuidar do
outro é uma prática que compreende superar limites, até mesmo o limite de cuidar de si,
abdicar horários e momentos da vida para estar com os pacientes. Baggio, Monticelli,
Erdmann (2009) alertam sobre a necessidade do profissional olhar também para si:
O cuidar exige preocupação, conhecimento, dedicação ao próximo e a si mesmo,
sendo que o profissional de enfermagem constitui-se no participante das relações
cuidativas que possui mais condições de proporcionar/incentivar/facilitar um
ambiente de cuidado aos clientes e aos profissionais cuidadores da equipe
multiprofissional. Quando estas formas de cuidado (de si, do outro e ‘do nós’ são
interconectadas, o cuidado acontece em circularidade, num movimento
centrípeto, fortalecendo os laços de relações, podendo o ser humano/cuidador ser
e sentir-se cuidado, numa relação de troca mútua.
Dessa forma, o cuidar fortalece também as relações coletivas quando nos
permitimos o olhar profissional de dentro para fora, isso facilita constituir e fazer parte de
uma equipe multi ampliando o movimento planetário do humano/cuidar. No próximo pilar,
veremos um pouco mais sobre a gerência em enfermagem e os principais conflitos
vivenciados pelos enfermeiros.
4.4.3 Gerência
A Gerência também se fez presente no dia a dia dos jovens da enfermagem, sendo
um desafio a eles lançado já que a coordenação de setores e equipes depende deles e,
muitas vezes, deparam-se com falta de recursos humanos ou materiais, sendo entendida
como um desafio da profissão o que será discutido no próximo eixo. VEA ett al. (2005,
apud, PERES, CIAMPONE, 2006), nos traz a gerência como ferramenta do processo de
cuidar, ou de trabalho específico, assim decomposto em seus elementos constituintes como
o objeto de trabalho (recursos humanos e organização), tendo como finalidade recursos
humanos qualificados e organizados para, portanto, obter as condições adequadas de
assistência e de trabalho, buscando desenvolver a “atenção à saúde”. O trabalho de
enfermagem se constitui por relações múltiplas interativas do fazendo-pensando, o
cuidando – educando – gerenciando – investigando, como uma prática integrativa
(PROCHNOW, 2007). Haydeé em seu depoimento narra,
65
Assim tenho atuado bastante nesse sentido porque a gente....assim tava com uma
equipe com bastante conflituosa no inicio então houve toda uma gerencia com
bastante conflito...a própria gerencia da unidade a gente tem conseguido fazer
então de forma profunda com toda aquela questão de controle material, gerencia
de cuidados....alguma coisa a gente acaba fazendo (HAYDEE, 2014).
Desse modo, os objetos de trabalho do enfermeiro no processo de trabalho
gerencial são a organização do trabalho e os recursos humanos de enfermagem. Os
meios/instrumentos são: recursos físicos, financeiros, materiais e os saberes administrativos
que utilizam ferramentas específicas para serem operacionalizados. Esses instrumentos/
ferramentas específicas compreendem o planejamento, a coordenação, a direção e o
controle (VEA, 2005 apud PERES E CIAMPONE, 2006).
A condição para o exercício da gerência do enfermeiro é marcada pela incorporação
de mecanismos de controle, consequentemente, de poder. Estes mecanismos caracterizam
traços subjugados à história da profissão, que abarca tanto o domínio religioso e militar
como sua coligação com o status das classes dominantes, portanto, relega os enfermeiros à
subordinação e imposição da execução de tarefas ou ordens (PROCHNOW et all, 2007).
Em sua pesquisa Prochnow et all (2007) explica,
Denotamos, pelos depoimentos, que a sobrecarga de trabalho diz respeito tanto ao
aspecto psicológico como físico, pois a principal queixa fica velada pela falsa
naturalização dos fatos, já que são ocultados os esforços dissipados para a
execução das atividades, a fim de corresponder à imagem esperada. Dessa forma,
banaliza-se o sofrimento do trabalhador gerente, o que diminui sua satisfação
com o trabalho gerencial no cotidiano, uma vez que a rotina, as atividades mais
simples, porém imprescindíveis, não são vistas, nem compartilhadas, nem
valorizadas por seus pares; torna-se pesada para ele a incumbência do gerir.
Encontramos esse sofrimento vivido pelo enfermeiro supervisor na fala de Florence:
A gerencia, querendo ou não tu já és responsável pela tua equipe, tu é
responsável pelo pronto socorro ou pelo hospital que tu trabalhas, o único
enfermeiro, então tu é o gerente, es obrigada a colocar em pratica algum tipo de
liderança, algum tipo de, de...Delega, faz as atribuições necessárias, as escalas,
então todo dia tu faz alguma coisa relacionada a gerencia, porque tu já é o
gerente da noite né, eu que trabalhava na noite, então só tem um enfermeiro por
período, então ele é obrigatoriamente o gerente (FLORENCE, 2014).
Em síntese, concorda-se com Geovanini (2005) quando menciona que a
Enfermagem é um trabalho que perpassa a maioria das ações desenvolvidas pelo setor
66
saúde, sejam estas de cunho assistencial ou de suporte ao trabalho de outros profissionais.
O trabalho do Enfermeiro é fluído (de difícil delimitação), auxiliar (possibilita a ação de
outros profissionais) e essencial.
O papel do Enfermeiro Gerente é de extrema importância para um egresso recémformado, sua orientação fará o egresso sentir-se seguro e estável no ambiente de trabalho.
Também se faz necessário a realização de orientações e reavaliações deste egresso, para a
melhoria da qualidade da assistência, evitando desistência profissional ou demissões por
falta de experiência profissional.
4.4.4 Ensino
Florence, Olga e Zaira, nos relatam as dificuldades de realizar uma educação em
saúde ou educação em serviço em seus ambientes de trabalho, já que não possuem tempo
para preparação ou um ambiente adequado para estas capacitações. O ato de cuidar está
baseado no conhecimento técnico e científico, também na observação do cotidiano e na
preocupação com o bem-estar, tanto do paciente, como da equipe de saúde que o assiste.
Por isso é importante que instituições de saúde visem a melhor assistência aos pacientes,
por meio da Educação Permanente em Serviço realizada aos seus colaboradores
(NASCIMENTO, 2004).
A Educação em Serviço contribui para a atualização e aperfeiçoamento da equipe,
bem como viabiliza projetos de mudanças institucionais relacionados aos procedimentos
técnicos, normas operacionais, assistenciais e utilização de materiais (CECCIM, 2005). Nos
depoimentos a seguir constatamos essa prerrogativa no âmbito da educação em serviço
No caso de ensino, é aquilo que a gente também já tinha conversado, o que a
gente consegue fazer uma educação em serviço, assim muito, salinha de posto de
enfermagem, não tinha uma sala, um data show, uma coisa assim, que tu pudesse
pegar e jogar, quicar a bola e dizer, vamos fazer! (FLORENCE).
De técnicas mesmo e como é um pronto socorro eu não estou tendo tempo que eu
gostaria de ter pra poder estar capacitando, fazer uma capacitação mesmo, tanto
educação em trabalho né, não estou conseguindo fazer pelo fato que trabalho 6
horas, eu entro as 7:00 horas da manha e saio a 1 hora da tarde e é corrido, a
gente não tem tempo pra sentar pra ta conversando, as vezes assim chamo todo
mundo rapidinho pra ta fazendo alguma alteração, pra ta passando algum
problema, pra ta ajudando a corrigir algum problema que eles acabaram
67
causando né, mas não to tendo tempo que eu gostaria de ter pra capacitar ele
pra uma emergência.....oh...trabalhando digamos: hoje vamos trabalhar é
paradas assim....porque eles tem duvidas num PCR, eu gostaria de ter esse tempo
e isto não tenho.....(OLGA).
Hum educação em saúde, educação e serviço, a gente inclusive tem lá na
empresa é treinamento com bastante frequência como tudo é bem padronizado
então todo mundo fala a mesma língua, ou procura falar, então a gente tem isso
tudo bem formal até que no momento da alta existe um padrão orientação alta
hospitalar então funciona bastante assim......ai que legal (ZAIRA).
O enfermeiro consegue realizar, conforme as entrevistadas, pequenas intervenções
no interior de sua equipe de trabalho, dentro de seus setores no dia a dia, ações educativas
com pacientes e seus familiares.
4.5. Eixo 4: Projetos profissionais na área de atuação: presente e futuro.
Neste eixo desenvolver-se-á a análise e interpretação sobre a expectativa
profissional do recém-formado, suas intenções de planejamento para o futuro (ou não) e
refletir um pouco da força feminina no contexto da Enfermagem ou sobre a questão de
gênero que emergiu do material coletado na pesquisa. Estes aspectos perpassam pelos
desafios da profissão detalhados nas entrevistas com os egressos do curso de Enfermagem
da Univali
4.5.1 Expectativa profissional
Oliveira et all (2009) nos relembra sobre a necessidade de integralidade do cuidado
que tem caracterizado uma preocupação entre os profissionais enfermeiros, reforçando a
necessidade de ações profissionais conjuntas para o atendimento em saúde, independente da
categoria de trabalhador em saúde. Quando questionadas sobre como esperam estar daqui
há alguns anos, Hilda conta que deseja estar desempenhando seu papel de enfermeira e
Edith espera encerrar sua carreira na docência,
Eu acho que pra daqui anos eu quero está exercendo, praticando o que eu
aprendi logicamente, e enfim atuando e desempenhando meu papel da melhor
forma pra que tenho um bom reconhecimento, só que pra mim ter
reconhecimento preciso me dedicar a isso e se mostrar um bom trabalho (Hilda).
68
E daqui uns 20 anos, eu espero....não sei quem sabe ser uma professora de
universidade, não descarto a possibilidade, bastante conhecimento....(Edith)
Florence e Wanda colocam suas expectativas na valorização da profissão e na busca
por melhores salários e condições de trabalho conforme seus depoimentos,
Eu espero, eu nunca esperei dinheiro com a profissão porque a profissão não
existe, não é bem remunerado, não tem um piso estabelecido, então assim, eu
enquanto profissional, eu gosto do que eu faço, gosto de gente, entendeu? Gosto
do contato, pra mim eu me realizo. Pelo lado profissional, por outras coisas
(Florence).
Sim, sempre, eu sempre penso nisso, pra gente se sentir valorizada como
enfermeiro, eu fiz a graduação que era para eu poder aturar como enfermeira e
principalmente que eu já sou casada e tenho filho, o meu pensamento de vida é
diferente de quem é mais jovem, hoje eu penso na questão salarial, mas eu me
sinto as vezes assim, meio balançada por não estar atuando como enfermeira,
gostaria muito, só que a questão do salário (Wanda).
Para Baggio, Monticelli e Erdmann (2009), ser um profissional crítico e reflexivo
traduz-se na capacidade de ver/entender a prática do cuidado de si, do outro e “do nós”
como espaço/momento para problematizar a realidade profissional e pessoal, assim como
analisar e refletir criativamente sobre as ações desenvolvidas na prática desse cuidado. Olga
reflete sua fé na prática diária, refletindo sobre a valorização da profissão, tanto para o
enfermeiro como para o técnico:
Bom assim no momento é eu acho assim que a enfermagem ainda ela é pouco
valorizada, deveria ser mais valorizada, mas eu tenho fé que assim pra todos nos
tanto enfermeiro quanto pro técnico para isso trabalhamos na área da saúde que
vai melhorar eu ainda não me especializei porque não ter especialização ainda
vai fazer um ano que me formei, vai fazer 1 ano to organizando minha vida, pra
procurar fazer alguma especialização pretendo fazer (Olga).
Prochnow (2007) ressalta que o compromisso e a dedicação expressa por
enfermeiros em sua pesquisa conduziram à analogia de interpretação, ou seja, é possível
entender suas ações como uma missão, ressaltando o caráter ideológico incorporado na
formação e socialização desses profissionais. Os relatos das entrevistadas mostram que
69
mesmo diante de tantos desafios elas têm boas expectativas futuras e acreditam na
realização por meio da profissão.
4.5.2 Relacionamento Multiprofissional
Uma reflexão interessante se encontra nos argumentos de Geovanini (2005), vai de
encontro ao que pensamos sobre o trabalho em saúde ser coletivo, pois tem a finalidade
comum aos diversos trabalhadores envolvidos no processo de trabalho, representa que cada
produtor isoladamente contribui para obtenção deste propósito. “E uma das finalidades do
processo de trabalho em saúde pela Enfermagem caracteriza-se pelas ações direcionadas a
possibilitar a atuação de diversos profissionais da equipe de saúde (GEOVANINI et all,
2005, p. 157).”
Considera-se que o trabalho em equipe multiprofissional significa um dos pontos
centrais na reorganização da atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), sustentada
por projetos assistenciais mais integrais e resolutivos que promovam mudanças nos
processos de trabalho e nas formas de atuar sobre o processo saúde-doença através de uma
maior interação entre os profissionais e suas ações (COSTA, ENDERS E MENEZES,
2008, apud, CARDOSO, HENNINGTON, 2011).
Mattosinho (2010) remete que a inserção na equipe é marcada pela busca da
integração, do fazer parte e ser visto como um ser também fundamental do corpo de
enfermagem. Entre os participantes da pesquisa observou-se que a inserção, no que se
refere à recepção e acolhimento foi considerada como positiva pela maioria. Assim, como
na pesquisa acima, Hilda da mesma maneira sentiu-se valorizada dentro de sua equipe,
conforme o depoimento,
Tranquilo também eu acho que a reação foi a mesma, tanto técnico quanto por
parte médica, eu acho que ate eu fiquei bem feliz, hoje mesmo por coincidência,
porque uma médica chegou e me falou assim....que ela confia muito mais em
mim, no meu trabalho do que numa enfermeira, ai Hilda vou conversar contigo
que eu confio em ti porque eu sei que o teu trabalho é bom, do que de uma fulana
de tal que assim.....isso pra mim é bom, porque eu sei que por pouco
tempo....minha colega tem mais tempo do que eu e não conseguiu desenvolver o
trabalho dela, às vezes por um motivo ou outro, isso aqui são reconhecimento
que a gente fica feliz, entendeu.....porque pouco tempo assim daí a primeira coisa
que eles me perguntam.....trabalhava aonde? Então não trabalhava ai tu nunca
70
trabalhou?....Ai eles te olham torto assim.....essa ai não vai aguentar eles falam
assim....essa não vai dar certo.....(Hilda).
O trabalho em equipe surge como uma estratégia para redesenhar os processos de
trabalho e promover a qualidade dos serviços. Embora haja muitos modelos conceituais
demonstrando a sua importância, existe, ainda, muita indefinição em torno dos
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para concretizá-lo no cotidiano dos
serviços (PINHO, 2006, apud, CARDOSO, HENNINGTON, 2011). Edith diz sobre
desvalorização do enfermeiro perante a equipe e a instituição de saúde:
...não tem muito reconhecimento por essa parte do enfermeiro, às vezes o outro
profissional, o médico é mais valorizado sendo que o enfermeiro tem bastante
responsabilidade, tanto quanto o outro profissional, e a questão de salário,
reconhecimento também o mercado de trabalho não valoriza muito o
profissional nessa questão. se você tem conhecimento você não é valorizado,
você é um enfermeiro como mais um, conhecimento vai ser pra você e não pra
empresa (Edith).
Colomé, Lima e Davis (2008, apud CARDOSO, HENNINGTON, 2011) afirmam
ser preciso desenvolver um trabalho conjunto, no qual todos os profissionais se envolvam
em algum momento na assistência, de acordo com seu nível de competência específico,
possam conformar um saber capaz de dar conta da complexidade dos problemas de saúde.
A importância da equipe multiprofissional na saúde é referida por diversos autores e
justificada de várias formas. Zaira e Olga não sentiram resistência em suas admissões nas
equipes conforme sinalizam em seus depoimentos,
Eu não fiquei no mesmo setor justamente por isso, mas no começo tudo mundo
ficou meio assim com eu iria agir que tem muitos que eram técnicos que formam
e mudam ou ficam autoritários enfim e eu não busquei ser mais humilde possível
e fui bem aceita achei que a equipe me aceitou muito bem, mas cheguei
devagarzinho, não cheguei chegando, foi bem bom.......(Zaira).
Tem fisioterapeuta, que trabalha com a gente, médicos, nutricionista, não eu até
acho que vem melhorando esse trabalho, de nutrição......Eles estão sempre
passando com a gente discutindo algum ou outro caso, fisioterapia também esta
sendo bem tranquilo (Olga).
Para Prochnow (2007), na interface entre múltiplos saberes da enfermagem,
cotidianamente no exercício da gerência, o enfermeiro se depara envolvido com conflitos,
71
uma vez que conduz múltiplas relações de uma equipe com diversas categorias
profissionais. Nestas circunstâncias trabalha com situações complexas do sistema produtivo
e busca respeitar a historicidade e diversidade de interesses.
4.5.3 Força feminina da Enfermagem ou questões de gênero
Como já visto anteriormente a força feminina da enfermagem se faz presente desde
a História da Enfermagem, nos dias de hoje pode-se visualizar no site do Conselho
Regional de Enfermagem (2011), que nos municípios de Itajaí, Itapema, Balneário
Camboriú e Camboriú residem ao total 847 (oitocentos e quarenta e sete) enfermeiros,
sendo do sexo masculino apenas 8% (71 enfermeiros) e do sexo feminino 92% (776
enfermeiras). Portanto, encontra-se no total desta turma de egressos recém-formados 27
(vinte e sete). Destes 25 (vinte e cinco) são enfermeiras e apenas
2 (dois) enfermeiros,
corroborando o resultado expresso para Santa Catarina, por este motivo, nesta dissertação,
fazem parte somente mulheres, as quais se disponibilizaram a participar.
Revisitando um pouco da história Geovanini (2005, p. 326) se refere à Enfermagem
como executora de serviços de saúde que recebeu, através dos tempos, a conotação de
caridade e vocação. O que lhe conferiu o papel servil e apragmático quanto a conquistas
sociais. Sua origem doméstica e feminina em muito dificultou as conquistas no plano
trabalhista e social. O aparecimento da enfermagem para a mulher brasileira marcou uma
mudança na sociedade. Secaf (2007) explica que o Código Civil Brasileiro em 1916 definia
a mulher como relativamente incapaz e a chegadas dessas enfermeiras estrangeiras
representou uma maior abertura da possibilidade de cada mulher mostrar do que era capaz.
As mulheres dessa época estavam inclusas no mercado de trabalho nas escolas Normal
como professoras, um trabalho que desempenhava papel semelhante ao de mãe e não
comprometia sua posição.
Secaf (2007) complementa dizendo que embora a profissão feminina não gozava do
mesmo prestígio (salários baixos e posição subalterna), valorizava o papel da mulher
enfermeira que sendo uma profissional de alto nível teve formação e especialização, até
mesmo em outros países, quebrando vários tabus daquela época. Spindola e Santos (2005),
reforçam que as mulheres mantêm o perfil devotado, abnegado, observador, fiel e de
72
sentimentos delicados, solicitado no sec. XX, porém esforçam-se no desempenho de suas
funções para prestar um atendimento à clientela, com base em princípios de dignidade e
respeito à pessoa humana.
Geovanini (2005) menciona que a enfermagem é detentora de percentual superior a
50% do contingente de recursos humanos do setor saúde, sendo responsável pela maior
parcela da prestação de serviços de saúde à sociedade. A desvalorização dos profissionais
por baixos salários faz com que eles assumam duplas ou triplas jornadas. Lembrando que
85% desses profissionais são mulheres, sendo estas resultantes de um sistema patriacardo
que atribui à mulher papel secundário na sociedade.
Em concordância com Fertig (2000, 137), nos dias de hoje a enfermagem luta por
um status e por um reconhecimento maior. Naquela época a enfermagem não representava
somente uma opção profissional, mas uma maneira de obter a inserção no mercado de
trabalho. Spindola e Santos (2005) retratam a situação atual da mulher no mercado de
trabalho como uma mulher que necessita trabalhar para ajudar a compor a renda familiar.
Seus ganhos, muitas vezes, não permitem que tenham apenas um emprego, como é o caso
da maioria das trabalhadoras de enfermagem. Em geral, residem longe dos empregos,
fazendo com que aumente o tempo em que permanecem ausentes de casa. Têm dupla ou
tripla jornada, provocando esgotamento físico e mental, não restando tempo suficiente para
dedicar aos seus interesses pessoais e assim, viver com tranquilidade.
O trabalho feminino na enfermagem demonstra uma grande parcela no total de
enfermeiros existentes, um trabalho que passou por variadas modificações até ter uma
valorização maior no mercado de trabalho como tem hoje em dia, não em relação ao
salário, mas na busca de melhores condições de trabalho.
4.5.4 Desafios da Profissão
Nos desafios vivenciados pelos egressos de enfermagem recém-formados
elencamos alguns destacados no texto a seguir. Um deles é que nossa profissão de fato é
reconhecida pela como uma profissão e não uma caridade, Zaira coloca que se um
profissional médico atende um paciente, ele o reconhece como um profissional estudado e
inteligente, agora se é atendido por uma enfermeira leva o sentimento pessoal para o caso,
73
exemplo, ver a beleza física do profissional ou o fato de como foi atendido. Edith reflete
sobre esta falta de reconhecimento, não só na questão salarial,
Geovanini et all (2005, p. 297), narrando sobre a história da Enfermagem
Moderna, pois para a enfermagem restaram as atividades complementares do
trabalho médico, o enfermeiro ficou preso em administrar interesses da Medicina
como prática profissional institucionalizada, logo, na formação do enfermeiro não
foi destacada a importância do saber e a ênfase esteve no servir e estar sempre
prontos a atender.
A enfermagem no Brasil, em 1543, sequer era remunerada, isso pela característica
do enfermeiro, que era religioso, voluntário ou escravo. Até o século XX a enfermagem
teve conotação caridosa, atendendo miseráveis para que eles não ficassem expostos ao
tempo nas ruas da cidade (GEOVANINI et all, 2005), alguns depoimentos nos ajudam a
elucidar essa relação,
Espero também que a nossa profissão seja mais bem valorizada e reconhecida,
inclusive em relação a salário que a gente esta bem é desfalcada em relação a
outros lugares, ou as outras categorias, espero que isso venho a melhorar, que a
gente seja mais valorizado. Inclusive essa semana a gente teve uma conversa na
empresa justamente na empresa sobre isso é porque o profissional médico, se
um paciente é atendido por um médico bom ele diz: “Nossa como ele é
inteligente” e se um paciente é atendido por uma enfermeira ele diz: “Nossa
como ela é querida, como ela é legal”....O que um paciente não consegue vê a
gente como um bom profissional, né porque talvez a gente não se valoriza, ou
não receba o valor que deveria né, então eu espero que talvez seja meio ilusão ou
sonhando demais, mas espero que isso aconteça porque eu realmente faço o que
eu gosto de fazer e gosto desse reconhecimento faço com responsabilidade
(ZAIRA).
Não tem muito reconhecimento por essa parte do enfermeiro, às vezes o outro
profissional, médico é mais valorizado sendo que o enfermeiro tem bastante
responsabilidade tanto quanto o outro profissional e a questão de salário,
reconhecimento também o mercado de trabalho não valoriza muito o
profissional nessa questão se você tem conhecimento você não é valorizado, você
é um enfermeiro como mais um, conhecimento vai ser pra você e não pra
empresa (EDITH).
Outro desafio apresentado pelas recém-formadas Florence e Zaíra é o fato de lidar
com as pessoas, as vezes, acontece do enfermeiro egresso recém formado coordenar uma
equipe em que há profissionais mais antigos de profissão, deixando o egresso em uma
situação dificultosa. Trabalhar com pessoas doentes que lidam com este processo com
74
diferentes maneiras também foi um desafio para Florence. Já Waleska teve dificuldades
com supervisores do outro hospital que trabalhou, sempre questionadora foi extremamente
julgada pela equipe desta instituição. Seguem algumas falas das entrevistadas mostrando os
desafios enfrentados,
A grande dificuldade eu acredito que seja manter, lidar com pessoas, no geral,
tanto os seus funcionários, tanto os administradores, tanto o gerente, até mesmo
com o paciente. As pessoas são muito imprevisíveis com a doença, lidam com
processo de diferentes maneiras. Não existe receita para cuidar, nem da tua
equipe, nem com o teu paciente, então isso que a gente vem enfrentando
diariamente (FLORENCE)
Quando aconteceu a primeira advertência fique bem chateada assim, como fazer
não sabia como lidar, o que falar sabe porque apesar de que la na Unimed a
gente tem muito treinamento em relação de como fazer um feedback sabe, isso é
bom inclusive o que me ajudou é não chegar(ZAIRA).
Novos (técnicos) assim formaram e trabalharam num lugar onde não foi pronto
socorro, mas assim ensino, tem que trabalhar como te falei, assim é tudo muito é
pronto socorro é tudo muito rápido, a falta de funcionário a gente faz do jeito
que consegue, não é o meu melhor (OLGA)
Eu como técnica, passei por várias experiências, boas para meu crescimento
profissional, tive exemplo de varias pessoas que eu não gostaria de ser, eu
trabalhei com profissionais bons, mas tive muitos exemplos ruins, por eu tentar
falar o certo, mostrar o certo e não fazer diversas coisas que eu achava errada,
fui extremamente julgada e hoje não trabalho naquela instituição que eu
trabalhava, ser reconhecida aqui no hospital X é muito gratificante, lá era vista
como uma técnica que não fazia as coisas direito, porque eu não julgava certo
(WALESKA).
Florence, assim como tantos outros profissionais acreditam que a saúde como um
todo no país precisa melhorar, a aplicabilidade dos recursos financeiros destinados à saúde
ainda é insuficiente com relação à população existente no país. Por exemplo, uma consulta
médica especializada é repassada ao município um total de sete reais e cinquenta centavos
(TABELA DE PROCEDIMENTOS, MEDICAMENTOS E OPM DO SUS, 2014),
É assim ó, eu acredito que a saúde precisa melhorar, não só a nível de Brasil,
mas a nível de muita coisa assim, é muito pouco que se aplica em saúde, mas
assim, falando como profissional, existem alguns empecilhos em que a gente vai
trabalhando, vai tendo que conviver e relevando no dia a dia enquanto
profissional (FLORENCE).
75
Acredito como pesquisadora e enfermeira que tanto Florence, quanto Waleska, Olga
ou Zaira, tentarão fazer uma enfermagem baseada na qualidade da assistência para a
população atendida, sentimentos de pertencimento a estas equipes foram vivenciados
durante a entrevista. O Egresso de enfermagem necessita de acompanhamento contínuo
(como já se trabalhou no eixo 3) para um desenvolvimento de um enfermeiro crítico e
pesquisador.
4.5.5. Formação continuada
Quando questionadas sobre a formação continuada após a conclusão do curso, 5
(cinco) enfermeiras responderam que não realizaram nenhum curso para qualificação
profissional. Duas entrevistadas não estão trabalhando para poder realizar suas pósgraduações, que são em outro estado, em um renomado hospital.
A Pós-Graduação no Brasil, aprovada pelo Conselho Federal de Educação, em
1965, com base no Parecer Sucupira nº 977/65 e instituída pela Reforma Universitária,
ocorrida em 1968, além da necessidade de ampliar a capacidade de investigação das
universidades e de seu corpo docente. Desta forma, objetivou a formação de professores
competentes que pudessem atender à expansão quantitativa do ensino superior, estimular o
desenvolvimento da pesquisa por meio de preparação de novos pesquisadores e assegurar o
treinamento eficaz de técnicos e trabalhadores intelectuais do mais alto nível, para fazer
face às necessidades do desenvolvimento em todos os setores (ALMEIDA, 2002).
Na continuidade nos estudos Zaíra relata querer mudar de ambiente de trabalho e
espera estar trabalhando na Unidade de Terapia Intensiva que é o setor que sente maior
afinidade, tentando permanecer na assistência,
Daqui a 5 anos o que espero da profissão, na verdade espero continuar,
continuar na verdade que não fique parada, sem estudar, espero continuar
estudando, especializando, é pretendo assim que abrir outra parte do hospital
trabalhar na UTI, que é o setor que eu gosto que eu tenho mais me identifico
mais , é que mais, não sei o que mais posso falar, que eu espero (ZAIRA).
Esse novo conhecimento tem sido utilizado no ensino de graduação, renovando-o e
atualizando-o, bem como na assistência de enfermagem e no setor saúde de forma geral,
76
quando se tem oportunidade de melhorar a assistência de enfermagem prestada à
população, promove-se a qualidade de vida (ALMEIDA, 2002). Nesse sentido, Waleska e
Edith já estão em cursos de pós-graduação, Edith relata a dificuldade da liberação do
emprego para o enfermeiro se manter empregado e realizar um curso de pós-graduação
concomitantemente, pois as empresas não liberam o empregado para tal, ou descontam do
seu salário como pode-se visualizar a seguir,
Agora estou investindo em pós-graduação, estou fazendo pós-graduação no
Pequeno Príncipe, vou começar a dar estagio no Geração, eu quero entrar nessa
parte de didática mesmo, daqui a uns 10 anos quero estar com o mestrado
também dando aula por aí. (WALESKA).
Edith eu comecei fazendo uma pós-graduação e daí estou me empenhando mais
pra isso, estou estudando mais pra isso, vai ter um estagio agora, achei que iria
ficar meio complicado arrumar um emprego agora, e ter que ficar fazendo trocas
e talvez ate se afastar do emprego por causa desse estagio da pós-graduação. É
la em São Paulo tem que ir duas vezes por mês eu tenho que ta la, agora no
estagio tive que ficar 20 dias la, em neotologia (EDITH).
Já Haydeé pensa no futuro imediato relatando seu interesse em um curso de pósgraduação, mas acredita que para poder lecionar precisa de uma base “boa” assistencial,
Assim eu particularmente tenho interesse de estudar mais, fazer uma pós, um
mestrado, alguma coisa assim porque eu acredito assim a área da assistência é
boa realmente por um curto período de tempo...eu queria ver outras coisas de
repente partir mais lado do científico sabe....então pro futuro mas isso eu preciso
da base assistencial pra vencer entendeu (Haydée).
A produção de conhecimento gerada na pós-graduação tem contribuído para uma
efetiva articulação entre a universidade e a sociedade, contemplando uma variedade de
contextos da prática de enfermagem, desde a promoção da saúde, prevenção de doenças,
tratamentos, reabilitação até o cuidado hospitalar de maior complexidade (ALMEIDA,
2002). Olga e Hilda sugerem que querem se especializar, contudo, prefere esperar um
tempo a mais, dar uma pausa da faculdade,
Quero dar um tempo disso para poder me organizar tipo, me formei e já logo fui
trabalhar não tive tempo de parar, dar uma pausa da faculdade, descansar eu e
organizar minha vida. Formei e fui trabalhar mas eu quero me especializar com
certeza para ter um futuro melhor (OLGA).
77
E acho que 1º quero me especializar, ter mais conhecimento, ter mais não
firmeza assim mais certeza do que estou fazendo. Primeiro quero me especializar
então daqui a 1 ano e o que quero pra mim, ter mais conhecimento e pra
conseguir desenvolver meu trabalho acho que pra mim um ano é o que tenho em
mente (HILDA).
Na realidade, olhamos à pós-graduação como um complemento da graduação, a
pós-graduação em enfermagem dentro de uma empresa sem plano de carreira não gera
diferença salarial para o enfermeiro, somente mudança de posição dentro de setores,
exemplo, pós-graduação em Unidade de Terapia Intensiva, pode levar o enfermeiro a
trabalhar neste dito setor. Observa-se também que não é regra sair da universidade e
realizar uma pós-graduação, que depende da necessidade particular de cada enfermeiro.
A pós-graduação em nível de mestrado ou doutorado ainda é dificultosa para o
enfermeiro, já que grande parte das empresas não libera o empregado para o estudo e as
aulas destes programas de ensino, geralmente, são durante o dia, muitas vezes, de duas a
três vezes na semana, tempo complicado para o egresso recém-formado que já atua no
mercado de trabalho.
78
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar este estudo concluímos que o significado de inserção profissional passa
a ser um marco social na vida da juventude, um momento de deixar de ser estudante e lidar
com as mais diversas situações, problemas na área, imprevistos, lidar com o inusitado de
maneira diferentemente de antes que se tinha o amparo de um professor na faculdade.
Portanto, este é um momento marcante na vida do jovem, se não for bem acompanhando
pode tornar-se um trauma, fazendo-o desistir da área de atuação, como vimos no contexto
da pesquisa.
A enfermagem é uma área em que a maior força é feminina, sendo que as
entrevistadas são em sua maioria solteira, sem filhos, ganham de 1 (um) a 5 (cinco) Salários
Minímos, entraram no mercado de trabalho por meio de processo seletivo (sendo 82% no
estado de Santa Catarina enfermeiras mulheres). Este dado mostra como a mulher ainda
está atrelada a força de trabalho da enfermagem e que este dado não mudou ao longo dos
séculos, desde que a precursora da Enfermagem Florence Nigthingale começou a treinar
senhoras para auxiliar na Guerra da Criméia. Além deste feito, Florence reorganizou os
hospitais e a enfermagem como muitos de nós conhecemos ainda hoje. Muitos de seus
feitos ainda são vivenciados no dia a dia dos hospitais (boa comida, lençóis limpos,
higienização das mãos, entre outros).
Vimos que os processos de inserção profissional destes egressos ocorreram de
forma esperada após o término da faculdade, não demonstraram dificuldades para conseguir
o primeiro emprego. Os egressos mostraram por meio do processo de pesquisa já ter um
conhecimento na área que acabou facilitando a entrada no mercado de trabalho, também a
necessidade de realizar uma pós-graduação após a graduação direcionou sua vaga dentro da
empresa, pois já possui uma especialidade.
Também se viu na investigação que as principais dificuldades dos egressos recémformados surgiram depois da conquista do primeiro emprego, na permanência da vaga na
instituição, que se apresenta distintamente do estágio da faculdade, do ideal para o real. E a
79
organização de uma equipe demonstrou-se um grande desafio para estes jovens, já que,
muitas vezes, o enfermeiro realiza trabalhos administrativos e deve saber também sobre a
parte assistencial que cabe a todos os egressos, demostrando a equipe multidisciplinar de
atuação do enfermeiro diante da equipe de enfermagem.
No eixo satisfação com a profissão/escolha do curso, visualizamos que a
enfermeiras estão satisfeitas com a escolha do curso, principalmente em relação ao objetivo
da formação profissional. A atuação no mercado de trabalho continua sendo um desafio
para o egresso de enfermagem recém-formado, pois o mesmo ainda é encaminhado aos
campos de trabalho sem a respectiva orientação ou supervisão. Muitos ambientes de
trabalho esperam que um egresso recém-formado tenha o mesmo conhecimento e visão
(sobre o paciente e os funcionários) que um formado a mais tempo, o que geralmente não
acontece, fazendo com que muitos enfermeiros procurem outros postos de trabalho para
atuar.
Outra confirmação que tivemos neste trabalho foi que a maioria dos postos de
trabalho disponíveis para o enfermeiro são os ambientes insalubres (ex: hospitais), sendo
que grande parte de nossos entrevistados já eram técnicos em enfermagem e foram
promovidos ao cargo de enfermeiro (discutido no eixo 2). A pesquisa demonstrou também
que o envolvimento antecipado com uma instituição de saúde durante a graduação facilita o
processo de inserção profissional.
Com relação ao Eixo 2 sobre a inserção e permanência no mercado de trabalho, na
categoria formação, vimos que as enfermeiras estão satisfeitas com os conhecimentos
adquiridos durante o período universitário. Mesmo aquelas que ainda não estão trabalhando
sentiram-se satisfeitas com o curso de Enfermagem, aplicando os conhecimentos em outros
postos de trabalho como laboratórios e estágios de pós-graduação, até mesmo na realização
de pesquisas para realizar trabalhos de conclusão.
Com relação ao terceiro eixo, as enfermeiras ainda sentem-se mais a vontade com
relação à prática assistencial, pois o primeiro emprego do enfermeiro, geralmente, dar-se
nessa área, gerando uma maior aplicabilidade de conhecimentos adquiridos durante a
universidade, também não podemos deixar de registrar que o enfermeiro ainda apresenta
dificuldades na área da pesquisa, o que infelizmente retarda o processo de troca de
conhecimento entre vários enfermeiros e adia a publicação de práticas.
80
A gerência é um desafio para o egresso recém-formado, já que o mesmo tem que
lidar com funcionários antigos da instituição e até com o dobro de sua idade. A resistência
destes funcionários torna o processo de adaptação do enfermeiro na unidade ainda mais
dificultosa. Quanto ao ensino, os egressos recém-formados, não conseguem realizar
educação em serviço, sendo que não têm locais específicos para isto e não há tempo hábil
para planejar, a educação em serviço acontece no próprio ambiente de trabalho, na unidade,
perante a família do paciente ou os demais funcionários.
No eixo relacionado a expectativa profissional os sujeitos de pesquisa esperam o
reconhecimento da profissão Enfermagem perante o mercado de trabalho. A diferença
salarial entre profissionais que atuam nos ambientes insalubres (médicos x demais
profissionais da área) aparecem nas entrevistas. Há egressos que sonham com a docência
nos cursos técnicos em enfermagem e após nos cursos de graduação.
Ainda neste eixo quando se tratou da categoria multiprofissional os egressos recémformados não demonstraram nas entrevistas dificuldades com a equipe. Sabe-se que a
inserção de um novo profissional pode causar estranhamento na equipe, quando um
enfermeiro inicia como chefia de uma equipe faz-se necessário que mantenha sua postura e
aplique as orientações recebidas na matéria de gerenciamento, o que pode causar
descontentamentos na equipe. Alguns egressos receberam auxílio de profissionais mais
antigos do ambiente, outros uma boa relação com profissionais de terceiro grau,
demonstrando trocas de experiências. Uma das entrevistadas relatou problemas de
relacionamento com o profissional técnico de enfermagem, pois relata ter sido técnica no
mesmo ambiente em que é enfermeira atualmente.
Este mestrado traça o início de uma nova jornada, a enfermeira que o realizou, além
do sentimento de pertencimento ao tema, será deixado marcas em sua vida, pois além da
obtenção do título de mestre, observará com mais dedicação o colega recém- formado e o
auxiliará na transição para o mercado de trabalho.
Pesquisas como esta deixam sinais, tanto no egresso recém-formado, como no
enfermeiro com 20 anos de experiência, uma vez que vivenciamos em nosso cotidiano as
problemáticas relatadas pelos egressos pesquisados. São sonhos, desejos, projetos que todo
o enfermeiro como os processos especiais para a inserção no primeiro emprego, salário
81
digno a responsabilidade assumida, ambientes favoráveis ao ensino e a pesquisa, com
recursos humanos e materiais.
Ao final dessa dissertação pode-se dizer que os enfermeiros entrevistados passaram
pelas mais variadas situações durante os primeiros meses de trabalho em seu primeiro
emprego. Diversas foram às situações encontradas, mesmo com muitas dificuldades e sem a
vivência na área resolveram as mais complicadas situações. Estes enfermeiros são o reflexo
da nova frente do mercado de trabalho, a grande maioria se mostrou ativo na complexidade
das condições que se encontra profissionalmente, esse trabalho mostrou que buscam, além
da inserção no mercado de trabalho, uma posição de reconhecimento na vida social e
pessoal.
Sendo assim, acredita-se que essa investigação contribuiu também para os
profissionais de outras áreas, no sentido, de saber lidar com os anseios do recém- formado,
como também para as próprias instituições empregadoras, pois saber lidar com este
enfermeiro trará resultados positivos à empresa. E ao fim, deixo a mensagem de Florence
Nightingale ao qual faz parte de nossos discursos de graduação sobre esta profissão,
A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão
exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou
escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao
tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia
dizer, a mais bela das artes!
Nesta mensagem vimos a enfermagem como uma arte, a arte de realizar
procedimentos diante das dificuldades existentes buscando resolubilidade ao paciente.
Também devoção exclusiva aos princípios aprendidos na instituição de ensino e ao realizar
o trabalho do enfermeiro. Tratar o corpo vivo, independente de sua religião requer aptidão
física e mental, vimos que muitas são as profissões que trabalham com o público, mas na
enfermagem paciente, família e comunidade adoecem e o enfermeiro é o primeiro a despir
de pré-conceitos para tentar agir de maneira resolutiva.
No final deste trabalho, ainda, deixa-se como proposta intencional novas pesquisas
para os próximos pesquisadores ou um futuro doutorado: o entendimento do enfermeiro no
movimento heterogêneo do mercado de trabalho, bem como as considerações das escolas
82
de enfermagem sobre este movimento, mostrando a necessidade acadêmica de orientação
profissional, mesmo após o egresso recém-formado estar atuando no mercado de trabalho.
Como um desejo futuro criar um núcleo estruturado dentro da academia para
atender este egresso a confrontar as dificuldades existentes no mercado de trabalho, com
orientações e trocas de experiências, entre outros enfermeiros, docentes, acadêmicos e
egressos.
83
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Feb.
2015.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072004000500006.
90
APÊNDICES 1: TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser
esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo. Este
documento está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em
caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.
A Pesquisa intitulada “Estudo sobre a transição acadêmica e laboral de egressos do
curso de enfermagem” tem por objetivo Analisar os desafios e as dificuldades
enfrentadas pelos egressos do curso de Enfermagem para sua inserção profissional no
mercado de trabalh.
Em um primeiro momento você responderá um questionário contendo 20 questões, após
será marcado uma entrevista 1 mês após sua formatura e outra após 6 meses. No decorrer
da pesquisa, também solicitaremos dados via correio eletrônico. Esta pesquisa poderá
ocasionar algum desconforto na questão de tempo durante o decorrer da pesquisa, estando
você livre para desistir a qualquer momento e se tiver qualquer dúvida será esclarecida a
qualquer tempo.
Esta pesquisa inicia em dezembro de 2013 e encerra em dezembro de 2014, todos os dados
obtidos serão sigilosos e utilizados somente para finalidades educativas, tendo seu nome
trocado por outro codinome, também não há remuneração, nem pagamentos pelas
informações obtidas nesta pesquisa.
A devolutiva dos dados se dará por e-mail do participante que continuar na pesquisa até seu
encerramento.
Esta pesquisa beneficiará os alunos e egressos do curso de enfermagem, bem como as
políticas educativas que tratam da temática da inserção profissional, a questão da transição
acadêmica e mundo do trabalho é sem sombra de dúvidas na atualidade uma grande
preocupação das universidades. Por si só se justifica a relevância dos benefícios desta
pesquisa.
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu,
_____________________________________,
RG_____________,
CPF
____________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito.
Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela
envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação.
Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto
leve
à
qualquer
penalidade.
Local
e
data:
_____________________________________________________________
Nome: __________________________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável: ________________________________________
Telefone para contato: _____________________________________________________
Email:
Obrigada por sua participação, ela é extremamente importante para o avanço da pesquisa e
da comunidade cientifica.
Pesquisadoras: Tania Regina Raitz e Mayara Ana da Cunha (9660-9066 –
[email protected]).
91
APENDICE 2: Aprovação Comitê de Ética
92
APÊNDICE 3: QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL
NOME:
CODINOME:
IDADE:
SEXO: ( ) M ( )F
FILHOS: ( ) S ( ) N
RENDA FAMILIAR ( ) 1 SM ( ) 1 A 5 SM*
( ) 5 A 10 SM (
COR:
) mais que 10 SM
ENDEREÇO:
TELEFONES:
EMAIL:
SEMESTRE E ANO DE ENTRADA NA UNIVERSIDADE:____/______
SEMESTRE E ANO DE SAÍDA DA UNIVERSIDADE: ____/________
Sm: SALARIO MINIMO
2- Sobre o curso de Enfermagem, favor escolher a opção que mais se aproxima da realidade:
2.1 - O que o motivou a escolher enfermagem?
2.1 .1. ( ) por iniciativa própria / interesse pessoal
2.1 .2. ( ) por estímulo de colegas de conhecidos ou familiares
2.1.3 ( ) já conhece ou trabalha na área
2.1 .3. ( ) outro motivo - Especifique________________________________________
2.2 Como obtêm as informações necessárias para atuar na profissão?
1. (
3. (
6. (
7. (
) internet/e-mail
2. ( ) Jornais diversos
) Revistas
4. ( ) TV
) correspondência
) outros Quais: ___________________________
2.3 Quando ocorrem encontros e congressos na área, com que frequência você costuma participar?
1. ( ) Sempre
2. ( ) Quase sempre
3. ( ) Às vezes
4. ( ) Nunca
93
3- Considerando as 4 pilares da enfermagem Gerencia, Pesquisa, Ensino e Assistência, responda as
seguintes questões abaixo:
3.1 Está realizando pós graduação? Em qual pilar da enfermagem?
( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA
( ) Não estou realizando ( ) NR
3.2 Durante sua graduação com qual pilar você tem ou teve mais afinidade?
( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR
3.3 Durante sua graduação com qual pilar você NÃO teve afinidade ou pouca afinidade?
( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR
3.4 Sobre o currículo do seu curso, você acredita que ele está mais voltado para qual pilar?
( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR
3.5 Ainda sobre o currículo do seu curso, você acredita que esteja menos voltado para qual pilar?
( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR
3.6 Você pretende trabalhar em qual pilar durante sua vida profissional?
( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR
Relate alguns conteúdos que você acredita serem necessários a sua formação dentro dos quatro
pilares que foram trabalhados no seu curso.
Conteúdo muito trabalhado no curso
Conteúdo pouco trabalhado no curso
Gerencia
Ensino
94
Pesquisa
Assistência
4- Sobre a inserção profissional, você tem buscado se inserir no mercado de trabalho?
( ) sim ( ) não ( ) já estou empregado
4.1 Assinale por quais meios você tem buscado ou você buscou se inserir no mercado de
trabalho:
1. ( ) internet/e-mail
3. ( ) por meio de amigos, vizinhos
2. ( ) Jornais diversos
4. ( ) outros Quais: ________________
4.2 Por qual meio o curso favoreceu a inserção profissão por meio de:
1. ( ) internet/e-mail
3. ( ) outros Quais: ________________
2. ( ) Estágio
3
95
APENDICE 4: ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
1-
Após 1 ano de formatura já está empregado? Se sim, como está sendo esta
experiência? Se não, quais as principais dificuldades no mercado para a contratação do
primeiro emprego (entrevistas? Provas? Concursos?)?
2-
Sobre os quatro pilares que regem a profissão de enfermagem – gerência, pesquisa,
ensino e assistência – está conseguindo aplicar dentro da sua área de atuação? Como estão
sendo utilizados?
3-
Após a conquista do primeiro emprego, com relação a pergunta feita há 5 meses
atrás, que você deu estas respostas (levar as respostas) o que espera a longo prazo da
profissão – 1 ano, 5 anos, 10 anos e 20 anos?
4-
Quais são os principais desafios profissionais que você tem enfrentado para
permanecer e ter segurança em sua área de atuação?
5-
Em uma escala de 0 a 10 qual seu grau de satisfação com a profissão que escolheu?
Por quê?
96
APENDICE 5: DESCRITORES DE SAÚDE
DeCS
Descritor Inglês: Job Market
Descritor Espanhol: Mercado de Trabajo
Descritor Português: Mercado de Trabalho
Categoria: SP3.056.112
SP4.046.442.658
Definição Português: Relação entre a oferta de trabalho e a procura de trabalhadores, e o
conjunto de pessoas e/ou empresas que, em época e lugar
determinados, provocam o surgimento e as condições dessa relação.
(http://www.jfservice.com.br/arquivo/galera/profissoes/1999/03/05Coluna_Monica_03/)
Relacionados Português: Força de Trabalho
Trabalho
Trabalhadores
Número do Registro: 50276
DeCS
Descritor Inglês: Education, Nursing
Descritor Espanhol: Educación en Enfermería
Descritor Português: Educação em Enfermagem
Categoria: I02.358.462
Definição Português: Uso de artigos em geral que dizem respeito a educação em enfermagem.
Nota de Indexação Português: GER: prefira específico
Qualificadores Permitidos Português: CL classificação
SN estatística & dados numéricos
LJ legislação & jurisprudência
ST normas
MA recursos humanos
EC economia
HI história
MT métodos
OG organização & administração
TD tendências
ES ética
Número do Registro: 4574
Identificador Único: D004506
DeCS
Descritor Inglês:
Descritor Espanhol:
Descritor Português:
Categoria:
Definição Português:
Qualificadores Permitidos Português:
Número do Registro:
Identificador Único:
Professional Practice Location
Ubicación de la Práctica Profesional
Área de Atuação Profissional
N04.452.758.772
Área geográfica na qual um profissional atua; refere-se principalmente a médicos e
dentistas
EC economia
LJ legislação & jurisprudência
TD tendências
SN estatística & dados numéricos
ST normas
11800
D011365
97
APENDICE 6: EXEMPLO DE CATEGORIZAÇÃO
98
Download

NOME DO MESTRANDO