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Cam­po Gran­de-MS | Junho de 2009 | ­Ano ­XII | Edi­ção 82
Todos somos responsáveis
A
limpeza das ruas de
Campo Grande não é
responsabilidade apenas das empresas contratadas para realizar este serviço.
A população também tem a
sua parcela de culpa quando
age de forma imprudente, jogando lixo no chão, ou mesmo não se preocupando em
separar, pelo menos, os resíduos secos dos molhados e
os rejeitos. Na página de Cidades desta edição, o leitor vai
conhecer a vida daqueles que
trabalham com reciclagem
de materiais e dos garis que,
muitas vezes, enfrentam preconceito pelo estigma social
que representam. Eles reclamam de pessoas que passam
longe quando eles estão executando os seus serviços, ou
mesmo de pais que ensinam
os seus filhos a encararem
essas profissões como menos
nobres ou vergonhosas. Por
outro lado, a sujeira em vários pontos da cidade, como
a praça Ary Coelho, desperta
comentários até mesmo de
turistas, que estranham o fato
de encontrarem sujeira à vista
em um local tão central.
Chafariz da praça Ary Coelho, sem água e com sujeira, é exemplo claro da necessidade de repensar a responsabilidade com o lixo
wagner jean
Página 04
Ciência & Tecnologia
ana maio
camila tomasi
Alunos da capital vivenciam aula prática, na qual se deparam com problemas ambientais e buscam soluções
Embrapa Pantanal auxilia pequenos produtores de Corumbá a produzirem e armazenarem feno
Projetos científicos tentam aliar
soluções de baixo custo e mínimo
impacto ao meio ambiente Página 10
Educação ambiental deve aliar
atitudes na escola e na família
E
ducação ambiental começa na família
e deve ser complementada pela escola. Na página da editoria de Meio Ambiente, o leitor vai encontrar exemplos
de professores da rede pública e particular que procuram levar os seus alunos
além dos limites da sala de aula, para que
eles entrem em contato com a natureza,
se deparem com problemas ambientais
e busquem soluções em conjunto, como
o plantio de mudas, por exemplo. Na
mesma página, as regras do Ministério da
Educação para a educação ambiental nas
escolas, que deve ser interdisciplinar e
trabalhada no sentido de conscientizar
os alunos a respeito da importância de
repassar informações sobre conservação
e preservação nas comunidades em que
vivem.
Página 13
elis regina
Rural • Página 12
Momento é de cautela no agronegócio de MS
Apesar de alguns produtores acreditarem que o pior momento da crise econômica já passou, especialistas recomendam cuidado ao assumir dívidas
02
Uni­fo­lha
OPINIÃO
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
Imoral mesmo é
Humanização o preconceito!
EDITORIAL
R
egistrar os acontecimentos pela perspectiva do ser humano é a forma de
resgatar um jornalismo com vocação social. Em tempos de crise econômica mundial, acompanhamos várias reportagens em que os números,
as projeções, as estatísticas estão no centro e os personagens e a humanização,
ficam em segundo plano. No trabalho desenvolvido pela disciplina Técnicas de
Reportagem e Entrevista Jornalística com os acadêmicos do terceiro semestre do
curso de Jornalismo da Universidade Anhanguera-Uniderp, o qual os leitores
podem acompanhar nesta edição do jornal-laboratório Unifolha, a humanização é uma ordem. Ao pensar democraticamente nos temas de cada página, que
são geralmente desdobrados em três reportagens, com ângulos diferenciados da
mesma questão, cada grupo apresenta aos colegas as possibilidades de enfocar os
assuntos pela perspectiva de quem está diretamente envolvido com eles. Na página de Cidades, a vida dos garis e catadores aparece com profundidade, inclusive
com denúncias de preconceito social. A decadência do Operário Futebol Clube,
em Esportes é abordada a partir do lamento de um torcedor inconformado. Em
Política, o cidadão está no centro, reivindicando os seus direitos. Dessas experiências de aproximação com as fontes, o acadêmico sai transformado. E entende
perfeitamente a vocação humanizadora da profissão que exercerá.
CHARGE
flávia silveira
Sexualmente resolvidas
Adeline Fernanda
Adriana Queiroz
3º semestre
A questão da sexualidade envolve discussões muito sérias sobre o bem-estar.
Segundo a Declaração dos Direitos Humanos, os direitos sexuais são universais,
baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos.
Dentre vários temas, a sexualidade envolve reflexões sobre gênero. Percebe-se,
ainda, a forte presença do sexismo, uma
prática que subestima a mulher e valoriza
o homem. A psicóloga Zaíra, em entrevista à revista “Conversação”, conta que há
livros recomendados pelo Ministério da
Educação (MEC), em que aparecem cenas condenáveis: por exemplo, o marido
na sala, sentado, lendo jornal, e a mulher
na cozinha, trabalhando. O médico e a
enfermeira, o engenheiro e a decoradora.
Ou seja, as profissões das mulheres aparecem inferiorizadas em relação às dos
homens.
A partir do movimento feminista, em
1968, a compreensão sobre a equidade de
gênero foi gradativamente melhorando. A
mulher foi ganhando espaço na sociedade, adquirindo cada vez mais responsabilidades no trabalho, na família e fazendo
suas escolhas pessoais e sexuais.
Em Campo Grande-MS, existem vários
projetos voltados para a questão da sexualidade. Um deles é o Projeto Viva Menina, executado pelo Instituto Brasileiro de
Inovações pró-Sociedade Saudável (IbissCO). Seu objetivo é trabalhar a educação
sexual e reprodutiva, propiciando conhecimento às meninas índias e negras dos
meios rurais e que convivem com a realidade das doenças sexualmente transmissíveis (DST). Esse conhecimento pro-
porciona a elas um melhor preparo para
a vida sexual.
O problema é que nem sempre, os meninos estão preparados para lidar com
meninas informadas e, muitas vezes, bem
resolvidas. Para não parecer desinformado, o menino não leva a sério o conhecimento sobre sexualidade e acredita que
ele só deve fazer o seu papel que é “pegar
as meninas”. Mas, nem sempre, a culpa
é deles. Além da própria educação vinda
de casa, as campanhas e orientações são
voltadas mais para as mulheres, e isso
tem reflexos na falta de conhecimento.
No caso das mulheres, o mito de que só
quem tem relação sexual deve procurar o
médico, tem de ser quebrado. As meninas precisam de orientação sobre saúde e
orientação reprodutiva. Se a adolescente
tem consciência dos métodos preventivos, a gravidez será evitada, seja agora,
ou quando iniciar-se sexualmente.
A sexualidade nos permite refletir também sobre um grave problema, o da violência contra a mulher, que tem vários
âmbitos. Violência sexual, no trabalho,
doméstica, psicológica, entre outras. Com
o passar dos anos, as mulheres conquistaram vários direitos de exercer seu papel na sociedade, com dignidade. Um
exemplo recente é a lei Maria da Penha,
de setembro de 2006, que deu mais segurança para as mulheres, na certeza da
punição do agressor. Os dias de agressão
não chegaram ao fim. Mesmo com a lei,
esse problema está longe de acabar. Mas,
já é um avanço as mulheres terem para
onde recorrer, caso sejam violentadas. A
tendência é que isso diminua gradativamente. E, viver sem violência, com respeito e dignidade, é um direito de todas
as mulheres brasileiras.
Unifolha – Jornal-Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade AnhangueraUniderp
Ano XII - Nº 82 - junho de 2009 - Tiragem 5 mil exemplares.
Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação foram produzidas pelos
acadêmicos do 3ª semestre do curso de Jornalismo da Universidade AnhangueraUniderp (N 30).
Chanceler- Professora Ana Maria Costa de Souza
Reitor: Professor Guilherme Marback Neto
Vice-Reitora: Professora Heloisa Gianotti Pereira
Pró-Reitor Administrativo: Antonio Fonseca de Carvalho
Joana Moroni
Lane Nakasone
Élida Monteiro
3º semestre
A Constituição brasileira diz que o Estado
fundamenta-se, entre outros pontos, na cidadania e na dignidade da pessoa. Também, são
objetivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. Mas, se o Estado é laico, e se
a Constituição é objetiva, por que legislam
alicerçados em morais particulares?
Os profissionais do sexo, homens e mulheres adultos, merecem um olhar que ultrapasse questões de moralidade. Merecem ser
contemplados por ajustes sociais que não se
limitem à incompetência do poder público,
à volubilidade ideológica dos políticos frente
à manipulação e à chantagem das religiões.
Tampouco, a sociedade deve acreditar que
a norma é o fim, e que as leis são absolutas,
monolíticas. Elas são ferramentas. A finalidade é a justiça, a liberdade e o bem-estar do
coletivo e de cada um que a compõe.
A ironia está no fato de que os que legislaram no sentido de criminalizar, marginalizar
e negar as garantias trabalhistas aos profissionais do sexo, ao longo de toda a história do
Ocidente, foram os homens, os mesmos que,
também, ao longo da história, serviram-se do
trabalho das prostitutas.
Por exemplo, seguindo a lógica da legalidade, uma prostituta não tem o direito de interromper a gestação. Mas, se uma profissional
do sexo engravidar, por quem será assistida?
Elas têm direito a alguma espécie de segurogestação e licença maternidade? Não!
Ela será obrigada, pelas circunstâncias e
pelo descaso, a se prostituir com um filho no
ventre. Em seguida, será massacrada pela opinião pública, pela mídia, pela igreja. Idem, no
caso de um aborto.
Como se não bastasse grande parte das
prostitutas ter sido açoitada pela pobreza por
toda a vida, são penalizadas igualmente, pelo
machismo e condenadas por uma moral hipócrita.
Pode ser que algumas prostitutas gostem
de seu trabalho. Mas, existem aquelas que
se prostituem por falta de possibilidades, e
outras porque são obrigadas por terceiros. O
sistema oferece alguma possibilidade de manejo profissional para as que querem outro
tipo de trabalho? E quanto à aposentadoria?
Serão, estas profissionais, idosas, entregues
ao abandono, despejadas em asilos públicos,
pedintes?
A média salarial das mulheres ainda é inferior a dos homens. O acesso à escola foi
restringido durante os séculos passados. A
“domesticação” feminina molda-as para o lar,
não para a vida. A tese da “livre sexualidade”
não se libertou do plano conceitual. O corpo
feminino é tutela do Estado...
O que deve ser posto em questão não é se a
prostituição é boa ou é ruim, bela ou horrenda, certa ou errada. A pergunta é: quem olhará para estas pessoas? Mas, com um olhar
isento de desdém ou de asco!
O foco é aquilo que é dever ético do Estado.
E, mais importante, o objetivo deve ser uma
profunda transformação moral da sociedade,
no sentido de que os indivíduos parem de reproduzir discursos e comportamentos discriminatórios, herdados de ideologias medievais
para, enfim, olhar o próximo com compreensão e respeito. Imoral mesmo é o preconceito!
Menino e menina:
um para cada lado?
Lane Nakasone
Elida Monteiro
3º semestre
Meninas para um lado, meninos para
outro. Começamos assim, a mudar o pensamento de uma criança na infância. O
menino tem que ser forte e robusto. A menina meiga e organizada. Será que é assim
mesmo que funciona? Segundo a psicóloga Zaíra de Andrade Lopes “Na educação
infantil, os direitos sexuais ainda não são
contemplados, ainda não estão presentes”.
E continua “Que a sexualidade permeia todas as relações humanas, e que a idade para se começar a educação sexual é quando
a criança começa a sentir curiosidade”.
No mundo contemporâneo, os pais conseguem inibir quase todas as etapas da
criança. Antes mesmo de nascer, a criança
já tem todo seu futuro traçado. O conteúdo
da mídia influencia também, especialmente, a televisiva. O que era antes restrito aos
adultos, é exposto agora, para todas as faixas etárias. Crimes, guerras, corrupção, intolerância religiosa. E tudo isto expulsa a
criança da infância para a fase adulta.
A mulher moderna transfere para a escola a obrigação de educar. Por outro lado, a escola se esquiva, já que os pais têm
responsabilidades e devem ficar atentos
para qualquer mudança comportamental. Segundo Freud “Os lábios da criança,
comportam-se como zona erógena e sem
dúvida, o morno do fluxo do leite é a causa da sensação do prazer.” Hoje em dia, é
fácil acharmos crianças de 1, 2 ou 3 anos
beijando na boca. E os pais, tios e amigos,
dão risadinhas e indagam “Quem é seu
namorado?”.
As garotas vestem roupas curtas e sensuais, imitando ícones da televisão e dan-
Pró-Reitor de Graduação: Professor Eduardo de Oliveira Elias
Pró-Reitor de Extensão: Professor Ivo Arcângelo V. Busato
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Professora Elizabeth Tereza Brunini
Sbardelini
Diretor de Controle Acadêmico: Professor José Luiz Ramirez
Coordenador do curso de Jornalismo: Professor Marcos Rezende Morandi DRT/
MS 067
Jornalista responsável: Professor Alexandre Maciel (DRT/MS 162)
Revisão: Professor Mário Márcio Cabreira (DRT/MS 109)
çarinas de plantão. Há pouco tempo, as
crianças eram repreendidas caso mencionassem algo referente à sexualidade. Hoje, a criança sofre excesso de estímulos. É
bombardeada e vive um processo de erotização precoce. “A sexualidade infantil é diferente da sexualidade adulta, não contêm
os mesmos componentes e interesses”,
afirma a psicóloga Nina de Oliveira.
A importância das palavras no momento
certo, ditas com simplicidade, estimula a
curiosidade da criança. À medida que esta
curiosidade vai aumentando, vai crescendo, também, a responsabilidade dos pais
com o desenvolvimento emocional dessa
criança. Quase sempre os pais não se sentem à vontade, para falar desta questão.
Começam a argumentar com tal clareza de
um adulto, para se livrar logo, e não ter
que abordar nunca mais esse assunto. E,
com isto, revela-se muito mais do que a
necessidade da criança.
Quando começam as perguntas “Como
fui parar na sua barriga?”, o caos se instaura, sem que se perceba que a criança
não quer saber detalhes, mas algo que satisfaça a sua curiosidade infantil. A satisfação desta curiosidade leva a criança a
ter o desejo de saber mais. Já o excesso de
informações pode gerar uma tensão desnecessária naquele mini-adulto, ao qual
não nos esforçamos para entender. Muitos educadores acham exagero falar abertamente sobre sexualidade, na infância.
Mas, dentro da família, quando a criança
começa a entender o que é permitido e o
que não se pode fazer, já está sendo iniciada a educação sexual.
Projeto Gráfico 2005: Ana Paula Novaes - Andréa Roselle - Brasleif Adriano
- Cândida Piesanti - Edilaine Maira - Élika Gonçalves - Emídio Denardi - Evllyn
Rabelo - Flaviane Bueno - Gildo Araújo - Gizelli Xavier - Isabel Rodríguez - Janiel
Chaves - Jucyllene da Silva Castilho - Juliano Salles - Laila Carriel - Marco Aurélio
Ribeiro - Mariana Conte - Mário Daude - Marithê Cogo - Michelly de Alencar - Natália Souza - Paulo Donato - Pedrina Gomes - Priscila Evaristo Teixeira - Renato
Lima - Reneide Casagrande - Rodrigo Gordin - Simone Prieto - Thiago Ferreira Viviane Cunha - Viviany Gomes - Yvelaine Isabela e professor Carlos Kuntzel
Edição de fotos: Professora Elis Regina Nogueira (DRT/MS 090)
Impressão: Gráfica A Crítica
Projeto Gráfico, Diagramação e Tratamento de Imagens:
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Unifolha - Rua Ceará, 333, bairro Miguel Couto, Campo Grande-MS. CEP 79.003-010
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Uni­fo­lha
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
política
03
PODERES - REPRESENTAÇÃO
Pessoas comparecem à Câmara de Campo Grande, por diversos motivos
Defensoria
Como falar com
seu representante
Sociedade pode
processar o
Poder Público
joana moroni
Bruna Lourenço
Gabriel Maymone
3° semestre
“Acho que o interesse dos
eleitores poderia ser maior
no plenário. Poucos acompanham a sessão, hoje em dia”,
exclama Vítor Yoshihara, assessor do vereador Mário César (PPS). A população tem o
dever de acompanhar a atuação de seus representantes
e participar mais ativamente
do cenário político. O cidadão pode, por exemplo, apresentar sugestões ou projetos
de leis aos vereadores.
O contato com os parlamentares pode ser feito por
meio de e-mail ou telefone,
que estão disponíveis no site
www.camara.ms.gov.br. Ou
o cidadão pode optar por ir
pessoalmente à Câmara Municipal de Campo Grande,
que fica aberta de segunda à
sexta, das 6h30 às 18 h.
O vereador tem somente
poder Legislativo. Suas funções são: licitar obras e outras benfeitorias para o município; votação da Lei Orgânica do Município e legislar
sobre assuntos de interesse
local.
“As ligações são constantes. Na maioria delas, são cidadãos dos bairros em busca
de apoio para as soluções
de problemas locais, como
iluminação pública, tapaburacos”, afirma Rogério
Zanetti, assessor político do
vereador Vanderlei Cabeludo (PMDB).
Entretanto, todos os dias,
a Câmara recebe muitas pessoas fazendo todo o tipo de
pedido. “Tudo o que você
pensar. Ajuda pra festa de
casamento, de 15 anos, até
dinheiro de viagem pra ir
pescar”, explica Arno Antônio Cantarelli, o assessor político de Paulo Siufi
(PMDB).
Normalmente, cada cidadão procura o parlamentar
mais próximo dele, ou de
acordo com o que deseja.
“Quando é algo da saúde,
procuram o Paulo Siufi ou o
Dr. Jamal, que são médicos.
O Marcelo Bluma, porque é
engenheiro. Ou, então, procuram o Alcides Bernal e o
Vanderlei Cabeludo, que são
radialistas”, completa Arno
Cantarelli. Já Celma Amarília, que foi buscar ajuda em
vários lugares e não obteve
êxito, diz “Vim no Alcides
Bernal, porque escuto ele na
rádio. Talvez, ele possa me
ajudar”, comenta, esperançosa. Diferentemente dela,
não são muitas as pessoas
que vão à Câmara. A maioria
acredita que para conseguir
falar com um representante
político é preciso ter um bom
contato lá dentro. “Para quem
não tem um contato, deve ser
mais dificultoso”, acredita
Luíza Carvalho, da instituição Cindoméstica, que estava agendada para falar com o
presidente da Câmara.
Outro caso é o de Maria
Auxiliadora Vilela, que foi
à Câmara tentar marcar um
exame de saúde para seu neto. Ela afirma que nem tinha
pensado que conseguiria resolver seu problema no gabinete de um vereador.
O acesso aos parlamentares é fácil. Qualquer um pode ir à Câmara e “para falar
com o vereador, basta agendar um horário”, garante Leo
Marques, assessor do vereador Lídio (PP). Ao ser questionado sobre o papel que os
vereadores estão habilitados
para fazer, Leo responde “Assuntos sobre responsabilidade legislativa, fiscalização,
projetos, entre outros”.
Mas, nem todos são atendidos prontamente. Como é
o caso do pastor Noel Lopes
Moraes. Esta é a décima vez
que ele comparece à Câmara,
na tentativa de agilizar a documentação de uma Igreja.
“Durante a campanha, os vereadores vão à Igreja oferecer
seu apoio. Depois, a gente encontra a porta do gabinete fechada”, desabafa, à espera do
início da sessão do plenário.
Entre pedidos fúteis e suplicas por ajuda, é importante ressaltar a necessidade
de o cidadão manter sempre
contato com o seu parlamentar. O voto não se exprime apenas na eleição, e sim,
no dia-a-dia, na proximidade com os nossos representantes.
Mariana bianchi
Maria Auxiliadora Vilela compareceu à Câmara de Campo Grande, para tentar marcar, com um vereador, uma consulta médica para o neto
Defensoria Pública atende os cidadãos em busca de soluções de justiça
Joana Moroni
3º semestre
Atrasos recorrentes de salários de servidores, bairros
sem energia, ruas com buracos, inundações freqüentes
em uma região, ausência
de agentes de segurança,
obras que degradem o meioambiente, falta de postos de
saúde ou, até mesmo, revisão das prioridades orçamentárias do governo, entre
outros temas, podem gerar
ações judiciais contra o poder público.
Segundo a defensora pública Neyla Ferreira Mendes,
a sociedade pode pleitear soluções para qualquer tipo de
ausência de políticas públicas ou a execução irresponsável destas. Outro exemplo
é quando as políticas públicas não são universais,
portanto, discriminatórias e
sectárias, beneficiando apenas um grupo da sociedade.
Nesses casos, a sociedade
pode interferir na administração pública, recorrendo a
duas modalidades de ação: a
civil pública e a popular.
Ação Popular é considerada ação para o coletivo, mas
movida por um cidadão.
Isso significa que o impacto das ações não pode ser
apenas individual. Deve
contemplar a coletividade,
portanto. A Lei que regula a
Ação Popular considera patrimônio público “os bens e
direitos de valor econômico,
artístico, estético, histórico
ou turístico”. Também, diz
que qualquer cidadão será
parte legítima. Entende-se
como cidadão aquele que
esteja em dia com a justiça
eleitoral.
No caso da Ação Civil Pública, a lei especifica que são
as ações de responsabilidade por danos causados: ao
meio-ambiente; ao consumidor; a bens e direitos
de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico “ou qualquer outro direito difuso ou coletivo”, ressalta a defensora
pública.
A Ação Civil Pública pode
ser movida por pessoas jurídicas: Ministério Público
estadual ou federal, organizações não-governamentais
ou associações de bairros,
por exemplo. É importante
que a entidade que acione
tenha “pertinência temática”. Logo, se a motivação é
ambiental, que a parte ativa
seja uma entidade voltada
ao meio ambiente.
Quando existem “vários
problemas com o mesmo
fundo, pode se ajuizar uma
só ação”, ou seja, é possível
reunir várias demandas e fazer uma ação coletiva, popular ou pública. Neyla explica
que “a ação pode ser movida
contra todo agente público”
- seja ele do Legislativo, do
Executivo ou Judiciário, incluindo os próprios defensores públicos.
Para os que não têm condições de arcar com um advogado particular, recomendase procurar a Defensoria Pública e marcar uma consulta
com um defensor para discutir a viabilidade da ação,
aconselha Neyla. Por isso, é
importante comparecer com
documentos que fundamentem a ação em mãos.
E, quanto às promessas
feitas por um político, durante a campanha eleitoral,
e jamais cumpridas? “Aí, estamos no campo da Ética e
da Moral”. Ela justifica que,
geralmente, as promessas
são muito “abstratas e genéricas”. Neyla diz que “uma
promessa mais específica”
pode até gerar uma ação de
reparação de danos morais.
“Mas, via de regra, acho que
não seria possível”.
Ela lamenta que agentes
da justiça insensíveis, corruptos ou ideologicamente
comprometidos, sejam empecilho para a efetivação
dos direitos coletivos por
meio desses procedimentos. Mas “um judiciário
comprometido com a cidadania, pode resolver muitas
questões”.
Executivo: todo poderoso... mas, nem tanto
Samuel Ota
3º semestre
No município, o prefeito
é o maior representante do
poder Executivo. É o cargo
mais disputado pelas facções
políticas de um município, a
chave para as mudanças.
É o representante do município nas suas relações
jurídicas, políticas e administrativas. E, devido à importância de suas funções,
do seu papel, resulta que ele
não é um funcionário, mas
um agente político responsável pelo ramo executivo
do município. Devido a esse
fato, o prefeito não é subordinado a outras autoridades,
apenas à lei. Em relação a
estas, ele deve acatá-las.
Assim como aos mandados
judiciais, igualmente a qualquer autoridade ou pessoa.
Por seu trabalho ser amplo,
é dividido em secretarias,
institutos, departamentos
que atendem a população,
de diversas formas. Toda a
ação da prefeitura tem que
ser autorizada pela Câmara de Vereadores antes de
ser executada. Não se pode
gastar dinheiro algum sem
ter o veredicto dos parlamentares.
No poder Executivo maior
de uma nação, o presidente
pode legislar por meio das
medidas provisórias. No município, pelo Artigo 67, XIII
parágrafo, da lei Orgânica Municipal “editar medidas provisórias com força de lei, nos
casos de calamidade pública”.
Mas, também, temos na Lei o
Art. 38 “Em caso de calamidade pública, o Prefeito Municipal poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato à Câmara Municipal
que, estando em recesso, será convocada extraordinariamente para se reunir no prazo
de cinco dias”.
Se o prefeito pode legislar,
não há separação dos poderes. E, se fosse apenas um
partido, todos amigos, como
um só corpo, isso seria bom?
Se houvesse essa união, será que proporcionaria um
maior desenvolvimento ou
mais corrupção e “absolutismo”?
O conflito resolveria? Muitas reivindicações deixam de
ser atendidas, por serem de
partidos diferentes. “Tudo que
está em contradição, tende à
destruição”.
Todo trabalho do poder
Executivo pode ser conferido diariamente, no jornal
Diogrande, ou pelo site da
prefeitura, em que o documento pode ser encontrado
em PDF. O poder Executivo
tem o poder de fazer, assim
como você. Mas o que você
irá fazer com esse poder, só
você sabe.
04
Uni­fo­lha
CIDADES
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
A vida por trás de uma profissão
Aryana Lobo
3° semestre
As pessoas não identificam pequenos sinais do
nosso dia-a-dia. Quando decidi procurar trabalhadores
que, muitas vezes, não são
notados, pude entender como o ser humano é egoísta.
Ao longe, avistei um senhor
saindo de um lugar intrigante. Fiquei esperando até que
pudesse chegar mais perto,
para poder saber mais sobre
ele.
Um homem tranqüilo e
humilde. Era Antônio Francisco Alexandre, 71 anos
vividos. Ele possui história
de vida interessante, assim
como milhares de outras
pessoas que esperam um dia
poder compartilhar. Antônio
já trabalhou na roça e, também, como pedreiro. Mas,
hoje, é mais um aposentado
no Brasil. A curiosidade de
sua história foi que, depois
de aposentado virou um reciclador. Optou em não ficar parado, porque diz que
“véio”, quando se aposenta,
fica chato e precisa fazer alguma coisa.
E, pensando dessa forma,
tem a absoluta certeza de
que o que faz é tão significativo para as pessoas, como qualquer outra profissão
“Estou limpando a natureza,
ajudando a tirar o lixo da
rua”, diz, todo orgulhoso.
Conta, com ressentimento,
que já sofreu preconceito e
foi com uma criança que o
apontou com desdém por
ser um homem de rua que
catava lixo. “Infelizmente,
dei uma resposta feia. Não
para a criança, e sim pra
mãe dela, que não explicou
que eu não era isso”.
Há cinco anos, sai de segunda a sexta, às 7h30, e
volta às 11 horas. Por dia,
percorre cerca de 17 quilômetros. Faz isso porque gosta
e não porque precisa. “Não
passo fome, nem nada”. Vive com a esposa, a quem,
carinhosamente, chama de
“véia”. Quando sai à procura
dos materiais que, posteriormente, serão vendidos, pega
tudo o que pode pelo caminho. “Eu não deixo nada pra
trás”. E, ao chegar em casa,
sua esposa já começa a ajudar. Separam os que vão e os
que não vão para a empresa
de reciclagem. Já participou
de um curso de reciclagem na
prefeitura e que foi de grande
Aryana Lobo
Antônio Francisco, aos 71 anos, trabalha de segunda a sexta-feira, à procura dos materiais recicláveis
valia. “Todo mundo tem que
fazer cursinho. Não paga nada, e eles ainda deram roupa,
calçado, luva e boné”.
Ele possui um diferencial
dos outros recicladores. Garante ter um acordo com
algumas empresas que separam esses produtos exclusivamente, para ele. E o que
mais deu destaque de tudo
isso, foi que ele possui car-
tão de apresentação. O legal
é que está em destaque a palavra “reciclagem” e, embaixo, “agente autônomo”, com
telefone e endereço. “Às vezes, eles ligam, e eu só vou
buscar. Quando é muito,
peço pra alguém me ajudar.
Mas já cheguei a carregar 240
quilos nesse meu carrinho”.
Lembra-se de quando já chegou a receber quase R$ 600,00
por semana. Mas, que, agora,
com a crise, consegue no máximo R$ 200,00. “Por isso, eu
prefiro vender mais plástico,
porque custa R$ 0,30”.
Empresas - Quem também
reclama dessa crise são os
donos de empresas de reciclagem. Gilberto Miguel,
sócio de uma, diz que a
crise mundial afetou todos
os ramos. Um exemplo é a
latinha, pela qual já pagou
R$ 3,50 e que, agora, caiu
para R$ 1,50. O material que
compra dos recicladores vai
para as fábricas, que o utilizam para produzir objetos.
E, argumenta, dizendo que
seu trabalho é muito importante. “Se não fosse a reciclagem, como ficariam essas
garrafas pet na natureza?”. E
ressalta que todos os materiais que chegam até a firma
são bem limpos e armazenados de forma segura, para
evitar doenças.
Gilberto critica o governo
por falta de estímulo. “Acho
que deveria existir mais incentivo do governo. Muitas
vezes, essa profissão não é
reconhecida”. Atua nesse ramo desde 1973, por influência do pai. Pretende passar
para outras gerações, mas receia que não vá muito longe.
“Eu queria que fosse, mas do
jeito que tá, é difícil”.
Tanto Antônio quanto Gilberto vivem em função dessa atividade e se consideram
felizes. Temem pela crise,
mas não se deixaram abater.
E esperam um dia serem reconhecidos como profissionais importantes, independente de classe social.
Garis alegam que são alvo de preconceito
Roberta Cáceres
3º Semestre
De madrugada, de dia, ou
à noite, sol ou chuva, dia
santo ou festivo, feriado ou
expediente. Não importa!
Os garis e lixeiros, como são
conhecidos os profissionais
da limpeza, trabalham indispensavelmente, todos os
dias.
Na maioria, são homens
de idade média, semi-analfabetos.
Muitos são pais de família,
que trabalham em mais de
um emprego, ou fazem “bicos” nas horas de folga. Em
geral, são bem dispostos e
descontraídos, com o sorriso
nos lábios e calos nas mãos.
Nos olhos, demonstram a
inocência de uma criança,
Roberta cáceres
Profissionais da limpeza sofrem o drama da invisibilidade social e com o estigma cultural da sociedade
preocupados em agradar e
ajudar aqueles que pedem
informação.
José Cícero da Silva conta a infeliz experiência que
teve ao ir a uma farmácia,
quando estava uniformizado. Uma criança perguntou
se ele estava com fome. Sobre o acontecimento, ele expressa indignado “Nós não
passamos fome não! Somos
trabalhadores como todos os
outros!”. José Cícero acredita
que a discriminação começa
dentro de casa, passada de
pai para filho. E que as escolas poderiam ajudar para
diminuir o preconceito.
Os garis reclamam da falta de educação de algumas
pessoas, que passam e os
ofendem, com apelidos maliciosos, como: “Ô seu cheiroso!”. E de pessoas que desviam, passando bem longe,
quando eles estão varrendo,
ou que deixam de responder
a um bom dia, só pelo fato
de estarem uniformizados.
No entanto, não são com-
preendidos como trabalhadores honestos, que varrem
ruas, como qualquer outro
batente.
Não bastasse o ato de discriminação e ignorância,
os profissionais da limpeza
também sofrem o drama da
“invisibilidade social”, ou
seja, pessoas que não são reconhecidas e valorizadas por
utilizarem uniformes. Nas
lixeiras ou nos caminhos
varridos, são encontrados os
mais distintos objetos. Desde fraldas descartáveis, cédulas de dinheiro, telefones
celulares, documentos, fetos
uterinos, objetos de valores,
roupas e alimentos.
Zezito Sales do Amaral,
supervisor da Cobel, trabalha há 13 anos, na empresa
terceirizada pela prefeitura
de Campo Grande, por licitação pública, na área de
limpeza urbana. A empresa
Cobel trabalha apenas com
a varrição de ruas centrais
e emprega, em média, 160
funcionários. São recolhi-
das, por dia, aproximadamente 20 toneladas de resíduos, como são chamados
os diversos tipos de lixo encontrados nas ruas. Possui
três caminhões para coletar
apenas os resíduos varridos
pelos seus funcionários.
Zezito deixa claro que a
empresa só emprega homens, por falta de uma
maior estrutura. “Não é discriminação!”. Para empregar
mulheres, necessitaria de
banheiros femininos e armários. Os profissionais da
limpeza têm o apoio do Sindicato de Asseio e Conservação, que luta por melhores
salários e benefícios. Eles
trabalham sete horas e 20
minutos por dia, com uma
hora de intervalo, recebem
vale-transporte, ticket-alimentação e cumprem suas
funções de segunda à segunda, completando 44 horas
semanais. Em troca, recebem
um pouco mais que um salário mínimo, com acréscimos
anuais.
Educar para conscientizar é solução para lixo na rua
Luciana Ábrego
3º semestre
Um passeio pelas ruas de
Campo Grande é suficiente
para notar o descaso de algumas pessoas em relação
ao lixo que é jogado nas
calçadas e vias da cidade.
É o papel de uma bala, um
saquinho de salgadinho,
um potinho de sorvete e,
por aí, vai a lista enorme
de coisas que são jogadas
ao chão, todos os dias, sem
a menor preocupação de
quem irá limpar depois toda essa sujeira.
É impressionante como
algumas pessoas passam por
várias lixeiras, mas preferem
jogar o lixo no chão. “Uma
amiga minha veio de Curitiba, passear aqui, e ficou
horrorizada com a sujeira da
cidade, principalmente, da
praça Ary Coelho”, conta Eletiva de Jesus. Um local bonito, mas de que, infelizmente,
as pessoas não cuidam.
Édson Figueira, motorista
de ônibus que sempre está
transitando por vários pontos da cidade, ressalta que
deveria haver guardas para
multar as pessoas que jogam
lixo no chão, pegando o número do CPF e RG. “Só assim, as pessoas aprendem. Já
pensou se a Copa do Mundo
fosse aqui, e os turistas encontrassem uma cidade suja? Que vergonha!’’.
Em alguns países, como
Estados Unidos e Cingapura, são cobradas multas pesadas para quem joga lixo
no chão, e o interessante é
que, de fato, as regras nesses
países funcionam. No caso do Brasil, que ainda não
tem legislação mais clara a
esse respeito, duvida-se que
uma normatização dessas
seria cumprida aqui. Infelizmente, a conscientização só
acontece quando o bolso é
atingido.
Fernando (preferiu não
fornecer o seu sobrenome),
um senhor de cabelos grisa-
lhos, que sempre está pela
praça Ary Coelho, acredita
que a educação começa em
casa, mas que a escola poderia desempenhar o papel
de conscientizar as crianças
e os adolescentes a respeito
do lixo que é jogado nas vias
públicas. “Se a mãe ensinar
a criança desde pequena,
quando ela crescer, não vai
jogar lixo no chão. Outro dia,
passaram alguns turistas por
aqui, que estavam indo para
Bonito, e disseram que entre
as cidades que eles visitaram,
Campo Grande era a mais suja. As praças deveriam ser o
cartão-postal da cidade. Mas,
aqui não é visto assim”.
Outra reclamação feita pelos freqüentadores da praça
é com relação aos hippies e
as ciganas que sempre estão
no local. Eles tomavam banho nas torneiras da praça
e, inclusive, a fonte teria sido desativada porque mendigos e pedintes usavamna para fazer sua higiene,
em plena praça pública.
Quando se chega ao local,
o que chama a atenção é o
mau cheiro dos banheiros,
que não são lavados regu-
larmente. Um freqüentador
da praça diz ter comprado,
com dinheiro do próprio
bolso, desinfetante para
jogar nos sanitários, para
acabar com o odor ruim.
Resolveu o problema por
alguns dias, mas, como ele
não comprou de novo, a situação voltou ao que era.
Wagner jean
Descaso com relação ao destino final do lixo, muitas vezes, é responsabilidade da população
Unif­ol­ha
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO- 2009
economia
05
FRIGORÍFICOS - CRISE
Wagner jean
Exportações
enfrentam recuo
Bruna Lourenço
Gabriel Maymone
3º semestre
“Há compensação entre a oferta e a procura no mercado de carnes”, diz o coordenador do Nepes, José dos Reis
Preço da carne teve
poucas alterações
Elizângela Gomes
Carlos Pereira
3º semestre
Alheios ao que se passa
entre donos de frigoríficos
e produtores de gado, estão os consumidores, que
ainda não foram atingidos
pela crise. Perguntados se
tinham conhecimento do
que está ocorrendo com relação às demissões, dívidas
e renegociações dos frigoríficos, mais precisamente
do Independência, alguns
deles, como é o caso da
vendedora Tereza Rodrigues, de 48 anos, responderam “Eu sei que muitos
frigoríficos estão fechando.
Agora, não sei por quê?
Achei que o preço da carne
subiu, sim”.
Os consumidores estão informados quanto
às demissões que ocorreram, mas desconhecem o
problema pelo qual estão
passando os credores dos
frigoríficos. Os que dizem
conhecer são porque possuem algum amigo ou parente que seja credor, como é o caso da vendedora
Marlene Zanin, 61 anos.
“Tenho amigos que perderam o equivalente a R$
500 mil. Mas, com relação
ao preço da carne, a crise
ainda não atingiu o consumidor não”.
Já o açougueiro Rogério
Gonçalves Larrea, 25 anos,
afirma que não houve muita alteração, pois o preço
da carne está estável. “O
filé mignon está mais baixo com relação ao ano passado, de R$ 22,00 para R$
16,00 agora”. Rogério tem
razão, segundo os dados do
Índice de Preços ao Consumidor/Campo Grande (IPC/
CG) calculado mensalmente, pelo Núcleo de Estudos
e Pesquisas Econômicas e
Sociais (Nepes), vinculado
à Universidade Anhanguera-Uniderp, que mede o
nível de variação dos preços mensais do consumo
de bens e serviços. Comparativo da situação de
consumo do mês de abril
em relação ao anterior, de
famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos, mostra que o filé
mignon custava R$ 17,77
no mês de março, e passou
a custar, no mês de abril,
R$ 16,51. Uma diferença
de R$ 1,60 com relação ao
que ele custava em setembro de 2008. A costela-ripa
permanece no valor de R$
5,53.
“Há uma compensação
entre oferta e procura”,
explica o coordenador do
Nepes, professor José Francisco dos Reis Neto. “De
um mês para o outro, não
teve alteração significativa
no preço da carne”.
A economista da Famasul, Adriana Mascarenhas,
informa que “quando a arroba do boi cai, o consumidor não sente a diferença”.
Segundo ela, precisa haver
uma mudança na forma
de comercialização entre
produtores e indústria. “O
produtor é o mais prejudicado. O reflexo é sazonal.
Quando a arroba sobe, sentimos imediatamente”. A
pecuária do estado passou
por momentos delicados,
de preços muito baixos do
gado e febre aftosa, o que
comprometeu o patrimônio
dos pecuaristas.
“Muitos tiveram que
abater suas matrizes de
vacas, porque precisavam
fazer dinheiro. E isso refletiu na redução do plantel”,
informa Adriana. A arroba
do boi gordo, em maio, estava custando R$ 75,16. O
aumento é de 7,74%, enquanto no mesmo período
do ano passado, alcançou
R$ 69,76, segundo dados
do Rural Business.
Em outubro de 2008, estoura o que seria a maior
crise financeira desde
1929. Começou nos Estados Unidos e, em pouco
tempo, atingiu diversos
países, inclusive o Brasil.
Em Mato Grosso do Sul,
o setor mais atingido foi
o agroindustrial. Devido
à queda nas exportações,
grandes frigoríficos ficaram prejudicados, pois não
tinham para quem vender
a carne. A alternativa foi
vender o excedente para o
mercado interno, que, antes, era ocupado pelos pequenos abatedouros.
Segundo dados de Safras
& Mercado, e da Secretaria de Comércio Exterior
(Secex), as exportações de
carne bovina tiveram um
recuo de 17,7% no primeiro trimestre de 2009. De
acordo com o levantamento, o país registrou embarques de 424,626 mil toneladas, abaixo das 515,661 mil
toneladas exportadas entre
janeiro e março de 2008.
Com a recessão mundial,
os grandes importadores
de carne acumularam dívidas com o setor. Consequentemente, os frigoríficos não puderam cumprir
com os pagamentos dos
produtores. Um exemplo
disso é o frigorífico Independência, que deve cerca
de R$ 50 milhões, a pecuaristas.
Indicativos - Os primeiros sinais da crise no setor
surgiram quando alguns
abatedouros decretaram
férias coletivas. “Quando
um frigorífico dá férias
coletivas, é sinal de problema. É um indicativo
de crise. Uma empresa,
quando quer continuar
funcionando, vem com
outra tática. Reduz a jornada, cria um banco de
horas, diminui as despe-
sas”. É o que afirma o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores na Indústria
de Alimentação de Campo
Grande, Rinaldo de Souza
Salomão.
Prova disso é que, em
março deste ano, dos 36
frigoríficos com Serviço
de Inspeção Federal (SIF)
habilitados a abater bovinos no estado, 14 estão
definitiva ou temporariamente fechados e mais
de oito mil profissionais
foram demitidos. Em Mato Grosso do Sul, o índice
de desemprego superou a
média nacional, chegando a 9,85% da população
economicamente ativa, de
acordo com a Secretaria
de Estado do Trabalho,
Emprego e Renda (Seter).
Um dos profissionais demitidos foi João Cardoso de
Silva, 58. Ele trabalha com
abatedouros, desde 1978,
como desossador. Desempregado desde junho de
2008, acredita que a crise
afeta primeiro as pequenas
e médias empresas.
Ex-funcionário da Indústria de Alimento e Desossa
Livre, não imaginava que
iria ser demitido “Nem
imaginava que a empresa
fosse chegar nessas condições”. Ele afirma que já
viu crises feias, mas, como
essa, ainda não.
Casado e pai de quatro
filhos, recebeu ajuda da
família para sobreviver
financeiramente, após o
término das cinco parcelas de seu seguro-desemprego. “A base de uma família unida é um apoiar
o outro”.
Outro aspecto negativo
da crise é a dívida com
os ex-funcionários. Circulam na Justiça cerca de
quatro mil processos de
pessoas que não receberam a rescisão após serem demitidos.
Para resolver a situação, muitos matadouros
pedem apoio financeiro
aos governos. O Independência, por exemplo,
recebeu R$ 250 milhões
do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
em novembro de 2008. E
aguardava a liberação de
uma segunda parcela de
R$ 200 milhões, que foi
negada.
Esse apoio seria utilizado no pagamento de
dívidas. E, para tentar
reativar os abatedouros
“O governo precisa exigir que os frigoríficos paguem os ex-funcionários.
O Diplomata fechou. Demitiu 400 funcionários e
não pagou”, acusa Rinaldo de Souza.
Sindicalistas querem
mais empenho das autoridades para que o mercado volte a contratar. É
importante a recuperação
dos frigoríficos, reativalos de forma a recontratar os funcionários e, depois, pagar as dívidas em
parcelas. “O que mais a
empresa quer, o governo e a gente quer é fazer
funcionar o frigorífico”,
completa o presidente
do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de
Alimentação de Campo
Grande.
Outra proposta para a
recuperação é a redução
da alíquota de 4,5% do
PIS/Cofins (Programa de
Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) para a aquisição de
boi gordo por parte dos
frigoríficos. Se confirmada, a desoneração tributária pode incentivar a
produção e a recontratação dos trabalhadores.
O momento, agora, é de
muitas incertezas. É esperar pela atitude que as
empresas e o governo vão
tomar. Enquanto isso, milhares de trabalhadores
ficam na expectativa de
trabalhar novamente.
Demissões nos frigoríficos preocupam sindicato
Guilherme Meira
3º semestre
As contratações e recontratações de empregados por frigoríficos
não amenizam o número de desempregados
no setor, que já ultrapassa 8 mil. O grupo
Independência aparece
como o que mais demitiu no país, este ano.
São 6,6 mil pessoas entre todas as unidades,
sendo 2,5 mil somente, em Mato Grosso do
Sul.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Indústria Alimentação de Campo Grande,
Rinaldo Salomão, acredita que a reabertura de
novas vagas, que possam igualar ou superar
o número de demitidos,
está muito longe de
acontecer. “As contratações e recontratações
que aconteceram foram
de pessoas especializadas, para setores específicos, funcionários
que passaram por treinamento e qualificação
para o exercício da função”.
Para o sindicalista,
a maior parte dos demitidos não tem essa
qualificação, já que realizam funções básicas,
como lavagem do local
onde os animais são
abatidos, embalagem
da carne, carregamento
e descarregamento de
produtos, entre outras
funções. Estas, em sua
maioria, não necessitam de especialização
e, sim, de um treinamento básico.
Os funcionários demitidos não quiseram
se identificar em suas
declarações, porque
têm muita esperança
de serem recontratados
em breve. Eles dizem
que uma declaração
à imprensa pode prejudicar seu retorno à
empresa. Os trabalhadores estão surpresos.
Como uma multinacional pode demitir tantos
funcionários de uma só
vez? Eles sabiam que
iria haver demissões,
só não imaginavam
Mariana bianchi
Presidente do sindicato, Rinaldo Salomão, acredita que há poucas chances de compensar as demissões
que seriam tantas. Mas
acreditam que os frigoríficos irão retomar suas atividades em breve,
recontratando todos novamente.
Rinaldo afirma que
o processo de recuperação de uma empresa
desse porte é lento, pode demorar meses ou
anos. A exemplo disso,
no último dia 8 de maio,
os 2009 funcionários recontratados pelo Frigorífico Independência de
Nova Andradina, a 292
quilômetros de Campo
Grande, ganharam férias coletivas.
Eles foram recontratados porque o frigorífico
iria retomar os abates
no início do mês de
abril. No entanto, um
mês depois, a unidade
ainda não tem previsão
de quando será reativada. Enquanto isso, os
trabalhadores desempregados esperam uma nova colocação no mercado de trabalho, ou serem
chamados novamente
pela empresa frigorífica.
Unif­ol­ha
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
educação
06
SEXUALIDADE-FORMAÇÃO
Sexo também é assunto na escola
Dayene Paz
3º semestre
A educação sexual como
método de ensino nas escolas era um tabu. Tanto na família, quanto com os amigos,
ou até na própria rede de ensino. Hoje, a maioria dos pais
conversa francamente com
os seus filhos, sobre sexo.
Com o passar do tempo, o
papel da escola passou a ser
fundamental na vida do aluno. Mas, não tão importante
quanto a dos pais dentro de
casa. Nas escolas de Campo
Grande, não existe uma matéria especifica para a área de
educação sexual. Na maioria
das vezes, quem aborda esse
assunto são os professores de
Biologia.
Formada há mais de 20
anos, Tereza Germano Sanches é a professora da matéria na rede estadual de ensino. Atualmente, ministra
aulas na escola Padre Mário
Blandino, no bairro Aero
Rancho, na capital. Ela diz
que os alunos ficam atentos
quando a professora toca no
assunto. Sempre, saem perguntas curiosas e absurdas
durante a aula, como, por
exemplo, se o feto é gerado
no estômago. É possível perceber a falta de informação
entre eles.
Nas salas que Tereza freqüenta, há mais de três meninas grávidas. Elas têm
idade entre 16 e 22 anos. A
professora diz que elas não
sofrem preconceito. Nem por
alunos ou mesmo, professores.
Tereza lembra que diversos alunos acabam tirando,
com ela, suas dúvidas. “Muitas vezes, eles vêm me perguntar coisas que, geralmente, eu nunca tinha ouvido.
Cada dia, é uma diferente”.
Os métodos contraceptivos, principalmente, a camisinha, são abordados na aula, gerando muita polêmica
entre os alunos. A professora diz que é o momento em
que os jovens prestam mais
atenção em sua palestra.
Como muitos adolescentes
ainda têm vergonha de tirar
suas dúvidas, a professora
adotou um método simples,
mas eficaz. “Quem quer fazer perguntas, é só escrever
em um papel e não colocar
o nome. Sai cada pergunta!”. Assim, eles não ficam
com vergonha e matam a
sua curiosidade.
Tereza lembra que, certa
vez, a mãe de uma aluna
veio reclamar. “Disse que
eu estava ensinando a filha
dela a fazer sexo. Mas, ao
contrário, não é um incentivo a ter relação sexual, e
sim, uma prevenção, ao que
pode ou não ocorrer futuramente, como gravidez ou
doenças sexualmente transmissíveis”.
Na maioria das vezes,
dayene paz
Professora de Biologia, Tereza Germano procura abordar assuntos ligados à educação sexual em suas aulas, despertando interesse
quem assiste às aulas são
adolescentes, que, freqüentemente, não têm uma conversa franca com os pais. O
que eles sabem, aprenderam
na escola. “Por isso, nosso
objetivo é abordar esse assunto, levando a informação
o mais longe possível, ao
maior número de adolescentes, e consciência de que
sexo tem que ser seguro. A
melhor sensação de ministrar as aulas abordando esse
tema é ver o interesse dos
alunos”.
Grávida em plena adolescência. O que fazer?
Dayane Reis
Mílton Júnior
3°Semestre
Segundo o Ministério da Saúde, 25% dos partos feitos no país são de jovens de 10 a 20 anos
de idade. O que representa um
número de 1,1 milhões de adolescentes grávidas. Como explicar
um índice tão alto, em uma época que a informação circula de
forma tão acessível?
Se, antigamente, essa era uma
desculpa favorável, hoje, já não
se pode dizer que adolescentes e
crianças não tenham o mínimo
de conhecimento sobre métodos
de prevenção. Então, por que
será que o índice de gravidez na
adolescência só tem aumentado?
M.F., de 17 anos, tem a resposta.
“O problema dos adolescentes de
hoje não é a falta de informação, e
sim, de comunicação com os pais,
como no meu caso”. Ela explica
que, muitas vezes, os pais dos jovens criam um “tabu” de que eles
não podem ter relações sexuais
com seu namorado, já que isso seria “coisa de pervertida”. E criam,
assim, uma barreira para o jovem
ir a um médico e mesmo escolher
um método contraceptivo.
Ela engravidou aos 16 anos,
após pouco mais de um ano de
relacionamento. “Meu namorado
apoiou a gravidez. Em nenhum
momento, ele me deixou, como
muitos garotos fazem”. Os casos
de abandono dos pais das crianças
são muito comuns. O que dificulta
a aceitação da jovem, aumentando
as tentativas de aborto e suicídio.
M. diz que, logo após descobrir
a gravidez, queria o aborto. Só não
concluiu, por não encontrar remédios abortivos. “No momento que
a gente descobre e imaginamos
como nossos pais vão reagir, é a primeira coisa que pensamos”.
Uma pesquisa realizada pela
Unicamp, em 2000, no estado de
São Paulo, mostra que 13% das
adolescentes grávidas tiveram pensamentos suicidas. Eles são ocasionados por depressão. Ou, mesmo,
pelo fato das jovens terem sido
abandonadas pelo namorado.
A diretora da Escola Estadual
Hércules Maymone, Dorislei
Nogueira, afirma que, por ano, o
estabelecimento de ensino recebe
um ou dois casos de gravidez. Ela
explica que as estudantes, normal-
mente, com idade entre 15 e 17
anos, têm direito a quatro meses de
licença maternidade, constituídos
por lei. Nesse período, fazem trabalhos em casa, para não terem o
currículo escolar prejudicado.
Na escola, segundo a diretora,
são oferecidas aulas de educação
sexual no contexto da matéria de
Biologia. Além de programas em
parceria com universidades para
fornecer orientação aos alunos.
Para Dorislei “quando a gravidez é muito precoce, pode ser
por falta de informação. Porém,
quando é mais tarde, é descui-
do mesmo.” E, ainda, considera: “Com a liberação sexual que
temos hoje em dia, eu não me
surpreendo mais.”
Hoje, com licença da faculdade e uma filha de pouco mais de
dois meses, M. diz, com orgulho:
“Há pessoas que vêem a gravidez como impedimento. Eu não.
Tenho ainda mais vontade de
estudar. Preciso dar um futuro a
ela.” E critica: “quando fazemos
coisas que a sociedade não está
acostumada, você conhece realmente as pessoas. Elas têm medo
do diferente”.
Secretaria tem projetos para área
Dênis Augusto
Michael Grance
3º semestre
O índice de natalidade
em Mato Grosso do Sul é
um dos menores do Brasil.
E cerca de 11% das mães
têm idade inferior a 17
anos. Segundo os últimos
dados divulgados pelo IBGE, em 2006, foram mais
de 60 mil casos de partos
feitos por menores de 18
anos, entre o período de
2005 e 2006, em todo o
estado. Por trás destes dados, escondem-se vários
problemas sociais, como
a discriminação e o preconceito, até mesmo da
família, ocasionando uma
grande evasão escolar dessas adolescentes, que se
sentem agredidas em ambientes comuns.
Desde 2007, o governo do Estado, por meio da
parceria entre Secretaria de
Estado de Saúde, Educação
e ministérios, desenvolve
o programa Saúde e Prevenção das Escolas (SPE).
O projeto visa incentivar a
discussão da saúde sexual e
reprodutiva, com o intuito
de reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e jovens
às doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs), à infecção do vírus da AIDS e à
gravidez não-planejada, por
meio do desenvolvimento
articulado de ações no âmbito escolar e nas unidades
básicas de saúde.
Com o auxílio do Ministério da Educação e da Secretaria de Estado de Educação
de Mato Grosso do Sul, projetos como esse vêm sendo
discutidos de forma abrangente com alunos de escolas
estaduais de todo o estado,
ajudando na conscientização desses adolescentes.
A pedagoga Priscila Mattos ressalta que não só o fator educacional, mas, também, o social são decisivos
na formação e instrução
dessas jovens. “Na gravidez
na adolescência, não se deve levar em conta apenas o
fator familiar, mas ela deve
ser vista como questão social
e assistencial, tendo compreensão da sociedade e da família para com essa jovem”.
Priscila também alerta sobre as conseqüências que
uma gravidez inesperada
pode ocasionar: “Muitas vezes, essas meninas podem
ser conduzidas a praticar
um crime, ao serem induzidas pela família ou pelo
namorado a fazer o aborto,
e isso pode ocasionar diversos problemas fisiológicos,
inclusive levá-las à morte”.
No Brasil, os casos de
aborto que não são previstos em lei são considerados
crime pelo Código Penal.
Em todo o estado, no entanto, há um grande número
de empresas privadas e políticas públicas que apóiam
os programas sociais que
ajudam a aumentar o índice de jovens que procuram
a orientação adequada.
milton júnior
Secretaria de Educação do Estado promove programa para a conscientização dos jovens a respeito das questões ligadas à sexualidade
Uni­fo­lha
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO- 2009
segurança
07
VIGILANTES - TRÂNSITO
Homens e mulheres procuram cursos de formação específica para a área, pois há emprego disponível
Profissão de vigilante ganha espaço
Aryana Lobo
Roberta Cáceres
3º semestre
Com o aumento da violência, as pessoas estão cada
vez mais preocupadas com a
segurança. Devido a este fator, a profissão de vigilante
está se expandindo no mercado de trabalho.
Neste universo, os olhos
azuis chamam a atenção.
Mulher decidida e corajosa.
Em média 1,70 metro de altura, que esbanja simpatia.
Nos lábios, um sorriso, que,
mesmo cansado, não se deixa apagar. Essa é Ângela de
Andrade, 33 anos.
Trabalhava como líder de
produção em dois setores em
uma fábrica em São Paulo,
onde perdia até cinco horas
do dia em transporte coletivo. Há um ano e seis meses,
deixou a capital paulista à
procura de sossego. Em busca de uma nova vida, contou
com o apoio de alguns familiares, escolhendo a Cidade
Morena para residir.
Por ter tido alguns namorados vigilantes e ouvir muito sobre a profissão, acabou
adquirindo noções básicas
de segurança. Com a necessidade de emprego e sem vocação para comércio, como
ela mesma diz “Não tenho
dom para vender”. Sem opção, Ângela optou pela vigilância.
Decidiu fazer um curso de
formação de 18 dias, na área
de segurança privada. Com
o término, foi indicada a entregar currículo a diversas
empresas. Foi chamada para
trabalhar em eventos, como
casas noturnas e clubes. Logo depois, foi chamada para trabalhar como vigia, em
uma universidade. “Essa é
uma profissão não valorizada”, pelo fato de não ser
registrada como vigilante, e
sim, como porteira.
Também, existe o fato de
ser menosprezada pelos próprios donos de empresas que
não valorizam seu trabalho.
“Estamos cuidando dos estabelecimentos e merecemos
respeito”. Diz ganhar apenas
um salário mínimo e alguns
benefícios, como vale-transporte e ticket-alimentação.
Sendo necessário fazer freelancer nos finais de semana.
Sobre o comportamento
na profissão, recomenda
que sempre se deva manter
a postura, até mesmo quando recebe algumas “cantadas” como: “Me revista, me
prende”.
Na questão do preconceito, Ângela reclama que,
mesmo com uma sociedade
mais contemporânea, ainda
há certo receio em empregar
mulheres para esta profissão
de risco. “Um homem tem
mais força no braço, mas a
mulher tem mais força na
boca”. Dando um exemplo,
explica que um vigilante ho-
mem, quando vê uma briga,
chega de uma forma mais
bruta e sem ter o cuidado de
saber o motivo. Já uma vigilante mulher se preocupa
primeiro em saber o que está
acontecendo, para, depois,
tomar as atitudes cabíveis
para resolução do problema.
Esse preconceito se estende também na sua vida pes-
soal, pois conta que já passou por situações desagradáveis com ex-parceiros machistas que discriminavam
sua ocupação. “Entre você
e minha profissão, fico com
minha profissão”. Assim, ela
defende sua preferência.
Ela conta que já presenciou várias brigas, sendo
que uma delas deixou uma
roberta cáceres
Vigilante Ângela Andrade reclama que há receio em empregar mulheres para profissões que envolvem riscos
pequena cicatriz no braço. Mesmo sendo mulher e
exercendo uma profissão de
risco, afirma que, no começo, sentia medo. Mas, com
tempo, acostumou-se com
ritmo.
Escola - A especialização
para esses profissionais é de
suma importância. Na escola
de formação de vigilantes, eles
estudam 11 matérias. Entre
elas, armamento e tiro, prevenção e combate a incêndios e
primeiros socorros, defesa
pessoal, direitos humanos e
relações humanas no trabalho.
O coronel Cláudio José
Defendi, dono de uma escola de formação de Vigilantes, ressalta que deveria
aumentar a carga horária
de apenas 160 h/aulas, estabelecida pela Portaria Nº.
387/2006 – DG/DPF de 28 de
agosto de 2006, e abrir graduação nessa área, para ser
reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). “Tá
bom? Tá bom, é uma formação básica. Mas eu acho que
deveria ser mais tempo de
aprendizagem”.
E explica que, quem de-
fine a grade curricular é o
Ministério da Justiça com a
Polícia Federal.
Alguns pré-requisitos para
ingressar na escola são: ter 21
anos, bons antecedentes criminais, mínimo 4º ano do ensino Fundamental, apresentar
exames médicos e psicológicos, independente de sexo.
Para o aluno adquirir o certificado de vigilante, é preciso
obter 50% de aproveitamento, que é avaliado por meio
de provas escritas.
O coronel ainda ressalta
que essa profissão é pouco
valorizada e que, em Mato
Grosso do Sul, existem poucos profissionais. “As empresas, quando precisam de
trabalhadores, buscam aqui,
os nossos alunos formados”.
Lembrando que, para trabalhar na área de vigilância, é
preciso ser vinculado a uma
empresa do setor. Ou seja,
não existe vigilante autônomo. Caso contrário, não possuirá direitos trabalhistas e
não terá amparo na utilização de armas de fogo.
aryana lobo
Primeiros Socorros, prevenção e combate a incêndios, defesa pessoal e direitos humanos estão entre as 11 matérias oferecidas no curso de formação dos novos vigilantes
Guiar um veículo exige muito respeito
Everlyn Navarros
3º semestre
Para ajudar a devolver a
tranqüilidade ao trânsito
das grandes cidades, os
motoristas precisam conhecer bem as leis e respeitá-las. No entanto, se
os condutores praticarem
gentilezas e mantiverem a
boa educação a bordo do
veículo, é possível ajudar
a enfrentar as ruas sem
desespero.
Na opinião da consultora de imagem, Cíntia Castaldi, atitudes como fazer
ultrapassagens sem respeitar as normas da lei, avançar no sinal vermelho, estacionar em calçadas ou
áreas proibidas e utilizar
duas vagas por preguiça
de manobrar o carro são os
principais desrespeitos cometidos pelos motoristas.
“Se as pessoas fizessem o
mínimo, que é respeitar as
leis de trânsito, já ajudaria
muito”, observa.
Há quem ache que as
mulheres não estão com
nada ao assumir a direção.
Mas isso não aparece na
pesquisa divulgada pelo
Departamento Nacional
de Trânsito (Denatran),
em março deste ano. De
acordo com os dados, as
mulheres correspondem a
33% dos motoristas brasileiros. A participação delas ao volante aumentou
44% nos últimos quatro
anos. Mas não é só isso.
Ainda, segundo o Denatran, entre os condutores
envolvidos em acidentes
com vítimas, de 2004 a
2007, apenas 11% eram
mulheres.
Para a consultora de etiqueta Madu Caetano, dar
passagem a ambulâncias e
outros veículos que atendem emergências é primordial. “Aqueles minutinhos não significarão nada para você, mas ajudam
a salvar vidas”, destaca,
lembrando que aproveitar o espaço deixado pelas ambulâncias para tirar
vantagens sobre os demais
motoristas é outro extremo
da falta de educação.
Professor de Centro de
Formação de Condutores
(CFC), as antigas autoescolas, há oito anos, Rodrigo Carrilho afirma que essa
maior participação do público feminino nas aulas é
percebida no dia-a-dia. “Esse aumento é um reflexo do
que acontece na sociedade
como um todo. As mulheres estão se destacando e
começando a conquistar
seu espaço em tudo, não
apenas na direção”.
A jovem publicitária
Viviane Vilela conta que
nunca foi responsável por
um acidente. “Comecei a
perder o medo do trânsito
com a prática. Hoje, sinto-
me muito mais segura ao
fazer uma ultrapassagem.
Mas, faço isso sempre com
muita cautela. Não saio
cortando um carro, sem
antes ter total certeza de
que é possível”.
Em busca da independência, segundo Carrilho,
a maioria das mulheres
que procura as aulas de
direção tem entre 25 e 35
anos, indicando que, para
elas, nunca é tarde para
aprender. Entre os homens,
a maior procura acontece
dos 18 aos 25 anos. “Em
geral, elas querem dirigir
para ficar mais independentes do marido e para
conquistarem melhores
empregos também”.
Carrilho conta, ainda,
que as mulheres se envolvem menos em acidentes,
porque elas se destacam
dos homens em um quesito muito importante:
prudência. “Os motoristas do sexo masculino
são muito mais ousados.
Eles se sentem muito seguros e acabam fazendo
ultrapassagens perigosas,
por exemplo. As mulheres
não. Por serem mais prudentes, elas pensam antes
de agir e, se percebem algum risco, preferem esperar. No trânsito, não vale
o velho ditado ‘quem não
arrisca não petisca’. Quem
não arrisca não se envolve
em acidentes”.
08
Uni­fo­lha
ESPORTE
CAM­PO GRAN­DE-MS | junho - 2009
FUTEBOL - RETRATO
Garra, amor e decepção
Gustavo Nunes
Rafael Paniago
3°semestre
Como pode um futebol
tão rico, acabar assim? Operário Futebol Clube, time de
tantas tradições, conquistas
e torcedores apaixonados.
Equipe que encantou os
olhos de todos, hoje se encontra na sua pior fase. No
dia 19 de abril, o operário
perdeu mais um jogo. A
partida que manchou a sua
história. O time de melhor
campanha do futebol sulmato-grossense em campeonatos brasileiros, caiu para
a série B do Estadual.
Elenco mal preparado e
falta de patrocínio foram as
principais causas desse desastre. Causas que não saem da cabeça do seu Evaldo. Operariano há mais de
30 anos e amante do futebol local, ele não se conforma com a fase que os times
sul-mato-grossenses se encontram. “Nós que somos
da velha guarda, (pode-se
dizer assim), que presenciamos grandes momentos
do futebol de Operário e
Comercial, não conseguimos entender tamanha falta
de organização e valor a
camisa que um dia já foi
vestida por Manga, Arthurzinho, no Operario e
Gil, no Comercial, entre
ricardo pereira
Do céu ao inferno, torcedores relembram o Operário de tantas glórias e choram quando têm que pensar na atual situação do clube, na série B
outros.”
Ele relembra um pouco, os domingos de jogos.
“Lembro que a movimentação para os jogos começava no sábado cedo, com
bandeiras, publicidades,
hinos do clube e carros
buzinando. Os torcedores
compareciam em massa,
afinal só tínhamos uma
certeza, de um grande es-
petáculo.”
Uma das principais causas para a queda dos times sul-mato-grossenses
foi a criação do Clube dos
13. “Um golpe fatal”, se-
gundo seu Evaldo. Ele enfatizou que após a criação
do Clube dos 13, o futebol
de vários estados entrou
em extinção.
“O Operário da 1ª divi-
são passou para a 2ª, 3ª
e agora se encontra nessa
situação. Time de tantas
glorias, tradições e principalmente torcida e história, rebaixado para a série
B do estadual e série D do
campeonato brasileiro. Para nós que torcemos, sofremos e vibramos com o
time, fica um sentimento
de que acabou”.
Um fato que prova que
os times sul-mato-grossenses estão em baixa.
Em uma partida válida
pela Copa do Brasil, entre Mixto de Tres Lagoas
e Campinense da Paraiba,
o técnico do Campinense
mencionou a seguinte frase em uma rádio local: “É
difícil um time de grande
expressão como o Campinense jogar contra um time que não tem obrigação
de vencer”.
Isso é um total absurdo,
afinal quem é Campinense? Essa é a forma pelas
quais os outros estados
nos vêem. Como sem expressão no futebol. Hoje
o Campinense está na segunda divisão do futebol
brasileiro. O que fazer
para melhorar o futebol
local? Precisamos ir ao estádio e incentivar a rivalidade sadia.
Federação de Futebol nasceu antes de MS
Marcus Almeida
3º semestre
O futebol nasceu oficialmente no antigo estado de Mato Grosso, em 30
de agosto de 1938, com a
fundação da Liga Esportiva Municipal de Amadores (Lema), que recebeu
posteriormente o nome de
Liga Esportiva Municipal
Campo Grande (Lenc). Os
seus 40 anos de duração
foram marcados pelas glórias do esporte.
Em Corumbá foi fundada a Federação Mato
Grossense de Desportos,
que controlava todo e
esporte do antigo Mato
Grosso. Contudo, o presidente Getúlio Vargas, ao
estabelecer as primeiras
bases para a organização
do desporto no Brasil,
acabou migrando todo o
controle esportivo para a
capital Cuibá.
Foi quando começou o
sofrimento do futebol no
sul do estado, pois como
tinha dimensões enormes
e quase nenhuma estrutura, o desporto no norte foi
beneficiado, em detrimento ao sul. Mas, no fim da
década de 1960 o governo
era preocupado com o esporte e com o sul do estado, pois seus integrantes
vinham do sul.
Eles tinham em mente
um sonho antigo e necessário. Um estádio. Esse sonho se tornaria real e em
1971 foi inaugurado com
o jogo entre Corinthians
e Flamengo. Já existiam
os dois primeiros clubes
profissionais do estado,
Operário Futebol Clube e
Esporte Clube Comercial.
Um grupo de trabalho
secretamente tramava a
criação de uma federação.
Na surdina, pois, como os
estados ainda não haviam
se separado, tudo tinha
que ser concentrado na
antiga capital Cuiabá.
Quando nasceu o estado de Mato Grosso do
Sul e Campo Grande se
tornou capital, a Federação viu então a chance de
emplacar de vez. E tudo
deu certo! Com direito a
matéria de capa no jornal Correio do Estado. A
manchete era “Federação
foi criada: o futebol liberta-se”.
ricardo pereira
Raramente, os times locais conseguem lotar o estádio Morenão, ao contrário dos tempos áureos do futebol de MS
Times do interior vivem fase de fortalecimento
Aníbal Placêncio
3º semestre
Cada vez mais fortes e estruturados, os times do interior do Mato Grosso do Sul
fazem ótimas campanhas no
Estadual. Conseqüentemente,
alcançam a classificação para a
Copa do Brasil e ganham destaque no cenário futebolístico
do país. Essa situação lembra
a música intepretada por Gal
Costa, “Festa do Interior”.
Os dois últimos exemplos
foram Ivinhema, da cidade
de mesmo nome, e Misto, de
Três Lagoas. O Ivinhema foi
eliminado pelo Flamengo,
na primeira fase. Já o Misto
caiu diante do Corinthians,
na segunda fase. “Apesar da
eliminação, Ivinhema e Misto
mostraram pontos positivos”,
afirma o corintiano Glauber
Bacha, que foi ao Morenão
nos dois jogos da Copa do
Brasil.
Nos trilhos - O Aquidauanense Futebol Clube faz excelente campanha no Estadual
de 2009. Classificou-se para
a segunda fase da competição
e se consolidou como candidato ao título. O sucesso do
time é resultado de muito trabalho da diretoria do time.
O retorno do Aquidauanense para a primeira divisão de
Mato Grosso do Sul foi em
2008. A campanha do time
não foi boa. No entanto, a
torcida compareceu em peso
aos jogos em casa e provou
que tudo estava no caminho
certo. O presidente do Aquidauanense, João Garcia, já articulava o time para 2009.
Foram realizadas parcericardo pereira
Boas campanhas trazem reflexo nas arquibancadas: público volta a lotar os estádios nos jogos do interior
rias com o empresário Luiz
Julio, da JM Esporte, e com
o volante Fabinho, atleta do
Corinthians. Isso foi fundamental para a contratação de
jogadores experientes, que
trouxeram ainda mais qualidade para a equipe. O clube
fica responsável pela estadia
dos atletas. Já o salário desses
reforços é bancado pela JM.
O time conta com o apoio
do prefeito empossado neste ano, Fauzi Sulleiman. Ele
aumentou o repasse para o
clube em 233%, afirmando
que “esporte não é despesa,
é investimento”. A prefeitura
também ajuda no transporte para jogos fora de casa. O
restante da verba vem das
propagandas no espaço publicitário do estádio, principalmente. “O time resgatou a
alegria futebolística do povo”,
afirma Mauri, 38 anos, torcedor do time.
Cidade em festa - Sábado,
9 de maio de 2009. São 18
horas. O Estádio Municipal
de Aquidauana está lotado.
Torcedores do Aquidauanense próximos ao alambrado já
fazem “aquela pressão” nos
bandeirinhas. O time da casa
jogará contra o Misto, de Três
Lagoas.
Primeiro, a execução do Hino Brasileiro. Depois, fogos
de artifício invadem o céu. A
Banda do Barril anima o público com suas marchinhas.
Um senhor calvo, cerca de 60
anos, está confiante. “Hoje a
vitória é do Aquidauanense,
não tem pra ninguém”. Atrás
do estádio, os trilhos reformados, que representam a volta do Trem do Pantanal. Pois
é, o Lula esteve por aqui, na
inauguração!
Por um momento, tudo pára. O locutor anuncia que será respeitado um minuto de
silêncio, em homenagem à
morte do conhecido empresário, Belão. O estádio emudece. Logo depois, o juiz apita o
início do jogo. Que Aquidauanense e Misto, representantes
dignos do futebol interiorano,
realizem uma boa partida, fazendo jus a toda essa festa.
Mais in­for­ma­ção, mui­to
­mais en­tre­te­ni­men­to
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
Tradição pontuada
Anny Malagolini
Joice Vieira
3º semestre
O
universo lúdico,
de folclore e tradições de Mato
Grosso do Sul é o mundo
que Marlei Sigrist, professora de artes da UFMS se
envolveu. Marlei desenvolve um trabalho folclórico com o grupo de dança
Camalote Pantaneiro, com
o qual apresenta danças
típicas do estado. Ela também publicou a 1ª edição
do livro “Chão Batido” no
ano de 2000, e nele revela
a mescla cultural de Mato
Grosso do Sul, apresentando festas, danças, mitos, linguagem popular,
lendas e costumes.
Para a professora, cultura popular quem faz é
a massa, contando com o
auxílio dos mecanismos
de comunicação. E é a
massa quem preserva esses velhos costumes, passados por gerações ou grupos, mas sempre sobrevivendo aos anos, podendo
até se modificar, mas nunca perdendo a sua essência. Os aspectos regionais
culturais formam um intercâmbio com as adjacências. Segundo a pesquisadora, a região do Bolsão,
do Pantanal e da fronteira
tem uma mescla folclórica especifica, dependendo
do limite geográfico. Para
aqueles que acreditam que
o folclore em Mato Grosso
do Sul está se perdendo,
estão muito enganados, as
tradições continuam fortes, mantendo suas particularidades, na opinião de
Marlei Sigrist.
Permanecem, principalmente as festas de santos,
como a de São João, Nossa Senhora de Caacupé,
enfim, santo que não
acaba mais. Esses festejos são homenagens organizadas pela população
e que quase sempre não
envolvem a igreja, ressalta a pesquisadora. Além
de eventos religiosos há
também celebrações caipiras, no Pantanal, ocasi-
ões em que se dança um
rasqueado e se come o
legitimo arroz carreteiro,
ou com pequi, acompanhado de feijão tropeiro.
E se tiver festa, tem que
ter música. Nada mais regional que o chamamé, a
polca paraguaia, modas de
viola. Esses gêneros nasceram nas fronteiras e no
sertão do Brasil. E foram
se espalhando e tomando
gosto da população, fortalecendo a raiz, a importância do sentimento de
ser sul-mato-grossense.
No Centro Oeste, as
danças são uma tradição
muito forte, dependendo
muito da região do estado,
conforme explica Marlei
Sigrist. Aqui, danças como o cururu - que mais
parece uma brincadeira o siriri, o chupim, cirandas, catira, e xote, são típicas e marcam as festas.
Algumas até lembram as
quadrilhas, em festas juninas.
Além da cultura original de nossas fronteiras,
como as já mencionadas
músicas, danças e alimentos, não é possível se
esqueçer do sotaque, por
exemplo. A pesquisadora
lembra do corumbaense,
que ora lembra carioca,
ora o cuiabano. Todo essa
atmosfera cultural, de folclore, direciona as pessoas para as próprias raízes.
Mas será que, com o
passar dos anos, as capitais, como Campo Grande,
vão perdendo os seus costumes, sua cultura? Marlei Sigrist acredita que os
grandes centros tendem a
se massificar, modificando
a cultura em função da tecnologia e da comunicação.
Porém, em sua opinião,
não perdem suas particularidades. Ela ressalta que,
independente da região,
Mato Grosso do Sul mantém uma cultura de variadas influências.
inayá borba
Seu Agripino, mestre da tradição popular do Cururu, é um exemplo vivo da força e das muitas possibilidades oferecidas pela cultura sul-mato-grossense
Minhocão é um dos mitos mais
conhecidos do folclore de MS
Kamila Roberta
Ana Cláudia
3º semestre
O folclore do Mato Grosso do
Sul oferece características ricas,
como a culinária,o ecoturismo as
artes e etc. Influencias culturais
nas regiões de fronteira com a Bolívia e o Paraguai fazem com que
exista uma certa troca de culturas
que se misturam e harmonizam.
As lendas e os mitos são elementos importantíssimos no folclore regional, ajudam a formar
as características do estado.
Quem nunca ouviu falar da
lenda do Minhocão? O Minhocão tem grande semelhança com
a Boiúna do Amazonas. Segundo
pesquisas, o Minhocão é uma espécie de serpente longa e cabeçuda, não tendo cor definida, mas
sabe-se que é escura devido ao
seu habitat. Vive sob o barro das
barrancas do rio e ao passar deixa
marcas no chão, em forma da sua
imensa cabeça. Quando fica zangado e faminto, serpenteia no rio
de tal forma que derrubas a embarcações, devorando pescadores
e afundando canoas. Alguns dizem que produz imenso ruído ao
se aproximar e os mais crédulos
preferem referir-se a ele como o
bicho. Pode acontecer que a pessoa, ao presenciar a um ataque
do Minhocão, não supere o fato e
enlouqueça.
Lendas como estas fazem parte
da vida das pessoas antigas e simples das cidades do estado, passando, assim, por gerações. E que
se transformaram na característica folclórica histórico-cultural da
região.
O ser humano pantaneiro,
em sua simplicidade, acredita e
confirma as lendas, que surpre-
endem turistas ao conhecer tudo
o que o nosso estado oferece.
Estes habitantes do Pantanal
são privilegiados, pois já nascem
herdeiros da cultura e da essência que a região proporciona. Os
mais antigos, como os fazendeiros, peões e os pantaneiros têm as
características culturais diferenciadas das pessoas urbanizadas,
como os moradores da capital
Campo Grande. Por isso é comum
que lendas e mitos façam parte
das crenças destas pessoas.
Habitantes mais velhos do Pantanal contam lendas e mitos, que
compõe o nosso folclore, passando assim para seus filhos. Dos
seus filhos é passado para seus
netos e assim segue uma linha
de cultura, que causa uma certa
curiosidade se, de fato, aconteceram as lendas.
O folclore é uma importante características do nosso estado, faz
com que nossa terra tenha toda
essa beleza e uma cultura original.
10
Unif­ol­ha
CIÊNCIAS & TECNOLOGIA
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
PESQUISAS – FOMENTO
Principais projetos aprovados por órgãos de fomento à pesquisa buscam tecnologia de baixo custo e impacto
Estudos científicos auxiliam agronegócio
Flavia Silveira
3º. semestre
No Brasil, as áreas mais
incentivadas pelos órgãos
de fomento à pesquisa, são
aquelas que contribuem de
forma significativa para a
economia. Principalmente
são desenvolvidas pesquisas
científicas com tecnologias
de ponta que visam contribuir para o melhor desempenho do agronegócio.
Os cientistas buscam resultados que beneficiem a
produtividade, mas, que
diminuam os índices de dejetos no solo e que tenham
recursos fáceis de serem
obtidos. Grandes pesquisas
para encontrar tecnologias
simples de baixo custo para
serem inseridas nas práticas
produtivas.
A Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep) aprovou o
projeto “Bioeconomia: um
novo paradigma de desenvolvimento para MS”, com
parceria da Universidade
Estadual de Mato Grosso do
Sul (UEMS), Universidade
Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS), Embrapa Agropecuária Oeste e Anhanguera/Uniderp coordenado pela
Fundect (Fundação de Apoio
ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia).
Serão investidos 11 milhões,
sendo que a Finep financiará
R$ 7,3 milhões e o governo
do Estado R$ 3,6 milhões.
A iniciativa é para incentivar a transferência de tecnologias, das universidades para
as empresas, com aplicação
direta no setor produtivo, nas
áreas de Gestão Tecnológica,
Controle e Processos Industriais, Gestão Ambiental, Biotecnologia, Nanotecnologia,
Energias renováveis e Eficiência Energética.
O programa de transferência tecnológica da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conta
com escritórios em todas as
regiões do país e tem por objetivo diminuir a distância
entre a pesquisa científica e
a utilização das tecnologias
desenvolvidas na produção.
Incentivando no CentroOeste a agricultura familiar,
o controle biológico, a produção integrada, a agroecologia, a biotecnologia (alimentos funcionais), as Boas
Práticas Pecuárias – APLs e a
Integração Lavoura-PecuáriaFloresta.
As pesquisas na área da
computação voltadas para a
pecuária estão sendo realizadas com o intuito de gerenciar com maior eficiência o
rebanho. O projeto Pesquisa
e Inovação em Bioinformática para o Agronegócio (Piba)
viabiliza soluções de bioinformática para o desenvolvimento da biotecnologia na
agropecuária. A bioinformática é responsável pelo desenvolvimento e a aplicação
de ferramentas da tecnologia
da informação para permitir
a organização, gestão, análise e interpretação de dados
em suporte ao tratamento
das questões biológicas.
O estudo da biotecnologia
é voltado para a genética dos
seres vivos, utilizando sistemas biológicos, organismos
vivos ou seus derivados (como células) para a criação
ou modificação de produtos
e processos.
O pesquisador José Manoel Marconcini, da Embrapa
Instrumentação Agropecuária, de São Carlos (SP), esteve em Corumbá realizando
o Seminário Nanotecnologia
Aplicada ao Agronegócio. A
produção de nanocatalisadores para descontaminação
ambiental, a produção de
biocombustíveis e os nanocompósitos de polímeros
naturais são diferenciais em
várias etapas do agronegócio, da produção à comercialização, tornando a área
revolucionária para o agronegócio brasileiro.
A nanociência estuda a
menor parte da matéria em
dimensões próximas ao átomo e seu comportamento e
utiliza as nonopartículas para
controlar a liberação de nutrientes e pesticidas no solo.
Produtos importantes foram lançados este ano nas
feiras agropecuárias do país,
como inseticidas biológicos
e um inoculante a base de
bactérias fixadoras de nitrogênio que, ao serem aplicadas nas plantas promovem
o crescimento sem o uso do
fertilizante nitrogenado na
produção da cana-de-açúcar.
Pesquisa realizada por cientistas da Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ) em 25
anos de trabalho ainda levará dois anos para chegar
ao mercado. A tecnologia é
simples e de baixo custo. O
ganho ambiental será enorme, já que deixarão de ser
aplicados 30 quilos de nitrogênio por hectare de plantação da cana.
Fundect viabiliza os Biotecnologia em
projetos de inovação destaque no campo
mariana bianchi
Rafael Hiane
Daliane Ramires
3º semestre
Em Mato Grosso do Sul a
biotecnologia tem se destacado muito nos setores como
agricultura, pecuária, avicultura e no agronegócio. Os
resultados do programa de
biotecnologia do governo federal colocou o Brasil como
um dos líderes mundiais no
setor. Entre os avanços biotecnológicos estão a conclusão
de testes, diagnósticos e vacinas contra aftosa, doenças en-
dêmicas das aves e o esforço
para identificar a seqüência
de bactérias que ocorrem na
cana-de-açúcar.
Com a biotecnologia, os
biólogos produziram novos
organismos, os transgênicos
ou organismos geneticamente
modificados. Alguns desses
transgênicos têm grande importância terapêutica sendo
usados atualmente na produção da eritropoietica (é a produção de glóbulos vermelhos
nos órgãos hematopoiéticos)
e de insulinas em escala industrial.
A Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizou recentemente
dezenas de ensaios e testes
em campo, com muitas plantas transgênicas como (alface,
amendoim, fumo, cana-deaçúcar, batata, milho, melão
e melancia). Porém, o plantio
comercial ainda não está legalizado. A Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança
(CTNBio) é a entidade responsável pelos pareceres técnicos
sobre os pedidos de cultivos
de transgênicos no país.
Diretor da Fundect, Fábio Costa, explica que fundação viabiliza projetos sociais, econômicos e culturais
Dayana Jesus
Larissa Munhoz
3°semestre
A Ciência e Tecnologia estão em nossa volta, resultado de pesquisas aplicadas. A
água, por exemplo, até chegar às torneiras de nossas casas, passa por um tratamento químico para eliminação
das impurezas. Os carros
bicombustíveis (movidos a
álcool ou gasolina ou ainda
com a mistura dos dois combustíveis), por sua vez, são
uma opção mais econômica
para os motoristas.
Estes dois exemplos estão
integrados no cotidiano. A
partir das pesquisas cientificas realizadas, chega-se ao
resultado final: a melhoria
da qualidade de vida do cidadão. Em Campo Grande,
a Fundação de Apoio ao desenvolvimento do Ensino,
Ciências e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul
(Fundect) viabiliza projetos
sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e culturais
que estimulam a pesquisa e
a inovação científica e tecnológica.
Tudo começa com um incentivo. “A minha missão, é
dar condições para os pesquisadores”, afirma o diretor-presidente da Fundect,
Fabio Eder dos Santos Costa. Os programas concedem
apoio financeiro a projetos
de pesquisa. Mas como fazer
um projeto? Este precisa ter
um objetivo, qualidade, coerências, metodologia, experiência, importância da pesquisa, e o retorno (benefícios
ao cidadão). O programa de
Bolsa de Iniciação Científica Júnior - (IC-Júnior) abre
caminhos para os estudantes de ensino Fundamental,
Profissionalizante e Médio
de escolas da rede pública,
localizados nos municípios,
que possuam universidades
ou centros de pesquisas.
A Fundect conta com
0,5% da receita tributaria do
Estado para os investimentos na geração de conhecimento cientifico e tecnológicos. Conta, também, com
parcerias das universidades,
centro de pesquisa, órgão
da administração direta e
indireta, empresas privadas
e incubadoras de empresas
que desenvolvem atividades
de pesquisas cientificas ou
tecnológicas.
No Brasil, por conta da
crise mundial, os recursos
na área de ciências e tecnologia foram reduzidos. Aqui
no estado não foi diferente.
“A crise chegou agora o sistema está falido. Você precisa inovar, diferenciar”, afirma Fábio Costa. O caminho
é este para se estabilizar, ser
criativo. O grande desafio de
Fabio Costa “é divulgar cientistas e popularizar a ciência”. Trata-se de uma oportunidade, para estudantes,
de se inserirem nas ciências
e tecnologia no estado.
Exemplos - O coordenador
do projeto sobre doença de
Chagas em Mato Grosso do
Sul, Adriano Olímpio da
Silva, da UFMS, viabiliza
a preparação de derivados e
análogos que possam apresentar atividade biológica
sobre o causador da enfermidade. Para isto, os lipídeos
fenólicos serão matéria-prima para as rotas de síntese.
“Utilizaremos os compostos
isolados do líquido da casca
da castanha de caju (LCC)
para a preparação de novas
naftoquinonas”.
O coordenador do projeto
que implanta o uso de suplementação de ractopamina (aditivos na alimentação)
dos suínos, que está sendo
utilizado como repartidor de
energia em dietas, Alexandre
Pereira dos Santos (UFMS),
explica que trabalha com
suínos machos imunocastrados (castrados) em fase
de terminação.
A pesquisa será realizada
em uma granja comercial de
Campo Grande. Alexandre
Pereira conclui que é ótimo
para a obtenção de melhor
desempenho e melhores
características de carcaça.
Serão utilizados 60 suínos
machos imunocastrados
(castrados) com peso inicial
de 70 quilos, distribuídos
ao acaso no início do experimento em seis tratamentos
(sem suplementação de ractopamina e suplementação
por 7, 14, 21, 28 e 35 dias
pré-abate).
Os dados analisados serão
os parâmetros de desempenho (ganho de peso, conversão alimentar e consumo
de ração) e das características quantitativas de carcaça (rendimento de carcaça
quente, deposição diária de
proteína e gordura, espessura de toucinho, percentual
de carne magra, profundidade de músculo Longissimus
dorsi e área de olho de lombo Longissimus dorsi).
Espera-se que este trabalho possa fornecer informações relativas ao período
ótimo de suplementação de
ractopamina, para que assim
possam ser utilizadas como
ferramentas de gerenciamento para uma produção
mais eficiente e economicamente viável de suínos.
CORUMBÁ
Assentamentos
recebem projeto
Flavia Silveira
3º semestre
Financiado pela Embrapa
e pela Petrobrás a construção de secadores (como os
usados na secagem do café) e a compra de motores
e trituradores, além de óleo
diesel e sacos para a amarzenagem do feno em sete
assentamentos de Corumbá
incentiva a produção e armazenamento de feno para
a alimentação dos rebanhos
nos períodos de estiagem.
Trata-se de uma solução de
baixo custo para pequenos
pecuaristas que não possuem recursos para alimentar o rebanho com ração.
O projeto é do zootecnista
Frederico Lisita, pesquisador da Embrapa Pantanal.
Ele pesquisa plantas como a
leucena, que tem 21,5% de
proteína na folha, mesmo
teor da ração, que tem 21%
e a aromita, que é considerada praga e que tem 25% de
proteína na folha. Além da
bocaiúva, do acuri, da mandioca e outras leguminosas.
As plantas são cortadas, trituradas, desidratadas e armazenadas em sacos. Todo
o processo para a produção
é ensinado por Lisita nos
chamados “Dias de campo”.
O projeto foi apresentado
em 2007 nos assentamentos
de Paiolzinho e Tamarineiro na região de Corumbá e
cerca de 30 assentados participaram.
ana maio
Produção e armazenamento do feno para alimentação dos rebanhos acontece em sete assentamentos
Uni­fo­lha
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
SAÚ­DE
11
juliana nogueira
Santa Casa está trabalhando com a previsão de aumento do número de integrantes da equipe que atua, especialmente, com as técnicas de transplante de órgãos. Hospital está capacitado para implantar coração, córnea, ossos e rins
Estímulo à doação de órgãos enfrenta
barreiras que vêm da falta de informação
Flávia Andrade
Hyanna Gonçalves
3º semestre
A dificuldade em aceitar
a morte encefálica é uma
das maiores dificuldades na
hora de doar os órgãos, pois
muitas pessoas por falta de
instrução, acreditam que ao
aceitar a morte, os órgãos
serão retirados com a pessoa ainda viva, e isso acaba
parecendo um tipo de tortura para o doente. Muitas
pensam que pelo fato de o
coração ainda estar batendo
o paciente tem chances de
voltar à vida, pois a morte
encefálica parece com o estado de coma. Mas são duas
coisas diferentes.
Segundo o médico Luiz
Alberto H. Kanamura, existem dois exames clínicos
e três outros essenciais para que se possa confirmar
a morte encefálica. As leis
sobre esse tipo de óbito são
vigentes do Conselho Nacional de Medicina. Ou seja,
sendo a mesma lei aplicada
no país todo. A santa Casa de
Campo Grande tem estrutura
para retirar todos os órgãos,
porém não pode implantar
alguns. Por isso, para a retirada dos órgãos que precisam
ser transferidos é necessário
que venha um profissional
da área para que se retire e leve ao hospital onde ocorrerá
a operação.
De acordo com o médico
Luiz Alberto H. Kanamura, a
Santa Casa está trabalhando
com a previsão de aumento
da equipe para transplante
de órgãos, pois assim, poderá atender uma maior quantidade de pacientes. A Santa Casa implanta coração,
córnea, osso e rins, e retira
todos, disponibilizando para o Conselho Estadual de
Saúde que, por si, coloca
à disposição do Conselho
Nacional de Saúde, responsável por sinalizar a existência de doadores dos órgãos para outros hospitais
do país.
Ainda existe uma dificuldade no transporte do órgão de um local para o outro. Algumas vezes sendo o
próprio médico a pagar sua
passagem para buscar o órgão e retornar ao hospital
onde se encontra o paciente à espera do transplante.
Correndo o risco de perder
o vôo e o órgão não chegar
a tempo de ser implantado.
Os pacientes do interior
que necessitam de transplantes, tem de ser removidos à Santa Casa de Campo
Grande para que possam
ser cadastrados na lista de
espera de transplante e assim obter todos os cuidados
até a chegada da oportunidade para que possam ser
transplantados.
A Lei 10.211 de 23 de
março de 2001, altera
os dispositivos da Lei n°
9.434, de 4 de fevereiro de
1997, que “dispõe sobre a
remoção de órgãos, tecidos
e partes do corpo humano
para fins de transplante e
tratamento.”
O parágrafo 2° dita que,
só podem ser retirados os
tecidos ou órgãos do paciente após serem realizados todos os testes de
triagem para diagnóstico
de infecções e infestações
exigidos em normas regulamentadas pelo Ministério
da Saúde.
O parágrafo 4° dita quem
é a pessoa indicada para a
autorização da doação dos
órgãos e tecidos após a realização dos testes de triagem, respeitando, assim,
uma linha sucessória, reta
ou colateral, até segundo
grau, inclusive firmada em
documento subscrito por
duas testemunhas, presentes a verificação da morte.
Assim como estes dois
parágrafos, os demais
abrangem o que é necessário não apenas na constatação de que não há nenhuma
infecção ou infestação nos
órgãos ou tecidos que possivelmente serão doados,
como também busca a integridade e o respeito pelo
possível doador.
juliana nogueira
Eduardo faz hemodiálise há 9 anos, e acabou conhecendo sua esposa, que é enfermeira, numa dessas sessões
Na cadeira da hemodiálise...
Juliana Nogueira
3º semestre
Eduardo Pedro de Oliveira
estava sentado na cadeira de
hemodiálise, fazia algumas
horas. Na verdade já era o
momento de ir embora. Mesmo assim, aceitou a idéia de
responder algumas perguntas ali mesmo, na cadeira.
Uma pessoa alegre, simpática, divertida. Mesmo com
o problema de saúde, já aos
18 ele tinha sua pressão elevada para sua idade e vários
outros sintomas. Mas foi no
ano de 2000 que ele descobriu a Glomerulonefrite.
Em uma consulta de rotina
seu médico fez com que ele
começasse a fazer a diálise
imediatamente.
Dois anos após o inicio do
tratamento, sua irmã decidiu
doar o rim para fazer o transplante. Mesmo compatível
com seu organismo houve
rejeição do órgão e aconteceram várias complicações na
cirurgia. Com isso, em menos de 30 dias Eduardo fez
quatro cirurgias devido à rejeição do rim doado.
A partir daí, ele vem fazendo hemodiálise três vezes por semana, e foi em
uma dessas idas ao hospital
que ele se apaixonou. “Eu
estava fazendo ‘diálise’ e vi
uma enfermeira nova, que
enfermeira linda.” Era Gisele, a atual esposa de Eduardo que trabalha no Hospital
Sírio Libanês, onde ficam as
salas para diálise dos renais.
Foi paixão a primeira vista e após a primeira retirada
de todo o seu sangue. Vivem juntos há alguns anos,
e se depender de Gisele, vai
“limpar” o sangue de Eduardo enquanto assim for necessário, ou até outro transplante.
Duro cotidiano da fila de espera
Juliana Nogueira
3º semestre
A fila de espera parece
nunca ter fim. Em Mato
Grosso do Sul existem 468
pessoas que esperam não só
um órgão, mas, sim a esperança pra continuar a viver.
Algumas pessoas que passam todos os dias ao lado
do telefone esperando por
uma notícia, uma possibilidade de transplante, um órgão, que para elas significa
um recomeço de vida.
O objetivo é mostrar
a importância de se doar, tanto para quem doa,
quanto para quem recebe
e informar como é a vida
de quem precisa tanto de
um simples gesto como esse. Quando pensamos nos
“participantes” dessa fila
enorme, logo imaginamos
pessoas tristes, mas não foi
isso que vimos.
Ao chegarmos à frente
da casa, descobrimos que
dona Lucimar estava dormindo, tinha acabado de
chegar de mais uma das
suas sessões de hemodiálise, não ficamos à vontade
em acordá-la e decidimos
partir.
Com todo o movimento,
ela acordou e fez questão de
nos receber. Lucimar Ferreira é psicanalista e está na
fila de espera há dois anos.
Ela descobriu uma doença
que provoca uma disfunção
no seu sistema imunológico,
Nefropatia Membranosa, e
tentou de tudo para reverter
o caso. “Tentei de tudo, tentei até tomar remédio dos
transplantados para não ir
para ‘diálise’, mais não consegui”.
A esperança de cura existe, mas dona Lucimar é
mais “pé no chão”. Com a
voz serena e calma ela me
disse: “A cura é um milagre e não existe milagre, a
gente espera o milagre”. O
processo de mudança nos
hábitos é o que mais incomoda no renal. “Na alimentação principalmente,
eu não posso mais comer
verduras e frutas como
eu comia antes, estou me
sentindo enorme. Até pensando em fazer um regime,
mas se eu ficar internada,
dois quilos que eu perco
vão fazer muita diferença”.
Lucimar diz que tem que
ficar com o celular ligado
24 horas para não perder
nenhuma ligação. “Não
posso deixar nenhuma ligação, imagina se em uma
dessas surge à chance de
um possível órgão?” Apesar
de toda essa disposição, o
que mais me chama a atenção é que Lucimar comentou que não queria fazer o
transplante, pelo risco.
“Se fosse pra eu fazer esse transplante, eu faria para terminar de pagar todas
as minhas contas aqui, não
por mim, nem pelos meus
filhos, é só pelas contas”. O
dia do telefonema chegou,
há mais ou menos dois meses. Dona Lucimar disse
que no começo ficou assustada e pensou em não fazer
o transplante, mas logo que
contou para sua filha, Juliana, já percebeu que era
preciso.
Infelizmente, por todas as
burocracias adotadas para a
fila de espera, não foi a vez
de dona Lucimar. Burocracias essas, das quais ela reclama muito, pois até o fato
do sexo do doador ser diferente fez com que ela não
fosse a contemplada. “Sexo
também é fator para exclusão”, afirma, indignada.
Apesar de tudo, dona
Lucimar nos surpreende
quando perguntamos se
ela faria um transplante se
surgisse outra chance. “Se
surgir eu vou, sem medo.
Eu não tenho expectativas,
não tenho sonhos, futuro...
comigo é o agora, o que tem
pra fazer agora eu vou fazer
e não fico guardando nada
pra amanhã. Se aparecer
uma oportunidade hoje, eu
vou fazer sem duvidas, e
se eu morrer? Isso é para o
amanhã”.
12
Uni­fo­lha
RU­RAL
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
AGROPECUÁRIA - CRISE
Crise afeta setores específicos
Caio Possari
Sue Lizzie Viana
3º semestre
Apesar do receio com
relação aos efeitos da crise
global, a classe produtora no
estado está otimista e acredita que o agronegócio vai superar mais esse obstáculo.
Bastou uma incerteza financeira se pronunciar e
uma série de medidas de
enfrentamento a essa “marolinha” surgir no horizonte de produtores e criadores no país inteiro.
Setores fundamentais do
capital estadual foram afetados, porém, a expectativa
é de melhoras gradativas.
Mato Grosso do Sul é um
estado rico que vai da soja, cana de açúcar ao boi, e
passa para uma economia
de diversificação. Mas, sem
dúvidas, a agricultura e a
pecuária, são carros-chefes
da produção do estado, e
a seguir serão analisados
como estão os reflexos da
crise nessas áreas.
“Tanto a pecuária quanto a agricultura sofreram
impactos. A agricultura
foi afetada principalmente em relação à oferta de
crédito e com a demanda
enfraquecida. O impacto
na pecuária foi com a crise
que os frigoríficos estão enfrentando e que deixaram
de pagar muitos produtores”, afirma o assessor de
Agricultura da Federação
de Agricultura e Pecuária
do Estado de Mato Grosso
do Sul (Famasul), Lucas
Galvan,.
A falta de crédito para
produtores foi o “caos” no
campo. Afinal, agricultores
dependem de empréstimos
para financiar produtos e
reorganizar safras perdidas
e as que estão por vir. “Para
os produtos que são destinados ao mercado interno
como arroz, feijão, entre
outros, não sentimos nenhum impacto. Com rela-
ção aos produtos destinados
à exportação há uma apreensão maior, principalmente
em relação à soja”, afirma o
secretário municipal de Desenvolvimento Econômico,
de Ciência e Tecnologia e do
Agronegócio, Edil Albuquerque.
O clima também está atuando como vilão para as
plantações. A seca afetou
várias regiões brasileiras e a
estiagem deste ano já causou um prejuízo de R$ 461
milhões em Mato Grosso do
Sul. Trata-se da maior instabilidade do campo dos últiwagner guimarães
Os produtores de soja estão mais apreensivos, pois até o clima atuou como vilão entre os produtos destinados à exportação
mos tempos.
Em contrapartida,
chamam a atenção às
declarações positivas
do pecuarista Oswaldo
Possari. Ele afirma que a
combinação de uma ajuda do governo federal no
aumento de liberação de
créditos, o equilíbrio que
está se estabelecendo
nos preços e o clima, que
mostra melhoras, contribuem gradualmente para
a superação do momento. “No atual cenário
do setor financeiro não
dá pra se aventurar. O
mais indicado a fazer é
acompanhar diariamente as notícias referentes
a essa crise, fazer um
balanço do que pode ser
feito para evitar que isso atinja o negócio. Observar e depois tentar
desviar dos principais
riscos”. É o conselho do
pecuarista, que está há
mais de 20 anos no mercado.
Vírus H1N1 gera confusão com carne suína
Caio Possari
Sue Lizzie Viana
3º semestre
A gripe suína é uma doença que tem como conseqüência
uma variante do vírus H1N1,
e sua transmissão só ocorre
por meio do ar, contato com
o animal e objetos contaminados. Algumas pessoas estão alarmadas e confundindo o modo de contaminação
da gripe suína, e levando em
consideração que por meio
da carne podem se infectar.
Esta falta de informação
contribuiu para a queda
de exportação da carne de
porco.
“Com relação à carne de
porco, o mercado está mais
instável atualmente devido à gripe suína. Por outro
lado, com o anúncio do governo americano de que vai
reduzir seu programa de
produção de etanol a partir do milho, o preço deste
produto no mercado internacional tende a cair. Isto é
bom para os produtores de
suínos (já que o grão é uma
das principais fontes de alimentação do animal), mas
ruim para os produtores de
milho. Para se ter uma idéia,
a quantidade de milho que
os americanos haviam destinado para a produção de
etanol é equivalente a quase
toda a safra brasileira deste
grão”. É o que garante o vice-
prefeito de Campo Grande e
secretário municipal de Desenvolvimento Econômico,
de Ciência e Tecnologia e do
Agronegócio (Sedesc), Edil
Albuquerque.
Outra preocupação que
envolve campo e pecuária é
a da demarcação das terras
indígenas, já que caso da reserva Raposa Serra do Sol, a
mobilização realizada pelos
índios é grande e promete
gerar ainda muita polêmica
no seu reflexo local, a demarcação da terra dos índios
Guarani.
Em Mato Grosso do Sul
está a segunda maior população indígena do país. São
aproximadamente 65 mil
índios, que vivem em 72
aldeias espalhadas. As lideranças indígenas julgam
esse espaço insuficiente, e
a Fundação Nacional do Índio (Funai). a partir disso já
vem realizando estudos so-
bre a demarcação de terras.
O problema é que o espaço
requerido é justamente onde está concentrada a maior
parte da produção agrícola.
A dúvida que causa dor de
cabeça no produtor é saber
quais áreas a Funai entende que devem ser novas
aldeias. O medo que impera é que a disputa acirrada
por terras possa vir a ocasionar conflitos maiores no
campo.
Área livre de febre aftosa amenizou impactos
Suzy Figueiras
Danielly Azevedo
3° semestre
Com a área livre de febre aftosa com vacinação,
perante a Organização
Mundial de Saúde Animal
(OIE), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento solicitou à União
Européia a inclusão de todo o estado de Mato Gros-
so do Sul, como sendo área
habilitada à exportação de
carne in natura para o mercado europeu.
Mesmo o Pantanal, antes
considerado zona endêmica
primária da doença - ou seja, achava-se que o vírus da
febre aftosa circulava entre
os bovinos e os animais silvestres - com a vacinação
do gado foi comprovada a
eliminação do vírus, fazendo
com que algumas propriedades fossem aptas a exportação de carne, por cumprirem
alguns quesitos de sanidade
exigidos pelo Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e
Bubalina (Sisbov).
Com a inclusão do Pantanal na exportação, o estado
possui um maior número
de cabeças de gado para
atender melhor o mercado
exterior conseguindo um
preço mais competitivo e
maior venda para o produtor. Fatores que fazem com
que Mato Grosso do Sul
seja o maior exportador de
carne in Natura.
O Sisbov tem como objetivo, registrar e identificar o
rebanho bovino e bubalino
do território nacional, possibilitando o rastreamento
do animal desde o nascimento até o abate, disponibilizando relatórios que demonstram a qualidade do rebanho
nacional e importado. Sem
esse registro o produtor não
consegue fazer parte da lista traces e somente fazendo
parte desta seleção poderão
exportar a carne.
O sistema de adesão ao
Sisbov é voluntário. As
propriedades rurais somente serão consideradas aptas
a exportarem após atenderem todos os requisitos
contidos na cartilha específica e aprovadas em auditoria realizada pelo Serviço
Oficial, que cumpre esta
função por meio de vistorias periódicas.
Recomendação é cautela ao assumir dívidas
Danielly Azevedo
Suzy Figueiras
3º semestre
A crise chegou e balançou
a produção de muitos agricultores. Mas a recomendação é
que o produtor agrícola e de
carnes avalie seus recursos,
não assuma dívidas fora de
controle, corte gastos de risco
e reduza custos o máximo possível, mas sem comprometer a
qualidade do plantio para não
perder volume de produtividade. O alimento é um bem de
consumo indispensável à mesa da população mundial, por
isso o Brasil, grande produtor
e exportador, está em condição
mais privilegiada que outros
países.
Acredita-se que a economia
brasileira continuará se desenvolvendo, porque há reserva
cambial e garantia de energia,
e sem problemas de financiamento no balanço das transações correntes. O economista
Ricardo Amorim disse, numa
palestra para mais de 300 pecuaristas de Goiânia, que a
crise financeira será menos
intensa e durará menos tempo
no Brasil que nos países desenvolvidos. Segundo ele, o pior
da crise no Brasil até já passou,
embora 2009 ainda deva ser
um ano difícil.
O fator que colaborará para
a recuperação da economia
poderá ser a intensa retomada
das exportações agropecuárias.
Muitos agricultores acreditam
que os efeitos da crise financeira internacional para o agronegócio brasileiro podem não ter
a intensidade que se esperava.
Os preços do agronegócio estão crescendo desde o início
de 2009 e ao longo dos três
primeiros meses muitos deles
praticamente alcançaram os
patamares históricos.
Um bom exemplo de que a
crise está “passando” é a instalação de uma nova unidade
da Fribrasil Alimentos, em Caarapó - MS. Admitiram quase
wagner guimarães
Como o alimento é considerado produto de exportação essencial, o Brasil estaria em situação mais privilegiada
600 novos empregados diretos
e no lugar de redução produtiva, terão abate diário de 550
bovinos. A empresa recebeu
da Secretaria de Meio Ambiente, Cidades, Planejamento,
Ciência e Tecnologia (Semac)
a Licença de Instalação (LI) e
prevê esse mês a entrada em
funcionamento, com o ambicioso objetivo de se tornar uma
das cinco melhores plantas de
abate em todo o Brasil.
Mas apesar de todo o otimismo quanto à questão da crise
passar rápido no Brasil, o agronegócio brasileiro perdeu pelo
menos 153 mil empregos. De
acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), nos últimos seis meses
o saldo resultante das contratações e demissões formais na
agropecuária ficou negativo
em 260 mil postos de trabalho - montante 64% maior, em
relação ao mesmo período do
ciclo anterior.
Uni­fo­lha
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
MEIO AMBIENTE
13
FORMAÇÃO - SENSIBILIDADE
Projeto “Escola Verde” é desenvolvido há cinco anos e incentiva crianças a respeitar mais o meio ambiente
Educação ambiental ganha espaço nas escolas
camila tomasi
Camila Tomasi
3º semestre
Nas escolas de Campo
Grande, a Educação Ambiental vem ganhando espaço, buscando, além de
formar, criar nos alunos
desde cedo, uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. A ideia é
unir teoria e prática, começando com a apresentação
da temática em sala de aula e levando os alunos até a
natureza para conhecer de
perto e aprender como preservar o nosso meio.
Fomos até a escola particular CEAP, na capital, conhecer um desses projetos
que começam desde cedo a
trabalhar com as crianças,
buscando estimular nelas
essa consciência. O objetivo
é que elas levem esse conhecimento para dentro de
casa e futuramente se tornem adolescentes e adultos
que lutam por essas causas.
Conhecemos o projeto
“Escola Verde”, criado e trabalhado pelos professores e
biólogos Emerson Benites e
Marilda Trefzger com alunos de 6ª, 7ª e 8ª série. O
projeto, que é desenvolvido há cinco anos em uma
escola estadual e há dois
neste estabelecimento de
Da sala de aula, os alunos saem para fazer passeios na natureza, encontrando problemas ambientais pelo caminho e aprendendo, na prática, a lidar com eles
ensino particular, trabalha
a relação do ser humano
com a natureza, mostrando
a importância de preservar
e cultivar o meio ambiente.
“Eles vão além dos proble-
mas, aprendem soluções,
como plantar e cultivar”,
diz o professor Emerson.
E é isso mesmo. Da sala
de aula eles saem para passeios na natureza, deparan-
ATITUDE
do com os problemas ambientais. Aprendem como
lidar com eles, estudam as
espécies de plantas com foco para as do Cerrado, entendem a importância das
raimunda rodrigues
medicinais, tiram duvidas
e se mostram interessadíssimos.
“A gente aprende muita
coisa legal. Aprende a cuidar do meio ambiente fazendo a nossa parte”, afirma Marcos Rogério, de 10
MEC sugere
regras claras
para a questão
Karina Brito
3º semestre
Fernando Augusto Villalba, um dos fundadores da “PratiquEcologia”, fala das dificuldades de se trabalhar com a sensibilização ambiental
Proteção à natureza
exige ação solidária
Tamara Mendonça
3° semestre
Como você vê a Educação Ambiental nos dias
atuais? Esse é um tema que
algumas vezes não é bem
reconhecido. Apesar de toda divulgação por meio dos
veículos de comunicação, as
pessoas ainda não se conscientizaram da importância
que é preservar o meio ambiente. Até hoje, muitos não
entendem que é dele que tiramos o nosso sustento.
Fernando Augusto Abdo
Villalba é um desses defensores. Formado em administração na Universidade
Federal de Mato Grosso do
Sul é fundador e administra
a Ong “PratiquEcologia”, nome dado à instituição, que
funciona desde 2001.
Apesar de existir há algum tempo, ainda encontra-se bastante burocracia
na documentação, o que gera muitas despesas. Com a
ajuda de seus colaboradores,
Fernando procura atingir o
maior número de pessoas
possível, alertando-os sobre
a importância da preservação do meio ambiente.
Seus objetivos são o empreendedorismo, ou seja,
uma ação que leva uma pessoa a enxergar em alguma
coisa uma forma de fazer
renda, podendo gerar, assim, a autosustentabilidade.
O outro objetivo é a educação ambiental.
Segundo Fernando, quando a equipe ia até as comunidades as pessoas pediam
cesta básicas e eles tinham
de ressaltar que não fazem
filantropia. A Ong não tem
ajuda nenhuma do governo,
no entanto, Fernando diz
que é de grande importância o apoio de empresas e
até mesmo de profissionais
voluntários.
Seu modo de divulgação
é por meio do site www.
pratiquecologia.org, que está no ar há dois anos, bem
como promovendo trabalho voluntários nas escolas,
preocupando-se em assimilar educação ambiental com
cultura.
Um projeto da Ong que
está em andamento é a “1°
Mostra Nacional de Produtos Vídeos Audiovisuais
Independentes”, também
chamada de “Circuito Tela
Verde” que acontecerá no
começo do mês de junho.
Seu grande desejo no momento é colocar em pratica
o principal projeto, que é
construir um “Centro de
Ecodesenvolvimento Pratiquecologia”, trabalhando
com tijolos ecológicos, além
de lançar seu livro “Ong PratiquEcologia”.
Possuem parceria com
o Ministério do Meio Ambiente e com catadores autônomos. O material mais
utilizado em seu trabalho
de reciclagem são plásticos,
papeis, semente e mármore. Com esses materiais,
confecciona objetos decorativos, brinquedos entre
outros.
anos. E eles não param por
aí. A prática inclui também
colocar a “mão na massa”.
Os alunos aprendem técnicas para plantar, como
fazer, como cuidar e levam
tudo muito a sério.
“Eles adoram. As aulas
práticas são à tarde e não
são obrigatórias e a gente
fica feliz de ver o interesse
deles em participar”, completa a professora Marilda.
É realmente o que se pode
ver: empolgação, curiosidade e muito interesse, nas
aulas em que eles perguntam, questionam e aprendem como fazer.
O diretor da escola, João
Irineu Guimarães, se diz
muito satisfeito com o resultado não só dos alunos,
mas como o retorno dos
familiares. “Os pais nos
procuram e contam que
eles chegam dizendo o que
aprenderam e querendo levar isso pra dentro de casa”. Devido à enorme aceitação de pais e alunos, a
escola já tem outros projetos para colocar em prática:
Uma horta orgânica e um
orquidário, tudo feito pelos
alunos com auxilio dos professores da área. Mostrando sempre a importância
de começar desde cedo, de
cada um fazer a sua parte,
para que a gente construa
um mundo melhor.
Os critérios para a educação ambiental foram lançados pelo Ministério da Educação (MEC) no documento
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), com um projeto de 1997 de forma que fosse
incluído como tema transversal, ou seja, discutido por todas as disciplinas oficiais, sem
uma matéria em específico.
Indispensável para a educação de ensino Básico, o meio
ambiente seria estudado de
maneira a incentivar, auxiliar
e sensibilizar as crianças, jovens e adultos com relação
às questões ambientais e suas
programações.
O projeto da implantação
da Lei Nacional de Educação Ambiental foi finalmente implantado, há dez anos,
pela Lei nº 9795 de 27 de
abril de 1999. A educação
ambiental se tornaria “obrigatória” no Brasil, propondo
fortalecer seus objetivos nas
escolas.
Completo e esclarecedor,
o texto do Programa Nacional de Educação Ambiental
(ProNEA) foi publicado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo MEC em 2005
para esclarecer, fortalecer,
divulgar leis e diretrizes,
proporcionando facilidade e
preceitos aos órgãos.
As diretrizes do MEC determinam, como objetivo
principal, que a educação
ambiental desenvolva nos
alunos a sensibilidade ambiental e conhecimentos
acerca do desperdício de
materiais descartáveis ou
não. Sendo necessário para
a agenda ambiental da administração pública a animação explicativa da A3P, um
programa que visa inserir a
educação ambiental nas atividades administrativas e
operacionais, pelo combate
ao desperdício e conscientização dos impactos decorrentes ao meio ambiente.
A estrutura curricular é
destinada ao ensino Fundamental, com meio ambiente
e sociedade diretamente ligados. O ideal seria também
que um programa permanente de formação de professores fosse implantado
em diversos níveis, focando
a inserção da educação ambiental de forma transversal.
A responsável pela educação ambiental da secretaria
de Municipal de Educação
de Campo Grande, Michele Vitar, afirma que Campo
Grande está em falta com a
lei de 1999, sendo que ainda não está implantada a
educação interdisciplinar
nas escolas do estado. “Há,
sim, algumas parcerias com
o estado, município e fundações, Embrapa, Petrobras,
Coca-cola e algumas outras,
que facilitam e auxiliam nas
aulas em que inserimos algo
sobre a educação ambiental.
Porém, cada escola tem sua
autonomia quanto a isso”.
A criança nas escolas geralmente tem aulas extras ou
em sala, mesmo as que disponibilizam alguns conhecimentos envolvendo o tema.
Os alunos da rede municipal
obtiveram parceria da Cocacola em que as crianças, jovens e adultos estudantes,
aprendem a desenvolver objetos úteis e favoráveis com
as garrafas que seriam descartadas, causando mal ao
meio ambiente.
Fica esclarecido com o déficit, que não há professores
específicos e nem cursos especializados. Todo o professor na rede de ensino, seja
qual a sua especialização,
pode introduzir a educação
ambiental em suas aulas e
matérias.
14
Unif­ol­ha
UNIVER­SIDADE
CAM­PO GRAN­DE - MS - JUNHO - 2009
Universidade abre inscrições para vestibular de junho
Ascom
Estão abertas as inscrições para o Concurso Vestibular da Universidade
Anhanguera-Uniderp. São
oferecidas vagas para cursos de graduação em nível de bacharelado, licenciatura e tecnológicos nos
câmpus de Campo Grande
e Rio Verde de Mato Grosso. As provas acontecem
no dia 21 de junho, das
15h às 19 horas.
Os candidatos ao vestibular devem efetuar sua
inscrição acessando o site
www.uniderp.br até o dia
17 de junho. Entre 18 e
20 de junho, as inscrições
serão feitas somente no
balcão da Central de Relacionamento localizada
no câmpus 1, da Capital,
e no câmpus de Rio Verde
de Mato Grosso. A taxa de
inscrição é de R$ 20,00 e
o pagamento pode ser efetuado em qualquer agência bancária.
Neste processo seletivo
a Instituição oferece vagas
para diversos cursos nas
áreas de Ciências Exatas,
Humanas, da Saúde e Tecnologia. Em Campo Grande estão abertas inscrições
para os cursos de: Administração, Agronomia,
Arquitetura e Urbanismo,
Ciência da Computação,
Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Comunicação Social – Jornalismo,
Comunicação Social – Publicidade e Propaganda,
Direito, Educação Física,
Enfermagem, Engenha-
WAGNER GUIMARÃES
Provas do vestibular de junho acontecem no dia 21, no período da tarde
ria Civil, Engenharia da
Computação, Engenharia
da Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia
Mecânica, Engenharia
Mecatrônica, Farmácia,
Fisioterapia, Letras – Português/Inglês e Literaturas e Letras – Tradução e
Intérprete, Matemática,
Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Peda-
gogia, Serviço Social. No
câmpus de Rio Verde de
Mato Grosso são oferecidas vagas para os cursos
de Administração, Ciências Contábeis e Direito.
Tecnólogos – Os cursos
superiores de tecnologia
são de graduação e apresentam características especiais. Mais conhecidos
como Tecnólogos, esses
cursos tem sido valorizados no mercado de trabalho nos últimos anos, devido à especialização das
profissões e a diversidade
de áreas. Trata-se de uma
opção para as novas profissões, além de ter uma
boa e rápida inserção no
mercado, já que os índices de empregabilidade
são altos.
Atenta a essa nova demanda, para o processo
seletivo de junho, a Universidade AnhangueraUniderp oferece vagas em
cursos de Tecnologia em:
Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Design de
Moda, Estética e Cosmética, Gestão Ambiental,
Gestão de Recursos Humanos, Produção Multimídia e Redes de Computadores.
Informações – Detalhes
sobre cada um dos cursos
oferecidos, bem como outras informações sobre o
Vestibular podem ser obtidos no site www.uniderp.
br ou pelo telefone 0800941-4422.
Dia dos Namorados: intenção de compras
cai em relação aos dois últimos anos
Data deve movimentar R$ 25 milhões, 17% menos que os R$ 30 milhões previstos em 2008
WAGNER GUIMARÃES
Ascom
Pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisas
Econômicas e Sociais
(Nepes), vinculado à Universidade AnhangueraUniderp indica que o Dia
dos Namorados volta a
movimentar o comércio
varejista de Campo Grande, quando mais de 68%
dos entrevistados irão às
compras. “Porém, é uma
intenção menor que as observadas nos dois últimos
anos, refletindo as preocupações com a crise econômica brasileira e com a
possível proximidade da
festa do Dia das Mães”,
destaca o coordenador da
pesquisa professor José
Francisco dos Reis Neto.
Segundo os dados levantados, o valor médio
do investimento em presente caiu para R$ 80,00,
inferior da média de R$
110,00 em 2008; e de R$
124,00, em 2007. “Percebemos que o comprador
está mais conservador e
preocupado com os seus
gastos. E isto é observado
tanto para as mulheres
como para os homens”,
comenta Reis. De acordo
com ele, quase 12% dos
que irão às compras pretendem gastar somente
R$ 50,00 indicando presentes de pequeno valor
e de lembranças. “Mesmo
assim, numa época de
vacas magras, deverá circular neste período aproximadamente 25 milhões
Pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes), Celso Correia e José Francisco dos Reis Neto
de reais, abaixo dos 30
milhões de reais previstos
no ano passado, correspondendo a uma retração
de quase 17%”, destaca.
Forma de pagamento Como ocorreu nas últimas
pesquisas de opinião publica de consumo do comércio varejista, a intenção
de compra à vista é predominante para mais de 61%,
utilizando o pagamento
com dinheiro vivo, cheque
ou cartão de débito. O uso
do cartão de credito é indicado por mais de 27%
dos possíveis compradores,
ficando muito reduzido às
compras a prazo. “Não existem diferenças na forma de
pagamento para as mulheres como para os homens.
A intenção é a mesma para
as várias faixas de idade e
renda familiar, indicando
que o campo-grandense
quer pagar a vista o seu
presente para a namorada ou namorado”, destaca
o coordenador do Nepes,
professor Celso Correia
de Souza. Para os poucos
compradores a prazo, 77%
escolhem pagar até em três
prestações. Relacionando a
baixa intenção de comprar
a prazo e o valor do presente, os lojistas não deverão
temer um risco elevado.
Presentes – De acordo
com a pesquisa do Nepes,
o perfil das compras deve
seguir na busca de presentes úteis e tradicionais para estas festas e dos outros
eventos familiares. As roupas seguem na preferência
para 13%, aparecendo em
seguida perfume (12%),
chocolate (8%), lingerie
(8%), cesta de café (7%) e
flores (7%) como os presentes mais destacados.
Quando perguntado o que
gostaria de ganhar, o entrevistado não fugiu muito da
escolha do que irá comprar,
com pequenas diferenças:
roupas aparecem na escolha de 15%, seguido de
perfume (13%), calçados
(10%), livro (7%) e flores
(6%).
Local - As lojas do centro
da cidade têm a preferência de 42% dos compradores. Em seguida aparece o
Shopping Campo Grande
(38%), as lojas de bairro
(9,5%) e as lojas do Pátio Central (5%). “Há um
aumento na intenção de
compra para as lojas virtuais (2,4%), via internet,
mas permanece a escolha
de compras no Camelódromo (2,4%). Percebe-se que
os mais jovens indicam as
compras via internet e as
pessoas com menor renda
familiar deverão ir comprar no Camelódromo”,
pontua José Francisco. Segundo ele, não aparecem
diferenças significativas de
segmentação dos consumidores para as lojas do Centro da cidade e para as do
Shopping Campo Grande.
“Estas últimas lojas têm
uma leve preferência das
classes econômicas com
maior renda familiar”, diz.
Sentimento e comemoração - Quando indagados
sob as qualidades dos amados, 23% disseram que são
companheiros, 18% que
são amigos, 16% amantes
e 12% são fiéis e românticos. Para 8% os namorados
são ciumentos e para 6%
são sexy. A grande maioria das festividades para a
comemoração do Dia dos
Namorados será em casa (30%). Outras escolhas
são de comemorar o dia no
motel (24%), seguido de
restaurante (18%) e cinema
(12%).
“Será que o campograndense é caseiro? Achamos
que sim, pois até o bar ou
boate é escolhido por apenas 9% dos entrevistados.
No entanto, os homens preferem o motel e as mulheres ir ao cinema. Os mais
jovens desejam comemorar
o dia em bar, restaurante,
motel, mas a escolha de em
casa ainda é maior. Para os
de renda familiar mais baixa, também preferem comemorar em bar, cinema e
em casa. Os de maior renda preferem restaurantes e
motéis”, conclui o coordenador da pesquisa.
Sobre a Anhanguera - A
Anhanguera Educacio nal Participações S.A. é a
maior organização com fins
lucrativos de ensino profissional das Américas, com
mais de 250 mil alunos em
ensino superior e 500 mil
alunos ao ano em ensino
profissionalizante. Fundada em 1994, está presente em todos os estados
do Brasil, oferecendo seus
cursos através de uma rede que conta com 53 câmpus de ensino superior
presencial, mais de 450
pólos de ensino superior
a distância, e mais de 600
unidades de ensino profissionalizante. A maioria
de seus alunos trabalha
durante o dia e estuda à
noite, um segmento com
grande demanda reprimida no Brasil. A Companhia é comprometida em
oferecer cursos de qualidade que ajudem esses
jovens trabalhadores a
alcançar formação educacional compatível com as
exigências do mercado de
trabalho e a melhorar suas
perspectivas de desenvolvimento profissional.
Pós-Graduação: Universidade AnhangueraUniderp abre inscrições para cursos em diversas áreas
Ascom
O aperfeiçoamento profissional é cada vez mais
necessário para se conquistar boas colocações
no mercado de trabalho.
Procurar uma pós-graduação conceituada como da
Universidade Anhanguera-Uniderp é o caminho
para alcançar este objetivo. A instituição oferece
cursos de especialização
Lato Sensu em diversas
áreas do conhecimento.
“As constantes transformações do mundo contemporâneo exigem atualização. A garantia do su-
cesso profissional vincula-se à continuidade dos
estudos e a diversificação
das áreas de atuação, condição viabilizada pela interdisciplinaridade presente no ensino da PósGraduação - Lato Sensu e
Stricto Sensu - da Anhanguera-Uniderp”, destaca a
pró-reitora de Pesquisa e
Pós-Graduação da Universidade, Profa. Dra. Elizabeth Brunini Sbardelini.
As inscrições estão abertas e podem ser realizadas
por meio do site www.
uniderp.br. Há vagas para
programas de pós-graduação nas áreas de ciências
agronômicas e veterinárias; ciências humanas,
ciências médicas e da saúde; ciências socialmente
aplicáveis e engenharia e
computação. Os interessados podem ter acesso à
relação de cursos no portal da Universidade.
“Aos profissionais que
buscam manter-se atualizados no exercício de sua
profissão, a pós-graduação
Lato Sensu oferece oportunidade de integrar a
sua carreira às modernas
concepções e reflexões
de ordem teórico-prática, fazendo da educação
continuada caminho para
compreender o intercâmbio entre o universo acadêmico e a sociedade”,
destaca a coordenadora
da Pós-Graduação, professora Ana Paula Melim.
As aulas acontecem no
bloco 8 do câmpus 1 (Rua
Ceará, 333). O local apresenta estrutura adequada
para as atividades, com
salas com ar condicionado e equipamentos necessários para o desenvolvimento das aulas, além de
biblioteca e laboratórios,
disponíveis para utilização da Pós-Graduação.
Mais informações podem ser obtidas pelos te-
lefones (67) 3348-8255 ou
3348-8260.
S obre a A nhanguera A Anhanguera Educacional Participações S.A. é
a maior organização com
fins lucrativos de ensino
profissional das Américas, com cerca de 220 mil
alunos em ensino superior
e 500 mil alunos ao ano
em ensino profissionalizante. Fundada em 1994,
está presente em todos os
estados do Brasil, oferecendo seus cursos através
de uma rede que conta
com 56 câmpus de ensino
superior presencial, cen-
tenas de pólos de ensino
superior a distância, e
mais de 500 unidades de
ensino profissionalizante.
A maioria de seus alunos
trabalha durante o dia e
estuda à noite, um segmento com grande demanda reprimida no Brasil. A
Companhia é comprometida em oferecer cursos de
qualidade que ajudem esses jovens trabalhadores a
alcançar formação educacional compatível com as
exigências do mercado de
trabalho e a melhorar suas perspectivas de desenvolvimento profissional.
EN­TRE­VIS­TA
Unif­ol­ha
CAM­PO GRAN­DE-MS | JUNHO - 2009
15
emanuel caires
"Desde menina,
fui batalhadora.
Sempre procurei
trabalhar para que
pudesse conseguir
tudo aquilo que eu
queria."
"Eu estou, mas eu não sou
deficiente físico. Porque tem
pessoas que tem tudo, mãos
e braços, e são deficientes da
cabeça. Porque elas não fazem
nada para si, muito menos para
o seu semelhante."
Lazara Lessonier
"Somos capazes de tudo. Depende só de querer"
L
azara Lessonier, aos 26 anos, com uma filha pequena, sofreu um acidente doméstico que mudou por definitivo sua vida. Perdeu seus dois
braços. Teve que resgatar sua auto-estima e foi por meio
das artes plásticas que recuperou a vontade de viver.
Escreveu um livro sobre sua vida, faz exposições de
Andréia Menezes
Leonardo Brandão
Marcos Ribeiro
Maria Francisca Pagnozzi
Taísa Rodrigues
3º semestre
Lázara, faça um resumo de
sua vida até o acidente.
Eu nasci em Inocência e depois fui para Três Lagoas. Em
1965 eu mudei para Campo
Grande. Sempre tive comigo uma coisa muito especial.
Desde menina fui batalhadora, sempre procurei trabalhar
para que pudesse conseguir
tudo aquilo que eu queria. Era
uma menina muito ambiciosa.
Com 13 anos comecei a trabalhar e estudar a noite, na luta
de toda mocinha, querendo
as coisas, o carro, o tênis da
moda. Isso não foi diferente
comigo.
Então eu conheci meu exmarido. Nós fomos morar em
Aquidauana. Nasce a minha
filha e lá comecei a trabalhar
no Estado sendo transferida
para Três Lagoas. Na época de
divisão do Estado, eu fui transferida para Campo Grande, foi
quando aconteceu o acidente.
Eu estava mudando de Três
Lagoas, onde eu morava. Era
um apartamento que ficava
rente aos fios de alta tensão,
e pedi que o ajudante fosse tirar de cima do apartamento a
antena de televisão. Ele passou para mim eu não agüentei
o peso. Ao encostar a antena
nos fios, recebi uma descarga
elétrica de 13 mil watts.
A senhora foi internada em
Campo Grande?
Fui atendida em Três Lagoas, depois vim para Campo
Grande, onde não foi possível
recuperar as minhas mãos e
tiveram que ser amputadas.
Nessa época eu tinha uma
filha de quatro anos e era funcionária pública, naquela de
todo ser humano achar que
você nunca tem tempo para
nada.
Então, chegando aqui em
Campo Grande depois do acidente, para mim foram muito
difíceis os primeiros meses,
só no hospital eu fiquei dois
meses. A recuperação foi muito lenta. E como toda recuperação a gente tem uma sede
muito grande que passe logo,
não temos paciência, mas o
tempo é o senhor.
Você chegou a ter depressão?
Sim, eu tive de tudo um
pouco, sabe? Ansiedade muito grande em pensar, o que eu
vou fazer agora? Com 26 anos,
uma criança de quatro anos.
Como eu trabalhava na Secretaria de Fazenda, agilizei o
meu processo para aposentar,
mas fora essa aposentadoria,
eu procurava alguma coisa
para me sentir útil. Então uma
amiga me convidou para ir
pintar. Primeiro eu disse a ela,
“mas como? Nunca pintei! E
agora sem as mãos.” Aí ela
falou pra mim: “Vamos tentar
Lázara, quem sabe?” E nessa
suas telas e atua na sociedade oferecendo palestras
motivacionais e auxílio a entidades e pessoas que vêem
em sua força um incentivo para lutarem pelos seus ideais. Nascida em Inocência-MS foi homenageada por sua
cidade natal com o Centro Cultural que leva o seu nome.
Nesta entrevista Lazara, de forma irreverente, conta um
tentativa, no primeiro dia de
aula eu pintei um quadro, fiquei muito alegre, muito maravilhada com aquilo. Pensava: “Nossa eu sou capaz”.
Mostrei esse primeiro quadro
para o meu pai, ele era meu
fã, e disse: “Olha minha filha,
que maravilha. Você sem as
duas mãozinhas conseguiu
pintar o quadro, eu tenho as
duas e não sou capaz”. Então
eu comecei a pintar e a primeira exposição minha foi um
sucesso. Pintando, eu conheci
uma pessoa, um vizinho, que
me disse: “Lázara você podia
contar a sua história, porque
vai ajudar muita gente”. E eu
comecei a escrever a minha
história. Em 1985, eu fiz a
minha primeira exposição.
Em 1988 eu lancei o meu livro “Vitoriosa Espinhos e Perfumes”. Então foi muito importante para mim.
A senhora falou em Deus,
se considera uma pessoa religiosa?
Sou. Eu acredito muito Nele
(Deus), eu vivo o dia porque
sei que Ele está comigo, e me
dá uma mão muito grande.
Eu faço sutra para os meus
antepassados e rezo para eles.
Isso é outra energia que recebo, que é fundamental pra eu
viver.
A vida é difícil, mas é difícil
para aquela pessoa que tem
preguiça de ir à luta, porque
para os fortes, para aqueles
que querem lutar, não.
Eu estou na faixa dos 50...
Já não sei se são seis ou sete
estou na casa dos “entas”. Recebi uma homenagem muito
linda na minha cidade, que
tem um Centro Cultural com
o meu nome. Isso foi gratificante: quando você vê seu
nome escrito na parede, é delirante. Eu não vou dizer que
está bom, que já consegui tudo, não, eu ainda quero muita coisa. Porque eu acho que
tenho muita coisa para fazer.
Sou voluntária de várias entidades, da AACC, do Asilo São
João Bosco, de creches. Tenho
muito a fazer, porque eu recebi muito de Deus, e eu preciso
fazer pelos meus irmãozinhos
que precisam. Ele me deixou
aqui, me deu uma segunda
chance de vida porque ele
queria que eu mostrasse para
as pessoas que nós somos capazes de tudo, depende só de
querer.
Preconceito. A senhora sentiu na pele o preconceito das
pessoas, tanto daquelas com
quem convivia, quanto as
que veio a conhecer depois
do acidente?
Me relacionei com poucas
pessoas depois do acidente,
porque morava em Três Lagoas. Aqui eu conhecia pouca
gente. Mas o preconceito existiu e eu senti na pele porque
você quando não é “normal”
é discriminada. Se você chega
no meio, as pessoas te olham,
saem de perto, comentam. Então eu sou alvo de muita crítica de crianças e de adultos.
Como foi o início, após o
acidente?
Foi difícil porque eu não estava preparada, mas hoje eu tiro de letra. Há as pessoas que
me amam e me aceitam, mas
existem aquelas que ficam
com essa besteira tão grande,
que é o preconceito. Como eu
digo: eu estou, mas eu não sou
deficiente físico. Porque tem
pessoas que tem tudo, mãos
e braços, e são deficientes da
cabeça, porque elas não fazem
nada para si, muito menos para o seu semelhante. Essa é a
maior deficiência, porque vivem criticando e reclamando.
Naquela época eu tinha dois
caminhos: um era seguir procurando alguma coisa, o outro
era de parar e esperar a morte chegar e reclamar da vida.
Nesse caminho eu não ia arrumar muitos amigos, mas, esse
outro caminho me levou para
uma situação maravilhosa.
Politicamente, a senhora acha que no Brasil existe
uma tendência de tratar o deficiente físico como incapaz?
Isso está acabando um pouco, hoje acho tão bonitinho,
você vai nessas repartições e
tem muita gente (deficiente)
trabalhando. Está melhorando muito, já melhorou. Porque antes, há 30 anos, quando
aconteceu o acidente comigo,
todo mundo falava: “Coitada,
você não vai poder fazer mais
nada”. Teve um que me disse:
“Queria tanto ser igual a você
e não poder trabalhar”.
Então melhorou muito, e
existe a abertura para o deficiente físico. Hoje ele tem lugar reservado para trabalho.
Isso é fundamental.
Qual a maior dificuldade
que o deficiente físico encontra hoje?
Olha, o deficiente físico sem
dinheiro, esse vai achar dificuldade em tudo. Mas, mesmo assim, para aquele que
estuda, as portas automaticamente abrirão. Eu cheguei a
um ponto em que as pessoas
me vêem dentro do meu carro, e dizem: “Nossa, como você é maravilhosa”. Tem uma
divisão, que eu sinto, todo
mundo me acha o máximo e
linda dentro do carro, mas e
pouco de sua vida, fala sobre o acidente, a dolorosa
recuperação, o encontro com as artes plásticas, o preconceito contra o deficiente físico e mostra sua visão
com relação às políticas governamentais destinadas aos
portadores de necessidades especiais, bem como a recuperação da auto-estima destas pessoas.
quando estou a pé?
Você trabalha com palestras motivacionais. Existem
programas do governo que
dão assistência à auto-estima
de quem sofreu um processo
como o seu?
Nunca encontrei ninguém
que viesse me falar de algo assim se eu não fosse procurar.
Eu procuro justamente isso,
essas entidades que cuidam
dos deficientes, para fazer palestras. Como o vídeo [vídeo
que narra a história de vida de
Lazara], que foi feito para isso,
pra ajudar as pessoas. Para levar nas palestras, mostrar. Então eu preciso fazer isso, por-
que eu já estou “curada”, mas
têm muitos que não estão.
Qual é o principal enfoque
em suas palestras?
A auto-estima, para aquelas
pessoas que moram em bairros humildes, recebem Bolsa
Família, bolsa de todo tipo do
governo e dizem: “Tá bom, pra
que mais?” Vamos fazer alguma coisa, tem tanto trabalho
a ser feito. Eu nunca imaginei
que eu pudesse pintar, porque
as pessoas acham assim, isso
aqui é muito difícil, não sei.
Mas eu tentei, e quero passar
para as pessoas, que quando
você tiver vontade de alguma
coisa, vá, procure uma pessoa
para te auxiliar que saiba mais
que você. Porque nas artes
plásticas foi onde eu me realizei como pessoa. E também
para mostrar à sociedade, que
nós mesmo assim, sem as duas mãos, podemos fazer muito, por nós e para os outros.
Qual é o papel da arte para
a reabilitação social? Como
a arte transforma a auto-estima?
Para mim no começo, foi
valiosa na questão financeira.
“Entrou um trocado, que maravilha.” Eu acho que isso motiva. Quem não gosta de ganhar dinheiro? Principalmente essas pessoas da periferia,
arrumar algo pra ganhar um
dinheirinho. Eu me senti mais
fortalecida. Eu estou sem as
mãos, mas eu tenho habilidade pra fazer um monte de coisas. Tanto é que hoje eu moro
sozinha, o dia a dia é normal
até demais (risadas). Eu nunca
havia pintado, mas, quando
eu cheguei, a professora assustou. Ela não se importou
de como eu ia pegar o pincel,
de tão assustada que ficou.
A primeira professora foi...?
Maria Teseli. Depois fui fazer aula com a Leonor Lage.
Fiquei um tempo com ela,
depois me apartei, me senti
firme, tanto é que esses quadros aí (ela aponta os quadros
na parede) são todos criações
minhas.
A senhora tem alguma técnica pra fazer as obras? Ou é
mais intuitivo?
Eu desenho e peço pra alguém recortar, depois passo
uma tinta branca. Mas é tudo
criação minha, me deu vontade de fazer uma borboleta,
vou lá e risco. A técnica é essa, tinta óleo, inspiração e minha vontade. A pintura na minha vida me fez sentir gente.
Pensei: “Não estou acabada eu
tenho um caminho a seguir”.
Qual foi a emoção da primeira exposição?
Indescritível, foi o resumo
de tudo. Eu fui pintando e decorei minha casa, morava em
uma casa enorme. Foi quando a professora me pediu pra
começar a pintar para minha
primeira exposição. E eu fiz
26 quadros. Fiz a exposição
no dia do meu aniversário, 26
de setembro.
A exposição tinha um tema?
Não, ninguém sabia de nada. Escrevi convite para todo
mundo. “No meu aniversário,
vão ter uma surpresa”. Todo
mundo ficou admirado, vendi tudo, e com esse dinheiro
construí uma casa para minha mãe. Eu tinha dinheiro
para fazer uma viagem longa,
ou comprar um carro zero. Aí
pensei: minha mãe não tem
casa própria, mora de aluguel, e eu construí uma casa
para ela. Nossa, a realização
não foi do meu pai e da minha mãe, foi minha. Saber
que eu fiz aquilo com o meu
trabalho. Meu pai ficou orgulhoso, contava para todo
mundo.
Fiz uma exposição, no início de maio lá no Estoril, fui
convidada especial dos 80
anos do clube. Eu olhava,
quantas pessoas, todo mundo me conhecia, tinha umas
500 pessoas lá. Eu já fiz um
pouquinho da minha história, são 24 anos de pintura.
E nessa minha caminhada
eu tenho seguidores, uns que
pintam porque a “Lázara pintou, porque não eu?”. Outros:
“Lázara dirige porque eu não
vou dirigir?”
Para finalizar, qual o maior
sonho de Lazara Lessonier?
Eu quero ser muito feliz no
amor e dentro do amor ajudar
muitas pessoas, e quero pintar
muito ainda.
"A vida é difícil, mas é difícil para aquela pessoa que tem
preguiça de ir à luta. Porque, para os fortes, para aqueles que
querem lutar, não."
16
Uni­fo­lha
comportamento
CAM­PO GRAN­DE-MS | junho - 2009
Do sertanejo à música eletrônica
Nathalia Albuquerque
3º semestre
A vida noturna da capital
agrada a todos os públicos.
São variedades em locais e
estilos musicais. Temos a
opção de curtir um bom sertanejo em lugares com estilo mais country e também
em locais mais sofisticados,
como a Valley. São diversas
duplas sertanejas presentes
em Mato Grosso do Sul, com
muitos talentos escondidos
que merecem ser reconhecidos. Há o sertanejo mais agitado, o mais romântico para
dançar juntinho...
Para quem gosta de um
samba de raíz ou um pagodinho, há várias opções. O
que posso sugerir é o Barbaquá, bar localizado próximo
à avenida Afonso Pena que
conquistou seus clientes
trazendo sempre música de
qualidade em um local aconchegante e com gente bonita!
Para noites alternativas,
temos o velho e bom rock...
Bandas com produções próprias e covers, sendo que cada
uma agrada a todos os gostos.
Desde aqueles mais pesados
como aquele estilo mais pop
rock. Temos a banda Lynx,
conceitual, que começou como cover da tão conhecida
banda britânica Oasis e foi
passando para outras bandas
como The Verve, U2, Coldplay... Hoje, se tornou uma
boa referência em rock britânico de muita qualidade.
Para os amantes da música eletrônica, as opções são
poucas. Mas as poucas que
possuem satisfazem seu público. Há os apaixonados por
raves, que acontecem em
nossa cidade com uma certa
freqüência. Já os que gostam
de locais fechados, as famosas boates, podem desfrutar
de algumas opções. Um club
nathalia albuquerque
Cenário da música eletrônica mundial é constantemente reproduzido em Campo Grande, em boates especializadas, com DJs residentes e atrações nacionais e internacionais
que se tornou referência no
Centro-Oeste brasileiro é o
Garage. É um lugar lindo,
com gente bonita, estrutura,
iluminação e atendimento
singular. Lá você pode dançar ao som de tops DJ’s na-
cionais e internacionais com
garantia de música boa.
Existem, também, opções
de boates menores, como a
Hause, recém inaugurada
aonde era o antigo Tango.
Por falar em Tango, a boate
Ambiente familiar atrai
público de bar rock-pop
Fernando Mendes
3º semestre
Funcionário público insatisfeito. Queria abrir o próprio negócio em que aproveitasse os filhos na fase
universitária que acabara
de começar. Isso foi há seis
anos, quando Elbio Soares
da Silva abriu um bar para
atender o público jovem e
universitário. A composição
das atividades de lazer que
o bar oferece foram todas
decididas por ele ao lado
de sua família, que desde
então formam a equipe de
trabalho.
A participação da família
é total na estrutura do bar.
Elbio, sua esposa Arlete e
seus três filhos, Eduardo,
Leonardo e Ricardo dividem as funções por aqui.
Ele na coordenação geral,
ela no caixa e os rebentos
dividem bilheteria e bar.
“Trabalhar na noite é
muito desgastante e um tanto tenso. Ainda assim nos
sentimos bem, pois temos
reconhecimento do nosso
trabalho pelo público, que
é fiel”.
Sinuca, telão com os melhores jogos de futebol,
shows no salão principal e
cerveja gelada. A família a
partir disso, ganha o maior
número de agregados nesta
casa que virou extensão da
Anhanguera-Uniderp nas
noites de quarta a sábado.
O clima familiar, com o brilho da boemia, tempera o
estabelecimento.
“Temos um público em
que 70% tratamos pelo no-
me. Muitos dizem que aqui
se sentem seguros”, comenta, orgulhoso, atrás do balcão. Com lotação máxima
de aproximadamente 700
pessoas, é sem duvida a casa noturna mais importante da cidade para o cenário
musical atual. Por aqui passaram e passam inúmeras
bandas e grupos musicais.
Alguns desses grupos passam temporadas fixas e outros organizam eventos em
datas especiais.
Embora Elbio seja palmeirense, o bar atende preferencialmente a torcida do
São Paulo. Sua esposa e
filhos são-paulinos venceram nessa pela maioria, e a
torcida ganhou um espaço
exclusivo para as emoções
com o tricolor.
nando mendes
Elbio Soares diz que 70% do público que comparece ao bar é tratado pelo nome pela sua equipe
mudou de local conquistando cada vez mais clientes.
O The Club, uma opção em
noite underground, é um sonho concretizado de vários
amigos DJ’s que também
conquistaram o seu espaço.
São locais que constroem
estórias, tendo a diversão como principal objetivo. Lugares
em que as pessoas conversam,
fazem amizades, tomam seus
drinques, tiram fotos, dão risadas, enfim, se divertem! Que
entram para a memória de
todos e que tornam a vida de
nós, jovens, muito melhores,
curtindo intensamente cada
momento. Para quem ama a
noite, aqui só não se diverte
quem não quer!
FISCALIZAÇÃO
Outra face
da balada
Natália Chaves
3º semestre
O fim de semana chega
e junto com ele a agitação
noturna nas ruas da cidade. Bares, casas noturnas e
restaurantes lotados. Uma
grande movimentação de
pessoas em diferentes lugares. Jovens e adultos saem para se divertir e para
aliviar o estresse de mais
uma semana que passou.
E é nesse ambiente festivo que a Companhia Independente de Polícia Militar de Trânsito (Ciptran)
vem intensificando suas
campanhas e fiscalizações.
A vida noturna muitas vezes pode ser traiçoeira. Em
alguns casos, as pessoas
exageram na perigosa combinação: bebida e direção.
Essa combinação ainda é
freqüente mesmo com a
Lei Seca, em vigor desde
19 de junho de 2008.
Em ações realizadas pela
Ciptran no fim de semana
do dia 8 ao dia 10 de maio,
foram constatados 72 acidentes, 56 com envolvimento de vitimas. Sendo
que o numero maior de
ocorrências foi no domingo, a causa principal: as
pessoas aproveitam o dia
para ver os familiares e
amigos e acabam exagerando na bebida ou ficam
mais descuidadas no trânsito.
Porém, segundo a soldada Hadlich, relações
públicas da Ciptran, os índices de violência já foram
maiores. “As campanhas
educativas, apreensivas
e a lei seca contribuíram
para diminuição dos números”. A soldada cita que
é comum nos finais de
semana serem realizados
uma média de sete testes
de alcoolemia. No início
da Lei Seca esse número
chegava a ser o dobro.
Porém, ainda é necessária uma maior conscientização dos motoristas. Pessoas
dirigindo sem documentação do carro, dirigindo sem
CNH e embriagadas são as
maiores causas de apreensões em blitzes realizadas
em pontos estratégicos da
cidade nas noites de sexta a
domingo.
Essas blitzes ocorrem
em locais com grande movimentação de pessoas,
em horários de entrada e
saída de bares ou festas
agitadas. Alguns locais já
se tornaram freqüentes,
como a avenida Afonso
Pena próximo a bares, e
grandes festas que ocorrem na cidade. Esses locais são escolhidos também, pois o “público alvo”
das fiscalizações são os
jovens que possuem entre
20 e 30 anos.
A Ciptran, segundo a
soldada Hadlich, realiza
essas ações para conscientizar e educar as pessoas.
Uma tentativa de diminuir
acidentes, infrações, e a
violência no trânsito. Violência, que no final de semana cresce, assim como
os números de assaltos,
roubos e até mesmos seqüestros relâmpagos vem
se tornando mais freqüentes na cidade.
Em contrapartida, a
Polícia Militar vem intensificando suas rondas
em pontos considerados
críticos. Uma medida
adotada para coibir possíveis meliantes e para
passar mais segurança
aos campo-grandenses. A
Ciptran, para diminuir a
violência no trânsito realiza blitz, em lugares diferenciados no período das
22 às 4 horas.
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Unifolha-ediþÒo n·mero 82 - Universidade Anhanguera