Características estruturais de capim-aruana adubada com quatro níveis de potássio
Fernando Henrique Teixeira Gomes1, Roberto Cláudio Fernandes Franco Pompeu2, Marcos Neves
Lopes3, Magno José Duarte Cândido4, Boanerges Freire Aquino5
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Estudante do curso de graduação em Agronomia – UFC. Bolsista do PET Agronomia. e-mail: [email protected]
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFC. Bolsista da CAPES. e-mail: [email protected]
Estudante do curso de graduação em Agronomia – UFC. e-mail: [email protected]
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Prof. Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará. Av. Mister Hull, s/n, Fortaleza–CE, e-mail:
[email protected]
5
Prof. Departamento de Solos da Universidade Federal do Ceará. Av. Mister Hull, s/n, Fortaleza–CE, e-mail: [email protected]
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Resumo: Avaliaram-se as características estruturais do capim-aruana sob regime de corte com quatro
níveis de adubação potássica (0; 75; 150 e 225 mg K/dm³ de solo) num delineamento inteiramente
casualizado com doze repetições (vasos). Foram avaliadas a altura (ALT), números de folhas por perfilho
(F/P), massa seca de forragem total (MSFT), de forragem verde (MSFV), de forragem morta (MSFM),
de lâmina foliar verde (MSLV), de colmo verde (MSCV), relação material vivo/morto (MV/MM),
folha/colmo (F/C) e densidade populacional de perfilhos (DPP). Não foi observado efeito (P>0,10) da
adubação potássica sobre a Alt, com média de 32,27 cm. A adubação potássica não exerceu influência
(P>0,10) sobre o número de folhas vivas por perfilho, ficando com média de 2,81 F/P. Quanto às
variáveis MSFT e MSFV, não foi verificado efeito (P>0,10) da adubação potássica. Já quanto a MSFM,
foi observado efeito quadrático (P<0,1) dos níveis de potássio. Observou-se efeito quadrático (P<0,10)
dos níveis de potássio sobre a variável MSLV. Não foi observado efeito da adubação potássica (P>0,10)
sobre a MSCV, ficando com média de 13,46 g MS/vaso. O mesmo ocorreu para as variáveis MV/MM e
F/C, onde não foram observados efeitos sobre a adubação potássica. Para a DPP não foi observado efeito
(P>0,10) da adubação potássica, ficando com médias de 27 perf/pot. A estrutura da planta foi pouco
afetada pela adubação potássica.
Palavras–chave: adubação potássica, massa seca de forragem morta, massa seca de lâminas foliares
verdes, número de folhas vivas por perfilho, Panicum maximum
Structural characteristics of Aruana grass with four potassic fertilization levels
Abstract: Structural characteristics of Aruana grass under cut with four potassium fertilized levels, were
evaluated. A completely randomized design with four potassium levels (0; 75; 150 e 225 mg K/dm³ of
soil) and twelve replicates was used. It was evaluated the canopy height (CH), the number of leaves per
tiller (L/T), the total forage dry mass (TFDM), the green forage dry mass (GFDM), the senescent forage
dry mass (SFDM), the green leaf dry mass (GLDM), the green culm dry mass (GCDM), senescent/green
material ratio (S/G), leaf/culm ratio (L/C) and tiller population density (TPD). It was not observed effects
(P>0.10) in CH with average of 32.27 cm. It was not observed effects (P>0.10) in L/T, averaging 2.81
L/T. There were no effect (P>0.10) of potassium fertilization on TFDM and GFDM. There was square
effect (P>0.10) of potassium fertilization on SFDM. There was square effect (P>0.10) of potassium
fertilization on GLDM. It was not observed effects (P>0.10) in GCDM with average of 13.46 g MS/pot.
The same occurred to the S/G and L/C variables. There was no effect of potassium levels on DPP,
averaging 27 tiller/pot. The structural characteristics of Aruana grass was weakly influenced by
potassium fertilization.
Keywords: green leaf dry mass, number of leaves per tiller, Panicum maximum, potassium fertilization,
senescent forage dry mass
Introdução
O potássio é largamente conhecido por ser o cátion em maior concentração na planta e um
nutriente importante na ativação de enzimas, fotossíntese, translocação de assimilados e também
absorção de nitrogênio e síntese protéica, tornando-se indispensável no manejo intensivo de pastagens. A
espécie Panicum maximum destaca-se pelo seu alto potencial de produção de massa seca e pela sua boa
qualidade, o que justifica sua ampla utilização como forrageira em pastagens. A cultivar aruana (P.
maximum cv. Aruana), é caracterizada por ser utilizada em pastagens que visam à exploração de ovinos,
em decorrência do porte baixo e tem merecido atenção devido à elevada capacidade de emitir folhas e
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perfilhos e rápida rebrotação após o corte graças ao elevado número de gemas basais (Biachini et al.,
1999). Levando em consideração a importância do capim-aruana e a grande lacuna no que concerne às
pesquisas relacionadas com o mesmo, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar as
características estruturais do capim-aruana sob regime de corte com quatro níveis de adubação potássica.
Material e Métodos
A pesquisa foi conduzida em casa de vegetação, pertencente ao Departamento de Solo e Água da
Universidade Federal do Ceará/UFC, em Fortaleza/CE, entre dezembro de 2006 e fevereiro de 2007. A
espécie utilizada foi Panicum maximum cv. Aruana, cultivada em solo Argissolo Amarelo (Embrapa,
1999), com as seguintes características: pH = 4,9; P e K= 4,0 e 66,5 mg/dm³, respectivamente; Al = 0,3
cmolc/dm³; Ca + Mg = 2,6 cmolc/dm³; H + Al = 3,6 cmolc/dm³; CTCefetiva = 3,11 cmolc/dm³ e V% =
44%. O solo foi corrigido dez dias antes do plantio com calcário dolomítico e vinte dias após a
emergência das plantas, foram enriquecidos com adubação nitrogenada, fosfatada e micronutrientes
diluídos separadamente em 20 ml de água conforme a análise de solo de modo a garantir o perfeito
crescimento das plantas ao longo do período experimental. O controle hídrico foi realizado duas vezes ao
dia através da pesagem dos vasos, mantendo o solo na capacidade de campo. Foram avaliadas quatro
doses de potássio (0; 75; 150 e 225 mg K/dm³ de solo correspondendo a 0; 150; 300 e 450 kg/ha,
respectivamente), em delineamento inteiramente casualizado com 12 repetições, totalizando em 48 vasos
plásticos com capacidade de 4 litros. A semeadura foi realizada utilizando em média 50 sementes por
vaso, sendo efetuado o desbaste após a emergência das plântulas para permanecerem seis plantas por
vaso. Foram realizados dois cortes, sendo o primeiro a 25 cm de altura, 40 dias após o plantio e foi
considerado o corte de uniformização. O outro corte foi o de avaliação, também realizado a 25 cm de
altura. A adubação potássica foi parcelada duas vezes, sendo a primeira aplicada após o corte e a segunda
na metade do período de descanso. Na véspera do corte, foram avaliadas, aleatoriamente, a altura da
planta (Alt) e o número de folhas vivas por perfilho (F/P), sendo utilizado na primeira uma régua
graduada, amostrando-se sete pontos por vaso; já na segunda contou-se o número de folhas expandidas,
considerando aquelas em que a lígula se encontrava exposta e, quando a lígula ainda não estava exposta,
contou-se como 0,5 folha, amostrando-se 9 perfilhos no vaso. A densidade populacional de perfilhos
(DPP) foi realizada antes do corte, contando todos os perfilhos no vaso. As massas secas de forragem
total (MSFT), de forragem morta (MSFM), de forragem verde (MSFV), de lâmina foliar verde (MSLV) e
de colmo verde (MSCV), bem como as relações material vivo/material morto (MV/MM) e folha/colmo
foram avaliadas a partir das medições morfogênicas associadas aos respectivos índices gravimétricos e à
DPP. Os dados foram analisados por meio de análise de variância (ANOVA) e regressão. Para se estimar
a resposta aos níveis de adubação, a escolha dos modelos baseou-se na significância dos coeficientes
linear e quadrático, utilizando-se o teste “t”, de Student, ao nível de 10% de probabilidade. Para
comparar o efeito dos tratamentos, foi utilizado o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Como
ferramenta de auxílio às análises estatísticas, utilizou-se o procedimento GLM do programa estatístico
SAS (SAS Institute, 1999).
Resultados e Discussão
Não foi observado efeito (P>0,10) da adubação potássica sobre a altura do dossel (Alt), com
média de 32,27 cm (Tabela 1). Quanto ao efeito dos níveis de potássio sobre a altura, não foram
observadas diferenças (P>0,05) entre os níveis 150 e 225 mg K/dm³ de solo, porém foram superiores
(P<0,05) aos demais. A altura do dossel é conseqüência do tempo de rebrotação da gramínea e de suas
adaptações morfológicas durante esse processo. A adubação potássica não exerceu influência (P>0,10)
sobre o número de folhas vivas por perfilho, ficando com média de 2,81 F/P, porém foi visualizado
indícios de sintomas de toxidez, em virtude do efeito salino provocado pelo adubo (KCl) na dose mais
elevada. Também é possível que com a elevação da dose de potássio tenha havido competição entre
cátions, entre eles o Ca2+ ou o Mg2+ pelos sítios de absorção pelas raízes. Quanto às variáveis MSFT e
MSFV, não foi verificado efeito (P>0,10) da adubação potássica, ficando com média de 28,21 e 24,44 g
MS/vaso, respectivamente. Já quanto a MSFM, foi observado efeito quadrático (P<0,1) dos níveis de
potássio, estimados em 4,12 e 3,95 g MS/vaso para os níveis 0 e 225 mg K/dm³ de solo, respectivamente
e um mínimo de 3,40 g MS/vaso com 120 mg K/dm³ de solo. Uma elevação na MSFM pode não ser
interessante, considerando que haverá perda de forragem, forragem essa que poderia ser aprovetada e
convertida em produto animal. Observou-se efeito quadrático (P<0,10) dos níveis de potássio sobre a
variável MSLV, estimados em 11,04 e 11,38 g MS/vaso, considerando os níveis 0 e 225 mg K/dm³ de
solo, respectivamente e um mínimo de 10,68 g MS/vaso com 93,75 mg K/kg de solo. A MSLV apresenta
importância no desempenho animal, visto que é a fração mais selecionada pelos animais em pastejo e a
que possui melhor valor nutritivo numa forrageira.
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Tabela 1. Análise de regressão e efeito dos tratamentos sobre as características estruturais de Panicum
maximum cv. Aruana com quatro níveis de adubação potássica
Efeito de tratamento
Variável
CV
0
75
150
225
Equações
(%)
mg K/dm³ de solo
Altura (ALT)
Y = 32,27 ± 1,15
36,04 c 36,07 c 39,01 a 37,96 ab 9,21
Folhas/Perfilho (F/P)
Y = 2,81 ± 0,05
2,75 a 2,77 a 2,90 a 2,83 a 14,17
Massa seca de forragem total
Y = 28,21 ± 0,65
28,16 a 27,28 a 28,45 a 28,93 a 24,35
(MSFT)
Massa seca de forragem verde
Y = 24,44 ± 0,50
24,06 a 23,75 a 25,07 a 24,89 a 25,18
(MSFV)
Massa seca de forragem morta Ŷ = 4,12–0,012x+0,00005x²;
4,10 a 3,53 a 3,38 a 4,04 a 30,53
(MSFM)
R² = 0,98
Massa seca de lâmina foliar Ŷ = 11,04–0,0075x+0,00004x²;
11,03 a 10,72 a 10,79 a 11,38 a 27,18
verde (MSLV)
R² = 0,99
Massa seca de colmo verde
Y = 13,46 ± 0,73
13,03 a 13,3 a 14,28 a 13,51 a 25,66
(MSCV)
Relação material vivo/morto
Y = 7,23 ± 0,58
7,00 a 7,12 a 7,92 a 6,86 a 31,24
(MV/MM)
Relação folha/colmo (F/C)
Y = 0,83 ± 0,05
0,84 a 0,87 a 0,77 a 0,84 a 18,49
Densidade populacional de
Y = 27 ± 0,54
26 a
26 a
26 a
28 a
9,87
perfilhos (DPP)
Médias na mesma linha, seguidas de letras iguais não diferem (P>0,05), pelo teste de Tukey.
Não foi observado efeito da adubação potássica (P>0,10) sobre a MSCV, ficando com média de
13,46 g MS/vaso. O mesmo ocorreu para as variáveis MV/MM e F/C, onde não foram observados efeitos
sobre a adubação potássica, ficando com média de 7,23 e 0,83, respectivamente. Para a DPP não foi
observado efeito (P>0,10) da adubação potássica, ficando com médias de 27 perf/vaso. Mesa et al.
(1988) observaram que o potássio exerce grande influência sobre o metabolismo, apesar de nem sempre
ter um efeito muito marcante sobre os rendimentos de matéria seca, mas é necessária sua presença em
quantidades adequadas, principalmente quando a exploração de pastagens se dá de forma intensiva.
Conclusões
A estrutura da planta foi pouco afetada pela adubação potássica, considerando a realização de
dois cortes. Portanto, sugere-se o acompanhamento do desenvolvimento da planta por um maior período,
para observação da evolução da estrutura da mesma quanto à resposta à adubação potássica.
Literatura citada
BIANCHINI, D.; CARRIEL, J. M.; LEINZ, F. F.; et al. Viabilidade de doze capins tropicais para criação
de ovinos. Boletim de Indústria Animal, v.56, p.163-177, 1999.
Empresa brasileira de pesquisa agropecuária - Embrapa. Sistema brasileiro de classificação dos solos.
Brasília: CNPS, 1999, 412 p.
MESA, A. R.; HERNÁNDEZ, M.; REYES, F.; AVILA, V. Determinación de los niveles críticos de N, P
y K, rendimiento de matéria seca y composición química en Andropogon gayanus cv. CIAT-621.
Pastos y Forrajes, v.11, p. 235-241, 1988.
SAS INSTITUTE. SAS System for Windows. Version 8.0. Cary: SAS Institute Inc. 1999. 2 CD-ROMs.
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cátion em maior